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EXPEDIENTE
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO
DIVERSIFICA
CAPA Macarrões
EDITORES-CHEFES Paco Souza Gabriel Prata EDIÇÃO EXECUTIVA Pedro Rangel ASSISTÊNCIA À PRODUÇÃO Bernardo Azevedo Wilson Sanchez REVISÃO Paco Souza PROJETO GRÁFICO Gabriel Prata EDIÇÃO DE ARTE E FOTOGRAFIA Gabriel Prata Larissa Mercury A revista DIVERSIFICA é uma publicação semestral do coletivo Diversifica. REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Av. Doutor Armando Panunzio, 1893 Bl. 3 Ap. 301 - Jd. Vera Cruz. 18050-000 - Sorocaba - SP.
FOTO Gabriel Prata, 2O08 Alana Menk Davyson Fabiano Deidimar Brissi Evandro Mangueira Flaviano André Girlene Monteiro Porto Guilherme Ferreira Aniceto Margarida do Amaral Silva Maria Flor Meggie M. Paulo Azeviche Pedro Thiago de Souza Renato Gonçalves Ulisses Tavares IMAGENS Strangelfreak Gabriel Prata Marcel Trindade Nery
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ABR
Ano
TA GABRIEL PRA 2o13
Gabriel Prata. 2013
COME ON, DUDES! COME ON, DUDES! BELIEVE Y OUYOU NEEDNEED BELIEVE IN LOVE! IN LOVE!
EDITORIAL
UTOPIA
Sobre nossas memórias de futuro por Paco Souza
Os sonhos movimentam nossa vida, criam nosso futuro. Imaginamos um mundo, um modelo perfeito de mundo, e em linhas tortas esta construção... nunca existirá. E por que nunca existirá? Porque não existe um mundo perfeito, ideal. E as mudanças não dependem das idéias de uma única pessoa. Em algum momento pensamos: “O fim da escravidão trará um mundo perfeito e igualitário”. Não, a escravidão acabou, o preconceito e o racismo continuaram. Então nosso mundo perfeito passou a ser o fim do racismo... Descobri recentemente que na empresa em que trabalho trabalha também uma transexual. Dias atrás fui ao banheiro e me deparei com ela. Fiquei o dia inteiro pensando, e conclui que o que a sociedade a faz passar é desumano. Fiz uma rápida pesquisa com alguns colegas que entraram antes de mim na empresa, e descobri os problemas que esta transexual enfrentou quando começou a tomar hormônios, quando seus seios começaram a se desenvolver. Esta pessoa específica (vou chamá-la de Júlia, pois não sei o seu nome, e obviamente me afeiçoei a ela) tem um problema a mais para enfrentar: ela é casada com uma mulher. Ao contrario do que alguns leitores desavisados podem pensar, transexualidade e homossexualidade são coisas completamente distintas. Apesar de ser uma mulher presa no corpo de um homem, Júlia gosta de mulheres. E assim voltamos ao problema do banheiro: muitas mulheres (de mentes pequenas, é claro) não aceitariam a Júlia usando o banheiro feminino, pois achariam que ela (provavelmente as pessoas se referem à Júlia pelo nome de nascimento) quer ficar observando-as (e pensariam isso mesmo que a Júlia gostasse de homens). Por outro lado, muitos homens (também de mentes pequenas) não aceitam a presença da Júlia no banheiro masculino, pois suas mentes pequenas são incapazes de compreendê-la (e de compreender que banheiros são para se fazer as necessidades fisiológicas [e a make!]). Nossa sociedade baseada na “moral e bons costumes” tornou o sexo algo tão tabu que as pessoas confundem tudo ligado à nudez ou qualquer ato que envolva alguma referência ou exposição dos órgãos genitais com sexo. Pênis e vagina são proibidos. Baseado neste tabu do
proibido é que ocorrem de intimidade e casos oibido é que ocorrem estupros,estupros, violaçõesviolações de intimidade e casos como o como o Júlia, ondede o uso localdiário de uso diário é culturalmente e torna-se Júlia, da onde o local é culturalmente erotizadoerotizado e torna-se umaideológica, arena ideológica, onde uma transexual não pode nem a arena onde uma transexual não pode nem usar umusar um sem ser descriminada. nheirobanheiro sem ser descriminada. Estas reflexões me chegar fizeram achegar a uma conclusão: meu Estas reflexões me fizeram uma conclusão: meu mundo éutópico é um haja distinção de banheiros. Um mundo ndo utópico um onde nãoonde hajanão distinção de banheiros. Um mundo ondepúblico o localreservado público reservado às necessidades fisiológicas de o local às necessidades fisiológicas deixe de deixe ser de ser erotizado. Banheiros de baladas GLS geralmente são compartilhados por otizado. Banheiros de baladas GLS geralmente são compartilhados por todos os sexos. Que todos os banheiros sejam assim, e que ninguém se os os sexos. Que todos os banheiros sejam assim, e que ninguém se sinta constrangido por não ter um banheiro que ideologicamente lhe ta constrangido por não ter um banheiro que ideologicamente lhe rtença.pertença. Meué sonho é utópico, porém não impossível. Provavelmente Meu sonho utópico, porém não impossível. Provavelmente outros problemas viriam ele,utopias e novasseriam utopiascriadas. seriam criadas. ros problemas viriam com ele, com e novas Diariamente e estas não utopias são (e nem Diariamente criamos criamos utopias, utopias, e estas utopias são não (e nem podem) tornarem-se reais. Nós idealizamos umque mundo que achamos ser o dem) tornarem-se reais. Nós idealizamos um mundo achamos ser o ideal, por lutamos e, emponto algum ponto dessapercebemos busca, percebemos que al, lutamos ele e,por emele algum dessa busca, que algumade brecha fora, e passamos a lutar também xamosdeixamos alguma brecha fora, de e passamos a lutar também por esta por esta brecha. São estas brechas que constroem lutas esociais, e que unem echa. São estas brechas que constroem as lutas as sociais, que unem feministas, negros, homossexuais, transexuais, prostitutas... ministas, negros, homossexuais, transexuais, prostitutas... noso unem, desejo(deste comumtal(deste talutópico) mundo utópico) As lutas As noslutas unem, desejo ocomum mundo faz-nos enxergar as necessidades do outro, e não só as nossas. -nos enxergar as necessidades do outro, e não só as nossas. Em contraponto, outros (que também unem. Contra Em contraponto, outros (que também lutam) selutam) unem.seContra uniões homoafetivas, até padres e pastores se unem. Se os negros ões homoafetivas, até padres e pastores se unem. Se os negros possuem vagas reservadas na universidade, muitos se unem em crítica ssuem vagas reservadas na universidade, muitos se unem em crítica nem se importar com aou religião ouque ao time que o companheiro m nemsem se importar com a religião ao time o companheiro de luta de luta ce. torce. Muitas vezes acreditamos não podemos fazer nada para Muitas vezes acreditamos que não que podemos fazer nada para mundo, mas (insisto) são as pequenas revoluções que juntas dar o mudar mundo,o mas (insisto) são as pequenas revoluções que juntas podem mudá-lo. São as pequenas revoluções quenossas tornamutopias nossas utopias dem mudá-lo. São as pequenas revoluções que tornam menos utópicas. nos utópicas. Que nossoseja mundo seja diversificado e igualitário, que nossas Que nosso mundo diversificado e igualitário, que nossas vidasem estejam em constante mudança, em constante Você pode as estejam constante mudança, em constante evolução.evolução. Você pode que eusonhador, sou um sonhador, mas euonão sou o único. er quedizer eu sou um mas eu não sou único. é a segunda edição nossaerevista, e esta banhada em Esta é a Esta segunda edição de nossade revista, esta banhada em utopias. São sonhos diversos que nos unem na procura por um mundo pias. São sonhos diversos que nos unem na procura por um mundo melhor. Umtão mundo tão sonhado e desejado porantes muitos de já nós que já lhor. Um mundo sonhado e desejado por muitos de antes nós que se foram sem contemplar seus sonhos realizados. Nesta edição da foram sem contemplar seus sonhos realizados. Nesta edição da Diversifica, chamo você, leitor, a refletir sobre suas memórias de futuro. versifica, chamo você, leitor, a refletir sobre suas memórias de futuro. Estes que desejos que sonhamos, já se passaram porcabeças nossas cabeças e tes desejos sonhamos, que já seque passaram por nossas e quecomo ficam, como memórias. Qualas mundo suas está utopias está criando? e ficam, memórias. Qual mundo suas as utopias criando? Você está ajudando a criar esteou mundo, deixou seusnas sonhos cê está ajudando a criar este mundo, deixououseus sonhos mãosnas mãos deJunte-se outros? Junte-se a nós, caro emdevaneios nossos devaneios em outros? a nós, caro leitor, emleitor, nossos utópicos,utópicos, em nossosirreais, sonhosmas irreais, que, de tão insólidos, possam se concretizar. ssos sonhos que,mas de tão insólidos, possam se concretizar.
Paco Souza Paco Souza B oa ,i l a r i n o , Bailarin escrite o sr ,c r i t o r , p r o d u t opr r o edutor e do integranteintegrante do c o r pc oo r p o da editorial editorial da revista. Adoraescrever, dançar, escrever, revista. Adora dançar, a r osso bt er e f o f o c a r f soof obcr e m pooss t e m p o s da atualidade vindourosvindouros da atualidade e acha e acha quefina é rica, fina eSeu hétero. Seu que é rica, e hétero. drinké favorito é champagne com drink favorito champagne com Rivotril. Rivotril.
EDITORIAL EDITORIAL vii
COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃO Envie-nos seu trabalho! Envie-nos seu trabalho! A Revista Diversifica aberta mais diversas A Revista Diversifica é abertaé às maisàsdiversas produções relacionadas da diversidade produções relacionadas ao temaaodatema diversidade você possui trabalhos nesta sexual. sexual. Se vocêSepossui trabalhos nesta área e área e quer divulgá-los, fique atento às nossas quer divulgá-los, fique atento às nossas chamadas de trabalhos. se de tratar chamadas de trabalhos. Por se Por tratar umade uma são aceitos osdiversos mais diversos revista revista digital, digital, são aceitos os mais formatos de produção: crônicas, formatos de produção: contos,contos, crônicas, poesias,poesias, científicos, entrevistas, fotografias e artigosartigos científicos, entrevistas, fotografias e ensaios, músicas, desenhos, charges, cartoons, ensaios, músicas, desenhos, charges, cartoons, dentre outros. vídeos, vídeos, dentre outros. E nãode deixe denosso visitarsite nosso site para acessar as E não deixe visitar para acessar as próximas e informações sobre chamadas próximas ediçõesedições e informações sobre chamadas de trabalhos de trabalhos [ revistadiversifica.blogspot.com.br ] [ www.diversifica.info ] É produtor quer promover seu evento? É É produtor e quer epromover seu evento? É quer promover o lançamento escritorescritor e quer epromover o lançamento de seu de seu uma de autógrafos? trabalhotrabalho ou uma ou tarde detarde autógrafos? Fale conosco doou e-mail ou Facebook. Fale conosco atravésatravés do e-mail Facebook. Você contribuir pode contribuir com notícias, Você pode tambémtambém com notícias, sugestões, indicações de eventos e quaisquer sugestões, indicações de eventos e quaisquer informações queimportante achar importante e condizente informações que achar e condizente comtema. nosso tema. com nosso Entre em contato conosco pelo e-mail Entre em contato conosco pelo e-mail [ contato@diversifica.info ] [ revistadiversifica@gmail.com ] Ou peloOu Facebook pelo Facebook [ https://www.facebook.com/Diversificaa/ ] [ https://www.facebook.com/RevistaDiversifica ] Divulgue a revistaa erevista ajude ea ajude Diversifica a se tornar Divulgue a Diversifica a se tornar mais ampla. mais=) ampla. =)
COMUNICAÇÃO viii COMUNICAÇÃO
Ilustração de Marcel Trindade Porto Alegre, 2011. Ilustração de Marcel Trindade Porto Alegre, 2011.
SUMÁRIO
GENTE IGUAL, GENTE DIFERENTE poema de Guilherme Ferreira Aniceto
MÉTRICA
conto de Meggie M.
A NOSSA CAUSA É AMOR
poema de Girlene Monteiro Porto
PASSARINHOS SABEM VOAR
conto de Alana Menk
MACHO APRENDIZADO
poema de Ulisses Tavares
PRECONCEIT
poema de Girlene Monteiro Porto
STAR 61
música com Flaviano André
FAZ DE CONTA
conto de Maria Flor
O CORPO OCULTO NA MASCULINIDADE artigo de Margarida do Amaral Silva
POLKA
vídeo de Paulo Azeviche
13 15 18 21 26 28 30 34 36 46
48 52 58 60 63 65 68 70 71 77 80 81 85
UMA QUESTÃO DE GÊNERO
resenha de Adeilson Oliveira e Marcela Cordeiro
PAINHO ME FEZ ASSIM
cordel de Aurineide Alencar
AMOR VERDADEIRO
poema de Deidimar Brissi
ARCANJO GABRIEL
resenha de Evandro Mangueira
PÁSSARO AZUL
conto de Pedro Thiago de Souza
REGALIAS
poema de Juliano Antunes
DIAS SELVAGENS
resenha de Alessandro Zecchinelli
DIREITOS DESUMANOS
poema de Davyson Fabiano
UM HOMEM PARA CHAMAR DE SEU artigo de Renato Gonçalves
CINEMA
longas, curtas e trailers
BLOGS
diversidade na web
EVENTOS
o que vai rolar por aí
AGRADECIMENTOS texto de Diversifica
EDITORIAL
GENTE IGUAL, GENTE DIFERENTE EU SOU TUDO, MENOS OBRIGADA!
por Guilherme Ferreira Aniceto
por Paco Souza
Após mais de dois anosdiria da primeira edição da Diversifica, estou Quem que hoje haveria com a cabeça borbulhando ideias com e questionamentos. Gentedecasando gent e diferente?Fico me perguntando: o que mudou? Quanto aos temas que trabalhamos, noto um crescimento nas discussões, mais e mais interessadas em falar E vejo quem diria que pessoas hoje se veria sobre diversidade, mas vejoCasamento algo muito entre preocupante iguais?no meio LGBT (e claro, na sociedade em geral): a ausência de EMPATIA. Evoluímos enquanto enquanto pelos direitos, Quemmovimento, diria que casar fosseluta signi�icar tanto porém enquanto grupo estamos tendendo ao fracasso. Não Para quem nã o está casando? conseguimos entender que o problema do outro também é problema nosso, ou que enquanto grupo somos mais fortes combater patriarcado e as Quem diriapara que haveria umo dia opressões diárias. Buscamos empoderamento, buscamos tanto Em tanto que seoperguntaria: "Até quando?" definirmos isto ou aquilo, mas muitos não conseguem enxergar um metro longe de seu próprio mundo. E quem diria que as coisas mudariam, É importante também as pessoas entenderem Ou começariam a mudar? que a luta LGBT é, acima de tudo, uma reconquista de direitos humanos negados a humanos. que acontece que discriminação, casamento nunca foi, A travesti quer ter o direitoOde estudar sem ésofrer de andar Nãpara o é , olhá-la e nunca(aserá na rua sem que todos virem não ,ser que seja para ver como Sinô nimo de ela está fabulosa!), quer ter o direito de apartheid. ir ao médico e não ter que ouvir alguém a chamando de João. Esta luta da sociedade para entender o nome nunca foi, nãoquerem é nem ditar será ,como a social é algo que me causa Casamento muita irritação. As pessoas Sinôo nimo denome sexo.ela tem o direito de escolher. outra pessoa deve agir, e nem próprio Se a pessoa não quer ser João e sim Fabiana, é o direito dela, afinal a vida é isso mesmo, casa gente diferente, dela e ela não é obrigada Por a manter o nome agente que seus paiscom leigamente lhe E casa com gente igual. deram quando nasceu. Aliás, EU SOU TUDO, MENOS OBRIGADA! Não sou obrigado a isso mesmo, gente quer poder casar, me vestir como as pessoasPor querem, nem sou aobrigado a falar ou gesticular Independente do usual. conforme a sociedade diz que condiz com o meu gênero. Eu não sou nem obrigada a falar de acordo com o meu gênero! E se hoje eu acordei me sentindo mulher, no almoço estiver me sentindo mais homem, depois de DIV ERS FICAI
EDITORIAL
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POEMA 13
E branco com preto, preto com branco, É homem com homem, mulher com mulher, branco com branco, preto com preto, homem com mulher...
Não tem cor e não tem sexo. Tem amor, esse é o ponto, aí está o nexo.
Sem nexo são preconceito, falta de respeito e consternação. Frente a constelação de cores que é o planeta.
Deixa a gente casar com gente diferente, e deixa casar com gente igual.
Deixa a gente voar com a asa que Deus deu. Se ele não gostasse de cores, não existiriam cores.
14 POEMA
Guilherme Ferreira Aniceto Nascido em Itajubá-MG, Brasil, em 18 de junho de 1991, escreve desde os 15 anos e já publicou um poema em antologia pela Editora Vivara, em março de 2013. Cursa atualmente Administração de Empresas na Universidade Federal de Itajubá, e posteriormente, planeja cursar Letras.
MÉTRICA por Meggie M.
mesmo sem ter havido Hoje cedo a saudade invadiu e cortou seca meu ateliê. Nesse mesmo dia, há exatos dois anos, eu a vi pela última vez. Meados de janeiro, o povo todo já se alvoroçava com a chegada do Carnaval. Eu entregara a ela a roupa que usaria para a festa. Não era propriamente uma fantasia, mas um delicado e curto vestido branco estampado com flores amarelas e alaranjadas. Em combinação, ela usaria uma máscara verde e sapatilhas. Seda vermelha A feitura do vestido poderia durar, tranquilamente, uma semana. Passadas as festas de fim de ano a demanda caía, deixando-me tempo de sobra para encomendas eventuais. Além disso, os pedidos para as duas lojas para as quais trabalho já estavam adiantados. E então, aquela tarde me trouxe um mormaço bom. Vontade de me estirar, sol na cabeça, desejo iluminado. Abri a porta. Ela disse vir por indicação de uma amiga. Sorriso aberto, lindo e tímido. Naquela medida certa para o nocaute. Decidi, então, que a confecção levaria um mês. Era o tempo necessário para que eu sofresse por ela. Soube disso no instante em que coloquei os olhos naquela mulher. Só funciono assim: instantaneamente. Paixão, sempre. Tenho 36 anos e nenhuma vergonha de dizer que durante toda a minha vida corri léguas do amor. Porque o amor para mim é como costurar 352 uniformes cinzas para operários de indústria. Seriado e repetitivo. E eu prefiro fazer fantasias de carnaval. Aos montes, também, mas uma de cada cor. Uma para cada desejo. Uma para cada ilusão. CONTO 15
Nunca a respeito de nome seu nome Nunca soubesoube nada nada a respeito dela dela além além de seu e quee que gostava de, todas as manhãs de domingo, tomar café ouvindo os discos gostava de, todas as manhãs de domingo, tomar café ouvindo os discos que o pai lhe havia deixado de herança. que o pai lhe havia deixado de herança. Veludo carmim Veludo carmim Durante aquele período, contava as horas atéela quechegasse ela chegasse Durante aquele período, contava as horas até que a prova da roupa. Aproveitava a necessidade de as tirar as para para fazer fazer a prova da roupa. Aproveitava a necessidade de tirar medidas e verificar os ajustes parabem ficarperto bem perto dela.me Não me interessei medidas e verificar os ajustes para ficar dela. Não interessei em desvendar qualoera seu prazer. Mas nada da memória em desvendar qual era seuo prazer. Mas nada apagaapaga da memória de de pele os arrepios que ela dava vezeu, que eu,querer, sem querer, roçava minhaminha pele os arrepios que ela dava cada cada vez que sem roçava de leve o seu corpo com a fita métrica. Era uma cena quase inocente, de leve o seu corpo com a fita métrica. Era uma cena quase inocente, não não meu mais desejo de ali, tê-la ali, naquele cenário feito com fossefosse meu mais vorazvoraz desejo de tê-la naquele cenário clichécliché feito com retalhos coloridos. Quando isso acontecia, eu sorria com malícia. Ao que retalhos coloridos. Quando isso acontecia, eu sorria com malícia. Ao que ela arrumava os cabelos com timidez, puxando-os para o lado esquerdo, ela arrumava os cabelos com timidez, puxando-os para o lado esquerdo, deixando lado direito do pescoço inteiramente deixando assimassim o ladoodireito do pescoço inteiramente nu. nu. Numa dessas vezes, quando estava agachada alinhavando a Numa dessas vezes, quando estava agachada alinhavando a barra, não resisti: fiquei em pé, extremamente próxima a ela. Podia sentir o barra, não resisti: fiquei em pé, extremamente próxima a ela. Podia sentir o calor e a tensão expressa em suas mãos, que seguravam com força o calor e a tensão expressa em suas mãos, que seguravam com força o vestido. Então, inclinei na área perfeita a orelha vestido. Então, inclinei meu meu rosto rosto na área perfeita entre entre a orelha e o e o pescoço. Naquela de segundo, não fiz absolutamente pescoço. Naquela fraçãofração de segundo, não fiz absolutamente nada,nada, a nãoa não ser ver minha cliente tremendo-se ser ver minha cliente tremendo-se toda. toda. rosa antigo. LinhoLinho rosa antigo. semana depois o vestido ficou pronto. Elabuscá-lo veio buscá-lo Uma Uma semana depois disso,disso, o vestido ficou pronto. Ela veio no fim da tarde de uma quinta-feira. no fim da tarde de uma quinta-feira. Não entrar quis entrar na minha que estava com pressa, e Não quis na minha casa.casa. DisseDisse que estava com pressa, e pediu que eu fosse até o portão. pediu que eu fosse até o portão. Enquanto entregava a sacola a encomenda, meu olhar Enquanto entregava a sacola com acom encomenda, lanceilancei meu olhar mais quente, e já mais cheio de saudade. mais quente, e já mais cheio de saudade. Ela mexeu nos cabelos, agradeceu, me pagou e, antes Ela mexeu nos cabelos, agradeceu, me pagou e, antes de, de, furtivamente, me entregar uma sacola, olhou para o fusca branco furtivamente, me entregar uma sacola, olhou para o fusca branco que aque a esperava do outro lado da rua. esperava do outro lado da rua. Depois, foi embora. Depois, foi embora. Dentro da sacola estava o LP “Álibi”, de Bethânia. Dentro da sacola estava o LP “Álibi”, de Bethânia.
M. MeggieMeggie M. Vive emVive Sãoem São Paulo desde Paulo desde 2004. É2004. pós- É pósgraduada em graduada em Literatura, e Literatura, e atua como atua como redatora e redatora e revisora. revisora. EscreveEscreve porque porque existe eexiste e uma Maria acreditaacredita que há que umahá Maria Bethânia paramomento cada momento Bethânia para cada relevante relevante da vida.da vida.
Ilustração de Ner
16 CONTO 16 CONTO
Ilustração de Nery Brasil, 2013.
A NOSSA CAUSA É AMOR A NOSSA CAUSA É AMOR por Girlene Monteiro Porto Porto por Girlene Monteiro
Não existe erro em amar Não existe erro em amar Amar seja Amarquem sejafor quem for Não importa a cor a cor Não importa Amar branco o negro Amar branco o negro Amar índio o amarelo Amar índio o amarelo Não importa a idade Não importa a idade Nem classe socialsocial Nem classe Amar mulher outra outra mulhermulher Amar mulher Não importa o que pensa você, você, esse ou aquele. Não importa o que pensa esse ou aquele. Não importa religião Não importa religião BíbliaBíblia ou alcorão ou alcorão Amar homem outro outro homem homem Amar homem Não importa a lei que proíbe Não importa a lei que proíbe O direito de um cidadão O direito de um cidadão De amar ser amado Deeamar e ser amado 18 POEMA 18 POEMA
Ilustração de Nery
Não importa a lei aque Não importa leinão quenos nãodefende nos defende Da intolerância violenta Da intolerância violenta Dia após Dia dia. após dia. Nós nunca deixaremos de amar Nós nunca deixaremos de amar O que Oimporta é o amor que importa é o que amorháque há Entre Entre mulhermulher e mulher e mulher Entre Entre homem homem e homem e homem Casamentos que não de papel Casamentos queprecisam não precisam de papel Para se eternizarem Para se eternizarem Mas, desejam ser reconhecidos, Mas, desejam ser reconhecidos, Como esposa e esposa Como esposa e esposa Como marido e marido Como marido e marido É por Éesta que lutamos por causa esta causa que lutamos E muitas vezes vezes morremos E muitas morremos Pelo direito de amar ser eamado. Pelo direito de eamar ser amado.
G i r l e nG e iM t e iMr o nPt eo irrtoo P o r t o r lo ene natural denatural Vitóriade ES. Formada no Vitória ES. Formada no curso técnico Administração curso em técnico em Administração pelo colégio Estadual Estadual pelo secundário colégio secundário do Espírito formada doSanto, Espírito Santo, também formada também no curso Técnico Segurança do no cursoem Técnico em Segurança do trabalho pelo colégio Gonçalo trabalho peloSão colégio São Gonçalo de Vitória,deprofissão na qual atua, e atua, e Vitória, profissão na qual acadêmica do cursododecurso direito, acadêmica de direito, escritora escritora e poetisa. do e Participou poetisa. Participou do projeto deprojeto incentivo a leitura o de incentivo a um leitura o um poema em cada árvore, de ter poema em cadaalém árvore, além de ter seus poemas também também seus publicados poemas publicados na revistana eletrônica Varal do Brasil. revista eletrônica Varal do Brasil. Ilustração de Nery
POEMAPOEMA 19 19
PASSARINHOS SABEM VOAR por Alana Menk
Terminou de fechar o zíper da mochila; puxou uma gaveta e retirou de lá um punhado de dinheiro; com um elástico de cabelo que sempre ficava em cima da escrivaninha, prendeu os cabelos em um coque mal feito. Apalpou os bolsos da calça; notou a falta do documento. Procurou–o por entre as prateleiras e foi achá–lo dentro de uma caixinha. Data de nascimento: 18.08.1995; seu décimo oitavo aniversário. Conferiu a bateria do celular e aproveitou para ver o horário: 5h27 da manhã. Ouvia–se, ainda, os gemidos no quarto ao lado. Abria lentamente a porta da casa quando, antes que a raiva e o ódio a dominassem novamente, ouviu: “Uma puta! É, uma vadia mesmo! Você não sabe o que aquela sem–vergonha teve coragem de me dizer ontem: que é lésbica! Vê se eu mereço isso agora!” Não, nenhuma gente se acostuma a isso. Vadia é a mãe que a cada dia fica trazendo um homem diferente pra casa. Tá mais que na hora dessa lésbica, “filha–da–puta”, se mandar. Mesmo a raiva lhe percorrendo todo o corpo, precisou bater muito de leve a porta para que não fosse denunciada. Pela janela, o sol lhe castigou os olhos sonolentos. Deixara–se dormir por algumas horas na tentativa de aplacar a dor; as memórias a acompanhavam, iam e vinham contornando todas as curvas da estrada, fugindo pelos seus olhos e atingindo novamente os ouvidos. Queria voltar a dormir, mas o estômago a incomodava pela fome. Conferiu o horário: já era a parada do ônibus. Desligou o celular e o colocou na bolsa. Era melhor somente usar o banheiro e esperar até próxima cidade. 50, 70, 80, 130,..., mais a hospedagem, tem a comida também, e outro ônibus – uns 80. É, o dinheiro era curto para usá–lo em um restaurante caro da autoestrada. Decidiu, assim, ir somente ao banheiro. Depois, para acalmar o estômago, comeu com algumas barrinhas de cereal que havia jogado às pressas na mochila. Aos poucos os outros passageiros iam voltando. Um rapaz se senta na fileira ao lado e inicia conversa: – Ei, você sabe se tem água no fundo do ônibus? – Ish, não tem não. Já olhei. CONTO 21
– Droga! Nunca tem. Não sei pra quê eu ainda me iludo... E, e você tá indo pra onde? – Não sei. – Como assim não sabe? Pera, você comprou a passagem pra que cidade? – Pro ponto final, mas talvez eu desça antes. Tem um lugar que eu quero conhecer. – Ah! Você é uma aventureira então! Logo vi! Sabe, também sou assim, às vezes pego e saio por ai. Já fui pro Rio, pra Salvador. Ai quando a gente chega lá é só baladas animal. Tenho até VIPs em vários lugares TOP. Só chegar lá e dizer: sou amiga do Binho Fafá. O meu nome é Fábio e um bro decidiu inverter tudo. E ai, pronto, você já entra suave, toda no estilo, toda gatinha e gostosinha. Opa! Pera ai que a mulher quer se sentar. A senhora toma então seu lugar ao lado de Alexia, interpondo–se entre os dois. – Ah! É melhor a gente se falar depois. Eu preciso dormir. To cansadão de uma balada ai. Nem dormi de noite. Até! Percorridas quatro horas de viagem, o ônibus novamente parava. O estômago já se retorcia em desordem. Dessa vez foi mesmo preciso comer. Havia algumas opções de lanches, mas todos eram caros. A parada era de 30 minutos então daria tempo para o self–service. Melhor eu me alimentar direito. Foi de self–service e acabou pagando mais do que teria gasto por um lanche. Ao menos agora estaria bem alimentada e o estômago pararia de perturbar. Na volta para o ônibus, não mais encontrou o rapaz. Talvez tenha descido na cidade anterior; ou talvez tenha se desmaterializado; ou quem sabe, ainda, tenha arranjado um VIP em algum puteiro na beira da estrada. Daqueles bem fuleiros. Buraco de mundo. Vá bem pra puta que o pariu! Já anoitecia na estrada e os pensamentos ainda lhe complicavam o coração, apreendiam a pressão arterial, latejavam–se as pupilas. Olhando cegamente para a estrada que passava por baixo, imaginava um futuro esperançoso, em que pudesse somente ficar tranquila, viver um amor. Amor, um sentimento tão nobre e tão não permitido para alguns. Tem gente que não ama e sai por ai errando na vida. É! Queria um amor compartilhado que a afastasse da sensação de indiferença; achar aquela simples felicidade de andar de mãos dadas; uma conversa em alguma varanda; descobrir novos cômodos da casa e achar uma passagem além do armário que a levasse até um lago tranquilo e com cheiro de flores. E estando lá, alguma moça, parecendo anjo, já teria vindo em sua direção para lhe pentear os cabelos; depois tirariam suas roupas e mergulhariam nas águas profundas da felicidade. Mas aos poucos a água ia se tornando graxa e os movimentos se tornavam cada vez mais 22 CONTO
PASSARINHOS SABEM VOAR
pesados. O anjo desaparecera. A trança apodrecia em meio aos fungos e àquele liquido envenenado. Com olhos dilatados, acordou de um único impulso, assustando a todos no meio da noite. A senhora ao lado perguntava se a menina estava bem, mas quase era impossível ouvi–la: a boca da mulher gesticulava, mas os ouvidos poucos atinavam. Estaria enlouquecendo? Falavam em voz baixa, cochichando, quase como que segredando velhos pensamentos. – Calma, menina! Respira! Foi só um pesadelo. Você está bem? – Não! Não estou bem! Eu sou gay e não aguento mais isso! – Oh, Sim! E você precisa tanto assim da aceitação de todos? – De todos não, só dos meus pais. Eu já ficaria feliz com isso... – Dificilmente os pais conseguem entender o que não é da época deles, no fundo eles também tem medo do desconhecido. Mas converse com seu pai quando estiver pronta para isso. Ele teme por você. Ele só está com medo de que você se machuque. Agora vire de lado e volte a dormir. Dormiu durante mais algumas horas e acordou novamente com o sol no rosto. Lembrou–se da mulher e se virou para conversar a fim de agradecê–la pela ajuda. Mas não a encontrou. O ônibus na verdade estava quase todo vazio. Olhou para fora e viu que a paisagem se modificara bastante. Já deviam estar chegando. O cerrado! Conheço esse cerrado! Merda! Dormi tanto que já passei por aquela cidadezinha que tem um lago tão bonito... Seria bom passar uns dias lá. Mas tudo bem. Ao menos ela pôde economizar o dinheiro. Religou o celular e viu que ainda restavam 2h30 de viagem. Voltou a desligá–lo antes que recebesse qualquer mensagem de ligação perdida. Olhando pela janela, viu a placa de boas–vindas à cidade de seu pai. O sangue gelou: como ter coragem?! Foi um erro! Um erro estúpido! Eu deveria ter ido pra casa da minha vó. Mas lá estava Alexia, em uma cidade no interior da Bahia, tendo somente o dinheiro ou para as hospedagens e alimentação – talvez umas duas noites até que enfim tomasse coragem – ou, talvez, para retornar para a casa da mãe... estava tudo muito confuso. Ou talvez, ainda, voltar para aquela cidadezinha do lago... Enquanto não se decidia, passou na padaria, comprou o café da manhã; e foi para a praça comer igual aos passarinhos. Ficou passarinhando até o que o dia entardecesse. Achava que a coragem se dissiparia ao longo do dia, mas com a noite, o medo se intensificou. Procurou uma pousada e lá passou as 48hrs que se seguiram. Havia se acostumado ao medo e finalmente a noite não lhe parecia tão solitária. Saiu para respirar o ar da noite e foi até a esquina da casa de seu pai. Viu–o entrando na casa com dois amigos. Em 15 minutos, seu pai ALANA MENK
CONTO 23
ilustração de Nery
oltou avoltou ser somente ele na casa. Queria lá; mandar mesmo mesmo nos a ser somente ele na casa. poder Queriair poder ir lá; mandar nos eus pésseus e ir até melhor já que ajá diária nadiária pousada já péslá. e irMas até era lá. Mas era esperar melhor esperar que a na pousada já stava paga. qualquer forma, éforma, bom eu ter certeza antes deantes baterde nabater na estavaDe paga. De qualquer é bom eu ter certeza orta dele. Aodele. menos que ele se casar. e seMas tivere outra porta Aosei menos sei não que voltou ele nãoa voltou a seMas casar. se tiver outra mulher?... Naquela noite, Alexia não bateu na porta do seu pai. mulher?... Naquela noite, Alexia não bateu na porta do seu pai. No dia seguinte, não havia mais reserva de dinheiro. E cometeu No dia seguinte, não havia mais reserva de dinheiro. E cometeu m grande religou celularoecelular a primeira mensagem que ouviu foiouviu a de foi a de umerro: grande erro:oreligou e a primeira mensagem que ua mãe. xingamentos, a histeria e as palavras baixas que só que só suaOs mãe. Os xingamentos, a histeria e as palavras baixas emonstravam desafeto, fez comfez quecom Alexia perdesse o rumo o rumo demonstravam desafeto, quenovamente Alexia novamente perdesse as ideias e ideias dos sentimentos. Achou que àquela o seu paiojá sabia dasabia da das e dos sentimentos. Achou quealtura àquela altura seu pai já ua ausência e, envenenado pelas palavras da mãe,da deveria ele também sua ausência e, envenenado pelas palavras mãe, deveria ele também esejar desejar o seu afastamento. E agora? o celularoem seguida. Não o seu afastamento. E Desligou agora? Desligou celular em seguida. Não odia ouvir mais nada daquilo. Foi paraFoi a praça, mais uma vezuma quevez que podia ouvir mais nada daquilo. para afingir praça, fingir mais ra um passarinho. era um passarinho. Acabou Acabou abrindo abrindo os olhososquando já era dejádia. olhos quando era Havia de dia.dormido Havia dormido aquelenaquele banco de madeira. Contou Contou as últimas migalhas de dinheiro e banco de madeira. as últimas migalhas de dinheiro e ercebeu que só davam mais uma refeição. Ao entardecer eu vou lá! percebeu que sópara davam para mais uma refeição. Ao entardecer eu vou lá! á não aguento mais. E mais. se forEo se medo que ele que tem... estar Já não aguento for omesmo medo mesmo eledeve tem... deve estar uerendo me ver. querendo me ver. Às 17h35 pai voltou para casa. Entrou ficou láepor 27lá por 27 Àso17h35 o paisozinho voltou sozinho para casa.eEntrou ficou minutos.minutos. De banho voltou para darpara alpiste algunsa passarinhos Detomado, banho tomado, voltou daraalpiste alguns passarinhos ue ainda pelo gramado. QuandoQuando Alexia tomou parte parte queinsistiam ainda insistiam pelo gramado. Alexiacoragem, tomou coragem, as pessoas já saia novamente de suasde casas, emindo direção à praça.à praça. das pessoas já saia novamente suasindo casas, em direção ra sexta–feira e haveria festa para comemorem a boa safra dosafra milho. Era sexta–feira e haveria festa para comemorem a boa doOmilho. O ai abriupai então janelaada casada e de lá saiu cheiro bolo de fresco. abriua então janela casa e deum lá saiu umde cheiro bolo O fresco. O stômago de AlexiadeseAlexia retorceu. Era fome. Era sono. Era ansiedade. Mas o Mas o estômago se retorceu. Era fome. Era sono. Era ansiedade. ansaçocansaço físico, enfim, os pensamentos e as dores. Andou Andou físico, embotara enfim, embotara os pensamentos e as dores. entamente até a porta duas batidas, desejando que elasque nãoelas fossem lentamente atéeadeu porta e deu duas batidas, desejando não fossem uvidas.ouvidas. Agonizou a espera. porta, A então, destravou e se abriu. Agonizou aA espera. porta,se então, se destravou e se abriu. NaqueleNaquele momento, Alexia não sabia eraqual a era a momento, Alexia nãoainda sabiadizer aindaqual dizer ntonação do seu pai. Agora jáAgora seria bem diferente. entonação do seu pai. já seria bem diferente. – Filha! –Eu te liguei dia do para te para desejar Filha! Eu tenoliguei noseu dia aniversário do seu aniversário te desejar elicidades e sua mãe me contou tudo. felicidades e sua mãe me contou tudo. Alexia não soube o que responder: olhava para baixo Alexia nãotampouco soube tampouco o que responder: olhava para baixo , às vezes, o gramado em busca algum E seu pai e, às para vezes, para o gramado emde busca depassarinho. algum passarinho. E seu pai ontinuou: continuou: – Venha!– Estava esperando por você! Fizvocê! o bolo Venha!mesmo Estava mesmo esperando por Fizdeo fubá bolo de fubá ue vocêque tanto gostava quando quando pequena. você tanto gostava pequena. Deram–se, por fim, em aliviados. Deram–se, porabraços fim, em abraços aliviados.
Alana Menk Alana Menk Bacharel em Bacharel em audiovisual audiovisual pelo SENAC pelo SENAC em 2009, em 2009, atualmente, atualmente, aos 24 anos, aos 24 anos, cursa Letras cursa Letras na USP. Éna integrante do Coletivo USP. É integrante do Coletivo Lumika, grupo audiovisual que Lumika, grupo audiovisual que trabalha com as questões LGBT e LGBT e trabalha com as questões com temáticas referentesreferentes ao com temáticas ao universo juvenil. universo juvenil. Como realizadora audiovisual Como realizadora audiovisual trabalha como diretora trabalha comode diretora de fotografia,fotografia, roteirista eroteirista e pesquisadora. É contistaÉna pesquisadora. contista na carreira literária, o conto carreiratendo literária, tendo o conto “Zéfiro” premiado no Concurso “Zéfiro” premiado no Concurso Cultural Cranik deCranik Literatura Cultural de Literatura Fantástica, sendo publicado em Fantástica, sendo publicado em e–book noe–book ano deno 2012. ano de 2012. Ilustração de Nery
CONTO CONTO 25 25
MACHO APRENDIZADO MACHO APRENDIZADO por Ulisses TavaresTavares por Ulisses
26 POEMA 26 POEMA
nos ensinaram assim: assim: nos ensinaram car regar frente à frente carà regar hasteada a bandeira do pênis, do pênis, hasteada a bandeira nos ensinaram assim: assim: nos ensinaram car regar caratrás regar atrás um anusum com ar com madura. anus ar madura. nos ensinaram assim: assim: nos ensinaram car regar car regar meia vida à frente meia vida à frente meia morte meiaatrás morte atrás nos ensinaram tudo pelatudo metade. nos ensinaram pela metade. Ulisses Ulisses TavaresTavares
Ulisses Ulisses Tavares, 61 Tavares, 61 anos, escritor, anos, escritor, poeta e poeta e professorprofessor de de web marketing. web marketing. Além disso, é compositor, letrista, letrista, Além disso, é compositor, dramaturgo, roteirista e editor de dramaturgo, roteirista e editor de livros. Tem certeza não éque não é livros. Temque certeza bicha, mas morre de morre medo de quemedo que bicha, mas alguém pense que ele éque só porque alguém pense ele é só porque aceita e admite é normal aceita que e admite que é normal alguns homens gays outros algunsserem homens serem gays outros não. não. IlustraçãoIlustração de Nery de Nery
POEMA POEMA 27 27
PRECONCEITO PRECONCEITO
por Girlene Monteiro Porto Porto por Girlene Monteiro
Se todo viesse Se preconceito todo preconceito viesse Com ofensas e palavras Com ofensas e palavras SeriaSeria fácilfácil vencê-lo vencê-lo Mas, cuidado meus amigos, Mas, cuidado meus amigos, Que vivem um amor Que vivem um amor Pela intolerância proibido Pela intolerância proibido Pela sociedade condenado Pela sociedade condenado Pois,Pois, muitas vezes, muitas vezes, O preconceito vem vem O preconceito Aos socos e pontapés. Aos socos e pontapés.
28 POEMA 28 POEMA
G i r l e nG e i rMl o teM i r o nPt eoirrtoo P o r t o ene natural de VitóriadeES. Formada no natural Vitória ES. Formada no curso técnico Administração curso em técnico em Administração pelo colégio Estadual Estadual pelo secundário colégio secundário do Espírito formada doSanto, Espírito Santo, também formada também no curso Técnico Segurança do no cursoem Técnico em Segurança do trabalho pelo colégio Gonçalo trabalho peloSão colégio São Gonçalo de Vitória,deprofissão na qual atua, e atua, e Vitória, profissão na qual acadêmica do cursododecurso direito, acadêmica de direito, escritora escritora e poetisa. ParticipouParticipou do e poetisa. do projeto de incentivo a leitura o projeto de incentivo a um leitura o um poema em cada árvore, de ter poema em cadaalém árvore, além de ter seus poemas publicados também também seus poemas publicados na revistana eletrônica Varal do Brasil. revista eletrônica Varal do Brasil. IlustraçãoIlustração de Nery de Nery
POEMAPOEMA 29 29
STAR 61 audiovisual com Flaviano AndrĂŠ
A Star 61 surgiu em meados de 2003 em João Pessoa, Paraíba. De acordo com FLaviano André, vocalista da banda, o nome veio de um ensaio do escritor ALLAN POE, onde a ESTRELA DE NÚMERO 61 fora descoberta na constelação de CISNE. Então tiveram a idéia de unir o brilho da estrela, a ave e Poe. Os primeiros shows foram feitos ainda como duo, mas logo depois a banda se tornou um quarteto. Depois de um bom tempo literalmente vivendo em sebos culturais da cidade e pesquisando sobre música, movimentos e artes de um modo geral, Flaviano decidiu que iria resgatar a atitude, o glamour e acima de tudo a boa música deixado por gente como Maysa, Mutantes, Secos & Molhados, David Bowie, Roxy Music, T-Rex, Smiths, a turma da Jovem Guarda, e outros. Desde o início, a banda já possuía a proposta de quebrar paradigmas e paradoxos, de tentar unir todos através da música, sem nenhum tipo preconceito. Mostrou e ainda mostra para as pessoas que existe consciência no que faz, de modo que o vocalista não se traveste apenas para chamar a atenção. Há verdade no que é cantado, no que a banda sente e no que transmitem no palco. A banda não está totalmente ligada a um único movimento artístico-musical. Segundo Flaviano, as influências da banda são as mais diversas possíveis, a partir da qual fazem um resgate de várias décadas, retrabalhando-as em um contexto atual. Cada integrante da banda tem suas próprias referências, das quais grande parte se encaixa no som produzido. O baterista Alex Carvalho gosta do Rush, Faith No More, Pearl Jam, Van Halen, Primus, Genesis e bandas de Seattle. O baixista Fernando Lui gosta de The Cure, Weezer, Cocteau Twins, Ira, Plebe Rude e Talking Heads. O guitarrista João Sabino ama Tropicália, Jimi Hendrix, Bossa Nova, Mutantes, Secos & Molhados e Janis Joplin. E o vocalista Flaviano, Smiths, Morrissey, Jovem guarda, Suede, Diana e David Bowie. As músicas são compostas por Flaviano, mas existe um interação com os outros integrantes. Geralmente o vocalista leva as músicas prontas, onde durante os encontros e ensaios a banda vai VÍDEO 31
moldando, um espaço onde um cada um opina, trazendo moldando, em umem espaço onde cada opina, trazendo suas suas experiências musicais prol da produção experiências musicais em prol em da produção coletiva.coletiva. é o integrante que mantém um figurino e postura FlavianoFlaviano André éAndré o integrante que mantém um figurino e postura andróginos na Seus banda. Seuspossuem looks possuem andróginos na banda. looks sempre sempre alguma alguma relação relação com com e Marcas Bolan; do Morrissey, algo Newe Wave e uma atitude Bowie eBowie Marc Bolan; floresas doflores Morrissey, algo New Wave uma atitude Iggy Pop. Não há a imposição de que todos precisem se travestir, pois Iggy Pop. Não há a imposição de que todos precisem se travestir, pois temvibe. a sua vibe. Segundo Flaviano, "fazemos músicas, cada umcada tem um a sua Segundo Flaviano, "fazemos músicas, tocamostocamos & Roll, fazemos artenão e arte temPara sexo". Para o vocalista, Rock & Rock Roll, fazemos arte e arte temnão sexo". o vocalista, a bandaa banda por um determinado se identificar sua proposta. Não fica felizfica porfeliz um determinado público público se identificar com suacom proposta. Não de rótulos. é pra embalagens de supermercado", gostam gostam de rótulos. "Isso é "Isso pra embalagens de supermercado", afirma afirma Flaviano. Flaviano. "Estamos compartilhando vidas emde forma de melodias, "Estamos compartilhando nossas nossas vidas em forma melodias, comque gente quede gosta viver, comque gente sente livre através da com gente gosta viver,decom gente se que senteselivre através da arte". arte". Para a não banda, não há nada mais gratificante do que perceber do Para a banda, há nada mais gratificante do que perceber do palco, do público haja crianças com seus pais, batendo palco, que no que meionodomeio público haja crianças com seus pais, batendo e dançando 61. "Émomento nesse momento que noto que palmas palmas e dançando ao som ao do som Star do 61.Star "É nesse que noto que nosso trabalho estáem sendo nosso trabalho não estánão sendo vão".em vão". A seguir, você conferir pode conferir vídeo performance de A seguir, você pode o vídeoo performance de Descontrole, dano banda no Showlivre Day, 2012. Descontrole, sucessosucesso da banda Showlivre Day, 2012. http://youtu.be/-swCctH7GNw http://youtu.be/-swCctH7GNw Star 61 Star 61 Flaviano André voz, Guitarra Flaviano André voz, Guitarra Fernando Lui baixo Fernando Lui baixo João Sabino João Sabino guitarraguitarra Alex Carvalho Alex Carvalho bateria bateria
Flaviano Flaviano André André C a n tC o ra ,n t o r compositor compositor e guitarrista d guitarrista da b a n bd aa n d St paraibanaparaibana Star 61. Começo 61. Começou suaartística carreiraem artística em 1999 com sua carreira 1999 como e da vocalista banda Bon violinista eviolinista vocalista banda da Bona Dea. mesmo Nesse período mesmo período Dea. Nesse já teoria musical, estudavaestudava teoria musical, violão violã técnica popular epopular técnicae vocal emvocal João em Joã Pessoa.três Durante anos fez par Pessoa. Durante anos três fez parte do coral sinfônico daonde cidade, ond do coral sinfônico da cidade, das gravações participouparticipou das gravações de um de u Carlos Gome álbum daálbum ópera da de ópera Carlosde Gomes "O Guarani". 2003,aformou "O Guarani". Em 2003,Em formou banda em pouc banda Star 61, Star que 61, em que pouco menos seis já meses menos de seis de meses era já e apontada como revelação d apontada como revelação do festival norte-rio-grandense festival norte-rio-grandense MADA MAD na noite mesma noite qu de 2004,dena2004, mesma que e Sepultura. Em 200 Rappa eRappa Sepultura. Em 2005, a etapa do concurs venceu a venceu etapa Recife doRecife concurso "É claro que componente é rock", componen "É claro que é rock", do nacional festival nacional "Abril p do festival "Abril pro Rock", com tocando comcomo artistas com Rock", tocando artistas Los Hermanos, Pop, Son Los Hermanos, Iggy Pop,Iggy Sonic Youth, Placebo Nação Zumb Youth, Placebo e Nação eZumbi. Depois cinco anos rodando Depois de cinco de anos rodando o Brasil com atualmente shows, atualmente Brasil com shows, a banda em reside São Paul banda reside São em Paulo, conquistando conquistando cada vezcada maisvez a mais do epúblico e da crític simpatia simpatia do público da crítica especializada. especializada.
SĂŠrie can mycome friends come over? SĂŠrie Mom, canMom, my friends over? de Strangelfreak FotografiaFotografia de Strangelfreak , 2011. , 2011.
DE CONTA FAZFAZ DE CONTA
porFlor Maria Flor por Maria
Esbanjava egoísmo e desrespeito por natureza. Esbanjava egoísmo e desrespeito por natureza. Fingia Fingia capacidade amor incondicional. E nadelinha de raciocínio capacidade de amordeincondicional. E na linha raciocínio do amordo amor incondicional, filho no mundo. incondicional, colocou colocou um filho um no mundo. violentava o menino ao tocá-lo. menos tocá-lo. Tempos Tempos depois, depois, violentava o menino sem ao sem menos suas dúvidas, seus receios, suas certezas, Fazia-o Fazia-o enterrarenterrar suas dúvidas, seus receios, suas certezas, suas suas alternativas. além!o Levou menino para “consertar” no terapeuta. alternativas. Foi além!Foi Levou meninoo para “consertar” no terapeuta. Com Com isso, rasgou-lhe a alma ao meio e seguiu adiante, fingindo isso, rasgou-lhe a alma ao meio e seguiu adiante, fingindo falta defalta de percepção. percepção. - Comportamento estranho, esse menino tem, doutor. Vive - Comportamento estranho, esse menino tem, doutor. Vive chorando no quarto, de porta trancada. Outro dia rasgou a roupa e a pele. chorando no quarto, de porta trancada. Outro dia rasgou a roupa e a pele. O fiz que fiz de errado? Dou quer. Roupas, festas...ganhou O que eu deeu errado? Dou tudo quetudo ele que quer.ele Roupas, festas...ganhou até um carro. até um carro. Dissimuladamente, considerava-se mentalmente e moralmente Dissimuladamente, considerava-se mentalmente e moralmente sadia.problemáticos Afinal, problemáticos os Ela outros. Ela não julgava não fazer parte sadia. Afinal, eram oseram outros. julgava fazer parte dosEla outros. Elanão julgava nãoprópria ser elaoprópria grande problema dos outros. julgava ser ela grandeoproblema do filho. do filho. menino de pertences sequer perguntava Supria oSupria meninoo de pertences caros, e caros, sequereperguntava como como ele se Sequer sentia. Sequer questionava se ele bem, estavasebem, se feliz. estava feliz. ele se sentia. questionava se ele estava estava Sequer perguntava o caminho eleseguir, querianem seguir, nem imaginava que Sequer perguntava o caminho que ele que queria imaginava que profissão teria. dava-lhe Sequer dava-lhe umeabraço menos ainda dizia: - Sua profissão ele teria.ele Sequer um abraço menoseainda dizia: - Sua está aqui, evamos juntos,até vamos o fim do Fazia mundo. de conta... mãe estámãe aqui, e juntos, o fimaté do mundo. deFazia conta...
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a rr i a F l o r M a r i a FMl o a s p i r a n taes pai r a n t e a e s c r i t oersac, r i t o r a , sceu em n a s c e u n ea m Recife, Recife, em 28 em 28 de setembro de setembro d e 1 9 7 7d,e e1 9 7 7 , e m o r a mn oa r a n a mesma É cidade. É cientista da mesma cidade. cientista da computação, e apaixonada por computação, e apaixonada por livros. Tomou pela livros. Tomou gosto pelagosto leitura na leitura na infância, decorrência das histórias infância, decorrência das histórias em quadrinhos queliaseu em quadrinhos que seu pai na pai lia na hora de dormir. De hora de dormir. De tanto ler,tanto ler, falar e escrever. aprendeuaprendeu a falar ea escrever. t ef e és sporroaf,e s s o r a , A t u a l m eAnt u t ea l ém epnr o palestrante de artigos palestrante e autora edeautora artigos e internacionais, mas nacionaisnacionais e internacionais, mas a sua área de formação. restritos arestritos sua área de formação. E m b u sE c am dbeu secxap adnes ãeox pdaen s ã o d e horizontes, e por necessidade de horizontes, e por necessidade de expressão, anda escrevendo mais; expressão, anda escrevendo mais; a ,s caogi o r as, dcao i sv ai dsa .d a v i d a . m a s a g omr a sa Frequentemente revive o passado: Frequentemente revive o passado: lendo para histórias lendo histórias seu para filho, seu na filho, na hora de dormir. hora de dormir. IlustraçãoIlustração de Nery de Nery
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O CORPO OCULTO DA MASCULINIDADE por Margarida do Amaral Silva
Resumo: Ao considerar que as pessoas produzem sentidos em meio às relações sociais, este texto tem uma perspectiva voltada a desnaturalizar construções do cotidiano associadas à circulação imagética do corpo masculino no universo midiático da internet. Ficou entendido que, de uma perspectiva menos comum, talvez seja possível apresentar certa reflexão que descortine possibilidades de ler as configurações da imagem pública, mais precisamente, da nudez masculina. O que se tenciona é a aproximação da desconstrução de uma retórica da verdade relativa ao corpo “não-fálico” que, no contexto atual da internet, já possui outros tantos contornos simbólicos para expressar a imagem do homem e de sua corporeidade. Palavras-Chave: Corpo; Masculinidade; Internet. 1. Ocultando aquela outra masculinidade É bem verdade que a exposição figurativa da nudez masculina, ao longo dos séculos, tem assumido conformações culturais das mais diversas. No entanto, cabe fazer saber que, na atualidade, a representação pública do corpo, em universos de sentidos que configuram a internet, passaram a desfazer a imagem do homem fálico. A ideia do nu não é mais subsidiada somente pela presença enfática da lógica essencialista e naturalizada do indivíduo que porta o “sexo masculino”, acompanhada de uma suposta heterossexualidade essencial ou complementar. Agora, existe a apresentação do sujeito masculino portador de outros “dotes” físicos e que, quase sempre, está desprovido do emblema fálico, que é filtrado pelos tabus contemporâneos que margeiam em igual medida o erotismo e o proibido. Pode-se confirmar que a visão e as versões para homem e para as formas de masculinidade de fato estão 36 ARTIGO
sofrendosofrendo alterações na mídia.na mídia. alterações Mas, porMas, outro que essa porlado, outrocabe lado,colocar cabe colocar queconstrução essa construção supostamente nova da corporeidade de um dito homem másculo porta porta supostamente nova da corporeidade de um dito homem másculo algumasalgumas significações que remetem, comumente, à visualização de um de um significações que remetem, comumente, à visualização tipo de corpo que expressa outros sentidos da masculinidade. Na verdade, tipo de corpo que expressa outros sentidos da masculinidade. Na verdade, tem-se ainda que a composição simbólicasimbólica do homem cujas imagens tem-se ainda que a composição do viril, homem viril, cujas imagens circulamcirculam particularmente na internet, não maisnão se remetem com precisão particularmente na internet, mais se remetem com precisão ao falo, ao porque a tradução do modelo naturalizado de falo, transpuseram porque transpuseram a tradução do modelo naturalizado de homem para outras corpóreas, a exemplo da virilha, tórax,do tórax, homem paradimensões outras dimensões corpóreas, a exemplo dado virilha, das costas, braços, nádegas, da barriga, face, da dosface, cabelos. O dasdos costas, dosdas braços, das nádegas, da da barriga, dos cabelos. O que passa definir aum homem na mídianaeletrônica está longe ser de ser quea passa definir um homem mídia eletrônica estádelonge somentesomente o seu falo, porque outras são ressaltadas o seu falo,agora porque agoracaracterísticas outras características são ressaltadas como sendo físicos”, sejam eles estigmatizados ou pitorescos, como“atributos sendo “atributos físicos”, sejam eles estigmatizados ou pitorescos, pois os gestos subsidiam essa nova corporeidade do homem pois ostambém gestos também subsidiam essa nova corporeidade do homem exposto na rede. na rede. exposto É por esta constatação que se demonstra a emergência da É por esta constatação que se demonstra a emergência da desconstrução desta matriz masculina contemporânea, a qual reúne na desconstrução desta matriz masculina contemporânea, a qual reúne na internet outras tantas vertentes para apreciação do fenômeno cultural que internet outras tantas vertentes para apreciação do fenômeno cultural que ratifica aratifica exposição pública dos corpos de homens (heterossexuais ou a exposição pública dos corpos de homens (heterossexuais ou não). Emnão). geral, existe um fenômeno midiático que passou a incidir na Em geral, existe um fenômeno midiático que passou a incidir na composição dos corpos e “politicamente corretos”corretos” para a para a composição dos não-fálicos corpos não-fálicos e “politicamente exposição pública. pública. Percebe-se aí uma aí tensão e exposição Percebe-se uma entre tensãoocultamento entre ocultamento e corporeidades públicas,públicas, artifício artifício muito utilizado em outros corporeidades muito utilizado em artefatos outros artefatos culturaisculturais como filmes novelas para atrair a audiência, ou aindaoupara comoe filmes e novelas para atrair a audiência, ainda para suprimir suprimir qualquerqualquer contraposição tradicionalista ou hostilouaos modelos contraposição tradicionalista hostil aos modelos corpóreos que estão sendo veiculados. corpóreos que estão sendo veiculados. 2. Do discurso não-fálico 2. Do discurso não-fálico As imagens atuais do corpodomasculino são portadoras do As imagens atuais corpo masculino são portadoras do desejo edesejo do poder fundados em rótulos e prescrições, regulados por e do poder fundados em rótulos e prescrições, regulados por normas normas explícitas (principalmente legais) ou implícitas (sobretudo explícitas (principalmente legais) ou implícitas (sobretudo culturais), todas imputadas pelos mais diversos campos discursivos. culturais), todas imputadas pelos mais diversos campos discursivos. Propondo que os sentidos da masculinidade são oriundos de construções Propondo que os sentidos da masculinidade são oriundos de construções sociais, sociais, coloca-se em questão aqui esse empreendimento coletivo coletivo é coloca-se em questão aqui esse empreendimento é interativo, como disse Spink (2004), vezuma que vez as pessoas constroem interativo, como disse Spinkuma (2004), que as pessoas constroem os significados na medida que “compreendem e lidam com situações e os significados naem medida em que “compreendem e lidam com situações e fenômenos a sua volta” (p.volta” 48). (p. 48). fenômenos a sua Se a produção de sentidos é um processo interativo, a matriz a matriz Se a produção de sentidos é um processo interativo, que produz condensar figurativamente a tipificação de que formas produz para formas para condensar figurativamente a tipificação de homens homens e suas ecorporeidades perpassaperpassa por questões históricas e suas corporeidades por questões históricas e culturais. Mas, aoMas, mesmo tempo, tempo, são taissão construções que nosque nos culturais. ao mesmo tais construções possibilitam lidar com os com fenômenos do cotidiano, os quaisossão possibilitam lidar os fenômenos do cotidiano, quais são ARTIGO ARTIGO 37 37
(re)produzidos e veiculados pelas construções simbólicas dos grupos. Ao entender, como fez Spink (2004), que as práticas discursivas possuem como elementos aglutinadores como a dinâmica (que são enunciados orientados por vozes), as formas (que são formas mais ou menos fixas de enunciados), os conteúdos e os repertórios linguísticos, abrem-se possibilidades de se apreciar o sentido interativo dos enunciados veiculados pela internet segundo a figuração da imagem masculina na atualidade. A linguagem midiática da internet abrange reconhecidamente um ambiente que conforma ideias sobre assuntos diversificados, sendo que sua participação no processo de construção e circulação de repertórios sobre as corporeidades é bastante expressiva. As narrativas midiáticas sobre a corporeidade fundam modalidades de imaginário articuladas às práticas discursivas que tornaram observáveis e recorrentes o sistema sexo/gênero e as marcações corpóreas de poder. Conforme propõem Medrado e Lyra (2008), seria relevante apreciar o campo das masculinidades a partir de alguns delineamentos precisos: 1) a organização social das masculinidades em suas inscrições e reproduções locais e globais; 2) o modo como os homens entendem e expressam identidades de gênero; 3) os produtos de interações sociais dos homens com outros homens e com mulheres, ou seja, a dimensão relacional do gênero; 4) a dimensão institucional das masculinidades em meio a dispositivos e relações. Por outra vertente, ao considerar Welzer-Lang (2011), haveria importância em refletir sobre a construção do masculino em meio a definições de homofobia e heterossexismo, analisando habitus, esquemas, o ideal viril (homofóbico e heterossexual), elementos estes que para o autor constroem e fortalecem a identidade e a dominação masculina. No entanto, este texto é uma exposição breve mediada pelas duas proposições supracitadas, porque esta composição crítica está inclinada a repensar o adestramento dos corpos masculinos ou masculinizados. Refletindo os delineamentos do poder e dos símbolos com vistas à Foucault e à Bourdieu, nesse conjunto se retoma igualmente Butler para propor uma leitura da regulação dos corpos. Contudo, desde já, é importante evidenciar que o objetivo deste estudo está bem mais relacionado às peculiaridades socioculturais implícitas em supostos delineamentos corpóreo-posturais e interacionais mediados pelas imagens. Assim, o que será intitulado aqui de “perspectiva”, de certa forma, é a retomada de uma tipologia narrativa que agrega símbolos “como instrumentos por excelência de representação da 'integração social'” (Bourdieu, 2004, p. 10). Mas, por outro prisma, a perspectiva também será relida como parte de “um discurso que põe em jogo o poder e o desejo” (Foucault, 2009, p. 21) e, por vezes, como “tática disciplinar que 38 ARTIGO
O CORPO OCULTO DA MASCULINIDADE
coloca em ordem uma multiplicidade dada, sendo base de uma microfísica de poder 'celular'” (Foucault, 2008, p. 127). O investimento do poder no corpo, descrito inicialmente por Foucault (1984) e ampliado por Butler (2003), requer estratégias distintas em tempos diferentes, Com o advento dos meios de comunicação, as estratégias de produção dos corpos e das sexualidades atingem mais rapidamente, e de forma mais eficiente, os corpos. Através da imaginação, ativadas pela circulação incessante de imagens e textos, o simbólico se encarrega de proliferar, produzir e incitar a sexualidade (Borges, 2011, p.70). Seguindo tais pressupostos, é válido precisar que os conjuntos imagéticos que veiculam imagens atualizadas do masculino, na verdade, fazem circular mais do que comportamentos interacionais e posturais de uma época. Estão sendo evidenciadas relações socioculturais sustentadas por discursos (in)visíveis. As imagens dos corpos “selecionados” e “arquivados” pela e na mídia tem perpetuado complexas redes de negociações do poder que sustentam a naturalização e a reedição de marcas e inscrições para os corpos. A partir da seleção oriunda de um buscador popular de imagens na internet, considera-se que existe um formato próprio adotado para o corpo masculino quando são buscadas terminologias como homem e masculino, conforme se vê a seguir:
Perspectiva 1. Imagens selecionadas da internet a partir da modalidade de busca de imagens pelas palavra-chave “homem” e “masculino”. Fonte: Google, 2013. MARGARIDA DO AMARAL SILVA
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Agora, o que se chama neste contexto de corpo oculto da masculinidade potencialmente representa, nos objetos midiáticos em questão, as intenções e interações corporais que evocam e sustentam discursos de poder em tais dimensões figurativas. É necessário, por isso, um foco especial para as premissas que tornaram as imagens sexistas, que estão na internet, os interlocutores populares de uma teoria mais geral das relações sociais. A monumentalização do corpo do próprio indivíduo, com foco particular para as narrativas daquilo que seria a nudez do homem atual, subsidia uma reflexão pelo pressuposto de Butler (2005), segundo o qual são as práticas reguladoras que produzem os corpos, governando seus contornos e movimentos. Nesse tocante, a imagem pública dessa “masculinidade oculta” emerge com força para demonstrar uma forma institucional concreta para os corpos que se apresentam como produtos da conduta humana e como demarcações discursivas. Um exemplo dessa dita masculinidade oculta, por um lado, é constatada ao se buscar outras imagens na internet, mas agora a partir de expressões como homem nu e nudez masculina. Nota-se agora que a ausência de ênfase fálica - que já foi muito primada principalmente pelas produções artísticas do Renascimento – é o que sobressai nos discursos midiáticos:
Perspectiva 2. Imagens selecionadas da internet a partir da modalidade de busca de imagens pelas palavra-chave “homem nu” e “nudez masculina”. Fonte: Google, 2013. 40 ARTIGO
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Margarida Amara Mest Gest Patri Cultur PUCGoiás Mestra em Antropologia Social UFG (2011). Doutora em Psicologia pela PUC-Goiás. Atua n Reitoria de Pesquisa Graduação da UFG. Destaque de outros tra relevantes: É pesquis bolsista subsidiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do de Goiás/FAPEG, sendo vinculada ao Grupo de Pesquisa "Espaço, Sujeito e Existência" Instituto de Est Socioambientais da Universidade Federal de Goiás.
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SĂŠrie Mom, can my friends come over? fotografia de Strangelfreak, 2011.
POLKA POLKA audiovisual com Paulo audiovisual comAzeviche Paulo Azeviche
Paulo Azeviche é um anúncio de um futuro Paulo Azeviche é um anúncio de ummenos futuro Rivotrílico menos Rivotrílico e muito emais sistólico! Emo-globinas, glóbulosglóbulos de cabelo-neon e muita e muita muito mais sistólico! Emo-globinas, de cabelo-neon fagocitose. Azeviche não é conserva. É energia cinética.cinética. Enérgico. Uma Uma fagocitose. Azeviche não é conserva. É energia Enérgico. das raras luzes bem-sucedidas em contagiar e reconduzir à alegriaà as das raras luzes bem-sucedidas em contagiar e reconduzir alegria as pessimistas-otimistas pessoaspessoas que sempre atrai. É atrai. Brasil,É brasiliano, pessimistas-otimistas que sempre Brasil, brasiliano, mundo,mundo, mundiano. O elixir O doelixir hanseníaco moral! Com seu novo mundiano. do hanseníaco moral! Com seuCD novo CD "Abaixo"Abaixo a cueca"a está de está comportas abertasabertas para as para forças cueca" de comportas ashidráulica, forças hidráulica, termelétrica e eólicae da felicidade de língua fora, a termelétrica eólica da felicidade de pra língua pralavando fora, lavando a iniqüidade cerebral, energizando as bocas, regras eregras ventando iniqüidade cerebral, energizando ascagando bocas, cagando e ventando as cabeleiras doidas! doidas! Paulo Azeviche é safra édesafra neurotransmissores: as cabeleiras Paulo Azeviche de neurotransmissores: inundação dáimicadáimica de serotonina, povos e línguas. Davi contra inundação de serotonina, povos e línguas. Davi contra qualquer Golias! Golias! qualquer O CD aspira diversão e inspira tendo como O CD àaspira à diversão e bom-humor, inspira bom-humor, tendo como mote principal a música "Abaixo"Abaixo a Cueca" - composta por Paulo mote principal a música a Cueca" - composta porCoelho Paulo Coelho e Zé Rodrix de 1979, conta a participação luxuosíssima do e Zé -Rodrix - deque 1979, quecom conta com a participação luxuosíssima do pioneiropioneiro do glitter/glam nacional, Edy Star. Com produção musicalmusical de do glitter/glam nacional, Edy Star. Com produção de Paulo Baiano e Adriano Gorni, oGorni, discootraz também composições Paulo Baiano e Adriano disco traz também composições inéditasinéditas de Azeviche com os com pianistas AdrianoAdriano Gorni e Gorni FelipeeMagaldi, de Azeviche os pianistas Felipe Magaldi, bem como dos compositores contemporâneos Mathilda bem músicas como músicas dos compositores contemporâneos Mathilda Kovak, Kovak, Marcos Marcos Sacramento e PauloeBaiano, Ruy Fernando Barboza, Sacramento Paulo Baiano, Ruy Fernando Barboza, Luís Capucho e Rogério Skylab, Skylab, tendo sido gravado no Studio Luís Capucho e Rogério tendo sido gravado no Gorni Studio Gorni (Campinas), Carbonos EstúdioEstúdio (São Paulo) Escritúdio Cobaia Cobaia (Rio de (Rio de (Campinas), Carbonos (SãoePaulo) e Escritúdio Janeiro). Janeiro). O C D Op oCd D e speord ea dsqeuri rai ddoq uei rnivdioa nednov ieam a raai l p a r a n daoi l epm assessoria.meribah@gmail.com, especificando a quantidade desejada assessoria.meribah@gmail.com, especificando a quantidade desejada ou pelo http://produto.mercadolivre.com.br/MLBou endereço: pelo endereço: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB471432195-paulo-azeviche-abaixo-a-cueca-cd-_JM. 471432195-paulo-azeviche-abaixo-a-cueca-cd-_JM. Por meio bem-humorado videoclipe da faixada"Polka", Pordomeio do bem-humorado videoclipe faixa "Polka", composta por Rogério Skylab, Skylab, o lançamento do disco ser a ser composta por Rogério o lançamento do veio discoa veio anunciado. E é descendo de naves vindas dos filmes anunciado. E é descendo deespaciais naves espaciais vindas dosVegas filmes Vegas in Spacein(1991) LiquideSky (1982) Azeviche e seus companheiros Spacee(1991) Liquid Skyque (1982) que Azeviche e seus companheiros totêmicos reproliferam um pós-pós-punk e um yes-yes-glam! É geléiaÉ geléia totêmicos reproliferam um pós-pós-punk e um yes-yes-glam! 46 VÍDEO 46 VÍDEO
adioativa, mordidas radiopassivas! Extraterrestres metadônicos radioativa, mordidas radiopassivas! Extraterrestres metadônicos proveitando o que háo de no bom Planeta Terra. Choque! Tomadas e fios e fios aproveitando quebom há de no Planeta Terra. Choque! Tomadas esencapados de Itaipu: para se para divertir desde não desencapados deprepare-se Itaipu: prepare-se secomo divertir como1980 desde 1980 não contece. E é o refrão "Polka" que vemque anunciar aquilo que nosque une,nos une, acontece. E é ode refrão de "Polka" vem anunciar aquilo esde as nações judaico-cristãs às candomblaico-umbandãs: o chamado desde as nações judaico-cristãs às candomblaico-umbandãs: o chamado ara darpara - verbo EmboraEmbora domesticada a realidade 30 anos30 anos dar -intransitivo! verbo intransitivo! domesticada a realidade pós 1980, monstro e o Lago osViva bacilos de apósainda 1980,vivem ainda ovivem o monstro e oNess. LagoViva Ness. os bacilos de Monera,Monera, o Reinooda resistência! Reino da resistência!
Você está a assistir à chanchada mais mais Vocêconvidado(a) está convidado(a) a assistir à chanchada HS/Windows 95 destes puroem chroma-key. VHS/Windows 95blu-ray destestimes, blu-rayem times, puro chroma-key. O videoclipe da música O videoclipe da POLKA! música POLKA! http://www.youtube.com/watch?v=I2Nk7KcK_2k http://www.youtube.com/watch?v=I2Nk7KcK_2k Elenco Elenco artístico artístico Luiz do Patrocínio Luiz do Patrocínio Lucas Delfino Lucas Delfino TamaraTamara GigliottiGigliotti Fernando Catto Catto Fernando Danielli Danielli MendesMendes Tati Benone Tati Benone Produção musicalmusical Produção Paulo Baiano Adriano Gorni Gorni Paulo eBaiano e Adriano
P a u Pl ao u l o AzeviA c hz e v i c h e FormadoFormado em em Comunicação Comunicação Social S pe o lcai a l p e l a Unicamp,Unicamp, já participou de diversas já participou de diversas atividadesatividades culturais proporcionadas culturais proporcionadas por editaispor públicos, desde shows a shows a editais públicos, desde pesquisas musicais musicais para trilhas pesquisas para trilhas s o n o r a ss odneo rcausr t ad-em e t rrat a g -em ne s tragens cu homoeróticos. Também Também participouparticipou homoeróticos. das gravações do premiado filme das gravações do premiado filme "Bailão" de Marcelo sobre "Bailão" deCaetano, Marcelo Caetano, sobre homossexuais idosos. idosos. homossexuais Em 2011,Em apresentou seu showseu em show em 2011, apresentou eventos eventos LGBT. Se apresentou LGBT. Se apresentou também em uma invasão MST do MST também em uma do invasão nas redondezas de Americana-SP. nas redondezas de Americana-SP. Cantou oCantou Hino Nacional BrasileiroBrasileiro o Hino Nacional n a a b e rnt u no c inaf e r ê n c i a a r aa bdear t uCroan fdear êC MunicipalMunicipal LGBT deLGBT Campinas, na de Campinas, na prefeituraprefeitura da cidade. da Ainda cidade.em Ainda em 2 0 11 , i n2t0e11 g r ,o ui n o t e gqruoaud roo qduea d r o d e a t i v i d a daet isv i a d ratdí setsi c a rst í d s tai cIaI s d a I I Conferência Nacional Nacional LGBT em Conferência LGBT em B r a s í l i Ba r ae s cí loi am peô sc om mepsôas m e s a d e b a t e ddoerbaa tLeGdB oT r a nLoG S BE T SnCo S E S C CampinasCampinas e no Instituto Artes da e node Instituto de Artes da Unicamp,Unicamp, onde se onde graduou em se graduou em Comunicação Social (Midialogia). Comunicação Social (Midialogia). Em 2012, o show o show Emapresentou 2012, apresentou "Abaixo a"Abaixo Cueca"ano auditório do Cueca" no auditório do Insitituto de Ates da e na Insitituto deUnicamp Ates da Unicamp e na Assembléia Legislativa de São de São Assembléia Legislativa Paulo. Agora, 2013,em lança seulança seu Paulo.em Agora, 2013, primeiro disco, viabilizado por edital por edital primeiro disco, viabilizado de cultura Programa de Ação de Ação de –cultura – Programa Cultural LGBT (ProAC) Cultural LGBT–(ProAC) – costurando uma musicalidade costurando uma musicalidade homoerótica nestes tempos homoerótica nestes de tempos de pura anodinia. Paulo Azeviche pura anodinia. Paulo Azeviche recebeu recebeu em março 2013deo 2013 o em de março Troféu Triângulo Rosa do Rosa Grupodo Grupo Troféu Triângulo Gay da Bahia pelo resgate Gay da Bahia pelomusical resgate musical homoerótico proporcionado por seu por seu homoerótico proporcionado álbum. álbum.
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por Adeilson de Oliveira por Adeilson CamiloCamilo de Oliveira e Marcela Cristina Cordeiro e Marcela Cristina Cordeiro
Uma questão de gênero a atenção em saúde Uma questão de gênero aborda aborda a atenção primáriaprimária em saúde pública ao segmento LGBTTT pela perspectiva de profissionais da pública ao segmento LGBTTT pela perspectiva de profissionais da área deárea de enfermagem, olhar preciso de está quem de do frente do enfermagem, com o com olhar opreciso de quem naestá linhanadelinha frente atendimento a travestis e transexuais. atendimento a travestis e transexuais. Transfobia, de informações e toda espécie de preconceito, Transfobia, falta de falta informações e toda espécie de preconceito, são combatidos e enfrentados como primeiro obstáculo para de são combatidos e enfrentados como primeiro obstáculo para garantiagarantia de a esta clientela. serviçosserviços a esta clientela. livro detalhes como atendimento, acolhimento e Neste Neste livro detalhes como atendimento, acolhimento e capacitação de profissionais da saúde são abordados com precisão capacitação de profissionais da saúde são abordados com precisão cirúrgica ao trazer a público de solucionar problemas e cirúrgica ao trazer a público formasformas de solucionar problemas e implementar importantes. implementar políticaspolíticas públicaspúblicas importantes. Asdiretrizes novas diretrizes publicadas noOficial Diário da Oficial daeUnião e As novas publicadas no Diário União assinada a 14º Conferência Nacional de Saúde, juntoa com a assinada durantedurante a 14º Conferência Nacional de Saúde, junto com resolução queo criou Plano Operativo da Política Nacional de Saúde resolução que criou Planoo Operativo da Política Nacional de Saúde Integral LGBT, que vão contribuir para a redução das desigualdades e Integral LGBT, que vão contribuir para a redução das desigualdades e consolidação do SUS como universal, integral e equitativo. Para atingir consolidação do SUS como universal, integral e equitativo. Para atingir esse objetivo, umamedidas das medidas é o reforço da capacitação dos esse objetivo, uma das é o reforço da capacitação dos profissionais para atendimento ao público LGBT, assim como o estímulo à profissionais para atendimento ao público LGBT, assim como o estímulo à participação no controle social, por meio dos conselhos de saúde nos participação no controle social, por meio dos conselhos de saúde nos e municípios. O profissional enfermeiro hoje com a criação do estadosestados e municípios. O profissional enfermeiro hoje com a criação do ESF, tornou-se a porta de entrada da comunidade a adesão uma saúde ESF, tornou-se a porta de entrada da comunidade a adesão de umade saúde se não acontece este atendimento, o mesmo fere o princípio integral,integral, onde seonde não acontece este atendimento, o mesmo fere o princípio da equidade e universalidade da equidade e universalidade O Brasil, como demonstrado nestetem livro, tem avançado em O Brasil, como demonstrado neste livro, avançado em aspectos se arefere a Políticas Públicas de Saúde ao muitos muitos aspectos quandoquando se refere Políticas Públicas de Saúde ao atendimento aode grupo de transgêneros, transexuais e travestis. Contudo, atendimento ao grupo transgêneros, transexuais e travestis. Contudo, aindamuito está distante muito distante de alcançar a equidade e a igualdade no ainda está de alcançar a equidade e a igualdade no atendimento de homossexuais, em especial àqueles que adotam não só atendimento de homossexuais, em especial àqueles que adotam não só uma orientação sexual, caracterizada como anormal pela sociedade, uma orientação sexual, caracterizada como anormal pela sociedade, como também assumem uma caracterização de acordo com sua como também assumem uma caracterização de acordo com sua adequação psicológica e sexual. adequação psicológica e sexual. Brasilnão ainda nãolidar sabe lidar com a homossexualidade O BrasilOainda sabe com a homossexualidade para para além do carnaval, ou seja, como prática sexual. É como o gay caricato que além do carnaval, ou seja, como prática sexual. É como o gay caricato que se despontam na divertido mídia, divertido e amigável, aceito por mas todos, mas se despontam na mídia, e amigável, aceito por todos, enquanto assexuado, pois nãoexpressar pode expressar sua sexualidade. enquanto assexuado, pois não pode sua sexualidade. ApenasApenas nos Estados do Rio Grande Sul e as travestis e transexuais nos Estados do Rio Grande do Sul edo Piauí asPiauí travestis e transexuais tem o tem o direito de usarem desexual”, nome sexual”, o mesmo direito de usarem “carteira“carteira de nome tendo otendo mesmo valor davalor RG, da RG, mas saindo do Estado o preconceito continua: aparências femininas mas saindo do Estado o preconceito continua: aparências femininas aprisionadas em “O” artigos “O” e masculinos. nomes masculinos. aprisionadas em artigos e nomes A situação de discriminação de especialização dos A situação de discriminação falta defalta especialização dos profissionais nos serviços de denuncia saúde denuncia quehá ainda há necessidade profissionais nos serviços de saúde que ainda necessidade uma evolução de atenção a população de umadeevolução na áreanadeárea atenção a população LGBT. LGBT. AtitudesAtitudes RESENHA 49 RESENHA 49
discriminatórias afetam a relação médico-paciente, e demais profissionais, obstaculiza políticas de educação e prevenção, afeta a credibilidade do sistema de saúde e impede que usuários criem vínculos com a atenção básica, sendo este um dos objetivos do Programa Estratégia da Saúde da Família (ESF). Observando o atendimento ao grupo em questão na rede pública, os autores desta obra puderam conviver e se deparar com várias situações de despreparo no atendimento e descriminação por parte, não só dos profissionais de saúde, como dos usuários, pois qual trabalhador da área de saúde já não presenciou a entrada “glamurosa” de uma travesti na unidade de saúde, que independentemente da genitália masculina que possui num corpo feminilizado, desperta curiosidade, medos e fantasias de todo tipo de ordem? Notamos a importância da publicação deste livro, por acreditar que se trata de uma causa de intervenção pública e problema urgente de Saúde Pública, pois com o afastamento das mesmas das Unidades Básicas e de um tratamento digno, e com as práticas ilícitas de prostituição, na maioria das vezes financiadas por homens casados e pais de família em busca de prazer exacerbado, são propostas as práticas sexuais sem preservativo e, devido às necessidades de sobrevivência, são submetidas a riscos de DST's e HIV, tornando-se vítimas e disseminadoras destas. Na execução da obra, observou-se que por falta de um atendimento acolhedor e humanizado nas Unidades Básicas, e que atendam as necessidades específicas do grupo, na maioria das vezes a procura deste grupo é pelo atendimento médico nas atenções secundárias ou terciárias, quando patologias já estão instaladas cronicamente, ocasionando o atendimento tardio, que resultam em seqüelas, ou até mesmo a óbito. Dessa forma observam-se a necessidade de uma atuação rápida por parte dos gestores da área da saúde, na capacitação aos profissionais de saúde na atenção primária, abrindo as portas ao grupo abordado, propostas práticas de capacitação ao profissional enfermeiro, de acordo com possibilidades oferecidas, tendo como pontos de aspectos negativos a falta de material disponível específico que aborde as práticas de atuação do enfermeiro e sua equipe ao público LGBT, ressaltando uma visão holística desse profissional não só as doenças sexualmente transmissíveis, como as patologias sujeitas a qualquer heterossexual. Assim entende-se que o enfermeiro é um disseminador da quebra do preconceito entre usuários da rede pública e o segmento, fazendo valer o princípio da igualdade e equidade, que são uns dos objetivos deste trabalho, e que só conseguirá executar sua consulta de enfermagem, ou uma abordagem humanizada, quando o mesmo for 50 RESENHA
resolvido sexualmente em suas questões sexuais pessoais, independente das questões sociais, raciais e religiosas. Espera-se chamar a atenção também, com esta publicação, para existência das Políticas Nacionais, Estaduais e Municipais em Saúde Integral LGBT, como um direito que deve ser respeitado, pois as inúmeras práticas abrem um leque ao segmento abordado, dando melhores condições de vida, fazendo valer e trazendo à tona o respeito e a dignidade humana. Sabe-se que as ações do enfermeiro hoje são consideradas a porta de entrada e são responsáveis pela adesão do usuário às unidades e ao tratamento, pois em sua atuação no ESF, com abrangência da área reduzida por equipes, com auxílio dos agentes comunitários, tornou-se fácil a busca ativa do segmento abordado. Dessa forma o enfermeiro tem condições de desenvolver um trabalho acolhedor, humanizado e abrangente de acordo com a necessidade de cada indivíduo, fazendo valer os princípios do SUS. Na obra questões como resgate histórico da sexualidade, sexualidade x sociedade no Brasil, orientação sexual, homofobia, lesbofobia e transexualidade, sexualidade, orientação sexual e identidade de gênero, homossexualidade ao invés de homossexualismo, saúde para o público LGBT, programas de atendimento ao público LGBT e Políticas Públicas especificas ao segmento, abordagem na consulta de enfermagem ao travesti e transexual, orientações para práticas e cuidados de enfermagem ao segmento LGBT, onde abordamos todos os tipos de orientações desde as DST(s), hepatites, HIV, patologias comuns a qualquer cidadão da sociedade, como o exame de próstata, orientações importantes as profissionais do sexo, o uso do nome social, o uso do artigo A travesti e A transexual, abordagem na mídia, as datas comemorativas ao segmento e orientações a enfermeiros de como utilizá-las para uma triagem humanizada e introdução do segmento e assunto na comunidade. O uso de banheiros femininos, internações em enfermarias femininas e etc. Princípios da terapia hormonal, uso do silicone industrial (riscos e cuidados), a cirurgia de adequação sexual, entre outros aspectos.
Adeilson Camilo de Oliveira Natural de Mercês de Águas Limpas em Minas Gerais, mas reside no Município de Ipatinga desde 1975. Atua na área de enfermagem há 23 anos, sendo destes quinze anos na rede pública, onde sentiu e se sensibilizou por um atendimento mais humanizado cientifico em relação ao segmento LGBT em especial a travestis e transexuais. Bacharel em enfermagem pela Faculdade Presidente Antonio Carlos de Ipatinga (UNIPAC), graduando Gestão em Saúde Pública pela Universidade Federal de São João del-Rei – UFSJ, foi eleito operário destaque na área da saúde de 2006 a 2008. Medalha Presidente Antônio Carlos, por ter se destacado como melhor acadêmico, durante o período de graduação. Colaborador atuante no movimento MGS (Ipatinga). Hoje enfermeiro intensivista e clínica médica na UNIMED Corone Fabriciano. l Marcela Cristina Cordeiro Nascida em 28/01/1985, natural de Coronel Fabriciano, Minas Gerais, reside no Município de Ipatinga, com seu noivo e seus dois filhos. Sempre preocupada por um atendimento mais humanizado cientifico em relação ao segmento LGBT, em especial a travestis e transexuais, interessei-me pelo tema por ser também algo inovador no que se diz respeito à Atenção Básica de Saúde. Bacharel em Enfermagem pela Faculdade Presidente Antonio Carlos de Ipatinga (UNIPAC), pós-graduanda em Unidade de Terapia Intensiva pela PUC-Minas. Pontuação máxima no tema desenvolvido no TCC, e o único do gênero desenvolvido na região do Vale do Aço.
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PAINHO ME FEZ ASSIM por Aurineide Alencar
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TÍTULO TÍTUL
AurineideAurineide Alencar Alencar Nasceu em Nasceu em Catolé do Catolé do Rocha - PB. Rocha - PB. Professora Professora F o r m a dFao r m a d a no curso de no curso de Letras pela UNOESTE e pós- e pósLetras pela UNOESTE graduadagraduada em Metodologias do em Metodologias do Ensino Superior pela FIFASUL. Ensino Superior pela FIFASUL. Mestranda em Ciência da Mestranda em Ciência da Educação na Universidade Educação na Universidade Americana. Americana. Possui participação em diversas Possui participação em diversas c o l e t â n ecaosl e tpâenl a e sa se d p iet loarsa se d i t o r a s Literacidade, e Big Timee Editora. Literacidade, Big Time Editora. Já ganhou Já vários ganhouprêmios vários em prêmios em concursosconcursos literários literários de trovas, de trovas, contos, poesia e poesia contos, poesia popular. e poesia popular. Este cordel partefaz do parte livro do livro Estefazcordel "Nas veredas do cordel", da "Nas veredas do cordel", da Editora Literacidade. Editora Literacidade.
CORDELCORDEL 55 55
Disfarce,Disfarce, ilustraçãoilustração de Itamara deRibeiro Itamara Ribeiro Florianópolis, 2013. Florianópolis, 2013.
AMOR VERDADEIRO AMOR VERDADEIRO
por Deidimar Brissi Brissi por Deidimar
EntreEntre tantos casais que se tantos casais queespezinham, se espezinham Que só não se Queconvivem, só convivem, nãoamam. se amam Que não o mesmo caminho, Que seguem não seguem o mesmo caminho Só seSóagridem e reclamam. se agridem e reclamam Eu sempre lembro com carinho Eu sempre lembro com carinh Como Como se amam Geraldo e Alceu. se amam Geraldo e Alceu
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Deidimar Deidimar Brissi Brissi Natural deNatural de Cosmorama – Cosmorama – SP, possuiSP, possui Mestrado Mestrado em em Física e Física e Astronomia. Astronomia. Atualmente leciona Física no IFSP Atualmente leciona Física no IFSP de Birigui,de e possui Birigui,algumas e possui algumas publicações, desde artigos e artigos e publicações, desde textos científicos a livros dea livros de textos científicos poesia. Recentemente, lançou o lançou o poesia. Recentemente, livro “Em busca da felicidade”. livro “Em busca da felicidade”. Ilustração Ilustração de GabrieldePrata Gabriel Prata
POEMA POEMA 59 59
ARCANJO GABRIEL por Evandro Mangueira
O livro conta a história de um segredo que o arcanjo guarda no mais obscuro do seu coração, para manter esse segredo a salvo o capaz de qualquer coisa, até mesmo utilizar as profecias mais antigas, conta, ainda, com a ajuda do anjo Arzel, que do hebraico quer nobre, mas até que ponto o anjo estará disposto a contribuir às cegas? E na hora de maior dúvida, quando Arzel perde suas asas, que o Encourado, o Arcanjo negro, Lúcifer aparece e mostra a verdadeira face do dos anjos. A humanidade corre grande perigo, Arzel tem que passar por muitas aventuras para se salvar e, quem sabe, salvar a humanidade, o da Morte é só um dos caminhos que ele tem que percorrer. Com sorte encontrará o Arqueiro. Download gratuito da versão em pdf: www.evandromangueira.jimbo.com Compra do livro impresso: www.perse.com.br/evandro-mangueira
Evandro Mangueira Nascido em 1979 na cidade de Cajazeiras, que tem por título “A cidade que ensinou a Paraíba a ler.” Atualmente mora em Piracicaba-SP, cidade que adotou como sendo sua também. Tem por formação Gestão Financeira, mas encontra-se nas letras tanto quanto se encontra nos números.
RESENHA 61
PÁSSARO AZUL PÁSSARO AZUL porThiago Pedro Thiago de Souza por Pedro de Souza
A brilhava manhã brilhava clara, isolada do dia as paredes da A manhã clara, isolada do dia entre asentre paredes da Santiago sala sem vontade, contando os degraus da escola. escola. Santiago saiu da saiu sala da sem vontade, contando os degraus da um egoísmo infantil semde forma de egoísmo propriamente escada escada em um em egoísmo infantil sem forma egoísmo propriamente dito, em porque em suaele mente ele sóadiar queria adiar a chegada à quadra. Mas dito, porque sua mente só queria a chegada à quadra. Mas seus pés o traiam, em movimentos seus pés o traiam, porque porque mesmo mesmo em movimentos lentos, lentos, eles o eles o para asemanal, morte semanal, o momento quesentia ele seplanta sentia planta levavamlevavam para a morte o momento em que em ele se meio a concreto em movimento. Fraco mesmo em meioem a concreto em movimento. Fraco mesmo sabendosabendo que nãoque não era. O momento reservado a educação era. O momento reservado a educação física. física. quadra seus amigos sentados QuandoQuando chegou chegou à quadraà os seus os amigos estavamestavam sentados em ouvindo circulo ouvindo que o professor falava, mais futebol mais uma vez, em circulo o que ooprofessor falava, futebol uma vez, e samba e sorrisos mais vida quando em alguns sempre sempre futebol futebol e samba e sorrisos e mais evida quando em alguns momentos o que se precisa é exatamente de um pouco de morte momentos o que se precisa é exatamente de um pouco de morte para para se respirar lentamente, sentir a vida sem os movimentos epiléticos. se respirar lentamente, sentir a vida sem os movimentos epiléticos. de escolher, dois garotos, selecionados não se sabe Era horaEra de hora escolher, dois garotos, selecionados não se sabe como, ficavam nado frente domaior grupodizendo maior dizendo os um nomes um a um. como, ficavam na frente grupo os nomes a um. fato é um momento constrangedor. Pedro, Carlos, Eric, João. Esse deEsse fato édeum momento constrangedor. Pedro, Carlos, Eric, João. Labéu silencioso e inconsciente, ounem talvez tão inconsciente, Labéu silencioso e inconsciente, ou talvez tãonem inconsciente, afinal afinal em determinado momento dois garotos percebiapercebia que em que determinado momento um dos um doisdos garotos o olhavao olhava nos olhos epor parava por um instante, examinando as pernas minhas pernas bem nosbem olhos e parava um instante, examinando as minhas finas e inapropriado, o tênis inapropriado, e desviava olhosque quase que dizendo finas e o tênis e desviava os olhososquase dizendo “Você não, mepara queria para vencer, isso fazia “Você não”. Eunão”. não, Eu nem umnem dos um doisdos medois queria vencer, isso fazia um perdedor? Não, Santiago, nãoNão o faz. ser escolhido faz de mim de ummim perdedor? Não, Santiago, não o faz. serNão escolhido faz um perdedor? último momento suspenso, dele umdele perdedor? Silêncio,Silêncio, o últimoomomento suspenso, em que em se que se o arpelas entrarnarinas pelas narinas peito semcrescer. glória crescer. A sente o sente ar entrar e fazer eo fazer peito o sem glória A revolução sem gritos acompanhada porWedding Bach, Wedding revolução sem gritos acompanhada por Bach, CantataCantata Adigio, Adigio, correndo rosto coberto emda nome da liberdade que nem ativistasativistas correndo de rostodecoberto em nome liberdade que nem possui de tãoque liberta possui nome denome tão liberta é. que é. Santiago nomomento exato momento Santiago ergueu ergueu os olhososnoolhos exato em queem seuque seu nome foi chamado, com descontento, dos meninos. nome foi chamado, com descontento, por um por dosum meninos. Mas o Mas o sentimento de desconforto com o mundo sua primeira sentimento de desconforto com o mundo pôs suapôs primeira pata depata de galinha afundando terra e quando volta deixa a vida exposta galinha afundando na terra na e quando volta deixa a vida exposta no que éno que é mais vivo e nojento, minhocas, de minhocas produtoras mais vivo e nojento, minhocas, bolos debolos minhocas produtoras a céu a céu 63 63 CONTO CONTO
aberto sem aberto nem sem umnem pudor. um pudor. Não foi oNão ódio, foiSantiago o ódio, Santiago era muito era novo muito para novo isso, para mas isso, simmas as sim as minhocas minhocas vivas, que vivas, ele que atingiu elede atingiu formadelenta forma e vertiginosa lenta e vertiginosa o que o o fez que o fez dar as costas dar assilenciosas costas silenciosas e sair daequadra sair da em quadra mudez emsensitiva. mudez sensitiva. Fiquem Fiquem com o futebol, com o futebol, é um direto é umalcançado direto alcançado e merecido, e merecido, eu eu quero o quero pássaro o pássaro azul emazul céu cinza em céu decinza manhã deainda manhã dormindo. ainda dormindo.
Pedro Thiago Pedro Thiag Santos de Santos de Souza Souza Graduando Graduando de d letras e letras e pesquisador pesquisador de literatura de literatura pela pela Universidade Universidade Federal do Federal do Amazonas. Amazonas. Em seus Em contos seus contos manifestamanifesta algumas questões algumas questões do do sujeito pós-moderno, sujeito pós-moderno, como porcomo por exemplo, exemplo, a busca por a busca identidade. por identidade.
fotografiafotografia de Strangelfreak de Strangelfrea
64 CONTO 64 CONTO
IlustraçãoIlustração de Nery de Nery Brasil, 2013. Brasil, 2013.
Série Mom, Série canMom, my friends can mycome friends over? come over? fotografiafotografia de Strangelfreak de Strangelfreak , 2011. , 2011.
REGALIAS REGALIAS por Juliano por Juliano Antunes Antunes
66 POEMA 66 POEMA
usco aBusco paz que a paz aflora queaaflora alma a alma Que assimila Que assimila os prazeres os prazeres e sensações e sensações Que distingue Que distingue os ideais oseideais emoções e emoções usco oBusco sentimento o sentimento ancorado ancorado no âmago. no âmago.
usco realizações Busco realizações que enobreça que enobreça meu ego meu ego Que nãoQue julguem não julguem minhasminhas aparências aparências Que meQue façam meigual, façamem igual, decências em decências usco argumentos Busco argumentos abordados abordados em meuem meu er [inteligente]. Ser [inteligente].
Quero poder Querome poder expressar me expressar sem medo sem medo Abandonar Abandonar meus receios meus receios e [vícios] e [vícios] Depreciar-me Depreciar-me das máscaras das máscaras e disfarces e disfarces RevelarRevelar quem [eu] quem sou [eu] semsou julgamentos. sem julgamentos.
Quero revelar Quero revelar minha face minha face Tirar a Tirar vendaados venda meus dosolhos meus olhos MostrarMostrar que souque gente sou[in]discriminado gente [in]discriminado Que luta, Que chora luta,echora sonha,e ser sonha, humano ser humano consciente]. [consciente].
Juliano Juliano Antunes Antunes Natural de Natural de Goiânia/GO, Goiânia/GO, casado com casado com Gabriela Gabriela Pereira da Pereira da Silva. Silva. Professor,Professor, sonhador,sonhador, inovador.inovador. EstudanteEstudante de Letras.deJáLetras. ganhou Já ganhou alguns prêmios algunseprêmios diversase diversas mençõesmenções honrosashonrosas em certame em certame nacional. nacional. Seu lemaSeu é: “viver lemaéé: “viver é aprender,aprender, aprender aprender é uma arte é uma de arte de viver!”. viver!”. IlustraçãoIlustração de Nery de Nery
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SELVAGENS DIASDIAS SELVAGENS por Alessandro Zecchinelli por Alessandro Zecchinelli
Um determinado clã, na Palestina, dá aos seus familiares Um determinado clã, na Palestina, dá aos seus familiares jovens jovens que apresentem tendências homoafetivas, um tratamento diferenciado. que apresentem tendências homoafetivas, um tratamento diferenciado. retorna para aprender se eaceitar, e viver um grande HenriqueHenrique retorna para aprender a amar, aseamar, aceitar, viver um grande amor. que ele conseguirá? tramapela passa pela eEuropa e pelo Brasil amor. Será queSerá ele conseguirá? A trama A passa Europa pelo Brasil Sãohistórias quatro histórias que juntas desenvolvem uma saga, também.também. São quatro que juntas desenvolvem uma saga, onde o onde o amor deve prevalecer, concentrado em si mesmo, como nos seus amor deve prevalecer, concentrado em si mesmo, como nos seus próximos. Revela um conteúdo e também uma nova forma literária, próximos. Revela um conteúdo inédito einédito também uma nova forma literária, onde éo levado leitor é alevado a interpretações da narrativa, onde o leitor interpretações diversasdiversas ao longoaodalongo narrativa, livropara de trás para frente, sem macular o romance. podendo,podendo, inclusive,inclusive, ler o livroler deotrás frente, sem macular o romance. O livro narra uma fantástica, história fantástica, as personagens nos O livro narra uma história onde as onde personagens nos transmitem a necessidade rever conceitos previamente formulados e transmitem a necessidade de reverde conceitos previamente formulados e nos convidam a nos como aceitar como homossexuais semdemedo nos convidam a nos aceitar homossexuais sem medo obterde a obter a harmonia, que osbuscam casais buscam suas vidas conjugais. singular singular harmonia, que os casais em suasem vidas conjugais. Além Além elapara aponta para a necessidade das adotarem famílias adotarem o amor como disto, eladisto, aponta a necessidade das famílias o amor como de vida, privilegiando seus entes mais próximos, sem afastá-los pela forma deforma vida, privilegiando seus entes mais próximos, sem afastá-los pela sua natureza homoafetiva. sua natureza homoafetiva. O objetivo livro é ao permitir leitor uma visão maior O objetivo do livro édopermitir leitor ao uma visão maior sobre a sobre a vida eterrena a sua comunhão comespiritual, a vida espiritual, que possa vida terrena a sua ecomunhão com a vida para quepara possa refletira sobre a necessidade de mudanças, que deverão ocorrer para refletir sobre necessidade de mudanças, que deverão ocorrer para melhoria da humanidade em sua história. Questiona-se o acolhimento melhoria da humanidade em sua história. Questiona-se o acolhimento que próximos nos são próximos não, que porvezes muitas vezes fazemos daquelesdaqueles que nos são – ou não,–oou que poromuitas fazemos de distinta, forma distinta, enquanto Deus nossemelhantes, criou semelhantes, de forma enquanto Deus nos criou ou seja,ou seja, diferentes, nos aceitarmos comoesomos e não para distinguirmo-nos diferentes, para nospara aceitarmos como somos não para distinguirmo-nos um dosPermite outros. refletir Permiteque refletir queas aceitar as diferenças criadas um dos outros. aceitar diferenças criadas por Deuspor Deus como deespirituais provas espirituais é aprimorar na evolução. Mas, enquanto como fonte de fonte provas é aprimorar na evolução. Mas, enquanto se buscam ou tentam-se constranger as diferenças, de se buscam culpadosculpados ou tentam-se constranger as diferenças, deixa-sedeixa-se de vermesmo em si o mesmo erro da interpretação da Lei ou Divina, ou mesmo, de ver em si erro dao interpretação da Lei Divina, mesmo, de conseguir corretamente, a todos os seus semelhantes. conseguir aplicá-laaplicá-la corretamente, a todos os seus semelhantes. 68 RESENHA 68 RESENHA
Alesssandro Alesssandro Z e c c h i nZeel lci c h i n e l l i 42 Advogado,Advogado, 42 anos, casado anos, casado h á 1 8 a hn áo s1 8 a n o s c o m s ce ou m s e u companheiro. companheiro. N u n c a Nf ou in c a f o i mas háanos quatro anos espírita, espírita, mas há quatro a escrever começou começou a escrever este livro.este livro. começo do trabalho, Desde o Desde começoo do trabalho, e nuci ti ao su qmuuei st at õs e q v i v e n c i ovui vm suestões as quais sãono tratadas no pessoais, pessoais, as quais são tratadas livro de forma pura e Aamável. A livro de forma pura e amável. sagafamília dessaacresce família ao acresce ao saga dessa moan ihzaarçm m u n d o ummu an dhoa rum ão n i z a ç ã o e viável, como importanteimportante e viável, como forma de forma de A todos os leitores, felicidade.felicidade. A todos os leitores, independente de sua sexualidade, independente de sua sexualidade, comum umaquanto reflexão é comum éuma reflexão aoquanto ao somos no planeta Terra que somosque no planeta Terra e qual a e qual a nossa relevância nossa relevância diante do diante tema. do tema. os esclarecimentos de Após os Após esclarecimentos de diversos entendi espíritas, entendi diversos espíritas, que sou que sou de uma mediunidade detentor detentor de uma mediunidade levar conhecimento e capaz de capaz levar de conhecimento e esclarecimentos aoscom homens, com esclarecimentos aos homens, simplicidade e humildade. simplicidade e humildade.
69 69 RESENHA RESENHA
DIREITOS DESUMANOS por Davyson Fabiano
E por ocasião da cura gay o menino esperto, olhos lânguidos, de um tom cansado Me olha e diz: “e a cura da fome quando vai ser?” - Sinceramente, não sei responder E Ele, com seus olhos verdes, me diz: “Se eu sobreviver ”. Dayvson Fabiano Professor e estudante (ou vice-versa). Amante do cinema, da praia e especialmente da literatura. Aspirante a escritor e poeta. É dono do blog ecosdissonantes.blogspot.com
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UM HOMEM PARA CHAMAR DE SEU Um debate midiático brasileiro sobre os gêneros e orientações sexuais na década de 1980 por Renato Gonçalves
ARTIGO 71
72 ARTIGO
UM HOMEM PARA CHAMAR DE SEU
O GONÇALVES
ARTIGO 73
74 ARTIGO
UM HOMEM PARA CHAMAR DE SEU
RENATO GONÇALVES
ARTIGO 75
Renato Gonçalves Mestrando em “Culturas e Identidades Brasileiras” pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP). Graduado em Comunicação Social pela ECA-USP. Pesquisa sobre expressões artísticas brasileiras.
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AUDIOVISU Nesta seção, reunimos vídeos – longas-metragens, curtas, animações, clipes, músicas dentre outros que estão relacionados à diversidade. Para esta edição, divulgamos os longas Flores raras, Out in the dark e dois documentários Uma lição de discriminação e Travestis e transexuais. Você também pode contribuir para V esta seção da revista. Envie-nos também sugestões de filmes, resenhas, músicas, animações, videoclipes. Ajude a Diversifica a divulgar o seu trabalho.
UMA LIÇÃO DE DESCRIMINAÇÃO Este documentário acompanha uma experiência em uma escola primária que mostra o quão rapidamente as crianças podem assimilar a discriminação e todas as suas repercussões. Uma professora do ensino primário em Quebec conduziu um experimento no qual dividiu sua turma com base em supostos dados científicos e passou a tratar os grupos de maneira distinta. http://youtu.be/3Ub18BkoyvQ
_________________________ País Canadá Ano 2OO6 Produção Société Radio-Canada Documentário Com Annie Leblanc
TRAVESTIS E TRANSEXUAIS CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE Palestra apresentada pela Dra. Berenice Bento,Socióloga e Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 08 de junho de 2013, no II Encontro Estadual dos Direitos da Diversidade Sexual da OAB/SP. Esteve presente ao evento a Comissão de Tolerância e Diversidade Sexual da OAB Pinheiros/SP. http://youtu.be/Z6oM-BoUGWo 78 AUDIOVISUAL
_________________________ País Brasil Ano 2O13 Produção OAB/SP Palestra Com Berenice Bento
FLORES RARAS Nos anos 1950/60, Elisabeth Bishop, poetisa americana, chega para conhecer o Rio de Janeiro e passar alguns dias com Lota de Macedo Soares, mulher forte e empreendedora da sociedade carioca. Com personalidades muito a frente de seus tempos, rapidamente estabelecem uma relação pessoal gerando muitas conquistas e perdas. http://youtu.be/XNXTCs8-M1s
_________________________ País Brasil Ano 2O13 Direção Bruno Barreto Drama Com Gloria Pires e Miranda Otto
OUT IN THE DARK Nimer é um palestino que estuda em Tel Aviv. Ele se apaixona por Roy, um advogado israelense. À medida em que a relação dos dois se desenvolve, Nimer tem que lidar com sua família conservadora e com sua condição de palestino morando em Israel. O filme toca em temas polêmicos como preconceito, religião e o conflito político no Oriente Médio. Foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Toronto, sendo elogiado pela crítica americana. http://youtu.be/pblMsXEWuko
_________________________ País Espanha Ano 2O13 Direção Michael Mayer Drama Com Nicholas Jacob, Michael Aloni, Jameel Khouri, Alon Pdut e Loai Noufi
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LINKS
Aqüendando Criado por Anderson Moura, o blog aborda temáticas sobre um mundo o qual ninguém quase nunca fala: o universo das drag queens, relatando histórias de vida de artistas e assuntos relacionados, com intuito de privilegiar e divulgar as artistas do Rio de Janeiro, suas histórias e trabalho. Vale a pena conferir [ http://aquendando.blogspot.com.br/ ] Clube 44 O Clube 44 é um projeto coletivo de tirinhas sobre o cotidiano lésbico. [ https://www.facebook.com/tirinhas44 ]
Rio Festival Gay de Cinema Reúne entrevistas e matérias sobre o cinema brasileiro e estrangeiro, diretores e atores, obras clássicas, novidades tecnológicas, agenda de festivais internacionais de cinema, estreias de filmes - tudo o que faz parte do universo do cinema que aborda identidade de gênero e orientação sexual. [ http://www.riofgc.com/ ]
Liga gay O site reúne informações importantes, notícias, fofocas, e demais conteúdos destinados à comunidade LGBT, promovendo o respeito a diversidade sexual e o fim da intolerância, da homofobia e do preconceito. [ http://www.aligagay.com/ ]
80 LINKS
EVENTOS
Homens Transgêneros Página no Facebook que reúne imagens de homens em variadas fases de tratamento, além de relatos, experiências e prestação de alguns esclarecimentos sobre transexualidade. [ http://goo.gl/0mIUUp ]
I Seminário sobre Teoria e Educação: (re)pensando as diferenças no Brasil Realizado pelo Grupo de Estudos Interdisciplinar em Sexualidade Humana da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, tem como propósito reunir pensadoras/es brasileiras/os oriundos de diversas áreas do saber, convidando-os para um debate acerca do papel ocupado pelas diferenças no campo da educação brasileira, questionando os dispositivos que subalternizam aquelas/es que não se adequam às prescrições e aos regimes de uma cultura heterossexista, caucasiana e androcêntrica. O seminário irá ocorrer no dia 18 de outubro de 2013, no Salão Nobre da FE-Unicamp. Maiores informações: [ http://www.fe.unicamp.br/TEMPORARIOS/folder-teoriaqueer.pdf ] 13ª Parada Livre de Caxias do Sul Em 2012, a Parada Livre de Caxias do Sul levou cerca de 15 mil pessoas às ruas. No palco principal, artistas se apresentam ao público LGBT. Os organizadores do evento também disponibilizam transporte gratuito para quem quiser visitar as Paradas das cidades vizinhas. O evento ocorrerá no dia 27 de outubro. Mais informações: [ http://abgltbrasil.blogspot.com.br/p/paradas-lgbt-2013.html ]
Marcha del Orgullo Buenos Aires é exemplo de luta pelos direitos LGBT no país que foi o primeiro da América Latina a aprovar o casamento gay. A parada será no dia 9 de novembro. Mais informações no site oficial: [ http://ei000049.ferozo.com/ ] E na página: [ https://www.facebook.com/events/412752945512464/ ]
X Encontro Regional Sul de Travestis e Transexuais O evento reunirá quarenta e cinco travestis e transexuais ativistas – incluindo a militante argentina Lohana Berkins – e mais 105 profissionais da Saúde, Segurança Pública, Educação e Assistência Social. O tema desta edição é “Direitos Humanos e Cidadania são princípios e garantia de Saúde Mental”. De 24 a 27 de outubro em Florianópolis, Santa Catarina. [ http://adehdireitoshumanos.wordpress.com/2013/10/01/encontroregional-sul-de-trans-vai-discutir-direitos-humanos-e-cidadania-egarantia-de-saude-mental/ ] EVENTOS 81
VII Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade ed VII Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade Sexual eSexual de Gênero da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura Gênero da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura – ABEH – ABEH evento temobjetivo como objetivo refletirassobre as questões O eventoO tem como principalprincipal refletir sobre questões ligadas àligadas diversidade e de em gênero em conexão com processos educacionai diversidade sexual esexual de gênero conexão com processos educacionais, entendido todo cultural artefatoécultural é portador de pedagogias do gêner entendido aqui queaqui todoque artefato portador de pedagogias do gênero e da sexualidade. e da sexualidade. Maiores informações: Maiores informações: [ http://www.fe.unicamp.br/TEMPORARIOS/folder-teoria-queer.pdf ] [ http://www.fe.unicamp.br/TEMPORARIOS/folder-teoria-queer.pdf ]
Estão as abertas as inscrições para propostas de simpósios temáticos, Estão abertas inscrições para propostas de simpósios temáticos, voltadasvoltada para pesquisadorxs atédezembro 01 de dezembro 2013. Inscreva sua proposta para pesquisadorxs até 01 de de 2013.deInscreva sua proposta. Saiba Saiba mais em:mais em: [ http://www.sinsc.furg.br/detalheseventos/68 ] [ http://www.sinsc.furg.br/detalheseventos/68 ]
Centro de Referência O CentroOde Referência LGBT deLGBT d Campinas/SP abriu inscrição par Campinas/SP abriu inscrição para o "I Encontro de Homens o "I Encontro de Homens Trans" Trans será realizado em 09/11/13 que seráque realizado em 09/11/13, das 09hs00 às 17hs00 sábado, sábado, das 09hs00 às 17hs00. Nossa intenção é discutir a Nossa intenção é discutir as demandas desta população. demandas desta população.
As pessoas que queiram s As pessoas que queiram se – Festival de Cinema da Diversidade RecifestRecifest – Festival de Cinema da Diversidade Sexual Sexual inscrever, encaminhe um ema inscrever, encaminhe um email O festival temobjetivo como objetivo o desenvolvimento e a produçãopara: para: O festival tem como estimularestimular o desenvolvimento e a produção audiovisual com temática através de mostras competitivas e paralelas,[ cr.lgbt@campinas.sp.gov.br audiovisual com temática LGBTTTLGBTTT através de mostras competitivas e paralelas, [ cr.lgbt@campinas.sp.gov.br ] ] de fomentar o debate, a formação e a pesquisa sobre com cinema além dealém fomentar o debate, a formação e a pesquisa sobre cinema a com ac o m s ecuosm dsaeduoss dpaedsosso api se s s o a i participação de cineastas e pesquisadores do audiovisual. Dede 22outubro a 26 de outubrodemonstrando participação de cineastas e pesquisadores do audiovisual. De 22 a 26 demonstrando o interesse. o interesse. no São Cinema Luiz, nadocidade Recife – PE. de 2013,de no2013, Cinema Luiz,São na cidade Recifedo – PE. Mais informações em: [ http://www.recifest.com.br/ ] Mais informações em: [ http://www.recifest.com.br/ ] A inscrição e destinad A inscrição é gratuitaé egratuita destinada s oamoesn sh otm a p e n a sa paeons a h r aennss. t r a n s que em moram em outra Aqueles Aqueles que moram outras cidades e/ou oEstado, o transport cidades e/ou Estado, transporte conta própria. ficará porficará contapor própria.
INFORME: dia seguinte a INFORME: No dia No seguinte ao acontecerá n encontro,encontro, domingo,domingo, acontecerá no local o GRUPO mesmo mesmo local o GRUPO TRANS TRAN ( h o m e n( h s oem emnusl hee rm e su)l hqeur e s ) q u vez por mês. aconteceacontece uma vez uma por mês.
Parada 2013 da Diversidade de Curitiba Parada 2013 da Diversidade LGBT deLGBT Curitiba s ai n f oersm ap çeõl oess p e l o M a i o r e sM ai ni of or er m çõ Em seu oitavo ano consecutivo parada da diversidade de será Curitiba será realizada Em seu oitavo ano consecutivo a paradaada diversidade de Curitiba realizada telefones: telefones: no Cívico Centroda Cívico daparanaense capital paranaense diadezembro. 01 de dezembro. A expectativa é no Centro capital dia 01 de A expectativa é 0800 7710800 8765771 8765 a quantidade de pessoas que acompanham a parada, superar superar a quantidade de pessoas que acompanham a parada, que em que anosem anos (19) 3242-1222 (19) 3242-1222 anteriores já achegou ter de de pessoas. 100 mil pessoas. informações: [ anteriores já chegou ter de amais de mais 100 mil Maiores Maiores informações: [ (19) 3242-7744 (19) 3242-7744 http://www.paradadadiversidade.org.br/ ] http://www.paradadadiversidade.org.br/ ] 82 EVENTOS 82 EVENTOS
Parada do Orgulho de-Maceió - AL arada do Orgulho LGBT deLGBT Maceió AL Com“TRANSforme o tema “TRANSforme o seu conceito. Gaylésbotransfobia, om o tema o seu conceito. Gaylésbotransfobia, machismo eÉ racismo É CRIME!" , a 13ªdo Parada do Orgulho achismo e racismo CRIME!" , a 13ª Parada Orgulho LGBT LGBT de Maceió/AL. evento diae 24/11, e irádentro ocorrerdas dentro das e Maceió/AL. O eventoOserá dia será 24/11, irá ocorrer atividades de Ativismo LGBT,asentre as em ações em ividades do CiclododeCiclo Ativismo LGBT, entre ações destaque, o I SEMINÁRIO ESTADUAL DE DIREITOS estaque, estão o estão I SEMINÁRIO ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS, o II Workshop de Fortalecimento de de Ações de UMANOS, o II Workshop de Fortalecimento de Ações Prevenção as DST/Aids, e Direitos Humanos, revenção as DST/Aids, HepatitesHepatites Virais e Virais Direitos Humanos, as paradas LGBT em Alagoas, I Ato Inter-religiosa em urante durante as paradas LGBT em Alagoas, I Ato Inter-religiosa em solidariedade a familiares deda vitimas da violência e o I de Festival de olidariedade a familiares de vitimas violência e o I Festival CulturadeLGBT de Alagoas, que ocorrerá 22 e 23/11. ultura LGBT Alagoas, que ocorrerá nos diasnos 22 dias e 23/11. Maiores informações: aiores informações: [ https://www.facebook.com/groups/327980117239529/ ] https://www.facebook.com/groups/327980117239529/ ]
7ª ForRainbow ForRainbow Além das mostras audiovisuais, o FOR RAINBOW apresenta ém das mostras audiovisuais, o FOR RAINBOW apresenta espetáculos teatro,música dança,emúsica e exposição multimídia de spetáculos de teatro,dedança, exposição multimídia de artesDurante visuais. o Durante festival acontecem várias mesas tes visuais. festivaloacontecem também também várias mesas de debates, umade oficina de realização oficina de emúsica ea e debates, uma oficina realização e oficinaede música a mostra educativa, com exibições de debates, ostra educativa, com exibições seguidasseguidas de debates, em dois em dois centros culturais da periferia de Fortaleza. entros culturais da periferia de Fortaleza. O está festival está consolidado mais importantes do festival consolidado como umcomo dos um maisdos importantes do Brasil, relacionado a esta temática e com gratuito acesso gratuito em rasil, relacionado a esta temática e com acesso em os seus espaços. dos os todos seus espaços. Muita diversão, tolerância e amor 28 de novembro, no uita diversão, tolerância e amor de 22 a de 28 22 de anovembro, no Centrodo Dragão doArte Marede Arte e em Cultura, em Fortaleza entro Dragão Mar de Cultura, Fortaleza (CE). (CE). Mais informações: [ http://forrainbow.com.br/7/ ] ais informações: [ http://forrainbow.com.br/7/ ]
Fórum de Direitos Humanos e Cidadania I FórumI de Direitos Humanos e Cidadania LGBTT LGBTT Evento organizado pela Associação Evento organizado pela Associação & Grupo& Grupo Quatro Estações e em parceria Quatro Estações apoiado apoiado e em parceria com o com o Departamento dede Saúde de São João Departamento MunicipalMunicipal de Saúde São João Boae Vista e do Núcleo de Combate à da Boa da Vista do Núcleo de Combate à Discriminação, e Preconceitos da Discriminação, RacismoRacismo e Preconceitos da Defensoria Pública de SãoCom Paulo. Com o tema Defensoria Pública de São Paulo. o tema "Sua Opinião o Mundo", tem como meta "Sua Opinião Move o Move Mundo", tem como meta com eLGBTT e apoiadores dialogar dialogar com LGBTT apoiadores da causada causa Simpatizantes, não somente no sentido de Simpatizantes, não somente no sentido de homofobia, mas dos direitos humanos e homofobia, mas dos direitos humanos e cidadania Dia 19 de outubro, às cidadania como umcomo todo.um Diatodo. 19 de outubro, às 16h na Av. Oscar 1520. Martins, 1520. 16h na Av. Oscar Martins, Mais informações: Mais informações: [ a.g.q.e@hotmail.com ] [ a.g.q.e@hotmail.com ] EVENTOS 83 EVENTOS 83
EDITORIAL
EU SOUAGRADECIMENTOS TUDO, MENOS OBRIGADA!
por Paco Souza
Após mais de dois anos da primeira edição da Diversifica, estou com a cabeça borbulhando de ideias e questionamentos. Fico medesta edição! Esperamos que tenha gostado perguntando: o que mudou? Quanto aos temas que trabalhamos, noto um crescimento nas discussões, vejo mais e mais pessoas interessadas emnesta falar edição foi gratificante receber Tanto na primeira quanto sobre diversidade, mas vejo algo muito preocupante no meio LGBT (e claro, trabalhos, críticas, elogios e sugestões dos leitores e dos colaboradores. na sociedade em geral): a ausência de EMPATIA. Destacamos o cordel de Aurineide Alencar e os artigos científicos de Rento Gonçalves e Maria dopelos Amaral Silva como formatos que até então Evoluímos enquanto movimento, enquanto luta direitos, não havíamos recebido. Essa diversidade porém enquanto grupo estamos tendendo ao fracasso. Não conseguimos de trabalhos nos alegra e nos estimula. entender que o problema do outro também é problema nosso, ou que enquanto grupo somos mais fortes para combater o patriarcado e as Agradecemos também aotanto Coletivo da Diversidade Sexual de opressões diárias. Buscamos tanto o empoderamento, buscamos São Carlos - SP por nos auxiliar com informações sobre eventos que definirmos isto ou aquilo, mas muitos não conseguem enxergar um metro ocorrerão nos próximos meses por aí afora. longe de seu próprio mundo. É importante também as pessoas entenderem que luta LGBT é, Gostamos muito deapoder divulgar trabalhos de uma temática acima de tudo, uma reconquista de direitos humanos negados a humanos. tão rica e importante para o debate atual, seja no campo político, no A travesti quer ter o direito de estudardas semartes sofrer visuais discriminação, andar e até mesmo no campo campo e da de literatura, na rua sem que todos virem para olhá-la (a nãoalém ser que para comosocial, existe um conflito inicial individual. Pois dasseja lutas naver escala ela está fabulosa!), quer ter ododireito deindivíduo. ir ao médico e não ter que ouvir próprio alguém a chamando de João. Esta luta da sociedade para entender o nome Apoiamos causa editar buscamos social é algo que me causa muita irritação. As pessoasa querem como a também seu apoio. Quer dizer alguma coisa? Quer enriquecer o debate? outra pessoa deve agir, e nem o próprio nome ela tem o direito de escolher. Envie-nos seu trabalho, suas a revista, Se a pessoa não quer ser Joãoimpressões e sim Fabiana,sobre é o direito dela, afinalrelatos a vida é de vida, ou mesmo algum sentimento emque forma ou lhe poesia. Este espaço é de todos dela e ela não é obrigada a manter o nome seusde paisdesenho leigamente nós. Então vamos ocupá-lo com arte, criatividade e sem nenhum tipo de deram quando nasceu. censura para abordar nosso tema diverso. Aliás, EU SOU TUDO, MENOS OBRIGADA! Não sou obrigado a me vestir como as pessoas querem, nemSomos sou obrigado falar oudiversos. gesticularEntão #Diversifica, gente! plural,asomos conforme a sociedade diz que condiz com o meu gênero. Eu não sou nem obrigada a falar de acordo com o meu gênero! E se hoje eu acordei me sentindo mulher, no almoço estiver me sentindo mais homem, depois de Um abraço, Equipe Diversifica DIV ERS FICAI
EDITORIAL
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