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Saberes do Vinho

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Papo Café

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Gilvan Passos

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Vinho bom x vinho ruim

Vinhos Bons e Vinhos Ruins não existem factivelmente. São conceitos subjetivos na cabeça do consumidor comum. Tudo que existe de fato são vinhos COM DEFEITOS e vinhos SEM DEFEITOS (que podem beirar à perfeição), e entre um e outro extremo, um gradiente de níveis gigantesco.

É como se tivéssemos uma escala com duas cores opostas, em que em uma extremidade houvesse o branco absoluto; na outra o mais absoluto negro e, entre ambas, uma infinidade de tons e de matizes cinza. Um degradê infinitamente superior aos 50 TONS DE CINZA do filme.

Em um determinado nível dessa escala, haverá um tom ou alguns tons de cinzas com o qual o consumidor se identifica. E esse passa a ser o seu gosto, pois é exatamente isso que se costuma denominar de QUALIDADE, uma confusão porque GOSTO nada tem a ver com QUALIDADE, todavia com AGRADABILIDADE, visto que nós costumamos gostar do que conhecemos e compreendemos.

É por essa razão que os consumidores são mais afeitos aos vinhos FRUTADOS NOS AROMAS e POLIDOS NO SABOR, isto é, vinhos mais comuns e menos específicos, “coringas”

com pouca ou nula personalidade.

Sem querer entrar no mérito do que leva ao defeito e ao perfeito, tanto um quanto outro, em sua grande maioria, passam despercebidos pelo consumidor comum. Mas a partir de um certo nível, ambos ganham notoriedade, confiança e preferência do consumidor, ou a sua reprovação por não identificação.

O gosto pessoal também pode estar vinculado a valores sentimentais, lembranças afetivas e sutilezas intangíveis, que fogem às características da bebida.

Mas não ter defeitos não quer dizer que o vinho é excelente. A excelência contempla valores que vão muito além dos parâmetros métricos da perfeição técnica, e que, na maioria das vezes, não são mensuráveis.

Para os conhecedores, a excelência tem estreita relação com a complexidade, que é a capacidade que alguns vinhos têm de provocar e de descontruir conceitos sensoriais pré-fixados, apontando inúmeras sutilezas organolépticas reinventando-se na taça, o que para um consumidor comum geraria desinteresse dada a dificuldade do alcance.

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