Edição 15 - Revista de Agronegócios - Outubro/2007

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aborda a qualidade do leite a nutrição da vaca em lactação. Na cadeia produtiva da ovinocultura, o destaque fica com o artigo do Dr. Márcio Armando Gomes de Oliveira, diretor-técnico da Aspaco. O zootecnista retrata o panorama atual da ovinocultura no estado de São Paulo, abordando todos os principais entraves da atividade pecuária.

Nesta edição, a Revista Attalea Agronegócios publica o primeiro de uma série de artigos do Pólo Regional da Alta Mogiana APTA, de Colina (SP). A pesquisadora Ivana Marino aborda a Fixação Biológica do Nitrogênio na Cultura do Milho. Destaque positivo também nas ações da AERF - Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Região de Franca (SP), na organização do 1º Congresso foto ao lado Tecnológico (foto lado). Buscando também contribuir para o aperfeiçoamento profissional, a FAFRAM (Ituverava/SP) divulga curso de Aperfeiçoamento em Geoprocessamento e Georreferenciamento em Imóveis Rurais. Aproveitamos a oportunidade para parabenizar todos os Engenheiros Agrônomos, que neste mês de outubro comemoram o seu dia. Boa leitura!

3 Outubro de 2007

FOTO: Editora Attalea

Com uma seca prolongada, o mês de setembro dificultou enormemente as tarefas de manejo das lavouras e preparação para o próximo plantio. Nas regiões produtoras de café de São Paulo e Minas Gerais, a seca comprometeu a safra do próximo ano. Até o momento, em média 10%. Mas algumas regiões sofreram mais com a falta de chuva e a grande preocupação agora vem com a redução também da qualidade. A revista publica, nesta edição, os vencedores do 5º Concurso de Qualidade de Café da Alta Mogiana, organizado pela AMSC. Na cadeia produtiva do leite, o destaque do mês foi a realização do 18º Torneio Leiteiro “José Mauro da Silva Panício”, em São José da Bela Vista (SP). A Drª Josiane Ortolan redige a continuação do seu artigo, em que

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Pesquisa, organização e baixa precipitação.


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6 - CAFÉ = Cafeicultores de Pedregulho e Santo Antônio da Alegria vencem concurso da AMSC 9 - CAFÉ = Fechado novo Acordo Internacional de Café 10 - CAFÉ = Efeito da aplicação de turfa no sistema radicular do cafeeiro 12 - LEITE = Qualidade do leite e nutrição da vaca em lactação (2) 16 - LEITE = São José da Bela Vista realiza 18º Torneio Leiteiro 17 - DESTAQUE = FAFRAM cria curso de Geoprocessamento e Georreferenciamento de Imóveis Rurais 20 - OVINOS = Cadeia Produtiva da Ovinocultura: quando vamos conseguir organizá-la? 22 - GRÃOS = Fixação Biológica do Milho

O cultivo de framboesa para regiões serranas em São Paulo e Minas Gerais

A Revista Attalea Agronegócios, registrada no Registro de Marcas e Patentes do INPI, é uma publicação mensal, com distribuição gratuita, reportagens atualizadas e foco regionalizado na Alta Mogiana, Sul e Sudoeste de Minas Gerais. TIRAGEM 3 mil exemplares EDITORA ATTALEA REVISTA DE AGRONEGÓCIOS LTDA. CNPJ nº 07.816.669/0001-03 Inscr. Municipal 44.024-8 Rua Eduardo Garcia, 1921, Residencial Baldassari CEP: 14.401-260 - Franca (SP) Tel. (16) 3723-1830 revistadeagronegocios@netsite.com.br DIRETOR E EDITOR Eng. Agrº Carlos Arantes Corrêa cacoarantes@netsite.com.br DIRETORA COMERCIAL Adriana Silva Dias adrianadias@netsite.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Rejane Alves MtB 42.081 - SP PUBLICIDADE Sérgio Berteli Garcia (16) 9965-1977 Adriana Silva Dias (16) 9967-2486 ASSESSORIA JURÍDICA Raquel Aparecida Marques OAB/SP 140.385 FOTOS e PROJETO GRÁFICO Editora Attalea Revista de Agronegócios Ltda. COLABORADORES Méd. Vet. Josiane Hernandes Ortolan Zootec. Márcio Armando G. Oliveira Engª Agrª Ivana Marino Bárbaro Engª Agrª Carla Pazzotti Zootec. Ana Vera Martins Franco Brüning CTP E IMPRESSÃO Cristal Gráfica e Editora Rua Padre Anchieta, 1208, Centro Franca (SP) - Tel/Fax (16) 3711-0200 www.graficacristal.com.br

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CONTABILIDADE Escritório Contábil Labor Rua Campos Salles, 2385, Centro, Franca (SP) - Tel (16) 3722-3400 É PROIBIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL OU TOTAL DE QUALQUER FORMA, INCLUINDO OS MEIOS ELETRÔNICOS, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO EDITOR.

Os pesquisadores Dr. Rafael Pio (Unioeste/PR) e o Dr. Edvan Alves Chagas (IAC/ SP) publicarão artigo referente ao cultivo de framboesa nas regiões serranas dos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Os artigos técnicos e as opiniões e conceitos emitidos em matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião da REVISTA ATTALEA AGRONEGÓCIOS.

Foto da Capa: Editora Attalea Agronegócios Dia-de-Campo de Milho, Bolsa Agronegócios e Pioneer, Jeriquara (SP)

Cartas ou e-mails para a revista, com críticas, sugestões e agradecimentos devem ser enviados com: endereço, município, número de RG e telefone, para Editora Attalea Revista de Agronegócios:- Rua Eduardo Garcia, 1921, Residencial Baldassari. CEP 14.401-260, Franca (SP) ou através do email revistadeagronegocios@netsite.com.br


secretário da Cocapec - Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Franca. Para muitos a situação já está forçando o aumento dos estoques de passagem mesmo com os preços do grão registrando aceleração nas últimas semanas. “O produtor está procurando segurar o café mesmo com a melhora dos preços porque não sabe o quanto vai colher no ano que vem”, afirma o gerente comercial da Cocamar - Cooperativa Agroindustrial de Maringá (PR), Ademir Volpato. De acordo com o Cepea, a situação mais crítica é a do Sul de Minas Gerais, responsável pela metade da produção de arábica do Brasil. “Nós estamos entrando no alerta vermelho”, afirma o gerente de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (MG), Joaquim Goulart. Segundo ele, o armazenamento hídrico da região que engloba a cooperativa é de 21 mm, enquanto o ideal seria 100 mm.

O déficit hídrico acumulado já ultrapassa 109 mm. Em outras regiões de Minas Gerais a situação é ainda mais grave. “O déficit no Cerrado é de 300 mm e trata-se de uma região que, se não tiver irrigação, está totalmente comprometida. Há ainda outras cidades em que o estado das lavouras está lastimável”, avalia Goulart. A seca também dificulta o controle de pragas, como o chumbinho-amarelo, anunciando perdas ainda maiores para a próxima safra. “O ataque das pragas está muito forte e o controle não é dos melhores com essa seca; alguns produtores estão tentando sanar o problema, mas não estão tendo muito sucesso”, diz Volpato. Aumento de preços O forte impacto da seca nas regiões produtoras de café, associado ao aumento de consumo no mercado internacional e também nos países produtores (como o Brasil), bem como às baixas nos estoques internacionais, vem se comportando como um cenário ideal para aumento de preços pago ao produto. O cafeicultor que puder investir neste momento em sua lavoura, tem a certeza de que o futuro garantirá bons preços para a saca de café. Investimento principalmente na aquisição de equipamentos de irrigação, maquinários para condução da lavoura e adubação.

5 Outubro de 2007

FOTO: Editora Attalea

O clima seco e a estiagem prolongada de mais de dois meses na maior parte da região produtora de café do São Paulo e Minas Gerais comprometeu a safra do próximo ano. A estimativa média é de que a safra 2008 tenha sido comprometida em pelo menos 5%. Na região de Franca (SP), região da Alta Mogiana, os cafeicultores já falam em perdas de até 20%, o que é considerado muito ruim, já que a próxima safra será grande. Não chove na região desde julho e, mesmo com uma chuva forte a partir de agora, os especialistas apontam que o problema maior é que os cafezais da região terão, no próximo ano, uma mistura de frutos novos com frutos velhos no pé. “Com a chuva forte que houve em julho, seguida de uma elevação da temperatura, o café ‘pensou’ que era época de florescer. A florada atrapalhou o ciclo do café. Ele vai florescer de novo e terá frutos misturados no pé: verdes e maduros. Isso atrapalha a qualidade do café e da bebida”, analisa Hilton Silveira Pinto, diretor do Cepagri - Centro de Ensino e Pesquisa em Agricultura da Unicamp - Universidade de Campinas (SP). Em algumas regiões da Alta Mogiana, segundo os próprios cafeicultores, as perdas já alcançam a metade da safra. “Lavouras mais novas, de sete a um ano e meio estão em uma situação crítica, de secamento de folhas”, afirmou o Engº Agrº Ricardo Lima de Andrade, diretor-

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Seca prejudica próxima safra de café. Cenário favorece alta do produto.


FOTO: Editora Attalea

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Pedregulho e Santo Antônio da Alegria vencem concurso da AMSC

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A Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana (conhecida internacionalmente como AMSC – Alta Mogiana Specialty Coffees) realizou no último dia 28 de setembro, no Espaço Morada do Verde, em Franca (SP), o evento de premiação do 5º Concurso de Qualidade de Café da Alta Mogiana. O concurso, que distribuiu R$ 43 mil em prêmios para os cafeicultores e classificadores foi dividido em duas categorias (natural e cereja descascado) e contou com a presença de inúmeras autoridades, com destaque para Orestes Quércia, ex-governador e presidente da AMSC; Wagner Rossi, presidente da Conab; e João de Almeida Sampaio Filho, secretário de agricultura do Estado de São Paulo. Ana Maria Batista Martins, do município de Pedregulho (SP) levou o primeiro prêmio na categoria ‘Café Natural’ e Versi Crivelente Ferrero, de Santo Antônio da Alegria (SP), ficou com a melhor premiação na categoria ‘Cereja Descascado’.

Premiados - Categoria NATURAL CLASSIFICAÇÃO 1°) Ana Maria Batista Martins 2°) Ailton Cesar Batista 3°) Wanderly Lobão 4°) Luis Alberto Spirlandeli 5°) Luis Giovani Basso 6°) Moacir Pagliaroni 7°) Paulo Eduardo Rios Corral 8°) Sebastião de Almeida Pirajá 9°) Arnaldo Marangoni 10°) Alberto Carraro Fernandes

PROPRIEDADE Chácara Itamaraty Fazenda São Domingos Sítio São Paulo Fazenda Santa Cruz Sitio N.Sra. Aparecida Sitio São Francisco Fazenda Limeira Fazenda São Manoel Sitio Brejinho Fazenda Amapá

MUNICÍPIO Pedregulho (SP) Pedregulho (SP) Pedregulho (SP) Pedregulho (SP) Rib. Corrente (SP) Pedregulho (SP) Pedregulho (SP) Pedregulho (SP) Pedregulho (SP) Franca (SP)

Premiados - Categoria CEREJA DESCASCADO CLASSIFICAÇÃO 1°) Versi Crivelente Ferrero 2°) Flavia Olivitto L. Alves Oliveira 3°) Gabriel Afonso Mei A. Oliveira 4°) Ailton José Rodrigues 5°) Wagner Crivelente Ferrero 6°) Laura Martins Rios Corral 7°) Francisco A. Rios Corral 8°) Maurivan Rodrigues 9°) Gustavo Lima de Barros 10°) Niwaldo Antonio Rodrigues

PROPRIEDADE Sítio Cachoeira Fazenda São Lucas Fazenda Bom Jesus Fazenda S. Domingos Fazenda Céu Azul Fazenda Santana Fazenda Mimoso Fazenda Santa Cruz Fazenda São José Fazenda Santa Cruz

MUNICÍPIO Sto. Ant. Alegria(SP) Rib. Corrente (SP) Cristais Pta. (SP) Pedregulho (SP) Cajuru (SP) Pedregulho (SP) Pedregulho (SP) Pedregulho (SP) Nuporanga (SP) Pedregulho (SP)


O ex-governador Orestes Quércia e José Carlos Jordão

O casal vencedor: Flávia Gabriel Mei de Oliveira.

Olivitto

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FOTOS: Editora Attalea

O vice-presidente da AMSC, Milton Pucci e a sua esposa Luisa Léia.

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O Engº Agrº Paulo de Tarso Rosa de Andrade, diretor do EDR-Franca e a esposa.

Orestes Quércia e o ex-deputado Milton Baldochi

José Édson (Café Silva & Diniz) e a esposa.

Ricardo Lima de Andrade (diretor da Cocapec) e a esposa


Brasil implementa programa de excelência em análise de Ocratoxina A

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FOTO: Editora Attalea

Além de maior produtor e exportador de café, o Brasil também está na vanguarda de programas que atestem a qualidade e segurança do produto. O MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, por meio do LACQSA - Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar, e em parceria com a Rede Metrológica de Minas Gerais, desenvolvem um programa nacional inédito de proficiência para análises de Ocratoxina A (OTA) em café verde. O programa interlaboratorial visa capacitar e atestar a equivalência dos resultados, independente do método utilizado para detectar a presença da micotoxina em café.O programa está na fase de adesão dos laboratórios, sendo o próximo passo a organização e envio das amostras. A comparação dos resultados está aberta a todos os laboratórios nacionais e internacionais. De acordo com a responsável técnica do laboratório oficial LACQSA e coordenadora técnica do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro/MG), Eugênia Azevedo Vargas, o projeto confere aos laboratórios uma ferramenta para evidenciar a proficiência em analise de OTA e a garantia de confiabilidade de seus resultados, o que beneficia também os produtores e exportadores de café, agregando valor ao produto analisado. Com a iniciativa, única entre os países produtores, o Brasil fortalece sua imagem no mercado mundial de café. Em 2007, a prevenção e redução de contaminação de Ocratoxina A, a quem é atribuída malefícios à saúde, entre eles, efeito carcinogênico, tem sido tema debatido no âmbito do Codex Alimentarius, programa conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os índices sugeridos neste fórum se tornam referência mundial para consumi-

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dores, produtores, organismos internacionais de controle e comércio de alimentos. A participação do laboratório oficial LACQSA é justificada pela experiência acumulada em projetos anteriores, no estabelecimento de métodos analíticos para Ocratoxina A, com o financiamento do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/ Café). Inserido nestes projetos, parte dos equipamentos que compõem o laboratório e contribuem para torná-lo referência nacional foram adquiridos com recursos do Consórcio. Para o pesquisador da Embrapa Café, Paulo César Afonso Júnior, especialista em pós-colheita, o programa de proficiência em análises de OTA representa a transformação do conhecimento científico em tecnologia aplicada ao aprimoramento da cafeicultura brasileira. Ele ressalta que a contaminação com fungos produtores de OTA pode ser minimizada seguindo boas práticas agrícolas, com técnicas adequadas de preparo, secagem, transporte e estocagem dos grãos de café. Ação pró-ativa Para a pesquisadora da Epamig, especialista no tema, Sara Maria Chalfoun de Souza, como líder mundial na produção de café, cabe ao Brasil o domínio e o conhecimento sobre as condições que podem levar a ocorrência de OTA no campo e pós-colheita, bem como os

métodos de detecção da toxina no grão cru ou no torrado e moído. Ela encara o assunto com a importância de problema de saúde pública, embora as pesquisas indiquem que o café, como substrato, apresenta baixo risco de contaminação comparado a outros alimentos. Chalfoun explica que a excelência em análises de OTA pode se tornar uma vantagem competitiva ao Brasil, por atender uma exigência crescente dos consumidores no item segurança alimentar. O método de análise mais usado é o de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), cuja análise é dificultada pelo baixo nível de contaminação tolerado para o café. A pesquisadora comenta ainda que assim como no caso da ferrugem, o país demonstra maturidade pró-ativa com o desenvolvimento de um programa eficiente de pesquisa e treinamento de pessoal. Estas ações tem permitido reverter a imagem do café em relação a OTA, passando de alimento de risco para agente de proteção à saúde. Várias pesquisas realizadas com o apoio do Consócio (CBP&D/Café) apontam que apenas cafés muito mal manejados apresentam níveis de OTA superiores ao tolerado.O café é um produto agrícola baseado em parâmetros qualitativos, sendo que a ocorrência de microorganismos nas fases de pré e póscolheita é um dos fatores determinantes para sua desvalorização. A Comunidade Européia, com o objetivo de controlar a presença de OTA em grãos de café e derivados tem recomendado níveis máximos de tolerância de 5 µg/kg para ocratoxina A no café torrado e moído e 10 ¼g/kg no café solúvel, destinados a comercialização. Não existem níveis determinados para o café verde, embora alguns países já priorizem o seu controle. Informações sobre o programa no site http://www.rmmg.org.br


“O texto final do novo Acordo Internacional do Café aborda as questões de sustentabilidade em seus princípios, ao conter, em seu preâmbulo, o reconhecimento da necessidade de fomentar o desenvolvimento sustentável do setor cafeeiro, induzindo o incremento

do emprego e da renda, bem como melhores padrões de vida e condições de trabalho nos países membros”, explicou o presidente do CNC. Ainda na sexta-feira, foi realizada a reunião do Comitê de Promoção da OIC, na qual o diretor do DCAF e o diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Nathan Herszkowicz, apresentaram aos membros da Organização o trabalho que vem sendo desenvolvido no Brasil, com recursos do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), para a promoção do produto, especialmente na área de saúde.

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SILVA & DINIZ COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO DE CAFÉ LTDA. Av. Wilson Sábio de Mello, 1490, São Joaquim - Franca (SP) Tel. (16) 3720-2311 e 3720-2239

9 Outubro de 2007

FOTO: Editora Attalea

Após muito se debater, finalmente foi concluído, na sexta-feira (28/09), o texto do novo AIC (Acordo Internacional do Café), que deverá entrar em vigor a partir do dia 1º de outubro de 2008. Segundo o presidente do CNC (Conselho Nacional do Café), Gilson Ximenes, estipulouse esse período de um ano para que os países membros tenham tempo suficiente para completar as formalidades necessárias e fiquem de acordo com o previsto no novo convênio. “Entre as mudanças mais importantes feitas em relação ao antigo Acordo, encontra-se o fim da Junta Executiva, que antecedia a discussão de praticamente todos os assuntos que eram tratados no Conselho, que é a instância maior da OIC (Organização Internacional do Café). Desta forma, busca-se mais agilidade nas decisões, evitando a duplicidade de discussões, e tenta-se dar um caráter mais técnico às conclusões com a oficialização dos Comitês de Promoção, Finanças e Estatísticas e, também, da Junta Consultiva do Setor Privado”, comentou Ximenes, que completou informando que estes fóruns ganham maior importância a partir do novo Acordo, “substituindo a Junta Executiva e tendo uma maior influência de expertos dos setores privados nacionais”. Para o diretor do DCAF (Departamento do Café) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Lucas Tadeu Ferreira, presente em todas as sessões desta rodada de reuniões da OIC, em Londres, o novo Acordo fortalece a entidade como efetivamente uma organização internacional de cooperação à comunidade cafeeira mundial. A ministra Ana Maria Sampaio Fer-nandes, da embaixada brasileira em Londres, também considerou positivo o novo texto, o qual contemplou as principais propostas brasileiras. O documento atual não inseriu, como desejavam inicialmente vários membros dos países consumidores, exigências de obrigações sociais e ambientais a título da busca da sustentabilidade. A ministra defendeu, desde os pri-meiros debates, que somente seriam aceitas as discussões destas matérias se as mesmas fossem precedidas da sustentabilidade econômica, que assegurasse garantia de renda aos produtores. Ana Maria também solicitou que os membros da delegação brasileira utilizem de maneira mais produtiva a OIC, participando ativamente de seus fóruns, em benefício de nossa economia cafeeira.

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Fechado o novo Acordo Internacional do Café


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A Turfa é o mais completo adubo orgânico existente. Produzido pela própria natureza, é inodoro, acéptico (não contém sementes de ervas daninhas), rico em matéria orgânica, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, nitrogênio e micro elementos assimiláveis pelas plantas. A turfa é um depósito recente de carvões, ou seja, ela representa o primeiro estágio do carvão mineral, sendo de origem fóssil ela é basicamente de formação organo-mineral, porque é originada pela semidecomposição de vegetais, esqueletos de insetos e animais de pequeno porte e de suas dejeções, e com isso é considerada uma matéria orgânica nobre, através dessas características podemos citar que a turfa é indutora de formação de sistema radicular das plantas em si e principalmente em mudas feitas em viveiros. A Turfa regenera o solo, tornando-o apropriado para as mais diversas culturas. Podendo ser utilizada juntamente ao adubo químico, pois melhora a qualidade do solo quanto à sua acidez, corrige a salinização provocada pelo emprego do adubo químico, ao mesmo tempo em que aumenta substancialmente a resistência das plantas às pragas, dando-lhes imunidade natural. Pois com a aplicação do adubo químico constantemente é constatada uma grande salinização do solo tornando-o estéril e improdutivo com o passar do tempo. Comparada ao adubo químico, a turfa possui uma maior quantidade de nutrientes, vitaminas e microorganismos que melhoram o estado físico e nutricional das plantas. De fácil aplicação, proporciona mais vigor às plantas, flores, frutas e verduras. Devendo e podendo ser usada na agricultura orgânica: sementeiras, canteiros de hortaliças, viveiros, floricultura, fruticultura e a própria agricultura ex1

- Engenheira Agrônoma Drª. Sc., doutorada na UNESP de Botucatu (SP) em Fertilidade de Solos. Email: carla@ fertalon.com.br. Site: www. fertalon.com.br

FOTOS: Carla Pazzotti

Efeito da aplicação de turfa na formação do sistema radicular de diferentes tipos de plantas

Mudas feitas com substrato à base de Turfa e também plantado com Turfa na cova na dose de 500 g/cova + Super simples na dose de 100 g/cova + calcário dolomítico 100 g/cova. Cambé – PR. Ano de 2007. Mudas do Viveiro Saragoça – Rancho Alegre (PR) Índice de mortalidade inferior a 10% no replantio.

Mudas feitas com substrato à base de Turfa. Plantio realizado em outubro/2006 com Turfa na cova na dose de 500 g/cova + Super simples na dose de 100 g/cova + calcário dolomítico 100 g/cova. Warta/Londrina (PR). Mudas do Viveiro Saragoça – Rancho Alegre (PR). Índice de mortalidade inferior a 10% no replantio.

tensiva. Também é usada para recuperação de jardins, gramados, jardineiras,

evitando o aparecimento de pragas e doenças e, acelerando a produtividade.Usando a Turfa Master Fertalon, você enriquece o solo, produzindo flores mais bonitas, frutos mais saborosos, legumes e verduras mais saudáveis devido ao aumento da massa vegetal e radicular da planta. Vantagens - Não provoca a salinização e esterilização do solo, o que ocorre com o uso constante da adubação química;


Raiz de Soja (Luiz Eduardo Magalhães/BA) Ano - 2004. À esquerda: com turfa e à direita, sem turfa.

ela é muito utilizada em substratos para viveiros, pois a muda tratada com turfa forma um imenso volume radicular e por isso ocasiona um baixo índice de mortalidade no replantio (menos de 10%) aumentando a longevidade e sanidade da muda. Entretanto podemos citar trabalhos realizados em diferentes culturas tanto no norte do Paraná quanto no Cerrado e no Estado de São Paulo, e observamos ótimos resultados com a adubação organomineral, onde entrou a Turfa + NPK no balanceamento nutricional e na formação de substratos para formação de mudas, onde se pode observar uma boa sanidade e um melhor desenvolvimento vegetativo

da planta em conseqüência do desenvolvimento radicular das mudas. O Viveiro Monte Alegre que fica entre Franca – Ribeirão Corrente (SP), de propriedade do Sr. Luiz da Cunha Sobrinho e os seus filhos André Cunha e Luis Cláudio, já usa a Turfa Fertalon há algum tempo com ótimos resultados tanto para os substratos de mudas quanto para os seus próprios cafezais. O Viveiro Saragoça de Rancho Alegre (PR), proprietário Renato Saragoça também utiliza a Turfa Fertalon para formação de mudas de café com índice de mortalidade no plantio inferior a 10%, assim obtendo ótimos resultados no pegamento das mudas.

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Dentre todas essas vantagens, e também por ser de origem fóssil e indutora da formação do sistema radicular (aumentando a massa do volume radicular) a planta se supre naturalmente tanto de água como de nutrientes, e através desta,

FOTOS: Carla Pazzotti

- Aumento da síntese protéica; - Não contém sementes de ervas daninhas; - É regenerador de solos; - Não se dispersa no solo com a água, tão facilmente quanto os demais adubos; - Aumenta o volume da massa vegetal e radicular da planta; - Aumento da população e atividade microbiana no solo; - Libera substâncias minerais lentamente, garantindo fonte de alimentação para as plantas; - Proporciona maior vigor às plantas que ficam mais resistentes às pragas e doenças; - Dá maior porosidade ao solo, proporcionando maior aeração; - Retém a umidade do solo por mais tempo, possui elevadíssima CRA (Capacidade de Retenção de Água); - Quanto mais turfa for colocada na terra, mais produtiva e fértil ela será.

Fotos da Fazenda MontedeAlegre 2007

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Mudas de café certificadas pelo Ministério da Agricultura Várias linhagens à disposição com campo experimental montado na fazenda Franca - Ribeirão Corrente - SP Proprietário: Luiz da Cunha Sobrinho Encomendas pelos Fones: Fazenda Monte Alegre: (16) 3723-5784 / André Cunha: (16) 9967-0804 / Luis Cláudio: (16) 9965-2657 viveiromontealegre@netsite.com.br


Josiane Hernandes Ortolan 1 Continuando com o assunto qualidade do leite, façamos agora uma abordagem sobre a composição do leite e suas alterações quanto a qualidade, seguindo os mesmos parâmetros do que ocorre no campo.

FOTO: Editora Attalea

Qualidade do leite e nutrição da vaca em lactação (2)

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Fatores nutricionais que afetam o teor de gordura do leite

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A produção de leite em quantidade e qualidade depende principalmente do balanceamento correto da dieta fornecida a vaca em lactação, tanto de proteína e energia quanto de outros nutrientes. A energia necessária para o metabolismo dos animais ruminantes provém basicamente dos ácidos graxos voláteis (acético, propiônico e butírico) produzidos no rúmen pela fermentação dos diferentes alimentos e dependendo da composição da dieta, ocorrerá uma variação entre a proporção dos ácidos graxos acético e butírico, que são metabólitos precursores de parte da gordura do leite e o ácido propiônico, que é o precursor da lactose do leite e o responsável pelo volume de leite. De modo geral, a subnutrição energético-protéica reduz tanto a quantidade de leite quanto o teor de gordura. Quando, nesse caso, o animal apresentar perda de peso, mobilizando reservas de gordura para sustentar a produção de leite, o que é mais visível em animais de melhor genética, poderá surgir um quadro de cetose. Os corpos cetônicos (ácidos acetoacético e â-hidróxi-butírico) aumentam sua concentração no sangue e urina, como também no leite, podendo daí serem avaliados errados como “gordura” do leite. A deficiência protéica na dieta pode ter efeito variável sobre o teor de gordura do leite. Se o teor de gordura anterior à deficiência protéica for normal, de acordo com o padrão racial da vaca, pode haver uma redução, especialmente se isso ocorrer nas primeiras semanas da lactação Agora caso o teor de gordura já 1

- Médica Veterinária, mestre em Qualidade e Produtividade Animal e Doutoranda em Qualidade e Produtividade Animal FZEA-USP. Email: josiortolan@hotmail. com.

estiver inferior a 3 % a deficiência protéica não surtirá maior efeito depressivo sobre o mesmo. Alterações na fermentação do rúmen que tendem a baixar o teor de gordura 1. Relação volumoso: concentrado da dieta = Um dos pontos mais importante na alimentação da vaca leiteira é a quantidade de concentrado que não pode exceder a metade do total de MS consumida pelo animal, ou seja, a relação volumoso : concentrado deve ser de, no mínimo, 50:50. O atendimento dessa regra possibilita o funcionamento normal do rúmen, pois essa quantidade mínima de volumoso (fibra vegetal) é necessária para manter a ruminação do animal. Sabe-se que a vaca leiteira deve ruminar pelo menos 8 horas por dia, em vários períodos após as refeições, pois a ruminação aumenta a produção de saliva, que ajuda a regular as condições de fermentação no rúmen, isto é, controlar o pH ruminal. Um valor de pH acima de 6,0 favorece a fermentação da fibra do volumoso, que é o alimento mais barato

da dieta, e quanto melhor a fermentação da fibra no rúmen, mais volumoso e concentrado o animal poderá ingerir e melhor poderá ser a produção de leite. Também o consumo adequado de volumoso garante um teor normal de gordura no leite, pois com a fermentação da fibra no rúmen são produzidos os ácidos acético e butírico, dos quais é formada no úbere 50 % da gordura do leite. Na medida em que se au-menta o fornecimento de concentrado na dieta ocorrem alterações da fermentação no rúmen, com aumento na produção de ácido propiônico e, proporcionalmente, uma diminuição dos ácidos acético e butírico. O efeito de diferentes proporções entre o volumoso e concentrado na MS ingerida, sobre o teor de FDN da dieta, sobre a atividade de mastigação (ruminação), o pH no rúmen e a proporção entre os ácidos acético e propiônico é apresentado na Tabela 11. Quanto mais ácido propiônico é absorvido do rúmen, maior é a produção de leite, pois esse ácido é utilizado pelo organismo do animal para produzir a lactose do leite, e quanto mais lactose, tanto maior a produção de leite. No entanto, na prática observa-se que, com o aumento no fornecimento de concentrado, aumenta a produção de leite, com queda no teor de gordura. Dentro do nível aceitável de até 50 % de concentrado na MS total ingerida, ou seja, 12 a 15 kg de concentrado para altas produções de leite, apesar da diminuição na percentagem de gordura, não há necessariamente diminuição da produção de gordura (litros de leite multiplicados pelo teor de gordura). Contudo, na situação de excesso de concentrado, o teor

Tabela 1. Efeito da proporção volumoso : concentrado sobre a fermentação no rúmen. relação mastigação % da MS pH % molar min/dia rúmen acético propiônico molar Volum. Conc. FDN FDA 100 80 60 40 20 0 a

0 20 40 60 80 100

65 55 45 34 24 14

41 34 27 20 13 6

960 940 900 820 660 340

7,0a 6,6a 6,2a 5,8 5,4 5,0

faixa de pH adequada para a fermentação da celulose relação molar que causa queda da % de gordura do leite Adaptado de Davis et al. in: Bachman (1992)

b

70 67 64 58 48 36

18 20 22 28 34 45

3,9 3,4 2,9 2,1b 1,4b 0,8b


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de gordura cai excessivamente (abaixo de 2,8 %), além de diminuir o consumo de alimento e a produção de leite. Também, quantidades de concentrado, acima de 50 % na MS da dieta, causam uma fermentação intensa no rúmen que resulta num aumento da produção de ácidos (queda muito forte do pH, acidose subclínica), e, eventualmente, até na produção e acúmulo de ácido lático no rúmen, que é um ácido forte e pode levar a uma situação de acidose aguda, quando o animal simplesmente pára de comer. No caso de acidose subclínica o pH do rúmen está grande parte do tempo abaixo de 6,0, o que retarda a fermentação do alimento volumoso, prejudica a biossíntese de proteína bacteriana e, para garantir a produção almejada de leite, o consumo máximo de alimento não é alcançado. São situações que causam considerável prejuízo, pois o concentrado, o insumo mais caro na produção de leite, é mal utilizado, com a agravante de não haver resposta positiva em termos de produção de leite. Segundo pesquisa mais recente (NRC, 2001), a queda do teor de gordura leite seria devida à presença de duas condições no rúmen: não somente uma fermentação anormal, com diminuição do pH e

Tabela 2. Efeito da relação volumoso:concentrado da dieta e do tipo de gordura suplementada, na fermentação do rúmen, consumo e na produção e composição do leite. DIETA 1 50% volum. : 50% conc. gord. óleo de satur milho 3,17a 3,08a Relação acético/propiônico 23,0a 23,8a Consumo de MS (kg/dia) 11,5 11,9 Concentrado (kg/dia) 29,3a 31,7a Produção de leite (kg/dia) 2,55 2,66 kg leite/kg de concentrado GORDURA DO LEITE 3,58a 3,36b % 1,05a 1,06a kg/dia PROTEÍNA DO LEITE 3,01 3,07 % 0,87 0,97 kg/dia a,b,c

diferença significativa

DIETA 2 20% volum. : 80% conc. gord. óleo de satur milho 1,87b 1,66b 19,9b 19,5b 15,9 15,6 26,5b 26,3b 1,67 1,68 3,33b 0,87b

2,49 c 0,68 c

3,10 0,82

3,24 0,85

Adaptado de Griinari et al. (1998)

relação acético : propiônico inferior a 3, devido ao excesso de concentrado, mas também conseqüência da presença de gordura insaturada na dieta, conforme é apresentado na Tabela 2 (Griinari et al., 1998). Nesta pesquisa, além do excesso de concentrado, foi adicionado 4 % de óleo de milho (gordura insaturada) na MS total da dieta, em comparação com um produto a base de gordura saturada. Como o assunto abordado nesse artigo e na edição 14 da Revista Attalea

Agronegócios do mês de setembro é de suma importância para a produção de leite, na próxima edição continuaremos dissertando sobre o mesmo assunto, a fim de sanar as principais duvidas sobre a nutrição da vaca em lactação. Gostaria também de lembrar que duvidas e sugestões são bem vindas e devem ser mandadas á revista ou no meu e mail, josiortolan@hotmail.com. Até a próxima.

Lácteos orgânicos na mesa Coalhada, creme de leite e iogurte fabricados a partir do leite orgânico têm mercado garantido na capital goiana. Nem só de frutas e hortaliças vive o mercado de orgânicos. Todos os dias, em supermercados e feiras, o brasileiro pode adquirir folhosas, grãos e cereais sem agrotóxicos, bebidas e, se quiser, até roupa com algodão cultivado de forma natural. Segundo o Instituto Biodinâmico (IBD), o grande potencial de expansão do mercado e a possibilidade de uma vida mais saudável são os principais motivos que levam produtores brasileiros a investir na produção orgânica. Com crescimento estimado em 30% ao ano, a produção orgânica no Brasil ocupa atualmente uma área de 6,5 milhões de hectares de terras, colocando o País na segunda posição entre os maiores produtores mundiais de orgânicos. Apostando nesse mercado, o criador de gado jérsei José César Pedroso, decidiu há cerca de cinco anos que o investimento na propriedade seria

voltado para a produção de leite orgânico. A pastagem natural e livre de agrotóxicos ou adubos químicos serve de alimento para o plantel de pouco mais de 80 animais selecionados. “Tive de começar do zero, porque a produção de leite orgânico começa no pasto. Foi preciso investir, inclusive em pastagens sem nenhum tipo de agrotóxico”, diz. Atualmente, o Recanto do Jersey e o Laticínio Asahi, em Goiânia (GO), produzem coalhada, creme de leite e iogurte, todos com certificado de produtos orgânicos. A propriedade tem 16 hectares de pasto e 13 hectares de lavoura de milho, tudo sem usar produtos químicos tradicionais. De acordo com Krishnamurti Simon Evaristo, zootecnista e sócio da propriedade, assim como ocorre com a carne vermelha, o que garante o certificado de orgânico ao leite é o fato de todo o processo de criação e de manejo ter sido realizado sem o uso de produtos químicos. “Na industrialização, o leite, seja orgânico ou comum, recebe o mesmo

tratamento, submetido a alta temperatura por curto tempo, para ficar livre de microorganismos”, diz. Ele explica que o tratamento de saúde dos animais em manejo orgânico dispensa o uso de antibióticos, vermífugos, inseticidas, carrapaticidas e outras drogas, sendo unicamente utilizado o sistema homeopático, feito de forma preventiva. Segundo Kamyla Carvalho, agrônoma responsável pela produção, o resultado é um leite muito mais puro e saudável, que carrega consigo a responsabilidade na preservação do meio ambiente e o respeito ao consumidor. Atualmente, todos os produtos da Asahi usam como matéria-prima o leite orgânico do Recanto do Jersey e, segundo Krishnamurti Simon Evaristo, existe um projeto de expansão que inclui o cadastro de outros produtores de leite orgânico, que podem ser fornecedores para o laticínio. Com 46 vacas em lactação, a produção diária chega a 350 litros, o que rende 300 unidades de coalhada e 84 potes de creme de leite.


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Organizado pela Casa da Agricultura de São José da Bela Vista (SP), pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e pela Associação dos Produtores Rurais do município, o 18º Torneio Leiteiro Rural “José Mauro da Silva Panicio” foi realizado entre os dias 24 e 28 de setembro e contou com a participação de 18 criadores do município. O evento contou com o apoio da CATI EDR de Franca, da Prefeitura de São José da Bela Vista e de empresas ligadas ao setor, tais como: Coonai - Cooperativa Nacional Agroindustrial Ltda , Banco CrediCoonai, Sindicato Rural de Franca e Lagoa da Serra. A festa de confraternização da entrega de prêmios foi realizada na Estância Sete Moças, em São José da Bela Vista (SP) e estiveram presente todos os participantes

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FOTOS: Casa da Agricultura S.J.Bela Vista

São José da Bela Vista realiza Torneio Leiteiro

A família do Sr. Valter de Souza Diniz foi homenageada pela Comissão Organizadora, representada pelo Engº Agrº Joel Leal Ribeiro, diretor técnico do EDR-Franca, com a placa comemorariva de Destaque em Produção 2006/2007

com seus empregados e familiares alcançando um público de 170 pessoas. A comissão organizadora também homenageou o Sr. Valter de Souza Diniz, proprietário do Sitio Campo Belo, por ser destaque em produtividade no ano agrícola 2006/2007. “Foi uma justa homenagem, pois o produtor é pioneiro e modelo para todo o Estado de São Paulo. Ele participa em nossa região de um

projeto desenvolvido pela Embrapa, CATI, Casa da Agricultura e Coonai; projeto este que consiste na viabilização da pecuária leiteira na agricultura familiar, reduzindo custos com o manejo do rebanho leiteiro, aumentando assim a produção e, consequentemente, sua rentabilidade”, afirmou Adalberto Alves Berteli, presidente da Associação de Produtores Rurais do município.

Na categoria novilha o Sr. José Laércio Cavalheiro, da Fazenda Bela Vista, obteve a primeira colocação com a novilha “Bela Vista”, com peso total em duas ordenhas de 35,700g.

Em 2º lugar ficou o Sr. Lair Bianco, com a novilha “Tieta”

Momento da entrega dos troféus de campeão na Categoria Vaca, entregue ao Sr. Antonio Faciroli Caramori e sua esposa Carmem Silva Balan Veloso Caramori e também ao Gilberto, que é funcionário da propriedade.

Em 3º lugar ficou o Sr. Ivan Rafael Urban Gomes, com a novilha “Cangaia”.

Em 2º lugar ficou o Sr. José Laércio Cavalheiro, com a vaca “Mirian”.

Srª Selma Caíres Ribeiro, com a vaca “Carla 217”, ficou em 3º lugar.


ESPECIALIZAÇÃO

Fafram cria curso de aperfeiçoamento em Geoprocessamento e Georreferenciamento

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FOTO: Divulgação

A Lei no 10.267, de 2001, instimais modernas tecnologias de tuiu o novo CNIR - Cadastro NacioGeoprocessamento, como Sistemas nal de Imóveis Rurais, um sistema de Informações Geográficas (GIS) e gerido pelo INCRA - Instituto Naciotécnicas de cartografia, sensorianal de Colonização e Reforma Agrámento remoto e de gestão. ria e pela Receita Federal, que é comEstão aptos a participar do curso posto pelos dados contidos nas Declatodos os profissionais das modarações para o Cadastro de Imóveis lidades listadas no item VI da Decisão Rurais e pelos polígonos formados PL-2087/2004 - CONFEA/CREA: pelas coordenadas georreferenciadas Engenheiro Agrimensor, Engedos vértices que compõem os liminheiro Agrônomo, Engenheiro tes dos imóveis rurais de todo o país. Cartógrafo, Engenheiro de Geodésia Em 3 de novembro de 2.004, o e Cartografia, Engenheiro Geógrafo, Plenário do CONFEA - Conselho Engenheiro Civil, Engenheiro de Federal de Engenharia e ArquiFortificação e Construção, EngeImagem de satélite da região de Miguelópolis tetura, considerando consulta do nheiro Florestal, Engenheiro Geó(SP), no Rio Grande. INCRA acerca dos profissionais logo, Engenheiro de Minas, Engehabilitados a desenvolver as atividades (SP) desenvolveu o Curso de Aperfei- nheiro de Petróleo, Arquiteto e Urbadefinidas pela Lei no 10.267/01, decidiu çoamento Profissional em Geoproces- nista, Engenheiro de Operação nas revogar a Decisão PL-0633/2.003 e editar samento e Georreferenciamento de Imó- especialidades Estradas e Civil, Engea Decisão PL-2087/2.004. A Decisão PL- veis Rurais, como forma de contribuir na nheiro Agrícola, Geólogo, Geógrafo. 2087/2.004 veio disciplinar o exercício capacitação profissional, formando Também, tal curso se destina aos demais pro-fissional nas atividades correlatas à Lei profissionais legitimamente qualificados, profissionais de nível superior de áreas no 10.267/01, estabelecendo, dentre à luz do ordenamento jurídico atual, para correlatas ou que queiram adquirir novos outras coisas, os parâmetros formativos executar as tarefas inerentes ao georre- conhecimentos. ne-cessários para definir os profissionais ferenciamento de imóveis rurais. O curso terá duração de 12 meses aptos para desempenhar essas atividades. letivos, com carga horária total de 480 Objetivos Não existem dados oficiais que assehoras, sendo 390 horas aulas presenciais gurem o número de propriedades efee 90 horas aulas referente às atividades O curso tem por objetivo a trans- aplicadas (estudos de caso, participação tivamente enquadradas pela Lei no 10.267/01. Um dos principais entraves ferência de conhecimento técnico sobre em eventos e elaboração de artigo). O para o não-cumprimento dessa exigência Geodésia e Topografia aplicada ao Geor- tempo de aplicação de provas e a legal é a falta de recursos humanos devi- referenciamento, Cartografia, Sistemas elaboração de trabalhos supervisionados damente qualificados para assumir a res- de Referência, Sistema de Posicio - contam como carga horária. ponsabilidade técnica na execução das namento Global (GPS) e Ajustamento, As aulas acontecem em semanas atividades de georreferenciamento rural, visando à capacitação e a atualização de alternadas (2 a 3 vezes ao mês) aos sábados profissionais que pretendem se cadastrar das 8h às 18h, com intervalo para na forma prevista na lei. Buscando capacitar os profissionais junto ao INCRA para a execução deste almoço, e eventualmente às sextas-feiras interessados em atender a esta demanda, tipo de levantamento. das 19h às 23h, conforme a ocorrência A instituição busca ainda capacitar e de feriados. (informações:- site a FAFRAM/FE - Faculdade de Agronomia Dr. Francisco Maeda, de Ituverava habilitar profissionais para a utilização das www.feituverava.com.br/fafram)

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Fernandes, L.B. 1 , Cavaguti, E. 1 Barbosa, A.B. 1, Antonio JR, L. 2 Boskovitz, M.G. 3

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FOTO:Premix

Avaliação do efeito do MGA® Premix associado com Cipionato de Estradiol (ECP®) na taxa de prenhez de multíparas Nelore paridas em novembro de 2006

Com o objetivo de avaliar o efeito do MGA® Premix associado ao ECP na taxa de prenhez de vacas nelore, foi realizada uma semeadura na Fazenda Bonanza de propriedade de Ivany Moia Guirello, localizada no município de Paranavaí (PR). O trabalho teve início em 27 de dezembro de 2006 (início da avaliação do consumo do suplemento) finalizando em 30 de maio de 2007 (quando foi realizado o terceiro e último diagnóstico de gestação). Foram utilizadas 154 vacas Nelore, sendo todas multíparas e suas parições ocorridas no mês de novembro Foto 01 de 2006 (Foto 01). Estas vacas foram divididas em dois lotes: Lote 1 – Grupo Controle e Lote 2 – Grupo MGA® Premix. Foi avaliado na dia da divisão dos lotes o escore corporal (EC) inicial Tabela 1) médio das vacas (Tabela 1). Durante os períodos de pré-tratamento e de fornecimento do MGA® Premix, os lotes ficaram separados e sob pastejo alternado em áreas adjacentes de Brachiaria brizantha, sendo o bebedouro comum aos dois lotes. Após doze dias da data da volta dos bezerros, os lotes foram para outra área de mesma forragem, porém, com alta disponibilidade de matéria seca. Em seguida foram transferidos para pastagem de capim MG-% (B. brizantha cv MG-5), com alta disponibilidade de matéria seca. A partir de então, permaneceram em pastagens de capim Colonião (Panicum maximum Jacq.), ou de B. brizantha. Os cochos saleiros foram ajustados a fim de disponibilizar um espaçamento mínimo de 10 cm lineares por cabeça, considerando-se apenas um lado de acesso (embora o acesso bilateral fosse possível). Os cochos saleiros foram confeccionados com tambores plásticos de 200 L, cortados no sentido de maior 1 2 3

Premix – Técnica em Suplementação; Pfizer Saúde Animal, Brasil; Centro Veterinário Paraná

Tabela 1. Lotes, parição, escore corporal inicial médio, coeficiente de variação e número de matrizes. Mês da parição

Escore Corporal (EC) inicial médio

Coeficiente de variação do EC inicial médio (%)

Novembro Novembro

2,90 ± 0,23 2,88 ± 0,20

7,94 6,83

Lote 1 2

Número de matrizes 77 77

Tabela 2. O protocolo utilizado no Lote 2 - Grupo MGA® Premix Data

Dia Semana

Período

27/12/06

QUA

M

03/01/07

QUA

M

04/01/07 09/01/07 16/01/07 17/01/07 18/01/07

QUI TER TER QUA QUI

M M M M M

20/01/07 09/03/07 17/04/07 30/05/07

SAB SEX TER QUA

M M M M

Atividade Início da avaliação do consumo do suplemento (pré-tratamento) Final da avaliação do consumo do suplemento (pré-tratamento) Início do fornecimento de MGA Premix Aplicação do ECP nos animais Último dia de fornecimento de MGA Premix Retirada do MGA Premix dos cochos Remoção Bezerros – Mistura dos Grupos e início da Monta Natural (Rel. touro:vaca=1:15) Volta Bezerros Diagnóstico de gestação Diagnóstico de gestação Diagnóstico de gestação


%

comprimento, e foram susFigura 01. Taxa cumulativa de prenhez nas matrizes Figura 02. Escore corporal médio dos grupos Controle e tratadas com MGA Premix + pensos a uma altura de 1,0 m 2,94 2,88 2,90 2,88 2,86 2,90 ECP 2,83 2,83 3,0 89,6 85,7 90 em relação ao nível do solo 77,9 80 84,4 para evitar que os bezerros 2,0 70 79,2 60 68,8 tivessem acesso ao produto, 50 40,2 1,0 para que não interferissem no 40 30 consumo real das matrizes 20 0,0 27,3 Controle MGA Premix + ECP 10 Inicial 1° Diag. 2° Diag. 3° Diag. (Foto 02). 0 0 10 40 70 100 No período de pré-sinControle MGA cronização, o consumo médio do suplemento foi de 200 g/dia e de 17 de abril e 30 de maio de 2007, foram prenhez foram de 77,9% e 85,7% 192,5 g/dia no de sincronização (MGA® realizados os diagnósticos de gestação (MGA), e, de 68,8% e 79,2% (Controle), Premix). Após a mistura dos Lotes, as através de exames ultrassonográficos respectivamente. Observa-se ainda que, matrizes foram suplementadas com (Médico Veterinário: Dr. Marcelo G. a taxa de prenhez aos 70 dias do lote mistura mineral completa, contendo em Boskovitz), compreendendo intervalos MGA (85,7%) foi ainda superior ao sua composição final: 12,5% de cálcio, de 50, 89 e de 132 dias de estação de Controle aos 100 dias (84,4%). Através dos resultados obtidos neste 6,0% de fósforo, 0,2% de enxofre, 0,55% monta (EM), visando avaliar as taxas de de magnésio, 19,1% de sódio, 150 mg de prenhez em 10, 40, 70 e 100 dias.(Figura Figura trabalho, conclui-se que o tratamento com o MGA® Premix associado ao cobalto, 1.250 mg de cobre, 3.500 mg 01 01). de zinco, 150 mg de iodo e 15 mg de Neste trabalho, embora o número ECP® antecipa a prenhez em vacas selênio por kg do suplemento, sendo o final de prenhezes também tenha sido multíparas Nelore, uma vez que as taxas consumo médio de 80 g/dia. superior no final da estação de monta no de prenhez em 10 e 40 dias (principalPara a monta natural foram utilizados, lote MGA (69 (89,6% do total) versus 65 mente) de estação de monta foram durante os 14 dias iniciais, 10 touros (84,4% do total) no Controle), destaca- superiores ao Controle. Outro fator importante para a Nelore aptos à reprodução, e após esse se que nos 10 primeiros dias 40,2% das período inicial oito touros, resultando em vacas tratadas já estavam prenhes contra obtenção de bons resultados é a condição Figura 02 02). relações touro:vaca de 1:15,4 e de 1:19,2, 27,3% do lote Controle. Após 40 e 70 de escore corporal (Figura respectivamente. Nos dias 09 de março, dias de estação de monta as taxas de

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Dias de estação de monta

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Márcio Armando G. Oliveira 1

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FOTO: Simon Pretzler

Cadeia produtiva da Ovinocultura: quando vamos conseguir organizá-la? Muito se fala e até se constata do crescimento da ovinocultura paulista e nacional. Para tirar esta conclusão, levamos em consideração o visível aumento dos rebanhos, os altos preços e liquidez nas vendas de reprodutores e matrizes, a presença da carne ovina em novos pontos comerciais, etc. Por outro lado observamos mais reclamações e lamentos de quem não está satisfeito: baixos preços pagos pelos cordeiros comerciais, má qualidade do produto, dificuldade em colocar a produção, etc. O que estará acontecendo, então, já que estamos no maior centro consumidor de cordeiros da América Latina? Esta pergunta está sendo feita há vários anos e não conseguimos respondê-la, uma vez que a atividade se desenvolve num contexto geral. É muito provável que, apesar do crescimento, a resposta esteja baseada num fato nítido e certo: existe uma acentuada desorganização na cadeia produtiva do setor. As tentativas de estruturar a cadeia de produção de carne ovina em São Paulo são frequentemente discutidas. Há 20 anos já se falava em um organizado sistema de produção de cordeiros, abate e distribuição do produto final. Em pouco tempo, após a reativação da ASPACO, surgiu em São Paulo uma cooperativa que, através de um Departamento de Ovinocultura, passou a realizar estas funções. Alguns rebanhos comerciais cresceram, outros diminuíram. Passou a faltar estrutura e organização. Criou-se um ciclo vicioso: os empresários não montavam seus negócios baseados em estruturas de abate e distribuição porque não havia produção de cordeiros suficiente para justificar os altos investimentos; e por outro lado, os criadores não aumentavam seus rebanhos para módulos empresariais porque não tinham acesso a abatedouros e 1

- Zootecnista, Diretor Técnico da ASPACO. aspaco@aspaco.org.br Site E-mail: www.aspaco.org.br

distribuidores, sendo que muitos pararam de criar ou voltaram aos módulos artesanais, de “fundo de quintal”. Sob a conclusão que o ciclo acima tinha que ser quebrado, e que o aumento dos rebanhos poderia ser a solução, no final da década de 90 um amplo projeto chamado “Cordeiro Paulista” foi criado. Ele contava com a liberação de recursos para pequenos e médios produtores que poderiam começar ou aumentar seus rebanhos ovinos com o objetivo de produzir mais cordeiros. Dentro do mesmo projeto, um fundo foi direcionado para a construção de um entreposto de carne ovina. Em São Manuel, com a ajuda da Prefeitura Municipal, o prédio foi levantado e os equipamentos instalados. Criou-se uma cooperativa, COOPEROVINOS, que passaria a receber e comercializar os cordeiros produzidos pelos cooperados ou associados da ASPACO. Concomitantemente, surgiram estruturas frigoríficas específicas para a espécie e prestadoras de serviços. Tudo parecia estar em harmonia, se houvesse a participação dos produtores. Na verdade, os preços que poderiam ser pagos pela cooperativa limitavam-se pelos altos custos operacionais, altas taxas de impostos e serviços, além da baixa produção que não viabilizava o sistema. Tudo isto levou a estrutura a se desativar em pouco tempo. Outros frigoríficos pararam em virtude da falta de cordeiros. O projeto “ Cordeiro Paulista” foi engavetado. E voltamos à estaca zero.

Uma nova tentativa de se organizar vem recentemente sendo preconizada com a inclusão, no novo estatuto da ASPACO, da formação dos núcleos regionais. Um dos problemas no plano anterior, a falta de uma administração centralizada e específica, poderá ser contornado. Um núcleo deverá se organizar e formar o seu próprio nicho de mercado, com características próprias, inclusive. Não é fácil. Alguns grupos não entenderam a finalidade do proposto e já sucumbiram ou trabalham isoladamente, sem objetivo, mesmo depois de inúmeras palestras, reuniões, cursos e sugestões.Quando realmente vamos conseguir nos organizar? Durante a FEICORTE, em São Paulo, no dia 21 de junho, representei a ASPACO no I Workshop sobre Análise dos Pontos Críticos da Cadeia da Ovinocultura no Estado de São Paulo. Primeiramente houve a apresentação por parte do Prof. Dr. Celso da Costa Carrer sobre um projeto de pesquisa financiado pela FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa para diagnóstico e estudo da cadeia produtiva na ovinocultura em São Paulo. O trabalho inclui vários profissionais, a maioria professores da FZEA – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, sendo o Prof. Celso um dos coordenadores que conta com o apoio da ASPACO, SEBRAE, APTA/SAA/SP, GEAGRO, Projeto Empreender no Campus (PEC) e Grupo PET. Depois dos esclarecimentos do projeto, liderados por Silvio César de Souza do SEBRAE, uma mesa redonda foi formada por representantes de núcleos regionais, pesquisadores, criadores e técnicos, da qual fiz parte representando nosso presidente Arnaldo dos Santos Vieira Filho. Discutimos, em conjunto com a platéia (cerca de 70 pessoas), os gargalos da cadeia produtiva da ovinocultura, onde gostaria de fazer algumas observações: – Preços pagos pela carne ovina: o produtor sempre reclama dos preços


preferir os cordeiros de 8 kg de carcaça. Portanto, temos que produzir o que o mercado pede. Talvez o nosso consumidor, de um modo geral, não saiba, ainda, o que quer. Cabe a nós preconizarmos

um produto que, viavelmente, seja produzido nos nossos sistemas de produção. – Marketing:- no mundo moderno é impossível vender sem fazer um mínimo de promoção do produto. Promo-ver uma carne ovina é determinar, de repente, um hábito que permitirá que o consumidor prefira este tipo, que acredite que ele tenha mais “qualidade” e que pague valores melhores por esta pre-ferência. Este é o caminho para concorrer com os produtos produzidos nos países vizinhos, ou seja, promover uma carne com denominação de origem e qualidade. – Raça:- gera mais uma discussão desnecessária. Quando dizemos que uma raça é melhor que a outra, devemos

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FOTO: Editora Attalea

pagos pelos frigoríficos, no entanto, esquece que a estrutura de abate tem um custo muito alto, inclusive impostos, que o abate informal não tem. Por isso, é impossível vender cordeiros para o frigorífico e receber por eles o mesmo valor que recebia quando comercializava na porta da propriedade. – Custos de produção:- a justificativa, inclusive, pelas reclamações dos baixos valores pagos, é referente aos altos custos de produção. Realmente, quando comparamos a ovinocultura com as outras criações pecuárias, observa-se um maior custo de produção. Entretanto, ele é compensado pelo ciclo mais curto e maior rentabilidade por área. Na ovinocultura de carne só há duas formas de aumentarmos a renda ou tornar o negócio viável: diminuir os custos de produção (como recria em pasto) ou melhorar a qualidade do produto final buscando valores de comercialização melhor. – Concorrência uruguaia:- alguns têm chamado até de desleal. A carne ovina vinda, não somente do Uruguai, mas da Argentina, Chile, Nova Zelândia e até do Sul do país, tem menor valor. Ou seja, as terras menos valorizadas, grandes propriedades, grandes rebanhos, pastagens de baixa qualidade e recria em pasto só podem produzir carne mais barata. Infelizmente temos que conviver com isto, restando algumas poucas opções para concorrer com elas, como diferenciar e valorizar nosso produto, e solicitar de nosso governo políticas que possam torná-lo mais competitivo, por exemplo, diminuindo os impostos no abate e comercialização. – Escala de produção: produção:– não há dúvidas de que este é um ponto muito importante. A produção pequena e não escalonada leva a uma desmotivação do mercado consumidor. Quem se arriscará a comprar um produto que sofre constantemente variações de qualidade? Ou, que restaurante colocará cordeiro no seu cardápio para correr o risco de não ter o produto disponível ao cliente? Neste aspecto, nossos concorrentes sulamericanos têm plena vantagem, têm quantidade e padrão. – Qualidade da carne: carne:– este tópico gera grandes discussões desnecessárias. O que é qualidade de carne? O gaúcho do campo considera a de ovelha gorda a melhor e os paulistas da capital podem

TÉCNICA EM SUPLEMENTAÇÃO

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8h00 - CREDENCIAMENTO Café da Manhã

9h30 - PALESTRA “Linfadenite Caseosa Ovina” Méd. Veterinário Sérgio Vioto Jr. (Fort Dodge)

9h00 - PALESTRA “Confinamento de Cordeiros” Zootec. Msc. Ana Vera Martins Franco Brüning (Premix)

10h00 - PALESTRA “Epidemiologia e Controle da Verminose Ovina” Profª Cláudia Dias Zettermann (Unifran)

• Programa SAI-Franca: (16) 3721-6100 • Premix (16) 3145-9500 • Prefeitura de Franca (16) 3724-7080

UNIATA FRANCA

SINDICATO RURAL DE FRANCA

SENAR SÃO PAULO


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– União e organização: organização:– como tínhamos que definir em duas palavras o maior problema da cadeia produtiva da ovinocultura, “organização” foi a palavra que rapidamente veio em mente. Infelizmente não temos hábito de nos unirmos e fazermos as coisas em grupos. Trata-se de uma questão cultural e que leva muito tempo para mudar. O SEBRAE, por exemplo, traz nas suas linhas de trabalho a estimulação e preconização da união dos produtores em grupos, associações ou cooperativas. E como já dissemos, poucos são os grupos que conseguem se firmar. Muito bem lembrado, Silvio Souza do SEBRAE comentou que os grandes criadores e

AERF organiza jantar de confraternização para o dia do Engenheiro Agrônomo No dia 12 de outubro comemora-se o Dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Mas tam-bém é o Dia do Engenheiro Agrônomo. Buscando homenagear este profissional, que participa ativamente do desenvolvimento da agricultura, da pecuária e da economia de nossa região e país, a AERF - Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Região de Franca, através de uma O Engº Agrº Pedro César Avelar recebe hoComisão Organizadora, progra- menagem de ‘Agrônomo de 2006’ da esposa Gisele e de Belquice Rodrigues. mou um jantar de confraternizadas Sementes, Syngenta, Nova TV e ção, que acontecerá no dia 19 de outuRevista Attalea Agronegócios. bro, no Buffet Chaminé, em Franca (SP) Parabéns aos membros da Comissão O evento acontece anualmente e conta com o apoio financeiro de várias Organizadora de 2007: Albino João instituições e empresas do setor agroRocchetti, Alex Kobal, Edson do Couto pecuário. A todas as empresas que Rosa, Márcio Figueiredo, Luis Fernando apoiaram o evento, a Comissão OrganiPaulino, Luis Gustavo de Andrade, Alex Carrijo, Fernanda Malvicino Nogueira, zadora agradece. Em especial aos Belquice Rodrigues e Clara Elias. patrocinadores master: Cocapec, Casa FOTO: Editora Attalea

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definir em qual ambiente e em qual sistema de produção é criada. Felizmente, São Paulo consegue abrigar todas as raças presentes no Brasil. Procurar pequenos detalhes relacionados à adaptação e à produção podem fazer o diferencial na criação e nas características do produto final. Vamos deixar que os criadores de diferentes raças briguem para ver qual é a melhor, afinal, trata-se de uma questão natural, onde cada um deve promover a sua. No entanto, aqueles que estão envolvidos com os rebanhos comerciais, com a produção de carne e com a organização da cadeia produtiva devem focar o produto carne ovina.

REALIZAÇÃO

PATROCINADORES MASTER Revista Attalea

R

COCAPEC

COOPERATIVA DE CAFEICULTORES E AGROPECUARISTAS

APOIO AGAM, Agropecuária Bambuí, Aminoagro, Arista, Basf, Bayer, Biolimp, Bolsa Agronegócios, BüngeSerrana, Cachaça Barra Grande, Cachaça Elisa, Campagro, Cargil-Mosaic, CATI EDR-Franca, Chock Doce, Credicocapec, Dedeagro, Fênix, Franterra, Ihara, Itograss, Luis Bergamasco, Nortox, Nutriplanta, Pfizer, Pioneer, Realpec, Rotan, Sapucaia, Sindicato Rural de Franca, Sindicato Rural de Patrocínio Paulista, Viça-Café, Viveiro Maceió, Viveiro Pavão.

investidores estão se unindo e formando parcerias para comprar e vender reprodutores. Mas os pequenos produtores de ovinos não se juntam para determinar uma escala de produção de cordeiros e atender um nicho de mercado sequer. Quando participam de reuniões querem discutir problemas particulares e se consideram concorrentes na comercialização dos cordeiros, na compra de reprodutores, etc. Consideramos os núcleos regionais da ASPACO a grande oportunidade para acabar com estes estigmas que continuam mantendo nossa ovinocultura no amadorismo. Quando falamos em organização não é só a de produtores. Os outros elos da cadeia, também, devem ser organizar. O criador Marcos Santim de Nova Granada/SP, representante de seu núcleo regional, falou sobre a proposta de se montar uma associação vertical. A associação vertical é uma entidade promocional que engloba representantes de todos os elos da cadeia, de produtores à consumidores do produto final, onde os recursos captados são destinados à cadeia produtiva como um todo. Sendo uma tendência moderna e natural para um futuro próximo, devemos lembrar que o objetivo da Câmara Setorial Paulista da Ovinocaprinocultura é exatamente reunir os representantes de cada elo da cadeia para discussão e, principalmente, buscar soluções para os problemas do setor. – Profissionalismo: Profissionalismo:– embora muitas criações não tenham fins lucrativos, a ovinocultura deve ser encarada como um importante agronegócio. Acredito que pela quantidade de profissionais envolvidos e pelo simples fato de estarmos nos reunindo para discutir os problemas, este status está garantido. Falta aos produtores se caracterizarem como profissionais e empresários da ovinocultura. Como pôde ser notado através dos pontos acima, este wokshop tratou-se de mais uma reunião, onde se discute os mesmos assuntos há anos, com uma pequena, mas importante diferença: todos os pontos foram anotados pelo Prof. Celso que irá, juntamente com o seu grupo, analisar e, provavelmente, passar prudentes observações à Câmara Setorial Estadual de Caprinos e Ovinos. Esta, como representante do setor, tomará as devidas providências para buscar as soluções afim de permitir que a ovinocaprinocultura seja um agronegócio estável, seguro e organizado.


GRÃOS

Muito conhecida na soja, a fixação biológica do nitrogênio é possível também no milho?

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FOTO: APTA - COLINA

trial. Deste modo, a esta mesma amônia são incorporados íons H+, abundantes nas cé-lulas das bactérias, ocorrendo à transformação em íons NH4+, que serão A importância da nutrição de plantas, em especial, distribuídos para a para o nitrogênio, nutriente planta de soja e incorque requer conhecimento porados na forma de de diferentes segmentos da nitrogênio orgânico pesquisa, desde a interação (HUNGRIA et al., microorganismo-planta, 1997). promovendo simbiose, onde Alguns fatores que ambos os organismos se podem limitar a fixação beneficiam, até a economia de nitrogênio e consede sua utilização, visto que, qüentemente a produFoto da implantação de experimento com Azospirillum em milho (CEC-Campinas/SP). na adubação, é o de maior tividade em Glycine max. (L.) Merrill., relacusto, se comparado aos outros elementos essenciais, direcio- economia em fertilizantes nitrogenados, cionam-se a competição por sítios nodunando desta forma, estudos com fer- que são necessários para manter a atual lares entre estirpes utilizadas nos tilidade, uso e manejo nas principais produtividade da cultura. De fato, a soja inoculantes e os rizóbios do solo, quando culturas agronômicas. brasileira tornou-se altamente competi- estas são de menor eficiência. A aplicação de nitrogênio, concoNo Brasil, os estudos sobre a fixação tiva no mercado mundial por não biológica de nitrogênio em leguminosas depender da aplicação de fertilizantes mitantemente com a inoculação pode iniciaram-se nos anos 50, sendo que nos nitrogenados (HUNGRIA e CAMPO, diminuir a eficiência da inoculação, pois a planta responde ao estímulo da absorúltimos anos a utilização de inoculantes 2005). com Bradyrhizobium na cultura da soja, A fixação biológica de nitrogênio ção, limitando o processo simbiótico, o proporciona, para o Brasil, uma grande consiste na principal fonte de nitrogênio que poderá resultar na diminuição dos para a cultura da soja. As bactérias do benefícios posteriores ao processo. A 1 - Pesquisadora Científica, doutora, da gênero Bradyrhizobium quando em necessidade de inoculação de uma culAgência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - APTA - Pólo Regional da Alta contato com as raízes de soja infectam as tura de grande importância econômica Mogiana, Colina/SP E-mail: imarino@ mesmas, via pêlos radiculares formando como a soja, está diretamente relacionada aptaregional.sp.gov.br os nódulos. Dentro dos nódulos, as ao centro de origem fitogeográfico da 2 - Pesquisador Científico, Msc., da Agência bactérias por intermédio de uma enzima espécie vegetal, sendo para a soja, o Paulista de Tecnologia dos Agronegócios APTA - Pólo Regional da Alta Mogiana, denominada dinitrogenase, presente em continente asiático, em especial a China. Colina/SP E-mail: mticelli@ aptaregional. Condições como baixa fertilidade do apenas alguns organismos procariontes, sp.gov.br conseguem quebrar a tripla ligação do solo e elevadas doses de nitrogênio com3 - Doutor, do Instituto Agronômico de nitrogênio atmosférico e provocar a sua binado, (GRAHAN e TEMPLE, 1984), o Campinas (Centro de Solos e Recursos redução até amônia (NH3), ou seja, a efeito da rizosfera, tensão da água, pH Ambientais) – IAC, Campinas/SP. E-mail: brancaliao@iac.sp.gov.br mesma forma obtida no processo indus- do solo, salinidade, temperatura, toxinas

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Ivana Marino Bárbaro 1 Sandro Roberto Brancalião 2 Marcelo Ticelli 3


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e predadores podem tamcausas fisiológicas que, bém afetar a nodulação e/ possivelmente, aumentam ou a fixação do nitrogênio esse rendimento. De acorde leguminosas junto às do com Muñoz-Garcia et vastas variedades de estirpes al. (1991) a inoculação das de rhizobium (KAMICKER sementes de milho com e BRILL, 1986). Na soja, por Azospirillum brasiliense se constituir numa legumicepa UAP 77, promoveu nosa introduzida e uma das aumento na matéria seca poucas espécies que se de raízes, da ordem de 54 associam com Bradyrhia 86% e de 23 a 64% na zobium japonicum, é pouco matéria seca da parte provável a ocorrência natuaérea. Por sua vez, Saloral dessa bactéria em solos mone e Döbereiner (1996) brasileiros, havendo, entreavaliando a resposta de tanto, possibilidades de que vários genótipos de milho algumas das estirpes introà inoculação de quatro duzidas no solo, juntamente estirpes de Azospirillum Foto da avaliação (sistema radicular) de experimento com com as sementes ou através spp. isoladas na Argentina Azospirillum em milho (Pólo Regional de Desenvolvimento de inoculação artificial, e três de raízes de sorgo e Tecnológico dos Agronegócios da Alta Mogiana, Colina/SP). sobrevivam e se “natumilho isoladas no Brasil, ralizem” (LIMA et al., 1998). serem as gramíneas largamente utilizadas constataram aumento de peso de grãos, Em condições de campo, a formação como alimento pelo homem. Por isso, variando em diferentes genótipos, da de nódulos, poderá ser visualizada a mesmo que apenas uma parte do ordem de 1.700 a 7.300 kg/ha; contudo, partir da emergência (VE), entretanto nitrogênio pudesse ser fornecida pela tais resultados são bastante influenciados somente nos estádios de desenvolvimento associação com bactérias fixadoras, à pelas condições de solo, ambiente e V2 e V3 é que a fixação de nitrogênio economia em adubos nitrogenados seria genótipos de planta. Didonet et al. (1996) torna-se mais ativa. Após isso, o número igual ou superior àquela verificada com mencionam que são muitas as evidências de nódulos formados e a quantidade de as leguminosas que podem ser auto- de que a inoculação das sementes de nitrogênio fixada aumenta aproxima- suficientes em nitrogênio milho com Azospirillum brasilense seja responsável pelo aumento da taxa de damente até o estádio R5.5, quando (DÖBEREINER, 1992). diminui bruscamente. Para verificação se Nos últimos 20 anos foram feitas acúmulo de matéria seca, principalmente os nódulos estão fixando nitrogênio descobertas sobre o potencial das bacté- na presença de elevadas doses de ativamente para a planta, deve-se obser- rias diazotróficas microaeróbias, do gêne- nitrogênio, o que parece estar relacionado var se internamente os mesmos apre- ro Azospirillum, fixadoras de nitrogênio com o aumento da atividade das enzimas sentam coloração rosa ou vermelha, atmosférico, quando em vida livre fotossintéticas e de assimilação de porém, quando se encontram brancos, (BODDEY e DÖBEREINER, 1995) as nitrogênio. Okon e Vanderleyden (1997) basemarrons ou verdes provavelmente a quais, quando associadas à rizosfera das fixação de nitrogênio não está ocorrendo plantas podem, contribuir com a nutri- ando-se em dados acumulados durante ção nitrogenada dessas plantas, tor- 22 anos de pesquisa com experimentos (POTAFOS, 2006). Considerando a cultivo do milho, nando-se alvo de estudo por parte de de inoculação a campo, concluem que o sabe-se que o rendimento é o resultado pesquisadores em biologia e fertilidade do gênero Azospirillum spp . promove do potencial genético da semente, das solo. Assim sendo, o manejo correto dessa ganhos em rendimento em importantes condições edafoclimáticas, do local de possível associação Azospirillum spp - culturas nas mais variadas condições de semeadura e do manejo adotado na Milho poderá resultar em incrementos clima e solo; contudo, salientam que o de produtividade e em diminuição dos ganho com Azospirillum spp. vai mais lavoura. Deste modo, na moderna agricultura, custos de produção, principalmente da além do que simplesmente auxiliar na para se alcançar rendimentos máximos aquisição de fertilizantes nitrogenados fixação biológica do nitrogênio, internos cultivos de cereais, como o milho, (OKON e VANDERLEYDEN, 1997) que ferindo também no aumento da supersão necessárias abundantes quantidades são de uso intensivo na cultura do milho. fície de absorção das raízes da planta e, Essas bactérias, em regiões tropicais e conseqüentemente, no aumento do de fertilizantes, especialmente também os subtropicais, ocorrem em números entre volume de substrato do solo explorado. nitrogenados. O grande interesse na fixação bioló- 103 a 106 por grama de solo, e em números Tal constatação é justificada pelo fato da gica em gramíneas é devido à maior faci- ainda maiores na superfície de raízes de inoculação modificar a morfologia do lidade de aproveitamento de água das cereais e gramíneas forrageiras sistema radicular, aumentando não apenas o número de radicelas, mas, tammesmas em relação às leguminosas, pela (DÖBEREINER et al., 1990). O efeito da bactéria Azospirillum spp. bém, o diâmetro médio das raízes laterais maior efetividade fotossintética. As gramíneas apresentam um sistema radicular no desenvolvimento do milho e em e adventícias. Pelo menos parte, ou talvez fasciculado, tendo vantagens sobre o outras gramíneas, tem sido pesquisado, muitos desses efeitos de Azospirillum spp. sistema pivotante das leguminosas para não somente quanto ao rendimento das nas plantas, possam ser atribuídos à extrair água e nutrientes do solo; e por culturas mas, também, com relação às produção, pela bactéria, de substâncias

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GRÃOS

25 Outubro de 2007

A AERF - Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Franca e Região organizou com brilhantismo, de 1º a 5 de outubro, em Franca (SP), o 1º Congresso Tecnológico e Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Para os profissionais de agronomia, o congresso trouxe o Dr. Bernardo van Raij, pesquisador do IAC, que proferiu palestra sobre “Revolução Verde e Agricultura Sustentável”. Também contribuiram para o tema agricultura durante o congresso, os engº agrônomos Cláudio Pinheiro da Silva e Fábio Vinicius Palma Klokner, do Instituto Biosistêmico, de Londrina (PR), que proferiram palestra sobre “Crédito de Carbono”.

FOTOS: Editora Attalea

AERF organiza com sucesso 1º Congresso Tecnológico

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promotoras de crescimensimbiose em leguminosas. to, entre elas auxinas, Ainda assim, existem pacogiberilinas e citocininas, e tes tecnológicos, utilizando não somente a fixação variedades de plantas e biológica de nitrogênio. estirpes bacterianas eficienEm resumo, para outes, que podem suprir mais tras plantas não-legumide 50% do nitrogênio nenosas (exemplo: milho) cessário à planta, devido à estudos também mostramaior facilidade de assimiram associações com baclação do nitrogênio. térias fixadoras de nitroEntre os aspectos que gênio, embora, não havendevem merecer atenção dos do a formação de nódulos pesquisadores, ressalta-se a como acontece nas legumiseleção de estirpes adaptadas nosas, entretanto, o inteàs condições locais e às culressante é direcionar estuturas e cultivares usadas em dos relativos à melhor assicada região, sendo necesmilação do nitrogênio. sário testar se as estirpes de Foto de avaliação (sistema radicular) de experimento com Azospirillum, selecionandoNestas plantas, ocorre a Bradyrhizobium em soja (Pólo Regional de Desenvolvimento se aquelas mais adaptadas às colonização da superfície Tecnológico Alta Mogiana – Colina/SP). situações de clima e do e/ou interior das raízes e interior da parte aérea por bactérias do Neste campo, os resultados de seleção manejo de culturas, para possível solo que fixam nitrogênio do ar e de estirpes inoculantes ainda não recomendação em um produto comerdisponibilizam as plantas. atingiram níveis tão elevados quanto à cial.

Os agrônomos Jacinto Chiareli Junior (Prefeitura de Franca), Alex Rodrigues Kobal (vice-presidente da AERF) e Welson Roberto (DEPRN-Franca)

Os agrônomos Cláudio Pinheiro (IBS), Edson do Couto Rosa e Fábio Klokner (IBS)

Os agrônomos Pláucio Figueiredo (Cocapec) e o Dr. Bernardo van Raij (IAC)


Pesquisa da Epamig garante produção de azeitonas

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FOTO: José Fernandes

De origem européia, a oliveira foi trazida ao Brasil por imigrantes há quase dois séculos, mas somente na década de 50 foi introduzida no Sul de Minas Gerais. Sem uma produção própria de azeitonas e azeite de oliva, o Brasil tornou-se dependente da importação para abastecimento interno. Para reverter esse quadro, a EPAMIG, através da Fazenda Experimental de Maria da Fé, desenvolve trabalhos de pesquisa e cultivo das oliveiras, que já apresentam resultados bastante satisfatórios. Os estados do Sul do Brasil apresentam microclimas favoráveis ao cultivo da oliveira. Em Maria da Fé, MG, que possui condições semelhantes ao Sul do país, duas variedades têm-se destacado nas pesquisas: a ‘Grapollo’, destinada à extração de óleo, e a ‘Ascolana’, para produção de azeitonas de mesa. Essas variedades, dentre as 37 trabalhadas, são as que apresentam maior produtividade e melhor adaptação ao clima da região. Característica de clima temperado quente, a oliveira é uma planta que necessita de baixas temperaturas no período que antecede a floração para que se obtenham resultados satisfatórios na produção. Para o pesquisador Luiz Eugênio Santana de Mattos (EPAMIG), temperaturas de inverno com médias entre 8 e 10ºC, altitudes que variam entre 200 e 1.300 metros e regime de chuvas superior a 800 mm são suficientes para produções econômicas. O pH do solo, que deve ser superior a 5,5, também interfere na qualidade da produção, principalmente do azeite.

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Mudas com qualidade Cada muda de oliveira é vendida na Fazenda Experimental a R$ 15,00, devendo ser encomendada com, no mínimo, 18 meses de antecedência. Luiz Eugênio justifica esse prazo com a própria característica da oliveira: “a cultura produz por muitos anos, mas o desenvolvimento inicial da planta é lento”. Somente após quatro anos de plantio é que as mudas tornam-se produtivas. Podem ser plantadas em qualquer época do ano, preferencialmente no período chuvoso. O plantio realizado

no período seco necessita de irrigação até o completo “pegamento” da muda, o que aumenta os custos da produção. Já a colheita é realizada em janeiro e fevereiro, após o completo desenvolvimento dos frutos. As azeitonas podem ter dois destinos. De acordo com as características de cada variedade, a produção se destina ao consumo em mesa ou à extração do óleo de oliva. De acordo com Luiz Eugênio, as azeitonas destinadas à mesa devem ser colhidas manualmente, evitando “machucaduras”, que são prejudiciais ao curtimento. As destinadas à extração de azeite, devem ser colhidas após a completa maturação, época em que apresentam maior percentual de óleo. Uma advertência com relação às azeitonas diz respeito à impropriedade para o consumo logo após a colheita. Neste estado, apresentam-se extremamente amargas, devendo ser “adoçadas” ou “curtidas” por diferentes processos. O pesquisador informa que logo após a colheita, as azeitonas devem ser CARACTERÍSTICAS DA OLIVEIRA • Planta rústica; • Resistente a pragas e doenças; • Necessidade de adubação; • Desenvolvimento inicial lento; • Chega a 8 metros; • Produz, em media 80 a 100 kg de azeitonas por árvore; • Típica de clima frio; • Temperatura ideal: entre 8 e 10 graus; • Altitude ideal: entre 200 e 1300 metros; • Chuvas: superior a 80mm; • Ph do solo: superior a 5,5; • Principais pragas e doenças: Tuberculose da Oliveira, Antracnose da Oliveira, Fumagina, Cochonilhas, Mosca da Oliveira e diversas espécies de formigas. • Preço Médio da Muda R$15,00

submetidas a uma seleção manual (maiores e menores), quan-do se eliminam as defeituosas, as que sofreram ataques de pragas e doenças, assim como os resíduos, ramos e folhas vindos do campo. Em seguida, são acondicionadas em vasilhas de plástico onde serão submergidas em solução de hidróxido de sódio. Luiz Eugênio alerta que a concentração dessa solução varia para cada local e variedade. Condições adequadas aliadas à tecnologia proporcionam uma excelente produção de azeitonas. Cada oliveira é capaz de produzir de 80 a 100 quilos de frutos por safra. O pesquisador ressalta que a pesquisa iniciada pela EPAMIG é inédita no país e pode gerar uma grande oportunidade do Brasil investir na cultura da oliveira. Processamento das azeitonas Após a colheita e seleção manual dos frutos, as azeitonas são submergidas em uma solução de hidróxido de sódio, onde permanecem de 5 a 10 horas, sendo necessário verificar a reação da solução com a polpa dos frutos em intervalos de 1 ou 2 horas. Realizando cortes transversais em amostras de três ou quatro azeitonas, verifica-se uma mudança de coloração da polpa, de verde-claro para róseo, com aspecto úmido, da parte externa para a interior do fruto. Antes que a solução penetre até a semente, ou em dois terços da polpa, as azeitonas devem ser retiradas da solução de hidróxido de sódio e subme-tidas à lavagem em água limpa por um período de 15 a 20 dias. A lavagem é feita preferencialmente em água corrente, ou trocando-se a água das vasilhas duas ou mais vezes ao dia. Após esse período, as azeitonas perdem totalmente o sabor amargo característico dos frutos, tornando-se adocicadas. Finalmente os frutos podem ser armazenados em vasilhas apropriadas (vidro, plástico ou louça), em solução de cloreto de sódio (sal de cozinha) à concentração de, no máximo, 5%. Nessa condição as azeitonas podem ser armazenadas por um longo período.


Workshop AGROENERGIA: Matérias-Primas

FEILEITE 2007 - Feira Internacional da Cadeia Produtiva do Leite dias 30/10 a 03/11. Agrocentro. Centro de Exposições Imigrantes. São Paulo (SP). INF: (11) 50676767. Site: www.feileite.com.br. Email: secretaria@agrocentro. com.br

WORKSHOP SOBRE ADEQUAÇÃO AMBIENTAL E TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS dias 12 a 13. FEALQ. Pavilhão da Engenharia da Esalq/USP. Piracicaba (SP). INF: Site: www.fealq.org.br. Tel. (19) 34176604

SEMINÁRIO DA PESQUISA EM HORTALIÇAS dias 19 a 23. APTA. Centro Apta Citros Sylvio Moreira. Campinas (MSP). INF: (19) 3546-1399.

17 a 19 de outubro 2007 - Ribeirão Preto/SP O Workshop AGROENERGIA: Matérias-Primas, tem como objetivo fomentar debates e treinamento sobre as questões do Futuro Energético Sustentável, produção de bioetanol, biodiesel e culturas agroenergéticas (matérias-primas), com enfoque nas oportunidades para a região e para o meio ambiente. Local: AEAARP, Rua João Penteado, 2.237, Jardim São Luiz - Ribeirão Preto/SP As inscrições on-line e Programação através do site www.infobibos.com/agroenergia Contato: Dr. José Roberto Scarpellini e-mail: jrscarpellini@aptaregional.sp.gov.br Telefones: (16) 2102-1700; (16) 36371091 e (16) 36371849

- SENAR MINAS - SENAR MINAS Federação da Agricultura de MG e Secretaria da Agricultura lançam PIB do Agronegócio Mineiro A FAEMG - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento lançaram no último dia 21 de setembro o Projeto PIB do Agronegócio Mineiro. Minas é o primeiro Estado a fazer este levantamento, que servirá para subsidiar a formulação de políticas para o setor. A pesquisa está a cargo do Cepea/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo). O PIB do agronegócio total foi estimado em R$ 63,016 bilhões para 2007, representando 31% do PIB Total de Minas Gerais. Entre 2001 e 2007, a taxa de crescimento real foi estimada em 4,3% ao ano. Em relação ao agronegócio nacional, o agronegócio mineiro participa com 11%. Dentro do agronegócio, o segmento agropecuário representa 40%; a agroindústria fica com 23%; a distribuição, 30%; e a indústria de insumos, com 7%.

Quanto à evolução, há diferenças marcantes entre a criação animal e a produção vegetal. Entre 2001 e 2007, enquanto o agronegócio da pecuária cresceu 5,1% ao ano, o da agricultura aumentou apenas 3,7% anualmente. Em relação à agregação de valor, o padrão se inverte: enquanto a agroindústria de base agrícola expandiu-se 4,9% ao ano, ou seja, avançou mais na industrialização, a de base pecuária cresceu apenas 0,3% ao ano. “Dados como esses nos mostram que caminhos seguir. Vimos, por exemplo, que o processamento na área agrícola é muito maior que na pecuária, o que indica que precisamos trazer mais indústrias de carne para Minas”, assinala o presidente da FAEMG, Roberto Simões. O secretário de Agricultura, Gilman Viana, acrescenta que o levantamento do PIB fornece à Secretaria argumentos técnicos na defesa, junto ao governo, de projetos para o setor. O PIB do Agronegócio Mineiro é um retrato do conjunto das cadeias

produtivas ligadas à agropecuária e seu peso econômico para Minas Gerais; a relação entre a agropecuária e a agroindústria em termos econômicos; o peso de cada segmento das cadeias produtivas (produção primária, agroindústria de insumos e alimentos e distribuição); e o nível de agregação de valor. É um poderoso instrumento para o desenvolvimento de políticas públicas efetivas orientadas à promoção da agropecuária de forma sustentável e como parte essencial das cadeias produtivas. Seu cálculo foi feito pelo Cepea Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), ligado à Esalq/USP Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo. O Cepea desenvolveu a metodologia de cálculo do PIB do agronegócio nacional em parceria com a CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e vem acompanhando sua evolução desde então.

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PÓS-GRADUAÇÃO EM OVINOCULTURA DE CORTE dias 19/10 a 11/04/2008. REHAGRO. Belo Horizonte (MG). INF: (31) 3264-0312. Site: www.rehagro.com.br. Email: rehagro@rehagro.com.br

20ª REUNIÃO ANUAL DO INSTITUTO BIOLÓGICO:Globalização, Riscos e Benefícios para a Produção Agropecuária dias 05 a 09. IB - ANDEF. São Paulo (SP). INF: Site: www.infobibos.com/raib2007/ raib.htm

27 Outubro de 2007

9º ENCONTRO SOBRE PRODUÇÃO DE CAFÉ COM QUALIDADE dias 18 a 20. UFV - ANDEF. Viçosa (MG). INF: (31) 3899-1094. Site: www.ufv.br/cafe


Ter um diploma na mão já não é mais garantia de competitividade

Pós-Graduação é na FAFRAM/FE

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• GEOPROCESSAMENTO E GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS • AGRONEGÓCIO e DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL • EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL • AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

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• AGROENERGIA E SUSTENTABILIDADE • PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA E COMERCIALIZAÇÃO MENSALIDADES A PARTIR DE R$ 250,00

DURAÇÃO DE 12 MESES

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Faculdade “Dr. Francisco Maeda”

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