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coluna | por Victor Megido | @victor_megido
O QUE É VALOR EM 2021?
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“NÓS PRECISAMOS UNS DOS OUTROS. ESSE TIPO DE INTERDEPENDÊNCIA É O MAIOR DESAFIO IMPOSTO À MATURIDADE DO INDIVÍDUO E DO FUNCIONAMENTO DO GRUPO.” KURT LEWIN
Em tempos de incerteza, onde projetistas buscam pilotar empreendimentos em direção ao futuro, e onde empreendimento hoje significa convergência de interesses de stakeholders, com validação econômica, social e ambiental, tudo precisa mudar no jeito de fazer, para que tudo continue dando certo. Por este motivo, fala-se tanto sobre a cultura do design thinking, a dialógica nas organizações e sobre a importância de estar em ecossistemas de inovação.
No design thinking aplicamos a dialógica no lugar da mais tradicional sequência linear, pois a ideia é ativar a “rede” na qual se entrecruzam diferentes linhas de interpretação. Da linearidade passamos às redes distribuídas e entramos em pleno âmago do pensamento complexo de Edgar Morin. O que este filósofo chama de dialógica (“operador dialógico”), a consultoria americana IDEO chamou de design thinking.
Quero ressaltar a importância desse assunto, quando o tema é: “que mundo queremos projetar em 2021 para as futuras gerações?”. É um futuro concebido a partir de novas perspectivas, ou será por extrapolação de um passado gasto?
Ao utilizar a dialógica busca-se estabelecer a alimentação mútua entre stakeholders, muitas vezes contrários entre si. Na impossibilidade de uma síntese superadora da contradição, o que costuma ocorrer nos empreendimentos humanos, a tensão entre os opostos se mantém e dela surgem fenômenos novos. Permitir que tais conflitos criativos e argumentações existam com segurança psicológica pede cultura de inovação. Esse é o humus para gerar valor em tempos difíceis. Para tanto, é necessário fomentar a curiosidade, a fantasia, o serendipity (erro criativo), assim como a competência e disciplina, pois, “o acaso só favorece a mente preparada”, já dizia Louis Pasteur. O leitor (a) que tem como ofício projetar, seja na arquitetura, design, decoração, pode pensar que isso seja simples. Mas não é quando o desafio é levar tudo isso para o coletivo e grupos criativos. Quando a missão é atuar em ecossistemas de negócios que tratam de estruturas dinâmicas de diferentes organizações interligadas, dependendo uma das outras para que a totalidade tenha sucesso.
Como gerar valor? Gerar valor de troca, de ponta a ponta, é uma orquestração dentro de um ecossistema de inovação, um conjunto de fatores que estimula a interação e cooperação inteligente e criativa, como bem ocorre no Cidad3, liderado por Sandra Leise. VALOR de troca é um processo de inovação que implica estar próximo dos stakeholders, aproveitando as capacidades destes profissionais de compreender e influenciar o modo como os indivíduos podem dar significado às coisas, pois as pessoas compram significados, narrativas e não coisas. Os stakeholders principais são os intérpretes que tornam o teu ecossistema valioso. Isso sim é cadeia de valor que eleva à potência, a força individual de cada player. Valor na incerteza é aprender a aprender; ter confiança entre parceiros inteligentes para cocriar; projetar com lucidez e liderar a jornada da inovação que não se delega; ter foco mais no valor de troca (e menos no valor de uso). Lembrando que confiança é fruto de reputação.
Aquele que desejar fazer trabalho de inovação, deve reunir quatro coisas sob o mesmo objetivo: razão, natureza, experiência e o estudo dos múltiplos textos especializados. As pegadas da natureza são os pioneiros; a razão é o bastão do caminhante; a experiência os óculos e o estudo dos textos a lanterna que abre o caminho ao entendimento e ilumina o leitor perspicaz. Obra: Emblem XLII aus dem Buch “Atalanta Fugiens” von Michael Maier. Frankfurt 1618.