Saberes do Vinho Gilvan Passos
Vinho bom x vinho ruim Instagran: gilvandelospassos
Vinhos Bons e Vinhos Ruins não existem factivelmente. Trata-se de conceitos subjetivos na cabeça do consumidor comum. O que existe de fato são vinhos COM DEFEITOS e vinhos SEM DEFEITOS (que podem beirar à perfeição). E entre um e outro extremo, uma miríade de níveis. É como se tivéssemos uma escala com duas cores opostas, em que, numa extremidade houvesse o branco absoluto; na outra o mais absoluto negro. E entre ambas uma infinidade de tons, de cinza. Em um determinado nível dessa escala, haverá um tom ou alguns tons de cinzas com o qual o consumidor se identifica. E esse passa a ser o seu gosto, e é exatamente isso que se costuma denominar de QUALIDADE, uma confusão porque GOSTO nada tem relação com QUALIDADE, porém com AGRADABILIDADE, visto que nós costumamos gostar do que conhecemos e compreendemos. É por essa razão que os consumidores são mais afeitos aos vinhos FRUTADOS NOS AROMAS e POLIDOS NO SABOR, isto é, vinhos mais comuns e menos específicos, “coringas” com pouca ou nula personalidade.
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Deguste l junho l 2021 novembro l 2020
Sem querer entrar no mérito do que leva ao defeito e ao perfeito, tanto um quanto outro, em sua grande maioria, passam despercebidos pelo consumidor comum. Mas a partir de um certo nível, tanto um quanto outro ganham notoriedade. E também a confiança e a preferência do consumidor, ou a sua reprovação por não identificação. O gosto pessoal também pode estar vinculado a valores sentimentais, lembranças afetivas e sutilezas intangíveis, que fogem às características da bebida. Entretanto, não ter defeitos não quer dizer que o vinho é excelente. A excelência contempla valores, que vão muito além dos parâmetros métricos da perfeição técnica, e que, geralmente, não são mensuráveis. Para os conhecedores, a excelência tem estreita relação com a complexidade, que é a capacidade que alguns vinhos apontam de provocar e de descontruir conceitos sensoriais pré-fixados, com inúmeras sutilezas organolépticas se reinventando na taça, o que, para um consumidor comum, geraria desinteresse dada a dificuldade do alcance.
