EDITORIAL POR TIAGO KRUSSE
A memória leva-me, de vez em quando, até à cozinha de uma Tia minha. Era um espaço pequeno com uma janela de correr para o jardim. Nesse recanto cheio de luz e arrumado encontrava-se, atrás da porta, o frigorífico. E que peça de design industrial aquela! Um rectângulo grande e bojudo, com um puxador de molas à altura certa. Abrir e fechá-lo tinha os seus inúmeros encantos, ora pela aventura de retirar uma gulodice às escondidas ou pelo desejo súbito de saciar a sede com uma água bem gelada. E abri-lo era uma sensação única, aquele puxador exigia de uma criança a força e ao mesmo tempo dava-lhe uma sensação de maturidade. A sensação de já sermos crescidos advinha do facto de termos conquistado essa liberdade para “assaltar” o aparelho mas creio que essa ilusão era ainda mais reforçada pelo som daquela porta a fechar-se. Soava ao trancar de uma porta de um automóvel. Para além dos dotes culinários familiares e da vivência divertida naquela cozinha, o frigorífico foi uma presença regular ao longo de três gerações. Com perto de 50 de anos de uso constante, o frigorífico atingiu o limite de vida útil. À primeira vista parecia que o fim dele tinha sido ditado pela ferrugem mas não, foi antes do facto do revendedor ter alegado que já não existiam peças para substituição e que o arranjo ficaria mais dispendioso do que a compra de um novo. O enfezado substituto daquela robusta e fascinante peça de design industrial não duraria mais de uma década. Nos dias que correm, produtores, revendedores e consumidores não esperam nem vendem a ilusão de que um qualquer produto possa durar metade de um século. Peritos na matéria dizem-nos que o tempo de vida útil de um edifício é de 50 anos, para um automóvel de gama média aconselham a trocar a viatura ao final de 4 anos e, por exemplo, para alguns telemóveis os anos de garantia são como um certificado de avaria irreversível. Sabemos também que há produtos que duram muito mais do que um século mas esses, na sua maioria, são objectos que várias gerações preservaram com o intuito de os deixar aos que ainda estão para vir. Não estaremos todos a sustentar uma sociedade de desperdício e por conseguinte uma política de destruição do meio ambiente? tiago_krusse@netcabo.pt | 002 |
SUMÁRIO
OPINIÃO RODRIGO COSTA AMIGA DO AMBIENTE MENOS MAS MELHOR MOBILIÁRIO ENTREVISTA A SOFIA ZAMBUJO FOOD DESIGN POR JOSÉ AVILLEZ ROCA LONDON GALLERY COMPLEXO EDUCACIONAL EM BRIXTON PALCO OPERATIVO NA BAIXA DE MUNIQUE ENTREVISTA A RUI ALEXANDRE PASTELARIA EM LISBOA CASA EM CAMBESES APARTAMENTO - S ENTREVISTA A NUNO SAMPAIO LEITURAS TEMPORADA#2 OASRS | 004 |
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design MAGAZINE
CRIADA EM 2011 PUBLICAÇÃO BIMESTRAL REGISTO DA ENTIDADE REGULADORA DA COMUNICAÇÃO 126124 FUNDADORES TIAGO KRUSSE JOEL COSTA EDITORA ELEMENTOS À SOLTA - DESENVOVIMENTO DE PRODUTOS MULTIMÉDIA LDA RUA ADRIANO CORREIA OLIVEIRA, 153, 1B - 3880-316 OVAR - PORTUGAL NIPC: 508 654 858 www.elementosasolta.pt DIRECTOR TIAGO KRUSSE tiago_krusse@netcabo.pt PRODUÇÃO GRÁFICA E PRODUÇÃO DIGITAL JOEL COSTA joel@elementosasolta.pt CÁTIA CUNHA catia@elementosasolta.pt COLABORADORES JOSÉ LUÍS DE SALDANHA RODRIGO COSTA FOTOGRAFIA RUI GONÇALVES MORENO COMUNICAÇÃO E MARKETING NEWS ABILITY COMUNICAÇÃO ANA TEIXEIRA ALVES aalves@newsability.pt
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ESTA REVISTA NÃO ESTÁ REDIGIDA NOS TERMOS DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO.
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INSCRIÇÕES ABERTAS Reciprocity é o nome da nova Bienal Internacional de Design em Liège, na Bélgica, uma iniciativa desenvolvida pela província local e o Office Métiers d’Art de Liège, que decorrerá entre 5 e 26 de Outubro de 2012. Para esta 6ª edição foi designado para direcção geral do evento a Wallonie Design estando a direcção artística a cargo de Giovanna Massoni. O deputado para a cultura e presidente do Office Métiers d’Art de Liège, Paul-Emille Mottard, frisou a importância da bienal ao salientar que deve ser entendida como um agente para a inovação e para a coesão social e cívica das populações, sendo esse o principal objectivo da Reciprocity. O conceito da bienal resulta da promoção de uma complementaridade entre as noções de reciprocidade e de cidade. Por intermédio deste conceito, os organizadores e promotores do evento pretendem difundir e valorizar alguns valores de ética que definem o design: troca, respeito e generosidade. Ao sublinhar o elo existente entre design e sociedade, fica expressa uma acção clara que pretende encorajar a partilha, a difusão de conhecimento e criar processos sociais de evolução colectiva. Para este propósito vão ser promovidas oportunidades de colaboração e o meio propício para o encontro de públicos, designers, empresários e instituições por intermédio de exposições, conferências e reuniões.
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A DESIGN MAGAZINE tem a honra de anunciar que foi convidada para parceiro de comunicação de Reciprocity, um evento que pretende ser um laboratório e uma oficina das melhores práticas, juntado para o efeito profissionais de todos os cantos do mundo de forma a gerar um grande debate sobre o papel que o design tem no quotidiano das pessoas. A participação na Reciprocity está aberta para inscrições. www.designliege.be
http://www.ovattificiofortunato.it
A Messe Frankfurt organiza mais uma edição da Light+Building, que decorrerá entre os dias 15 e 20 de Abril, naquela cidade alemã. A feira sobre arquitectura e tecnologia torna-se um palco privilegiado para ficarmos a par das inovações no campo dos produtos com eficiência energética, iluminação e gestão inteligente de edifícios. Os números apontados pela Messe Frankfurt confirmam a presença de cerca de 2 mil fabricantes internacionais que exibirão os seus produtos numa área de exposição de 240 mil m2. Tomando em consideração as principais directivas europeias em termos de eco-design e de políticas para a redução do consumo energético, um dos produtos beneficiados e com destaque certo na Light+Building são aqueles que utilizam a tecnologia assente no diodo emissor de luz, mais conhecido pela sigla estrangeira LED. Apesar de um registo continuado na evolução tecnológica de produtos de ilumi| 010 |
nação concebidos com LED, as leis do mercado e as novas exigências ao nível do consumo solicitam um maior fluxo na apresentação de inovações bem como melhorias no tempo dispendido durante o processo de fabrico. Já num novo patamar de evolução estão os diodos emissores de luz orgânicos, designados OLED, e que para além de uma ainda maior eficiência energética – melhorias de performance ao nível da tecnologia semicondutora – têm também a particularidade de permitir uma produção com uma mais vasta variedade de formas. Neste novo segmento de produto destacam-se desde já a criatividade de designers como Ingo Maurer, Dietmar Fissl ou o estúdio de design Jason Bruges. A eficiência energética, produtos na vanguarda da tecnologia e um design revelador de novas utilidades são parte dos temas centrais da Ligh+Building, que também patrocina e divulga o concurso Design Plus. www.light-building.com
OPINIÃO POR RODRIGO COSTA
FIDELIDADE E TRAIÇÃO
… É possível ser-se infiel e não trair?... … Pode ser-se infiel no amor… sendo fiel ao amor. Porém, a palavra amor entendo-a como designação de sentimento mais profundo. Substituo-a por paixão, por ser o sentimento que não vai tanto ao osso; por viver mais do aspecto das coisas … é mais volátil; fica sempre mais perto de cansar as papilas gustativas, de acordo com a volúpia do Instinto — será ele o Diabo de que se fala, o anjo desavindo e expulso do Paraíso?… O que sei é que a Vida sempre nos aborrece, quando quer que mudemos alguma coisa: mudando de posição, de actividade e ou de objecto!... E sei que nos ilude para que cumpramos os seus planos — sem nos mentir, nem chegaríamos a nascer, porque, quando a verdade começa a ficar nua e acessível, a tendência para o suicídio aparece mais cedo… Sabe-se disso… E é seguro que a Humanidade — e não só — não teria chegado tão longe, se o regime em vigor, desde o início, fosse o da monogamia. Os úteros, depois de preenchidos, tornam-se indisponíveis para qualquer abertura; e cada relação sexual que aconteça é, pura e simplesmente, desperdício de matéria, contrariando os fundamentos que regulam o movimento do próprio Universo… — Mas… e a questão afectiva?... — perguntarão. Na verdade, a sobrevivência das espécies alimenta-se de questões práticas, objectivas. Só com pragmatismo se pode resistir aos predadores e às intempéries; sendo esta a matriz que os tempos não alteram, apesar de os nossos cálculos majoritados nos permitirem a invenção das fórmulas, das poses e da tecnologia. E se é verdade que, entre nós e os outros, há nuances que nos distinguem, por mais que nos esforcemos, não conseguiremos desmontar as traves-comuns que nos suportam, por serem o fio-condutor que liga todos os seres subordinados aos princípios da Vida. Seremos, quando muito, entes que, mergulhados em tecnologia, avançam para a vanguarda, essa linha concreta e abstracta onde o Instinto mora; porque, de cada vez que partimos para um invento, fazemo-lo para satisfação do que nos anima… e do que, lá na frente, bem na frente, nos | 012 |
espera e nos reformula. Como pode, então, um animal, dito racional, obstar às tropelias instintivas?... Conscientemente, não pode, porque a Razão é, tão-só, a tolerância do Instinto; até que ele entenda não haver mais espaço à divagação — razão por que a democracia não vinga, não podendo ir além da falácia. Podemos, quando muito, ter a sorte de nos cruzarmos, de nos apaixonarmos e sermos correspondidos pelo par perfeito; aquele com quem existimos para além do corpo; com quem fundimos a alma; com quem podemos ver misturados os sonhos, os anseios; para quem podemos, à-vontade, escolher um livro ou um filme, correndo, até, o risco de já os ter visto e/ou encomendado para no-los oferecer. No entanto, comparado com isto, a hipótese do Euromilhões… é uma brincadeira! Mas esse par existe; andará ou andou por aí. E é cínico sabermos que anda ou andou por aí como agulha às voltas numa meda enorme… onde as probabilidades de o encontrarmos são ínfimas. No entanto, como a esperança é a ilusão, a ideia de que a vida vale a pena — estimulados pela juventude, acolhemos a ideia de que tudo dará certo, e de que encontraremos a metade que nos espera —, nós não queremos mais do que ter fé e vida. Afinal, nem necessitamos de ser felizes… basta-nos a sensação de sermos. E pergunto-me, então, por que é que ninguém nasce já maduro, sábio, apesar de a Humanidade ser tão velha?... Porque todas as espécies têm, nas suas crias, o elixir da ilusão, da juventude e da eternidade… Talvez a Humanidade, os seus machos alfa — os homens e as mulheres que, desde os primórdios, em obediência ao Instinto, têm detido o poder e gerido os nossos destinos —, mais não tenham feito do que construir um labirinto, ou, na melhor das hipóteses, um jardim zoológico sem tamanho, de tão monstruoso, onde as angústias desabrocham e medram, nutridas pela liberdade do Sol e da chuva; onde não há espaço para evitar desconfianças e quezílias; onde os traumas e as frustrações inquietam; de que se ri um deus qualquer que, honestamente, não sei definir.
Nota: falavas-me de esperança, quando, de repente, surge o anúncio da exposição do Batarda. Trazes-me alguns flashes de paredes que poderiam, de facto, ser de uma galeria ou de um museu, e dizes-me que sim, que o espaço é Serralves… Honestamente, pensei ter entrado numa loja de brick a brack, com um cicerone movido a xanax; e que, para bem de alguma humanidade, preferiu não ser médico… A vida é um fartote de infidelidades!...
Odiamos as rotinas, o tédio, mas sentimo-nos desconfortáveis, quando no meio das labaredas, das línguas de fogo que nos intranquilizam. Nós queremos relações serenas, e damo-nos, de repente, à procura dos ímpetos da paixão. Nós procuramos as relações eternas… e… passada a lua-de-mel, as coisas tornam-se insípidas, porque o físico é a preponderância, o objectivo do ardor, o manjar que, de tão repetido, cansa… e sem que nenhum homem ou mulher sejam culpados… Poderia, se desprevenido, dizer que a juventude é beneficiada e é traída: beneficiada pelos excessos involuntários, pela disponibilidade a qualquer hora, pelo ardor que impede a visão periférica e a análise dos conteúdos e das mais importantes afinidades. Traída, porque apenas depois de horas e horas em presença — na partilha dos espaços comuns —, lhe é dado perceber que o tempo entre dois encontros não é uma pausa, mas um tempo que espera ser preenchido por algo que vá para além do sexo… Só os que tiveram ou têm a sorte da coincidência podem ficar sem pressa, porque há, sempre, alguma coisa para se dizer… e, se não houver, todo o silêncio é parte e melodia da mesma música. Porém, o mundo está cheio de orgasmos fingidos, de bocas femininas que não gelam, porque o êxtase não acontece. Os vários interesses impõem-se à pureza de todos os prazeres e transformam as sociedades em campos de guerra, de onde provêm, de onde são reflectidos muitos dos desvios e dos desejos de acumulação que geram os desequilíbrios e as vontades de fuga… No entanto, o Instinto, ele próprio, limitar-se-á a obedecer e a instigar, fazendo da necessidade um vício; prometendo-nos o máximo de prazer e atraindo-nos para tudo quanto a Vida exige que façamos… Não lhe cabendo a escolha dos amores-perfeitos, cumpre-lhe iludir com a carne, com os cheiros e com os sons, diluindo-os em promessas de eternidade e de incerteza… O Instinto é invencível, e a infidelidade… inevitável. A menos que… www.rodrigo-costa.net | 013 |
AMIGA DO AMBIENTE TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: CORTESIA DA FENABEL
A empresa Fenabel, especializada na produção de cadeiras em madeira, lançou-se numa parceria com a Dyn Cork, empresa pertencente à Corticeira Amorim e vocacionada para desenvolver produtos em cortiça inovadores. O resultado da parceria entre estas duas empresas é a apresentação da linha Eco Hotel Collection que foi pensada para dar uma resposta ao mercado da hotelaria e da restauração, que se enquadrem no sector de actividades com o carimbo da designação ecológica. A linha de cadeiras é produzida com madeira de nogueira francesa e revestimento com tecido em cortiça natural reciclada. As preocupações ambientais na produção desta cadeira foram desde logo iniciadas de raiz, destacando-se não só um processo de acabamento de hidrocera, sem químicos, como também um enfoque sobre formas de evitar o desperdício que se evidencia na optimização do corte e no aproveitamento da nogueira. Este pormenor relacionado com o trabalho com a madeira é visível no perfil da cadeira, que revela o veio da nogueira. O tecido em cortiça natural reciclada apresenta inúmeras vantagens que estão relacionadas com a flexibilidade, durabilidade e resistência ao uso e à lavagem. Boas qualidades quando se direcciona o produto para o mercado da hotelaria e da restauração. Para além do desenvolvimento de têxteis inovadores em cortiça, a Dyn Cork tem como alicerce fundamental da sua | 014 |
estratégia empresarial a introdução de novas técnicas de impressão e outras tecnologias, nomeadamente processos de laminagem e colagem de produtos complementares à cortiça, que permitem alargar as possibilidades do uso da matéria-prima. Outra vantagem adicional, resultante da parceria entre a Fenabel e a Dyn Cork, é a capacidade de produzir séries exclusivas com uma ampla variedade de padrões e cores. Após a apresentação ao mercado nacional, a Eco Hotel Collection será apresentada no estrangeiro no decorrer da feira Maison & Objet, em Paris. A inovação do produto está pois evidente na concepção das cadeiras, oferecendo novas soluções com forte apelo estético e, acima de tudo, dando um forte contributo para a defesa do meio ambiente. www.fenabel.com
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MENOS MAS MELHOR
“TÉO”, COLHER DE CHÁ, DESIGN DE KARIN SANTORSO (STUDIO LUCY D.) PARA A ALESSI – FOTOGRAFIA DE CASINOVI RUFFINI
A colecção Outono/Inverno 2011 da Alessi inclui um menor número de produtos que é normal apresentar para cada estação. A questão a que o título deste artigo se refere foi formulada por Alberto Alessi e surge não como uma referência para as qualidades do design mas antes sobre os problemas da quantidade. O responsável pela marca italiana interroga-se se não será talvez excessivo os produtores continuarem a apresentar aos consumidores uma abundância de produtos e, por conseguinte, correndo-se o risco de se perder da mente o valor de cada peça. No que à Alessi diz respeito, todos os anos a marca analisa uma imensidão de propostas que depois são reduzidas a uma lista de 200 artigos. Desde a apresentação e escolha destes últimos projectos, há sempre um processo de desenvolvimento dos produtos que pode durar entre 12 a 24 meses, consoante o grau de exigência de cada um. Um terço dos produtos que constam dessa lista reduzida, acabam por ser preteridos sendo os factores considerados para eliminação as dificuldades com aspectos de engenharia, os custos elevados de produção ou porque, numa última análise, eles não conseguem atingir os mais altos padrões daquilo que era a sua promessa em qualidade estética. Os produtos que passam no exame vão sendo lentamente introduzidos nas novas colecções Não só por causa da crise mas também pelo ganho de uma certa consciência de que o “desperdício não pode mais ser tolerado”, Alberto Alessi assegura que a sua equipa irá tornar mais apertada e com um menor número de produtos presentes em cada colecção.
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“DIVA”, JARRO DE ÁGUA, DESIGN DE EERO AARNIO PARA ADIALESSI – FOTOGRAFIA DE ELENA DATRINO
A excelência, durabilidade e vida útil dos produtos voltam a merecer uma ponderação por parte dos principais produtores europeus, que se vêem confrontados com a agressividade industrial de países emergentes, muitos dos quais a apresentarem formas amorais de competir no mercado global.
EM CIMA, “SPIROGIRA”, CENTRO DE MESA, DESIGN DE PATRICIA URQUIOLA PARA A ALESSI; À DIREITA, “NICE”, TAÇA, DESIGN DE SIR TERENCE CONRAN PARA OFFICINA ALESSI
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MOBILIÁRIO TUFTY-TOO
A arquitecta e designer Patricia Urquiola criou para a B&B Italia o Tufty-Too. Trata-se de um novo modelo que vem reforçar uma série de sofás em que a marca italiana tem apostado nestes últimos anos. As dimensões generosas vão ao encontro de posturas mais descontraídas e o seu desenho deixa a entender uma resposta a um uso refastelado do sofá, isto é, uma vivência mais irrequieta e inesperada. As capas foram produzidas tendo em conta um programa de harmonização de tonalidades ou pela execução de costuras contrastantes que se tornam em apontamentos decorativos. A nova gama de têxteis permite criar mais alternativas em termos de texturas e de cor. | 018 |
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GENTRY
Patricia Urquiola faz uma abordagem diferente no modelo Gentry para a Moroso. Um regresso ao design industrial não invalida que possa existir uma capacidade de criar uma qualidade estética distinta mas assente numa técnica produtiva mais uniformizada. É um produto destinado para o mercado retalhista. A simplicidade do desenho dá-nos a percepção de uma forma rígida mas que não deixa de revelar o detalhe de um ligeiro arqueamento, que assegura o equilíbrio estrutural da peça e, mais importante do que isso, permite o preenchimento correcto da mesma. os almofadões largos para lá do conforto reforçam o estilo discreto do modelo, permitindo adequá-lo com facilidade a qualquer ambiente de interior. A estrutura em aço está envolvida por espuma de poliuretano moldada e as almofadas são cheias com penas de gansos. O modelo apresenta-se numa versão de almofadado em pele, em tecido costurado ou em tecido cozido. | 020 |
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LAYER
O sofá Layer é uma das peças criadas pelo designer Marco Sousa Santos para a colecção Branca-Lisboa, recentemente apresentada. É um modelo que consiste num sistema modular por justaposição de diversas configurações. A estrutura é fabricada em madeira e a forra é feita com tecidos da Kvadrat. Para cada almofada ou layer há uma correspondência de diferentes densidades de espuma e de gradação de cores. | 022 |
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PARCO
Design de Emaf Progetti para a Zanotta. Na sua versão para interior a estrutura apresenta-se em aço pintado a branco, preto ou cromado. A suspensão e feita à base de fitas elásticas. Almofadas cheias com penas de gansos. As capas são produzidas nas versões em tecido e pele, ambas removíveis. Na versão para exterior a estrutura em aço é pintada a branco ou preto. Todas as almofadas são produzidas em polieter, de célula aberta, e fibra vegetal que repele a água. A capa é em tecido Talasso. | 024 |
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SURFACE
O arquitecto Marco Piva criou esta cadeira para MisuraEmme. Foi produzida em spray frio de poliuretano expandido. Em termos de estofos apresenta-se em tecido, pele ecológica ou pele. Uma cadeira de braços cujo perfil evidencia uma preocupação em aconchegar, proporcionando um encosto confortável e uma postura correcta ao nível de tronco e de pernas. | 026 |
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ENTREVISTA SOFIA ZAMBUJO
FOTOGRAFIA DE JOANA SARAMAGO
TEM UMA IDEIA CLARA SOBRE DESIGN DE INTERIORES. DESDE A CONCLUSÃO DE UM MESTRADO EM DESIGN DE AMBIENTES, SOFIA ZAMBUJO TEM VINDO A CONSOLIDAR O SEU PERCURSO PROFISSIONAL SABENDO QUE UM TRABALHO BEM FEITO SERÁ SEMPRE O SEU MELHOR CARTÃO-DE-VISITA. POR TIAGO KRUSSE
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FOTOGRAFIA DE PEDRO TORRES
FOTOGRAFIA DE PEDRO TORRES
Com que idade é que soube que queria seguir design? Desde muito pequena, que utilizava o Lego para criar ambientes e peças de mobiliário. Mais tarde, foi com as revistas de decoração francesas, que os meus pais compravam, que descobri os ambientes pensados e projectados por profissionais, pois esse era um mundo onde não estava inserida. E apesar de não ser exactamente aquilo, que eu ansiava fazer, deixou a sua marca.
falou nela. Explicou-me a diferença de escalas, de pormenor, da forma diferente como se aborda um projecto, e das componentes técnicas específicas que eu poderia aprender nesse curso.
O que a levou a decidir-se por tirar um curso de design de interiores? Inicialmente a minha ideia era seguir o curso de arquitectura. Nem sabia que existia a profissão de designer de interiores! Foi na escola, aos 17 anos, que uma professora me
Já com um mestrado em design de ambientes e com uma visão mais aprofundada sobre a disciplina, que avaliação faz do ensino do design no nosso País? No meu caso, o campo que eu conheço é o do design de interiores. Na época em que tirei a licenciatura, os projectos eram muito idealistas e desenquadrados com a realidade. Quem estudou no IADE, certamente se lembra da Cela prisional. Actualmente, o ensino visa resolver problemas reais, procurando preparar os estudantes para o mercado de traba-
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FOTOGRAFIA DE TÂNIA NEVES
lho, fomentando a participação em concursos, frequência de estágios, etc. Uma das lacunas que ainda se verifica hoje em dia, é a falta de profissionais especializados em design de ambientes a ministrar estes cursos, o que não será muito fácil de perceber. Como avalia a qualidade dos designers portugueses? Portugal é um País com pouco historial em relação ao design, face a outros países europeus, mas nos últimos anos, tem havido uma maior aposta no design nacional, muito devido à necessidade de internacionalização das nossas empresas, o que se tem mostrado uma aposta de sucesso, pois em termos técnicos já éramos bons. Ao nível do design de ambientes, ainda existe algum desco| 030 |
nhecimento sobre a profissão e uma grande confusão entre o design de interiores e a decoração. Não obstante, existe uma nova geração de designers que começa a surgir e a afirmar-se no panorama nacional. Na sua opinião há distinções entre um trabalho de decoração e um trabalho de design de interiores? Sim. O designer de interiores pensa o espaço como um material em bruto. Imagina a remoção de paredes, a inversão de divisões, layouts personalizados às necessidades dos clientes, com uma componente técnica que lhe permite intervir de forma mais profunda e marcante nos espaços. O decorador, intervém de uma forma mais superficial, encarando o espaço já definido, trabalhando a escolha de peças, de cores e de texturas. Em última instância, o designer é mais completo.
O consumidor português mudou a sua atitude perante o conforto que quer usufruir em casa? Sim, claro. Nós somos influenciados como toda a gente. Durante muitos anos, houve pouca preocupação com a construção e os portugueses viveram em casas pouco confortáveis, frias, mal iluminadas e desadequadas das suas necessidades. Agora, procuram cada vez mais a personalização das suas casas bem como um maior conforto. Num projecto de design de interiores, tendo em conta que lida sobretudo com a percepção de qualidade estética por parte de um cliente, quais são as os pontos positivos e negativos desse trabalho? Um profissional nunca se pode esquecer que o projecto é para o cliente. Não podemos catalogar o seu gosto como bom ou mau. Ao fim ao cabo, é o seu gosto. Com a formação que adquirimos, cabe-nos encontrar o equilíbrio para que tudo funcione. O maior desafio é convencer o cliente a abandonar ideias pré concebidas e a arriscar em algo novo. Não deixando também que a moda influencie demasiado, pois sabemos como ela é efémera. Num espaço comercial, é diferente. São as regras do negócio que mandam. Já tive uma cliente, que me pediu que a sua loja, de brinquedos, fizesse as crianças obrigarem os pais a lá entrar. E foi esse o conceito. Que tipo de projectos é que prefere? Eu prefiro aqueles onde me é permitido explorar as minhas capacidades técnicas e criativas, para resolver problemas específicos. Sejam residenciais ou comerciais. Se bem que estes últimos, dada a exposição e a tecnicidade que requerem, são à partida mais estimulantes. Como olha o mercado para o trabalho desenvolvido por um designer de interiores? Com cada vez mais interesse. A divulgação é cada vez maior, existem mais espaços intervencionados e com sucesso, o que leva o mercado a encarar o nosso trabalho como uma mais-valia. Um cliente satisfeito, publicita imenso o nosso trabalho. E penso que este período de crise pode ser positivo para a profissão, pois a concorrência e o orçamento reduzido, levam a que os clientes procurem alguém que os ajude, pois compreendem que é uma forma de rentabilizar os seus recursos. Parece-lhe importante a criação da Ordem dos Designers? Uma ordem profissional é sempre boa, na medida em que protege os seus associados. No entanto, no caso do design, visto que os seus campos têm métodos e realidades de trabalho tão diferentes, não sabemos até que ponto uma ordem conseguiria agregá-los a todos.
FOTOGRAFIA DE SOFIA ZAMBUJO
Para si o que faz banalizar a palavra design? palete de cores, para se ser designer. Infelizmente existem pessoas que tendem a minimizar os anos de estudo que qualquer peça de design ou espaço têm desde a sua génese até à sua execução. Que projectos tem planeados para 2012? Logo nos primeiros meses, tenho a mudança de instalações do meu atelier. Para além disso, pretendo continuar com a parceria com o Arq. Paulo Salvaterra no desenvolvimento dos interiores de moradias, que esperamos poder vir a mostrar aqui na Design Magazine. É minha pretensão continuar a desenvolver o projecto de um edifício multiusos para a Cáritas de Santo Antão em regime pró bono e angariação de fundos para a sua concretização. E continuar a projectar peças de mobiliário. www.sofiazambujo.com
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FOOD DESIGN POR JOSÉ AVILLEZ
CHERNE COM PRESUNTO Ingredientes para 4 pessoas 4 Tranches de cherne de 140 g cada, sem pele nem espinhas 300 g de cogumelos giroles, bem limpos 4 Fatias de presunto de Barrancos 1 Chalota picada 1 Dente de alho, sem gérmen e picado 0,5 dl de azeite virgem extra 80 g de manteiga Sal marinho q.b. Amores-perfeitos q.b. Preparação Aqueça o forno com ventilação a 54ºC. Tempere o cherne com um pouco de sal e um fio de azeite. Coloque 10 g de manteiga por cima de cada tranche de cherne e envolva com uma fatia de presunto. Leve ao forno durante 30 minutos. Salteie os cogumelos com um fio de azeite até largarem bem a água e deixe-os cozinhar um pouco. Retire do lume. Leve de novo ao lume e salteie os cogumelos com o alho, a chalota picada, uma noz de manteiga (40 g) e um fio de azeite. Tempere com sal. Acompanhe o peixe com os cogumelos, finalize com os Amores-perfeitos e sirva de imediato. www.joseavillez.pt | 032 |
FOTOGRAFIA DE NUNO CORREIA
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ONDEADA ARQUITECTURA: ZAHA HADID ARCHITECTS TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: CORTESIA DA ROCA LONDON GALLERY
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Quando dois volumes de hidrogénio combinam com um volume de oxigénio temos à partida aquilo que denominamos por água. Foi sob o tema da água que Zaha Hadid e a sua equipa de arquitectura desenharam a galeria da Roca em Londres, no Reino Unido. O novo espaço da Roca está localizado no porto de Chelsea e tem uma área de 1,100 m2. Nas palavras da arquitecta, o papel principal é desempenhado pela água, elemento que “ age como um transformador em movimento, sem interrupção, através da fachada, escavando o interior e fluindo pela galeria principal como gotas”. A memória descritiva do projecto, sucinta, dá-nos uma boa explicação das ideias que foram postas em prática. A fachada apresenta uma série de entradas que procuram ilustrar o efeito de erosão provocado pela água. O interior é preenchido por gotas de luz que se assumem como a coluna da galeria. As gotas de água ligam as diferentes áreas do espaço, nomeadamente um expositor dos produtos inova| 036 |
dores da Roca, uma sala de reunião, uma zona multimédia entre outras. O interior da galeria incorpora um conjunto de tecnologias ligadas ao audiovisual, som e equipamentos de luz com o propósito de transportar cada visitante a este espaço de vanguarda. O processo de design destaca um espaço fluído, todo ele em branco, que assume o eixo central da galeria. Em torno dele encontram-se pequenos espaços semi-fechados e que nos são dados a descobrir através de aberturas nas paredes. O tema da água para o design do espaço estende-se até à fachada, dando-lhe uma dinâmica e uma aparência que se assemelha a uma série de ondulações que seguem até ao exterior. A fachada cinzenta tem grandes aberturas para a entrada principal e janelas, criando fascínio e intrigando quem quer que passe por aquela zona de Londres. O betão reforçado com fibras de vidro foi o material principal escolhido, quer para a fachada como para o ambiente de interior. A sua aplicação exigiu uma programação bem
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delineada e uma optimização geométrica, efectuada pela subdivisão dos painéis. Foram necessárias juntas a direito, de maneira a superar ao transporte limitado consoante o tamanho e o peso dos painéis, permitindo a posteriori uma segurança no suporte e na manipulação dos mesmos. A ideia de fluidez e o tema da água exigiram da equipa de Zaha Hadid uma pesquisa de ferramentas, engenharias e de tecnologias que permitissem transpor da maneira mais fidedigna a ideia para o construído. O caderno explicativo do processo construtivo da galeria informa que os painéis e os moldes que lhes deram origem foram produzidos em modulação tridimensional, numa sequência que permitiu torná-los compatíveis. No todo são 272 painéis em betão reforçado com fibras de vidro, 236 no interior e 26 na fachada. Foram todos construídos no local da obra. Um dos trabalhos que também se destaca nesta galeria é o pavimento existente nas áreas de exposição dos produtos, um mosaico composto por azulejos cerâmicos. A concepção é da autoria da equipa de Zaha Hadid, cada azulejo com o | 040 |
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seu corte e colocação precisa. O design cria um efeito óptico que se inspirou no movimento das correntes de água. São 1209 azulejos, cada um com um formato único, e com a particularidade de terem sido cortados, a jacto de água, a partir de azulejos rectangulares standard, 60x120 cm, da Roca. A atmosfera interior é reforçada pela presença das tais gotas de luz, que se apresentam em cascada no tecto, incorporando sistemas de iluminação, pelas paredes, tornando-se prateleiras, e pelo chão, dando lugar a mesas e bancos. São peças com um desenho dinâmico, que em cada espaço acentuam singularidade de cada zona da galeria. Estes elementos são compostos em plástico reforçado com fibras de vidro. Uma última nota para o mobiliário presente, também ele produzido em plástico reforçado com fibras de vidro. Da mesa de recepção, côncava, à mesa de conferência até às | 042 |
prateleiras do bar e dos expositores de produto, o mobiliário segue o tema. O ondeado do chão, a dinâmica dos painéis e a forma do mobiliário criam um ornamento que celebra a água. É como se uma calema tivesse passado pelo porto de Chelsea, moldando este espaço público.
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COMPLEXO EDUCACIONAL EM BRIXTON ARQUITECTURA: ZAHA HADID ARCHITECTS TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: HUFTON+CROW
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Lembrando o tema dos Clash, Guns of Brixton, a música e a letra deixaram-nos sempre uma ideia de que se alguma revolta social pudesse acontecer em Londres, que as gentes desse distrito menos favorecido poderiam tornar-se uma massa muito significativa de uma qualquer manifestação. E o facto é que Londres passou bem recentemente por momentos sociais de grande violência e de desordem pública. O planeamento de cidades como Londres também revela os seus problemas, com a degeneração de periferias envergonhadas e com baixa qualidade de vida que contrastam de forma gritante com atmosfera cosmopolita da capital inglesa. O propósito da arquitectura é servir o Homem e é neste aspecto que a Academia Evelyn Grace, em Brixton, surge não só como uma intervenção necessária para a rede escolar mas também como um factor que vem impulsionar a regeneração urbana do distrito. A academia é orientada por uma organização, a ARK, que tem como uma das suas principais missões diminuir o fosso existente entre estudantes oriundos de famílias mais abastadas e outros de famílias desfavorecidas contribuindo para um equilíbrio no acesso ao ensino de excelência. O projecto da autoria da equipa de Zaha Hadid revela essa | 046 |
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capacidade que a boa arquitectura tem em responder de uma forma adequada aos desejos e exigências da sociedade. Foi talvez pelo projecto vincar estas qualidades que Zaha Hadid recebeu o Prémio Stirling. Para além de ser a sua distinção consecutiva do prémio, Zaha Hadid e a sua equipa inscrevem a Academia Evelyn Grace como o primeiro edifício escolar a integrar o historial de nomeações. A academia de desportos não veio só alargar a diversidade do parque escolar nesta zona histórica de Londres, ela também surge com o propósito de aumentar o edificado numa localidade predominantemente residencial. O edifício da academia apresenta-se como uma infra-estrutura aberta, transparente e fulcral no processo de regeneração urbana de Brixton. Com uma área de 10 mil 745m2, a academia localiza-se entre duas artérias residenciais e a sua intenção estética assume um carácter urbano com uma identidade perfeitamente legível no local e para as suas vizinhanças. O projecto de Zaha Hadid evidencia um espaço bem proporcionado e estimulante para os estudantes, indo ao encontro dos métodos progressivos do ensino britânico. | 050 |
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De forma a manter o princípio de escolas dentro de escolas, o design do edifício gera padrões naturais de divisão com espaços funcionais que atribuem a cada uma das quatro escolas ali inseridas uma identidade distinta, bem percebida quer interna ou externamente. Os diferentes espaços são caracterizados por ambientes desafogados com a presença de altos níveis de luz natural, uma boa ventilação e uma discreta durabilidade ao nível das texturas. Os espaços comuns foram desenhados com o propósito de promover a sociabilidade em pontos de encontro criados ao longo da extensão do edifício. De igual modo os espaços exteriores partilhados, com o intuito de gerar palcos de interacção, foram cuidados numa série de plataformas de áreas sociais e de estudo informais, desenhadas em vários níveis, tendo em conta uma flexibilidade na funcionalidade de cada espaço. Todo o programa da Academia Evelyn Grace foi pensado de modo a funcionar como um espaço de eleição que será sempre estimado e apreciado quer pelos alunos como pela comunidade de Brixton. | 054 |
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PALCO OPERATIVO ARQUITECTURA: FOSTER+PARTNERS TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: NIGEL YOUNG
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O Centro de Produção da McLaren é o segundo edifício com design do atelier de Norman Foster que é construído na propriedade rural da marca, localizada na periferia de Londres, no Reino Unido. O complexo com 34mil e 500 m2 foi pensado para a linha de produção de um automóvel de alta performance, da gama de estrada daquela marca. O piso térreo tem 19 mil 675m2 e a cave 13 mil 510m2. Com uma altura de 6.6 metros, 200 metros de comprimento e 100 metros de largura, o edifício é essencialmente estruturado em betão reforçado e aço e ao nível do revestimento destaca-se pela inclusão de tubos de alumínio. O novo edifício posiciona-se a Sudoeste do já existente Centro Tecnológico da McLaren. Os dois edifícios ficam ligados por uma passagem subterrânea – cujas dimensões não foram incluídas na área construída – onde se alinham espaços de exposição interligados entre si. Prosseguindo uma mesma linguagem ao nível dos detalhes e dos materiais, o centro de produção é revestido a tubos de alumínio. As extremidades arredondadas do seu plano rectilíneo fazem
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referência ao centro de tecnologia e à entrada, sugerindo como que por repetição o enorme círculo envidraçado por debaixo da saliência estrutural da sua cobertura. O centro de produção tem um programa que pretende fazer uma aproximação à arquitectura industrial que foi previamente explorada em projectos anteriores, no início da actividade de Norman Foster, como foram os casos para a Reliance Controls e a Renault. A cobertura do centro de produção é suportada por séries de colunas finas, dispostas numa grelha uniformizada e com componentes que se repetem. Os serviços estão integrados com a estrutura em metal pintada. Os processos de manufacturação da McLaren estão mais próximos do espírito de um teatro operacional do que de uma fábrica e o novo edifício, com o seu pavimento em azulejos cerâmicos, foi designado para expor essa tecnologia. O desenho linear dos dois pisos espelha o fluxo da linha de produção: os componentes são entregues; os carros são montados, pintados e testados que depois seguem por um
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tapete rolante até a lavagem antes de saírem do edifício. Sob a linha de produção encontra-se a cave, para o armazenamento, e sobre a mesma um mezanino com vistas para os trabalhos. A expansão do complexo resulta de uma intervenção discreta na paisagem. O centro de produção eleva-se apenas a 7 metros de altura, integrando a ligeira inclinação do local. Esta preocupação em encaixar o edifício sem fazer destoar a paisagem rural fez que ele se tornasse invisível do ponto de vista da estrada mais próxima. Apesar desta constatação, estão previstas mais acções para o tornar ainda mais discreto, quer pela plantação de árvores como pelo desenterrar de materiais que irão ajudar a harmonizá-lo na colina. Em termos paisagísticos serão plantadas 820 novas árvores e destaca-se o facto de terem sido recolocadas cerca de 68 árvores maturas ali existentes, não só pelo facto | 062 |
de se respeitar a idade das mesmas mas também porque essa acção teve em conta a estação de ninhadas de aves. O centro de produção foi pensado tendo em conta a sua sustentabilidade. Da mesma forma que o centro de tecnologia utiliza o lago para efeitos de refrigeração, também o centro de produção dispõe de um telhado com um colector de água das chuvas e implementa um dispositivo de baixo consumo de energia em termos de dispositivos de ventilação. O edifício tem uma taxa de 34% em redução de emissões de dióxido de carbono, design da ADL2A, a secção de pinturas não requer ar condicionado – uma loja normal de pintura automóvel precisa no mínimo de 2.5 mW para funcionar – e os cerca de 180 mil m3 de terra escavada durante a construção foram mantidas no estaleiro e reutilizada no projecto de arquitectura paisagista.
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NA BAIXA DE MUNIQUE ARQUITECTURA: HENNING LARSEN ARCHITECTS TEXTO: TIAGO KRUSSE IMAGENS: CORTESIA DA SIEMENS
O concurso para a construção do edifício sede da Siemens, em Munique, na Alemanha, foi ganho pela Henning Larsen Architects. O projecto, com uma área bruta de construção de 45 mil m2, teve não só em consideração uma abordagem sensível à entidade da marca alemã como também respeitar e integrar-se de forma harmoniosa na memória de um lugar tão específico quanto o da baixa da capital da Baviera. Aspectos ligados às exigências de elevados padrões da qualidade estrutural e expressiva da obra, ao seu enquadramento urbanístico e à preservação da paisagem, foram as principais linhas orientadoras para os projectos submeti-
dos a concurso. A experiência da equipa da Henning Larsen em obras com este cariz, poderá ter contribuído para uma abordagem mais correcta aos requisitos estabelecidos pela Siemens e, consequentemente, pela edilidade de Munique. Todavia, é pela apresentação de um projecto assente numa forte filosofia de sustentabilidade, com uma programação definida para ser um edifício amigo do ambiente e ultra eficiente em termos de consumo energético, que a Henning Larsen conquista a nomeação de um jurado com 22 elementos. A nova sede da Siemens vem trazer uma composição de | 065 |
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praças, pátios e vielas que criarão todo um ambiente mais vivo à baixa de Munique. O edifício é formado por seis volumes rectangulares ligados a uma estrutura vertical central, com ligações a todo o complexo. Esta estrutura vai criar seis diferentes pátios, ligados entre si, e com um diálogo directo com a cidade, gerando um novo espaço urbano para explorar. A zona central, que faz a ligação aos diversos espaços de escritórios, representa os elementos centrais que definiram a organização do edifício: - comunicação, interacção e inovação. Os níveis dos escritórios são ligados por pontes, criando assim um piso contínuo que se estende por todo o complexo. O coração do edifício, o átrio, localiza-se no eixo central sendo acessível por todos os lados. O último piso foi desenhado a pensar na sua boa adequação à organização de eventos públicos como exposições de arte e permite que os seus visitantes possam, ao mesmo tempo, apreciar o horizonte citadino. Os acessos públicos à nova sede da Siemens criam um fluxo contínuo de visitantes, transeuntes e assinalam que a arquitectura de século XXI, para entidades cooperativas, deve ser aberta e convidativa. | 068 |
O projecto representa um marco em termos design sustentável dentro de um contexto urbano. O seu objectivo é estar nuns patamares mais à frente dos padrões existentes em edifícios amigos do ambiente. Ele incorporará toda a inovação e vanguarda tecnológica produzida pela Siemens, assegurando uma eficiência fora de série e optimizando a durabilidade de performance de todos os seus elementos. Destas novas tecnologias destacam-se processos construtivos potenciadores de eficiência energética, sistemas de iluminação – onde se integram os LED, e a integração de energias renováveis, como por exemplo, os sistemas fotovoltaicos. A disposição dos espaços para escritórios, as fachadas ligeiramente inclinadas – que permitem que o edifício receba uma entra ampla de luz natural, e uma selecção criteriosa de materiais sustentáveis, demonstram que um ambiente de trabalho aberto e saudável é uma das principais prioridades para a Siemens. A nova sede da marca alemã terá um espaço de trabalho flexível para cerca de 1200 empregados e a conclusão da obra está programada para o final de 2015.
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ENTREVISTA RUI ALEXANDRE O PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO REGIONAL DO SUL DA ORDEM DOS ARQUITECTOS FALOU-NOS DA CRISE NA ACTIVIDADE E DO SILÊNCIO DO ACTUAL EXECUTIVO PERANTE A GRAVIDADE DO MOMENTO. O ARQUITECTO RUI ALEXANDRE TAMBÉM NOS REVELOU ALGUMAS INICIATIVAS INSTITUCIONAIS QUE PODERÃO CONTRARIAR A CRISE QUE AFECTA TODA UMA CLASSE PROFISSIONAL. A ORDEM CONTINUA A REMAR CONTRA O MARASMO. POR TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIAS GENTILMENTE CEDIDAS PELA ORDEM DOS ARQUITECTOS SECÇÃO REGIONAL DO SUL
Com uma crise generalizada a todos os intervenientes do mercado e não se percebe até ao momento que tipo de políticas de crescimento foram definidas, o que a arquitectura e os arquitectos portugueses podem esperar deste governo? Nós sabemos muito pouco sobre aquilo que o governo quer fazer no que diz respeito, por exemplo, à reabilitação. Sabemos já algum tempo que existem verbas que tem de ser utilizadas mas não sabemos muito mais. Sabemos que há uma proposta de lei sobre a reabilitação, sabemos que existem algumas intenções ligadas à lei do arrendamento e pouco mais do que isso. Desde que foi laureado com o prémio Pritzker, Souto de Moura têm vido a alertar para o estado desesperado em que vive a grande maioria dos arquitectos portugueses. É recente o discurso crítico e agudo do presidente da Ordem dos Arquitectos no que diz respeito às preocupações da classe. Tem existido alguma reacção ou mantém-se o silêncio do governo? Mantém-se o silêncio. O presidente da Ordem dos Arquitectos, João Rodeia, fez alguns contactos com o governo tendo em conta a reabilitação e outros assuntos mas não têm surgido grandes respostas Não há praticamente nenhum desenvolvimento relativo a tudo aquilo que tinha sido
o trabalho que já vinha sendo feito. Todo o trabalho que o João Rodeia fez com o governo anterior, que estava a ser encaminhado, perdeu-se com o novo executivo. E quais são as razões desse desinteresse? Eu penso que há um afastamento e por isso penso que o discurso de João Rodeia vem no sentido de ser uma chamada de atenção. Mas foi mais do que uma chamada de atenção, pois parece-nos que nos últimos anos nunca se assistiu em Portugal a um discurso da ordem desferido com tanta veemência? Sim, porque é já uma posição em desespero de causa. Quando se fala numa inactividade de 40% dos arquitectos em Portugal, o que é que isso significa? A construção nova está parada, há fogos novos que nem sequer estão ocupados e o que se tem vindo a falar é que se vai apostar na reabilitação, porque é de facto onde se poderão encontrar soluções para se fazer alguma coisa para contrariar a conjuntura. A reabilitação permite trabalhar e urge quando temos inúmeros edifícios a necessitar de recuperação.
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“Temos um projecto pensado, envolvendo as autarquias, e que denominámos Serviço Público de Arquitectura”
E como se pode começar? É complexo. Há edifícios que pertencem às câmaras municipais e outros a particulares daí que o assunto tem de ser analisado e aprofundado de outra forma. Talvez por isso exista deste governo uma proposta relativa à lei do arrendamento, para libertar as casas e poder criar algum dinamismo na reabilitação. Temos muitos edifícios fechados, emparedados porque estão à espera de melhores dias. Tendo a Câmara Municipal de Lisboa o arquitecto Manuel Salgado à frente do pelouro do urbanismo e estando consciente que os números são pesados, em 30 anos Lisboa perde 300 mil habitantes e tem um significativo do seu edificado antigo e novo com sinais preocupantes de degradação, como é que a ordem, na sua secção do sul, se relaciona com a edilidade? A secção já fez um contacto com a Câmara Municipal de Lisboa, com o vereador, e temos alguns projectos que pensamos avançar em parceria com a câmara. Um desses projectos está ligado à reabilitação urbana e aos edifícios que são património municipal. | 072 |
E que estratégia é que foi delineada? O que foi combinado é que a Ordem dos Arquitectos, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, lançaria concursos para estes edifícios, que são muitos. A ideia é dotar qualquer um destes edifícios, antes de ser vendido, com um projecto saído do concurso entretanto lançado. A câmara vende então o edifício com a proposta vencedora e um projecto aprovado. E isto poder ser uma vantagem do edifício para a reabilitação. E que outras iniciativas se podem esperar para o presente ano? Temos um projecto pensado, envolvendo as autarquias, e que denominámos Serviço Público de Arquitectura. As autarquias tem uma série de edifícios e de situações de reabilitação a baixo custo isto é, pessoas que não têm capacidade financeira para contratar um arquitecto. As edilidades poderiam pontualmente reservar uma verba para formar uma bolsa de arquitectos para então dar prosseguimento a esse serviço. Pensamos que isto também é uma forma de dar trabalho aos arquitectos.
No que diz respeito à construção desenfreada que foi feita em Portugal nestes últimos 20 anos e à manifesta falta de planeamento e ordenamento do território, qual é a vossa opinião e o que se pode esperar daqui para a frente? Vai haver mudança? Nós vivemos num País de construtores, o que é o primeiro ponto. Seguidamente é termos consciência do que é desenhar a cidade e planear a cidade. Eu penso que faltam as duas. É curioso que temos gente com conhecimento ao nível destas duas distintas matérias, que classifico como excelente, e que nos coloca entre os melhores no mundo com a capacidade de planear. Se não houver uma boa articulação entre desenhar e planear a cidade, numa ideia que seja abrangente a uma série de pressupostos, então não se chega a lado algum.
E há alguma possibilidade de se chegar? Temos todas as capacidades para o fazer e de essa ideia vingar. Quando os arquitectos souberem a associar-se a todas as pessoas que fazem planeamento como os geógrafos, urbanistas, engenheiros de tráfego e de infra-estruturas e por aí adiante, então sim estarão lançadas as boas bases para a criação de uma equipa multidisciplinar que permita ter uma cidade melhor. Temos todos de pensar o País.
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PASTELARIA EM LISBOA ARQUITECTURA: 71 ARQUITECTOS E DAVID CARQUEIJEIRO TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: JOテグ MORGADO
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Deixando a Praça do Príncipe Real e entrando na Rua da Escola Politécnica, seguindo pela calçada pedonal à direita, reservada aos endereços com os números pares, vamos encontrar no rés-do-chão de um edifício oitocentista a nova pastelaria francesa Poison d’Amour. Para quem passa a pé ou para quem circule de automóvel pela rua, ninguém fica indiferente às janelas da pastelaria. É através delas que percebemos uma harmonia de manchas de cor branca e preta no interior, destacando-se também o azul das cadeiras em torno das mesas. Se no exterior nos convidam a entrar, no interior permitem-nos apreciar a azáfama particular do bairro. E se falamos da importância destas janelas é por nos agradar esta abordagem de uma vista desafogada do exterior para o interior e vice-versa. Talvez por se tratar de uma loja dedicada à arte de pasteleiros a outra arte, a arquitectura, como bem expressa a memória descritiva, quis assumir “um papel discreto, o que ditou um diálogo de luz entre o somatório de todas as cores e a ausência de cor (preto e branco), cenário para um desfile de produtos que por si só já são muito coloridos, ou seja ambiente neutro para a patisserie française brilhar.”
Ao entrarmos na pastelaria é com alguma rapidez que a presença do preto mate, escolhido para paredes, tectos e pavimentos, é como que atirada para um plano subconsciente, porque as cores que nos saltam logo à vista é o balcão em pedra, branca, onde as cores das guloseimas expostas nos captam logo pelo fascínio das suas formas coloridas. As janelas, vistas do interior, dão uma atmosfera cénica e a luz natural entra com suavidade pelo espaço. Estamos num lugar de conforto, com uma delimitação propositada de cada espaço, com bem desenhados percursos de acesso às diferentes áreas da pastelaria, revelando um equilíbrio de lugares sentados tendo em conta as dimensões de cada zona de estar e uma ajustada organização espacial que teve em conta a boa circulação das pessoas. No tecto, para além da curiosa selecção de iluminação, a pedra de lioz do arco que se manifesta atrai-nos para os pormenores e os detalhes da obra, que aproveitou as qualidades do bom edificado pré-existente envolvendo-o com uma massa em gesso cartonado ao qual se aplicou uma tinta lavável. A simplicidade e a neutralidade como se desenvolveu o programa, permitem que a pastelaria possa | 079 |
tornar mais eficaz o seu propósito de receber, deliciar e fidelizar clientes. Como na grande maioria dos edifícios existentes na Rua da Escola Politécnica, a pastelaria também tem um enfiamento até à fachada posterior. Seguindo por um corredor, no enfiamento de acesso às casas de banho e à cafetaria, chegamos a um simpático jardim que funciona como esplanada e que se estende sobre o Jardim Botânico. Esta espécie de escape para o que poderiam ser os fundos da pastelaria é afinal um prolongamento de oferta de espaço para clientes criando assim uma vivacidade de ambiente entre portas. A escolha de materiais baseou-se em gesso cartonado hidrofugado, tinta de esmalte lavável, a betonilha pintada, auto-nivelante expoy com remates em meia cana e gesso cartonado, bancadas e balcões com revestimento em pedra calcária. A memória descritiva indicou-nos que os objectivos de celeridade com a obra e uma certa contenção de custos conduziram à selecção de uma série de materiais e de técnicas de construção. O resultado final não só surtiu os efeitos pretendidos pelo cliente como também deixou um trabalho durável, bem feito e com a flexibilidade necessária para qualquer solução decorativa que possa surgir no futuro. | 080 |
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CASA EM CAMBESES ARQUITECTURA: RUI GRAZINA TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: NELSON GARRIDO
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A Casa em Cambeses tem um projecto de arquitectura de Rui Grazina e a conclusão da obra é de 2011. A habitação unifamiliar localiza-se em Cambeses, povoado do concelho de Barcelos, no Minho. O terreno, integrando uma parte de uma zona florestal protegida, tem uma área de 3 mil e 400m2, o edificado 300m2 de área de implantação e 290m2 de área bruta de construção. O desenho levou em consideração a construção existente e o alinhamento de um novo arruamento proposto, designando uma boa articulação geral. Para aceder à habitação segue-se o novo arruamento, onde uma rampa faz ligação à garagem e por um percurso pedonal chegamos à entrada. As características da paisagem existente e do lugar foram determinantes para definir a localização dos diferentes espaços da casa. A memória descritiva diz-nos que foi um “objectivo orientar os espaços comuns da habitação para nascente, visto que é o lado onde se encontram os pontos visualmente mais interessantes, assim como orientar os quartos a sul pela qualidade da exposição solar e pelas características de privacidade e de relacionamento com o terreno.” Uma sala de trabalho e um quarto ficaram orientados para poente. É nesse lado do terreno que se encontra a cota do piso superior, estabelecendo-se assim uma ligação de continuidade entre interior e exterior. Colocado de uma forma resumida e sucinta, o texto da memória descritiva divide o piso inferior para as zonas públicas e o piso superior para as privadas. Não queríamos deixar ficar este breve texto sobre esta boa habitação nas proximidades de Barcelos, sem expressar uma nota nossa sobre paisagem e construção. Ficamos quase sempre com a ideia de que a paisagem dos lugares é sempre uma envolvente para o que de novo a ela chega ou para o que sazonalmente a atravessa. O facto é que é sempre a paisagem que determina as formas como o Homem se vai relacionar com ela, mesmo depois de ele a transformar ou explorar nos seus recursos. Neste projecto de arquitectura, ou como em tantos outros, é ela quem determina a orientação da construção, podendo influenciar na selecção dos materiais ou nos pormenores relacionados com os detalhes de acabamento. A luz natural ou os diferentes contextos climáticos, característicos de cada estação do ano, também interferem nos desígnios conceptuais, que depois originam a definição dos planos que melhor possam servir o usufruto da casa e do terreno. | 086 |
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APARTAMENTO - S ARQUITECTURA: FORWARD TEXTO: TIAGO KRUSSE FOTOGRAFIA: JOテグ MORGADO
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A equipa da Forward projectou um apartamento, localizado no centro de Lisboa, tendo em conta perfil de um casal novo que pretende que a casa seja um espaço de tranquilidade, conforto e elegância. O apartamento evidencia áreas generosas com uma atmosfera de interiores que segue um enquadramento lógico de planos e de separação de zonas sociais e privadas. O projecto demonstra que os seus autores dominam as regras de ouro ao nível da composição de ambientes, criando não só uma harmonia entre os diferentes espaços da casa como atribuindo a cada um deles um conjunto de linhas de força que aumentam ainda mais a qualidade estética de cada pormenor. O programa assenta numa simplicidade geométrica que consegue criar um bom balanço entre os aspectos da construção e os do design de interiores. É este bom equilíbrio que sustenta o ambiente depurado e que não dei-
xa que ele caia numa tendência, moda ou até mesmo numa certa frieza minimalista. É uma casa com uma dinâmica especial, quer pelo bom uso da cor, que se traduz numa complementaridade entre as tonalidades dos pavimentos, revestimentos e mobiliário. Essa sintonia cromática ganha ainda mais expressão através de uma boa disposição de luz artificial ou de elementos reflectores. O conforto visual é constante nos diferentes cenários criados. Cada espaço foi pensado para funcionar de uma forma específica, mantendo sempre o espírito de uma vivência descontraída mas tendo também em conta o carácter mais social ou privado de cada momento. A sala funciona como o ponto de partida para todos os outros recantos. Ela desdobra-se em zona de jantar, relaxar, estar ou em recanto para apenas ver televisão. Há um
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encadeamento de espaços mas que nunca os delimita ou isola, eles jogam como um todo potenciando o movimento e o convívio. Com espaço quase autónomo encontra-se a suite principal, que é composta por uma sala para ver televisão, escritório, divisão para roupas, zona de dormir e um spa. Mesmo desenhada para uma vivência conjugal, a suite permite a subdivisão dos espaços, reservando a sua utilização. O trabalho efectuado pela Forward no apartamento S parece em consonância com um dos 10 princípios do bom design ponderados por Dieter Rams, sobretudo naquele em que se fala para o facto de ele ser discreto, “não deve impor-se, deve antes sublinhar a sua utilidade.” No que à escolha de mobiliário diz respeito, há uma conjugação de produtos estrangeiros, assinados por designers reputados, ou por peças criadas pela Forward. Também neste aspecto sobressai uma escolha de formas e de materiais, que vem reforçar toda a experiência visual e táctil ao longo da casa.
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ENTREVISTA NUNO SAMPAIO O MENTOR DA ESTRATÉGIA URBANA TEM UMA MISSÃO BEM DEFINIDA E UMA VISÃO CONSTRUTIVA DA SOCIEDADE. O ARQUITECTO NUNO SAMPAIO DEIXA-NOS UMA PERCEPÇÃO DOS MEIOS EM QUE SE MOVE E REFLEXÕES SOBRE A ACTIVIDADE EM PORTUGAL POR TIAGO KRUSSE
Quando é que surgiu a ideia de criar a Estratégia Urbana? O meu trabalho enquanto arquitecto é o projecto, mas desde sempre tive uma participação que ultrapassava o estrito âmbito dessa vertente profissional. Desde a participação na direcção da Associação Casa da Arquitectura, na Associação Trienal de Arquitectura de Lisboa, onde sou vice-presidente, e da minha participação na Ordem dos Arquitectos (OA), tenho vindo a comprovar que há um grande trabalho a fazer na afirmação da arquitectura na sociedade. A experiência tida enquanto membro do Conselho Directivo Nacional e um dos representantes da OA no processo legislativo que pôs fim ao famigerado Decreto-Lei 73/73, levou-me a ter a consciência muito nítida que só pelo reconhecimento generalizado do valor da arquitectura é que conseguiríamos valorizar o trabalho dos seus profissionais no serviço público em prol dos cidadãos. Destas três experiências resultou uma percepção clara do caminho a percorrer e do espaço que necessariamente necessitava de ser ocupado, do trabalhado necessário em benefício da arquitectura e da sociedade. Em 2009 comecei a amadurecer a ideia e trocar algumas opiniões. Quando procurava um novo espaço para o meu | 098 |
escritório surgiu a possibilidade de criar também um espaço físico para trabalhar esta ideia, a Estratégia Urbana, que foi apresentada formalmente já com um programa de actividades de 2 anos em Março de 2011. Sendo alguém com uma ligação forte à Ordem dos Arquitectos o que o levou a criar mais um espaço que tem como intuitos aproximar e sensibilizar não só profissionais da área, mas também as pessoas para os assuntos da arquitectura, urbanismo e design? A Estratégia Urbana trabalha dentro de um triângulo de influência que tem num dos seus vértices os técnicos (arquitectos, engenheiros, urbanistas, economistas, paisagistas, etc) quem trabalha a cidade, no outro o poder político e institucional, que é o responsável pela gestão do território. Num terceiro e último vértice temos a população em geral, que é a consumidora final da boa ou má cidade, da boa ou má arquitectura, ou seja, somos todos nós. Quanto maior fora a consciência e o interesse da sociedade maior será, também, a exigência desta sobre o poder político e sobre os técnicos na procura e escolha das soluções mais acertadas para benefício do território e das
populações. Quanto maior for a consciencialização da importância da arquitectura na melhoria da qualidade de vida das cidadãos maior será a atenção dada aos assuntos da arquitectura, urbanismo e também do design. E desta consciencialização resultará uma maior liberdade e responsabilidade para os profissionais que trabalham estas áreas. Desta forma a tomada de consciência deve em primeira mão ser feita com os profissionais e pelos profissionais. Não por meros interesses corporativos, mas tendo em vista o benefício real, estudado e comprovado, que a sociedade necessita de melhores territórios, mais equilibrados e, também, mais competitivos. A Ordem dos Arquitectos teve e tem um papel a desempenhar em todo este processo. Fê-lo bem no passado, quando defendeu o entendimento da arquitectura como matéria de interesse público, e durante muitos anos a Associação e posteriormente OA trabalhou quase sozinha na defesa e promoção da arquitectura. Só assim foi possível o reconhecimento do papel do arquitecto expresso nas petições assinadas por cerca de 20 mil cidadãos que deram início ao processo legislativo que resultou na lei 31/2009, que viria a consagrar que só os arquitectos podem exercer os actos próprios da profissão nomeadamente executar projectos de arquitectura. Muita gente já nem tem memória do caminho percorrido e do papel fundamental desempenhado pela OA. Actualmente ela tem outros desafios, promover e defender as condições necessárias para uma boa prática profissional. Principalmente hoje que, pela falta de investimento, temos um mercado distorcido e uma crise que ultrapassa em muito a dimensão nacional. Com a atribuição do Pritzker a Souto de Moura a arquitectura portuguesa é uma vez mais reconhecida. Quais são os pontos positivos e negativos que este reconhecimento pode trazer? Este reconhecimento tem muitos aspectos positivos e se tiver aspectos negativos ficam muito diluídos na dimensão positiva da questão. Recentemente o Eduardo Souto Moura foi, também, o vencedor deste ano do Prémio Personalidade do Ano, escolhido pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal, que o considerou a “pessoa ou instituição portuguesa que mais fez pela imagem do país no exterior”. Este é o reconhecimento do papel positivo que o trabalho deste arquitecto teve na melhoria da imagem de Portugal no estrangeiro, uma imagem de competência e valor acrescentado. Mas este reconhecimento individual do arquitecto e da pessoa dá obviamente uma notoriedade à arquitectura feita em Portugal. Eu diria mais, é um reconhecimento de todo um sector, dos excelentes profissionais e entidades envolvidas no processo da construção, desde os projectistas às empresas construtoras. A entrega do prémio Pritzker a Souto Moura pela mão do presidente norte-americano Barak Obama foi um momento que projectou o arquitecto português num universo muitíssimo grande, um mercado com muitas e diversas oportuni-
dades de trabalho. Como avalia o ensino da arquitectura em Portugal? Na sua generalidade avalio bem. Foram criados pólos de ensino em Coimbra e Guimarães que com a sua qualidade e com um corpo docente muito empenhados fazem a diferença pela positiva, dando maior variedade de oferta para além do Porto e Lisboa. Os alunos portugueses e os recém-licenciados tem ganho vários prémios e concursos internacionais, o que prova que estão em boas condições para competir em qualquer território. Também os docentes são apreciados e reconhecidos internacionalmente. Temos, por exemplo, o caso do Diogo Burnay que comprova bem o que agora afirmo. Ganhou um exigente concurso internacional para director de uma escola de arquitectura no Canadá. No entanto, continuo a achar que as faculdades e escolas de arquitectura em Portugal têm de adaptar o perfil dos seus cursos às novas e distintas realidades profissionais, económicas e sociais existentes actualmente. É necessário preparar profissionais para outro tipo de funções dentro do exercício da profissão, que pode ir desde a fiscalização, gestão e coordenação de projectos, direcção técnica de obras, teoria e critica arquitectónica, etc, etc… É sustentável para um País com a dimensão de Portugal continuar a formar tantos arquitectos por ano? Existem cerca de vinte mil arquitectos, mais do que a média europeia, isso é um facto. Mas existe essencialmente investimento a menos! Veja-se como estão os nossos centros históricos. Existe necessariamente trabalho para realizar. Não sei se é sustentável para o país, mas para os arquitectos não é com certeza sustentável. Até porque com esta falta de investimento e a pouca perspectiva de trabalho, é o próprio governo que sugere a emigração destes profissionais. Tudo isto deixa-me um pouco perplexo, porque formar este profissionais e mandá-los embora do país é um desperdício enorme para o estado e para as famílias. É uma forma de hipotecar o futuro de Portugal. O que será de um país se os jovens forem embora? Para além do projecto e da construção, que são os objectivos principais dos arquitectos, que portas se podem abrir para além dessas legítimas ambições? A principal função do arquitecto é planear, projectar e construir o território. E existem várias funções e papeis a desempenhar em todo este processo, tanto na administração pública, como em outras áreas onde os arquitectos geralmente não tinham entrado, como a fiscalização, direcção de obra. Mas o que fazer se este processo construtivo parar? Porque mesmo a requalificação do património edificado está estagnada! Existem, no entanto, algumas oportunidades que podem ser aproveitadas se os profissionais alargarem conhecimentos e a actividade. Por exemplo, é da consciência colectiva
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“Iremos sobretudo ajudar a internacionalizar a arquitectura portuguesa, potenciando a entrada dos nossos profissionais nesses mercados.”
que será necessário avaliar o nosso património, saber o seu estado físico e o seu valor patrimonial. Quem irá executar essas tarefas? Com que formação? Também na reflexão e crítica arquitectónica existem oportunidades a explorar. Existe já um conjunto de profissionais a escreverem e publicarem bem. Mas temos de ir ainda mais longe. Temos de desenvolver conhecimento e ganhar prática internacional para poder estar presente nas curadorias, e júris internacionais nas diversas instâncias e nos diversos territórios. Necessitamos de ter massa crítica capaz de formar opinião e pensamento, ter capacidade de influência e decisão no plano internacional. De que forma podem e devem os arquitectos portugueses encararem a procura de trabalho no estrangeiro? Para além do já falado anteriormente, do ponto de vista do projecto, que é o ponto forte da arquitectura portuguesa temos ainda muito para conquistar. Devemos aproveitar a experiência adquirida rentabilizando-a. Devemos ir para novos mercados não numa perspectiva de emigração que é bastante redutor, mas numa perspectiva de internacionalização das nossas empresas, gabinetes e ateliers. Ou seja, devemos constituir estruturas capazes de abordarem novos mercados e aí se estabelecerem com vínculo a Portugal. Devemos rentabilizar os currículos que as nossas empresas têm e que tanto tempo demorou a construir. Nos últimos anos os arquitectos e os engenheiros adquiriram um know-how vastíssimo com a realização de uma diversidade de trabalhos quase única no mundo, se tivermos em conta a dimensão do país. Os arquitectos portugueses abordaram programas muito distintos nas áreas da cultura, da educação, do desporto, dos transportes, na área da saúde, comercial e habitacional. Esta diversidade e experiência deram aos arquitectos portugueses um curriculum singular no mercado internacional já muito especializado e pouco transversal. Mas a abordagem a novos mercados de trabalho tem obrigatoriamente de exigir a uma mudança de paradigmas e estratégias. Temos de adoptar estratégias colectivas, fazer parcerias, partilhar riscos, custos, infra-estruturas para po-
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der ter hipóteses de sucesso, principalmente se abordamos mercados de grande dimensão. A Estratégia Urbana também apostou no estrangeiro, encontrando-se nomeadamente com uma delegação em São Paulo, no Brasil. Quais são os vossos objectivos no exterior? Planeiam abrir mais delegações? Quem abriu ao mercado brasileiro foi o atelier “Nuno Sampaio - Arquitectos”, mas esta experiência e os problemas que encontramos levaram a que tivesse uma ideia bastante diferente da inicial quando abordamos tão grande mercado. A Estratégia Urbana foi um pouco consequência dessa experiência. Ajudar outros profissionais a ultrapassar de forma mais rápida os problemas que eu encontrei. Sobretudo chamar atenção, pois se não tivermos estratégias colectivas não nos conseguiremos afirmar em mercados tão proteccionistas. A Estratégia Urbana não pretende abrir delegações. Pretendemos naturalmente expandir actividade noutros países, já tivemos desafios para realizar iniciativas, nomeadamente na América latina. Iremos fazer parcerias com quem conhece bem as realidades que queremos abordar, entidades prestigiadas, envolvendo personalidades que sejam credíveis, consideradas e apreciadas pelos novos públicos. Iremos sobretudo ajudar a internacionalizar a arquitectura portuguesa, potenciando a entrada dos nossos profissionais nesses mercados. Pretendemos injectar nos circuitos internacionais programas que incluam exposições e conferências, mostras significativas e demonstrativas dos projectos e obras executados em Portugal. Quais vão ser os vossos principais objectivos e iniciativas delineados para 2012? Continuaremos a afirmar a marca Estratégia Urbana em Portugal, conquistando e fidelizando novos públicos. Queremos ajudar os profissionais a terem as ferramentas para abordarem as novas realidades e novos desafios, tanto no plano interno como externo. Iremos trabalhar sobre a crise e com a crise. Queremos contribuir para alterar alguns paradigmas na forma de trabalhar e agir. Pretendemos de
alguma forma ser um exemplo, criando novas formas de actuar e trabalhar. Queremos dar um contributo para criar oportunidades, mudar mentalidades e conquistar para a arquitectura portuguesa o reconhecimento que ela merece. No início de 2012 iremos apresentar todo o plano de trabalho e actividades para este ano. Sabemos que a expectativa está criada. Em plena crise social, económica, financeira, política e cultural de que forma pode e deve a arquitectura portuguesa, e todos os seus agentes, contribuir para uma evolução positiva deste época que vivemos? É nos períodos de grande crise que se dão as grande evoluções. Estou confiante que saberemos encontrar soluções para ultrapassar este momento particularmente difícil para o país e para a arquitectura portuguesa. A arquitectura é um produto de grande reconhecimento público, de grande prestígio internacional, sendo uma marca identificada e apreciada que representa bem Portugal. A arquitectura e todo o sector onde se insere vivem uma
grande crise. Se o sector da construção e a arquitectura conseguirem ser um exemplo de como se pode ultrapassar a crise, então pode dizer-se que esse será o grande contributo da arquitectura na actualidade. A Estratégia Urbana contribuirá para esse objectivo, pretendendo ajudar a definir uma estratégia nacional. Para isso é necessário que os diversos agentes do sector saibam trabalhar em conjunto e partilhar um esforço que trará benefícios colectivos para todos.
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LEITURAS
A D&AD é uma instituição educativa de caridade, sem fins lucrativos, que foi criada em 1962, em Londres, por um grupo de designers e de directores artísticos. Desde então, a D&AD tem vindo a celebrar e a premiar o que de melhor há em termos de criatividade no campo da comunicação. Aos vencedores é atribuído o Yellow Pencil Award e, para casos excepcionais de criatividade fora de série, o Black Pencil Award. O presente anuário distinguiu com o Black Pencil Award um anúncio para a Old Spice, um filme digital sobre um tema da banda de rock Arcade Fire – The Wilderness Downtown – para a Google Creative Lab, uma instalação para a Defesa do Direitos Humanos (Human Rights Watch), o design do iPad da Apple e o design da lâmpada Plumen, criada por Samuel Wilkinson para a Hulger. O que o anuário da D&AD, publicado pela Taschen, nos traz de bom é uma visão abrangente de diversas formas de criatividade, em distintos tipos de suporte, por 28 categorias diferentes. Se é um facto que as novas tecnologias trouxeram consigo oportunidades para expandir a criatividade, também não é menos verdade que as exigências humanas foram aumentadas, pois não basta saber “brincar” um pouco com estas novas ferramentas, é preciso que o pensamento seja expresso de forma clara para todos. Com uma maior ou menor facilidade de conseguir passar uma mensagem, parece-nos que continua um pouco difícil avaliar, sobretudo, a qualidade estética. Teríamos julgado estranho não encontrar na lista dos 200 | 102 |
membros do júri, composto por pessoas das mais diversas áreas profissionais, um elemento português. Mas ele encontra-se lá, chama-se Sónia Matos, do Público. É importante referir esta nota, que não se trata de nacionalismo provinciano, mas antes a constatação de que temos um firmado potencial criativo nestas áreas da comunicação e, como tal, seria estranho não incluir no júri um elemento português, que pudesse também ele avaliar os trabalhos reunidos para apreciação.
D&AD11 The Best Advertising and Design in the World Taschen Distribuição: Carácter Editora
A colecção 1+1: Arquitectura Portuguesa Actual, da Uzina Books, traça de uma forma muito objectiva a missão destas suas edições. São livros direccionados a estudantes – nacionais ou estrangeiros, uma vez que se apresentam em versão bilingue Português/Inglês –, em que cada um deles explora dois projectos de arquitectos portugueses, fazendo uma análise dessas obras. A análise dos projectos é subdividida em 5 pontos: memória do projecto pelo arquitecto, conceitos e primeiros estudos sobre a obra, imagens do processo construtivo, imagens da obra final e pormenorização da obra, com a inclusão de desenhos técnicos e lista de materiais utilizados. A colecção 1+1 reúne até ao momento 8 livros: Aires Mateus, Bak Gordon, Graça Dias+Egas Vieira, Jorge Mealha, Nuno Lacerda Lopes, Nuno Sampaio, Ricardo Vieira de Melo e Guedes+De Campos. São livros de pequeno formato que
sobressaem pelo bom design gráfico, pela forma simples e objectiva como exploram os temas e por essa boa decisão de publicar em bilingue, contribuindo assim para uma mais ampla divulgação da arquitectura portuguesa.
Colecção 1+1: Arquitectura Portuguesa Actual Uzina Books | 103 |
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TEMPORADA#2 OASRS
Cidades Procuram Pessoas - Reabilitação Até Março 2012 MOSTRA Reabilitação Apresentação de projectos de reabilitação Local: LUX-FRAGIL Hora: 19H00 Entrada livre 24 Janeiro Arquitecto Convidado: [A] ainda arquitectura 7 Fevereiro Arquitecto Convidado: José Adrião 6 Março Arquitecto Convidado: João Mendes Ribeiro CONVERSA A Cidade é a nossa Cabeça 13 Março
TERTÚLIAS na OA João Costa Ribeiro (moderação) 12 Janeiro Reabilitação Económica 26 Janeiro Reabilitação Legislativa 9 Fevereiro Reabilitação Social 23 Fevereiro Reabilitação Física Local: Biblioteca Keil do Amaral da Ordem dos Arquitectos Hora: 21h00 Entrada livre WORKSHOP EM REABILITAÇÃO Março a Maio 2012 Local a designar
Filipa Melo (moderação) João Tordo Manuela Hartley Rui Alexandre Henrique Muga Local: LUX-FRAGIL Hora: 21h00
Mais informação em www.oasrs.org
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