Jornal
Médio Espinhaço e Centro Leste de Minas Ano III | Edição n0 34 | Abril de 2017
Audiência adiada Decisão judicial cancela, em cima da hora, audiência pública que discutiria a terceira fase do projeto Minas-Rio
CIDADES MINERADORAS www.defatoonline.com.br
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Uma nova
ESPERANÇA Prefeitos articulam junto ao Governo Federal medida provisória que levaria ao tão sonhado aumento na compensação financeira pela exploração mineral
Pág.8 ITABIRA
BARÃO DE COCAIS
SANTA BÁRBARA
Dívida que engessa
Sem o bônus
Cresce a pressão
Prefeito Ronaldo Magalhães anuncia que terá de rever o plano de governo por causa de uma dívida de R$ 146 milhões deixada pelo governo anterior
Município reclama de não receber fatia dos royalties de Brucutu mesmo abrigando barragem do empreendimento
Prefeito Leris Braga resiste às manifestações pela liberação da carta de anuência para que Samarco volte a captar água no distrito de Brumal Rodrigo Andrade/DeFato
Acom PMBC
Wesley Rodrigues/DeFato
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Conceição do Mato Dentro Giro pela região Citado em delação
O prefeito de Conceição do Mato Dentro, José Fernando Aparecido Oliveira (PMDB), tem o nome na lista de pagamentos da caixa 2 da empreiteira Odebrecht. O peemedebista está na relação entregue pelo executivo Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o BJ, à Justiça Federal. Na planilha consta o repasse de R$ 50 mil ao político, que teria sido feito em 2010, quando José Fernando, então deputado federal, ainda era do PV e concorreu ao governo de Minas Gerais. Segundo delação premiada do executivo, o interesse da companhia seria desenvolver projetos de infraestrutura no território mineiro com mando da empreiteira. O prefeito Zé Fernando é chamado de “Azeitona” na lista da Odebrecht. O apelido pode ser uma alusão ao sobrenome Oliveira e também ao seu partido na época, o Partido Verde. Em nota enviada ao Jornal DeFato, a assessoria do gestor de Conceição do Mato Dentro ressaltou que em 2010 a campanha de Zé Fernando pelo PV era de “oposição e alternativa ao poder” que o agora prefeito “não recebeu apoio da referida empreiteira”. “Além disso, o mesmo não exercia qualquer cargo no Executivo Estadual ou Federal que justificasse tentativa de cooptação”, cita a nota. Zé Fernando ainda alega que não tem qualquer processo ou condenação civil ou criminal e que, como deputado federal, propôs em 2006 Emenda Constitucional para acabar com o foro privilegiado e a imunidade parlamentar.
prefeito José Fernando (PMDB) e do presidente da Câmara, João Marcos (PSL). Em fevereiro deste ano, Gabriel Guimarães esteve no município para receber uma Moção de Aplausos do Legislativo.
“Ao menos um produto” Durante uma reunião entre associações comerciais de toda região, em João Monlevade, neste mês de abril, o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Minas Gerais, Fabiano Martins Cunha, não foi portador de boas notícias. Ele informou que quase todos os trechos estão com obras paradas e que a meta do órgão neste ano é “entregar algum produto” do pouco que ainda está em andamento. A parte da duplicação que tem obras mais adiantadas – e ainda em andamento – é o lote 7, que compreende o trecho entre o rio Una, em São Gonçalo do Rio Abaixo, até Caeté. É o setor que compreende os trevos de Barão de Cocais e Itabira, duas obras que o Dnit espera entregar no segundo semestre deste ano. Trechos de rodovia próximos a Caeté, já em fase de pavimentação, também podem ser liberados em 2017. De acordo com o superintende do Dnit, os lotes 1 e 2, próximos a Governador Valadares, estão em reavaliação do projeto. O lote 3, que dá acesso à região do Vale do Aço, tem previsão de início das obras em maio deste ano. Os lotes 5 e 6, que correspondem o trecho de Nova Era à João Monlevade, estão passando por um estudo de viabilidade, em Brasília, para verificar alternativas viáveis ao projeto.
Produção em alta A Anglo American divulgou na segunda metade de abril o resultado de produção do primeiro trimestre de 2017. A produção de minério de ferro do Minas-Rio aumentou 30% em comparação com o primeiro trimestre de 2016, e chegou a 4,3 milhões de toneladas. A operação continua seu processo de ramp-up. A previsão de produção anual, segundo a mineradora, permanece inalterada entre 16 e 18 milhões de toneladas. Após a conclusão do processo de licenciamento da Fase 3, a Anglo American espera que a operação esteja em condições de produzir em sua capacidade nominal de 26,5 milhões de toneladas por ano.
Ajuda bem-vinda Conceição do Mato Dentro foi contemplada com dois repasses do deputado federal Gabriel Guimarães (PT) neste mês de abril. Uma das destinações, de R$ 500 mil, foi direcionada para pavimentação da rua São Sebastião do Rio Preto, no bairro Córrego Pereiro. A outra, de R$ 150 mil, foi para o custeio da Secretaria Municipal de Saúde. O deputado petista tem acompanhado de perto Conceição do Mato Dentro e estado próximo do
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Acidente sem danos Uma draga da mineradora Vale afundou no rio de Peixe, em Itabira, no dia 10 de abril. O acidente aconteceu durante a madrugada e não deixou feridos. De acordo com o gerente de operações da empresa no município, Fernando Carneiro, a ocorrência também não provocou danos ambientais e todo óleo que vazou no curso d’água foi coletado. Segundo o gerente de operações, trabalhadores que iriam operar a draga perceberam que o equipamento afundava e acionaram a supervisão e a Gerência de Meio Ambiente da empresa. As ações para conter um derramamento de óleo da draga foram imediatas, conforme o executivo da Vale. Técnicos da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Ordem Pública e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) estiveram no local e constataram a ausência de danos.
Pedido de ajuda Vereadores de Santa Bárbara se reuniram com representantes das mineradoras Jaguar Mining e AngloGold Asanti, no fim de março, e cobraram das empresas mais atenção com a Santa Casa Nossa Se-
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nhora das Mercês, principal unidade de saúde do município. Na opinião dos parlamentares, as duas companhias, que exploram outro em território santa-barbarense, podem contribuir mais para uma melhor situação financeira do hospital. Os representantes das duas empresas reafirmaram a postura de contribuir para o desenvolvimento de Santa Bárbara e falaram sobre os empregos gerados e a implantação de ações que beneficiam toda população. Sobre o hospital, as mineradoras ficaram de avaliar possíveis investimentos mediante demandas específicas apresentadas pela unidade de saúde.
Parceria pela infraestrutura As prefeituras de Santa Bárbara e Alvinópolis firmaram convênio de mútua cooperação para manutenção periódica de estradas vicinais usadas pelos dois municípios, especialmente pela população rural. A parceria prevê a disponibilização de equipamentos para essa finalidade. O documento aponta que não haverá repasse de recursos entre as prefeituras, cabendo, apenas, a cada uma, cumprir as obrigações estabelecidas. A validade do convênio assinado entre os prefeitos Leris Braga, de Santa Bárbara, e João Batista Mateus de Moraes, de Alvinópolis, é até dezembro de 2017.
Novos caminhos O prefeito de São Gonçalo do Rio Abaixo, Antônio Carlos Noronha Bicalho, assinou contratos para novas obras na terceira etapa no programa Novos Caminhos. O projeto está dividido em três lotes, com investimento total de R$ 1,56 milhão. Durante encontro com os empreiteiros, o chefe do Executivo cobrou a contratação de mão de obra são-gonçalense e compra de materiais no comércio local. O lote 1 tem valor de R$ 667,2 mil e contempla as localidades rurais de Passa Dez e Passa Dez de Cima, Faxina e a rua Luzia Ribeiro, no bairro Vila Diogo. O lote 2, de R$ 472,4 mil, vai pavimentar vias em Córrego de Pacas, Coqueiros, Machado e bairro Recreio. O lote 3, avaliado em R$ 424,8 mil, vai beneficiar as comunidades de Gabriel e Cedro.
Mais transparente O Governo de Minas Gerais lançou recentemente a opção de consulta por compras e contratos no Portal da Transparência. A pesquisa pode ser feita por ano, órgão e procedimento de contratação. Estão disponíveis contratos firmados com os órgãos da Administração Direta desde 2009. Com a nova consulta, é possível fazer o download do edital e ter acesso a informações como itens comprados, data de vigência do contrato, valor, empresa contratada, entre outras.
Edição: Rodrigo Andrade rodrigo@defatoonline.com.br
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Redação: Jornalismo DeFato jornalismo@defatoonline.com.br
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Conceição Giro do Mato pelaDentro região
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Qualquer cidadão ou cidadã tem acesso a dados referentes à receita e despesas, convênios, contas do governador, informações sobre planejamento, dívida pública, compras e patrimônio, remuneração dos agentes públicos, despesas com diárias, entre outras. Para ter acesso à busca por contratos é preciso acessar o Portal da Transparência de Minas Gerais no www.transparencia.mg.gov.br, clicar em “compras e patrimônio” e, em seguida, no link “compras e contratos”.
Mais agilidade O deputado estadual Raimundo Nonato Barcelos (Nozinho) se reuniu com o secretário de Governo de Minas Gerais, Odair Cunha, no fim de abril, e cobrou mais empenho do estado na emissão de licenças ambientais na região do Médio Piracicaba. Segundo o parlamentar, a administração mineira pode acelerar os processos sem que tenha que sair do que determina a legislação. Não é a primeira vez que o deputado faz essa reivindicação ao governo. Em abril do ano passado, logo após o anúncio de fechamento da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, Nozinho se reuniu com o mesmo Odair Cunha e fez pedido idêntico.
A Anglo American Minério de Ferro Brasil S.A., convoca os interessados a comparecer à Audiência Pública sobre o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do empreendimento Projeto de Extensão da Mina do Sapo, Processo COPAM/PA/Nº 00472/2007/008/2015, Classe 6, localizado no município de Conceição do Mato Dentro/MG e Alvorada de Minas/MG, a se realizar no dia 1 de junho de 2017, às 18 horas, no Ginásio Poliesportivo Desembargador Moacyr Pimenta Brant, Rua Cassimiro de Souza, s/nº, Bairro Brejo, no município de Conceição do Mato Dentro/MG. Informa ainda que o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA se encontra a disposição dos interessados nas Prefeituras de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, bem como nos Escritórios da Anglo American na Rua Chiquito Costa, n° 40, Bairro Brejo, em Conceição do Mato Dentro/MG, e na Rua João Mariano Ribeiro n° 246, em São Sebastião do Bom Sucesso, Conceição do Mato Dentro/MG, no horário de 08h às 12h e de 14h às 17h.
MELHORIA DO ACESSO À CACHOEIRA DO TABULEIRO. UMA OBRA QUE PROTEGE A NATUREZA, O PATRIMÔNIO E NOSSAS VIDAS. A trilha de acesso ao Poço da Cachoeira do Tabuleiro vai ficar interditada, por um tempo, para ser reestruturada e equipada e receber obras que vão solucionar, de vez, os trechos com erosão. Uma iniciativa que vai garantir mais conforto e segurança para todos. Até 30 de abril, o acesso à Cachoeira se dará por uma trilha alternativa, a
S O M E NOS VI A UM DAQUM P O TE
partir da portaria principal. Mas, a partir de 2 de maio, o acesso estará fechado. As trilhas de acesso à parte de cima da Cachoeira, ao Mirante e à travessia Tabuleiro/Lapinha continuarão funcionando normalmente. Contamos com a sua compreensão e convidamos você a conhecer esse projeto que é fundamental para o nosso município avançar com responsabilidade e voltar a honrar o título de Capital Mineira do Ecoturismo. INFORMAÇÕES Secretaria de Meio Ambiente 31 3868 2431 Secretaria de Turismo 31 3868 2223 www.cmd.mg.gov.br
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Barão de Cocais
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MINERAÇÃO
“Quero jogar, não só assistir” Prefeito de Barão de Cocais reclama da falta de retorno financeiro da Mina de Brucutu para o município, que abriga barragem do empreendimento Fotos: Divulgação
Prefeito Décio tenta maneiras para fazer a mineração voltar a dar retorno financeiro a Barão de Cocais e vê na expansão da mina de Brucutu uma saída Não, a frase do título não refere-se a algum jogador insatisfeito com seu treinador ou algo do tipo. A fala é do prefeito de Barão de Cocais, Décio Geraldo dos Santos (PV), que usa de analogia para descrever a situação de seu município, que, apesar de abrigar a barragem do Complexo de Brucutu, da mineradora Vale, não recebe um centavo dos royalties do empreendimento. A compensação financeira (Cfem) vai toda para São Gonçalo do Rio Abaixo, seguindo determinação da lei federal que a destinação do dinheiro ao município onde há a operação minerária efetiva, ou seja, a extração do minério. A Mina de Brucutu foi inaugurada em 2006 e fica instalada entre São Gonçalo do Rio Abaixo e Barão de Cocais. Atualmente, a capacidade produtiva gira em torno de 30 milhões de tonelada de minério de ferro por ano, a maior de Minas Gerais. Toda a operação é feita em São Gonçalo, mas a Barragem Norte fica na comunidade de São José do Brumadinho, pertencente a Barão de Cocais. A carta de conformidade para instalação desse empreendimento foi liberada
em 2009, pelo então prefeito Geraldo Abade, em troca de algumas condicionantes. A Barragem Norte é a segunda do complexo Brucutu. A primeira, Sul, fica em São Gonçalo do Rio Abaixo, mas já chegou ao limite de sua capacidade. A importância da estrutura localizada em Barão de Cocais faz o prefeito Décio questionar a distribuição dos impostos gerados pela atividade minerária. “Se você for observar, hoje a Mina de Brucutu só funciona porque existe Barão de Cocais. A gente sabe que eles estão dentro da lei, o Abade assinou uma carta de anuência permitindo que acontecesse essa situação. Mas a gente questiona. Barão de Cocais tem minério também e hoje fica como responsável pela renda de uma cidade vizinha”, critica Com minério e sem dinheiro A relação de Barão de Cocais com a mineração é antiga, mas sofreu um rompimento há exato um ano, com a desativação da Mina de Gongo Soco pela Vale em 29 de abril de 2016. O fim da atividade mineradora tem jogado para baixo a arrecadação do
município. Segundo o prefeito Décio dos Santos, o orçamento cocaiense deve cair em até 30% na comparação com ano passado. “No ano passado a receita fechou em R$ 97 milhões, neste ano a dotação orçamentária é para cerca de R$ 73 milhões. É uma queda gigante”, lamenta. O prefeito e sua equipe têm mantido conversas com a direção da Vale para que a mineração retorne a Barão de Cocais ou que haja alguma medida compensatória pelo funcionamento da Barragem Norte. Mas os retornos não têm sido positivos. “Eles apenas dizem que estão dento da lei”, afirma Décio. “Eu questiono isso, está errado. O nosso município está com o rejeito da empresa todinho, sem minerar. Isso não é legal. Só queremos fazer parte do jogo também. A gente fica só assistindo as partidas, sem jogar o jogo”, completa. Expansão Sem avanços nos pedidos relacionados à compensação pela localização da Barragem Norte, o prefeito de Barão de Cocais enxerga em uma proposta de expansão da Mina de Brucutu a chance de aumentar as
receitas do município. O processo, no entanto, é burocrático e depende de licenças ambientais. Décio tem corrido atrás dos órgãos pertinentes e tenta acelerar os processos. O projeto em questão é chamado de Cava da Divisa. Consiste em ampliar a Mina de Brucutu, que aí sim passaria a operar também em território cocaiense. O planejamento, segundo informações da Vale repassadas ao prefeito, é que até 5 milhões de toneladas ao ano de minério de ferro sejam produzidas em Barão de Cocais. “Estamos com essa garantia”, afirma. Enquanto mantém contato com o Governo de Minas e os órgãos licenciadores para apressar a expansão de Brucutu, o prefeito Décio indica a necessidade de revisão da legislação, para que os municípios que participam do processo da mineração tenham recompensas financeiras mais robustas e não apenas medidas de compensação. “Deveria haver uma sensibilidade em torno disso. As cidades que ajudam na produção não podem ser esquecidas. Infelizmente, é o que tem acontecido”, finaliza.
Santa Bárbara
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IMPASSE
Contra a pressão Prefeito de Santa Bárbara se mantém irredutível sobre não liberar carta de conformidade para que Samarco volte a captar água no distrito de Brumal Foto:Acom PMSB
Leris Braga recebeu vereadores de Mariana para explicar seu posicionamento Continua o impasse entre a Prefeitura de Santa Bárbara e a mineradora Samarco envolvendo a carta de conformidade para captação de água no distrito de Brumal. O prefeito Leris Braga (PHS) segue irredutível na decisão de que só fornecerá o documento se a empresa elaborar um plano de mitigação para a bacia do Peti. A discussão está na Justiça e, ao mesmo tempo, as duas partes tentam diálogo e formas de compensação para uma conclusão amigável. Enquanto isso, é forte a pressão sobre o administrador municipal, que garante que não cederá. A pressão sobre Leris Braga vem de vários lados. Além do próprio mercado econômico, que faz força pela volta das operações da
empresa, o prefeito também teve de lidar entre março e abril com a presença de vereadores de Mariana e da cidade capixaba de Anchieta em Santa Bárbara. Os parlamentares vieram atrás de explicações de Leris e conversaram também com legisladores santa-barbarenses. Os prefeitos de Mariana, Ouro Preto, Catas Altas e Matipó estão em reuniões frequentes e também são vozes contrárias ao prefeito de Santa Bárbara. Pela internet, movimentos como o “Justiça, Sim, Desemprego, Não” e o “Somos Todos Samarco” foram criados e até chegaram a marcar manifestações para aumentar a pressão sobre Leris Braga. Um apitaço aconteceria em Santa
Bárbara no dia 18 de abril, quando a Prefeitura e a mineradora teriam uma audiência na Justiça para discutir sobre a liberação da carta de conformidade. O encontro, no entanto, foi desmarcado a pedido das duas partes, que alegaram estar em processo de diálogo para resolver o problema longe dos tribunais. Com o adiamento, a manifestação também foi suspensa. A briga O impasse foi relatado pelo Jornal DeFato na última edição. A Samarco diz ter todos os documentos necessários para voltar a operar após a tragédia com a barragem de Fundão. Falta apenas um, que é justamente a carta de conformidade a ser expedida
pela Prefeitura de Santa Bárbara para captação de água no distrito de Brumal. A outorga é para a retirada de até 2,05 milhões de litros por hora. O fluido segue por uma encanação de 41 quilômetros até as operações de Germano, em Mariana. Leris Braga se baseia em um decreto municipal, editado por ele mesmo, em 2013, para segurar a carta de conformidade. A legislação aponta a necessidade de estudos de impacto ambiental, com ações de mitigação ou compensação dos problemas que vierem a surgir. Já a Samarco argumenta que só está solicitando a retomada de um procedimento que já tinha autorização para fazer antes e que, portanto, não se enquadra nas exigências do decreto santa-barbarense. “Enquanto gestor municipal, eu tenho que prezar pelo desenvolvimento das minhas obrigações constitucionais, dos meus instrumentos normativos. O próprio documento colocado para o empreendimento da Samarco é um pedido de uma carta de conformidade ambiental de acordo com leis e regulamentos do município. Então, nesse momento, o município está estritamente em uma questão administrativa, dentro de seu requisito local”, afirma Leris. Foto:Acom CMSB
Foto:Divulgação
Prefeitos de Mariana, Ouro Preto, Matipó e Catas Altas pressionam Leris Braga a liberar carta de conformidade
Vereadores de Anchieta e líderes de movimento pró-Samarco cobraram apoio da Câmara de Santa Bárbara
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Conceição do Mato Dentro
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FASE DECISIVA
Etapa não concluída Audiência pública em que Anglo mostraria à comunidade detalhes da expansão foi cancelada por determinação da Justiça Uma decisão da Justiça adiou a audiência pública que aconteceria no dia 11 de abril, em Conceição do Mato Dentro, para apresentação de detalhes sobre o projeto Step 3 do Complexo Minas-Rio. A liminar assinada pela juíza Caroline Rodrigues de Queiroz, da comarca do Serro, atendeu a uma ação popular movida por moradores do entorno da atividade minerária e a uma recomendação do Ministério Público Federal. O documento foi expedido horas antes da audiência e pegou de surpresa dezenas de pessoas que já se aglomeravam no local do evento. A audiência pública é uma das etapas para obtenção dos licenciamentos ambientais requeridos pela Anglo American para a expansão da Mina do Sapo, em Conceição do Mato Dentro. A mineradora está em processo para conseguir as licenças prévia (LP) e de instalação (LI). Na liminar, a juíza afirma que a empresa não divulgou amplamente a data do evento e tampouco deu prazo para que os interessados tomassem conhecimento de documentos importantes
como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (Rima). Em manifestação no dia 10 de abril – um dia antes da audiência -, ao solicitarem adiamento do encontro, os promotores federais Helder Magno da Silva e Edmundo Antônio Dias Netto Júnior apontaram que os documentos protocolados pela mineradora têm, juntos, quase 3 mil páginas, com termos técnicos e de difícil compreensão para leigos, o que acarreta “extrema dificuldade de compreensão do conteúdo desses estudos, seja pela assimetria informacional da linguagem utilizada, seja pelo elevado número de páginas que esses estudos possuem”. A Prefeitura de Conceição do Mato Dentro também se posicionou pelo adiamento da audiência pública. Ofício assinado pelo secretário municipal de Meio Ambiente, Filipe Gaeta, pontua que apenas uma análise rasa e preliminar do EIA/Rima já indica expressivas alterações ao projeto inicialmente licenciado, o que demandaria análise mais minuciosa
USO RESPONSÁVEL DA ÁGUA AGORA E NO FUTURO. Anglo American realiza inciativas para aprimorar o uso responsável do uso da água em suas operações.
por parte do corpo técnico da secretaria. A Anglo nega que não tenha havido tempo hábil para consultas aos estudos de impacto ambientais. Segundo a empresa, o EIA foi tornado público em novembro de 2015, na Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais, em fevereiro de 2016 nas prefeituras e nas câmaras de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas. A mineradora também cita a realização de seminários, visitas técnicas ao empreendimento, reuniões com moradores e empresários locais e o desenvolvimento de programas de aproximação com as comunidades. Sobre a divulgação da audiência pública, a Anglo American também negou que tenha havido falhas. “Estamos empenhados em conduzir o licenciamento da etapa 3 do Minas-Rio com transparência, valorizando a participação de todas as partes interessadas. Sabemos que as contribuições de cada parte darão a oportunidade de aprimorarmos continuamente nossas atividades”, afirmou a Anglo, em nota. A Anglo American planeja investir
Janete Ribeiro se dedica diariamente a reunir os dados de monitoramento dos recursos hídricos coletados pela equipe de trabalho de campo
“O monitoramento da água é um serviço muito importante para a gente, digo como cidadã de Conceição do Mato Dentro. Para estarmos cientes do que está acontecendo em relação aos nossos recursos hídricos. A gente percebe que a Anglo American tem o cuidado de fazer o monitoramento, tem um cuidado especial”
até R$ 1 bilhão na terceira etapa do Projeto Minas-Rio. O Step 3 inclui a extensão da área de lavra da Mina do Sapo até bem próximo da MG-010, aumento da pilha de estéreo, construção de novos diques de contenção, uma nova linha de flotação e o alteamento da barragem em 20 metros. A expectativa da mineradora é conseguir a LP e a LI até julho deste ano, para requisitar a licença de operação (LO) em meados de 2018. “O cancelamento desta audiência pública traz prejuízos ao processo de licenciamento, na medida em que cerceia a participação e a transparência cultivadas junto à população, que tem se mostrado disposta a dialogar com a empresa em todas as oportunidades. Por consequência, também coloca em risco a continuidade operacional do Minas-Rio”, argumenta a Anglo American. A audiência sobre a terceira etapa do projeto Minas-Rio foi reagendada para o dia 1º de junho, às 18 horas, no Ginásio Poliesportivo Desembargador Moacy Pimenta Brant, no bairro Brejo, em Conceição do Mato Dentro.
Com o objetivo de aprimorar ainda mais os processos de gestão de recursos hídricos participamos de um projeto-piloto realizado pelo Conselho Internacional de Mineração e Metais - ICMM e do qual a Anglo American participa. O órgão é uma referência mundial para o setor de mineração. Após a implementação de uma metodologia desenvolvida pelo próprio Conselho, foi possível mapear ações a serem desenvolvidas para que a Anglo American trabalhe de forma ainda mais eficiente no que se refere ao uso da água nos processos operacionais, buscando atuar de forma mais inovadora.
Janete Ribeiro
O uso consciente dos recursos hídricos deve ser uma meta de todos. Mas, para Janete Ribeiro, moradora de Conceição do Mato Dentro, o cuidado com a água se tornou uma profissão. Ela é responsável por realizar monitoramentos e compilar os dados dessas atividades que são feitas em pontos estratégicos, no rio do Peixe e em cursos d´água próximos. Janete trabalha para a empresa parceira MAM (Monitoramento Ambiental e Mineração), que tem um papel fundamental na definição de ações e projetos para o uso racional da água na operação do Minas-Rio. Os monitoramentos são realizados de forma rigorosa e avaliamos diversos aspectos, como o volume de água dos rios e o quanto pode ser
captado nesses locais. O acompanhamento é diário e realizamos ainda análises de tendência para o ano como forma preventiva de identificarmos períodos de seca para suspendermos a captação, quando necessário. Para além dos monitoramentos, investimos em projetos de recuperação de nascentes e matas ciliares nos rios Santo Antônio e Peixe, com foco na melhoria ambiental das áreas, cuja a recuperação terá reflexos diretos na oferta de água aos usuários da Bacia Hidrográfica do Rio Santo Antônio, e irá melhorar a qualidade da água. Estamos, também, comprometidos em encontrar alternativas para aumentarmos a taxa de reutilização da água usada no Minas-Rio.
O monitoramento é feito para acompanhar o volume de água dos rios e também a qualidade da água
Conceição do Mato Dentro
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RODOVIA
Imprudência que mata Acidentes com mortes envolvendo motociclistas na MG-010, em Conceição do Mato Dentro, evidenciam o perigo da combinação entre álcool e condução de veículos Divulgação PM
Quatro dias, dois acidentes e duas mortes. O início de abril foi trágico na MG-010, principal malha rodoviária que corta Conceição do Mato Dentro e região. E nos dois casos, a marca de um componente perigoso: a imprudência. O brigadista Jardel Carvalho Silva, 27 anos, morreu na noite de 7 de abril, ao tentar uma ultrapassagem proibida em um ônibus. O motociclista inabilitado bateu de frente contra um automóvel conduzido pelo produtor rural Mário Lúcio dos Reis Saldanha, ex-candidato a vice-prefeito em Conceição do Mato Dentro. O rapaz não resistiu aos ferimentos e faleceu no local do acidente. No dia 11, nova tragédia, de novo envolvendo um motociclista. Jair José dos Santos, também inabilitado, estava em uma Honda Fan 125 e bateu de frente contra um ônibus. O motorista do veículo de passageiros, Wa-
nderley Padilha de Sena, contou aos policiais que o piloto da moto fazia ultrapassagens em dois veículos de uma só vez e que não teve como evitar a colisão frontal. De acordo com o comandante da Polícia Rodoviária Estadual de Conceição do Mato Dentro, sargento Antônio Hilton Rodrigues, nos dois casos os condutores das motos tinham bebido antes de seguir pela rodovia. “Eram inabilitados, conduziam de maneira perigosa e tinham feito uso de bebida alcóolica. A imprudência, infelizmente, levou as vidas desses dois condutores”, lamentou o militar. Segundo o sargento, a fiscalização foi intensificada no trecho da MG-010 em que aconteceram as mortes. A intenção da polícia é coibir ações imprudentes e, consequentemente, reduzir o número de acidentes. Segundo moradores locais, só neste ano foram cinco batidas seme- Imprudência foi principal causa de acidentes com mortes na MG-010, segundo a PM lhantes às duas de abril na principal rodovia do município.
TURISMO
Bem-vindos, turistas
Prefeitura de Conceição do Mato Dentro cria plano estratégico para lucrar com belezas naturais e manifestações culturais Um mercado em expansão e responsável por quase 10% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é a menina dos olhos da administração do prefeito José Fernando de Oliveira (PMDB) em Conceição do Mato Dentro. Em uma cidade repleta de atrativos naturais e culturais, o governo municipal vê no turismo uma grande oportunidade de reforçar os cofres e fazer o dinheiro girar nos comércios conceicionenses. A tarefa é aumentar o número de visitantes e fazer com que eles permaneçam por mais tempo em Conceição do Mato Dentro. Para isso, a Prefeitura elaborou o Plano Estratégico de Atividade Turística, com foco no ecoturismo e nas manifestações culturais, religiosas e rurais. A ideia é evidenciar essas áreas e, ao mesmo tempo, vencer entraves
como a falta de planejamento e a estrutura falha, que atrapalham o interesse dos turistas qualquer que seja o destino. Para montar o plano, pesquisas e diagnósticos foram realizados no primeiro trimestre de 2017. As ações serão implantadas ao longo dos quatro anos da atual gestão, com a priorização de 18 atrativos naturais e 27 atrativos histórico-culturais. Esses pontos receberão investimentos em sua estrutura receptiva, melhoria nos acessos, sinalização, georreferenciamento, banheiros, alimentação, segurança e informações turísticas. Vários eventos serão criados e os já existentes serão reformulados para atrair e manter os visitantes. Esportes de aventura, gastronomia, religião e cultura, serão os temas principais desses eventos. O principal objetivo do plano é lan-
çar Conceição do Mato Dentro como destino de férias, além dos finais de semanas e feriados. A cidade receberá uma nova sinalização turística que atenderá não só aos atrativos, mas também toda a sede e distritos. Outra ação é criação do Centro de Atendimento ao Turista (CAT), a ser instalado em local de fácil acesso na entrada da cidade. Tecnologia Segundo a Prefeitura de Conceição do Mato Dentro, todo Plano Estratégico de Atividade Turística será sustentado por um aplicativo em plataforma web/mobile, que fornecerá informação georreferenciada de todos os atrativos turísticos e estabelecimentos do município. O CATVirtual será gratuito, tanto para os turistas quanto para os empresários do setor.
O pôr do sol no Salão de Pedras é destino obrigatório para turistas em Conceição do Mato Dentro, já a Cachoeira do Tabuleiro é o principal atrativo turístico em Conceição do Mato Dentro
Por meio desse aplicativo, o turista poderá, por exemplo, receber suporte de trânsito durante seu deslocamento pelo município, com mapas, rotas e trajetos para os atrativos e estabelecimentos. O serviço também terá convergência com empresas que fazem comercialização de pacotes e hospedagens pela internet. Para que o plano dê certo, a Prefeitura de Conceição do Mato Dentro buscará um esforço conjunto entre a iniciativa privada e o poder público. Nesse sentido, serão desenvolvidas ações que viabilizem a criação de um meio favorável ao empreendedorismo. A principal ação estratégica será a capacitação humana, tanto de empreendedores e recursos humanos, como também de alunos da rede pública de ensino. Fotos: Divulgação
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Região
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ROYALTIES
Medida urgente Prefeitos de cidades mineradoras pressionam o Governo Federal para liberação de medida provisória que altera a base de cálculo da Contribuição Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) Uma antiga demanda das cidades mineradoras ganhou novo fio de esperança neste ano. A tão aguardada revisão da base de cálculo da Contribuição Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), que há quase duas décadas tramita no Congresso Federal, pode sair via medida provisória. Prefeitos ligados à Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig) pressionam o governo de Michel Temer (PMDB) e demonstram esperança de que a mudança finalmente acontecerá. Bases dessa manobra política foram acertadas em uma reunião com o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, em Brasília, no início de abril. Prefeitos como o de Itabira, Ronaldo Magalhães (PTB), de Santa Bárbara, Leris Braga (PHS), e de Concei-
ção do Mato Dentro, José Fernando de Oliveira (PMDB), participaram do encontro. A proposta é que a alíquota da Cfem seja gradativa, dependendo do valor de mercado do minério de ferro. Outra alteração, considerada a mais importante pelos prefeitos, é que o cálculo da contribuição passe a ser sobre o valor bruto da venda. Atualmente, o royalty se baseia em 2% do faturamento líquido das mineradoras, que inclui descontos dos custos operacionais. “Por exemplo: se o minério está custando 50 dólares, a alíquota será de 2%; 60 dólares, 2,5%; 70 dólares, 3%; 80 dólares, 3,5%; 100 dólares; 4%. Sempre recolhida sobre o valor bruto da venda”, explica o prefeito de Itabira, Ronaldo Magalhães, vice-presidente da Amig. “A perspectiva é de um aumento considerável. Vamos trabalhar firme, Foto:Divulgação
Encontro em Brasília discutiu bases de medidas provisórias que podem alterar legislação mineral no país
porque isso não é um negócio ainda 100% definido. No Ministério de Minas e Energia está resolvido, agora é avançar com a tramitação na Casa Civil para que realmente essa medida provisória seja publicada”, completa. O prefeito de Conceição do Mato Dentro, José Fernando de Oliveira, diz ter saído esperançoso do recente encontro em Brasília. Para ele, a publicação de uma medida provisória é a forma mais célere de resolver essa questão que tanto incomoda os municípios mineradores. “Se continuar no Congresso, vai levar mais 20 anos e não teremos soluções”, argumenta. “A questão dos royalties é muito atrasada. Se comparada com o resto do mundo, não há nenhum percentual tão discrepante e pequeno como no Brasil”, avalia o peemedebista. Receitas crescem A alteração da base de cálculo da Cfem sempre foi reivindicada pelos prefeitos, mas pode-se dizer que nunca foi tão necessária quanto agora. É que depois de anos áureos, com o preço do minério de ferro acima dos U$ 100, os municípios amargam queda de arrecadação provocada pela crise financeira mundial, que derrubou o valor da commodity. Segundo contas de Ronaldo Magalhães, apenas o fato de passar do cálculo líquido para o bruto já faria a arrecadação de Itabira com a Cfem aumentar
em 60%. Com a progressão sobre o valor de mercado, há a possibilidade de que o recebimento dos royalties dobre. No ano passado, Itabira arrecadou R$ 141 milhões com a contribuição, segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Itabira foi no ano passado a cidade que mais arrecadou com royalties em Minas Gerais, seguida por Nova Lima, Itabirito, Mariana e Congonhas no top 5 do estado. São Gonçalo do Rio Abaixo, com arrecadação de R$ 53,12 milhões, e Conceição do Mato Dentro, com R$ 47,57 milhões aparecem entre os dez municípios que mais arrecadaram. Barão de Cocais (R$ 12,8 milhões), Santa Bárbara (R$ 11,9 milhões), Rio Piracicaba (R$ 9,3 milhões), Catas Altas (R$ 6,8 milhões) e Bela Vista de Minas (R$ 1,8 milhões) completam a lista de cidades da região que receberam Cfem na casa dos milhões. “Nós estamos ainda estudando o impacto de acordo com o preço atual. Mas é uma mudança muito importante, porque já muda a base de cálculo de líquido para bruto, o que facilita inclusive a cobrança. Dentro da associação já existe um consenso de que somente essa mudança aumenta significativamente a arrecadação, em mais de 30%”, analisa José Fernando, de Conceição do Mato Dentro, que passou a receber a Cfem em 2014, com o início da operação da Anglo American.
INFORME PUBLICITÁRIO
Pesquisa aplicada CENIBRA desenvolve sistema para recomendação de irrigação e plantio O estabelecimento do plantio é a fase mais crítica da condução de um povoamento de eucalipto. Se o processo não for bem feito, o potencial produtivo será comprometido, impactando negativamente no custo da madeira. Isso pode acontecer tanto pela redução da sobrevivência das mudas quanto pelo aumento da heterogeneidade do plantio (aumento do número de plantas dominadas). Trabalhos realizados na CENIBRA e em outras empresas mostraram que a principal
causa da mortalidade e do crescimento não uniforme das mudas no estabelecimento do plantio é a demanda extremamente variável de água ao longo dos dias, que pode alternar de zero a seis irrigações necessárias. O desafio da equipe de Pesquisa Florestal da CENIBRA, então, foi desenvolver uma metodologia que indicasse, com antecedência, o número de irrigações e o intervalo entre elas. A fundamentação teórica da metodologia partiu do conceito da evapotranspiração acu-
mulada e do balanço de água no solo. Vários experimentos de campo foram conduzidos para validar os estudos. Depois foi desenvolvido um sistema de recomendação, a partir do processamento diário de dados climatológicos, que indica a necessidade de irrigação em todas as frentes de plantio da empresa. O sistema também informa se a estrutura de irrigação disponível nas regiões da CENIBRA é capaz de atender o ritmo de plantio planejado ou se há necessidade de adequação nesse ritmo de plantio.
Região
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Pode melhorar A notícia de que a base de cálculo pode mudar e render mais dinheiro aos municípios mineradores é animadora, mas a proposta do governo poderia ser melhor. É o que avalia o consultor de Relações Institucionais da Amig, Waldir Salvador de Oliveira Júnior (Juninho Oliveira). Ex-prefeito de Itabirito por dois mandatos, o executivo acredita que uma boa articulação com o Congresso pode render ainda mais divisas às cidades que dependem da Cfem. O consultor não concorda com o escalonamento do percentual da alíquota de acordo com o preço de mercado da tonelada de minério de ferro. Ele considera impossível que a commodity volte à casa dos U$ 100, o que impediria que os municípios recebessem o teto da Cfem, de 4% sobre a arrecadação bruta das mineradoras. “Isso é igual televisão de cachorro, quando colocam um frango para assar e você fica lá babando do lado de fora. O minério vai atingir 100 dólares a tonelada quando?
Aquela época de 150, 160 dólares, isso nunca mais vai acontecer”, dispara. A Amig articula reuniões com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e com uma comissão do Senado que ficaria responsável por receber a medida provisória na Casa. A intenção é propor emendas no momento da votação do texto da MP, o que precisa acontecer em até 60 dias (prorrogáveis por mais 60) a partir de sua publicação. “Se colocarem que é 4% se o minério atingir 80 dólares, aí fica razoável. Mas 100 dólares? Eles querem é nos enganar. Do que adianta trabalhar com uma alíquota que não será atingida nunca?”, questiona o consultor. As reuniões em Brasília deveriam ter acontecido antes dos feriados de abril, mas foram canceladas após o “terremoto” que abalou a capital federal com as delações dos executivos da Odebrecht. Agora, a Amig aguarda o reestabelecimento dos trabalhos para retomar as articulações.
Medida Provisória Medida provisória (MP) é um ato exclusivo do presidente da República e tem força imediata de lei, sem depender da participação do Poder Legislativo. O Congresso só é chamado a discutir esse instrumento em momento posterior, em até 60 dias (prorrogáveis por prazo idêntico), quando definirá se a MP continua – e assim torna-se verdadeiramente uma lei – ou será anulada. O pressuposto da medida provisória, de acordo com o artigo 62 da Constituição Federal, é urgência e relevância, cumulativamente.
Fiscalização Além de aumentar a arrecadação, outro ponto da legislação mineral que interessa diretamente aos prefeitos e à Amig é a fiscalização dos valores que chegam aos cofres municipais. Uma outra medida provisória, que trata da criação da Agência Nacional de Mineração (ANM) também é articulada junto ao Governo Federal. O órgão substituiria o DNPM, considerado defasado tanto pelas autoridades políticas quanto pelo mercado minerador. “É um absurdo até hoje a mineração não ter uma agência reguladora, ao contrário de todos os setores importantes e estratégicos da economia brasileira, como o petróleo, o gás, a energia elétrica, as telecomunicações, os transportes e a saúde. A mineração até hoje é submetida a uma autarquia sem a menor condição de trabalho”, critica o conceicionense José Fernando de Oliveira. Para o consultor Juninho Oliveira, da Amig, a fiscalização por parte do DNPM é apenas um faz de contas.
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Ele avalia que a responsabilidade pela contabilização da Cfem deveria ficar a cargo dos próprios municípios, como acontece com outros impostos, como o ISS, IPTU, ITBI, ITR e ICMS, todos recolhidos também em empresas mineradoras. “Minas Gerais, por exemplo, tem dois fiscais para 700 minas. Se você analisa que são 300 cidades mineradoras, 30 de grande porte, e que são apenas dois fiscais para isso tudo, a conclusão é de que não há fiscalização. É só para falar que tem”, afirma. Com ou sem a necessidade de adaptações, certo é que os prefeitos de cidades mineradoras aguardam com ansiedade a mudança na legislação. A medida provisória é vista como a principal possibilidade de driblar os obstáculos políticos, burocráticos e de pouca sensibilidade do Congresso Nacional. E a meta é não deixar que essa nova porta também se feche. “Se precisar de voltar a Brasília todos os dias vamos voltar, mas vamos mexer com isso dia e noite”, finaliza o prefeito de Itabira, Ronaldo Magalhães.
CFEM A Contribuição Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) incide sobre o faturamento líquido da venda do minério bruto e beneficiado. Os recursos recolhidos são distribuídos entre órgãos da administração da União (12%), estados (23%) e municípios (65%), sempre relacionados ao local onde é realizada a exploração do minério. O dinheiro só pode ser aplicado em projetos que revertam em benefícios da comunidade local, seja em melhoria da infraestrutura, da qualidade ambiental, da saúde ou educação. Imagem ilustrativa/Divulgação
Preservação ambiental Preservação de áreas nativas e de nascentes é premissa na CENIBRA A gestão pelas águas é uma das marcas da CENIBRA. As áreas da empresa produzem mais água do que o processo de fabricação de celulose necessita, caracterizando assim um balanço favorável à disponibilidade hídrica. Atualmente, 95% do que é captado e utilizado no processo de fabricação da celulose retorna ao rio Doce após passar por tratamento. Programas de monitoramento de água, solo, fauna e flora são desenvolvidos em parceria com universidades e organizações não-governamentais. Atualmente, a empresa tem patrimônio natural composto por mais de 103 mil hectares de matas nativas, povoadas por uma rica fauna silvestre e com
inúmeros lagos e cursos d’água. São mais de 4,5 mil nascentes, que abastecem comunidades vizinhas da CENIBRA e mantêm a biodiversidade das áreas. Importante atestado da preservação dessas áreas é dado pelos anfíbios. A presença de sapos, rãs ou pererecas em um local significa que esse lugar está em equilíbrio ecológico. A atuação como organismos bioindicadores se dá porque são animais altamente sensíveis às alterações ambientais. E nas áreas preservadas da CENIBRA é muito frequente encontrar a espécie de perereca Phyllomedusa rohdei, edêmica na região sudeste do país.
São mais de 4,5 mil nascentes, que abastecem comunidades vizinhas da CENIBRA
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Itabira
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ADMINISTRATIVO
No vermelho Dívidas que ultrapassam R$ 146 milhões engessam Prefeitura de Itabira e obrigam administração municipal a rever plano de governo apresentado durante as eleições Os cem primeiros dias do prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) em Itabira foram marcados pela apresentação das contas do município. E o rombo impressiona. De acordo com a atual administração, as dívidas deixadas pelo governo anterior chegam a R$ 146.446.574,02. O montante é muito maior do que era esperado pelo petebista e tem exigido novo planejamento, como a revisão das propostas apresentadas durante as eleições. A análise da equipe de Ronaldo é de que é impossível pagar todas as despesas nos quatro anos à frente. Os dados foram parar em um informativo de 40 páginas, com tiragem de 20 mil unidades, que é entregue nos setores públicos. A publicação enumera cada credor do município e o quanto eles têm a receber da Prefeitura. A palavra de ordem reafirmada por Ronaldo Magalhães é “corte”, mesmo que para isso sejam necessárias medidas impopulares.
Segundo a atual administração, nunca antes uma dívida tão alta foi deixada de um governo para outro em Itabira. O que mais tem preocupado a equipe econômica de Ronaldo é o déficit mensal nas contas da Prefeitura, que superam R$ 8 milhões. Ou seja, o município gasta muito mais do que arrecada. “Não esperávamos que o déficit orçamentário fosse tão grande”, disse o prefeito. A meta é gerar superávit, priorizando cortes e a manutenção de serviços essenciais, como Saúde e Educação. Chama atenção nos números apresentados pela Prefeitura o robusto valor da dívida acumulada por contratação de serviços sem empenho. São R$ 67,3 milhões, montante que repercutiu na Câmara de Vereadores e causou indignação ao presidente Neidson Freitas (PP). “Vejo isso com extrema preocupação. É algo incomum na administração pública. Isso é comprar sem saber como irá pagar,
sem saber de onde virá o dinheiro”, disparou o progressista. Além do montante sem empenho, a dívida ainda inclui restos a pagar processados (R$ 25.311.094,18), que fazem jus àqueles que prestaram um serviço comprovado à Prefeitura e esperam pelo pagamento; restos a pagar não processados (R$ 21.032.462,73), onde falta o governo conferir e confirmar o serviço feito; consignações e depósitos de terceiros (R$ 7.197.795,59), descontado da folha de salários e dos fornecedores e que precisam ser repassados à previdência e plano de saúde, por exemplo; e financiamentos e parcelamentos (R$ 25.547.611,65), que alcança contratos com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Até aqui, as ações elencadas pela equipe de Ronaldo não foram suficientes para conter o déficit mensal nas contas
da Prefeitura. O prefeito cortou 112 cargos comissionados, deu fim à prática do apostilamento, extinguiu a TV Cultura de Itabira, reduziu o teto para pagamento das requisições de pequeno valor (RPVs) e conseguiu aprovar novo parcelamento da dívida que o município tem com o Instituto de Previdência de Itabira (Itabiraprev). Além disso, o chefe do Executivo determinou cortes de até 30% em todas as secretarias, a redução de serviços terceirizados e a revisão de contratos. Todos os números levantados por Ronaldo Magalhães foram enviados ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) ao fim do mês de março. Procurado pelo Jornal DeFato, o ex-prefeito Damon Lázaro de Sena (PV) ressaltou que sua equipe jurídica está levantando as dívidas que foram divulgadas e afirmadas pelo atual governo e que tão logo esteja ciente de toda a situação se posicionará sobre o assunto.
Itabira
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EDUCAÇÃO
Ocupando espaço Itabiranos estão cada vez mais presentes no campus local da Unifei Aquele ditado de que santo de casa não faz milagre está cada vez mais longe do campus itabirano da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). O número de ingressantes locais na instituição no primeiro semestre de 2017 é o maior desde que a escola foi inaugurada, em 2008. Dos 427 alunos matriculados, 166 são de Itabira. De acordo com informações do Setor de Registro Acadêmico (SRA), nos processos seletivos anteriores a porcentagem de alunos itabiranos que
ingressava no campus girava em torno de 20% do total. Este ano, o número subiu para 39%, motivo de comemoração para o diretor do campus de Itabira, professor Dair de Oliveira. Ele exalta a importância de projetos como o Unifei Portas Abertas, que promove visitas de alunos do Ensino Médio à universidade: “É gratificante saber que, ao conhecer a nossa estrutura, um jovem foi motivado a cursar o ensino superior e optou pela Unifei para realizá-lo”, afirma.
É o caso de Bruna Lima, caloura de Engenharia Ambiental, que em 2016 participou do projeto e visitou a universidade com os colegas e professores da Escola Estadual Trajano Procópio de Alvarenga Silva Monteiro (Premen). “O Unifei Portas Abertas me ajudou muito a escolher o meu curso e a conhecer melhor a universidade. Visitei os laboratórios e pude ver a qualidade e variedade dos equipamentos. Também tive a chance de conhecer diversos projetos da Unifei, Fotos: Divulgação
Número de itabiranos cresce no campus local da Unifei
que são oportunidades de desenvolvermos ainda mais nossos conhecimentos e nos ajudam na integração com outros alunos e professores”, comenta. A Unifei realiza também o caminho inverso, quando membros da comunidade acadêmica comparecem às escolas, medida que, segundo o diretor, colabora para a interação entre Itabira e o campus. “Nos últimos anos, também tivemos grupos de pesquisa e equipes de competições tecnológicas da Unifei presentes nas escolas da cidade, tendo contato direto com os alunos e aguçando seu interesse pela universidade”, diz. O diretor da Unifei Itabira ainda comenta que, ao mesmo tempo em que se busca que o campus seja reconhecido nacionalmente, a universidade preza e continuará a desenvolver projetos voltados a aproximar a Unifei da comunidade itabirana.
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Entretenimento
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AGENDA
Maio movimentado A região estará movimentada por boas opções de entretenimento neste mês de maio. Atrações culturais, esportivas, religiosas e shows de artistas renomados agitarão as cidades. Destaque para a tradicional Festa do Vinho, que acontece entre 19 e 21 de maio, em Catas Altas. O evento terá shows, diversas opções gastronômicas e barracas com o vinho de jabuticaba. Outro grande evento aguardado para o mês de maio é o show da banda O Rappa, em João Monlevade. A apresentação será no dia 19, no Parque do Areão. Ingressos estão à venda para as áreas de pista, pista premium e camarote open bar.
Se o negócio é sertanejo, a boa parada é em Morro do Pilar, onde acontece o 2º Festival Sertanejo e Gastronômico. A festa será entre 12 e 14 de maio, na Serraria, com shows de Léo Nascimento, Chama Chuva e outras atrações. Em Rio Piracicaba, o Jubileu do Senhor Bom Jesus e Romaria acontece entre os dias 1º e 4 de maio. O esporte é atração em Sem Peixe, com a Copa Minas Mountain Bike, entre 20 e 21. Já em Nova União o destaque é literatura, com o projeto Leitura na Praça, no dia 28.