Empreendedor 152

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Ano 13 • Nº 152

Empreendedor

ISSN 1414-0152

A VEZ DOS PEQUENOS

Ano 13 • Nº 152 • junho 2007

FRANQUIA: MAIS AÇÃO NOS NICHOS INOVADORES

PERFIL: O SURFISTA QUE CRIOU O PRÓPRIO MERCADO

Junho 2007 • R$ 9,90

SECOND LIFE: NEGÓCIOS REAIS NO MUNDO VIRTUAL

www.empreendedor.com.br




A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

Nesta Edição

INDEX OPEN

Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Nei Duclós [nei@empreendedor.com.br] Repórteres: Alexsandro Vanin, Fábio Mayer, Francis França e Maurício Frighetto Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo, Lio Simas, Index Open e Tomas May Foto da capa: Index Open Revisão: Renato Tapado Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba Executivos de Contas: Gesner C. Vieira, Karen Klix e Marcelo Carvalho Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-1020 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executivo de Contas: Vitor Hugo de Carvalho [vitorhugo@empreendedor.com.br] Executiva de Atendimento: Luana Paula Lermen [luana@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3231-9017 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jcz@forumci.com.br] SETVS - Quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 3322-3391 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 1 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900

PG. 20

Capa

Banco para os pequenos Melhora da macroeconomia no país, como a redução da taxa básica de juros e o aumento da expectativa de crescimento, tem estimulado o aumento da oferta de crédito e a criação de novos serviços do sistema bancário, que volta sua atenção para micro, pequenas e médias empresas. Na reportagem, destaque para os produtos e serviços das seguintes instituições bancárias: Caixa, Santander, Unibanco, BNDES, Banco do Brasil e Banrisul. PG. 26

Mercado

A indústria do sono A indústria do sono, que inclui colchões, travesseiros, edredons e acessórios, não tem descanso. Ao todo, gera uma receita de US$ 20 bilhões por ano em todo o mundo e mantém o mercado aquecido com investimentos constantes em pesquisa e desenvolvimento. As principais inovações vêm da utilização de novos materiais para a fabricação dos produtos.

PG. 30

Tendência

Mais estrangeiros Mesmo enfrentando a burocracia, estrangeiros fisgados pela qualidade de vida investem em negócios no Brasil. No ano passado, 1.033 estrangeiros entraram no Brasil com o objetivo de abrir empresas. O número é cinco vezes maior do que o registrado em 2005, e a perspectiva é que cada vez mais empreendedores falem português com sotaque.

Negócios Criativos

Assinaturas

PG. 34

Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-9797979 [assine@empreendedor.com.br]

Virtuais, mas nem tanto

Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda.- São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br

ANER 4 – Empreendedor – Junho 2007

Negócios reais e lucrativos crescem no mundo paralelo Second Life, que oferece a qualquer um que tenha acesso à internet a possibilidade de ter uma segunda vida. Estima-se que o volume de transações nesse espaço virtual, que despontou na internet em 2005, já chegue a US$ 30 milhões por mês e o número de habitantes ultrapasse seis milhões de pessoas, com idade média acima de 30 anos.


Junho/2007 PG. 10

Entrevista: Luiz Fernando Garcia

PG. 56

Perfil: Avelino Arantes Bastos

O incentivo decisivo

Boas idéias na areia

A maneira de educar um filho pode determinar seu empreendedorismo quando adulto? Para o consultor e especialista em manejo comportamental e empreendedorismo Luiz Fernando Garcia, sim. Os estímulos iniciais – progressivos e permanentes à iniciativa e autonomia, ao enfrentamento de riscos e desafios, e à visualização em longo prazo – são decisivos para o desenvolvimento de características como capacidade para sobrevivência em ambientes hostis, habilidade para solucionar problemas e senso de oportunidade. LIO SIMAS

A praia é o hábitat natural do surfista e empreendedor Avelino Arantes Bastos. Acostumado com o sol, a areia e o mar, faz desse cenário a paisagem ideal para garantir o sustento e o desempenho do seu negócio: pranchas e artigos para surf. A Tropical Brasil, criada em 1981, quando tinha apenas 20 anos, é a consolidação de um sonho, que começou muito cedo, quando a primeira matéria-prima utilizada foi uma tábua de passar roupas, na qual adaptou uma quilha de latão. LIO SIMAS

PG. 58

A voz da experiência: TI: Redes sem fio

Valci Márcia Sprung Kreutzfeld

PG. 66

Rumo à maturidade

Ter acesso wi-fi ainda é um sonho para muita gente, inclusive empresas. E uma nova geração de redes sem fio já desponta no mercado, baseada na filosofia Mesh. Mas se a torrente de novas tecnologias geralmente é acompanhada de alta nos preços, esta vai contra a corrente.

Erros e acertos de Valci Márcia Sprung Kreutzfeld, que tem apenas 37 anos de idade, mas carrega a experiência de quem lidera a própria empresa desde os 18 anos. Em sociedade com o irmão Gilmar Rogério Sprung, fundou, na cidade de Pomerode/SC, a Cativa Têxtil, que começou fabricando malhas populares para vender aos romeiros nas calçadas do santuário de Aparecida do Norte. Hoje, seus produtos estão presentes em cinco mil pontos-de-venda espalhados pelo país, com mais de 1,3 milhão de peças produzidas por mês.

Vírus, fora A Panda Software lança a campanha “Infected or Not” para combater a ação de vírus, spyware, trojans e outros tipos de códigos maliciosos no mundo inteiro. O objetivo é oferecer aos usuários de PCs um serviço gratuito, prático e eficaz, capaz de verificar e exterminar as ameaças nocivas que foram instaladas no computador.

LEIA TAMBÉM

GUIA DO EMPREENDEDOR .............................. 6 8

Cartas ................................................................. 7

Produtos e Serviços .......................................... 70

Empreendedores .................................................. 8

Leitura ............................................................... 72

Não Durma no Ponto ......................................... 14

Análise Econômica ............................................ 76

Pequenas Notáveis ............................................ 50

Indicadores ....................................................... 77

Empreendedor na Internet ................................ 82

Agenda .............................................................. 78

Junho 2007 – Empreendedor – 5


de Empreendedor para Empreendedor

Assinaturas Para assinar a revista Empreendedor ou solicitar os serviços ao assinante, ligue 0800-9797979. O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8 h às 18h30. Se preferir, faça sua solicitação de assinatura pela internet (www.empreendedor.com.br) ou pelo e-mail assine@empreendedor.com.br.

Anúncios Para anunciar em qualquer publicação da Editora Empreendedor, ligue: São Paulo: (11) 3214-1020 Rio de Janeiro: (21) 3231-9017 Brasília: (61) 3322-3391 Curitiba: (41) 3079-4666 Porto Alegre: (51) 3340-9116 Florianópolis: (48) 2106-8666 Recife: (81) 3327-3384 Belo Horizonte: (31) 2125-2900

Reprints Editoriais É possível solicitar reimpressões de reportagens das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de 1.000 unidades).

Internet Anote nossos endereços na grande rede: http://www.empreendedor.com.br redacao@empreendedor.com.br

Correspondência As cartas para as revistas Empreendedor, Revista do Varejo, Cartaz, Guia Empreendedor Rural e Guia de Franquias, publicações da Editora Empreendedor, podem ser enviadas para qualquer um dos endereços abaixo: São Paulo: Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis - 01239-010 - São Paulo - SP Rio de Janeiro: Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro - 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Brasília: SETVS - Quadra 701 - Centro Empresarial

Editorial H

á uma insurreição geral contra o Mesmo, as repetições de hábitos e processos, a insistência em negócios muito explorados. Há inclusive uma ação contra a mesmice provocada até pela febre, muitas vezes impensada, das mudanças, pois foi essa a nova armadilha que a cultura corporativa inventou a partir da revolução da qualidade. Hoje, é comum dizer que uma empresa é diferenciada, mas se todos forem diferenciados, não estariam todos fazendo a mesma coisa? Felizmente, a percepção empreendedora consegue romper esse círculo vicioso. Nossa capa destaca a atenção que os bancos estão dedicando aos pequenos e médios empresários, exatamente porque descobriram os limites de dar preferência às grandes corporações, ou seja, os equívocos de insistir nos mesmos processos de prestação de serviços e oferta de crédito para clientes consagrados. Isso cria um potencial dinâmico para o mundo empreendedor, que deve ser aproveitado de maneira adequada. Na área das franquias, vemos como negócios até há pouco tempo impensados, como congelar células-tronco do

cordão umbilical, chegam para criar novos negócios, sacudir o ambiente corporativo, gerar uma dinâmica própria que certamente vai influir no mercado, inspirar empreendedores, fazêlos pensar em alternativas que sequer são cogitadas. No mundo virtual, vemos como empresas que só existem na tela do computador podem faturar de verdade, gerar rendimentos, empregos, quebrando assim os limites do mundo corporativo, que ganha uma janela gigantesca para novos mundos, mais sofisticados e estimulantes. Mesmo em nichos tradicionais, como na indústria do sono, vemos como conceitos como conforto e saúde estão rompendo com velhos paradigmas, fazendo com que os clientes possam ser mais bem atendidos e as empresas tenham mais chances de sobreviver e crescer. Essa evolução sistemática nos ensina a ficar alertas e a reportar as grandes transformações que nem sempre estão à mostra, e que tomam conta das ações empreendedoras. Nei Duclós

bloco C - conjunto 330 - 70140-907 - Brasília - DF Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 conjunto 1 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto

Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos emails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.

605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor, e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.

6 – Empreendedor – Junho 2007

Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 3224-4441 ou pelo e-mail imagem@empreendedor.com.br.


Cartas Água Lendo a reportagem da Empreendedor 151 sobre empresas que oferecem produtos para economizar água, me pergunto se não chegará o tempo em que esse insumo básico para a sobrevivência não ficará tão escasso que teremos de pagar por ele mais do que custa hoje o ouro. Parabéns à repórter Francis França, que conseguiu trazer para os leitores os exemplos de quem conseguiu enxergar com antecedência essa tendência no mercado. Um exemplo empreendedor que deveria ser seguido pelos governos. Marli Tavares Deck

Porto Alegre – RS

Errata Na matéria “O reuso avança”, publicada na edição 151, informamos que a empresa Biosistemas vale mais de US$ 200 milhões. Na realidade, esse é o valor do mercado global de reuso de água, e não da empresa. Na mesma reportagem, é necessário destacar que os projetos Hopi Hari e Vicunha foram realizados pela Biosistemas em parceria com a empresa Geoplan. As fotos dos Parques Eólicos de Osório, na matéria “A energia do vento”, são de autoria de Ines Arigoni/Bossa.

Nim Achei interessante a reportagem sobre a árvore polivalente Nim. É incrível como existem realidades das quais nunca ouvimos falar. Parabéns à revista pelos assuntos que aborda, sempre de maneira séria e criativa. Carlos Walmor Bizoret

Rio de Janeiro – RJ

Livros Vender livro em máquina, como se fosse refrigerante é realmente uma idéia brilhante, como é mostrada na revista Empreendedor de maio. Dá vontade de fazer o mesmo: inventar algo que a ninguém antes tinha ocorrido. Paulo Merlin Hidalgo

Curitiba – PR

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Empreendedores Ana Cristina de Souza Gomes

Dupla jornada

Ivo Roveda

Mais duas concessionárias O catarinense Ivo Roveda, diretor-presidente do Grupo Barigüi, acaba de inaugurar duas concessionárias Volkswagen na Grande Florianópolis. O empreendedor espera que 200 automóveis por mês sejam vendidos nas lojas VOX, instaladas em Florianópolis, no Estreito, e em São José, em Campinas. Roveda aposta no atendimento e no pós-venda para conquistar seu objetivo. Com lojas em Itajaí e Blumenau, o Grupo Barigüi desejava há algum tempo se estabelecer na capital. “Era uma vontade pessoal minha. É um grande prazer estar presente na Grande Florianópolis, o coração deste Estado que é tão especial pra mim”, afirma. As duas novas lojas apresentam showroom de novos e seminovos. A unidade do Estreito conta também com pós-venda, onde funcionam as oficinas e são comercializadas peças e acessórios. O grupo, que possui 14 anos de mercado, conta com 25 pontosde-venda e 1.500 funcionários. A expectativa é de novas expansões até fim do ano.

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Ser empreendedora não significa deixar de lado a maternidade. Para Ana Cristina de Souza Gomes, de 59 anos, arquiteta e presidente da Solarium Revestimentos, a carreira profissional e a família são suas grandes prioridades. A empresária tem quatro filhos adultos, um neto, e teve que conviver com a dupla jornada. Para a gaúcha Cristina, na época em que foi mãe não era praxe as mulheres trabalharem. “Foi bastante complicado, não existiam as facilidades que vemos hoje. Não tínhamos, por exemplo, creches para deixar os bebês, e minha mãe morava em outra cidade. Precisei ter babás e deixar as crianças com amigas no dia em que a funcionária faltava. Muito complicado”, diz. Cristina se formou em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Gran-

de do Sul. Aos 21 anos, iniciou a carreira na Inglaterra. Em 1997, criou a Solarium Revestimento, empresa pioneira na fabricação de pisos cimentícios ecologicamente corretos, com a primeira fábrica em Porto Alegre/RS. Em dez anos de atuação, a empresa já possui unidades fabris em Diadema/SP, Brasília/DF e Rio de Janeiro/RJ. A empresa tem em seu portfólio 100 produtos com 14 cores diferentes, que vão de pisos externos e internos até assentamentos e acessórios. Mesmo com a responsabilidade de administrar a Solarium Revestimento, os finais de semana sempre foram muito dedicados à família. Para descansar e curtir momentos juntos, Ana Cristina e seu marido costumam ir para sua casa de veraneio em Punta del Este, um de seus projetos.


Rodrigo Buch, Gean Fermino, Adalir Pecos Borsatti e Clarissa Iser

Plano Multiuso Os administradores Clarissa Iser, Rodrigo Buch, Gean Fermino e Adalir Pecos Borsatti, da empresa Projeta Planejamento e Marketing, têm a missão de garantir que a Arena Jaraguá, um espaço multiuso com capacidade para receber cerca de oito mil pessoas na área interna, situada em Jaraguá do Sul, SC, tenha vida longa e sustentável. Para montar o plano de negócios, os empreendedores da Projeta realizaram uma pesquisa mercadológica avaliando os equipamentos multiuso en-

contrados na região, no Brasil e no exterior. Em breve, será apresentado aos grandes empresários de Jaraguá do Sul e de todo o país um plano comercial da Arena, atraindo investimentos em exposição de marcas e retornos em marketing esportivo. “Todo esse esforço empresarial, somado ao alto poder aquisitivo e ao perfil industrial da região serão as bases de sustentação do sucesso deste empreendimento esportivo e cultural”, diz Clarissa Iser. A Arena Jaraguá foi inaugurada em

maio com arquitetura inspirada nos projetos das grandes arenas esportivas da Europa e dos Estados Unidos. O empreendimento, com uma estrutura de 20 mil metros quadrados, tem ainda capacidade para receber aproximadamente 54 mil pessoas na externa. Conta ainda com espaços para alimentação, academia, pontos comerciais e hall para exposições. O investimento do governo do Estado, em parceria com a iniciativa privada, foi de R$ 17 milhões.

balhar tranqüilos”, diz. Com três funcionários, os planos de Zezinho são de fortalecer e melhorar a microempresa que sempre garantiu o sustento da família e a criação dos filhos. No início, vendia coco em um caixote de madeira no mesmo lugar onde, hoje, tem o quiosque Point do

Acaiaka. Além de coco, oferece produtos como açaí e refrigerantes. O empreendedor quer utilizar mais conhecimentos na empresa. Pretende fazer, ele próprio, um site para o Point do Acaiaka. “Quando a gente recebe o dom de Deus para trabalhar, não pode desperdiçar”, diz.

Tomé Ferreira da Silva

Registro na praia Tomé Ferreira da Silva, conhecido como Zezinho do Coco, vende coco na praia de Boa Viagem, em Recife (PE), há 39 anos. Em janeiro deste, deixou de ser autônomo ou empreendedor informal e registrou a sua microempresa, a Point do Acaiaka. O principal motivo para a formalização foi a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que entrou em vigor no final do ano passado. Uma das maiores expectativas de Zezinho do Coco são a racionalização e a redução de tributos proporcionada pelo Simples Nacional. “A esperança é que a lei dê condições para que os empresários de micro e pequenas empresas possam pagar seus impostos e tra-

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Entrevista

Luiz Fernando Garcia

Empreendedores desde criancinha Como incentivar a autonomia a partir da segunda infância, orientando para não formar especuladores e sim pessoas livres e responsáveis

por

Alexsandro Vanin

A maneira de educar um filho pode determinar seu empreendedorismo quando adulto? Para o consultor e especialista em manejo comportamental e empreendedorismo Luiz Fernando Garcia, sim. Os estímulos iniciais – progressivos e permanentes à iniciativa e autonomia, ao enfrentamento de riscos e desafios, e à visualização em longo prazo – são decisivos para o desenvolvimento de características como capacidade para sobrevivência em ambientes hostis, habilidade para solucionar problemas e senso de oportunidade. Qualidades essenciais de um empreendedor e desejáveis em qualquer profissional, para não dizer em todas as pessoas. O trabalho de formação de um empreendedor – ou simplesmente de uma pessoa mais capaz de lidar com as adversidades da vida – se inicia em torno dos dois anos de idade, na retirada da fralda, quando o bebê começa a perceber a capacidade de controlar certas necessidades fisiológicas. Nos cinco a sete anos seguintes, os desafios propostos devem aumentar de complexidade e dificuldade conforme o crescimento da criança. São tarefas que exigem o acompanhamento dos pais e familiares pró-

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ximos, como estimuladores, orientadores e assistentes. Na adolescência, essas pessoas devem incentivar as experiências de troca, sempre com foco na produtividade e na redução de custos, nunca enfatizando o lucro. Experimentos com negócios como possibilidade de sobrevivência devem vir apenas depois dos 19 anos. O ideal é que todo esse trabalho familiar seja complementado nas escolas. Mas Garcia faz um alerta: as atividades precisam ser lúdicas. O foco no ganho e no lucro pode criar especuladores, e não empreendedores. O tema empreendedorismo deve ser abordado de maneira transversal no ambiente escolar, de forma complementar ao aprendizado de cada disciplina. Visitas a empresas relacionadas ao que se está estudando são ideais nessa fase. No Ensino Superior, deve ser dada seqüência à metodologia, sempre orientada aos resultados, e introduzidas ferramentas importantes, como o plano de negócios. Se o Brasil já é considerado um país de empreendedores, pode-se imaginar daqui a uma geração, caso pais e professores colocassem em prática os métodos de Garcia, autor de mais de 50 metodologias de foco comportamental e responsável pela capacitação de coordenadores, facilitadores e

trainees do Empretec no Brasil, e países da América Latina e África, além da qualificação de 12,7 mil professores do Ensino Fundamental para o aprendizado do empreendedorismo. Empreendedor – Quais comportamentos, quais características devem ser estimuladas nas crianças para formar empreendedores?

Luiz Fernando Garcia – Existem três núcleos importantes na formação de um empreendedor: iniciativa, risco e visão. Iniciativa, que tem a ver com autonomia e controle, com o indivíduo sem aguardar por ninguém e protagonizar isso, é o primeiro comportamento a se trabalhar. Empreendedor – Quais são as fases mais importantes das crianças para educá-las para o empreendedorismo?

Luiz Fernando Garcia – O ser humano é biopsicossocial. O “psico” compreende as fases mais importantes do desenvolvimento de uma pessoa. De zero a dois anos de idade, temos a primeira infância, e de dois a sete anos, temos a segunda infância – alguns autores estendem essa fase até os nove anos de idade. A próxima fase é chamada de latência, entre sete ou nove e doze anos de idade, quando o inconsciente dorme até acordar com a puberdade. É a fase em que menos lembramos de coisas, as lembranças são em flashes, mas os estímulos à iniciativa, risco e visão devem continuar. Quando ele entra na puberdade, um movimento hormonal,


LIO SIMAS

a inconsciência acorda e dá início à preparação da adolescência, quando o social passa a ter grande influência no desenvolvimento de uma pessoa. O aparelho psíquico do ser humano se forma completamente aos 22 anos. Empreendedor – Em que momento os pais devem iniciar a educação empreendedora de seus filhos? De que forma?

Luiz Fernando Garcia – Na primeira infância, em torno dos 26 meses de idade, temos o primeiro movimento importante: o treino da toalete, ou seja, a retirada da fralda. A criança começa a sentir o esfíncter e com isso também a segurar o instinto, pedindo para fazer as necessidades ou retirar a fralda. Nesse momento, se inicia o desenvolvimento das características de autonomia e iniciativa nos seres humanos. O que é importante para os pais: não precipitar esse momento, não ser rígido, mas orientar e assistir a criança. Quando ela sinaliza, é importante orientá-la a segurar o instinto, mas sem fazer alarde. Esse movimento de ter autonomia de controle até o momento de se aliviar é o primeiro registro inconsciente que um indivíduo tem de sua capacidade de iniciativa e autonomia. Essa é uma das coisas determinantes para que tenhamos um indivíduo com um grau satisfatório de autonomia e iniciativa na adolescência, época em que isso será reforçado por figuras referenciais. O treino da autonomia e da iniciativa é o momento em que o indivíduo começa a se apropriar do primeiro produto que ele coloca no mundo. O treino de reforçar essa atitude, de apoiála vai ficar guardado no inconsciente da criança e vai ancorar toda essa capacidade na vida adulta.

Existem três núcleos importantes na formação de um empreendedor: iniciativa, risco e visão

Empreendedor – Como dar continuidade à educação empreendedora dos filhos? Que atitudes deJunho 2007 – Empreendedor – 11


Entrevista

Luiz Fernando Garcia

vem ser enfatizadas e valorizadas?

Luiz Fernando Garcia – Na segunda infância, devem ser trabalhados os núcleos do risco e visualização. Esta fase exige uma disponibilidade maior dos pais, que precisam incentivar a criança a realizar pequenos desafios. Inicia-se por pequenos movimentos de autonomia, a partir dos três anos de idade, como por exemplo, pegar a própria mala, guardar o carrinho, mas sempre sem tiranizar, sem dar bronca, sem ser rígido. E a cada vez que a criança conseguir ter autonomia de trazer ou fazer algo que ela julgue importante, o pai e a mãe devem reforçar a atitude, pois estarão mexendo com o orgulho da criança. No momento em que se iniciam os primeiros desafios, por exemplo, a criança diz ao pai que quer um achocolatado, o pai deve encaminhar a criança até a cozinha, mostrar como se prepara o que ela quer, calmamente, etapa por etapa. É importante que ela visualize toda a operação. A dificuldade é que os pais nem sempre têm essa disponibilidade de tempo, e muitas vezes é mais fácil e rápido preparar logo o achocolatado e ir fazer suas tarefas. A criança enxerga uma vez, e na segunda o pai deve apenas acompanhar e orientar, deixando a criança fazer sozinha. Empreendedor – As experiências podem ser acompanhadas por qualquer pessoa mais velha?

Luiz Fernando Garcia – A criança deve ser sempre acompanhada pelo pai ou pela mãe, ou de alguém representativo na família, alguém por quem ela tenha um afeto grande, como vô, vó e irmãos mais velhos. O vínculo afetivo é muito importante, pois a criança vai se sentir mais feliz e orgulhosa em vencer os desafios. É importante acompanhar, porque as primeiras experiências vão ter erros, a criança vai derrubar o leite,

12 – Empreendedor – Junho 2007

pode quebrar o copo, e o pai não deve agir drasticamente, é importante incentivar a retomada da ação até que ela visualize a operação completa, e nunca pela metade. Na primeira vez, ela vê o pai preparar do início ao fim, no segundo movimento ela faz sozinha todo o processo do início ao fim, mesmo com erros, mas sempre acompanhada. Num terceiro movimento, a criança vai passar a ter autonomia. Nessa fase, é importante que todos os itens necessários estejam ao alcance da criança e que os pais permitam essa experiência de autonomia. Quando ela manifesta o interesse e o pai autoriza, ela cria uma operação mental chamada visualização, ela imagina todas as etapas do processo. São essas pequenas operações mentais que vão desenvolver o núcleo de visão, que é essencial para a qualidade da conduta empreendedora. A capacidade de visualizar em longo prazo deve ser estimulada durante toda a segunda infância através dos pequenos desafios com autonomia, que devem aumentar de exigência conforme o crescimento da criança.

Empreendedor – Após a fase de latência, os pais precisam dar seqüência ao desenvolvimento de características empreendedoras nos filhos, agora adolescentes. O que deve ser incentivado nessa complicada fase da vida de uma pessoa?

Luiz Fernando Garcia – Ao entrar na adolescência, é importante o incentivo às primeiras experiências de troca, sem potencializar a visão

A capacidade de visualizar em longo prazo deve ser estimulada durante toda a segunda infância

Empreendedor – Que cuidados os pais devem ter ao propor desafios aos filhos?

Luiz Fernando Garcia – Os desafios devem ser comedidos, parcimoniosos e estar ao alcance da criança. Não adianta pedir para a criança pegar um brinquedo no quarto escuro, se ela nem mesmo alcança o interruptor. São situações em que ela sente que concretizou algo, e o que está por trás é a plataforma das pequenas realizações: carregar a mochila, arrumar materiais, escovar os próprios dentes, pegar coisas para os pais, mas também sem exploração. Se ela não tiver a âncora da iniciativa e da autonomia, ela vai ficar amedrontada em provocar situações que exijam autonomia e vai requisitar que o pai o faça.

da lucratividade e a visão do ganho, pois, se isso ocorrer, construiremos um indivíduo capitalista, especulador, de olho apenas no lucro, e não na produtividade. As experiências de troca continuam até os 16 anos de idade, acompanhadas de pequenos movimentos de redução de custo. Explorar o que a criança quer, fazendo que ela dê as respostas: “o que você pode fazer com a sua mesada?” e ajudar ela a pensar: “você pode comprar isso agora, mas depois você não vai ter pra comprar aquela revistinha de que você gosta, mas se


você comprar agora um carrinho mais barato, vai guardar um pouco pra depois” e deixar a decisão na mão dela: “essa decisão é sua!”. Nessa fase da vida, é importante a concretização de realizações. Dos 16 aos 22 anos de idade, podem-se incentivar as primeiras experiências de negócios: lojinha de bala, troca de figurinhas, permitir que ela construa carrinhos e venda para amigos, sem incentivar demasiadamente. LIO SIMAS

Empreendedor – Que erros são mais freqüentes na criação de empreendedores?

Luiz Fernando Garcia – Um dos principais erros dos pais na educação empreendedora ocorre quando a criança visualiza uma coisa, diz o que quer ser e os pais tolhem seu desejo. Por exemplo, outro dia, um pai contou que sua filha disse que queria ser professora de creche. Ele, por ter uma condição melhor, disse à filha – que passa a manhã numa creche – “quem sabe dona de uma creche, e não professora; você também pode ser mé-

dica ou arquiteta”. Não importa o que ela vai ser, isso vai se alterar durante o tempo, importa que ela começou a visualizar questões futuras. Outra grande dificuldade é que os pais nem sempre têm disponibilidade de tempo, e a educação empreendedora, principalmente na segunda infância, exige muita participação e calma. Empreendedor – Há momentos em que o pai ou a mãe devem tomar sozinhos certas atitudes?

Luiz Fernando Garcia – Depois de sair da segunda infância, é importante que o pai “roube o filho da mãe”, como diz o francês André Lapierre, especialista em educação infantil. O pai precisa pegar tanto o filho como a filha, sem a presença da mãe, e ir cortar o cabelo, ir ao supermercado, fazer uma entrega. Os estímulos naturais do gênero masculino são estímulos de desafio, são estímulos encorajadores. Tanto a criança quanto um adolescente, na presença do pai, observa melhor como ele funciona. A princípio, o pai detém o maior poder de decisão em casa, é aquele que dá bronca, diz o que está certo e o que está errado. O gênero feminino tem uma natureza de proteção, é um registro atávico, da época em que os homens saíam para caçar e as mulheres cuidavam da caverna. Os homens trabalham para conquistar, com medo da perda, e as mulheres trabalham para manter, com medo da falta. Esse tipo de diferença de gênero contamina todo o ambiente educacional. Uma das coisas que o pensador francês sugere é o pai manter pequenas experiências individuais com o filho ou a filha. Empreendedor – Um adolescente que não recebeu os estímulos necessários na infância pode vir a adquirir um comportamento empreendedor com o tempo?

Luiz Fernando Garcia – O “psi-

co” se dá na primeira e na segunda infâncias. Depois, existe a carga da socialização, que tem as figuras marcantes dentro da família, as referências de pessoas importantes. Quanto mais a criança for ancorada na primeira e na segunda infâncias com autonomia e iniciativa, risco e visão, mais ele vai perceber as características essenciais e vai escolher pessoas importantes que tenham essas características como modelo. Se os estímulos da primeira e da segunda infâncias forem deficitários, é preciso compensar na adolescência, permitindo que elas conheçam muitos tipos de pessoa e que sejam estimuladas por parte do pai e mãe, com parcimônia para evitar qualquer rebeldia, uma valorização contrária comum nessa fase da vida. Mas há uma boa chance, desde que a relação do adolescente com seus pais ou grupo primário seja boa. É possível, mas o risco é muito maior. Uma das formas é compensar por meio de manifestações dos adolescentes que possam ser incentivadas com critérios de realização. Por exemplo, ele quer fazer um acampamento: o pai precisa colocar alguns limites, conversar com alguém que vá, mas deve manter uma posição de assistência à iniciativa do adolescente. Isso o ajudará a desenvolver capacidade de realização. Mas é importante que os pais não se esqueçam que a adolescência é um momento de instalar controles. Empreendedor – A educação empreendedora deve ter continuidade nas escolas? Qual é a forma mais adequada?

Luiz Fernando Garcia – Sim, esse foi o tema de um trabalho desenvolvido por mim para o Ministério da Educação, na época do governo Fernando Henrique Cardoso, para a capacitação de professores ao ensino do empreendedorismo. Eu construí uma matriz de ensino, junJunho 2007 – Empreendedor – 13


Entrevista

Luiz Fernando Garcia

tando pensadores como Louis Jacques Filion: são os dez parâmetros do ensino empreendedor, o que o docente deve fazer. O que é importante nisso tudo: hoje em dia, existem escolas que incentivam lojinhas de balas entre crianças de sete anos de idade. Isso é um equívoco, o tiro pode inclusive sair pela culatra. A criança tanto pode se transformar num capitalista especulador quanto deixar de querer um negócio próprio. As atividades, até a entrada da adolescência, precisam ser lúdicas. Os dez parâmetros são: situar-se como docente; conhecer o mundo dos criadores e dos empreendedores; eliminar a pressão em relação ao conformismo; reforçar a autonomia e a liderança dos estudantes; ilustrar o ensino com exemplos da vida real, cultivar a imaginação; levar o estudante a definir por si mesmo uma situação, um problema, uma visão; habituar o estudante a identificar aquilo que lhe interessa, motivá-lo a aprender; ser aberto à realização circundante; gerar ocasiões para levar o estudante a agir; e tornar-se um docente empreendedor.

mentações em campo, como atividade complementar: por exemplo, matemática, visitar uma empresa e ver como eles montam o preço de um produto; biologia, discutir negócios que já foram gerados e visitar um deles; química, como é feita a tintura de uma camiseta. Sempre com uma vertente direcionada à produtividade, à realização, à concretização de algo que se inicia do nada e viabiliza um produto final. Se os alunos pu-

junto de produtos, comprar os insumos no supermercado, formar preços. Sempre sem enfatizar a questão do lucro, mas sim a produtividade e a redução de custos. A valorização do lucro, e até mesmo a avaliação pelo lucro obtido, só é positiva após os 22 anos. A partir dos 19 anos, também pode-se começar a falar em planos de negócio. O que um negócio deve ter, oportunidades, meios de produção, etc. Na EducaLIO SIMAS

A criança tanto pode se transformar num capitalista especulador quanto deixar de querer um negócio próprio

Empreendedor – Que tipo de atividades escolares podem estimular o empreendedorismo?

Luiz Fernando Garcia – Entre 13 e 16 anos, é preciso incentivar o tema negócios como uma possibilidade e que os professores incentivem os alunos a tomar decisões próprias. É o que se chama de andragogia, o aprendizado pelo que o aluno tem dentro dele, o professor estimula o aparecimento, apenas. É preciso que o empreendedorismo seja colocado em pauta como possibilidade de emprego, possibilidade de negócio. É preciso que se tenha uma matéria, um tema, relacionado a como lidar com negócios, por exemplo. A partir dos 17 anos, é preciso incentivar os alunos a terem experi-

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dessem decidir como eles devem ser avaliados pelo tema e escolhessem trabalhos de campo orientados pelo professor, eles desenvolveriam mais qualidades empreendedoras. Empreendedor – Quando é possível trabalhar pequenos empreendimentos reais com os alunos?

Luiz Fernando Garcia – Entre 19 e 22 anos, pode-se começar a ter negócios como possibilidade de sobrevivência, pequenos experimentos: fazer pizza e vender na escola ou faculdade, montar uma barraquinha na festa dos alunos e montar um con-

ção Superior, o trabalho é criar um sistema transversal do tema empreendedorismo, voltado à conduta orientada aos resultados, não importa o tipo de graduação. Uma cadeira de empreendedorismo deve ensinar comportamento empreendedor, atitudes empreendedoras e ferramentas de potencialização de negócios, como o plano de negócios.

Linha Direta Luiz Fernando Garcia (48) 3334-5585


Junho 2007 – Empreendedor – 15


Não Durma no Ponto Atenção para com a sua atenção! Onde está a sua atenção? Saiba que a resposta para essa pergunta é determinante para o seu sucesso e o sucesso dos seus negócios. Isso porque, onde está a sua atenção, lá estão também os seus pensamentos. E deles dependem as suas decisões. E delas, as suas ações. E os resultados são decorrentes dessas ações. Então, podemos concluir que, onde está a sua atenção, aí está a sua capacidade de produzir (ou não) os resultados que você almeja. Infelizmente, nem sempre a nossa atenção está onde devia. Desviamos os nossos pensamentos e nos dispersamos. Com isso, tomamos decisões equivocadas e ações com baixo poder de resultados.

A atenção nas ameaças Diante do copo de água pela metade, alguns enxergam a metade vazia, outros enxergam a metade cheia. Se a atenção está na parte vazia, é provável que os pensamentos sejam lamuriosos. A sensação será oposta, se a atenção estiver na parte cheia. Da mesma forma, se a atenção estiver nas ameaças do mercado ou do negócio, a mente será tomada por pensamentos de preservação e autodefesa. As decisões, portanto, serão pela busca de segurança. Daí resulta uma opção por acentuar os controles, porque sempre parece que a melhor forma de não correr riscos é manter as coisas como estão. Mesmo que não seja o cenário ideal, mas é sempre terreno conhecido.

16 – Empreendedor – Junho 2007

Por outro lado, se a atenção estiver nas oportunidades, o conjunto de pensamentos se altera. Quem enxerga oportunidades está diante de um desafio. E o desafio cria o estímulo perfeito para acionar a imaginação e a criatividade. O resultado é a inovação, a única for-

Apenas clientes tratados como sujeitos são fidelizáveis. Antes de tudo, eles sentem que são tratados de maneira especial

ma de fazer frente às ameaças e romper um ciclo vicioso de baixos resultados.

A atenção no dinheiro É claro que dinheiro é importante, tanto para os negócios quanto para as finanças pessoais. Mas quando a atenção está no dinheiro acima de tudo, corre-se o risco de se desviar do que é mais importante e do que verdadeiramente gera dinheiro, de maneira permanente.

Dizem que uma pessoa condenada à forca, ao fazer o caminho para o cadafalso, não consegue pensar em mais nada. Toda a sua atenção está fixada no momento derradeiro. Assim vivem alguns profissionais e empresas: concentrados em fazer caixa para pagar as contas, só têm isso em mente. Deixam passar os verdadeiros fatores que geram resultados consistentes e duradouros. Quando a atenção está no “par de bolsos” do cliente, trocam-se os meios pelos fins. O cliente passa de sujeito a objeto. Perdemos totalmente o foco, o ponto onde deveria estar a nossa atenção. Podemos fazer a venda, conquistar o pedido, aumentar o faturamento, mas teremos que reproduzir esse mesmo e exato feito inúmeras outras vezes, pois não há garantia de que esse cliente tratado como um “par de bolsos” deseje ser leal. Ninguém consegue fidelizar “pares de bolsos”, porque eles, simples objetos, se voltam sempre para quem oferece um centavo a menos. Apenas clientes tratados como sujeitos são fidelizáveis. Antes de tudo, eles sentem que são tratados de maneira especial. Se a nossa atenção estiver no cliente, como pessoa que busca algum tipo de ajuda ou solução, certamente redobraremos nosso cuidado. Estaremos dispostos a compreender suas necessidades, sentimentos e valores, e é esse o foco certo. O dinheiro será a justa recompensa de uma relação nutritiva. Saudável, portanto, para ambas as partes.


por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net

A atenção nos afazeres Sua atenção está concentrada em que tipo de afazeres? Pense a respeito: nem sempre preparamos uma agenda produtiva para fazer o melhor uso do tempo e aproveitar o melhor de nós. Nem sempre fazemos o que precisa ser feito. Aliás, gastamos muito tempo em tarefas desnecessárias, que não produzem resultados ou não produzem os melhores resultados. Perdemos tempo e dispersamos a nossa atenção com tarefas que nem precisam ser feitas. Ou que poderiam ser delegadas a outras pessoas. Então, como saber quais as tarefas que realmente merecem a nossa atenção? Faça a seguinte pergunta: “o que só eu posso fazer para que os resultados aconteçam?”. A resposta a essa pergunta é fundamental para que você coloque a sua atenção onde ela efetivamente deve estar. Ajuda a identificar os afazeres que melhor aproveitam as suas competências e o seu potencial máximo. É imprescindível, também, para que você elabore uma agenda produtiva, que implica melhor uso do seu tempo.

A atenção no futuro Muitos colocam suas atenções mais no futuro do que no presente. Perdem-se em projeções mirabolantes, estimativas e elucubrações inúteis, enquanto desperdiçam o presente. Na verdade, tudo o que existe é o aqui e o agora. Somente no presente somos capazes de produzir os

resultados que almejamos. Então, melhor do que colocar a atenção num futuro que pode se transformar em infinita espera, é manter a atenção no presente e torná-lo intenso em todos os sentidos. Significa um viver atento. Empenhar-se no trabalho, para que seja realizado com alto

Gastamos muito tempo em tarefas desnecessárias, que não produzem resultados ou não produzem os melhores resultados

do participa de uma reunião? No processo de tomada de decisão em grupo? Quando negocia com outras pessoas? Em geral, exageramos na atenção dada aos resultados que almejamos e esquecemos das pessoas que farão esse resultado acontecer. Colocar a atenção mais no resultado do que nas pessoas é acreditar que eles acontecem por si mesmos ou por meio de indicadores quantitativos que funcionam como metas. Mas sabemos que não é assim que os resultados acontecem. O único “recurso” confiável para obtenção e aumento dos resultados ainda é o ser humano, ou seja, as pessoas que nos cercam. Os resultados acontecem quando nossos colaboradores têm clareza dos objetivos, se animam com os propósitos, reconhecem as estratégias e compartilham a mesma linguagem.

A atenção na atenção

nível de excelência. Preparar-se para receber um cliente como se recebe cada um dos convidados especiais e queridos, para uma festa em casa num sábado à noite. Dedicar-se a produzir um relatório como se criasse uma obra de arte. Relacionarse com colegas e colaboradores com total atenção e interesse.

A atenção demasiada nos resultados Onde está a sua atenção quan-

Se você tem certeza de que a atenção é determinante para o seu sucesso, então coloque a sua atenção onde ela deve estar. Defina o que é essencial no seu trabalho e na sua vida. E coloque a sua atenção aí. Depois, reconduza o seu estilo de liderar, a sua forma de negociar, o uso do seu tempo, o seu relacionamento com as pessoas e os seus projetos profissionais e pessoais para onde a sua atenção recomendar. E colha os frutos! Acredite, serão os melhores, sempre e cada vez mais saborosos, a cada nova safra. Junho 2007 – Empreendedor – 17


18 – Empreendedor – Junho 2007


Junho 2007 – Empreendedor – 19


Capa Novos serviços e maior estímulo ao crédito decorrem da Lei Geral das MPEs

Bancos querem os pequenos

por

A melhora da macroeconomia no país, como a redução da taxa básica de juros e o aumento da expectativa de crescimento, tem estimulado o aumento da oferta de crédito e a criação de novos serviços do sistema bancário, que volta sua atenção para micro, pequenas e médias empresas. As operações com grandes empresas são menos rentáveis, já que nestas os juros são menores devido ao maior poder de barganha e valor das transações. “A proposta de alocar mais recursos para as MPEs é vista com muita expectativa, já que os pequenos negócios tendem a responder rapidamente a um cenário econômico favorável”, diz Alexandre Guerra, gerente de acesso a serviços financeiros do Sebrae. A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que em julho entra em plena vigência, estabelece uma série de ações de estímulo ao crédito e à capitalização. Entre elas, a redução da burocracia e da carga tributária, além da facilitação do acesso à tecnologia e aos serviços financeiros. Instituições financeiras públicas também devem informar periodicamente o montante dos recursos aplicados no segmento. O desafio, no entanto, é fazer com que esses recursos cheguem aos pequenos empresários. “Não basta esses recursos serem alocados, eles precisam ser efetivamente concedidos”, diz Guerra. INDEX OPEN

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Alexsandro Vanin e Fábio Mayer


Caixa empresta 35 bilhões A Caixa Econômica Federal (CEF) vai colocar à disposição das MPEs neste ano um crédito de R$ 35,4 bilhões, um aumento de 51,92% em comparação aos R$ 23,3 bilhões em 2006. Do valor total, 90% serão destinados a micro e pequenos empreendimentos, segundo Jorge Pedro de Lima Filho, superintendente de crédito à pessoa jurídica da CEF. O dinheiro será aplicado na implementação de linhas de crédito específi-

cas para empresas de pequeno porte, como o Programa de Geração de Emprego e Renda com apoio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Proger FAT) e linhas instituídas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para complementar as demandas dos clientes por financiamentos para investimento, antecipação de vendas ou capital de giro, a instituição utilizará recursos próprios.

CEF: crédito é 51,92% maior do que em 2006

BNDES aposta em cartão especial Um grande aliado dos pequenos empresários é o Cartão BNDES. Não há cobrança de anuidade, e a taxa de juros é definida mensalmente, em função do índice divulgado pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima). Em maio, a taxa foi de 1,03% ao mês, enquanto os juros cobrados pelos bancos aos empresários que descontam duplicatas, por exemplo, geralmente são superiores a 3,5% ao mês, e os cartões de crédito cobram até 12% ao mês, segundo Tânia Rennó, chefe do Departamento de Operações pela Internet do BNDES. Para obter o Cartão BNDES, é necessário ter conta-corrente na Caixa, no Bradesco ou no Banco do Brasil. O limite de crédito é de até R$ 250 mil, mas o empresário pode dispor de até três cartões, caso tenha contas nas três instituições parceiras simultaneamente. Com o cartão é possível ter acesso a quase 4 mil fabricantes e 148 distribuidores credenciados, que oferecem cerca de 35 mil produtos, como veículos leves de transporte, equipamentos de automação comercial, computadores, refrigeradores, máquinas, motores, bombas, equipamentos para postos de serviços, kits para gás natural veicular, mobiliário

comercial e papel para gráficas, entre outros itens. Para a empresa fornecedora, o cartão significa um atrativo a mais, viabilizando negócios com a garantia de recebimento após 30 dias da venda, mediante uma taxa de desconto de 3%. O Cartão BNDES foi lançado em 2003, quando o financiamento de micros, pequenas e médias empresas passou a ser uma das prioridades da

BNDES: apoio a projetos que transformem pesquisa em valor

instituição. Desde então, ele vem puxando um volume de crédito específico, que chegou a R$ 11,1 bilhões em 2006, 22% do total de desembolsos no ano. Em número de operações, do total de 122 mil, 110 mil foram realizadas com o grupo. Em 2006, o BNDES formalizou a decisão de não mais cobrar taxa de intermediação financeira nem spread de risco para esses financiamentos destinados às micros, pequenas e médias empresas. A medida ajudou a elevar o volume de R$ 3 bilhões no primeiro trimestre de 2007, sendo R$ 1,062 bilhão para micros e pequenas, um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2006; R$ 1,059 bilhão para médias empresas, um aumento de 28%; e R$ 920 milhões para pessoas físicas (agricultores e caminhoneiros autônomos), uma queda de 5%. Entre as diversas linhas disponíveis a empresas de qualquer porte, está o apoio à inovação. “O objetivo do BNDES é apoiar investimentos em projetos que visem a transformar pesquisa em valor econômico, ou seja, em um processo melhor, em um produto melhor. E a motivação é clara: a empresa que não investir em inovação poderá cair na obsolescência e perder mercado”, diz Tânia Rennó. Junho 2007 – Empreendedor – 21


Capa Unibanco oferece ampla gestão Algumas instituições financeiras vêm atuando como assessores de gestão dos empresários, nem sempre conhecedores das melhores práticas administrativas. No Unibanco, por exemplo, eles contam com o atendimento de gerentes especializados no segmento pessoa jurídica para ajudálos a estruturar seu fluxo de caixa e utilizar os produtos mais adequados às suas necessidades, segundo Adriana Peres, superintendente de produtos. Ao mesmo tempo em que reduz o risco de inadimplência, o banco coloca essas empresas num caminho mais seguro e planejado. “Além disso, o Unibanco está sempre pensando em novas ofertas e produtos que ajudam no crescimento e desenvolvimento dos negócios de nossos clientes, proporcionando o que eles precisam de uma forma mais barata e eficiente.” O Unibanco avalia mensalmente o cadastro de todos os clientes empresariais e oferece créditos pré-aprovados conforme faturamento, perfil e garantias do cliente, facilitando a concessão do produto. E, caso necessário, o pequeno empresário pode solicitar uma linha de crédito específica ou serviço para solucionar um problema. Segundo Adriana, a situação ideal para ter o crédito aprovado no Unibanco é que ele conheça o mercado em que atua e

Unibanco: atendimento especializado para estruturar fluxo de caixa

tenha experiência no negócio, apresente capacidade de pagamento compatível com o tamanho de sua atividade e mantenha as informações sobre a sua empresa sempre atualizadas. “Quanto mais o conhecermos, mais aberta e fácil será essa parceria.” A política de administração de riscos do Unibanco, aliada à melhora da conjuntura econômica do país, resultou na alteração do espectro de crédito no varejo. A carteira de crédito registrou uma evolução de R$ 7,3 bilhões no primeiro trimestre de 2007, em relação ao mesmo período do ano passado, sobretudo nos segmentos de

cartões de crédito e, principalmente, de micro, pequenas e médias empresas, que expandiu 5,8% no trimestre. Segundo Adriana, o aumento do volume de transações também é derivado das ações de marketing da instituição, especialmente as referentes à oferta de ativos e serviços, que apresentam soluções ideais para cada momento do ciclo financeiro das pequenas empresas. Nas datas típicas do comércio, por exemplo, as opções de financiamento de estoque são destacadas dois meses antes e, logo após o evento, são apresentadas ofertas de antecipação de recebíveis.

Como romper o cerco Sebrae assessora empresários no acesso e gestão dos produtos bancários Apesar do aumento da oferta de crédito por instituições financeiras, boa parte dos micro e pequenos empresários desconhece as linhas de financiamento ou não sabe como ter acesso a elas. Em parceria com outras entidades, o Sebrae vem promovendo diversas ações de divulgação dos fundos oferecidos e de assessoramento da relação com os

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bancos. Em março, por exemplo, o Sebrae no Rio de Janeiro assinou acordo de cooperação técnica com a Caixa Econômica Federal. A parceria prevê um modelo de atendimento às empresas interessadas nas linhas de financiamento operadas pela instituição financeira. Ao procurar uma das agências da Caixa no Estado, esses pequenos serão direcionados a uma das

unidades de atendimento do Sebrae, que oferecerá o apoio para a elaboração do estudo de viabilidade econômica e financeira para a concessão dos financiamentos. Para as micro e pequenas empresas do Rio de Janeiro, a Caixa reservou R$ 2,1 bilhões da carteira de crédito total, quase o dobro do que foi aplicado em 2006. Fonte: Agência Sebrae de Notícias


BB faz atendimento personalizado Para não ficar atrás na corrida pelo atendimento de micro, pequenas e médias empresas, o Banco do Brasil anunciou em maio uma série de ações para aumentar a eficiência operacional e melhorar a dinâmica da gestão. Segundo Antônio Lima Neto, presidente da instituição, as medidas valorizam os profissionais que estão em contato direto com o público e estabelece novos parâmetros de relacionamento com os clientes. Esse novo modelo permitirá um atendimento mais especializado e o oferecimento dos produtos e serviços mais adequados às expectativas de cada nicho de mercado. O plano ainda inclui a centralização dos processos de suporte operacional, com racionalização de recursos de infra-estrutura e logística, e o reforço da estrutura de 415 agências de pequeno porte. As medidas anunciadas não têm impacto no resultado recorrente do banco

neste ano, mas sensibilizarão o desempenho em médio e longo prazos. Segundo Lima Neto, o Banco do Brasil procura manter a liderança do mercado bancário e permanecer como o principal agente do desenvolvimento social e econômico do país. A instituição oferece a empreendedores diferentes modalidades de empréstimos para financiamento de capital de giro e investimentos. Neste último caso, existem condições especiais para alguns negócios: aqüicultura e pesca, processamento de resíduos animais, franquias e informatização de empresas. Um bom exemplo é a Post Net, uma das líderes mundiais do mercado de serviços para escritórios (office services). Em dois anos de atuação no Brasil, a rede norte-americana já possui uma loja própria e nove franquias em operação, duas delas financiadas pelo programa BB Franquia. Até o fim do ano, a Post Net espera

Santander quer ser parceiro O Santander Banespa também procura conduzir os clientes aos produtos e serviços mais adequados à sua situação. “O lema repassado a nossos gerentes é: tenha seus clientes como parceiros dentro da realidade deles”, diz Cristiane Nogueira de Andrade, superintendente de produtos do segmento Business, que atende a empresas com faturamento entre zero e R$ 20 milhões por ano, de qualquer ramo e com qualquer tempo de existência, inclusive start ups (empresas nascentes consideradas com bom potencial). Segundo ela, isso permite solucionar os problemas e obter as melhores taxas e condições possíveis. Em geral, produtos que trabalham com ativos vinculados a recebíveis têm essas características, até pela sua análise ser mais fácil e rápida. Já produtos não vinculados a garantias apresentam as maiores taxas. Um dos produtos mais procurados no Santander é o cheque empresarial,

uma linha de crédito rotativa pré-aprovada que dá muita mobilidade aos empresários, segundo Cristiane. Outro produto de grande saída é o capital de giro parcelado. Mas a demanda varia conforme o ramo do cliente e a época do ano. Clientes da área do comércio trabalham bastante com produtos da linha de recebíveis e da indústria com desconto de títulos. No início do ano, há maior solicitação de linhas de crédi-

Santander: contratação pela internet

Lima Neto: capital de giro

abrir mais três unidades beneficiadas com a linha exclusiva. Os franqueados têm acesso à linha de crédito para capital de giro, financiamentos e investimentos, prazo de até 60 meses e um ano de carência para o início do pagamento do empréstimo, com taxa diferenciada de juros, entre outros produtos e serviços do Banco do Brasil. Segundo Jacques Kann, atual responsável pela expansão e controle da rede no Brasil, o BB Franquia tem proporcionado aos investidores e empreendedores a chance de realizar o sonho do negócio próprio.

to para pagamento de impostos, como o Super Giro, que também pode ser utilizado para outras despesas como reforma, compra de matérias-primas e equipamentos, ou simplesmente acerto do fluxo de caixa. Uma facilidade para o cliente é que a contratação pode ser feita pela internet, a qualquer hora do dia e sem burocracia. Uma das novidades do Santander é o relançamento da Conta Garantida Cartões. “O que tinha de melhor em cada banco foi incorporado”, diz Cristiane. Segundo ela, a grande diferença com os produtos similares de outras instituições é que o Santander trabalha com Redecard e Visa na mesma conta, e permite o adiantamento de até seis vezes o faturamento médio. Outra boa nova é o serviço de pagamento de fornecedores. O Santander se responsabiliza pela administração dos pagamentos e oferece uma linha pré-aprovada para quitação do débito caso não haja dinheiro em caixa na data de vencimento. Junho 2007 – Empreendedor – 23


Capa Banrisul democratiza capital “Vai graxa, senhor?”, diz um engraxate da Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre. “Não, meu filho, não tenho trocado, só cartão”, esquiva-se o possível cliente. “Não tem problema, senhor, aqui tem Banricompras.” A cena pode ser vista desde o fim de abril, quando o Banrisul instalou duas máquinas nos dois pontos de trabalho do local, famoso na capital gaúcha por abrigar a Feira do Livro, e manifestações populares e políticas. “O Banricompras é o maior cartão de marca própria do país, e, por que não, o

mais democrático do Brasil, pois atende a todos, está em todo o lugar e serve como cartão de crédito e débito”, diz Fernando Lemos, presidente da instituição e primeiro cliente a embelezar os sapatos pagando com cartão. O Banricompras Móvel utiliza o recurso de conexão móvel (sem fio), de forma ágil e segura. A máquina funciona com bateria própria para fornecimento de energia e dispensa o uso de redes de transmissão de dados tradicionais. A nova tecnologia utiliza a comunicação GPRS (General Packet Radio

Fernando Lemos paga o engraxate com a facilidade do cartão

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Service), a mesma dos aparelhos celulares, e está disponível nas regiões cobertas pela telefonia móvel. O sistema oferece total segurança ao cliente do banco, pois a informação da senha é digitada no equipamento e transportada de forma criptografada por um canal seguro. É emitido, no momento da compra, o comprovante de autorização do pagamento. Para tornar-se um conveniado do Banricompras Móvel, o estabelecimento comercial pode procurar a rede de agências do Banrisul. Por meio do Banricompras, quase 30% dos gaúchos foram inseridos no universo da utilização de cartão e tiveram a oportunidade de acesso ao crédito, independentemente da renda. “Isso significa que o produto é um grande elemento integrador da economia do Estado”, diz Lemos. Os lojistas atingem os quase três milhões de clientes da instituição, com acesso facilitado a novos produtos, e o Banrisul passa a ter os lojistas como novos clientes. No final de 2003, 14,9 mil estabelecimentos eram conveniados à rede de atendimento do Banco. Já ao término de 2006, o número havia saltado para 41,3 mil estabelecimentos. Um dos próximos a contar com o Banricompras Móvel é a feira de artesãos da Praça da Alfândega. O Banrisul obteve lucro líquido de R$ 638,5 milhões no primeiro trimestre de 2007, um crescimento de 575,66% em relação ao mesmo período do ano passado. As operações de crédito totalizaram, ao final deste primeiro trimestre, o montante de R$ 6,5 bilhões, registrando uma evolução de 5,33% no comparativo com igual período de 2006. O programa de crédito para capital de giro para as pequenas e médias empresas, chamado Promicro, alocou no ano de 2006 R$ 152 milhões através de 19,5 mil operações, com valor médio de R$ 7,8 mil e prazo de até 18 meses. Para este programa, o Banrisul está ampliando o prazo para até 24 meses com pagamentos mensais e valor máximo de até R$ 30 mil.


Ferreira: “A proposta é ser forte em produtos específicos”

Real é flexível a cada negócio O crédito é a maior necessidade que os pequenos e médios empreendedores têm para melhorar o desempenho dos negócios, conforme Carlos Ronaldo Ferreira, superintendente executivo de Pessoas Jurídicas do Banco Real. A constatação é feita com base na demanda por parte dos clientes do banco. “Identificamos que a maior aspiração em relação ao fornecedor financeiro é uma oferta de crédito bem calibrada em um processo em que o tempo de resposta para aquisição seja rápido”, diz. A procura é para ampliar o capital de giro e o estoque, principalmente quando se trata de comércio e serviços, dando condições para atuar mais fortemente no mercado em determinadas épocas do ano, como as que estão associadas às datas comemorativas, por exemplo, Dia das Mães e Natal. “Vai muito da percepção do momento, da leitura que o empreendedor faz da economia e dos clientes que tem”, diz. Alguns são mais arrojados, e outros, mais conservadores. As modalidades que o banco utiliza para atender à demanda são tanto as tradicionais de capital de giro (linhas de 60, 90, 180 dias e até um ano, dependendo do negócio) quanto as operações de desconto, conta garantida ou ca-

pital de giro com recebíveis, quando é um prazo mais curto. “A proposta é ser forte em produtos específicos.” Com a perspectiva de crescimento maior da economia e dos negócios, tem-se olhado também para linhas de médio e longo prazos. Carteiras que têm crescido muito nos últimos dois anos, na avaliação de Ferreira, são a de leasing, tanto de veículo, de equipamento, quanto de maquinário. “O BNDES continua sendo uma grande fonte de recursos pelo custo e taxa, mas isso exige um investimento e uma preparação maior por parte do cliente, como obedecer a um projeto e uma forma de apresentação com mais detalhes”, diz Ferreira. “Dependendo do perfil do cliente, orientamos para linhas em que o custo seja mais interessante para ele. O banco trabalha em um preço de acordo com o risco.” A postura do Banco Real é fornecer não apenas o empréstimo, mas também orientar os pequenos e médios empreendedores, passando informações relacionadas às boas práticas corporativas e de gestão. De acordo com o cliente, o banco costuma direcioná-lo para um produto ou serviço que seja mais adequado ao seu perfil e ao seu tipo de negócio, do ponto de vista de limite em volumes

compatíveis com as necessidades e características do empreendimento. Isso acontece com maior freqüência quando o cliente já tem um histórico no banco. “Se o cliente vai aumentar a frota de veículos, por exemplo, e quer fazer capital de giro, mostramos para ele que o melhor é fazer o leasing, que vai dar o prazo adequado para o investimento”, diz. Esse papel de orientação é feito pelo gerente do banco, que é treinado para cada vez mais ter esse tipo de postura pró-ativa, ou seja, não só reagir ao que o cliente demanda. “Entendemos que, se o cliente fizer do jeito certo, vai ter um risco menor no futuro, em relação ao crédito”, diz Ferreira. “Entender o negócio do cliente, fazer a oferta adequada, calibrar isso e ser pró-ativo, e oferecer soluções fora até do que o cliente imaginou em um primeiro momento.”

Linha Direta Banco do Brasil: 0800 729 0001 Banrisul: (51) 3215-2619 BNDES: 0800 702 6337 CEF: 0800 574 0101 Santander: 0800 702 3535 Sebrae: (61) 3348-7494 Unibanco: 0800 728 3310 Junho 2007 – Empreendedor – 25


Mercado

Receitas da indústria do sono Conforto e saúde são conceitos que impulsionam a fabricação e a venda de produtos para a hora do descanso por

Fábio Mayer

A indústria do sono, que inclui colchões, travesseiros, edredons e acessórios, não tem descanso. Ao todo, gera uma receita de US$ 20 bilhões por ano, em todo o mundo, e mantém o mercado aquecido com investimentos constantes em pesquisa e desenvolvimento. As principais inovações vêm da utilização de novos materiais para a fabricação dos produtos. A busca é por oferecer maior conforto e proteção para os consumidores e reduzir ao máximo qualquer tipo de ruído. Mas com a aplicação de novas tecnologias e equipamentos de ponta na produção, surgiu uma tendência de não focar o negócio em apenas um produto, como o colchão ou o travesseiro. Mas de fabricar ambos e também, dependendo da empresa, ampliar o espectro de produtos. A opção pela diversificação é uma forma de garantir maior receita e diminuir a capacidade ociosa de um equipamento. Essa também é uma das estratégias adotas por grande parte das indústrias nacionais que atuam no ramo para abrir mercado. “Se a loja revende os nossos colchões, têm também a opção de vender os nossos travesseiros, e vice-versa”, diz Danny Sapiro, só-

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cio-diretor da Copespuma, que fabrica e distribui colchões, travesseiros, acessórios e produtos hospitalares. No mercado há 17 anos, a empresa aposta em estratégias que reforçam a participação no ramo da hotelaria, com a prestação de serviços e soluções personalizadas. Em 2006, a empresa aumentou de 13 mil para 17 mil unidades de produtos fabricados e tem estimativa de crescer 20% a mais neste ano. Os motivos apontados pelo bom desempenho são a construção de parcerias sólidas com fornecedores e a participação em feiras e eventos da área, que ajudam a consolidar o espaço no mercado, e ampliar a cartela de clientes e as vendas. A proximidade com o consumidor é a maneira que a empresa tem de ouvir as solicitações, atendendo às suas necessidades. A partir do estudo da demanda, surgiram oportunidades de lançar alguns produtos como as capas protetoras Bioelastic, próprias para pessoas que necessitam ficar muito tempo em repouso, e a cama elétrica Life Style. Conforme Sapiro, é comum fazer investimentos em logística para agilizar os processos de pedidos e entregas. “O envio de colchões de São Paulo para Recife, por exemplo, pode encarecer o produto em até 25%. Entre

os empresários, há a certeza de que reduzir o custo do frete é uma das principais soluções para avançar em novos mercados, como nas Regiões Norte e Nordeste”, diz. “O preço do produto afeta as vendas. Mas as indústrias e lojas profissionais, que visam ao médio e longo prazos, tendem ao sucesso.” A Mannes, localizada em Guaramirim, Santa Catarina, teve na verticalização da empresa o impulso inicial para ampliar a diversidade de produtos oferecidos. A empresa, que começou as atividades na fabricação artesanal de estofados na década de 1950, começou a fazer espumas em 1985 para suprir a necessidade de importar parte do material. Com isso, foi aberto um novo mercado: o de espumas moldadas para a área automotiva e, em seguida, de espumas injetadas, aumentando sua linha de produtos. Atualmente, desenvolve soluções em colchões, estofados, espumas industriais e automotivas, e travesseiros, atendendo a diversos ramos. Os principais lançamentos de 2007 foram o Casually Free, colchão com sistema de fio contínuo que evita ruí-


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Despertar com resultados A competição no mercado do sono faz com que as empresas reduzam as margens de lucro e apostem mais em verticalizar sua produção. Mesmo com receitas um pouco mais baixas, os resultados embalam os sonhos dos empreendedores da área. A indústria gera, em média, US$ 20 bilhões anuais. O ramo de colchões atingiu os R$ 4 bilhões em 2005. Nesse mesmo ano, o faturamento da comercialização de pijamas, camisolas, calcinhas e sutiãs, roupa de baixo masculina e meias ultrapassou os US$ 40 milhões. A Linha Lar, composta pelos produtos destinados a cama, mesa, banho, cozinha, tapetes, carpetes e tecido de decoração, teve receita bruta de cerca de R$ 3,5 bilhões, representando 8,5% do mercado têxtil. Fonte: Relatório Anual Brasil Têxtil 2005 Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

dos, proporciona conforto, estabilidade e durabilidade, e o Pillow, com tecido com tratamento Mosquito Free, que diminui a ação dos mosquitos. “A Mannes sempre busca novas tecnologias e processos, tanto na matériaprima como no processo de fabricação, para oferecer bons produtos”, diz José Pedro Cabral, gerente de marketing da Mannes. “Hoje, existem vários tipos de colchão produzidos com diversos materiais, densidades diferentes, e cada um deles é pré-determinado (mas não obrigatoriamente) para cada biotipo, pois cada pessoa possui uma necessidade diferente de conforto e sustentação necessária.” A empresa exporta para vários países como Estados Unidos, contando com um showroom na cidade de Las Vegas, no Estado de Nevada.

Avaliação de resultados Para competir nesse ramo de atividades, é necessário priorizar a qualidade do serviço. “Nesta ou em outra área, os produtos estão similares”,

diz Sampaio, diretora de marketing da Clatex, que fabrica colchão, box para colchão, travesseiro, blocos, laminados, cilindros para utilização em estofados, embalagens e estofamentos automotivos. Ela cita que estratégias voltadas para entregar mais rapidamente o produto, agilizar a assistência técnica, dar treinamento aos vendedores das revendas e, principalmente, a diversificação contribuem com o desempenho do negócio. Todas essas ações são postas em prática pela empresa, atualmente. “Oferecer produtos e agregados que componham um portfólio completo, para maximizar a visita do representante e o tempo do cliente, podendo adquirir de um só fornecedor diversos tipos de produtos ligados ao sono.” Em 2007, a empresa entrou no mercado de colchão de molas. “É um nicho de mercado em crescimento, que hoje representa cerca de 20% do mercado de colchão no Brasil”, diz. As novidades da Clatex são o colchão com mola bonnel (molas individuais que não pulam; no caso do colchão de casal, o movimento de uma

pessoa não interfere na estabilidade do colchão) e o box, que atua como suporte para o colchão, substituindo as camas tradicionais com estrado. “Também estamos entrando no mercado de colchões destinados a motel, hotel e hospitais, que são revestidos com PVC, ao invés de tecido.” A Clatex costuma fazer pesquisa prévia de mercado antes de lançar um produto novo. “Trabalhamos sobre resultados de pesquisa para balizar a especificação do produto”, diz Beatriz. “Pesquisas são feitas diretamente com o consumidor, com donos de lojas e atendentes, com a finalidade de melhor satisfazer as necessidades do mercado, oferecendo produtos que realmente apresentem diferenciais de qualidade e de performance, visando a proporcionar um bom descanso.” Mesmo que sejam feitas de maneira informal, as pesquisas são essenciais porque norteiam o desenvolvimento dos produtos, na avaliação de Osvaldo José Centoamore, diretor comercial da Probel. Na empresa, o estudo do mercado geralmente é realiJunho 2007 – Empreendedor – 27


Mercado

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zado pela equipe de vendas, atuando diretamente com os revendedores, que captam as informações dos consumidores. “Também é realizada uma avaliação constante dos produtos concorrentes, e, por meio de contato com outros mercados, temos acesso a muita informação de fora do país, das novidades lançadas no exterior”, diz. Por ser um importante item no bemestar e na saúde das pessoas, o colchão é um produto que se destaca na indústria do sono. No Brasil, a produção colchoeira movimentou cerca de R$ 4 bilhões em 2005, e, no ano passado, a estimativa foi de um acréscimo de 5% nas vendas. A visibilidade do produto para fortalecer a marca e aumentar a margem de lucro faz com que empresas de outros ramos, como o moveleiro, agucem os ouvidos no tilintar dos resultados. Mais de 2% das 16 mil indústrias de móveis no país produzem colchões, conforme a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimovel). “O colchão é um produto que tem um importante valor e, lamentavelmente, não é reconhecido pela maioria da população, visto que todos passam de seis a oito horas sobre ele com o objetivo de recuperar as energias. Se a pessoa dor-

me mal, o dia seguinte é desastroso”, diz Centoamore. Para 2007, a Probel remodelou algumas linhas de produtos, que foram estruturadas de acordo com reivindicações feitas por parte dos consumidores. As matérias-primas como a espuma, por exemplo, passaram por uma avaliação e atualização. A melhora dos materiais utilizados, que deformam menos, e as principais novidades do mercado mundial foram sendo incorporadas na produção de colchões, uma delas a No-Turn. A tecnologia permite que o colchão não precise ser virado, como acontece com os modelos tradicionais, que geralmente são usados dos dois lados. Nesse caso, o estofamento é feito apenas de um único lado. Com investimentos freqüentes no desenvolvimento de produtos, a empresa chegou a modelos de última geração. É o caso do Infinity Relax, que oferece sustentação anatômica em diversas posições, permite levantar e abaixar a cabeça e os pés, e conforto terapêutico, por meio do massageador acionado por controle remoto, e do Dreams, o tecido que reveste o colchão e é elaborado com fibras naturais, e recebe um tratamento com Aloe Vera, deixando-o mais agradável em compara-

ção aos tecidos sintéticos. Em função da demanda, foi ampliada a linha de colchões fabricados com a espuma viscoelástica, que possui grande capacidade de absorção do calor e da pressão exercida pelo corpo. O material, além de ser utilizado no estofamento, também é empregado em tecidos, nos quais a lâmina de espuma é costurada. “Com a viscoelática, não acontece o efeito ‘mola’, como no caso da espuma de poliuretano normal, que reage na mesma intensidade e sentido oposto (quanto mais deflexão, maior a força)”, diz Centoamore. O foco da Probel é o mercado nacional, mas a empresa exporta em pouca quantidade para alguns países da América do Sul como Bolívia e Uruguai. “O colchão tem um volume significativo, e o custo do frete acaba pesando muito, inviabilizando qualquer exportação”, diz o diretor comercial.

Proteção antiácaros Diferentes matérias-primas, algumas até antigas, mas remodeladas, utilizadas nos travesseiros, embalam os sonhos de muitos consumidores, proporcionando maciez, conforto e proteção. As novidades que ganham mai-

História e evoluções Travesseiros – Os primeiros travesseiros eram feitos de pedra e utilizados pelos egípcios. O hábito cultural que tinham de dormir com um aparato para a cabeça se espalhou pelo Oriente. Quando se deitavam, as mulheres passaram a usar uma espécie de tijolo para não desmanchar o penteado. Somente no século XII, o travesseiro começou a ficar mais parecido com o que é hoje, em termos de maciez. Diferentes materiais e formatos foram sendo usados para deixá-lo mais confortável. Na década de 1950, surgiram os feitos com molas, modelo copiado dos colchões. Mas, por serem muito duros e fazerem barulho, não tiveram sucesso. Colchão – Para diminuir o desconforto de dormir no chão, surgiram diversas tentativas como utilizar folhas, palhas e pele dos animais. Mas nenhuma delas era muito prática. De acordo com historiadores, o primeiro colchão, nos moldes do atual, foi desenvolvido pelos romanos, que combinava palha, algodão e lã. Fizeram também um colchão que permitia enchê-lo com água morna. Em 1889, um fabricante de máquinas de descaroçar algodão, nos Estados Unidos, inventou um equipamento que comprimia o material, começando a produzir os colchões comercialmente.

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or espaço no mercado, atualmente, são linhas que usam tecidos, visando à saúde. As secreções naturais (saliva, cerume e suor, por exemplo) e artificiais (cosméticos e perfumes) são fontes de alimento para os ácaros, fungos e bactérias que se concentram, principalmente, nos travesseiros, causando rinites e asmas. Com 16 anos de atuação no mercado, a Duoflex é especializada e focada na produção de travesseiros. Foi uma das primeiras empresas no Brasil a fabricar produtos com o cuidado com a saúde do sono, desenvolvendo uma espuma antiácaro, em parceria com uma companhia suíça. Atualmente, comercializa as seguintes linhas: travesseiros de látex, de molas, de espuma tipo látex, e altura regulável e ortopédicos, todos com o tratamento, feito no próprio material, contra ácaros, fungos e bactérias. Também produz o travesseiro da marca Nasa (inspirado na agência espacial norte-americana), que é termossensível, adequando-se à temperatura do corpo, e é automoldável, exercendo menos pressão nas áreas do rosto mais quentes ou salientes. Aliar tecnologia de ponta com matéria-prima artesanal é o desafio da Plooma para desenvolver seus produtos. Os travesseiros e edredons são feitos com penas e plumas de ganso, e recebem o tratamento antimicrobial Ultrafresh, que age contra proliferação de agentes causadores de problemas alérgicos e respiratórios. Antes de usar penas e plumas de ganso, a empresa adota um processo de esterilização e lavagem a uma temperatura de 130°C. A opção por utilizar esses materiais nos travesseiros tem a vantagem de torná-los resilientes, ou seja, possuem capacidade de resistência de 80 mil vezes o peso do usuário. No caso dos edredons, proporciona maior leveza e maciez. Com sede no município de Caieiras, região metropolitana de São Paulo, a empresa oferece várias combinações para enchimento, diversificando seus produtos e atendendo às diferentes expectativas do consumidor e de nichos como hotela-

ria, spas, companhias aéreas, magazines e lojas especializadas em sono. Produz mensalmente cerca de 90 mil travesseiros, 3 mil edredons e 26 mil capas protetoras para travesseiros. Seja colchão, seja travesseiro, jogos de cama ou acessórios, a principal preocupação é desenvolver produtos que atendam não apenas ao design, mas também proporcionem conforto e proteção. Para os empreendedores dessa área, descanso só depois das horas extras de trabalho, mas com a sensação de dever cumprido. Os bons resultados recorrentes nos últimos anos são a canção de ninar que embala o sono tranqüilo.

Linha Direta Beatriz Sampaio (11) 4617-4417 Danny Sapiro (11) 3026-9041 José Pedro Cabral (47) 3373-9279 Osvaldo José Centoamore (11) 3283-2508 Plooma (11) 3026-9041

Tipos de colchão Espuma viscoelástica – Criado e desenvolvido pela Nasa com o objetivo de proteger os astronautas, utilizando o material nos assentos das poltronas dos ônibus espaciais. Possui grande capacidade de absorção do calor e da pressão exercida pelo corpo. Látex – Seiva de origem vegetal extraída das seringueiras, que, depois de processada, também é utilizada na fabricação de colchões. Atualmente, é o modelo mais vendido em todo o mundo, sendo comercializado em mais de 75 países. Molas Bonnel – São molas individuais que não pulam, por exemplo, no caso do colchão de casal, com o movimento de uma pessoa, e não interferem na estabilidade do colchão. Representam cerca de 70% dos modelos fabricados que usam molas. Molas Pocket – As molas são ensacadas individualmente em tecidos com a missão de proporcionar adaptação personalizada ao corpo, dando melhor acomodação para o ombro e quadril, partes que são as mais pesadas. Também ajudam a diminuir o ruído. Junho 2007 – Empreendedor – 29


Tendência

Sotaque nos trópicos Mesmo enfrentando a burocracia, estrangeiros fisgados pela qualidade de vida investem em negócios no Brasil por

Francis França

No ano passado, 1.033 estrangeiros entraram no Brasil com o objetivo de abrir empresas. O número é cinco vezes maior do que o registrado em 2005, e a perspectiva é que cada vez mais empreendedores falem português com sotaque. A onda de vistos concedidos a empresários foi favorecida por uma resolução do Conselho Nacional de Imigração, que, em 2004, reduziu o valor mínimo de investimento para a obtenção do visto de permanência de US$ 200 mil para US$ 50 mil. Economicamente estabilizado já há alguns anos, o Brasil está a um degrau de ser considerado bom para investir. Atualmente, o país é classificado como “BB+”, e receber qualificação positiva significa atrair novos investimentos estrangeiros, uma vez que o Brasil se torna ambiente altamente confiável. De acordo com a advogada Ziara Abud, que presta serviços legais a empresas para a obtenção de vistos, fatores conjunturais têm estimulado os investimentos no país. “Hoje, o Brasil oferece grandes oportunidades para quem deseja realmente trabalhar. No passado, era impossível para os pequenos empreendedores conseguirem visto, porque o valor exigido para investimento era muito alto. A cota

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atual, de 50 mil dólares, já é um valor considerável para os padrões de pequenas e médias empresas”, diz. As solicitações de visto envolvem diversos tipos de negócio, desde os mais comuns, como restaurantes, pequenos hotéis e escolas de idiomas, até empresas de consultoria, lava-rápido, haras, confecções e comércio. Previsível, só a motivação que leva os estrangeiros a abrirem empresas no Brasil: ter o próprio negócio em um país tropical. “Geralmente, são pessoas com vida financeira estável em busca de qualidade de vida, que querem investir em lugares tranqüilos, mais bonitos do que seus países de origem”, diz. Para a economia brasileira, a vinda dos estrangeiros representa entrada de divisas, geração de empregos e desenvolvimento das regiões onde se instalam. Para adquirir o visto de permanência, os estrangeiros precisam primeiro abrir a empresa no Brasil e comprovar o investimento através do contrato de câmbio fornecido pelo banco. Aprovada a imigração, o dinheiro pode ser utilizado como o empresário achar melhor – comprar imóveis, pagar salários, impostos, comprar mercadorias. O prazo para receber a resposta do Ministério do Trabalho varia entre quatro e cinco semanas. Para abrir a empresa, não é preciso ter um sócio brasileiro, mas pelo


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menos um dos sócios estrangeiros deve ter visto de residência. Caso contrário, é necessário constituir um procurador e contratar um administrador brasileiro. Depois de concedido o visto, o empreendedor estrangeiro pode fazer alterações contratuais e assinar quaisquer documentos. Em 2005, o número de solicitações deu um salto, mas a tendência daqui para frente é estabilizar. Manter o volume de investimentos externos a altas taxas vai depender da economia brasileira. “Se continuarmos com a economia estável, inflação baixa e taxa de juros caindo, viabilizaremos investimentos de qualquer natureza, inclusive desse tipo de personagem”, diz Ziara. As condições econômicas no país têm melhorado, mas o maior atrativo para os estrangeiros ainda é a qualidade de vida. Mesmo com a redução da cota de investimento, eles precisam lidar com problemas conhecidos dos empresários brasileiros e percebem que abrir uma empresa aqui continua mais difícil do que nos países de origem da maioria dos imigrantes.

Beleza O norte-americano Marko Jovovic, 31 anos, só decidiu morar no Brasil porque gosta muito do país. Se dependesse da burocracia e dos impostos, escolheria qualquer outro lugar para fazer negócios. Ele passou dois anos investindo no Brasil, viajando para cá a cada dois meses, até conseguir o visto, em 2005. Depois de abandonar o emprego bem-sucedido em um banco nos Estados Unidos, montou uma importadora de cosméticos e um spa no Brasil, um dos três principais mercados para produtos de beleza no mundo. Mas as dificuldades para consolidar o negócio quase o fizeram desistir. “Demorou um ano para cumprirmos as formalidades de vistos e certifica-

Ziara: para abrir uma empresa, não é preciso ter um sócio brasileiro

dos de vários órgãos do governo. Depois, mais um ano e meio para registrar os produtos, porque tivemos que fazer os testes dos produtos no Brasil. Foi incrivelmente difícil. O mesmo procedimento no México demorou 30 dias”, diz. O peso dos impostos foi outro fator que desestimulou Jovovic. Sua empresa é responsável pela importação de cosméticos para toda a América Latina, e a rentabilidade em Porto Rico, uma ilha com quatro milhões de pessoas, é mais alta do que no Brasil. Apesar do grande público consumidor disponível, os impostos de importação e encargos sobre salários reduzem a margem de lucro. Mas o esforço compensou, e o investimento deve ser recuperado em dois anos. Vencido o desafio de abrir a empresa, no município de Serra/ES, as coisas ficaram mais fáceis com o passar do tempo. JoJunho 2007 – Empreendedor – 31


Tendência vovic planeja ampliar a empresa e investir em uma linha própria com fabricação no Brasil, para reduzir os gastos com importação. “O maior problema no Brasil é começar. Você precisa de muito dinheiro para financiar a abertura da empresa e deve ter muita persistência, porque o processo é demorado”, diz. A norte-americana Mary Lorene Barrette morou 30 anos na Dinamarca, onde era treinadora de cavalos, e, depois de algumas férias no Brasil, escolheu o país para viver com seu marido. Em 2005, viu a possibilidade de treinar cavalos de corrida em Cotia/SP, onde comprou um rancho. “Percebi que o trabalho de treinamento de cavalos Quarto de Milha não era bem-feito por aqui e decidi explorar esse lado”, diz. O idioma foi a primeira barreira que Mary encontrou para começar o negócio. Sem saber falar português, ela teve dificuldades em entender as exigências governamentais para abrir a empresa, que funciona oficialmente desde janeiro. A comunicação com os clientes também é complicada, então sua primeira meta é aprender o idioma, para conquistar mais clientes. Passada a etapa de adaptação, sua perspectiva é recuperar o investimento inicial em dois anos.

Paixão Andrew William Shepherd, 44 anos, apaixonou-se por uma brasileira na Inglaterra e, depois de algumas viagens a passeio, resolveu mudar-se definitivamente para cá. Abandonou seu emprego na área de computação e passou a dar aulas particulares de inglês em Taubaté (SP). Dois anos depois, o romance terminou, mas ele não conseguiu mais viver longe do Brasil. Trabalhou como professor de inglês para os funcionários da empresa Mubea e depois abriu uma escola de idiomas com a ajuda de amigos bra-

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Shepherd e sua escola de idiomas: “Na Inglaterra, ficaria rico só de dinheiro”

sileiros, a Mr. Brit English. Quatro anos depois, ao saber que os imóveis na Inglaterra estavam supervalorizados, vendeu sua casa para investir no Brasil. “No final de 2005, consegui meu visto permanente e pude realmente tocar o meu negócio, que até então estava registrado no nome de um casal de amigos. Em outubro do ano passado, mudamos para um prédio melhor, com boa localização, pude contratar uma pessoa para cuidar exclusivamente do marketing, porque estávamos fazendo tudo sozinhos”, diz Shepherd. Sua escola tem atualmente sete empregados e 60 alunos. A meta é chegar a 150 estudantes em agosto e a 200 até o final do ano. A confiança no crescimento da empresa baseia-se na qualidade de ensino da escola, com foco na conversação. “O nível das escolas de inglês em Taubaté é baixo, fazem muita ‘embromation’, com falsos cognatos. Minha visão é realmente ensinar o idioma, para que faça diferença

na trajetória profissional do aluno.” Shepherd diz que abrir um negócio no Brasil foi complicado e que só insistiu por amor ao país. Se estivesse na Inglaterra, teria mais incentivos do governo, financiamento de projetos e facilidade para adquirir empréstimos. “Lá eu poderia ficar muito rico, poderia dirigir um Rolls Royce. Mas para mim não importa, porque vivo melhor aqui, o país é lindo, fico perto da praia, minha vida é rica assim. Na Inglaterra, ficaria rico só de dinheiro”, diz.

Linha Direta Andrew William Shepherd (12) 3633-3719 Marko Jovovic (11) 3079-0949 Mary Lorene Barrette ampaladini@terra.com.br Ziara Abud (11) 3286-0655


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Negócios Criativos

Virtuais, mas nem tanto Negócios reais e lucrativos crescem no mundo paralelo Second Life por

Alexsandro Vanin

Universo paralelo, conforme definição na Wikipedia, é uma realidade autocontida em separado e coexistente com a própria realidade. A idéia de um outro mundo é comum na mitologia, na religião e nas lendas. O artifício foi adotado com sucesso por obras de fantasia como As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, e O maravilhoso mágico de Oz, de Lyman Frank Baum, e reaplicado massivamente no cinema, na TV e nas histórias em quadrinhos. Com o advento dos jogos eletrônicos e sua popularização com a internet, o conceito foi disseminado, e usuários começaram a ganhar dinheiro com suas criações virtuais. Mas nenhum metaverso (universo virtual tridimensional) exibiu potencial tão grande para o empreendedorismo quanto o Second Life, que oferece a qualquer um que tenha acesso à internet a possibilidade de ter uma segunda vida. Estima-se que o volume de transações nesse espaço virtual, que despontou na internet em 2005, já chegue a US$ 30 milhões por mês e o número de habitantes ultrapasse seis milhões de pessoas, com idade média acima de 30 anos. Não é um jogo. Não há missões, fases ou objetivos pré-definidos. Second

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Life foi criado pela norte-americana Linden Lab e pode ser acessado por meio de um computador que atenda às exigentes configurações mínimas. O que o difere de outros ambientes virtuais é ser criado, em sua quase totalidade, pelos próprios habitantes. O programa oferece várias ferramentas de modelagem 3D para a criação de ambientes (como ilhas, imóveis, paisagens e decoração interna), avatares (representação gráfica e animada de cada habitante), roupas, acessórios, cabelos, tatuagens, veículos e o que mais a criatividade permitir dentro da capacidade do sistema. “São muito procurados os veleiros e os artigos para voar”, diz Emiliano de Castro, diretor de marketing do Second Life Brasil. Os residentes têm propriedade intelectual garantida para suas criações e podem comercializá-las, se desejarem. Essa é uma das principais oportunidades de negócio no momento. E deve permanecer atraente, pois, assim como o universo real, o Second Life encontra-se em permanente expansão, com uma média de 20% a 30% de novos residentes ao mês. Um bom valor de venda é obtido não apenas pelo design, mas, principalmente, pela interatividade. É o que faz um carro andar, um relógio funcionar e um avatar beijar, entre outras quase infinitas possibilidades de interação geradas pela programação. Levam


vantagem empresas e profissionais com experiência em webdesign e programação, como a Overplay, desenvolvedora de jogos, a Young IT, desenvolvedora de soluções web e para a gestão dos negócios, e a In Comunicação, do ramo de comunicação digital. Ailin Graef, proprietária do Anshe Chung Studios, alega acumular mais de US$ 1 milhão em ativos no Second Life.

Câmbio diário Dinheiro em circulação neste meio não falta. A assinatura básica é gratuita, mas não permite a venda de produtos e serviços, apenas a compra. Somente a assinatura premium possibilita a exploração comercial no Second Life. As transações são feitas em moeda própria, o linden dólar (L$), que obedece a um câmbio diário – a cotação pode ser seguida na Reuters Second Life (www.secondlife.reuters.com). O dinheiro virtual pode ser comprado com um cartão de crédito internacional (operação em dólares americanos), e com cartão de crédito nacional ou boleto bancário (operação em reais). Neste último caso, existe uma moeda intermediária, o Kaizen Cash (KC$), e R$ 1 equivale a KC$ 1 mil. “Tem muita gente tirando seu sustento exclusivamente do Second Life, e alguns ainda geram empregos”, diz Castro. É o caso de Paula Racy, de 23 anos, webdesigner e fotógrafa freelancer na primeira vida e empresária no metaverso, onde é conhecida por Paulinha Sands. Influenciada por uma prima, Paulinha entrou no Second Life há quatro meses. No começo, ela procurou aprender tudo sozinha, quebrando a cabeça e consultando tutoriais, até que resolveu fazer alguns cursos oferecidos no próprio universo paralelo. Hoje, ela tem sua própria escola, na virtual Ilha Búzios. Lá ela ensina de tudo: personalização de avatares, produção de roupas, construção de imóveis e o que mais tiver demanda. Primeiro, ela fazia tudo, gerenciava, atendia os clientes e dava aulas.

Depois, ela contratou uma secretária, que agora virou sócia, e mais duas pessoas para cuidar das áreas de marketing e de recursos humanos, além de professores para os cursos. “Hoje, meu lucro médio é de L$ 300 por aluno, mas tudo é reinvestido no negócio”, diz Paulinha, que também fatura com modelagem em geral e produção de eventos, como a festa de inauguração da Assessos Assessoria de Comunicação. A Assessos, empresa fundada em 2004 para atender ao mercado de tecnologia da informação, estreou no Second Life em maio. É um caso de empreendimento da vida real que estende suas atividades para o universo paralelo. “Procuramos estar sempre à frente, e no metaverso poderemos oferecer novos serviços e vantagens aos nossos clientes”, diz Thatiana Racy, diretora de operações. Por exemplo, construção de sedes virtuais a preços mais acessíveis e assessoria no relacionamento comercial nesse novo meio, além de disponibilização criativa de links. Na sede, um prédio de dois andares na Ilha Búzios, há uma

loja de freebies (artigos gratuitos, promocionais da Assessos e de seus clientes), estúdio (onde é produzido um programa mensal para auxiliar residentes do metaverso), uma sala de entrevista coletiva e outras duas para contatos privados, com programa de conversação por voz disponibilizado pela empresa. Búzios é uma ilha de propriedade da Meta Mídia Digital, empresa criada em 2007 para ambientação e manutenção de negócios no Second Life. Ela serve de base para ações promocionais e sedes de parceiros, como a Assessos. Também são clientes a Bum Bum, grife de moda praia com quase 30 anos de existência, que contratou a Meta Mídia para ambientação de sua loja e digitalização de suas coleções, e a Escola de Moda do Senac Rio, para a qual foi produzido um desfile virtual com reprodução da coleção conceitual. No evento, os visitantes puderam experimentar e adquirir, gratuitamente, quatro das 16 peças exibidas. “Temos muitos projetos em desenvolvimento e negociação, e dentro de três meses devemos registrar um lucro

Castro: “Tem muita gente tirando seu sustento exclusivamente do metaverso” Junho 2007 – Empreendedor – 35


Negócios Criativos significativo”, diz Roberto Santos, administrador e sócio-proprietário. O empreendimento também é iniciativa do webmaster e especialista em modelos 3D Rodrigo Bastos, ex-integrante do grupo de eventos Diretoria, responsável pelo show do Fatboy Slim e Carnaval do IG no metaverso. Assim como a web, o Second Life é utilizado pelas empresas da economia real e de diferentes ramos como plataforma de divulgação e relacionamento com clientes. É o caso da Intel, da Adidas, da Volkswagen e da TAM. A companhia aérea brasileira instalou-se em um lounge na Ilha Berini em abril. Seus clientes podem viajar para as ilhas de Milão, Paris, Inglaterra e Nova York, sendo recebidos pela equipe de bordo das aeronaves, e acumulam pontos para o programa de fidelidade. Para entrar no metaverso, é recomendado às empresas o desenvolvimento de um plano de marketing específico. A Young IT define a modelagem e as ações necessárias após a análise de um briefing contendo as informações sobre os produtos e serviços que o cliente pretende levar ao Second Life. Segundo o diretor Ricardo Pereira, os primeiros projetos desenvolvidos pela Young IT no metaverso serão lançados até o final do primeiro semestre.

Gonçalves, da In Comunicação: assistência 24 horas aos clientes

Sem limite Um universo em constante expansão, que não conhece fronteiras, e onde os desejos se realizam num piscar de olhos. Qualquer um pode criar, fazer e ser o que quiser – e mudar de idéia quando bem entender. Essa combinação torna o metaverso tão interessante quanto a RL – “real life” ou vida real – e bem mais atraente do que navegar e interagir das maneiras tradicionais (via programas de comunicação instantânea, por exemplo) na internet. É por isso que o Second Life está sendo considerado uma espécie de balão de ensaio para a chamada Web 3.0. Pesquisadores acreditam que, num futuro não tão distante, toda a internet será tridimensional, tornando a navegação muito mais parecida com a maneira como as pessoas se movimentam e se relacionam no mundo real. Fonte: Rosa Arrais Assessoria de Comunicação

Second Life também é plataforma para pesquisa de mercado e teste de conceitos. A construtora Cyrela, por exemplo, entrou neste meio com o objetivo específico de utilizá-lo como laboratório de tendências de mercado. Ela é uma das clientes da Overplay, empresa que desde 2002 cria jogos com foco em anúncios comerciais (advergames) e agora tam-

bém desenvolve soluções para o metaverso. O trabalho abrange o processo de criação, planejamento da campanha virtual, modelagem de avatares e ambientes, programação de scripts, animações e controles automáticos de ambientes. Já utilizaram estes serviços também a Petrobras e a Intel, que celebrou seu aniversário de 20 anos no Brasil com uma festa no Second Life em abril. O evento contou com avatares dos principais executivos, inclusive do CEO Oscar Clark, e a presença de celebridades, como a DJ e ex-BBB Analy e a atriz Daniele Suzuki, e da imprensa, entre eles os repórteres virtuais do site EGO da Globo. Outras empresas se valem do Second Life como plataforma de treinamento. Na IBM, os funcionários freqüentaram cursos on-line na pele de seus avatares. Segundo Castro, universidades e institutos de pesquisa também estão aderindo ao metaverso, instalando suas bibliotecas virtuais ou simplesmente utilizando com interface web. A Anhembi Morumbi é a primeira instituição brasileira de Ensino Superior a ter um campus no Second Life. A inauguração, em maio, foi marcada pelo primeiro Campus Experience Virtual. O evento, similar ao promovido no mundo real, é voltado para estudantes do Ensino Médio que desejam conhecer de perto o dia-adia das profissões e curiosidades sobre as possibilidades de carreira. Os interessados puderam tirar suas dúvidas diretamente com os promotores da universidade e assistir a vídeos dos cursos. Este foi o primeiro trabalho na área da In Comunicação, empresa criada no ano passado pelos estudantes de design digital, Sulivan Gonçalves, e publicidade, Paula Roberta de Oliveira e Renan Fonseca Jr. Após firmar parceria com a ZZN Virtual, eles criaram um setor especializado em Second Life, com assistência 24 horas aos clientes.

Solução nacional Um grande facilitador para os empreendedores brasileiros foi a criação do Second Life Brasil. Estima-se que a po-

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Mapa do metaverso Pilares conceituais Auto-expressão: o conteúdo é criado pelos próprios residentes. Ambiente de negócios: aberto para empresas virtuais e também reais. Experiência compartilhada: a interação corre solta, sem bloqueios ou medos, encorajando a troca de informações.

Conceitos básicos Metaverso: universo dentro do universo. Palavra criada pelo norte-americano Neal Stephenson, autor do livro Snow Crash (Acidente na neve, inédito no Brasil). É um ambiente virtual que mimetiza o mundo real. Second Life: é um metaverso, um universo em três dimensões on-line, totalmente criado por seus residentes. Como não tem missões, personagens ou fases pré-definidas, não pode ser considerado um jogo. Avatar: é a representação de cada pessoa que está cadastrada no Second Life. Os avatares são as personas virtuais que habitam o metaverso, com rosto e corpo personalizados e que interagem com os outros residentes. Eles conversam, dançam, choram, beijam, abraçam, dão risadas e fazem sexo, entre muitas outras coisas. RL: sigla em inglês para “real life”, ou vida/mundo real. In-world: é a vida dentro do metaverso.

Como criar uma segunda vida Vá até o site do Second Life Brasil (www.secondlifebrasil.com.br) e clique em Cadastre-se. Escolha o nome e o sobrenome do seu avatar, que será o seu novo eu no mundo virtual. Pense bem antes de se batizar, porque você não poderá mudar o nome do seu avatar depois. Coloque um e-mail válido no cadastro e espere pela confirmação. Assim que ela chegar, baixe o programa de navegação (“client”), faça a instalação e comece a navegar. Parabéns, você acaba de nascer no metaverso!

Como personalizar o avatar Ao nascer, seu corpo e seu rosto serão meio amorfos, sem graça. Não se assuste. No Second Life Brasil, você escolhe tudo – do seu sexo à sua aparência. Seu avatar pode ser parecido com você na vida real ou completamente diferente – uma fada, um animal, um duende. Para personalizar seu avatar, clique sobre ele com o botão direito do mouse e depois selecione Aparência. Na nova janela que será aberta, clique em Forma e depois em Corpo para definir seu porte físico (altura e peso), seu corpo e seu rosto. Sugestão: experimente à vontade. Se não gostar, é só continuar mudando. Quando ficar satisfeito, clique em Salvar como. Você pode mudar sua aparência quantas vezes quiser e a qualquer hora, basta repetir o processo. Além disso, você pode criar ou comprar roupas e acessórios. O programa oferece ferramentas de modelagem 3D e, mesmo que você nunca tenha feito isso antes, com um pouco de prática poderá fazer suas próprias criações.

Locomoção e exploração Geograficamente, o Second Life é organizado em ilhas. Tudo

está mapeado, com marcadores que ajudam você a localizar lugares, eventos e onde estão as pessoas (quanto mais marcadores verdes, mais pessoas). Acione os botões do menu inferior da tela para abrir os dois tipos de mapa disponíveis: Minimapa: mostra a região onde você está; Mapa: com ele, você visualiza todo o território virtual do Second Life. Para se locomover, você pode caminhar, usar bicicletas ou skates, correr com um carro esportivo de último tipo, pegar um avião sem enfrentar filas no check-in ou simplesmente voar à vontade! Aliás, essa é uma boa forma de se locomover de um canto para outro. Você pode percorrer longas distâncias em pouco tempo ou então aproveitar a vista do alto de um prédio ou do meio das nuvens.

Comunicação A Linden Lab, criadora do Second Life, está trabalhando em um projeto de voz, mas, por enquanto, toda a comunicação é por escrito. Existem duas formas de conversar no metaverso: Chat: pressione a tecla enter, digite o que quer falar e aperte enter novamente. A mensagem fica visível para qualquer residente que esteja num raio de 30 metros e pode ser respondida por qualquer um deles – ou por vários. Sugestão: se você quiser iniciar uma conversa com algum residente específico, digite o nome dele no início da frase – os nomes aparecem em "tags" (etiquetas) que flutuam sobre a cabeça dos avatares. Para sair do modo chat, basta pressionar a tecla Esc; MI: é o programa de mensagens instantâneas do Second Life, e você pode usá-lo para conversar com as pessoas da sua lista de amigos. Ao contrário das mensagens enviadas via chat, essas são particulares: somente o residente com quem você está conversando vai recebê-la. Para mandar uma mensagem, abra sua lista de contatos, selecione com quem você quer conversar e clique sobre seu nome. Pelo MI, você pode conversar com seus amigos mesmo que eles estejam fisicamente longe de você no metaverso.

Infrações Não vale passar pelo portão do vizinho, gostar do Porsche dele e engatar a primeira. O metaverso não possui polícia ou leis próprias, mas respeita a legislação internacional. São os próprios residentes que denunciam quem sai da linha. O infrator virtual rapidamente é localizado pela equipe da Linden Lab/Kaizen Games e é advertido. Se insistir, poderá passar um tempo banido em um milharal distante.

Assinatura e configurações Assinatura básica: gratuita Assinatura premium: R$ 19,90 por mês Configuração recomendada: processador Pentium 4 ou Athlon 2000+ 1.6 GHz ou superior, 512 MB de memória RAM, placa de vídeo , ATI Radeon 9600 ou X600,nVidia GeForce FX 5600, GeForce 6600 ou superior, 37 MB de espaço livre em disco conexão de internet cabo ou DSL e Windows XP (Service Pack 2). Fonte: Kaizen Games / IG

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Negócios Criativos

Cláudio Carvajal Jr.: empresas virtuais dentro da lei

pulação nacional passe dos atuais 200 mil residentes – uma das maiores do metaverso – para 2 milhões até abril de 2008. Segundo Castro, a Kaizen Games identificou o potencial do Second Life entre os brasileiros e propôs uma parceria à Linden Lab, que na época procurava uma forma de se expandir na Europa e na Ásia. Dezenas de profissionais das duas empresas passaram a desenvolver o Second Life Global Provider e de sua porta de acesso (client) em português. À Kaizen, ficou reservada a licença de exploração do serviço nos países lusófonos e de língua espanhola, enquanto a Linden pode procurar parceiros em comunidades com outros idiomas. Para estimular a participação nacional, estão sendo produzidos ambientes com referências culturais locais, como a praia carioca de Copacabana, com direito a areia, calçadão e quiosques, e o Vale do Anhangabaú e o edifício Martinelli, referências do centro paulistano. Existem ainda diversas vantagens em empreender no Second Life, em comparação com o mundo real, segundo Cláudio José Carvajal Jr., professor e coordenador dos cursos de Administração da Faculdade Módulo. Primeiro, a concorrência no mundo virtual ainda é extremamente menor do que na econo-

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mia real. Os custos de desenvolvimento e implantação de projetos empresariais também são, em geral, mais baixos. “É um ambiente sem fronteiras, sem a burocracia e a intervenção governamental que temos na vida real.” A princípio, nem mesmo é necessário registrar a empresa, o metaverso possui sua própria regulamentação sobre criação de marcas e produção intelectual. Mas Carvajal Jr. recomenda a criação da empresa conforme a legislação brasileira, se a estratégia do empreendedor for expandir os negócios além do universo virtual. As possibilidades de negócio no Second Life são quase infinitas. É importante ficar atento às necessidades e aos desejos dos residentes. Segundo Carvajal Jr, quanto mais criativo, mais chance de sucesso. “As pessoas estão em busca de algo novo, diferente, que as surpreendam.” No entanto, se o residente não tiver espírito empreendedor e quiser faturar alguns linden dólares, basta procurar um emprego nos classificados. Há algumas vagas que não exigem nenhum esforço. Para valorizar seus terrenos ou suas pistas de danças, há quem contrate os residentes só para ficarem sentados, admirando a paisagem, ou dançando.

Linha Direta Cláudio Carvajal Jr. (Faculdade Módulo) (11) 3670-7070 Emiliano de Castro (Second Life Brasil) (11) 3672-3531 Overplay (19) 3235-3184 Paula Racy (Paulinha Sands) (11) 3731-6373 Ricardo Pereira (Young IT) (11) 3085-3237 Roberto Santos (Meta Mídia Digital) (21) 8884-0562 Sulivan Gonçalves (In Comunicação) (11) 3845-2109 Thatiana Racy (Assessos) (11) 3095-5655

A origem do metaverso Quem conheceu a internet na década de 1990 provavelmente não conseguiria imaginar que alguém pudesse pensar em desenvolver um ambiente tridimensional on-line. Era a época da Web 1.0, uma grande enciclopédia digital em que a interatividade praticamente não existia. Em 1995, Philip Rosedale, um físico norte-americano que tinha uma pequena softwarehouse, já pensava em criar um mundo virtual on-line, embora reconhecesse as limitações técnicas da internet da época. Pensando nisso, desenvolveu um programa para compactar vídeos, permitindo que eles fossem transmitidos por conexão discada. A criação caiu nas mãos de Rob Gloser, presidente da Real Networks, uma das maiores empresas de entretenimento digital do mundo. Convidado por Gloser, Rosedale assumiu o cargo de diretor de tecnologia da Real Networks, que comprou sua empresa. Quatro anos mais tarde, em 1999, ele ganhou um presente da sua mulher: o livro Snow Crash (Acidente na neve, não editado no Brasil), de Neal Stephenson, responsável pelo neologismo metaverso, usado no livro para dar nome a um universo virtual paralelo. Ao perceber que o que ele imaginava já tinha até um nome, Rosedale decidiu investir no seu próprio metaverso. Desligou-se da Real Networks e, com suas economias pessoais (US$ 1 milhão), criou a Linden Lab e começou a dar forma ao Second Life, que estreou na internet em 23 de junho de 2003. O Second Life só decolou, porém, no final de 2005, quando Rosedale percebeu que seu metaverso precisava ter economia própria. Para viabilizála, ele optou por incentivar o empreendedorismo dos próprios residentes, que passaram a ter a propriedade intelectual de suas criações. Além disso, Rosedale começou a vender terrenos virtuais e criou uma moeda exclusiva, o linden dólar, que tem o valor atrelado ao dólar americano e pode ser convertido em moeda real. Fonte: Rosa Arrais Assessoria de Comunicação


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Negócios Criativos

Enxada eletrônica Cientista independente propõe solução para abolir os agrotóxicos por

Francis França

Um bocal em forma de pirâmide emite microondas que penetram no solo e desidratam a erva daninha até a raiz. A palha decompõe-se em pouco tempo e transforma-se em adubo para o solo. A máquina desenvolvida por Irineu Santos, 52 anos, empresário e inventor nas horas vagas, substitui em 100% o uso de herbicidas e pesticidas na lavoura, além de oferecer diversas aplicações para a indústria e a construção civil. Apesar de ter sido certificada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e aprovada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), a tecnologia, criada há mais de dez anos e batizada de “enxada eletrônica”, ainda aguarda interesse de investidores para ser produzida em escala industrial. Autodidata e cientista independente, Santos criou a enxada eletrônica por motivações pessoais. Na década de 1990, um estudante que prestava serviços para sua empresa de persianas voltou para trabalhar na lavoura de fumo com os pais, e, cinco anos mais tarde, Santos recebeu a notícia de que ele havia cometido suicídio. “Acompanhando as notícias dos jornais, percebi grande ocorrência de suicídios naquela região do Sul catarinense em função do uso de agrotóxicos, principalmente o brometo de metila, que é proibido em quase todo o mundo, mas muito utilizado aqui. Então, resolvi fazer um equipamento que pudesse proteger as pessoas e modernizar o campo”, diz. O brometo de metila é jogado no solo e,

Irineu Santos, com o seu protótipo, aguarda interesse de investidores FOTOS LIO SIMAS

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coberto com lona, atinge 130ºC e libera CFC na atmosfera, gás responsável pela destruição da camada de ozônio. Em 1996, Santos, que já estudava as aplicações do eletromagnetismo por conta própria, montou um laboratório em casa e desmontou 11 fornos de microondas até descobrir como controlar o calor. Com a estrutura do eletrodoméstico, fez um protótipo – o único que tem até hoje – para provar a viabilidade da tecnologia. Depois de muitos testes, adotou um sistema que atinge 98% de eficiência, enquanto nos fornos tradicionais o aproveitamento é de 84%. O calor das microondas produz no solo o mesmo efeito do brometo de metila, sem emitir qualquer tipo de componente tóxico. A enxada eletrônica pode ser individual e portátil, para cada agricultor separadamente, ou pode ser acoplada a um trator, com vários emissores de microondas. O calor pode variar de 60ºC a 600º em segundos. O maior inconveniente é o elevado consumo de energia elétrica, mas a máquina poderia ser ligada a um transformador movido a biodiesel, cujo consumo seria de um litro por hectare. Segundo o inventor, com o investimento aprovado, é possível produzir um protótipo de grande porte em seis meses. “O retorno é positivo, se comparado aos meios utilizados hoje, que jogam diariamente toneladas de produtos químicos no solo e nos rios. Além disso, você elimina um gasto de longo prazo. Hoje, você consome o que colhe contaminado e tem um custo de saúde não computado na hora da compra. É um custo adicional que você vai pagar mais tarde, em 20 ou 30 anos”, diz. Santos calcula que a enxada eletrônica individual chegaria ao mercado por cerca de R$ 500. Para os modelos acoplados a um trator, o preço seria de R$ 8 mil. Para uso urbano, as máquinas valeriam cerca de R$ 60 mil. O custo com manutenção seria zero nos cinco primeiros anos.

Depois de pronta a invenção, que está patenteada no Brasil e nos Estados Unidos, Santos buscou formas de distribuí-la aos agricultores. Procurou algumas cooperativas de agricultura orgânica que mostraram interesse na tecnologia, mas não tinham recursos para investir na produção das máquinas. Para apresentar o equipamento à indústria, ele buscou respaldo da Universidade Federal de Santa Catarina. “Eu precisava certificar o meu produto, então procurei o reitor da UFSC, que me apresentou o dr. Adroaldo Raizer, uma das maiores autoridades da América Latina na área de microondas. Na época, também entrei em con-

Aplicações Além de substituir o agrotóxico, a tecnologia da enxada eletrônica também serve para: 1. derreter asfalto: mudanças de temperatura e infiltrações de água criam fissuras, mas as microondas podem vedá-las e tornar o asfalto muito mais resistente; 2. exterminação seletiva: é possível eliminar ervas daninhas sem matar a grama, porque a erva daninha tem mais água e seca antes que as ondas prejudiquem o gramado; 3. descontaminação: a exposição das microondas é capaz de eliminar a toxidade em até 80% dos produtos químicos, em casos de vazamento em estradas ou portos; 4. derreter gelo: as microondas podem ser utilizadas para desbloquear um aeroporto cheio de neve no inverno europeu; 5. garantir plantações no inverno: mantém o solo descongelado para as plantações; 6. esterilização de carne: elimina as bactérias sem que a carne perca suas propriedades ou coloração; 7. esterilização de roupas: mata germes e bactérias sem danificar os tecidos; 8. cerâmica mais resistente: as microondas retiram o oxigênio do barro, conferindo ao material alta resistência e brilho.

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Negócios Criativos tato com o dr. Juarez Muller, da Epagri, que fazia parte de um comitê da ONU e me incentivou a investir no projeto”, diz Santos. Juarez Muller participava do Comitê da Biozona junto à ONU para estudar alternativas ao brometo de metila. “Os agricultores utilizavam agrotóxicos com persistência no solo de mais de seis meses, o que contaminava o lençol freático, causava problemas de mortandade de peixes, uma série de desvantagens. Infelizmente, quando o Irineu me procurou, o projeto da ONU já estava em andamento, então a tecnologia de microondas não pôde ser incluída, mas tecnicamente tem uma boa fundamentação, o último passo é torná-la comercial”, diz. De acordo com o professor Adroaldo Raizer, a principal dificuldade do projeto na época foi o custo de energia. “Eu achei a idéia boa, informei que era viável e poderia ser levada à frente. Nosso problema foram os custos. Engenharia é uma associação de custo mais técnica. Hoje, os equipamentos de microondas baratearam muito, além de ficarem mais leves. Muitos dos equipamentos eram im-

Invento pode eliminar as ervas daninhas sem matar o gramado

portados, e comprávamos na época em que o dólar valia quatro reais. Agora, a situação é outra”, diz. Quando foi procurado para desenvolver a tecnologia, Raizer buscou financiamentos em organismos tradicionais como Finep e CNPq, mas não existia nenhuma linha para esse tipo de tecnologia. Segundo ele, atualmente o governo incentiva a inovação, e já há linhas específicas na área. A solução foi oferecer a tecnologia para as empresas. Santos apresentou o equipamento para a Souza Cruz, que se mostrou interessada nos benefícios

da tecnologia – de acordo com o inventor, o uso da enxada eletrônica reduziria em 56% a toxidade do cigarro –, mas não comprou o equipamento porque já estava investindo em pesquisas de biotecnologia. Os equipamentos de microondas também foram apresentados à Icon, no segmento de cerâmica, e à Greenleaf, empresa de construção de campos de golfe, mas as negociações não foram adiante. Santos conseguiu fechar um contrato com a América Latina Logística (ALL) para desenvolver um projeto que resolvesse o problema de ervas dani-

de persianas, onde atendia a todas as lojas do Grupo Ipiranga. Nunca concluiu o Ensino Superior. Cursou Administração, Física e Economia, onde estudou até o penúltimo semestre. “Não é que eu desanimasse antes de concluir, mas eu encontrava questões não explicadas, aí abandonava e partia para outra área”, diz. Abriu uma floricultura para sua mãe, que em pouco tempo se tornou uma das maiores do Estado. E deixava o pai cuidando da outra empresa, enquanto viajava por todo o Rio Grande do Sul para instalar as persianas. Aos 23 anos, casou-se e mudouse para Florianópolis, onde trabalhou

vendendo propaganda para cadeiras de praia. “Foi difícil abandonar os negócios em Rio Grande. Meus pais, infelizmente, por não terem a veia empreendedora, mais tarde acabaram abandonando as empresas e vieram morar comigo. Mas eu pensei: se faço a vida aqui, faço em qualquer lugar. Sempre fui muito desprendido”, diz. Trabalhou como publicitário, depois foi assessor no governo do Estado por quatro mandatos e, em 1990, abriu novamente uma empresa de persianas em Florianópolis, onde trabalha até hoje. Além da empresa, faz estudos e palestras sobre as pesquisas independentes que desenvolve

Investir em sonhos Irineu Santos é empresário desde os 20 anos e sempre investiu tempo e dinheiro para provar a viabilidade de seus projetos. Aos 12 anos, começou a trabalhar como officeboy em uma vulcanizadora na cidade de Rio Grande (RS). Aos 14, teve a carteira assinada como gerente e, aos 16, já era responsável por toda a compra de pneus que a empresa fornecia para os caminhões do Grupo Ipiranga. Aos 18, entrou na Marinha e foi para Brasília trabalhar para o governo federal no serviço de informações. Concluiu os estudos, voltou para Rio Grande e abriu sua primeira empresa de montagem

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pareça, pois o gasto de energia, mesmo fornecida pela própria locomotiva, tornava o projeto inviável economicamente. Mas isso foi naquela época, porque os equipamentos eram caros. Como qualquer tipo de tecnologia, conforme o tempo passa o preço reduz. Hoje, provavelmente, seria viável, mas não seguimos a idéia”, diz Raizer.

Solução urbana

nhas nos trilhos das ferrovias. O contrato rendeu uma parceria com a UFSC, que montou um laboratório de eletromagnetismo. O protótipo, de R$ 60 mil, foi construído com recursos da ALL, da UFSC e de Santos, que tirou mais de R$ 12 mil do próprio bolso. Na frente de um trem, foram acoplados os emissores de microondas, que funcionariam com a energia da própria rotação do trem. Foram feitos cálculos e gráficos, mas a tecnologia acabou sendo deixada de lado. “Do ponto de vista energético, não valia a pena, por incrível que

Depois da tentativa frustrada, Santos deixou a enxada eletrônica de lado por sete anos. No início de 2007, foi procurado pela Prefeitura de Itajaí (SC) para aplicar a tecnologia de microondas nas podas urbanas, já que o Ministério Público começou a cobrar dos municípios que parem de usar produtos químicos para matar ervas daninhas. Novamente, quem incentivou Santos foi Juarez Muller, que atualmente é pesquisador na Epagri de Itajaí. “Eu vejo uma grande alternativa para o controle de ervas daninhas, que são um problema de todas as cidades brasileiras, principalmente as grandes. Em Itajaí, a situação é séria, há uma equipe enorme trabalhando no processo de lim-

peza, mas não se consegue dar conta, principalmente na primavera e no verão, quando as plantas crescem mais rápido por causa do calor”, diz Muller. O modelo desenvolvido possui barreiras de proteção para evitar que o calor se espalhe e cause queimaduras. O equipamento é acoplado a um caminhão, com três camadas de segurança para absorver as microondas. “Nunca desanimei, porque cada vez que surge um novo desafio, a veia da curiosidade se torna mais imperiosa do que o bolso. Agora, tenho a promessa desse protótipo. Sempre achei que sobrava tempo para as coisas e, depois dos 45, quando chega a idade da maturidade, comecei a me dedicar como cientista independente. Até hoje, não encontrei desafios que eu não conseguisse superar”, diz Santos.

Linha Direta Adroaldo Raizer (48) 3721-7557 Irineu Santos (48) 3333-6935 Juarez Muller (47) 3341-5258 LIO SIMAS

como autodidata. “Muitas vezes, deixei de lado o lazer da minha família para investir em sonhos que acredito que são viáveis e, no fim, consegui provar isso”, diz.

A mesma tecnologia aplicada a uma espécie de “multienxada” para fazer limpeza urbana faz parte dos projetos de Irineu Junho 2007 – Empreendedor – 43


Franquia

Muito além da lojinha Negócios inovadores rompem com a mesmice dos nichos super explorados e abrem caminho para mais ousadia

por

Francis França

Fazer negócio guardando o código genético dos clientes para futuro tratamento terapêutico, ou cuidando dos problemas de iluminação dos clientes comerciais ou ainda apostando no ensino de Matemática personalizado são alguns exemplos de uma tendência forte no sistema de franquias. “O mercado não agüenta mais o mesmo. Os franqueadores vão precisar ser bastante ágeis para buscar inovação no seu negócio, não deixá-lo estagnado e começar a criar nichos”,

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diz Adir Ribeiro, diretor de Operações e sócio do Grupo Cherto. A demanda por criatividade tem levado os empresários a explorar terrenos até então desconhecidos e a renovar o conceito de franquia no Brasil. O principal foco de expansão está no setor de serviços. Segundo Ribeiro, muitos fatores favorecem essa nova tomada de rumos. O crescimento da participação dos serviços no PIB beneficia todos os negócios no setor. “Um de nossos sócios esteve em uma feira de franquias na Espanha – que tem o mesmo número de franqueadores que nós, apesar de a população brasileira ser quatro vezes maior –, e percebemos que lá a parte de serviços está muito avançada. Aliás, nas economias mais desenvolvidas, o serviço tem uma representatividade muito grande nos PIBs, e as franquias espelham isso”, diz. A franquia de serviços vem crescendo à medida que o próprio franchising cresce. Enquanto algumas áreas apresentam crescimento estagnado, os serviços avançam continuamente, o que impulsiona as atividades. Segundo Ribeiro, a composição de custos, inclusive com tributação diferenciada, vem apontando os investimentos como alternativa adequada à vocação do brasileiro. “Temos indústrias muito avançadas, o setor sucro-alcooleiro muito desenvolvido, produzimos aviões, mas são ilhas de excelência. Somos um país tipicamente prestador de serviços. Até pela nossa cultura latino-americana, estamos percebendo essa tendência”, diz. O governo federal, segundo Ribeiro, também tem incentivado esse crescimento através de ações como o Super Simples e a Super Receita. A facilidade para abrir empresas estimula o empreendedorismo, que está diretamente ligado à franquia. Na medida em que você cria uma Super Receita

que possibilita criar uma empresa em 15 dias, facilita muito. “Precisamos liberar algumas travas. Há empresários que compram uma franquia e acabam pagando multas porque não conseguiram abrir a empresa no prazo estipulado por um shopping, por exemplo. E ele fez todo o procedimento corretamente, não estamos falando de empresários que deixam para a última hora”, diz Ribeiro. Franquias na área de saúde, finanças e imobiliárias têm muito espaço para crescer. Outra tendência é trabalhar as filiais como se fossem franquias internas, e gera ganhos de produtividade transformar um gerente de filial em franqueado. “O mercado começou a enxergar que franquia é um canal de distribuição, e não necessariamente uma lojinha. Já existem algumas iniciativas como laboratórios franqueando seus negócios, algumas poucas imobiliárias; é uma loja, mas é um serviço”, diz Ribeiro. Um dos exemplos é o Paraná Banco, que lançou recentemente uma rede de franqueados para vender os serviços de crédito consignado do banco.

Expansão geográfica A mudança no perfil das franquias tem estimulado a abertura de negócios fora do eixo Rio-São Paulo. Segundo Ribeiro, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste recebem cada vez mais investimentos em shoppings. “Claro que o eixo Rio-São Paulo tem uma produção muito grande, até porque detém grande parte do PIB, mas vejo essa expansão, e, na medida em que essas regiões vão crescendo, exige-se um nível de serviço mais elevado, e o próprio mercado melhora”, diz. A diversificação das franquias também favorece o mercado de trabalho. Segundo Ribeiro, as economias desenvolvidas cresceram por meio das empresas independentes, que têm grande representatividade na economia, mas geram poucos empregos.

Adir Ribeiro, do grupo Cherto: o principal foco de expansão está no setor de serviços

Para ele, a solução estaria na pequena empresa por meio de franquias. “As pessoas estão percebendo que os empregos estão ficando diferentes. No passado, você fazia um concurso público ou tornava-se gerente de uma empresa, e estaria com o sucesso garantido. Hoje, muitos executivos adquirem franquias como alternativa de aposentadoria, ou as compram para seus filhos. A versatilidade dos negócios tem impulsionado isso”, diz. Abrir negócios diferentes não é a única forma de inovar. Empresas líderes em seus segmentos estão apostando em novos serviços para crescer. Segundo Ribeiro, o objetivo é entender o consumidor. “Cada vez mais, os fabricantes estão montando canais de distribuição próprios. Comenta-se no mercado que a Antárctica quer lançar o ‘Bar da Boa’ e trabalhar com franquias. Por que ela pensa em um negócio como esse? Porque quer ter contato com o consumidor final”, diz. Junho 2007 – Empreendedor – 45


Franquia Matemática da expansão A+ inova e supera saturação do mercado com soluções para a educação O ramo de educação é considerado um dos mais saturados na área de franquias, mas a A+, a Matemática descomplicada, que chegou ao Brasil no final de 2006 e deve começar a funcionar este ano, mostra que, com criatividade e foco, ainda é possível abrir espaço no mercado para crescer. Criado pelo matemático norte-americano Larry Martinek, o diferencial do método A+ em relação ao ensino tradicional é tratar os alunos individualmente. Depois de detectadas as dificuldades de cada um, são montados currículos personalizados. “O método baseia-se em três pilares: usa a realidade do aluno para explicar, assim ele entende a aplicação das lições; parte do concreto para o abstrato e promove diagnósticos para identificar onde estão as dificuldades do aluno”, diz Luis Antônio Namura Poblacion, que trouxe a franquia A+ para o Brasil e é presidente da Futurekids, responsável por implantar projetos pedagógicos em escolas de diversos municípios brasileiros. A franquia existe há cinco anos nos

Estados Unidos e já é sucesso em alguns países, como Portugal. Com um investimento pequeno, profissionais de qualquer área, mas principalmente professores e especialistas em Matemática, como engenheiros e arquitetos, podem abrir o próprio negócio. Segundo Poblacion, a A+ tem um público consumidor que exige qualidade. Enquanto na educação tradicional as aulas são dadas seguindo o conteúdo direcionado ao aluno médio, o trabalho da franquia é desenvolvido para o aluno real, que tem dificuldades particulares de aprendizado. “Imagine que dois alunos de 3ª série não entendem um problema passado em aula. Normalmente, quando o professor percebe a dificuldade, ele repete a explicação. Isso não é razoável, precisamos saber por que aqueles dois alunos não estão entendendo. Talvez um deles não entenda, porque durante o problema houve uma passagem sobre fração e ele não dominou na época esse conceito. E o outro porque tem dificuldade nos sinais. São problemas diferentes

que precisam de acompanhamento exclusivo”, diz Poblacion. As aulas são dirigidas a estudantes do Ensino Fundamental e Médio. São utilizadas técnicas especiais para educar, com jogos e problemas próximos do cotidiano das crianças e dos adolescentes. A idéia de trazer a franquia para o Brasil surgiu devido aos baixos índices de aproveitamento dos alunos em avaliações internacionais. Em teste feito com alunos de quarenta países, o Brasil ficou em último lugar no ensino da Matemática. Segundo Poblacion, esses resultados servem para deixar claro o que os especialistas já sabiam: a situação da educação no país é trágica. A meta da A+ é abrir mil franquias em dez anos. “Temos expectativas fantásticas, porque um povo educado precisa basicamente de três coisas: aprender a raciocinar, dominar a língua e conhecer a linguagem matemática, para poder se inserir no mundo. Um país em que as crianças de quarta série não sabem somar ou subtrair, na oitava série também não, e várias delas no Ensino Médio têm essa carência básica, é um país deseducado. Se você oferecer educação de qualidade, com certeza terá muito sucesso”, diz. A taxa de franquia da A+ é de R$ 3,8 mil, mais R$ 10.950 de capital inicial. O franqueado precisa abrir um

Namura Poblacion: o método usa a realidade do aluno para explicar, parte do concreto para o abstrato e promove diagnósticos para identificar onde estão as dificuldades

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centro de educação para dar exclusivamente aulas de Matemática. Para adquirir a franquia é necessário passar por algumas entrevistas e ter treinamento específico sobre o método de ensino. O franqueado pode dar as aulas ou contratar professores, caso não tenha experiência no ensino de Matemática. A garantia de sucesso no investimento em qualidade da educação envolve a própria formação do mercado de trabalho. Segundo Poblacion, o trabalho tradicional, na formatação da Revolução Industrial, está em extinção, e, para ter sucesso nesse novo mercado, as pessoas precisam de um nível de raciocínio que esteja pelo menos na média da população. “Hoje, todo mundo precisa pensar, resolver problemas. Você precisa de mentes privilegiadas. A escola ensina o que está nos livros, mas não educa as pessoas a pensarem para resolver os problemas, esse é o grande drama. Se você tiver uma proposta inovadora para ensinar as crianças a pensar, seja em Matemática, seja em qualquer outra área, vai ter um mercado fantástico pela frente”, diz. Na sua análise, o ensino especializado de Matemática tem garantia de sucesso por estar vinculado a um problema da sociedade. E essa é apenas uma das áreas com espaço para se desenvolver. Ele acha que a expansão das franquias é ilimitada e diretamente proporcional às soluções que o mundo demanda. “Eu tenho centenas de problemas para resolver no mundo. Por exemplo, como resolver o problema do lixo. Quem formatar uma solução para isso tem um grande mercado nas mãos, poderia abrir uma franquia. Se alguém conseguir criar um instrumento que separa os materiais de seus componentes e transforma lixo em insumo pode vender essa idéia para mil pessoas, e cada uma faz isso na sua região. Está aí uma solução para um problema que o mundo tem. A franquia é simplesmente uma formatação de alguém que descobriu uma metodologia eficaz e produtiva, e divide isso com os outros. Esse é o conceito”, diz.

Gestor da DNA Primeira rede de biotecnologia do país guarda material genético do cordão umbilical Abrir franquias com tecnologia de ponta é a nova aposta da Global Franchise, empresa especializada no desenvolvimento de franquias que busca trazer negócios inovadores para o Brasil. Em operação há três anos no México, a Banco de Cordão vai oferecer aos clientes brasileiros a possibilidade de guardar seu código genético para tratamento terapêutico. No momento em que a criança nasce, ao cortar o cordão umbilical é liberado um fluído que leva o código genético do bebê. Esse material contém a solução para diversos problemas que a pessoa pode desenvolver ao longo da vida, como leucemia, câncer de fígado, diabetes e outros problemas que podem ser corrigidos com tratamento genético. A vantagem é que a reserva genética não beneficia apenas a criança, são células para três gerações – podem ser utilizadas para tratamento também dos pais e avós. O papel do franqueado é atuar nos hospitais para coletar as amostras dos clientes. O material é congelado e mantido no laboratório do franqueador por tempo indeterminado. O material é acondicionado em uma embalagem especial fornecida pelo franqueador e precisa ser remetido para o laboratório de avião, pois tem até 36 horas para ser congelado antes que as células se rompam. “O franqueado pode ser um indivíduo que trabalha junto ao hospital, não precisa ter um laboratório próprio, o franqueador é o laboratório. É possível, por exemplo, se ele já tem um pequeno laboratório de coleta de sangue na cidade em que mora, utilizar essa estrutura para ser coletor. Mas, de qual-

quer forma, ele vai fazer a coleta dentro do hospital”, explica Cecília Gonçalves, diretora de Comercialização Internacional da Global Franchise. A expansão do mercado de biotecnologia e a inovação motivaram a empresa a trazer a franquia. Depois de uma reunião no México, a Global Franchise decidiu apresentar a tecnologia ao mercado brasileiro. Ainda em fase de captação de investidores para adquirir a concessão da marca, a empresa pretende implantar o laboratório franqueador até o final deste ano. O local onde será inaugurado ainda não foi decidido, mas, segundo Cecília, será em uma capital de grande circulação. A expectativa é de crescimentos astronômicos nos próximos anos. “A primeira meta é ter no mínimo uma franquia por capital. Depois, você pode quantificar o padrão de expansão pensando em quantos hospitais existem no país. Poderemos ter um franqueado para cada hospital particular, ou públicoparticular”, diz Cecília. O investimento na taxa de franquia máster é de 120 mil dólares. A implantação do laboratório vai custar mais US$ 600 mil. A projeção é recuperar o investimento em um prazo de quatro anos. “Ainda são proibidos no país os Junho 2007 – Empreendedor – 47


Franquia tratamentos com células-tronco, e com a Banco de Cordão você garante a sua própria célula-tronco. É um presente que um avô dá para um neto e que beneficia outros membros da família”, diz Cecília. A coleta de material genético do cordão umbilical já é feita no Brasil, porém as amostras são guardadas em bancos públicos, como o existente no Hospital Albert Einstein, em que o material serve para qualquer pessoa que tenha compatibilidade. Com a franquia, o cliente – que paga a extração e uma anuidade para manter seu material na Banco de Cordão – tem a vantagem de utilizar as próprias células no tratamento, eliminando qualquer risco de rejeição. Ao comprar o serviço, o cliente guarda seu material no banco privado, onde só ele pode movimentar suas células, e dedica uma parte ao banco público. Segundo as perspectivas da Global Franchise, todas as crianças que nascerem futuramente vão ter suas amostras públicas e privadas.

Banco de pele A empresa optou por franquias, em vez de representantes, para estimular os empresários. O franqueado é gestor do próprio negócio e pode trabalhar com vários hospitais. “Com a franquia, ele pode dominar uma região, e os representantes não, ficam atrelados sempre ao negócio”, diz. Antes mesmo de fundar um negócio inédito no país, a Banco de Cordão já pensa em futuras inovações. O próximo passo da franquia é transformar-se em banco de pele, para guardar células epiteliais e reproduzi-las para serem usadas em casos de queimadura. O serviço já existe no México e nos Estados Unidos, e está no horizonte de negócios da Global Franchise. O sucesso das franquias inovadoras baseia-se na transformação pela qual o público consumidor está pas-

48 – Empreendedor – Junho 2007

sando. Segundo Cecília, o mercado hoje está extremamente focado, o consumidor não tem mais dúvidas do que quer. “Não dá mais para ser generalista, você precisa ser focado. As cafeterias estão crescendo muito porque, além dos produtos, estão oferecendo conforto às pessoas. As livrarias estão reduzindo o tamanho para as pessoas se sentirem mais aconchegadas. O foco não é apenas o produto, mas um serviço de bem-estar que você presta, e o mercado está se adequando a essa nova demanda”, diz. A Global Franchise traz ao Brasil novos negócios como Wine Styles, franquia voltada para alimentação, mas focada no varejo de vinhos. O cliente consome vinhos a preços acessíveis e dispõe de um local confortável para trabalhar com seu laptop ou encontrar os amigos. Outro exemplo é a Cuts, academia voltada só para homens, com aparelhos mais fortes desenhados exclusivamente para o corpo masculino. A Cuts atende a homens que não podem dedicar uma hora diária aos exercícios físicos. Com os aparelhos especiais, é possível reduzir o tempo na academia pela metade e aproveitar o tempo para outras atividades. “Estamos entrando em vértices diferenciados de consumos específicos. Estamos no mesmo ritmo do que aconteceu com o mercado norte-americano. Houve o boom da alimentação, da educação e depois dos serviços em geral. Então, o mercado saturou e precisava de novidades, porque não existe espaço para tantos negócios iguais”, diz. Segundo ela, o Brasil ainda cultiva a idéia de que alimentação e educação são negócios mais rentáveis, mas, aos poucos, abrem-se possibilidades para novos ramos de atuação. “Já existe um grupo de investidores que estão com um olhar mais aberto, mais atento aos acontecimentos do mercado, e é aí que entram as franquias de biotecnologia”, diz.

Idéia iluminada Franquia conquista clientes com serviço especializado de troca de lâmpadas Antigamente, quando se pensava em lâmpadas, as possibilidades dividiam-se entre 40, 60 e 100 watts. Hoje, a variedade é tal que, quando uma delas queima, é difícil identificar inclusive o modelo que se está usando para substituí-lo. Edson Ricci, que há oito anos tem uma empresa de importação de lâmpadas, percebeu nessa dificuldade uma grande oportunidade de negócio. “Quando se chega ao impasse, entra a figura do eletricista, que está preocupado com serviços maiores, não quer ir a uma loja trocar três lâmpadas. O dono de um supermercado ou de uma escola também não vai contratar uma pessoa exclusivamente para esse serviço, então vimos um nicho de mercado ainda inexplorado”, diz. Foi assim que surgiu a franquia Mister Lâmpada, que cuida exclusivamente dos problemas de iluminação de clientes comerciais e residenciais. A proposta foi atravessar toda uma cadeia de produção: fabricante, atacadista, lojista, eletricista e consumidor final. O franqueador vende as lâmpadas diretamente da fábrica para o franqueado, que paga o preço de atacado e repassa ao consumidor o preço médio do comércio. “Mas oferecemos uma vantagem – é aí que está o pulo do gato da franquia –, pois, pelo mesmo preço encontrado nas lojas, o cliente não tem o trabalho de chamar o eletricista, tirar a lâmpada, identificá-la, pegar o carro e sair para comprar, nós fazemos todo esse trabalho”, diz Ricci. O resultado é um misto de serviço e produto com baixo investimento. O maior desafio da Mister Lâmpada é qualificar a rede e criar um


padrão para um tipo de serviço totalmente novo no mercado. Segundo Ricci, os lojistas não prestam o serviço de troca de lâmpadas nem têm interesse em fazê-lo. “Os lojistas acham complicado, e realmente é, porque você manda um funcionário para entrar em um comércio ou uma casa, e, caso ele cometa alguma irregularidade, a responsabilidade recai sobre a empresa”, diz. A solução encontrada foi optar pelo sistema de franquia, pois a responsabilidade jurídica é do próprio franqueado, o que confere maior segurança ao negócio. A Mister Lâmpada foi criada em 2004, mas deve entrar realmente em operação neste ano. O negócio ficou em stand by até agora, porque Ricci estava envolvido com o crescimento da marca American General, de sua importadora, que tem 160 representantes e cerca de 22 mil clientes no Brasil. Para comprar uma franquia da Mister Lâmpada, o candidato passa por uma triagem. Como a taxa de franquia é baixa (R$ 3,7 mil), diariamente aparecem centenas de candidatos, mas nem todos apresentam o perfil desejado para o negócio. “Existem muitos compradores com 3.700 reais, mas poucos dispostos a fazer o trabalho de empreendedorismo e sair à rua. Chovem e-mails para comprar a franquia, e mais da metade são sonhadores,

que querem saber quantos empregados vão ter ou quem vai arrumar o cliente para eles”, diz. Antes de adquirir a franquia, o empresário precisa analisar o mercado onde pretende atuar. A Mister Lâmpada fornece as tabelas de preços e exige tabelas de cálculos de perspectiva de ganhos, possibilidade de vendas e viabilidade do negócio. Alguns candidatos acabam desistindo da compra, e, segundo Ricci, é preferível que desistam antes de comprar a franquia do que não conseguir crescer como negócio mais tarde. “Às vezes, a pessoa compra por impulso, porque é barato, depois não consegue desenvolver o negócio e diz que a franquia é ruim. Exigimos antecipadamente um cálculo bem apurado, e as pessoas demoram certo tempo até concretizá-lo. Quando vemos que a pessoa não tem capacidade nem para fazer os cálculos, não vendemos a franquia.” Os empresários dispostos a apostar no negócio têm lucros entre 40% e 100%, porque acumulam os ganhos dos atravessadores. Além da troca de lâmpadas, a franquia também oferece serviço de consultoria em iluminação. O franqueado vai até um shopping, por exemplo, identifica as lâmpadas queimadas, Empresa cuida dos problemas de iluminação de clientes comerciais e residenciais

confere por que elas queimaram e sugere inclusive melhorias para locais pouco iluminados, sem custo adicional e pelo mesmo preço que o cliente pagaria no comércio. “Passamos um orçamento prévio, não forçamos a venda imediata; o cliente reflete, confere se os preços estão de acordo com as lojas, e no outro dia o nosso franqueado retorna para conferir se o cliente está interessado.” Nem todos os franqueados precisam fazer o trabalho pessoalmente. É possível contratar pessoas para a mão-de-obra e apenas coordenar esse trabalho de acordo com as diretrizes do franqueador. Atualmente com apenas dois franqueados, a Mister Lâmpada ainda não tem metas de expansão. Os primeiros números devem ser divulgados em seis meses. A perspectiva é participar de eventos como a Expoluz e feiras de franquias para consolidar a marca antes de ampliar o número de franqueados. As duas franquias existentes foram subsidiadas pela diretoria da Mister Lâmpada para atuarem de forma experimental. “Nós buscamos as pessoas com o perfil que queríamos, e eles estão fazendo um trabalho excelente. Voltam todo dia para o seu escritório contentes, trabalhando e ganhando. É esse o resultado que queremos para todos os futuros franqueados”, diz.

Linha Direta Adir Ribeiro (11) 3549-9910 Cecília Gonçalves (11) 3749-3304 Edson Ricci (44) 3344-2033 Luis Antônio Namura Poblacion (12) 3946-2831 Junho 2007 – Empreendedor – 49


FFranquia ranquia

50 – Empreendedor – Junho 2007


FRANQUIAS EM EXPANSÃO

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre2007 Métodos Trabalho, TR- Treina- – Junho – deEmpreendedor mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

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FRANQUIAS EM EXPANSÃO Worktek

Alps

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br

Conquiste sua independência financeira! A Worktek Formação Profissional faz parte do ProAcademix, maior grupo educacional do Brasil detentor das marcas Wizard, Alps e Proativo. Tratase de uma nova modalidade de franquias com o objetivo de preparar o jovem para o primeiro emprego ou adultos que buscam uma recolocação no mercado de trabalho. São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer, Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Telemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista, Marketing e Atendimento ao Nº de unidades próprias e franqueadas: Cliente. 70 Entre os diferenciais da Áreas de interesse:: Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, Worktek está a qualidade do FI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM material e do método de enTaxas de Franquia: entre R$10 mil sino, além do comprometie R$ 25 mil mento com a recolocação que Instalação da empresa: a partir de vai além das salas de aula atraR$ 30 mil vés do POP, Programa de Capital de giro: R$ 15 mil Orientação Profissional. Prazo de retorno: 36 meses

Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sisteNº de unidades próp. e franq.: 101 ma exclusivo de enÁreas de interesse: América Latina, Estados sino, e dá assessoria Unidos, Japão, Europa na seleção do ponto Apoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN comercial, na adequaTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) ção do imóvel e na Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil implantação e operaCapital de giro: R$ 5 mil ção da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


Wizard Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br

Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses

* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.

Zets Negócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) 3871-8556 franquia@zets.com.br www.zets.com.br

Tenha uma loja em sua mão A Ezconet S.A. detentora da marca Zets é uma empresa de tecnologia e distribuição de telefonia celular e aparelhos eletrônicos que, através de um sistema revolucionário denominado “BBC” (business to business to consummer) agrega novos serviços e valores a cadeia de distribuição. Realiza a integração entre o comércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções completas de e-commerce e logística para seus parceiros. Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizar para pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negócio próprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, sem riscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. Como Funciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtual Zets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, catalogo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. Quais Produtos são comercializados: Celulares e acessórios para celulares, calculadoras, telefoNº de unidades próp. e franq.: 20 nes fixos, centrais telefônicas, Áreas de interesse: Brasil acessórios para informática, baApoio: PP, TR, OM, FI, MP terias para filmadoras, baterias Taxa de Franquia: R$ 5 mil para note-book e câmeras digiInstalação da empresa: R$ tais, pilhas, lanternas, filmes 1.500,00 para maquina fotográfica, cartuchos para impressoras, etc. Capital de giro: R$ 5 mil A franquia estuda a inclusão de Prazo de retorno: 6 a 12 meses novos produtos. Contato: Shlomo Revi PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


Pequenas Notáveis META

Certificação digital equivale à representação de documento de identificação das pessoas no meio físico. Para obter a tecnologia, é preciso entrar em contato com autoridades certificadoras habilitadas pela Secretaria da Receita Federal, tais como Serpro, Certisign e Serasa. De acordo com o gerente de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, Bruno Quick, a certificação vai permitir que as empresas comprem, vendam, participem de pregões eletrônicos, forneçam produtos ao Estado, fechem contratos por meio da internet e tenham mais tempo para se dedicar aos seus negócios. “O encontro permitiu o nivelamento de informações sobre o que cada instituição está fazendo sobre o tema, como reduzir gastos, diminuir burocracia e trazer as micro e pequenas empresas à modernidade”, disse.

Para o coordenador de Infra-Estrutura Tecnológica e Segurança da Informação da Receita Federal, Donizetti Rodrigues, a certificação digital também vai dar mais agilidade ao sistema da receita. “O encontro serviu para pensarmos que ações podem ser executadas por autoridades certificadoras, Receita Federal e Sebrae para viabilizar e intensificar o uso de certificação digital pelas micro e pequenas empresas, pensando na implementação do Simples Nacional”, disse. O representante do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, Renato Martini, disse que as entidades estão discutindo aspectos como custos e logística para os empreendedores. “A certificação digital é uma ferramenta que, dentro de um sistema de desmaterialização de procedi-

MÁRCIA GOUTHIER/ASN

A Receita Federal e o Sebrae pretendem levar a certificação digital pra 3,5 milhões de pequenas e microempresas em um prazo médio de três anos. O objetivo é que os empreendedores possam ser identificados no mundo digital e tenham acessos a serviços on-line com garantia de segurança e autenticidade. A meta foi estipulada no dia 15 de maio em uma reunião do convênio que tem a finalidade de implementar Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. O Sebrae foi representado pela consultora Helena Rego e o gerente Bruno Quick. A certificação digital é utilizada, por exemplo, para obtenção de certidões e declarações da Receita Federal, transações bancárias, comércio eletrônico e assinatura de documentos eletrônicos. O certificado é um arquivo eletrônico que identifica o seu titular e

Consultora do Sebrae Helena Rego, gerente do Sebrae Bruno Quick e Donizetti Rodrigues, coordenador de Infra-Estrutura Tecnológica da Receita Federal: garantia de segurança e autenticidade

54 – Empreendedor – Junho 2007


O espaço da micro e pequena empresa PESQUISA ANPEI

Inovação: quase cem por cento mentos, dá segurança jurídica e informacional”, disse. Outros integrantes do convênio para a implementação da certificação digital são Serasa, Correios, Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, Certisign, Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon).

Portal para o Supersimples Com a certificação digital, as empresas enquadradas no Supersimples e aquelas que ainda vão aderir a esse novo sistema de tributação terão à disposição um portal para esclarecer dúvidas e fornecer informações sobre o recolhimento de impostos. O site, que deve ficar pronto até 1º de julho, está sendo desenvolvido pela Receita Federal em parceria com o Sebrae e o Serviço de Processamento de Dados (Serpro). “Estamos preparando facilidades para estes empreendedores. O portal possibilitará que o contribuinte faça o relacionamento da sua empresa com a Receita Federal de maneira simplificada. Ele terá informações detalhadas de sua vida fiscal, que só estarão disponíveis às empresas que tiverem certificação digital. O portal também terá informações gerais sobre os tributos e o enquadramento das empresas”, disse o secretário adjunto da Receita Federal, Paulo Ricardo de Souza Cardoso.

Um estudo realizado pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) constatou que as pequenas e médias empresas (PMEs) se preocupam com a inovação. A pesquisa mostrou que 40% desenvolveram novos produtos nos últimos três anos. E 95% desses empreendedores disseram que a inovação é a principal ferramenta para expandir e aproveitar as oportunidades do mercado. Participaram da pesquisa 93 empresas. De acordo com um dos pesquisadores da Anpei, Martín Izarra, as PMEs inovam porque, na maioria dos casos, enfrentam o desafio natural do crescimento e do desenvolvimento de suas potencialidades. A participação do empreendedor nas atividades das empresas é outro ponto destacado pelo estudo. “Observamos que o proprietário participa em mais de 95% das atividades da empresa, o que gera um ambiente de alta mo-

tivação para a inovação”, diz Izarra. Uma série de dificuldades para a inovação também foi apontada pelos empreendedores, como a escassez de recursos financeiros, o reduzido envolvimento dos parceiros tecnológicos, a burocracia e a falta de pessoal capacitado. “Além disso, 47% das PMEs altamente inovadoras desconhecem os incentivos à inovação, o que parece inacreditável”, diz Izarra. De acordo com o diretor-executivo da Anpei, Olívio Ávila, embora o sistema brasileiro de apoio à inovação tenha sido feito mais para apoiar as grandes companhias, este cenário está mudando. “Mais recursos estão sendo colocados à disposição das PMEs. Um exemplo é a Lei Geral das micro e pequenas empresas, que determina que elas recebam 20% de tudo o que for destinado pelo setor público para ciência, tecnologia e inovação.” www.anpei.org.br

INCENTIVO

Prêmio Mulher de Negócios Cerca de duas mil candidatas devem concorrer ao Prêmio Mulher de Negócios 2007. O objetivo do Sebrae é dar visibilidade às histórias de sucesso e incentivar o empreendedorismo por meio desses casos. “A idéia da premiação é evidenciar o espírito empreendedor da mulher brasileira e de educar por meio do exemplo das experiências que podem inspirar outras mulheres”, diz a gerente substituta da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae Nacional, Clarice Veras. As inscrições podem ser realizadas até o dia 31 de agosto. Para concorrer, as candidatas devem preencher um formulário, disponível no site www.mulherdenegocios.sebrae.com.br ou nas unidades estaduais do Sebrae, onde serão relatados os casos de cada empreendedora. O

concurso é dividido em duas categorias: proprietárias de micro ou pequenas empresas e membros de grupos de produção formais (cooperativas e associações). O prêmio também tem três etapas, organizadas em Estadual, Regional e Nacional. Entre as premiações, estão troféu, certificado, curso do Sebrae e uma viagem de capacitação em território brasileiro de até sete dias, escolhida pela equipe organizadora. Os dois melhores casos, um de cada categoria, ganharão o prêmio extra: uma viagem internacional de até oito dias a um centro de referência mundial em empreendedorismo, também a ser definido pela coordenação. No ano passado, o concurso teve mais de 1,7 mil inscrições em todo o país. Junho 2007 – Empreendedor – 55


Avelino Arantes Bastos

LIO SIMAS

Perfil

56 – Empreendedor – Junho 2007


O inventor da praia O filho de família metalúrgica encontrou seu caminho inaugurando o mercado do surf no litoral brasileiro por

Fábio Mayer

A praia é o hábitat natural do surfista e empreendedor Avelino Arantes Bastos. Acostumado com o sol, a areia e o mar, faz desse cenário a paisagem ideal para garantir o sustento e o desempenho do seu negócio: pranchas e artigos para surf. Ele se considera um afortunado por conseguir viver do que gosta de fazer. A Tropical Brasil, criada em 1981, quando tinha apenas 20 anos, é a consolidação de um sonho. “Optei por trabalhar com o que gosto e, naturalmente, por ter essa fascinação, tudo converge para a vontade de poder ter mais estrutura para fazer melhor esses ‘brinquedos’, até a ampliação dos negócios”, diz. Hoje, Bastos é um dos dez melhores fabricantes brasileiros. Recebeu sete vezes o prêmio como melhor shaper (designer de pranchas) da revista Fluir, e seu talento é reconhecido internacionalmente. A vocação para empreender foi sendo cultivada logo cedo. Cresceu no ambiente da indústria mecânica vendo os pais envolvidos com o próprio negócio, uma metalúrgica, sempre acompanhou o desenvolvimento de projetos, e a criação de máquinas e equipamentos. Como reflexo, gostava de fazer os próprios brinquedos ou mesmo adaptar os que já tinha para executarem novas performances. Quando o surf começou a fazer parte da vida de Bastos, também quis fazer a sua prancha.

Isso foi aos nove anos, depois de ler uma reportagem sobre o tema em uma revista (Seleções). Na época, tinha acesso a somente imagens de pranchas, nunca tinha visto uma de verdade. O ímpeto de criar a primeira prancha tomou conta dele. A matéria-prima utilizada foi uma tábua de passar roupas, na qual adaptou uma quilha de latão. Não deu certo e afundou assim que foi colocada na água. Mas após inúmeras tentativas frustradas, como a de usar uma câmara de pneu de caminhão, a vontade de Bastos de fabricar pranchas e melhorar só aumentava. Na sua imaginação, arquitetava, martelava e construía um modelo perfeito, mas na prática as experiências falhavam seguidamente. Até que em 1975, em Santos, pôde ver uma na frente e encontrar a chave que faltava para desvendar o mistério. Agora, entendia como AVELINO ARANTES BASTOS Idade: 46 anos Local de nascimento: São Paulo (SP) Empresa: Tropical Brasil Ramo de atuação: Artigos esportivos Ano de fundação da empresa: 1981 Cidade-sede: Florianópolis (SC) Número de funcionários: 55 Site: www.tropicalbrasil.com.br Linha direta: (48) 3237-4127

eram fabricadas e com qual material elas eram feitas. Aos quinze anos, produziu sua prancha número 1 feita de fibra de vidro, toda em cor laranja e a abreviação do seu nome “Lino” como marca. Ele a guarda com orgulho em uma sala ampla repleta de troféus e medalhas, junto com mais uma dezena de pranchas, todas representando conquistas da Tropical Brasil – etapas e campeonatos vencidos pelos atletas da equipe como os consagrados David Husadel e Flávio “Teco” Padaratz. “Logo em seguida, comecei a fazer pranchas para amigos e nesse momento, em vez de seguir e ajudar a desenvolver a empresa de meus pais, resolvi montar o meu negócio e ter minha própria marca.” Mas o primeiro modelo nem de perto se parece com as atuais pranchas fabricadas por sua empresa. “Quando faço uma prancha de surf, é o mesmo garotinho de nove anos desfrutando de uma vontade que ainda não se realizou por completo, continuo querendo fazer uma sempre melhor e mais rápido que outra”, diz. A busca incessante por desenvolver a prancha ideal até hoje é prioridade em suas ações. “Com 26 anos, a Tropical Brasil já teve seus primeiros desafios empresariais e agora está madura o suficiente para avançar e conquistar uma fatia maior do mercado.” A diversificação do negócio é uma forma de ganhar a frente da concorJunho 2007 – Empreendedor – 57


Perfil

Avelino Arantes Bastos

rência e de atender à demanda, potenciais consumidores que não necessariamente são praticantes do esporte. “A regra diz que, quando se tem uma área de domínio, deve se concentrar e se aprofundar nela, pois a diversificação tende a distrair, correndo o risco de perder o foco. Mas percebi que existe uma quantidade muito grande de admiradores do surf, e eles gostariam de ter um produto, seja boné, seja camiseta, pulseirinha ou meia, associado à marca das pranchas”, diz. A intenção, conforme Bastos, é realizar o desejo dos que se identificavam, mesmo não surfando, com as sensações de adrenalina e liberdade inerentes ao esporte. A iniciativa, em 1982, de começar a atividade no ramo de confecção ajudou a manter uma capacidade de produção estável. A criação da grife de roupas com a marca Tropical Brasil amenizou os efeitos gerados pela sazonalidade. Não só garante a transposição do inverno, estação mais difícil para as vendas de pranchas, como também aumenta a lucratividade da empresa. Com o início da primavera, a capacidade ociosa para fabricar pranchas começa a dar lugar à produção intensiva, alcançando o auge no verão, época em que chega a maior parte dos pedidos. “E para a área de equipamentos, antiderrapantes e acessórios que compõem a prancha, foi a mesma coisa que dizer assim: ‘fabricamos um carro, mas ele não vai com pneus nem tapetes’. Então, entregamos a prancha como uma obra de arte completa”, diz. O desafio agora é pôr a mesma competência da fabricação da pranchas nas diferentes linhas de atuação. “E enxergar os outros produtos como únicos, e não como simples acessórios para ser mais um item no catálogo de vendas.” O produto bem executado e de acabamento com padrão de qualidade é garantia de maior estabilidade no mercado. Ele costuma dar as coordenadas prévias para sua equipe, e depois conferir de perto e analisar os resultados. Tudo passa

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pelo seu controle de certificação. A sobrevivência no nicho não depende só da habilidade e qualidade, é necessário concentrar forças em ações estratégicas para se destacar em um mercado muito concorrido, cheio de aventureiros. Empreendedores abrem e, após um ou dois anos, encerram as atividades. A maioria são surfistas que começam a fabricar as próprias pranchas, e depois fazer as de amigos e conhecidos. Os motivos mais comuns são a falta de planejamento prévio e de experiência em gerenciar o negócio. Mas Bastos não vê isso como um problema. “Empresas que fazem o mesmo produto que o meu são parâmetros, mas não modelos. Cada negócio tem um caminho, e por mais que se cruzem, em algum momento, dificilmente um bloqueia o outro. Quanto mais parâmetros tiver, maiores as chances de desfrutar da minha criatividade.”

Concorrência desleal A informalidade é outro empecilho que assombra e dificulta o deslanchar da indústria de pranchas no país. O preço praticado geralmente é mais baixo do que o das empresas legalizadas, fato que gera desconfiança em relação à qualidade e acaba prejudicando toda a área com o aumento da concorrência. “Quando vejo pessoas que montam uma fabriqueta aqui e ali, no fundo de quintal, jamais posso esquecer que eu também comecei assim. Pode ter um Avelino Bastos em uma garagem hoje.” Na sua opinião, eles estão apenas tentando sobreviver na loucura que é o mercado de consumo. Mas acredita que baixar preço e qualidade resolve o problema de um mês ou de uma quinzena, e não quando se trata da permanência no mercado durante anos. “Se a estratégia que ele tem é baixar o valor do produto, o próximo estágio é baixar a qualidade para adequar ao preço. É necessário observar se isso é ou não aceitável pela massa consumido-

ra”, diz. “No caso do meu produto, não aceito que seja vendido como reles artesanato com o preço lá embaixo. Ele tem muito valor para mim, e sempre me entrego ao máximo que posso para torná-lo melhor.” Já nos anos 1980, logo que a Tropical Brasil começou, a busca foi sempre se tornar uma marca de referência. “O segredo está atrás do talento, mas também é necessário observar que existe um caminho para o produto se transformar em um sucesso comercial”, diz. “A prancha é uma peça de artesanato e, ao mesmo tempo, de performance – é uma obra de arte que tem que se comprovar na prática. É preciso conciliar as duas coisas.” A grande complicação para a maioria dos iniciantes, nessa área, é saber como multiplicar o talento. “Até quando e em quanto tempo pode fazer uma prancha boa, depois duas simultâneas de qualidade, e daqui a pouco vinte, cem, milhares?” A velocidade que o empreendedor realiza no exercício de adequar preço e qualidade com o volume de produção é o que realmente determina o sucesso em longo prazo. A pesquisa está envolvida com o lado criativo e o talento de Bastos. Desde a primeira prancha, começou a fazer testes, usou uma faca de cortar pão para poder serrar, passou pelo ralador de coco e lixa de pé para fazer um detalhe, foi progredindo para plainas elétricas, lixadeiras até construir uma máquina que fizesse parte do processo, que teria que desenvolver manualmente. “Sempre pensei como poderia fazer esse negócio melhor e mais rápido. Então, por que não utilizar uma máquina?”, diz. Ele sabia da existência de padrões constantes na fabricação e variáveis que podia controlar, mesmo com a máquina executando o serviço. Depois de várias tentativas e de muito estudo, conseguiu concluir o desenvolvimento do protótipo em 1988. “Se tenho uma criatividade em um dia, preciso ter equipamentos para poder reproduzi-la no outro dia tam-


LINHA DO TEMPO

LIO SIMAS

1961 – Nasce Avelino Arantes Bastos. 1970 – Aos nove anos, tenta fazer uma prancha improvisada com uma tábua de passar roupas e quilhas de latão adaptadas. 1976 – Produz a primeira prancha aos quinze anos, feita de fibra de vidro. 1977 – Começa a fazer pranchas para os amigos. 1978 – Com a crescente demanda por suas pranchas, Bastos decide produzir profissionalmente. 1978 a 1980 – Faz viagens freqüentes por todo o litoral brasileiro em busca do lugar ideal para montar o próprio negócio na área de surf. 1981 – Abertura da empresa, nesse mesmo ano foram feitas as primeiras pranchas Tropical Brasil. 1981 a 1982 – A conquista de cinco campeonatos garantem à Tropical Brasil um espaço no mercado de pranchas. 1982 – Inicia a fabricação de roupas como camisetas e bermudas. 1983 – Novas viagens, dessa vez para fora do Brasil. Os principais destinos foram: Europa, Califórnia e Hawaii (Estados Unidos), com o objetivo de observar e estudar esses mercados, e conhecer novas tecnologias.

1984 – A equipe Tropical Brasil ganha cada vez mais destaque no surf nacional. David Husadel vence o Circuito Catarinense Pro, e Flávio “Teco” Padaratz, com 13 anos, surge como nova promessa no esporte – no ano seguinte, ele sagra-se campeão catarinense na categoria mirim. 1987 – As pranchas são fabricadas com um novo método criado por Bastos para melhorar a produção e os acabamentos, sendo consideradas padrão de excelência no mercado. 1988 – Inventa um equipamento (máquina) utilizado em partes do processo de produção das pranchas. “O importante não é a mão que executa, mas enxergar (visualizar a peça pronta) o que ela executa”, diz. 1992 – A estratégia é apostar também na reformulação e comercialização de outras linhas nas áreas de confecção e de equipamentos técnicos. 1993 – Bastos ganha o prêmio de shaper do ano da revista Fluir (especializada no esporte). 1997 – A empresa torna-se líder na fabricação de pranchas no país. 2001 – Vinte anos da Tropical Brasil. 2004 – Lança linha de protetores solares e coleção de óculos de sol. 2005 – O antiderrapante Octo, fabricado pela Tropical Brasil, é premiado pelo design. A empresa monta estrutura comercial em São Paulo. 2007 – Aprimorar as diferentes linhas de produto, com a mesma competência da fabricação da pranchas. Junho 2007 – Empreendedor – 59


Perfil

Avelino Arantes Bastos

Alexandre Fontes, Flávio Padaratz e Avelino Bastos (de camisetas amarelas) com finalistas: patrocínio

bém e obter o resultado esperado. O importante não é a mão que executa, mas enxergar (visualizar a peça pronta) o que ela executa.”

Culto às celebridades O incentivo aos surfistas profissionais é uma estratégia que deu certo para Bastos. Tem o olho treinado para encontrar talentos e a experiência (por vezes, atua como técnico) para aprimorar as habilidades dos esportistas. No fundo, ele é um pesquisador do surf. Desenvolve as pranchas conforme o gosto e o estilo dos surfistas que, durante os treinos, as põe em prova, e se houver a necessidade, faz as modificações para melhorar a performance. No seu trabalho, muitas dessas lapidações ajudam a formatar modelos para surfistas amadores. “Quando abri a Tropical Brasil, um amigo me deu a dica: ‘monta uma boa equipe, que vai se dar bem’. As pranchas não vinham com manual de funcionamento, e observei que, ao ensi-

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nar os atletas a utilizarem-nas, eles tiveram melhor resultado.” Descobriu em suas diversas viagens para os paraísos do surf que o grande mercado de consumo é constantemente alimentado por personalidades. “Quando voltei ao Brasil, percebi que não tinha que trazer marca nem modelo de negócios de fora, mas ajudar a construir o próprio mercado aqui no país. E só vai vender se tiver ídolos, e o legal era ganhar na casa dos adversários.” Iniciou um trabalho de garimpagem de talentos e persistência que culminou em uma geração de esportistas nacionais de alta performance. “O relacionamento e a interação com o surfista desde cedo me provaram que é possível aprender com a opinião deles a melhorar como designer. Senti-me testado e exigido por eles e, em contrapartida, consegui entregar equipamentos para que tivessem mais desempenho”. As parcerias com outros shapers também aprimorou o trabalho. São profissionais que têm os mesmos desafi-

os que Bastos tem, mas que resolvem de maneira diferente. “Então, observá-los como parâmetros, conversar com eles abertamente, desprendidos de vaidades, é difícil no meio de artistas, mas, quando se é realmente muito franco, sempre tem algo que estou aprendendo”, diz. “A grande maioria dos designers de prancha são excelentes artesãos, e a complexidade deles também se vende como design.” A frase que costuma dizer para os amigos – “uma prancha nova é o viagra do surf” – também serve para sua empresa. O negócio é movido a paixão, e foi ela que o ajudou a transformar os 32 m² do quartinho da casa alugada, quando era na época em que começou no meio, em uma fábrica com mais de 1.000 m², localizada em Florianópolis. Desde que incorporou a filosofia do surf, de vida em contato com a natureza e viagens freqüentes para descobrir novas praias, sempre está em busca da onda perfeita. Aliás, o slogan da empresa é: “surf é a nossa praia”.


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A voz da experiência

Valci Márcia Sprung Kreutzfeld

Rumo à maturidade Como crescer junto com a empresa e aprender com as dificuldades por

Francis França

Valci: “Muitas empresas acreditam que podem resolver tudo sozinhas. Isso é um erro”

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Valci Márcia Sprung Kreutzfeld tem apenas 37 anos de idade, mas carrega a experiência de quem lidera a própria empresa desde os 18 anos. Em sociedade com o irmão Gilmar Rogério Sprung, fundou, na cidade de Pomerode (SC), a Cativa Têxtil, que começou fabricando malhas populares para vender aos romeiros nas calçadas do santuário de Apare-

cida do Norte. Hoje, seus produtos estão presentes em cinco mil pontos-de-venda espalhados pelo país, com mais de 1,3 milhão de peças produzidas por mês. A escalada de sucesso envolveu transformações radicais na empresa, diferentes escolhas de mercado e sucessivas mudanças de estratégia ao longo dos anos. Valci participou dessas mudanças


Valci Sprung Kreutzfeld e amadureceu junto com a empresa. Quando o negócio começou, em 1988, ela tinha recém-concluído o Ensino Médio. Em um galpão alugado, com mais quatro funcionários, Valci e seu irmão desempenhavam todas as funções do processo de produção para fornecer as peças a um único cliente. “Eu costurava, finalizava, encaixotava a mercadoria, preenchia notas fiscais, e à noite escrevia no livro de contas a receber e lançava duplicatas, porque não tínhamos computadores na época”, conta. No segundo semestre daquele ano, Valci entrou na faculdade de Economia e, depois de formada, assumiu o cargo de diretora industrial da empresa. Ao longo dos quatro anos de academia, a empresa também se aperfeiçoou: conquistou grandes atacadistas na região do Brás, em São Paulo, passou a trabalhar com reembolso postal e instalou-se em prédio próprio. “Era um cenário muito fácil para vendas, produzíamos, e o mercado aceitava qualquer tipo de peça”, diz. Em 1996, depois de passar por diversas dificuldades em função dos planos econômicos do início da década, a Cativa enfrentou a primeira – e maior – mudança de sua história. Com a expansão da concorrência e a procura dos clientes por produtos mais elaborados, a empresa precisou buscar outro padrão de produto e abandonar o mercado em que atuava. “Foi difícil para a equipe, mesmo sendo pequena, concordar com as alterações estruturais. Tínhamos consciência da necessidade desse novo mercado, porém, achávamos que o produto não precisaria ser muito modificado”, diz. Foram necessários três anos de discussão e pesquisas para que a equipe tivesse certeza de que o produto precisava mudar radicalmente. Os grandes atacadistas buscavam preços baixos, e as empresas já não conseguiam abastecer esse tipo de cliente. “Empresas que continuaram nesse perfil e não procuraram mudar ou impor seus produtos para esses clientes hoje já não existem.” Pressões sobre o faturamento e limi-

Idade: 37 anos Local de nascimento: Pomerode/SC Formação: Economista Empresa: Cativa Ramo de atuação: Têxtil Cidade-sede: Pomerode Faturamento: R$ 80 milhões Número de funcionários: 540

tações nos lucros foram decisivos para a tomada de decisão. Foram feitos grandes investimentos em máquinas, pessoas e processos. A linha de produção, que até então tinha apenas dois teares, máquinas de costura e uma estamparia básica, ganhou máquinas automáticas de aplicação de paetês, pedrarias e corte a laser. O processo de distribuição dos novos produtos também precisou evoluir. “No segundo semestre de 1996, começamos um trabalho de pulverização de vendas. Buscamos um profissional na área e foi então que saímos de quatro representantes, até então concentrados em São Paulo, para uma equipe hoje de 90 representantes diretos em todo o país”, diz Valci. Profissionalizar a gestão de uma empresa familiar foi a decisão mais importante e difícil que Valci e seu irmão precisaram tomar. Em 2006, a empresa aderiu ao PAEX – Parceiros para a Excelência, programa conveniado com a Fundação Dom Cabral, que promove o intercâmbio de informações entre empresas. A Cativa vinha sendo consultada havia cinco anos para entrar no programa, mas, segundo Valci, até então não estava preparada para desenvolver as práticas do PAEX. Hoje, a Cativa configura-se como uma empresa familiar com gestão profissional. Segundo Valci, o principal objetivo da empresa em participar do PAEX foi o desenvolvimento das pessoas da equipe de gestão. “A maioria das empresas sabem, mas não admitem que precisam de apoio externo. Elas acreditam que podem resolver tudo sozinhas. Isso é um erro. Participar desses programas dá às empresas

ferramentas para mostrar esses erros e acertos, e indicar o caminho”, diz Valci. A partir das análises promovidas pelo programa, a equipe de gestão da Cativa começou a perceber outras falhas no processo e a consertá-las. A primeira delas foi a demora em implantar orçamento e controle de contas. Em 2005, a empresa passou a trabalhar com o modelo de orçamento por centro de custos. “A Cativa gastava muito e só via o erro depois que tinha acontecido. Agora, o sistema incentiva inclusive os colaboradores a fazerem planejamento. Assim, se consegue maior conscientização e comprometimento por parte dos profissionais, porque aquilo é deles”, diz Valci. Segundo o modelo, cada responsável de setor até o nível de supervisão responde por seu centro de custos. Exceto na área de investimentos – cujas decisões são tomadas pela diretoria –, cada setor faz, um ano antes, seu próprio planejamento de despesas com manutenção e mão-de-obra. “Foi como conseguimos uma grande redução de custos, porque coloca na mão dos colaboradores o poder de decisão, é como uma conta particular. Nós fechamos 2006 com um custo de mercadoria vendida de 57%. No primeiro trimestre de 2007, o custo baixou para 49%.” Além das metas na redução dos custos, a empresa também implantou um sistema de incentivo chamado “gestão por objetivo”, em que são estabelecidas metas mensais, anuais, setoriais e globais. Dependendo dos resultados, os lucros são divididos com os colaboradores. “Começamos o sistema em 2005, e cada colaborador recebeu 50% do salário a mais no final do exercício. No ano passado, os resultados foram melhores, e pagamos 80% do salário a mais. A perspectiva para 2007 é que chegue a dois salários extras para cada colaborador”, diz. O segundo maior desafio que a Cativa enfrentou foi a concorrência estrangeira, principalmente do mercado chinês. No ano 2000, com a baixa cotação do dólar, a empresa chegou, em alguns momentos, a destinar 100% da produJunho 2007 – Empreendedor – 63


A voz da experiência

Cativa: empresa familiar que hoje gerencia um faturamento R$ 80 milhões

BÚSSOLA EMPRESARIAL ção para o mercado externo. Segundo Valci, apesar de os produtos chineses serem seus maiores concorrentes no setor, o que salvou a Cativa de uma crise por causa da “invasão chinesa” foi a intuição. “Todas as lojas exportavam, o dólar estava em uma casa de três a quatro reais, e éramos competitivos no mercado externo. Mas via-se claramente que aquela realidade não permaneceria. Acho que tinha uma luzinha atrás da porta dizendo que as coisas iam mudar. Alguma coisa nos alertava sempre: não podemos continuar arriscando e desenvolvendo somente etiquetas para nossos clientes, precisamos de uma coleção própria”, diz Valci. A Cativa focou nas exportações por um período de três anos e, segundo Valci, em vez de lucro, a empresa acumulou prejuízos que custaram a ser recuperados. A produção foi redirecionada para o mercado interno prevendo a supervalorização do real. Hoje, em vez de criar uma parede de temor em relação aos produtos chineses, a Cativa importa materiais especiais da China e mantém o produto 100% brasileiro. Para enfrentar a concorrência, a Cativa resolveu apostar no diferencial da postura. “Prazo, preço, qualidade não são diferenciais, são obrigações. Diferenciais para a Cativa são o atendimento, a fidelidade, a ética, o respeito para com o mercado, o produto, o cliente e os colaboradores”, diz. A estratégia tem dado certo. Nos últimos anos, a empresa vem crescendo a taxas de 10% a 15% ao ano. A meta para 2010 é atender a todas as cidades com

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até 10 mil habitantes. Segundo Valci, a intenção da empresa é fugir dos grandes atacadistas, decisão que garantiu o crescimento sucessivo da empresa ao longo da última década. “Atendemos grandes clientes em grandes centros, não temos como fugir disso, mas nosso foco é o pequeno varejo.” Parte dos bons resultados vêm da inovação, condição que considera fundamental para o sucesso das empresas têxteis. Em 2006, foram investidos mais de 3 milhões de reais para a modernização do parque fabril. Apesar das dificuldades, Valci diz ter conseguido superar as dificuldades e sente orgulho pela trajetória da Cativa, que se confunde com a sua própria. Segundo ela, as lições para o sucesso da empresa familiar, que hoje gerencia um faturamento R$ 80 milhões, vieram de berço. “Desde criança, meu pai dizia: ‘se você quiser alguma coisa a mais, faça alguma coisa a mais’. Ele era um empreendedor nato, acho que está no sangue”, diz. Se estiver, ela está disposta a passar adiante. Cinco dias depois do nascimento de seu filho, Valci estava de volta ao trabalho e, como não podia deixar o bebê em casa, levou-o junto para a fábrica. Antes de fundar a empresa, Valci trabalhava na transportadora do pai, e o irmão, em um escritório de contabilidade. Inconformados com a posição de funcionários, resolveram abrir o próprio negócio. “Jamais planejamos chegar a uma empresa com os volumes que temos hoje. As coisas foram acontecendo. Foi um crescimento não planejado, e isso nos trouxe muitas dificuldades. Ainda bem que acordamos a

ACERTOS Mudar o foco de mercado Aderir ao PAEX – Parceiros para a Excelência Profissionalizar a gestão Investir em inovação Produzir para o mercado nacional Implantar o programa de redução de custos Implantar o sistema de gestão por objetivo

ERROS Trabalhar quase exclusivamente para o mercado externo durante três anos Acreditar por muito tempo na gestão familiar com decisões concentradas Demorar a investir em pesquisa e desenvolvimento Querer ditar regras em vez de analisar o mercado Passar quase uma década sem fazer orçamento Achar que a empresa não precisava de auxílio externo para resolver os problemas Passar muito tempo fabricando para clientes externos e não desenvolver uma marca própria

tempo. O maior erro dos empresários é achar que podem fazer tudo sozinhos e que estarão sempre certos. É preciso se auto-avaliar sempre.”

Linha Direta Valci Márcia Sprung Kreutzfeld (47) 3387-9999


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INDEX OPEN

TI

Sem fio mesmo Redes Mesh são consideradas mais seguras e atingem maior área de cobertura com menor custo Ter acesso wi-fi ainda é um sonho para muita gente, inclusive empresas. E uma nova geração de redes sem fio já desponta no mercado, baseada na filosofia Mesh. Mas se a torrente de novas tecnologias geralmente é acompanhada de alta nos preços, esta vai contra a corrente. “As redes Mesh constituem em geral sistemas mais seguros, de maior área de cobertura, menor custo de instalação e operação comparadas às soluções convencionais”, diz Nobile Scandelari Jr., diretor-presidente da WNI do Brasil. Wireless Local Area Network (WLAN) é o termo genérico dado a redes locais sem fio e que empregam tecnologias de espalhamento espectral, utilizando normalmente as freqüências de 2.4 GHz e 5.8 GHz. Neste ambiente, diversos equipamentos – laptops, VoIP Wireless, câmeras, PC – compartilham os mesmos recursos de rede sem a necessidade de cabos. A filosofia Mesh é a forma de implementar uma WLAN utilizando uma malha de equipamento Meraki. Ela envolve técnicas de processamento, roteamento, decisão de tráfego e gerência bastante evoluídas que permitem à rede total controle, balanceamento e recu-

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peração de forma automática. A maior vantagem de uma rede Mesh está no ganho de escala. Todos os usuários se conectam a pontos de acesso, conhecidos como nodais (access point, nos sistemas convencionais). Uma nodal conectada à internet provê sinal para as demais nodais próximas, e cada qual gera sua própria rede de internet sem fio em torno de si para os usuários. Cada nova nodal inserida no sistema possibilita que a capacidade de tráfego seja ampliada e novas opções de rota sejam introduzidas, aumentando a confiança na rede. Diversos pontos de acesso à internet podem ser inseridos no sistema, em locais definidos pelo administrador, e o próprio sistema vai direcionar o tráfego de um determinado cliente para a melhor rota de saída para internet. “Trata-se de uma solução adaptada ao cliente que, além de atender o usuário plenamente, o faz ao menor custo”, diz Scandelari Jr. O projeto de uma rede deve considerar os seguintes fatores: número de usuários, tipo de ambiente, faixa de freqüência e tamanho da área a ser coberta. Implantar uma rede Mesh requer que as unidades sejam conectadas apenas a um

ponto de energia, sem necessidade de estender cabos entre uma unidade e o ADSL. Segundo Scandelari Jr., uma rede wi-fi convencional requer que todos os pontos de acesso sejam cabeados, o que acarreta um custo médio de R$ 250,00 por ponto. No Brasil, as caixas que servem como replicadores Meraki são comercializadas pela WNI do Brasil e suas revendas, e custam cerca de R$ 380,00 com impostos, homologação Anatel, suporte local de pré e pósvenda, além de garantia. A empresa espera vender, em dois anos, um milhão de unidades dessa solução. Segundo Scandelari Jr., a expectativa se deve a projetos de inclusão digi-


tal, principalmente aqueles promovidos por municípios, que agora podem obter o SCM, licença da Anatel para a implantação de uma rede wireless de abrangência municipal. Além disso, há um crescimento da demanda por soluções wi-fi em empresas de todos os tamanhos, universidades, hospitais, escolas, postos de saúde e até em campos de futebol. O Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, instalou 48 Merakis para prover acesso sem fio para os visitantes e internos. Em São Francisco, nos Estados Unidos, 25 mil residências da parte central da cidade terão acesso wireless gratuito à internet através de uma rede Mesh. A Meraki Networks, empresa californiana que desenvolve a solução – e recentemente recebeu investimentos do Google e da Sequóia Capital –, aplica cerca US$ 50 mil no projeto chamado de experiência-modelo pelo CEO Sanjit Biswas. Seu objetivo é mostrar que o equipamento wi-fi de baixo custo da companhia pode prover cobertura sem fio para uma extensa área com eficiência e sem burocracia. Segundo Scandelari Jr., empresas privadas poderão anunciar em forma de “splash”, e com isso o sistema se autofinanciará.

Linha Direta Nobile Scandelari Jr. (WNI do Brasil) (41) 3240-7600

Scandelari: maior vantagem está no ganho de escala

Dedetização on-line Panda Software oferece serviço gratuito de segurança pela web A Panda Software, uma das líderes mundiais em desenvolvimento e oferecimento de soluções integradas em segurança, lança a campanha “Infected or Not”, promovida pelo site www.infectedornot.com, para combater a ação de vírus, spyware, Trojans e outros tipos de códigos maliciosos no mundo inteiro. O objetivo é oferecer aos usuários de PCs um serviço gratuito, prático e eficaz, capaz de verificar e exterminar as ameaças nocivas que foram instaladas no computador. No site, os usuários podem utilizar as tecnologias NanoScan e TotalScan da Panda Software. O NanoScan é capaz de detectar mais de 800 mil tipos de malware (códigos maliciosos) ativos escondidos em áreas crít i c a s d e u m c o m p u t a d o r, e m menos de um minuto. Já o TotalScan detecta mais de 900 mil tipos desses códigos ativos ou latentes, em aproximadamente 5

a 10 minutos. A expectativa da Panda é que mais de um milhão de usuários acessem o site e façam a manutenção em seus computadores. No primeiro trimestre de 2007, os laboratórios da Panda registraram diversos ataques de malware perigosos, como o do worm Nurech, que encerrava os processos de solução de segurança ativos deixando o computador vulnerável à invasão de variantes do Spamta, utilizado para espalhar Trojan através de mensagens de e-mails, entre outros. Neste período, os Trojans representaram 74% do total de novas variantes de malware detectados pelos laboratórios da Panda. Comparado aos dados globais de 2006, isto significa um aumento de 20%, e 17% em relação ao quarto trimestre do ano passado. Estes números indicam que cada vez mais os usuários estão sujeitos a ter os seus PCs danificados ou seus dados confidenciais roubados, já que 72% dos códigos maliciosos são destinados ao crime virtual com fins lucrativos.

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TI Versão 3.0 de Itil A biblioteca com melhores práticas em serviços de TI será lançada no Brasil, em português, no dia 22 de junho. A versão 3.0 do Itil (Information Technology Infrastructure Library, ou Biblioteca de Infra-Estrutura de TI) tem mais especialistas consultados e maior contato com outras culturas do que na edição anterior. De acordo com os organizadores, o Itil é um conjunto de melhores práticas para a gestão de serviços em TI e para o alinhamento desta área com os negócios da empresa. Estas práticas estão especificadas em cinco livros (daí o termo “biblioteca”), entre os quais os dois primeiros são mais conhecidos: Suporte a Serviços e Entrega de Serviços. A idéia nasceu na Inglaterra na década de 1980, quando a Tecnologia da Informação ainda estava bastante afastada da área de negócios. Os organizadores da biblioteca consideram que a adoção das práticas do Itil pode trazer benefícios para as empresas como redução no tempo de execução dos serviços e de solução de problemas, aumento dos níveis de satisfação dos usuários e clientes, redução de custos operacionais, e melhor controle e gestão do setor. A tecnologia chega ao Brasil por meio da itSMF International. www.itsmf.org

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Internet pela rede elétrica A Brasil Telecom quer transformar cada tomada de uma casa ou de uma empresa em um ponto de internet banda larga. De acordo com o site Computerworld, a internet por meio da rede elétrica deve estar disponível em setembro e faz parte da estratégia de lançamento do serviço de TV pela internet (IPTV). De acordo com o consultor responsável pelo projeto, Sebastião Nascimento, a Power Line Communication (PLC) é desenvolvida há cerca de um ano. Os dados continuam chegando por meio convencional, e a rede elétrica é usada somente dentro da casa ou do prédio do consumidor. “Só é preciso homologar o serviço e os equipamentos na Anatel”, diz Nascimento. Nos primeiros testes, a conexão da internet era boa, mas era só ligar um outro aparelho doméstico na rede elétrica para haver interferência. A

INDEX OPEN

solução encontrada foi uma técnica de modulação usada para a transferência das informações cujos dispositivos utilizam múltiplas portadoras, ao invés de uma única. A intenção da Brasil Telecom é que o PLC indoor seja parte do pacote de banda larga com TV pela internet. O objetivo é que o usuário não tenha restrições para assistir à programação enquanto outra pessoa esteja navegando pela rede.

Portal do Software livre O governo federal lançou o Portal do Software Público Brasileiro – www.softwarepublico.gov.br. Diversas soluções desenvolvidas em universidades e nos governos federal, estadual e municipal podem ser acessadas pelos órgãos públicos e pela sociedade. Posteriormente, empresas privadas também poderão colocar suas soluções no portal. Qualquer pessoa pode acessar o código-fonte dos softwares mediante cadastramento no site. O portal é um trabalho conjunto da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento (SLTI) e da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Tecnologia da Informação e Comunicação (Abep). As soluções são analisadas pela SLTI, responsável pelo gerenciamento do portal, já que terão de atender a alguns requisitos para serem caracteri-

zadas como públicas. De acordo com o secretário de Logística e Tecnologia da Informação, Rogério Santanna, a idéia é de que a administração pública tenha uma ambiente onde possa compartilhar os seus desenvolvimentos. “Isso vai evitar a sobreposição de custos, possibilitando compartilhar e melhorar soluções já testadas, consagradas e que estarão à disposição dos governos, da comunidade de software livre, empresas, pessoas físicas e a sociedade em geral”, diz. www.softwarepublico.gov.br/spb


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Guia do Empreendedor Acesso estratégico Software de gestão para pequenas empresas pode ser utilizado gratuitamente Controlar estoques, fazer análise de clientes e fornecedores, verificar as contas a receber e a pagar são rotinas na vida dos empreendedores. Diversos empresários deixam de informatizar estes processos de gestão, porque os softwares e as consultorias de especialistas custam caro. Pensando nisso, a WK Sistemas lançou o ERP Lite Free, um sistema de gestão gratuito para pequenos e médios negócios. De acordo com o diretor de marketing da WK Sistemas, Estanislau Mário Balzan, o ERP Lite Free garante aos pequenos e médios empresários o acesso a conceitos de gestão utilizados por grandes empreendimentos. “O pequeno empreendedor pode gerenciar melhor seus processos e custos, aumentando a produtividade e garantindo melhor atendimento ao cliente. Ele também aumenta os lucros e ganha melhores condições para crescer”, diz.

O ERP Lite Free tem as ferramentas para controlar de forma integrada as atividades de vendas, estoque e financeira com base em relatórios e consultas. Não existe prazo de validade para sua utilização. “Queremos atuar como parceiros das pequenas empresas. Por isso, implementamos um programa de responsabilidade social em que cedemos gratuitamente cópias de um software de gestão para que os microempresários possam ingressar no mundo digital”, disse Balzan. Para adquirir o ERP Lite Free, basta ao empresário acessar o site www.erplitefree.com.br e fazer o download das cópias do sistema. Os interessados precisam apenas preencher um cadastro para receber uma chave de instalação. No próprio site, é possível baixar um manual de instruções sobre o funcionamento do sistema. O portal conta também com tutoriais explicativos para auxiliar na utilização do software. O empreendedor pode acessar, por exemplo, em forma de vídeo ou documentos, como cadastrar as empresas, os clientes e os fornecedores, como emitir notas fiscais ou boletos, e como fazer o

controle de contas a pagar e receber. Caso o empreendedor prefira, pode comprar o Pacote de Atendimento Técnico do ERP Lite Free. Por meio de consultas, o empresário terá um atendimento através de e-mails ou telefone sobre instalação, implantação, cadastros, funcionalidades e processos atendidos pelo programa. O PAT 10 dá direito a dez dias de consultas ao preço de R$ 69, e o PAT 30, a 30 dias ao preço de R$ 110. A idéia da WK Sistemas de ceder cópias gratuitamente para micro e pequenas empresas foi inspirada no Sebrae, instituição que apóia o desenvolvimento de produtos para o setor. “O ERP Lite Free foi projetado para funcionar como porta de entrada das pequenas empresas no mundo digital. Depois que elas crescerem, certamente aumentarão seus investimentos em soluções tecnológicas para a gestão empresarial”, diz o diretor da WK Sistemas. Fundada em 1984, a WK Sistemas foi a pioneira na criação de tecnologia própria para a área contábil, desenvolvendo o primeiro software brasileiro com janelas sobrepostas. A empresa conta com uma rede de mais de 100 revendas em todo o país, fornecendo soluções corporativas para as áreas de indústria, comércio e serviços para mais de 72 mil usuários.

Balzan: porta de entrada das pequenas empresas no mundo digital

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Guia do Empreendedor Pacote da Embratel Em busca de um mercado que envolve 550 mil potenciais clientes, a Embratel lançou um pacote voltado a pequenas e médias empresas. O Embratel PME integra telefonia local, DDD, DDI e internet banda larga. O alvo são as empresas que tenham de duas a dez linhas telefônicas e utilizem a internet. O cliente terá um detalhamento das ligações para celular, DDD e DDI, e de todas as chamadas locais, permitindo o controle total da fatura. O pacote tem uma franquia mensal de R$ 240, que pode ser utilizada para qualquer tipo de ligação. A internet banda larga é fornecida por meio do Net Vírtua, da Net. Com capacidade de 2 Mbps, o serviço sai por R$ 99,90 ao mês. A empresa não necessita de provedor de acesso. “Os usuários desse porte utilizavam o pacote residencial ou pagavam muito caro pelo corporativo”, diz Mauricio Vergani, vicepresidente da Embratel Empresas. A princípio, o pacote vai abranger Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Santos (SP) e São Paulo (SP). Mas a idéia é estender o alcance para outras 30 cidades até o final do ano. 0800 701 01 21 www.embratelpme.com.br

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Consulta de crédito Qualquer empresa poderá realizar consultas de créditos de empresas do Brasil ou do exterior e obter informações para realizar negócios por meio do novo portal www.yellowpagesbrazil.net. O empreendedor pagará apenas pelo relatório solicitado. A pesquisa é fornecida no formato de um relatório completo de dados sobre a empresa pesquisada, tais como quadro societário, ano de fundação, número de funcionários, referências comerciais e bancárias, principais clientes e fornecedores, e parecer jurídico de análise de risco. “Fazer negócios a distância envolve muitos riscos, tanto para quem oferta quanto para quem procura. Nossa missão é facilitar a negociação e torná-la cada vez mais confiável e segura”, afirma o idealizador do programa (YPG) Yellow Pages Brazil, Daniel Magalhães. O YPG é um projeto de fomento e inclusão do pequeno e médio empresário

no comércio exterior. O portal foi realizado com base em uma parceria com o grupo Orpec, especializado na elaboração e no levantamento de fichas cadastrais no Brasil e no exterior. O empresário tem a possibilidade de obter relatórios completos de empresas com confirmação de endereço, verificação de sua constituição legal, histórico comercial e assessoria em serviços de cartório como certidões forenses, registro de imóveis e cancelamento de protestos. www.yellowpagesbrazil.net

Cópias em 3D A Sisgraph, representante da Stratasys, traz ao Brasil a nova impressora 3D Dimension Elite. Os equipamentos dessa linha são projetados para uso em ambiente de escritório. Cada sistema opera silenciosamente, e não há emissão de gases tóxicos que requeiram ventilação ou manuseio especial. De acordo com a empresa, a impressora Dimension Elite permite aos engenheiros e designers criarem modelos com detalhes mais precisos e com melhores acabamentos. “Nada transforma as idéias de design com maior rapidez do que uma peça ou modelo tridimen-

sional. Com a impressora Dimension 3D, você pode importar arquivos de CAD e tornar suas idéias reais, diretamente do seu desktop. É possível testar formas, encaixes e funções”, diz Wilson Amaral, engenheiro de aplicações da Sisgraph. Para usar a máquina, é preciso conectar a Dimension 3D na rede, instalar o software Catalyst EX, inserir o cartucho de material e seguir as instruções no display. “Fazer uma peça na Dimension é tão fácil quanto clicar no botão print. O usuário dessas máquinas vai diminuir o seu ciclo de design e desenvolvimento de produtos”, diz Amaral. www.sisgraph.com.br


Produtos & Serviços

Porta flexível A Porta flexível Isofrio, que será lançada pela paranaense Inovadoor, é voltada para ambientes refrigerados de indústrias, frigoríficos, supermercados e centros de armazenagem, processamento e distribuição. De acordo com a empresa, além de ser resistente a choque, o produto é ideal para locais onde se deve evitar a troca térmica entre as câmaras durante a movimentação de pessoas e cargas devido à velocidade de abertura e fechamento. A tecnologia já era usada na Europa, mas chega agora ao Brasil. Haverá duas versões para o mercado: a Isofrio 707, indicada para locais refrigerados com temperaturas

positivas e ambientes sem risco de gelo, e a Isofrio 708, usada para espaços negativos de até 25 ºC. Tendo em vista o tráfego intenso e a necessidade de rápida movimentação para evitar a perda de temperatura das câmaras frias, muitos acidentes acontecem nesses locais. A Inovadoor desenvolveu um sistema automático que interrompe o ciclo de fechamento da porta. O produto será lançado na Fispal Tecnologia, a Feira de Tecnologia de Alimentos da América Latina, que ocorre de 12 a 15 de junho no Pavilhão de exposições do Anhembi, em São Paulo. (41) 3263-1611

INDEX OPEN

Pulso ou minuto? Com a mudança no sistema de cobrança de pulso para minutos das ligações telefônicas de fixo para fixo, muitos consumidores ainda têm dúvida de como escolher o melhor plano e não gastar mais com a conta telefônica. Pensando nisso, o provedor Orolix criou o site Melhor Plano (www.melhorplano.com.br). Por meio de uma calculadora, o internauta simula os gastos em pulsos e em minutos nos dois planos oferecidos obrigatoriamente pelas operadoras: o Plano Básico e o Plano Alternativo de Serviço de Oferta Obrigatória (Pasoo). O novo site esclarece as principais dúvidas sobre a mudança no sistema de cobrança de pulso para minutos, determinada pela Anatel. Traz também dicas e links para sites como o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) e Procon (Fundação de Proteção ao Consumidor). Por determinação da Anatel, a mudança deve ocorrer até o dia 31 de julho. Quem não fizer a escolha até esta data será automaticamente enquadrado no Plano Básico. De acordo com o Melhor Plano, o mais vantajoso para quem usa internet discada e para quem faz ligações acima de três minutos é o Pasoo. O Plano Básico é o melhor para o consumidor que faz ligações com duração inferior a este tempo. Junho 2007 – Empreendedor – 73


Guia do Empreendedor

Produção de pensamento A insistência da postura crítica pode gerar bons resultados quando menos se espera por

Nei Duclós

É possível se desvencilhar dos hábitos colonizados e gerar cultura própria a favor dos resultados. É o caso do livro Gestão e Marketing – Agressiva solução para levar a sua empresa ao lucro, de José Renato de Miranda. É um trabalho criado em oposição à macaquice corporativa das consultorias pomposas com métodos inadequados, tantas vezes apontados por empreendedores que gastaram os tubos para receber nada em troca. A embalagem da obra é apelativa, sugere que o dinheiro pode sair num passe de mágica. Nem sempre o conteúdo, que neste caso pode ser visto como uma valorizada lebre na fauna dos trabalhos sobre o mundo empresarial, deve ser embalado com pele de gato, como acontece aqui. Mas são as leis do marketing: se for determinado que um livro desse ramo

deve oferecer vida fácil por meio de uma capa equivocada, assim será. O leitor deve passar por cima dessa decisão e tomar conhecimento da série de jabs desferidos por José Renato, consultor do Sebrae e da Fecomércio. Ele faz críticas aos programas de qualidade, pede o fim do Ciclo do Ajeitamento, aponta o equívoco da tara por qualificação, faz análises sobre o que chama de Teleinfomídia, aborda o conflito natalidade humana x natalidade tecnológica e apresenta o marketing PDVCRM-Atendimento para adaptar a empresa aos novos tempos de pesada competição. Sua Consultoria de Impacto entende que a massificação geral sobre como fazer, como estruturar uma empresa entrou em saturação. Dirigentes e equipes participaram e participam de enorme quantidade de cursos, eventos e debates desde o início da década de 1990. As fórmulas ficaram repetitivas,

Gestão e Marketing Agressiva solução para levar a sua empresa ao lucro José Renato de Miranda R$ 25,00 JDiGiorgio Editores (3ª edição) mudam-se só mesmo as embalagens. A questão agora é saber executar, saber gerenciar, é a prática geradora de resultados, é a gestão reta-agressiva a partir da bagagem acumulada, enfim, é compatibilizar o que está massificado com as necessidades específicas da empresa. Esta tem sido a proposta do método Consultoria de Impacto – entrar para resolver, ir logo aos problemas e, a partir das soluções, ajustar a gestão de forma amarrada, objetivamente ligada ao cliente. Com idêntica

No mundo da fábula

Autoliderança e o gerente minuto (Self leadership and the One-Minute) Ken Blanchard, Susan Fowler e Laurence Hawkins Editora Best Seller Tradução de Ruth Bahr 176 pgs. – R$24,90

74 – Empreendedor – Junho 2007

Segundo a editora, nesta fábula de negócios, Ken Blanchard (autor de O Gerente minuto), Susan Fowler e Laurence Hawkins mostram que a autoliderança e suas técnicas são fáceis de entender, simples de implementar em sua realidade profissional e funcionam. Estabilidade e segurança no emprego tornaram-se conceitos ultrapassados na atual realidade corporativa: é preciso acompanhar as exigências de um mercado de trabalho em constante transformação. Isso vale tanto para chefes quanto para funcionários. Gerentes que há vinte anos tinham cinco, dez profissionais sob seu comando ago-

ra coordenam o trabalho de um número muito maior de pessoas. E, muitas vezes, se vêem tão perdidos quanto aqueles a quem deveriam orientar. Nesse cenário, uma opinião é comum a executivos em todos os campos de atuação: o que se espera de um profissional é iniciativa. O que se procura em um funcionário é que ele seja um solucionador de problemas. Mas como adotar essa postura? Ken Blanchard, Fowler e Hawkins respondem a essa pergunta com a história de Steve, um jovem profissional perdido por estar diante de um desafio que não sabe como enfrentar. Entre cafés e ca-


Leitura determinação, ir aos pontos positivos da empresa para dar-lhes máxima consistência e regularidade. O método não fica limitado a levantar dados, fazer projeções, indicar caminhos, pelo contrário, ao tempo em que analisa, detecta urgências, propõe providências, atua em conjunto com diretoria-equipe. No capítulo especial, exclusivo desta terceira edição, “Solução para empresa familiar”, o autor parte do conceito e da conscientização fundamental: a família tem que trabalhar para a empresa, e não a empresa para a família. Há exposição de casos concretos e indicação de caminho para chegar ao acordo empresarial-familiar, que é a associação entre os relacionamentos familiares e a necessidade de profissionalismo. Não adianta resolver a família se a gestão estiver ruim, também não adianta resolver a gestão se as relações estiverem conflituosas. José Renato é diretor da Consultoria de Impacto – Gestão & Marketing Ltda., é consultor e palestrante do Sebrae e da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro – Fecomércio. Desde 1995, pratica consultoria empresarial, ano em que começou a

idealizar o vitorioso método Consultoria de Impacto. Já aplicou – e aplica – o método em inúmeras instituições e empresas de diferentes portes e segmentos, especialmente empresas familiares. Jornalista, publicitário, por 15 anos foi professor universitário na Feso-RJ, cadeira Comunicação em Administração de Empresas. Entre consultorias, cursos e palestras, algumas referências: Sebrae, Fecomércio, Firjan, Ass. Bras. de Franchising, Universidade Serra dos Órgãos, Câmara de Dirigentes LojistasCDL, Ass. dos Supermercados do Est. do Rio, Ass. Bras. de Imprensa, Universidade de São Paulo, Centro Empresarial Rio, Ass. Comercial dos Produtores da Ceasa Grande Rio, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pontifícia Universidade Católica – PUC, Clube do Empreendedor, Ass. Bras. de Odontologia, Ass. dos Engenheiros da Petrobras, Sec. Mun. de Indústria e Comércio, de Trabalho e Renda e Câmara de Desenvolvimento Econômico de Macaé-RJ, Sind. da Indústria Gráfica, Sind. da Ind. da Construção Civil, Rede Economia de Supermercados, entre outros.

puccinos, Steve é apresentado por Cayla, dona de uma simpática cafeteria, às técnicas de autoliderança. A partir daí, é possível acompanhar as descobertas do executivo e conhecer um conceito crucial para o sucesso, a que Blanchard – na voz de Cayla – chama de “empowerment”: o caminho para contornar as armadilhas que impedem a iniciativa, e ampliar seu poder e autonomia no ambiente de trabalho. Investir na autoliderança significa tornar-se livre e confiante. E, se tudo isso vale para o mundo dos negócios, vale também para a vida particular.

Ken Blanchard é um dos mais famosos especialistas em desenvolvimento de recursos humanos da literatura mundial. Susan Fowler é professora adjunta do programa de mestrado em Liderança Executiva da Universidade de San Diego, palestrante e especialista em Personal Empowerment. Laurence Hawkins é doutor em Liderança e Comportamento Organizacional pela Universidade de Massachusetts, Amherst, consultor gerencial e motivacional. Com Ken Blanchard e Susan Fowler, é co-autor do programa de Autoliderança Situacional de The Ken Blanchard Companies.

Destaques Quanto maior a margem de lucro, mais difícil vender. Preço recebe toda atenção do cliente, mesmo que seja elite. Pg. 39 Não se deve ficar com ansiedade e tensão em busca de aperfeiçoamentos para encantar, para levar o cliente ao êxtase, conforme pregam inúmeros gurus da administração e do marketing. Pg. 58 Antes de inventar, de criar programas especiais para melhorar a qualidade, para encantar, é vital a empresa sistematizar a rotina que atende ao íntimo do cliente. Pg. 58

Crescer como? Durante cinco horas, seis destacados economistas discutiram, em 2006, os desafios do crescimento, em painel da Serasa. O debate foi transformado no livro, distribuído para três mil autoridades, parlamentares e formadores de opinião.

Brasil: como enfrentar os desafios do crescimento econômico Gustavo Loyola, José Roberto Mendonça de Barros, Paulo Rabello de Castro, Cláudio Adilson, Luís Paulo Rosenberg e Luciano Coutinho – Série Pensando o Brasil – Serasa Junho 2007 – Empreendedor – 75


Guia do Empreendedor

Conseqüências do dólar barato A causa do aumento do valor da moeda brasileira é a grande oferta de moeda estrangeira, decorrente de saldos comerciais elevados e entrada de capitais É impossível não comentar as conseqüências do comportamento da taxa de câmbio brasileira nas últimas semanas. Da mesma forma como no segundo semestre de 2002, a disparada do preço do dólar gerou fortes emoções. No primeiro semestre de 2007, com o sinal trocado, com a continuidade da queda do preço que se observa desde o final de 2002, também causa alegrias e preocupações. A causa do aumento do valor da moeda brasileira é a grande oferta de moeda estrangeira, decorrente de saldos comerciais elevados e entrada de capitais. A ocorrência de altos saldos comerciais poderia ser considerada contraditória, considerando a perda de competitividade dos produtos brasileiros em decorrência da moeda apreciada. Dois fatores explicam a continuidade da força das exportações. Por um lado, a contínua expansão da economia mundial, já há vários anos, mantém elevada a demanda por produtos básicos, como alimentos e metais, que são parcela importante das exportações brasileiras. Com a demanda elevada, os preços elevados compensam, para os exportadores, a queda do dólar, mantendo as receitas totais. O outro fator é o barateamento das importações. Isto influencia a produtividade, porque é possível a importação de máquinas e equipamentos baratos que propiciam

76 – Empreendedor – Junho 2007

reduções de custos. Também a importação de insumos e componentes baratos em função do câmbio pode, de certa forma, compensar a perda no preço, em moeda brasileira, dos produtos exportados. A balança de capitais está apresentando saldos elevados de entrada de recursos tanto nos investimentos diretos quanto nos investimentos de portfólio. Os investimentos diretos têm aumentado, porque há perspectivas de continuidade do crescimento da economia brasileira e uma generalizada percepção de diminuição do risco. Já o investimento de portfólio está atraindo recursos para a bolsa de valores, porque as empresas brasileiras, como a sua economia, apresentam boas perspectivas e estão baratas em relação ao resto do mundo, além de dinheiro para títulos de renda fixa e derivativos. Estes recursos vêm para aproveitar as altas taxas de juros praticadas no mercado brasileiro. Em médio e longo prazos, o alto valor da moeda brasileira tem o efeito benéfico de forçar as empresas brasileiras a procurar reduzir os seus custos para manter a sua capacidade de competir no mercado externo e com os produtos importados. Por outro lado, existe o risco de as empresas não conseguirem se adaptar, levando a uma desindustrialização, que pode ocorrer pela importação de matérias-primas e

componentes antes produzidos localmente e pelo encerramento da produção de produtos finais. É claro que as empresas brasileiras têm de ser expostas à concorrência externa para impedir a sua acomodação e a perda de bem-estar dos consumidores locais, mas o atual nível da taxa de câmbio é baixo demais. As intervenções do governo no mercado à vista e através de operações de swap não foram suficientes para conter o movimento de queda do dólar, apesar do elevado volume de reservas acumulado. Como a intervenção no mercado cambial não foi suficiente, a alternativa que deve ser adotada é a aceleração da redução da taxa de juros. A taxa de juros mais baixa reduzirá a diferença entre a taxa de juros brasileira e externa, reduzindo o afluxo de capitais e, com isso, propiciando uma depreciação da moeda brasileira. O cenário de inflação baixa é propício a isso. Os efeitos dessa medida atingem toda a economia, o que é melhor que decisões que afetem setores específicos, com maior possibilidade de influência política e benefícios localizados.

Roberto Meurer Consultor da Leme Investimentos e professor do Departamento de Economia da UFSC


Análise Econômica Carteira teórica Ibovespa NOME AÇÃO

TIPO AÇÃO

Acesita PN ALL América Latina UNT N2 Ambev PN Aracruz PNB Arcelor BR ON Bco Itaú Hold Finan PN Bradesco PN Bradespar PN Brasil T Par ON Brasil T Par PN Brasil Telecom PN Brasil ON Braskem PNA CCR Rodovias ON Celesc PNB Cemig PN Cesp PNB Comgás PNA Copel PNB Cosan ON CPFL Energia ON Cyrela Realty ON Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo Metropo PNB Embraer ON Gerdau Met PN Gerdau PN Gol PN Ibovespa Ipiranga Pet PN Itausa PN Klabin PN Light ON Lojas Renner ON Natura ON Net PN Pão de Açúcar PN Perdigão ON Petrobras ON Petrobras ON Petrobras PN Sabesp ON Sadia PN Sid Nacional ON Souza Cruz ON Submarino ON TAM PN Telemar Norte Leste PNA Telemar-Tele NL Par ON Telemar-Tele NL Par PN Telemig Celul Part PN Telesp PN Tim Participações ON Tim Participações PN Transmissão Paulist PN Unibanco UnN1 Usiminas PNA Vale Rio Doce ON Vale Rio Doce PNA Vivo Part PN Votorantim C P PN

PA R T I C I PA Ç Ã O I B OV E S PA

0,20 1,73 1,28 0,92 1,29 3,24 4,28 1,53 0,46 0,64 0,91 1,89 1,45 1,12 0,41 1,89 0,78 0,27 1,11 1,85 0,89 1,14 1,39 1,64 0,63 0,97 1,03 2,60 1,32 100,00 0,35 2,03 0,58 0,48 0,77 1,27 1,71 0,78 1,16 2,34 3,07 13,40 0,75 1,00 2,58 0,55 1,22 1,70 0,51 1,52 2,91 0,37 0,34 0,52 1,08 0,41 1,97 4,14 2,67 9,84 1,38 0,81

VARIAÇÃO % ANO (ATÉ 22/5/2007)

30,40 13,60 26,20 -6,80 23,90 16,50 13,90 47,00 38,40 38,40 34,20 28,40 10,80 9,80 23,60 12,70 29,80 43,00 13,90 -8,60 24,60 16,00 1,40 11,10 12,60 2,10 32,40 25,70 -4,00 17,40 27,90 25,70 22,30 25,20 6,00 -10,80 27,90 -14,90 16,40 -1,30 10,10 -4,20 4,40 33,70 60,60 32,10 26,60 -6,50 5,30 28,50 23,30 20,30 8,30 -15,10 -3,80 13,50 8,10 37,30 37,80 35,40 2,10 5,30

Inflação (%) Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Maio 0,04 0,14 0,25 0,33

Juros/Aplicação

(%)

Maio 0,94 0,94 0,63 3,91

CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Ano 1,16 1,02 1,51 1,44

Ano 4,00 4,00 2,63 7,01

Indicadores imobiliários Maio 0,71 0,19

CUB SP TR

(%)

Ano 1,23 0,48

Juros/Crédito Maio 22/Maio

(em % mês) Maio 21/Maio

2,00 3,96 3,50 2,20

2,00 3,96 3,50 2,20

Desconto Factoring Hot Money Giro Pré * * taxa mês

Câmbio (em 22/5/2007)

Cotação R$ 1,9409 US$ 1,3466 US$ 0,0082

Dólar Comercial Ptax Euro Iene

Mercados futuros (em 22/5/2007)

Junho

Julho

Agosto

Dólar R$ 1,946 R$ 1,953 R$ 1,962 Juros DI 12,37% 12,12% 11,95% (em 22/5/2007)

Junho

Ibovespa Futuro

52.260 Junho 2007 – Empreendedor – 77


Guia do Empreendedor 26/6 a 29/6/2007

Agenda Em destaque

FENIT

27/6 a 30/06/2007

Anhembi São Paulo/SP (11) 3291-9111 www.fenit.com.br A 59º Feira Internacional da Indústria Têxtil (Fenit) é uma oportunidade para os profissionais conhecerem as novidades em produtos e serviços do setor. Na última edição, mais de 28 mil compradores de mais de 30 países visitaram o evento. A feira também conta com eventos paralelos como “Área de Desfile com DJ”, “Palestras diversas”, “Rodadas de Negócios” e “Espaço de Design”.

ABF FRANCHISING EXPO 2007

1º/6 a 10/6/2007

EXPOTCHÊ Pavilhão de ExpoBrasília Pq. da Cidade Brasília/DF (61) 3039-8114 www.expotche.com.br Com participação de mais de 300 expositores, a Expotchê (15° Feira de Produtos, Serviços e Cultura do Rio Grande do Sul) é a vitrine de produtos e da cultura do sul em Brasília. Em sua última edição, o evento recebeu mais de 150 mil visitantes. A feira é realizada na capital do país porque reúne pessoas de todos os Estados brasileiros e também abriga apresentações diplomáticas de diversos países. 2/6 a 10/6/2007

EXPONOP 2007 Parque de Exposições da Acrinorte Sinop/MT (66) 3515-6009 www.exponop.com.br A 23º Exposição, Feira Agropecuária, Comercial e Industrial de Sinop/ MT (Exponop 2007) conta com atrações como produtos e serviços, máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, caminhões, móveis e utensílios, cosméticos, confecções, artesanatos, bovinos, eqüinos e ovinos. Cerca de 300 empresários vão expor no evento.

Expo Center Norte – Pavilhão Azul São Paulo/SP www.abfexpo.com.br (11) 5505 8922 A ABF Franchising Expo 2007 deve receber aproximadamente 27 mil visitantes. O objetivo é que o empreendedor possa ter mais informações sobre o sistema de franquias, pesquise oportunidades de negócios, compare ofertas e decida se quer investir no mundo do franchising. Haverá cerca de 200 expositores em áreas como alimentação, escolas de idiomas, livrarias, consultorias, cosméticos e perfumaria. Também estão programados seminários, painéis e palestras. Serão ministrados ainda cursos com temas como “Avaliando a franquia do seu sonho”, “Como avaliar seu perfil empreendedor e obter sucesso”, “Aspectos jurídicos da franquia” e “Como escolher e negociar pontos comerciais”. No Pavilhão Internacional, já estão confirmadas as presenças das associações de franquia de dez países.

3/7 a 6/7/2007

10/7 a 13/7/2007

ALITCH

FRANCAL 2007

Pavilhão do Parque do Imigrante Lajeado/RS (51) 3357-3131 www.efep.com.br Lajeado é a capital do Vale do Taquari, região central do RS, formada por um bloco de 40 municípios com base econômica apoiada na agroindústria. A Alitch tem o objetivo de fortalecer o elo entre o comprador e o consumidor.

Pavilhão de Exposição do Parque Anhembi São Paulo/SP (11) 6226-3100 www.feirafrancal.com.br A Francal 2007 (Feira Internacional de Calçados, Acessórios de Moda, Máquinas e Componentes) é voltada para profissionais do setor. A feira é uma oportunidade para os empreendedores fazerem negócios com o mercado internacional.

6/7 a 15/7/2007

FENNEART

12/7 a 18/7/2007

Centro de Convenções de Pernambuco Olinda (81) 3467-9984 www.pe.gov.br/fenneart A IV Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenneart) terá como tema central Brinquedos Populares. No ano passado, 150 mil pessoas visitaram o evento e puderam conhecer os produtos dos artesãos.

FEICCAD Maxi Shopping Jundiaí Jundiaí/SP (11) 4526-2637 www.feiccad.com.br Idealizada em 2004, a 4ª Feira do Imóvel, Construção, Condomínios, Arquitetura e Decoração (Feiccad) reúne segmentos importantes para o crescimento da região e para a qualidade de vida da população.

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)

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80 – Empreendedor – Junho 2007


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www.empreendedor.com.br

O conteúdo que faz toda a diferença

Página inicial

Enquete aponta falta de planejamento como principal causa da falência das empresas Para a maioria dos leitores que participou da enquete do mês de maio do site Empreendedor, a falta de planejamento é o fator que mais leva as empresas à falência antes dos dois primeiros anos de vida. A opção recebeu 69,1% dos votos, enquanto que má gestão recebeu 23,7%, e perfil inadequado, 7,2%. O resultado confirma a opinião dos consultores entrevistados na reportagem “Fuja da falência” ( w w w. e m p r e e n dedor.com.br/fujadafalencia), divulgada com exclusividade pelo site Empreendedor no dia 20 de abril de 2007. Na matéria, os especialistas afirmam que, para enfrentar as dificuldades e se manter no mercado, o principal cuidado que deve ser tomado é elaborar um plano de negócios. É que, segundo eles, ao passar a idéia do que se deseja investir

Na sua opinião, o que mais leva as empresas à falência antes dos dois anos de vida? Má gestão

Falta de planejamento 69,1% (577) Perfil inadequado Total de votos:

7,2%

(60) 835

O empresário disposto a ter um sócio deve estar atento às questões legais que podem influir no custo operacional da empresa. Conheça alguns aspectos legais que precisam ser observados por quem administra um negócio em sociedade acessando o endereço: www.empreendedor.com.br/sociedade. Você vai encontrar a entrevista realizada pela Revista do Varejo e divulgada na íntegra pelo site Empreendedor com a consultora jurídica Juliana Alves. A advogada, da Miguel Neto Advogados, dá algumas dicas para os sócios evitarem algumas dores de cabeça legislativas. INDEX OPEN

Programe-se INDEX OPEN

para o papel, fica mais fácil para o futuro empreendedor simular a realidade, ou o mais próximo dela, para verificar a viabilidade do empreendimento e, assim, prevenir um possível fracasso.

Dê sua opinião A enquete do mês de junho quer saber qual fator você avalia como mais importante na hora de escolher o parceiro ideal para formar uma sociedade. Para participar, vá até a área “Enquete”, à esquerda do site Empreendedor, logo abaixo das categorias, e escolha entre as opções: Afinidade, Experiência e Dinheiro a que mais se aproxima da sua opinião.

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23,7% (198)

Sem problemas com a lei

Acesse o site Empreendedor e, na página inicial, clique em “Agenda”, no canto superior direito, logo abaixo do cabeçalho. Você terá acesso aos principais eventos do mês de junho e poderá se atualizar, semanalmente, com os seminários, congressos e feiras do segundo semestre de 2007. Além do local, hora e data, o site oferece um pequeno resumo do evento a ser realizado.

FORMATO RSS Acesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) e saiba como receber as manchetes, um resumo e o link de cada novo conteúdo publicado.


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