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Opinião

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Papo Café

Papo Café

Arthur Coelho

chef-coelho@hotmail.com

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A pandemia transformou o mercado e acelerou mudanças drásticas nas vidas de todos os mortais. Quando paramos para perceber tais mudanças, essas adaptações e novas rotas criadas pela ausência da possibilidade de trabalhos presenciais e, consequentemente, o fechamento de muitas empresas físicas, surgiram as saídas para a crise de cada um: de aulas online, pacotes enviados às casas das pessoas, vídeos improvisados, que viraram “hits” de internautas e todos os que lidam com internet de forma usual. Realmente, o jeito de consumir, de viver e de conviver mudou em algum ponto.

Os restaurantes, na impossibilidade de receber clientes, foram alimentados financeiramente, por pouco tempo, vale lembrar, porém de forma positiva, receberam algum fôlego inicial pelos serviços de entrega (delivery) e conseguiram concretamente pagar alguns dos boletos que tiravam o sono dos empreendedores do segmento da gastronomia.

Logo em seguida, o mercado se ajustou, e o serviço de entrega se normalizou. Profissionais de outras áreas, que perderam seus empregos, passaram a investir em cursos online,

principalmente na área da gastronomia, de “bolinhos caseiros” a “cake designers”. A internet trouxe uma enxurrada de “professores”, “formadores de chefes de cozinha” em 36 meses e tantos outros. Nesse movimento, uns deram muito certo e o nicho de novos empreendedores da gastronomia começaram a sair do sufoco e trazer alguma renda para dentro de sua casa. Talentos surgiram, dando um alento àquele que Vertentes gastronômicas se achava perdido e sem nenhuma perspectiva de retorno ao mercado de trabalho. e o mercado de trabalho Atualmente, conseguimos comprar produtos de excelentes qualidades, com acabamentos esmerados, buscando perfeição e se mantendo no mercado, tendo em vista uma concorrência acirrada. Os clientes, por sua vez, passaram a ter experiências imediatas, tanto pela compra, quanto pelo recebimento do produto ou do serviço prestado. Uma profusão de novos produtos e serviços foram colocados em uma vitrine online, que é alimentada por milhões de trabalhadores. O mercado gastronômico recebeu uma “injeção reanimadora”, trazendo esperança aos novos e antigos profissionais. É com alegria imensa que reflito sobre isso e ao perceber o sorriso nos rostos vincados de milhares de trabalhadores brasileiros que, com seu esforço diário, lutam incansavelmente pela sobrevivência de seus negócios e pela manutenção de suas vidas. E, especialmente, pela concretização de seus sonhos! Sucessos à vista, diriam os “marujos” experientes. Afinal, descobriu-se um novo mundo, uma nova terra e um novo horizonte, cheio de sacrifícios e não menos cheio de esperanças e conquistas. Avante e ao alto! Somos mais fortes do que as tormentas!

Restaurante tem bom movimento no horário do almoço Tuna Tataki

Hachi Rooftop

faz sucesso com almoço executivo em Mossoró

O Hachi Rooftop abriu há menos de um ano em Mossoró e, de cara, conquistou o público local carente de uma cozinha fusion na cidade. Para além do cardápio geral do restaurante, foi criado um menu executivo para o horário do almoço (das 11h às 15h), o que também tem dado muito certo.

São dois formatos de menu. O primeiro, composto de dois pratos, sendo entrada ou sobremesa, mais prato principal, no valor de R$ 49,90. E o segundo, com três pratos, sendo entrada, prato principal e sobremesa, por R$ 61,90. Se o cliente optar por pratos com sushi, o preço do primeiro menu fica R$ 59,90, e o segundo, R$ 71,90.

“Criamos o menu executivo há quatro meses, quando começamos a abrir o restaurante na hora do almoço. E a aceitação tem sido muito boa”, comenta o maître Matheus Mindelo, destacando que geralmente o público que aparece vem para confraternizar, fazer uma reunião de amigos, comemorar aniversário, ou só fazer um almoço especial no intervalo do trabalho. “Nos fins de semana, é comum os clientes virem para almoçar e estenderem pela tarde, bebendo alguns dos nossos drinques e conhecendo o cardápio geral da casa”.

A responsável pelos pratos quentes do Hachi é a chef Juliana Fernandes. Ela conta que o

O Polpetone recheado com mussarela acompanha uma massa

cardápio do almoço é mudado a cada dois meses. São sempre três opções de entrada, sete de prato principal e duas sobremesas. Tudo dentro da proposta do restaurante, que é mesclar o contemporâneo com a cozinha oriental.

“A salada é uma das entradas que mais sai. É leve e refrescante. Dos principais, o Polpetone recheado com mussarela é o que mais tem feito sucesso. Temos também pratos com peixe, frango e cordeiro. Sempre oferecemos opções com massa e risoto. Inclusive, temos uma opção vegetariana, que é o Risoto caprese, que não leva proteína animal além do queijo”, explica Juliana.

Ela lembra que qualquer prato do cardápio geral da casa também pode ser pedido na hora do almoço. O Fettuccine com camarões e shiitake é o queridinho da vez, assim como o Socarrat do mar. “O giro do cardápio é grande. A gente percebe que muitos clientes retornam para experimentar outros pratos”, comenta a chef.

Outra novidade é nas quintas-feiras, quando a casa promove a Quinta da Ostra, com preço promocional nas ostras frescas e gratinadas, e com apresentação ao vivo de jazz, a partir das 18h.

O Hachi Rooftop está localizado no terraço gourmet do Oitava Rosado Mall, no bairro de Nova Betânia. Conta com uma estrutura que privilegia a paisagem de Mossoró, inclusive conta com um lounge com uma vista única da cidade. São 120 lugares, com salão, lounge e serviço de balcão.

O horário de funcionamento é de quarta à domingo, das 11h às 15h. E reabertura às 18h, na quarta, quinta e domingo, e às 17h, na sexta e sábado, quando acontece o happy hour. E fecha só depois do último cliente.

Hachi Rooftop Oitava Rosado Mall Av. João da Escóssia Nova Betânia - Mossoró/RN Fone: (84) 99999-6688 @hachirooftop

Observatório do Café

cresce como escola, torrefador e cafeteria

FOTOS: ROGÉRIO VITAL

Macauense, Valdick Oliveira lembra bem dos tempos de criança quando passava as férias na casa da avó, em Nova Cruz. Nesse tempo, assistia no quintal à matriarca torrar o café cru, que trazia da feira. Naquela época, ele ainda não gostava da bebida. Técnico em Elétrica e Automação Industrial, funcionário da Petrobras desde 1985, Valdick só foi se interessar por café aos 40 anos, morando em Macaé (RJ). Dos encontros com amigos nas cafeterias, pegou gosto pela bebida e passou a estudar toda a cadeia produtiva. Conclusão: formou-se barista e mestre de torras. Hoje, aposentado, voltou a Natal e desenvolve um projeto de vida novo, o Observatório do Café.

A empresa existe desde 2020. Iniciou oferecendo cursos técnicos e consultoria. Na pandemia, começou a torrar cafés especiais para alguns estabelecimentos locais. Há um mês abriu a própria cafeteria, comandada por Elayne, sua esposa, que além de barista é formada em Nutrição. “O Observatório do Café, hoje, atua em três frentes: é uma escola, espaço de torrefação e cafeteria”, define Valdick. A empresa está localizada na Avenida Antônio Basílio, nº 2099, em Lagoa Nova.

A cafeteria trabalha com grãos de 20 produtores diferentes, vindos das regiões brasileiras mais respeitadas no segmento de

Croissant caprese com creme de ricota, pesto, tomate e rúcula

Valdick e a esposa Elayne comandam a cafeteria, que trabalha com 10 métodos de preparo de café

cafés especiais, como o Cerrado Mineiro, Mata de Minas, Chapada Diamantina e Caparaó. Mas produtos de novas áreas que têm se destacado recentemente, como Pernambuco, também estão no catálogo. Valdick faz uma curadoria bem próxima dos produtores. Ele está sempre fazendo provas, visitando as fazendas, conhecendo plantações e a estrutura.

São 10 métodos de preparo. Alguns, como o origami e o april brewer, o cliente só encontrará em Natal no Observatório do Café. Há ainda espresso simples e duplo, capuccinos italiano e caramel, mocha, macchiato e capputella, além das opções de café gelado.

O cardápio oferece croissants (fabricação da Casa Nacre), do tipo tradicional ou com recheio. Destaque para o brie (queijo brie, parma e mel), americano (bacon, queijo e ovo), caprese (creme de ricota, pesto, tomate e rúcula) e o tentação (chocolate e morangos). Também fazem sucesso as quiches, como as de cebola com gorgonzola e a de carne de sol na nata. Há ainda opções veganas de empadas e pastéis de forno. De doces: diversos tipos de bolo, torta, brownie e cookies.

Na parte de cursos, o Observatório do Café tem turmas para baristas, filtrados domésticos, além dos workshops especiais, como os de latte art e de drinks, com professores convidados de outros estados. Já na parte de torrefação, são torrados em média 300 quilos por mês.

O Observatório do Café é consultor e fornece o produto para sete cafeterias em Natal, uma em Santa Cruz, e outra em Nova Cruz. Porém em breve seus cafés também chegarão em Parnamirim e São Gonçalo do Amarante. Os clientes também podem levar alguns produtos para consumir em casa, como o Café do Triunfo, de fazenda pernambucana, cujo sabor tem notas de frutas vermelhas e fragrância de caju. Ou o Maria Luiza Lacerda, do Espírito Santo, com notas de limão siciliano, chocolate, mel e rapadura.

O funcionamento do Observatório do Café é de terça a sábado, das 14h30 até às 19h. E aos domingos, de 15h até às 19h.

Observatório do Café Av. Antônio Basílio, 2099 Lagoa Nova - Natal/RN Fone: (84) 99625-0203 @observatoriodocafe

Diversos tipos de bolo, torta, brownie e cookies estão no cardápio

Valdick trabalha com grãos de café de 20 produtores diferentes

Crônica

Carlos Alberto Josuá Costa

Engenheiro Civil e escritor

Eu abro a porta para você

Um domingo ensolarado. Abri a porta do restaurante 'Peixada do Cumpadre'. Um casal, na mesa ao canto, desfrutava das iguarias do variado cardápio de peixes e camarões.

Sentei-me numa das mesas permitindo-me observar o piano, que guardava um silêncio, como que esperando por uma plateia que “justificasse” o toque nas teclas ferindo as cordas em notas sonoras.

O cidadão que estava na mesa levantou-se e disse em forma de lamento: “o pianista ainda não tocou nada. Ele só toca para as elites”.

Certamente que ele estava brincando. E isso atestei quando lhe dirigi uma pergunta: o senhor teve oportunidade de desfrutar de suas melodias quando ele tocava no Bella Napoli do Tirol, alí na Hermes da Fonseca?

Estava me referindo ao maravilhoso pianista Manoel Xavier, hoje com 78 anos. Começou a tocar quando tinha trinta anos e, no Bella Napoli (Tirol), foram 32 anos de dedicação. Ele embalava as tantas e diversas conversas dos boêmios que varavam a madrugada.

Sua música, suave e romanticamente clássica, atuava como um bálsamo para aqueles que vinham de embalos e programas mais “movimentados”.

O Bella Napoli reunia em suas mesas o bom senso das conversas que, possivelmente, foram temas das horas antecedentes. Um comentário sobre o filme assistido, a opinião sobre um fato político, o parecer sobre o livro da moda, a aventura amorosa exitosa ou frustrante e, até mesmo, amenidades como prólogo para embalar a insônia que antecipa o novo dia.

Olá mestre Manoel!? Lembra de mim lá do Bella Napoli? Sua resposta foi simples e motivadora: “lembro sim"!

Neste instante, girou o assento do banquinho e, expondo as teclas, um pouco amareladas pelo

tempo, dedilhou uma de suas A postura do pianista belas interpretações. Enquanto tocava, o mestre não era nada Manoel dava uma olhadinha para o comum: de costas salão do restaurante, testemunhando que apenas eu e o para o piano casal ali estavam. No entanto éramos seus admiradores e saudosos frequentadores das madrugadas do Bella Napoli (Tirol). A naturalidade individual e a liberdade musical do nobre Manoel Xavier, conferem, a ele, o dom dos grandes pianistas. Ao final, o aplaudimos! E como um sabedor do quanto nos fez felizes, sorriu. Levantei-me e, com as mãos ocupadas com as embalagens, mais uma vez, o mestre pianista Manoel acompanhou-me até a porta do restaurante e disse-me: “Eu abro a porta para você”. Agradeci e, imediatamente, interliguei-me com Deus agradecendo por aquele momento mágico de um domingo nada programado para um encontro divino. Quantos não deveriam abrir a porta para ele e demais talentos esquecidos nas noites e nas madrugadas da vida?! Aos mestres pianistas das anteauroras, o meu respeito. Ao mestre pianista Manoel, minha gratidão.

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