Empreendedor 188

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MARKETING: RELACIONAMENTO NAS REDES SOCIAIS ENTREVISTA: DEMISSÃO PODE SER MENOS DOLOROSA

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EMPREENDEDOR – NOVAS CORES – ANO 16 N o 188 JUNHO 2010

IS SN 1414-0 152

ANN O 16 ANO 1 6 N o 1188 88 JUNHO 2010 R$ 9,90

Novas cores Mercado gay cresce no Brasil e busca a consolidação, mas ainda enfrenta preconceitos que impedem o aproveitamento de seu grande potencial de compra

GESTÃO: PROGRAMA DO IEL QUALIFICA E CERTIFICA FORNECEDORES DE GRANDES INDÚSTRIAS


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N E S TA E D I Ç Ã O

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GAY FRIENDLY O universo gay cresce no Brasil, e com isso expande o mercado de produtos e serviços direcionados a este público exigente e abastado, porém discriminado. Mais do que atender a necessidades e desejos dos homossexuais, para ser uma empresa gay friendly é preciso se livrar de preconceitos e clichês. Um bom atendimento reverte-se em fidelidade de um grupo que costuma gastar 30% a mais do que os heterossexuais em passeios e viagens, um dos grandes filões desse mercado, e tem menos impeditivos para gastar as economias com produtos de grife e artigos culturais.

26 | GESTÃO Parceiro dos sonhos

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42 | MARKETING Caiu na rede

Uma importante conquista para as pequenas e médias empresas é ser aceita como fornecedora de grandes indústrias. Um programa do IEL qualifica e certifica as candidatas, o que estabelece alto padrão de qualidade e ainda reduz os gastos das empresas maiores com consultorias e treinamentos.

Em junho se inicia a Copa do Mundo de futebol. E num país como o Brasil, favorito ao título, esta é uma ótima oportunidade comercial, do marketing e publicidade a produtos diretamente ligados ao evento, como artigos esportivos, som e TV, entre outros.

Facebook, Orkut, Twitter, etc. Isso para citar apenas as mais famosas e estabelecidas redes sociais. Com o avanço da internet entre a população, é preciso se relacionar com os consumidores também no mundo digital. Monte sua estratégia e caia na rede.

38 | PANORAMA Vítimas da pirataria

30 | TENDÊNCIA Preço de opinião

46 | PERFIL Fábio Gomes Ferreira e Hunter Hagewood

Engana-se quem pensa que a pirataria gera prejuízos apenas à empresa pirateada. Quem perde mercado são as empresas com produtos originais vendidos ao mesmo preço que as falsificações de marcas superiores, que sofrem com a desvalorização da imagem.

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34 | MERCADO Copa de negócios

Mistura de teste e propaganda, o tryvertising é uma forma de o consumidor conhecer um produto através da experimentação, e o melhor, sem pagar nada. Em troca, aponta defeitos, qualidades, pontos positivos, prós e contras para o fabricante aprimorar o item.

14 | ENTREVISTA Nilce Campos

L E I A TA M B É M 8 12 58

EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PRODUTOS E SERVIÇOS

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Amigos de adolescência, eles voltaram a se encontrar já adultos e fundaram a Nevoa Networks, primeira empresa brasileira a desenvolver um sistema virtual de armazenamento de dados.

DINÂMICA ANÁLISE ECONÔMICA AGENDA

A consultora Nilce Campos, da Apex Executive Search, explica como é possível tornar a demissão um processo responsável através do outplacement, serviço de recolocação no mercado de trabalho.


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EDITORIAL

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reconceito. Não importa se relacionado ao sexo ou orientação sexual, raça, religião, nacionalidade, classe social, estilo, enfim, qualquer rejeição preconcebida e infundada a grupos e ideias. Essa atitude discriminatória faz com que muitos empreendedores desperdicem importantes oportunidades de negócio. A situação é mais crítica no comércio e nos serviços, setores que envolvem atendimento direto ao público. Funcionários precisam ser devidamente orientados e treinados a tratar todos, sem distinção, inclusive colegas de trabalho, de forma respeitosa e profissional. Além da perda de uma venda, um comportamento discriminatório pode trazer prejuízos à imagem da empresa e até mesmo problemas judiciais, nos casos mais graves. Cuidados que devem ser muito bem observados para quem deseja atender o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), um mercado em franca expansão e com muitas oportunidades em aberto. Lazer, produtos de grife e artigos culturais estão entre as preferências deste grupo que não possui tantos impeditivos – como filhos – para usar suas economias e gasta 30% a mais do que os heterossexuais em passeios e viagens. Estima-se que 10% da população seja formada por homossexuais (o Censo 2010 levantará pela primeira vez números oficiais relacionados à orientação sexual) e que quase 85% deles pertençam às classes A e B. Uma oportunidade valiosa demais para se desperdiçar por discriminação. De qualquer forma, despir-se de preconceitos e clichês é uma obrigação de qualquer empreendedor, não importa o mercado em que atue. Alexsandro Vanin

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ERRATAS Na edição de março da Revista Empreendedor, por equívoco foi publicada uma nota na seção Franquias informando que a Sorvetes Jundiá produz sorvetes artesanais. A empresa, no entanto, já utiliza o modelo industrial de produção. Na edição de maio, foi creditada errada a autoria da entrevista com Ari Meneghini (foto). A responsável pelo trabalho foi a jornalista Mônica Pupo.

A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Lio Simas e PhotosToGo – Foto da capa: Wanderlei Celestino/APOGLBT– Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Diretor: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@ empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: Tharin Merizio [anuncios@empreendedor.com.br] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [milla@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – 4º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 2611-7996/9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@gmail. com] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 70680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Flávio Duarte [commercializare@terra. com.br] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 10%, pagando somente R$ 106,92 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende


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EMPREENDEDORES

Vanessa de Figueiredo Vilela Araújo

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REFERÊNCIA MUNDIAL

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Nem ela esperava um crescimento tão rápido. Em menos de três anos, Vanessa de Figueiredo Vilela Araújo, 32 anos, já conseguiu colocar sua marca de cosméticos, a Kapeh, em mais de 180 pontos de venda no Brasil. O grande diferencial é a fórmula dos produtos, feitos à base de extrato de café e do aroma da sua flor. São 33 itens, entre hidratantes, sabonetes, óleos de banho, colônias, xampus e condicionadores. Presente em 15 estados brasileiros, a empresa também exporta para Portugal

e Holanda e se prepara para expandir os negócios para outros países da Europa, além do Oriente Médio, África e América Latina. Com esse desempenho, Vanessa representou o Brasil na segunda edição do Empretec Women in Business Award 2010. Concedido pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento do Comércio, o prêmio foi entregue em maio, em Genebra, na Suíça. Com a empresa localizada em Três Pontas, no Sul de Minas Gerais, Vanessa

optou pela terceirização da produção e contratação de consultores em áreas estratégicas, como marketing e comércio exterior. O resultado é uma estrutura enxuta, com apenas oito funcionários e 50 empregos indiretos. A empreendedora também investe forte em responsabilidade social. O café utilizado nas formulações dos cosméticos é certificado, proveniente de áreas sustentáveis tanto do ponto de vista social quanto ambiental. www.kapeh.com.br


Eduardo Dimand

SAÚDE A UM CLIQUE Ex-jogador de vôlei e praticante de fisiculturismo, Eduardo Dimand precisava mudar os hábitos alimentares para perder gordura e ganhar massa muscular. Procurou uma empresa que oferecesse refeições prontas com essa proposta e não encontrou. Quando percebeu que não era o único, resolveu fazer da oportunidade um negócio, a Pronto Light, um restaurante virtual com entrega de refeições personalizadas. Tudo livre de óleos e frituras, mas rico em nutrientes e com a quantidade necessária para cada objetivo. Para montar a empresa, ele contou com a ajuda de dois sócios: o ex-colega de vôlei, estudante de Educação Física e personal training Fernando Negrão Rama, e o administrador Pedro Pandolpho. Hoje eles contam com uma equipe de nutricionistas especializada para elaboração de receitas e desenvolvimento de novos produtos. “Sugestões de dietas e ideias de receitas light não faltam. O problema é colocá-las em prática. Por isso, os nutricionistas recorrem aos nossos produtos como ferramenta de trabalho. O profissional orienta e nos indica para entregar na casa do paciente as refeições exatamente como o recomendado. Assim, o resultado é mais eficiente”, afirma Dimand. www.prontolight.com

Luciano Hoefling, Cristina Taffarel e Evandro Fortino

É preciso ver oportunidades onde ninguém ainda enxergou. Com esse lema, os colegas fisioterapeutas Luciano Hoefling, Cristina Taffarel e Evandro Fortino criaram, em maio de 2008, em Porto Alegre, a FisioWork-RS. A empresa foca sua atuação em duas áreas: organização de cursos e eventos em fisioterapia e prestação de serviços especializados na área. “Por mais que existissem cursos em nossa região, ainda precisávamos viajar para outros estados, gerando diversos incômodos e custos extras. Essa ideia de oferta de cursos veio acompanhada de algo que visasse à prestação de serviços fisioterapêuticos de qualidade, de forma diferenciada e de acordo com as necessidades do mercado”, explica Hoefling, diretor-geral da empresa. Neste curto período de existência, mais de 400 fisioterapeutas já passaram pelos cursos da FisioWork, que também presta serviços em fisioterapia do trabalho, fisioterapia geriátrica e adequação postural em escolas. www.fisioworkrs.com.br

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CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

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EMPREENDEDORES

Flávio Augusto da Silva

INGLÊS PARA ADULTOS ING De or origem hebraica, a palavra ometz significa ousadia e coragem. Om Ometz é também o nome do grupo criado pelo empresário Flávio Au Augusto da Silva, que aos 37 anos acaba de lançar sua quinta bandeira de curso de inglês, a Wise4U. Desta vez, o foco é o ensino do idiom idioma a distância. As outras marcas são Wise Up, Lexical, You Move e G Go Getter. Juntas, totalizam 400 unidades no Brasil e uma em Buenos Aires. Neste primeiro momento, a Wise4U terá 17 B franquias no Tocantins com aulas transmitidas ao vivo, via safran télite, diretamente da sede do Ometz Group, em Curitiba. A tél empresa tem projeto de instalação de estúdios em Orlane do, na Flórida, onde mora Flávio Augusto. A nova bandeira d é parte da estratégia da holding para domínio do segmento t adulto de ensino de inglês. A meta até dezembro é implantar 400 unidades da Wise4U no Brasil. p Flávio Augusto começou a empreender cedo. Aos 23 2 anos decidiu montar um curso de inglês para adultos quando percebeu que os métodos existentes no mercado q não eram eficientes para esse público. A primeira unidade n da Wise Up foi implantada no Centro do Rio, em abril de d 1995. Oito anos depois, criou a Lexical, com metodologia 19 cinestésica, e, na sequência, a Go Getter, curso para o merci cado corporativo. Em setembro do ano passado lançou a ca You Move, metodologia que simula uma imersão no exteYo rior. A bandeira já tem mais de 100 franquias em todo o Brari sil. No ano passado, o Ometz Group contabilizou mais de si 65 mil novos alunos e crescimento de 67% no faturamento, alcançando R$ 103 milhões. www.ometzgroup.com.br al

Cezar Tegon

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PIONEIRISMO NA WEB

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Nos anos de 1996 e 1997, depender de uma ferramenta que rodasse integralmente via web era uma aposta arriscada. Afinal, a internet brasileira ainda dava seus primeiros passos e pouquíssimos usuários tinham acesso à banda larga. Mas Cezar Tegon resolveu encarar o desafio. Em 2000 largou sua carreira como diretor de empresas e montou a Elancers, hoje o maior portal de recrutamento e seleção do Brasil. São mais de 10 milhões de currículos cadastrados e cerca de 1,2 mil clientes corporativos, entre pequenas, médias e grandes empresas, incluindo líderes dos principais setores produtivos do País. Para celebrar seu 10º aniversário, a Elancers lançou uma série de inovações, com destaque para dois novos sites. O público corporativo continua a encontrar no www.elancers.net produtos e sistemas para todos os níveis de processos seletivos, enquanto que no novo www. vagasonline.com.br candidatos podem inscrever gratuitamente seus currículos e encontrar vagas de emprego em organizações de todo o País. “Sempre criamos novidades e levamos modernas tecnologias para o mercado brasileiro. Assim, completamos nossos primeiros 10 anos com a convicção de que estamos prontos para viver muitas outras décadas de inovação”, afirma Tegon. www.elancers.net


Cristiana Arcangeli

NOVO FÔLEGO Movida a desafios, Cristiana Arcangeli não se cansa de lançar novos negócios na área de cosméticos. Depois de Phytoervas e Éh, a empresária acaba de anunciar sua terceira marca em dez anos, a Beauty’in®. A empresa traz uma geração de novos produtos que prometem, ao mesmo tempo, cuidar dda saúde e embelezar. Batizados de aaliméticos®, nome registrado por Cris Cristiana, eles chegam em forma de balas de colágeno (beauty candy) e de beb bebidas ricas em vitaminas (beauty dri drink). “Existe uma tendência mundial de longevidade. Pesquisas mostram que hoje as pessoas se preocupam muito mais com a saúde, o bem-estar e a beleza”, afirma a embem-es presária. Para desenvolver a marca, presári Cristiana Arcangeli contratou a emCristia presa Interbrand e fez uma ampla pesquisa de mercado, além de pesqu workshops com médicos, jornaworks listas especializados e formadores de op opinião. A partir desse trabalho, chegou cheg ao conceito de beleza como resultado de uma nutrição com de qqualidade e prazerosa.

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www.beautyin.net.br www

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NÃO DURMA NO PONTO

VÁ PARA O OLHO DO FURACÃO O furacão Gilbert varreu o Golfo do México em 1988. Talvez tenha sido o mais devastador da história dessa região. Em meio ao caos, um navio sobreviveu ao desastre marítimo graças ao preparo e perspicácia de um comandante norueguês. Quando ele foi informado sobre a aproximação da tormenta, mais do que depressa conduziu o navio na direção do ciclone, para o espanto da tripulação e diferentemente de seus pares, em outras embarcações, todo empenhados em fugir da tempestade. Ele e sua tripulação controlaram o navio, na difícil travessia por ondas gigantescas e violentas, até atingir o único lugar onde era possível garantir condições de sobrevivência: o olho do furacão. O olho do Gilbert tinha um diâmetro de 22 quilômetros. O olho do furacão, por sua vez, permitiu que a embarcação chegasse a um porto seguro. Foi a sua salvação. Qual o segredo desse comandante? Por que sobreviveu, com sua tripulação, a essa grande tragédia, enquanto outras embarcações foram tragadas e destruídas pela violência do furacão?

permitiu que ele fizesse uso de um conjunto de competências reunidas ao longo de anos e anos de prática naquela profissão. Estava preparado para esse momento, embora nunca tivesse visto um furacão Gilbert na vida. Diante dessa experiência podemos extrair alguns aprendizados importantes para os negócios e empresas.

Primeira lição: o conhecimento do ambiente e dos cenários Sim, o comandante norueguês jamais havia enfrentado um desafio daqueles em sua vida. Mas se dedicou a aprender sobre os fenômenos naturais, os efeitos das pressões atmosféricas, as tempestades e tormentas marítimas, os turbilhões dos ciclones, os efeitos dos maremotos, a geografia dos arquipélagos, penínsulas e arrecifes. Conhecia, portanto, o ambiente em que circulava e as diferentes probabilidades de cenários. Assim também deve ser nos negócios. É preciso conhecer o contexto em que a empresa está inserida. Os vários agentes com os quais ela se relaciona. As forças que

Devemos nos sustentar sobre uma base de bons conhecimentos. Aprendizado é tarefa de toda uma vida. E, também, uma garantia de continuidade

Com isso, temos condições de ajustar as nossas intenções às tendências futuras, que nada mais são do que desdobramentos de fatos já em curso, no presente.

Segunda lição: conhecimento da embarcação É claro que o comandante norueguês conhecia profundamente uma embarcação como a que conduzia, tanto no conjunto como nos detalhes. Obviamente sabia muito bem o que é proa e popa, bordo e estibordo, costado e quilha. E, também, qual a utilidade do leme e da âncora. Conhecia os instrumentos e sabia ler as cartas de navegação. Dominava, pois, a embarcação e as características normais do entorno. Na empresa, também precisamos enxergar o todo para então compreender as partes. Quando a esquartejamos em departamentos, perdemos de vista a imprescindível noção do conjunto. Com uma visão assim retalhada é fácil resvalar para o desequilíbrio e o conflito dos interesses múltiplos entre as partes. Mas quando a vemos como um organismo dotado de corpo, mente e alma, deixamos de lado os departamentos e nos atemos às funções das partes dessa tríade e aos resultados que se pretende obter com cada uma delas, todos convergindo para o propósito principal desse organismo. Assim nada nos escapa. Sabemos que o grande desafio é a busca desse equilíbrio. É isso que mantém a embarcação, ou seja, a empresa, na sua melhor forma.

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Terceira lição: conhecimento de liderança

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Poderíamos concluir que aquele navio era superior e mais seguro do que os outros ou que aquele comandante era mais esperto que seus pares. Ou, ainda, que ele teve sorte. Mas são conclusões simplistas. O comandante não era um amador, isso é fato. Ao contrário, sua perspicácia

interferem em sua navegação, ora se protegendo e tirando proveitos das ameaças, ora “pegando a onda” das oportunidades. Conhecer ambientes e cenários é fazer incursões no futuro, não para adivinhá-lo, pois não somos capazes disso, mas para orientar as decisões e ações do presente.

Em um período de grande tensão, diante de um furacão de proporções gigantescas e jamais visto, era mais provável que um comandante atrevido – ousado o bastante para ordenar à tripulação que rumasse direto para o olho do furacão – fosse, ele sim, lançado ao mar. Quem obedeceria sem pestanejar uma ordem tão insana?


Pois bem, aí está a essência da liderança: a confiança. Em situações de extremo perigo não há espaço para a participação e o consenso. É preciso seguir quem acumula mais experiência e conhecimentos e possui uma visão mais sistêmica. É possível que, para conquistar esse estágio de confiança incondicional, o líder tenha praticado muito decisões em consenso com a sua equipe. Em situações dramáticas, como as do furacão iminente, a liderança é imprescindível. E que ela seja forte, decisiva, influente, determinante. Também assim deve ser nas empresas. Mas esse mérito se conquista ao longo do tempo, por meio de uma gestão participativa. No caso do comandante norueguês, a qualidade da sua liderança foi determinante para que todos se salvassem – a tripulação e o próprio navio.

Quarta lição: autoconhecimento Havia coragem e ousadia na decisão do comandante. Uma intuição do que deveria ser feito. É claro que essa intuição era sustentada por todo um conjunto de conhecimentos e práticas. Experiência, enfim. Mas é bem provável que outros comandantes, incapazes de tomar uma decisão tão radical – e decisiva

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

lhe mais próximo da vocação de navegador de tantos outros mares. Ele não titubeou nem acompanhou a tendência geral, de fugir do perigo. Fez sua própria e surpreendente escolha.

Aprender é preciso A história do Gilbert nos deixa uma grande lição: é preciso se preparar. Devemos nos sustentar sobre uma base de bons

para a sobrevivência – como a dele, também tivessem o mesmo cabedal. Então existe algo mais no comandante ousado. Um tipo de voz interior inspiradora para lhe indicar o caminho. E que ele seguiu. Algo além do papel de comandante e da profissão de navegador. Talvez um deta-

conhecimentos. Devemos desenvolver habilidades e técnicas fundamentais. Devemos criar condições para que aflorem nossos dons e talentos. Aprendizado é tarefa de toda uma vida. E, também, uma garantia de continuidade – nas melhores condições – da vida, um bem supremo!

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A liderança é imprescindível. Mas esse mérito se conquista ao longo do tempo, por meio de uma gestão participativa

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E N T R E V I S TA

Nilce Campos

DEMISSÃO RESPONSÁVEL Serviço de outplacement ajuda funcionários desligados a encontrar um novo lugar no mercado de trabalho por Beatrice Gonçalves

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beatrice@empreendedor.com.br

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A demissão é um processo doloroso não só para o funcionário como para a empresa. Desligar alguém é perder anos de experiência e de treinamento. Um problema que pode ser ainda maior quando na lista de profissionais a serem demitidos estão funcionários do alto escalão da empresa como diretores, gerentes e vice-presidentes. Mas quando a empresa não tem outra solução, ela pode trabalhar para amenizar os traumas e tornar o processo de demissão mais humano. O processo de outplacement permite às empresas oferecerem aos funcionários desligados uma consultoria de transição de carreira para que esses pro-

fissionais consigam se recolocar no mercado de trabalho. Para prestar o serviço são contratadas consultorias especializadas, e quem arca com os custos são as próprias empresas que desligaram os funcionários. O profissional recebe inclusive apoio psicológico para que consiga reestruturar sua carreira. A consultoria auxilia o trabalhador a planejar um recomeço e a pensar o que fazer e como fazer após a demissão. O serviço de outplacement é novo no Brasil e ainda é oferecido a poucos profissionais, mas em países como Estados Unidos e Suíça já é uma prática comum, em que as empresas oferecem o serviço para a maior parte dos funcionários demitidos. A consultoria Apex Executive Search de

Joinville, em Santa Catarina, é uma das empresas que oferecem o serviço de outplacement no Brasil. Nilce Campos, psicóloga e consultora da Apex Executive que trabalha há cinco anos com o serviço, considera que o processo é um investimento que beneficia não só o profissional demitido, mas a empresa que contratou este serviço. “O desligamento quando é mal conduzido faz com que a empresa corra riscos, como ficar com a imagem maculada, ter uma instabilidade legal e um clima motivacional comprometido. O outplacement leva as empresas a terem resultados mais eficazes nesse processo.” A Apex Executive Search já atendeu 38 executivos. O trabalho é realizado até que o profissional consiga se recolocar no mercado.


O serviço de outplacement torna esse processo de demissão mais humano? Nilce Campos – Perder o emprego é um trauma. A demissão é considerada a terceira maior dor que uma pessoa pode sentir. A primeira é a perda de um ente querido e a segunda é uma separação de matrimônio. O outplacement foi criado para humanizar o desligamento de um profissional. Esse é um serviço que se torna cada vez mais necessário porque o mercado de trabalho mudou. Antigamente o funcionário ficava na empresa até se aposentar, hoje são raras as empresas que adotam essa postura. Quais são os motivos que levam as empresas a oferecer o serviço de outplacement? Nilce Campos – Este serviço deve ser considerado como uma prática de responsabilidade social da empresa para com a sociedade. Uma forma de beneficiar profissionais que prestaram bons trabalhos para a empresa em que estavam atuando e que, em um processo de reestruturação, precisaram ser desligados. As empresas têm que enxergar o processo de outplacement também como uma forma de evitar contratempos trabalhistas e promover interna e externamente a imagem da empresa. Em que etapa do processo de desligamento as empresas costumam procurá-los para prestar o serviço de outplacement? Nilce Campos – Infelizmente as empresas costumam procurar pelo serviço quando o empregado já foi demitido. Mas o que nós orientamos é que a empresa nos procure antes de fazer o desligamento porque aí nós poderemos fazer todo um processo de planejamento e avaliar, por exemplo, qual é o dia mais adequado para

fazer a demissão, ver se aquele dia escolhido não é aniversário do profissional, ou de pessoas próximas a ele, como filho ou esposa. Uma medida simples, mas que faz muita diferença nessa hora. Como chegam esses profissionais demitidos à Apex Executive para o serviço de outplacement? Nilce Campos – Eles chegam muito fragilizados e com a autoestima baixa, tudo em decorrência da situação traumática que estão passando. Nosso papel é minimizar ao máximo estas angústias nas quais este profissional se encontra. Se não tivermos o cuidado de conduzir este processo de outplacement com ética e consciência, estaremos afetando não só aquele profissional, mas também a empresa que nos contratou e seus funcionários. Como é feito o trabalho? Nilce Campos – É um trabalho bem amplo de apoio psicológico que costuma abordar questões como o histórico do profissional, em quais empresas já trabalhou, até aspectos de sua vida familiar. De uma forma geral é possível perceber que muitos deles deixaram a vida emocional em segundo plano. Eles estão tão ligados

Perder o emprego é um trauma. A demissão é considerada a terceira maior dor que uma pessoa pode sentir. O outplacement foi criado para humanizar o desligamento de um profissional

à parte racional e o que acontece é que eles vêm se redescobrir aqui. Muitas vezes eu conquisto a confiança deles pelos hobbies, aquilo que eles gostam de fazer e, a partir disso, vou conhecendo-os melhor e eles próprios passam a se conhecer mais. Além de todo esse trabalho de autoconhecimento, são aplicados diferentes testes. O trabalho é mais intenso nas quatro primeiras semanas, depois vou diminuindo gradativamente. Mostro a eles que a pior coisa nesses casos é ficar dependente tanto do meu trabalho quanto da empresa a que eles estavam antes vinculados. Quanto mais rápido se tornarem independentes e não precisarem de mim como profissional, é melhor para eles. Quanto custa em média o serviço de outplacement? Nilce Campos – Eu não considero um investimento alto. O custo aplicado no processo gira em torno de 15% do salário que era pago ao profissional que foi desligado. No nosso caso, só prestamos esse tipo de serviço para pessoa física; dessa forma, as empresas que demitiram é que nos contratam e arcam com os custos do serviço. Em todas as etapas do processo deixamos bem claro que o outplacement é um benefício que a empresa está oferecendo a esse profissional e que ele precisa valorizar isso. Em quanto tempo o profissional está preparado para voltar ao mercado de trabalho? Nilce Campos – O serviço costuma durar em média três meses, mas nós já tivemos um caso em que o profissional chegou a ficar cinco meses. Esse foi o procedimento mais longo realizado pela Apex Executive, isso porque o trabalho termina só quando o profissional é recolocado. O contrato com a empresa diz que nós prestaremos assistência até dois ou três meses depois do desligamento, mas há casos em que eu continuo acompanhando mesmo de longe. Nesse processo de outplacement, o sucesso do serviço não depende só do consultor que está orientando, depende muito mais do profissional em aceitar e saber aplicar as orientações. Durante o outplacement como são trabalhados a mágoa e o ressentimento que esses profissionais possam vir a sentir da antiga empresa da qual foram desligados?

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O que é o serviço de outplacement? Nilce Campos – É uma consultoria de transição de carreira voltada para profissionais que foram desligados de empresas. Um serviço personalizado para que esses trabalhadores consigam se recolocar no mercado. No nosso caso, quem nos contrata são empresas que estão passando por um processo de reestruturação e precisam dispensar executivos, para que nós possamos realizar todo um trabalho de assistência a esses profissionais que foram ou serão desligados.

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E N T R E V I S TA Nilce Campos – Todos os que passaram por aqui saíram muito magoados das empresas e durante o processo de outplacement nós vamos trabalhando para minimizar esse rancor. Costumo dizer que quanto mais rápido eles cortarem o vínculo emocional que tinham com a antiga empresa, mais rápido conseguirão se recolocar no mercado.

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Oferecer o serviço de outplacement melhora a imagem da empresa? Nilce Campos – O processo de outplacement acaba valorizando positivamente a imagem da empresa tanto com o antigo funcionário quanto diante dos profissionais que ainda trabalham na corporação. Isso tende a melhorar a relação entre a empresa e seus colaboradores, inibindo até mesmo o número de processos judiciais. O outplacement valoriza as políticas de recursos humanos que muitas vezes não eram valorizadas, reduz custos adicionais com desligamentos mal conduzidos, aumenta o nível de segurança dos funcionários e a confiabilidade na empresa.

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Quais são os benefícios que o processo de outplacement pode trazer para a empresa que desligou o funcionário? Nilce Campos – O desligamento quando é mal conduzido faz com que a empresa corra riscos como ficar com a imagem maculada, ter uma instabilidade legal e um clima motivacional comprometido. O outplacement leva as empresas a terem resultados mais eficazes nesse processo, sendo a forma mais adequada e econômica de lidar com um desligamento. O processo de outplacement beneficia a empresa que contratou este serviço, o profissional que foi demitido e os profissionais que não foram desligados. Você pode imaginar o tamanho da carga emocional que está inserida num desligamento? É a da diretoria, do profissional que foi encarregado de fazer a demissão, do próprio profissional desligado e a de todos aqueles que ficaram na empresa. O outplacement vem para minimizar todas essas angústias. O que costuma acontecer na maior parte dos casos? As pessoas continuam a procurar emprego nessa mesma área ou resolvem, por exemplo, abrir um negócio próprio?

Quantas pessoas já passaram por esse serviço de outplacement na Apex Executive Search? Nilce Campos – Atuamos há mais de cinco anos nesse segmento. Neste período várias empresas já nos procuraram para oferecer o serviço de outplacement. Nós primamos pela qualidade e não pela quantidade de profissionais atendidos; dessa forma fazemos no máximo o atendimento de quatro trabalhadores por vez. Porque a nossa ideia é trabalhar com o profissional de forma personalizada. Atendemos, até o momento, 38 profissionais.

As empresas têm que enxergar o processo de outplacement também como uma forma de evitar contratempos trabalhistas e promover interna e externamente a imagem da empresa

Nilce Campos – De uma forma geral os profissionais procuram segurança, querem ter carteira de trabalho assinada. Toda uma série de benefícios que eles costumam achar que é segurança. Mas é preciso deixar claro que segurança não existe profissionalmente há muito tempo. Ainda são poucos os que procuram montar empresas ou decidem ir para outras áreas.

Que países são considerados referência na aplicação de processos de outplacement? Nilce Campos – As grandes referências nesse trabalho são os Estados Unidos e a Suíça. Na Suíça, esse tipo de serviço não é só oferecido para executivos e gestores, mas também para a maior parte dos trabalhadores demitidos. No Brasil, ainda é uma prática nova que por enquanto costuma ser oferecida só para trabalhadores do alto escalão que exercem funções como de gerência, diretoria ou de vicepresidência. Mas a tendência é que esse serviço se popularize. Que outros serviços a Apex Executive oferece? Nilce Campos – Nós oferecemos o Executive Service, um serviço de identificação e seleção de executivos de acordo com as características, cultura organizacional e mercado de cada empresa. Este serviço é prestado às instituições que desejam contratar um profissional cujo perfil é altamente qualificado. No serviço de assessment nós avaliamos o desempenho, o estilo e a competência do profissional em uma determinada função, se o trabalhador corresponde ao que é esperado dele e como ele pode aprimorar seu trabalho. Outro serviço oferecido é o de coaching, um trabalho de orientação de carreira para reforçar as competências que o profissional já possui e o desenvolvimento daquelas que ele ainda precisa aprimorar.

LINHA DIRETA Nilce Campos: www.apexexecutive.com.br


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WANDERLEI CELESTINO/APOGLBT

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Mercado gay cresce no Brasil e há muito espaço para expansão, mas os empreendedores precisam se livrar de preconceitos e clichês para aproveitar as oportunidades

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Neste mês, mais precisamente no dia 6 de junho, a cidade de São Paulo será palco da maior Parada do Orgulho Gay do mundo. A expectativa é que mais de 3 milhões de pessoas participem da comemoração, sendo que aproximadamente 600 mil serão turistas vindos de todas as regiões do Brasil e de outros países. No ano passado, a Parada movimentou R$ 200 milhões em um fim de semana, ficando atrás apenas da Fórmula 1 no ranking dos eventos mais lucrativos, segundo dados da São Paulo Turismo (SPTuris), órgão oficial de turismo da capital paulista. A grandiosidade do evento e dos números não deixa dúvidas sobre o crescimento e a consolidação do universo – e do mercado – LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). O chamado pink money tem atraído a atenção de empresas de diferentes segmentos. Além do já consagrado roteiro de boates, bares e saunas, a cada dia surgem novos negócios voltados aos homossexuais, incluindo loja de roupa, editora, companhia de seguro, restaurante e até mesmo um pet shop. Mas, para se tornar gay friendly, não basta hastear uma bandeira do arco-íris na porta do estabelecimento. De acordo com especialistas, é preciso investir em produtos e serviços inovadores, planejados sob medida para as necessidades e desejos do público-alvo. O atendimento também deve ser priorizado: mais sensíveis ao desrespeito do que a média da população, os consumidores homossexuais também são conhecidos por serem exigentes, fiéis às marcas e bem informados. Pesquisas indicam que o público LGBT também costuma consumir mais que o heterossexual. Como a maioria não tem filhos, sobra mais dinheiro – e tempo – para gastar com artigos culturais, produtos de grife e lazer. A indústria do turismo foi uma das primeiras a perceber essa oportunidade e, não por acaso, é a mais bem preparada do Brasil para atender à demanda LGBT. Segundo a Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat-GLS), existem aproximadamente 50 agências e operadoras de turismo voltadas aos gays no País. Grandes redes hoteleiras – como Pestana, Othon, Accor

e Golden Tulip – também se declaram gay friendly. “É evidente o crescimento do mercado e do turismo LGBT no Brasil e há um amplo terreno a ser explorado por empresas que queiram e saibam trabalhar com o segmento”, afirma Almir Nascimento, presidente da Abrat-GLS. Reconhecido internacionalmente como destino gay friendly, o Brasil – e mais especificamente a cidade de Florianópolis – será sede do maior evento de turismo internacional LGBT do mundo. Trata-se da 29ª Convenção Global da IGLTA (International Gay & Lesbian Travel Association), principal entidade do segmento turístico LGBT do mundo. Agendado para 2012, o evento deve reunir 450 congressistas, sendo 70% estrangeiros vindos de todo o mundo. A capital catarinense, que foi eleita pelo jornal The New York Times como destino “Party & LGBT” de 2009, destacouse perante as concorrentes – Berlim e Madri – e será a primeira cidade da América Latina a sediar o evento. A expectativa da Embratur e da Abrat-GLS é que a ocasião seja um marco no mercado turístico gay do Brasil. “A tendência é aumentar cada vez mais a demanda por produtos específicos e profissionais habilitados para aten-

Perfil do público gay Correspondem a 10% da população, totalizando cerca de 18 milhões de brasileiros 30% é o que eles gastam a mais do que os heterossexuais durante viagens e passeios 40% estão em São Paulo, 14% no Rio de Janeiro, 8% em Minas Gerais e 8% no Rio Grande do Sul 36% pertencem à classe A, 47% são da B e 16% da C 57% têm nível superior, 40% médio e 3% ensino fundamental 69% já assumiram sua preferência sexual 52% assumem para amigos, 14% para o chefe do trabalho e 9% para a família 65% já sofreram algum tipo de discriminação

der esse público”, diz Nascimento. Lançada no fim de 2009, a Câmara de Comércio LGBT do Brasil é outra iniciativa que reflete o crescimento do mercado gay no País. Inédita no País, a organização sinaliza novos tempos para os empreendimentos LGBT. “O mercado gay sempre existiu, mas agora é que estamos começando a abrir as portas novamente. E o primeiro passo é unir os empreendedores que se dedicam ao nosso segmento”, avalia Douglas Drumond, presidente da entidade. Atualmente com 100 associados, a Câmara tem como objetivo promover trocas de experiências, ações de marketing e eventos, entre eles o 1º Festival Gastronômico GLS de São Paulo, que acontecerá durante a semana da Parada do Orgulho Gay e terá participação de bares e restaurantes gay friendly da cidade. Mas, afinal, o que caracteriza uma empresa gay friendly? Para Douglas Drumond, trata-se simplesmente de uma questão ideológica ao alcance de qualquer marca ou organização. “Uma borracharia, por exemplo, pode ser gay friendly, não precisa vender pneu nas cores do arco-íris”, exemplifica. Dessa forma, as organizações gay friendly se diferenciam pela ausência de preconceitos e clichês associados aos homossexuais. “Muitas vezes a discriminação acontece de forma sutil, mas não menos ofensiva, como olhares de lado. Se eu estou dentro do seu estabelecimento, disposto a gastar meu dinheiro, eu exijo bom atendimento”, explica Drumond, que também é empresário do ramo hoteleiro e de entretenimento. Evitar a homofobia e banir toda e qualquer forma de preconceito no ambiente corporativo é um processo que ocorre “de dentro para fora”, segundo Laura Bacellar, coautora do livro Mercado GLS – Como obter sucesso com o segmento de maior potencial da atualidade (Ed. Ideia & Ação). “Ser gay friendly significa ter políticas de treinamento para que todos os funcionários saibam como tratar as minorias sexuais, além de ter políticas claras e explícitas de não-discriminação de seus funcionários gays e lésbicas, pois nenhuma empresa será gay friendly se discriminar seus próprios colaboradores”, diz Laura. Na avaliação da autora, o mercado LGBT no Brasil ainda não está consolidado, apesar da crescente expansão. “Os empresários nem sempre aproveitam as oportunidades e só se lembram de fazer

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por Mônica Pupo monica@empreendedor.com.br

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Bicho da Caneca: pet shop investe em treinamento para atender público sem discriminação

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alguma ação específica às vésperas da Parada Gay, por exemplo. Sendo que esses milhões de pessoas estão por aí o ano inteiro, consumindo.” Além de escritora, Laura Bacellar também é uma empreendedora pioneira na edição de literatura LGBT no Brasil. Em 1998, ela deu início às Edições GLS, com a proposta de ocupar um espaço esquecido pelas grandes editoras. “Minha ideia era ter uma atitude aberta a respeito das minorias sexuais, já que o mercado editorial não se assumia diretamente. A Editora Record tinha um selo voltado aos gays, chamado Contraluz, mas era tão secreto e mal divulgado que eu devo ser uma das poucas pessoas que sabe disso”, comenta. Dez anos mais tarde, em 2008, Laura fundou a primeira casa editorial lésbica – não só a única do Brasil, mas de toda a América Latina. Mais do que pioneira, a ideia de abrir uma editora com foco na literatura lésbica foi estratégica. “Em 2007, por exemplo, entre os mais de 30 mil títulos novos lançados no País, nem um tinha temática lésbica. Não é incrível ignorar um segmento que inclui 9 milhões de mulheres, 3 milhões se considerarmos as economicamente ativas e consumidoras

de cultura?”, reflete a empresária. De olho nesse mercado, ela deu início à operação da Editora Malagueta, com o objetivo de “romper as barreiras e os preconceitos e abrir espaço para mostrar as lésbicas como realmente elas são: pessoas comuns, normais, legais, porém com a particularidade de gostar de outras mulheres”. Em dois anos de mercado, a editora – que aposta nas vendas on-line – já lançou cinco títulos próprios e comercializa uma média de 60 livros, praticamente tudo o que existe em catálogo sobre lesbianismo.

Censo Na opinião de Laura, a principal dificuldade em atuar num nicho tão específico é a comunicação. “Não é fácil se comunicar com um grupo que é invisível, não se esforça para aparecer – por conta do preconceito –, está espalhado pelo País e não é acostumado a encontrar produtos específicos para lésbica”, aponta. Mas quando a mensagem atinge o público-alvo, o retorno é garantido. “A resposta tem sido entusiástica. Contamos com clientes que são nossas divulgadoras gratuitas simplesmente por acreditarem em nós e no

que estamos fazendo”, comemora. Outro desafio às empresas é não existir muitas pesquisas e dados disponíveis sobre o segmento LGBT. “Trabalhamos com uma estatística universal, que afirma que 10% da população é homossexual, mas na verdade ninguém nunca contou”, afirma Drumond. Mas a situação deve melhorar a partir deste ano. Em 2010 será a primeira vez que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai contabilizar casais homossexuais (e que moram juntos) no censo demográfico realizado em todo o País, o que deve auxiliar os departamentos de marketing na criação de produtos e serviços de nicho. O IBGE já utiliza questionários com perguntas sobre a união estável homossexual em alguns municípios, mas desta vez a pesquisa envolverá todas as cidades brasileiras. Da mesma forma como a postura gay friendly é uma questão de atitude, também não é preciso recorrer a nenhum estereótipo para associar a imagem da empresa ao segmento LGBT. “Não acho que precisamos criar ambientes exclusivamente gays. Isso foi muito comum nos anos 1990, quando a cultura LGBT começou a sair do armário, mas hoje em dia já há uma integração muito maior”, reflete


Douglas Magri, proprietário do Piaf Bistrô, restaurante voltado ao nicho LGBT, mas que nem por isso deixa de atrair os heterossexuais. Localizada na Alameda Franca, em São Paulo, a casa não difere em nada dos bares e bistrôs da região: o ambiente é aconchegante e refinado, com som ambiente e cardápio de inspiração francesa. “O diferencial é que aqui um casal gay ou lésbico pode ficar de mãos dadas ou trocar olhares apaixonados sem medo de ser discriminado”, afirma o proprietário. Para garantir a qualidade do atendimento, os funcionários – que não são necessariamente gays – do Piaf Bistrô são encaminhados para o curso de capacitação em atendimento ao público LGBT, oferecido pela Coordenadoria para Assuntos da Diversidade Sexual (Cads) e a São Paulo Convention Bureau. “Nas entrevistas, antes de contratar novos funcionários, sempre enfatizo a nossa postura de ser uma casa aberta à diversidade sexual”, diz Magri. O que motivou o veterinário David Bialski a investir no segmento LGBT foi praticamente uma “missão”, a de atender todos igualmente, sem distinção de raça, cor ou orientação sexual. Assim surgiu o Bicho da Caneca, primeiro pet shop gay

friendly do País, localizado na Rua Frei Caneca, um dos redutos do público LGBT na capital paulista. “Queremos que a loja seja a extensão da casa das pessoas, para que todos sejam quem são sem medo de julgamento ou discriminação”, define Dayana Bialski, irmã de David e atual gestora. Para garantir que os clientes se sintam sempre à vontade, a empresa também aposta na capacitação dos funcionários. Ministrado pela empresa Encantadores de Clientes, o treinamento inclui exercícios de teatro, expressão corporal e muita conversa. A fórmula deu certo: em sete anos de mercado, o Bicho da Caneca possui hoje uma clientela fiel, além de atrair curiosos e turistas de toda a parte. Além de oferecer os produtos e serviços comuns em todos os pet shops – rações, coleiras, acessórios, banho e tosa –, a loja também trabalha com itens temáticos, como coleiras, comedouros, roupinhas e demais acessórios nas cores do arco-íris, um sucesso entre os gays e lésbicas, tanto que, dizem os vendedores, há até mesmo quem já comprou sem nem mesmo ter um animalzinho em casa. Para aproveitar o movimento e animar ainda mais o local, há dois anos foi inau-

Drumond: gay friendly é uma questão ideológica, ao alcance de qualquer marca ou organização

gurada uma cafeteria anexa ao pet shop, o Café na Caneca, onde são servidos bebidas e petiscos. É ali que acontecem eventos como feira de adoção e festas temáticas – com a participação dos cachorros. Satisfeita com a aceitação do público e a lucratividade da empresa, Dayana planeja, a médio prazo, transformar o Bicho da Caneca em franquia. Segundo a empresária, trata-se de um nicho de mercado promissor e ainda inexplorado. “Como geralmente não têm filhos, os gays não se importam em gastar com o cachorro ou gato, comprando as melhores rações, roupas e acessórios”, explica. Concentrada sobretudo nas grandes cidades, a maioria dos negócios LGBT que existem hoje no Brasil foi inspirada em iniciativas internacionais. É o caso da Cox, loja especializada em underwear e moda masculina. Situada no Rio de Janeiro, a grife segue os moldes das lojas de San Francisco (EUA), mais especificamente do Castro, o bairro gay da cidade. “A minha sócia, Mônica, morou durante 12 anos em San Francisco e eu frequentei o local durante esse tempo. Quando ela voltou para o Rio, nós percebemos a carência desse tipo de estabelecimento, pois o comércio voltado

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Cox Ipanema: loja de underwear e moda masculina segue os moldes de estabelecimentos de San Francisco

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Gay Day no Playcenter: iniciativa reforça a postura da empresa de ser um espaço aberto à diversidade

aos gays já é comum em muitos lugares do mundo, como Nova York e Londres”, conta Ana Quaresma, sócia da empresa. Da decoração ao mix de produtos, passando pela localização e o atendimento, tudo na Cox foi planejado sob medida para atender às expectativas dos gays. O estabelecimento oferece apenas marcas que tenham como principal foco o público LGBT, caso da australiana Aussiebum, anunciada exclusivamente em publicações de nicho. Há também os itens de marca própria, que se destacam pelas cores e estampas ousadas. Mais uma vez, o que faz a diferença é o atendimento. “Por ser uma loja assumidamente gay, os casais ficam à vontade para dar as mãos ou pedir uma dica de presente para o namorado, como dificilmente fariam em outras lojas”, explica Ana.

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Ponto turístico

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Se quando abriu as portas em 2008 a Cox foi alvo da desconfiança de muita gente, hoje a marca já está consolidada e se tornou, inclusive, ponto turístico da cidade. A procura é tanta que, em breve, a loja deve entrar no roteiro turístico oficial de uma agência de turismo da cidade. “Temos uma

clientela fiel de todo o Brasil e também do exterior, já que no verão nosso público chega a 60% de turistas”, revela Ana. A morte da cantora Cássia Eller, em 2001, representou um marco na sociedade brasileira. Homossexual assumida, Cássia nunca escondeu que vivia com uma companheira, que a ajudava na criação de seu filho Francisco. Quando morreu, teve início a polêmica envolvendo a criança, pois o pai da cantora entrou na Justiça pedindo a guarda do neto. Com um detalhe: o garoto sempre manifestou o desejo de ficar com Maria Eugênia Vieira Martins. Com ampla cobertura da mídia e o apoio da opinião pública, o juiz do caso, em decisão inédita, entregou a guarda de Francisco à companheira de Cássia. Foi inspirada nesse caso que a empresa American Life inovou e desenvolveu o primeiro seguro de vida voltado ao público LGBT. Chamado de Vida Freedom, o produto funciona como os demais seguros de vida, com a diferença de que o contrato equipara a relação homoafetiva estável à heterossexual. “Noticiou-se que a família de Cássia conseguiu ficar com o patrimônio dela. Acontece que a indenização do seguro de vida não entra em inventário e, portanto, resolveria

a situação, deste ponto de vista, pois quem a recebe é a pessoa indicada como beneficiária, designada por quem contrata o seguro”, diz Marcelo de Freitas, gerente de relacionamento da American Life. Outro produto inovador que acaba de chegar ao mercado é o Arco-íris Card, primeiro cartão de crédito voltado ao consumidor LGBT. Lançado no início deste mês durante o evento de apresentação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, o produto será emitido pelo banco Ficsa e deve entrar em operação no segundo semestre do ano. A expectativa é emitir 120 mil cartões em cinco anos, segundo Carlos Rito, sócio da JJCL Brasil Cartões, responsável pela criação do produto. Além de funcionar como um cartão de crédito comum, o Arcoíris Card prevê benefícios como programa de milhagens, seguros e títulos de capitalização. A partir do lançamento, a administradora pretende ainda criar um fundo de apoio aos estudos sobre a cura da Aids e entidades ligadas à causa. “A ideia é aproveitar o crescente poder de compra deste público e criar benefícios que retornem à comunidade”, afirma Rito. Além de adaptar produtos e serviços ao público gay, existem ainda empresas


Piaf Bistrô: diferencial é o tratamento destinado aos fregueses

que são especializadas em itens temáticos, caso da Acessórios Arco-Íris, de São Paulo. Como o nome indica, o estabelecimento é especializado em artigos LGBT, a maioria nas cores do arco-íris. O mix de produtos é diversificado e vai de roupas a utensílios domésticos, incluindo bandeiras, moda praia, calçados, cosméticos e bijuterias. O negócio – que começou informalmente em 1995 quando a proprietária, Adriana Simone, decidiu confeccionar uma camiseta nas cores da bandeira LGBT – hoje possui clientes no atacado e varejo, além de vender para todo o Brasil através da internet. “Pretendemos abrir uma loja maior e, quem sabe, num futuro bem próximo, aderir ao franchising”, conta Adriana. Outra maneira de gerar uma imagem gay friendly para a empresa é apostar em ações pontuais, como faz o parque de diversões Playcenter, em São Paulo. Em parceria com a entidade que organiza a Parada do Orgulho LGBT, a empresa promove o Gay Day, que acontece todos os anos no sábado que antecede o evento. Além das atrações fixas, neste dia o parque terá o reforço de um palco onde se revezarão aproximadamente dez DJs. A programação inclui ainda shows artísti-

cos e performances de drag queens, com destaque para a presença do ex-BBB Dicesar na pele de Dimmy Kierr. Na edição passada, o evento reuniu 7 mil pessoas e a organização espera repetir a dose neste ano. Segundo Michelle Costa, gerente de marketing do Playcenter, a iniciativa reforça a postura da empresa de ser um espaço aberto à diversidade – seja ela sexual, religiosa ou cultural. “Procuramos nos aproximar e receber os mais diversos públicos, respeitando sempre suas diferenças. Também promovemos, por exemplo, eventos de igreja, musicais, etc.”, diz a executiva.

LINHA DIRETA Abrat-GLS: (11) 3101-4155 Acessórios Arco-íris: (11) 3337-3768 American Life: 0800 770 1102 Bicho da Caneca: (11) 3258-6713 Câmara de Comércio LGBT do Brasil: (11) 3171-3739 Cox Ipanema: (21) 3795-6698 Editora Malagueta: (11) 5539-2801 Piaf Bistrô: (11) 2501-9821 Playcenter: (11) 2244-7529 SPTuris: (11) 2226-0400

Incluir a proibição de discriminação por orientação sexual e identidade de gênero no código de ética e normas de conduta da empresa. A linguagem usada deve ser clara, sem qualquer ambiguidade, e demonstrar total comprometimento da empresa pela manutenção de um ambiente respeitoso e de igualdade. Divulgar constantemente dentro da empresa a firme intenção de combater a discriminação. Todos os materiais de comunicação interna, treinamento, procedimentos, escritos ou eletrônicos, devem incluir sempre que pertinente uma clara menção à não-discriminação por orientação sexual e identidade de gênero. Toda vez que falar de discriminação e diversidade, os comunicados da empresa devem incluir a orientação sexual. Por exemplo: “Nossa empresa não discrimina nenhuma pessoa com base em etnia, cor, credo, sexo, orientação sexual, identidade de gênero, estado civil, idade ou deficiência física”. Estabelecer procedimentos e canais de comunicação que permitam que homossexuais que sofram discriminação – inclusive de seus superiores – possam reclamar e obter soluções sem sofrer perseguição. Os procedimentos e canais são similares aos criados para conter comportamentos e condutas como assédio sexual e racismo. Estabelecer as punições cabíveis em casos de discriminação comprovada em seu ambiente de trabalho. A empresa deve deixar claro que não vai tolerar comportamentos discriminatórios, independentemente da posição hierárquica dos envolvidos, divulgando as punições cabíveis (advertência, suspensão, demissão sumária por justa causa).

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Como evitar a discriminação no ambiente corporativo

(*) Extraído do livro Mercado GLS – Como obter sucesso com o segmento de maior potencial da atualidade (Ed. Ideia & Ação), de Laura Bacellar e Franco Reinaudo.

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G E S TÃ O

Grupo de

elite Programa de qualificação e certificação do IEL garante padrão de qualidade de fornecedores e reduz gastos com consultorias por Cléia Schmitz empreendedor | junho 2010

cleia@empreendedor.com.br

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A capixaba Itamil Usinagem e Caldeiraria tinha 19 funcionários, uma área construída de 900 metros quadrados e uns poucos clientes quando, em 1997, foi convidada pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL) a participar de um programa de qualificação de fornecedores. Quase 13 anos

se passaram, e a Itamil de antes parece mais uma miniatura da atual. A empresa emprega, diretamente, 100 pessoas, e está instalada num prédio de 6 mil metros quadrados. Na extensa relação de clientes, empresas do Espírito Santo e de estados vizinhos, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Entre elas, companhias do porte – e nível de exigência – de Vale, Samarco, ArcelorMittal e Petrobras. “Só no ano passado acrescentamos 30 empresas ao nosso cadastro”, comemora o diretorgeral Leonardo Jordão Cereza. A Itamil fez por merecer. Foi a primeira empresa a conquistar as quatro certificações do Programa Integrado de Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores (Prodfor) do IEL do Espírito Santo: Gestão da Qualidade em Forneci-

mento (ISO 9001), Gestão de Saúde e Segurança (Oshas 18001), Gestão Ambiental (ISO 14001) e Gestão Financeira, Fiscal e Trabalhista (norma própria do programa). “Demos um passo de cada vez. Nossa primeira certificação foi em 1998, e somente em 2007 conseguimos a ISO 14001”, conta Cereza. O empresário reconhece que o Prodfor foi um grande empurrão para seus negócios. Ele tinha 17 anos quando ajudou o pai a fundar a Itamil, em 1988. Aos 39, conta com mais de duas décadas de experiência própria e muitas horas de cursos e consultorias para aumentar sua competitividade como fornecedora. Lançado nacionalmente em agosto de 2007, o Programa IEL de Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores (PQF) foi criado com o propósito de preparar as


Na página ao lado, Cereza, da Itamil: participação em programa do IEL levou à conquista de contratos de fornecimento que fizeram a empresa quintuplicar

empresas de uma região para atender às necessidades de grandes e médias empresas compradoras locais. O objetivo final é aumentar as vendas de quem fornece e garantir a qualidade dos serviços e produtos de quem compra. Em todo o Brasil, o programa é patrocinado por mais de 100 empresas, chamadas de âncoras, e reúne mais de 1 mil fornecedores. O Prodfor do IEL-ES é o precursor do PQF. De 1998 a 2009, passaram pelo programa 416 fornecedores, amparados por 12 âncoras. Numa pesquisa qualitativa realizada em 2007, a taxa média de crescimento dos participantes era de 17,4%. “É de fazer inveja até aos chineses”, orgulha-se Luciano Raizer Moura, executivo do IEL-ES. Estudioso do assunto, Moura vê o relacionamento com fornecedores como uma

questão cada vez mais estratégica para as grandes empresas. “Para serem competitivas, elas precisam se concentrar em sua atividade fim e, por isso, dependem de fornecedores competentes e confiáveis”, explica. No final do ano passado ele defendeu uma tese de doutorado, onde avalia a eficácia de ações desenvolvidas pelo Prodfor. Na análise sobre o crescimento de vendas, as conclusões são bastante positivas: no ano em que receberam a certificação, os fornecedores aumentaram suas vendas em 39,1%. No ano posterior, esse índice chegou a quase 60%, numa clara demonstração dos benefícios do programa. Segundo Moura, a produtividade das empresas aumentou 52%, a geração de empregos 7,8% e a lucratividade 37,6%. Em alguns casos, o que se viu foi uma

verdadeira revolução. Instalada em Vila Velha (ES), a União Engenharia atendia a Samarco quando, em 1997, aceitou o convite da mineradora para integrar a primeira turma do Prodfor. Fundador da empresa, Salvador Turco é um serralheiro que, em 1978, decidiu abandonar o emprego na Chocolates Garoto e abrir uma empresa de serviços de fabricação e montagem industrial. Hoje atende mais de 50 grandes companhias de diferentes setores, como Alstom Power, Vale, Andrade Gutierrez, Grupo Technip, Oil States Industries e Petrobras. Para esta última, a União responde pela instalação das estações de compressão de gás de Piúma/ES, Aracruz/ ES e Alcobaça/BA, além do fornecimento de equipamentos para exploração do présal no campo de Tupi. Coordenadora de Qualidade e Meio Ambiente da União Engenharia, Monica Novelli diz que as certificações conquistadas durante o Prodfor trouxeram grandes avanços. “Sem dúvida elas representam excelentes ferramentas para reduzir os custos, melhorar a organização e garantir a qualidade. Afinal, se nossos clientes são qualificados, temos que ser também. É a condição para permanecer no mercado”, afirma Monica. Para Moura, essa relação de equilíbrio é o ponto-chave. Ele lembra que, no passado, acreditava-se que pequenas empresas não tinham condições de atender grandes companhias. “Quando a CST (hoje ArcelorMittal) se instalou no Brasil, o sócio japonês trouxe até caminhão. Para desenvolver a cadeia de fornecedores, engenheiros da metalúrgica foram até essas empresas para desenvolver competência. Foi um trabalho belíssimo.”

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Moura, do IEL/ES: taxa média de crescimento dos participantes é de 17,4%

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G E S TÃ O Gerente de suprimentos da ArcelorMittal (âncora do Prodfor), Sérgio Gomes conta que, há 30 anos, 10% das compras da companhia tinham algum tipo de divergência no recebimento. Hoje esse índice é de 0,5%. “Os atrasos de entrega também eram comuns”, recorda. Outro problema, segundo o executivo, era o desperdício de recursos e esforços com as frequentes auditorias feitas nos fornecedores, realizadas por cada um dos clientes da empresa individualmente. “Quando a gente estava chegando, certamente os fornecedores pensavam: lá vem mais um chato.” Com o surgimento de programas como o Prodfor, muitas auditorias passaram a ser feitas de forma coletiva, economizando tempo e recursos de todos os envolvidos. Vale destacar que todas as certificações são renovadas periodicamente e, para isso, o fornecedor precisa manter os padrões exigidos.

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Renovação econômica

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Em Mato Grosso do Sul, o programa de qualificação de fornecedores do IELMS foi decisivo para a economia de Três Lagoas. A cidade passou por um crescimento atípico nos últimos dois anos. Para se ter uma ideia, a população cresceu 50%. Motivo: a instalação de duas grandes empresas de papel e celulose – Fibria e Internacional Paper (IP). Para desenvolver os fornecedores locais, elas decidiram ancorar um PQF, que certificou na primeira turma, em março, 13 micro e pequenas empresas de diferentes segmentos. “Cerca de 60% delas já fecharam contrato com as âncoras”, informa Hugo Bittar, executivo do programa. A segunda turma já tem 35 inscritos. “Nós ainda temos que convencer as empresas a participarem, mas temos exceções”, afirma Hugo. É o caso do empresário Elson Luiz, proprietário da Três Lagoas Construtora. Depois de romper a sociedade em outra empresa do ramo, ele abriu o novo negócio e conseguiu a autorização dos coordenadores do PQF para participar do programa começando do zero. Deu certo. Em dois anos, embalado pelo crescimento da cidade, construiu 30 residências. A meta, a partir de 2011, é 25 por ano. “Eu já tinha experiência como funcionário de

Bretzke, da Flash Pack, e Prada, da Paintech, empresas certificadas em abril pelo IEL/SC grandes construtoras e empreendedor do segmento, mas aprendi muito com o programa, principalmente a ter maior controle das obras”, conta Luiz. O colega Murilo Thomé, sócio-fundador da Água Mineral Aquarela, conta que mudou processos na área comercial e administrativa. No ano passado, o volume de vendas da empresa cresceu 15%. “O curso é bom, mas tem que ser levado a sério. A certificação sozinha não faz milagre”, destaca Thomé. Em Santa Catarina, o empresário Charles Alfredo Bretzke conseguiu aumentar a produtividade de sua empresa em 18%. A Flash Pack Embalagens foi uma das 12 pequenas empresas certificadas, em abril, pelo Programa de Desenvolvimento de Cadeias Produtivas do IEL-SC. “Acho que o maior benefício do programa é que ele nos fez reservar um tempo para pensar a empresa. Normalmente, é difícil deixar o operacional e focar no estratégico”, afirma Bretzke. Segundo o executivo, em pouco tempo a empresa conseguiu ampliar o número de clientes, melhorar o atendimento e reduzir atrasos na entrega. Com capacidade para produzir 200 toneladas de embalagens de papel por mês, a Flash Pack planeja agora ampliar a abrangência territorial de sua atuação. “Queremos crescer de forma que a gente consiga manter a agilidade no atendimento”, explica. O empresário Candido Ernesto Prada

concorda com o colega de turma. “Antes eu tinha um ponto de ação, mas não pensava a longo prazo. Hoje conto com um plano estratégico até 2013”, diz Prada, diretor da Paintech Indústria e Comércio, especializada em pintura industrial. A empresa também foi certificada em abril e acredita que o selo do IEL-SC pode abrir portas para quem souber tirar proveito do que aprendeu. “Como vamos passar por auditorias para manter a certificação, acho que outro benefício do programa é que ele vai servir para que a gente não se acomode nunca. E isso é fundamental para quem quer manter e conquistar novos clientes.”

LINHA DIRETA Água Mineral Aquarela: (67) 3521-2399 Flash Pack Embalagens: (47) 3635–1081 IEL-SC: (48) 3231-4600 IEL-ES: (27) 3235-2573 IEL-MS: (67) 3389-9084 Itamil Usinagem e Caldeiraria: (28) 2102-1010 Paintech: (47) 3525-1928 Três Lagoas Construtora: (67) 3521-9000 União Engenharia: (27) 3089-1299


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TENDÊNCIA

Valor da

opinião Em lojas que operam pelo conceito de tryvertising, o consumidor leva o produto para casa de graça em troca de participação em pesquisa por Beatrice Gonçalves

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beatrice@empreendedor.com.br

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Entrar em uma loja, escolher qualquer produto, levar para casa, testar e no final não precisar pagar nada por isso. A ideia parece ser até um sonho consumista, mas não é. Pela estratégia de marketing conhecida como tryvertising (junção do verbo try, que significa “experimentar” em inglês, com advertising, que pode ser traduzido como “propaganda”) o consumidor pode testar os produtos e, em troca, precisa dar apenas a sua opinião para o fabricante. A proposta de uma loja “grátis” não é nova: foi desenvolvida no Japão em 2007 e é considerada uma prática comum nos Estados

Unidos, Espanha e China. A novidade é que o conceito chega agora ao Brasil. Em maio foi inaugurada a loja Clube Amostra Grátis em São Paulo, considerada a primeira no País com o conceito de tryvertising. A unidade oferece cerca de 80 produtos de diferentes marcas que vão desde alimentos, artigos de higiene pessoal e moda até eletroeletrônicos para serem testados e experimentados de graça. A novidade atraiu muitos consumidores. Na semana de abertura da unidade, mais de 7 mil pessoas se inscreveram no site da empresa para participar do Clube, pagaram uma anuidade de R$ 50, ganharam uma carteirinha com acesso livre à loja e o direito de retirar até cinco produtos diferentes por mês para testá-los. Quando o cliente escolhe o produto na loja, passa no caixa e ao invés de uma conta a pagar ele recebe um questionário. São perguntas elaboradas pelo próprio fabricante para que a marca tenha um feedback do cliente que usa o produto. Como a proposta da loja é levar aos fabricantes a opinião dos consumidores, a participação dos associados no Clube está condiciona-

da à entrega dos questionários de retorno. Para mobilizar seus associados, a loja garante uma série de vantagens adicionais para os consumidores que responderem à pesquisa antes do tempo estipulado. “Nós temos sentido que muitas pessoas querem responder logo ao questionário. A gente encoraja isso também porque esse é o momento em que a experiência está mais fresca na memória”, explica Denis Shimada, sócio do Clube Amostra Grátis. A partir do material entregue pelos usuários, a rede faz um relatório quantitativo que é encaminhado ao fabricante. Shimada conta que quando ele e o sócio foram apresentar o tryvertising para empresas, muitas delas desconheciam a estratégia, mas na medida em que foram entendendo a proposta, foram aderindo. “Nós temos um mix bem variado de empresas que são nossas clientes. Tem desde grandes corporações como Nestlé, Motorola e Nextel que querem saber a receptividade de algum lançamento, até pequenas empresas que antes não tinham espaço ou verba para fazer um tipo de divulgação como essa.”


Para uma empresa expor seus produtos no Clube Amostra Grátis, o custo médio é de R$ 8 mil. Nesse pacote, o fabricante pode disponibilizar até um lote do produto e tem direito a elaborar cinco perguntas no questionário, que é encaminhado para os consumidores. Um valor que, segundo Shimada, é baixo. Ele compara que enquanto uma empresa gasta R$ 8 mil para fazer uma pesquisa de mercado pela estratégia de tryvertising, se ela resolvesse fazer o mesmo estudo nos modelos tradicionais poderia gastar até R$ 60 mil. Além de custos mais baixos, o empresário considera que com o sistema do Clube Amostra Grátis as empresas têm a oportunidade de conquistar novos clientes. “O fato dos nossos associados poderem escolher os produtos que vão retirar da loja já demonstra um certo interesse deles pelo produto. Nada aqui é empurrado para os consumidores. Nesse caso, quando há o fator escolha, você está identificando naquele momento um potencial consumidor.” Com o sucesso da primeira unidade, a rede já se prepara para abrir uma loja em Curitiba até o início do segundo semestre.

Para Renato Telles, especialista em marketing e professor da FIA/USP, a participação do consumidor no tryvertising vai além de só responder a um questionário. Ele considera que as empresas devem prestar atenção também no perfil dos usuários que escolheram testar o produto. “Esses experimentadores são também multiplicadores da marca e, nesse sentido, formadores de opinião. Portanto, mais que um feedback sobre a oferta, os experimentadores devem se tornar uma plataforma importante de comunicação do produto.”

Baixo custo Telles considera que o tryvertising é uma tendência mundial que traz conceitos inovadores para a prática de experimentação de produtos. Para o especialista, a estratégia tem se tornado muito importante porque é uma alternativa barata diante da impossibilidade de realização de testes de mercado tradicionais que costumam ter custos elevados. “O tryvertising é um conceito inovador que trabalha com a importância da percepção do consumidor

no aperfeiçoamento de produtos e, ao mesmo tempo, estimula o crescimento do uso das redes sociais na comunicação da empresa com o consumidor final.” O tryvertising também chega ao Brasil pelo sistema de e-commerce. O site Tryoop, criado por Milena Escabeche e Aline Marcolino, trabalha com a estratégia de tryvertising on-line opinion: o usuário cadastrado escolhe os produtos pela internet e os recebe em casa para testá-los. “Nossa proposta é que a estratégia de tryvertising tenha alcance nacional”, explica Milena. Pelo Tryoop qualquer pessoa pode se cadastrar na página e receber até cinco produtos por semana para serem testados em casa, sem que seja preciso pagar por isso. A proposta é que os produtos que entrarem no site estejam disponíveis para todos os usuários, mas Milena explica que se for intenção do fabricante é possível fazer filtros para a escolha dos experimentadores. “Para uma empresa que tenha distribuição só no Sul e no Sudeste, ela pode focar a experimentação dos produtos nesse público e escolher que apenas pessoas dessa região o experimentem”, afirma.

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Para expor seus produtos no Clube Amostra Grátis, o custo médio é de R$ 8 mil

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TENDÊNCIA

Milena e Aline, da Tryoop: proposta permite que a pesquisa tenha alcance nacional

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Para disponibilizar produtos no site da Tryoop, as empresas pagam um valor de inserção e um de distribuição dos produtos. Se o fabricante escolher distribuir 1 mil amostras no Estado de São Paulo, por exemplo, o custo médio é de R$ 8 mil. Por esse pacote, o consumidor receberá o produto em casa com um guia elaborado pela Tryoop com dicas para a experimentação. Após cinco dias, o usuário recebe um questionário com no máximo 20 perguntas. “Nossa orientação é que os fabricantes não façam questionários muito longos que possam desestimular a participação dos usuários.” Os dados são computados pela empresa e encaminhados ao fabricante. O site da Tryoop já está no ar mas, por enquanto, ainda não entrou em operação. Até o momento, só está disponível

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“Mais que um feedback sobre a oferta, os experimentadores devem se tornar uma plataforma importante de comunicação do produto”, diz Telles

a ferramenta de cadastro de novos consumidores. Mesmo não tendo iniciado ainda o processo de tryvertising, a Tryoop já tem anunciantes. Entre seus clientes estão duas empresas do ramo de cosméticos, três de bebidas e alimentos e uma grande rede de varejo. Milena explica que qualquer produto pode ser testado no site mas que, por enquanto, a maior parte das marcas tem dado preferência para realizar testes com produtos que custem até R$ 100. “Já fechamos contratos com empresas de diferentes portes, porém é possível perceber um traço comum entre elas. São empresas que estão sempre procurando inovar.” Para Cláudio Tomanini, especialista em marketing e vendas no Brasil, as empresas que querem conquistar mercado ou se manter nele hoje precisam adotar práticas de estimular a experiência dos consumidores como a proposta pelo tryvertising. Porque cada vez mais aumenta o número de concorrentes que disputam uma mesma parcela de consumidores, e a tendência é que eles não queiram arriscar e comprar produtos novos que não conheçam. “Da década de 1980 até o início dos anos 1990, a demanda por produtos no País era reprimida e existiam poucos competidores, por isso muitos fornecedores estavam preocupa-

dos apenas em vender. Hoje as empresas que querem ser líderes precisam estimular a experimentação de seus produtos.” O especialista não considera o tryvertising uma estratégia nova. “Toda empresa que quer conquistar mercado já faz isso com outro nome. O vinho, por exemplo, é um produto que foi aculturado no País a partir de encontros promovidos por vinícolas onde os consumidores eram convidados para degustar a bebida.” Ele considera que as lojas de tryvertising devem trabalhar para conquistar formadores de opinião e não só atrair um público de experimentadores que estejam interessados nos produtos apenas porque são distribuídos de graça. Ele questiona também o método do tryvertising. “Eu gostaria de saber se esses fornecedores estão preparados para receber feedbacks negativos de consumidores e como eles vão trabalhar com isso para aperfeiçoar os produtos.”

LINHA DIRETA Cláudio Tomanini: www.tomanini.com.br Clube Amostra Grátis: www.clubeamostragratis.com.br Renato Telles: rtelles@usp.br Tryoop: www.tryoop.com.br


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MERCADO

Copa de

promoções por Beatrice Gonçalves

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beatrice@empreendedor.com.br

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Quando a Seleção Brasileira entra em campo na Copa do Mundo o varejo comemora. Assim como o Natal e o Dia das Mães, o evento esportivo é um dos que mais motiva o brasileiro a ir às compras. Isso porque para acompanhar os jogos da seleção e torcer, a população não abre mão de reunir os amigos, se vestir de verde e amarelo e ter uma boa TV para não perder os lances dos jogos. O varejo se beneficia desse clima e desenvolve uma série de produtos, campanhas e promoções com a temática da Copa. Neste mundial, os empresários brasi-

leiros se preparam para entrar em campo e mobilizar a torcida. De acordo com a pesquisa Perspectiva Empresarial para 2010, realizada pela Serasa Experian, em uma população de 1 mil empresários do País, 50% deles resolveram fazer algum tipo de promoção que tenha como tema a Copa. Esse mesmo percentual de varejistas acredita que o faturamento de suas empresas em 2010 dobre em comparação com os meses de junho e julho do ano passado. A pesquisa revela também quais devem ser os produtos mais procurados pelos consumidores. Na lista estão artigos para torcida (53%), televisores de alta definição (22%), bebidas (16%), TVs convencionais (4%) e eletrônicos (1%).

PHOTOSTOGO

Indústria e varejo pegam carona no mundial de futebol e investem em campanhas inspiradas no tema para conquistar o consumidor Segundo Gilmar Marques, professor de marketing da ESPM, a preparação do varejo para a Copa deve começar com no mínimo um ano de antecedência. Um tempo que ele considera fundamental para que as empresas desenvolvam campanhas criativas e adequadas ao tema dos jogos. Marques sugere que as empresas façam promoções que distribuam algum tipo de brinde colecionável aos seus clientes, como postais e canecos que possam estar relacionados à Copa e à marca da loja, e usar a internet para divulgar essas campanhas. Para não errar nas promoções, o especialista orienta que o varejo trabalhe com a temática através da diversão. “Achei muito interessante uma promoção da Piz-


Produtos que serão mais procurados na Copa

53% artigos para a torcida 22% televisores de alta definição 16% bebidas 4% TVs convencionais 1% eletrônicos

za Hut da Irlanda. O país perdeu o jogo da eliminatória da Copa para a França com um gol de mão. Por conta disso, a rede lançou uma promoção no país que a cada gol que a França tomar, as primeiras 350 pessoas que ligarem para a Pizza Hut vão receber uma pizza em casa gratuitamente. É um tipo de promoção bem criativa que é adequada ao tema e ao mesmo tempo promove a marca.” Em ano de Copa, o especialista orienta que o varejo aproveite também para transformar o ponto de venda em um lugar de entretenimento e que adapte o horário de funcionamento do local ao cronograma dos jogos. “Colocar uma TV com uma boa imagem em um lugar que as pessoas podem ver faz o cliente ficar mais tempo na loja. Porque não adianta fingir que não está acontecendo nada, também não adianta paralisar tudo.” A loja de departamento Havan entrou no clima dos jogos. A rede preparou espaços temáticos em 18 lojas, onde são vendidas bandeiras e camisas do Brasil, e colocou na réplica da Estátua da Liberdade – que é símbolo da marca – da unidade de Curitiba uma camisa do Brasil para homenagear a seleção que treinou na cidade antes de embarcar para a África. A Havan também aumentou seu estoque de televisores com tela de plasma. “Nós estimamos que as vendas de TVs cresçam 60%. Nessa época aumenta também a procura por produtos agregados aos televisores, como tapetes e sofás”, explica Edson Diegoli, diretor da Havan. A Positivo Informática também se preparou para o aumento na demanda por televisores. A empresa resolveu ampliar

a sua linha de computadores com TV e lançou a edição Positivo PCTV verde e amarelo. Os equipamentos captam sinal de TV digital e têm softwares que permitem rever os lances ou gravar as partidas da competição. “O design do produto é diferenciado porque os gabinetes têm um painel de acrílico removível que pode ser personalizado com imagens que remetem ao futebol”, afirma César Aymoré, diretor de marketing da Positivo Informática. A nova edição vem ainda com o software Enciclopédia do Futebol. Um aplicativo que permite ao usuário aprofundar os conhecimentos sobre os campeonatos mundiais desde 1930. “O programa traz fotos e informações sobre as cidades-sede e os estádios onde as partidas do mundial deste ano serão realizadas.”

Interativo O celular também pode ser um grande aliado do torcedor para se manter informado sobre os jogos. A 2Call, especializada em marketing mobile, desenvolveu um aplicativo para celulares com a tabela dos jogos, horários das partidas e estádios onde os jogos serão realizados. O programa é gratuito e pode ser baixado via bluetooth em restaurantes e bares clientes da 2Call. “Esse é um serviço que nós oferecemos para bares que receberão torcedores para assistir aos jogos. A ideia é que o aplicativo seja um serviço a mais, oferecido pelo bar, e que seja um diferencial para o negócio deles”, afirma Rodrigo Rosa, sócio-diretor da 2Call. A proposta é que a tabela pelo celular

seja uma opção a mais além das tradicionais tabelas impressas. Com o modelo mobile, conforme o usuário completa os resultados, o aplicativo mostra os próximos jogos e o chaveamento dos grupos. “A tabela também serve para divulgar o bar onde o aplicativo foi baixado porque traz o logo do estabelecimento nas páginas. Isso é interessante para o bar, pois os clientes que passaram por lá e baixaram não vão esquecer a marca durante a Copa inteira.” Para oferecer o serviço, o estabelecimento paga uma média de R$ 1,5 mil por uma cota de patrocínio. Mas se o torcedor não puder ir a um bar para assistir aos jogos porque não foi dispensado pela empresa, nem tudo está perdido. Há uma grande parcela de empresas que vai instalar telões no próprio ambiente de trabalho e aproveitar a Copa para realizar confraternizações com os funcionários antes e depois das partidas. Uma forma que encontraram para não prejudicar a produtividade. E se a empresa não sabe como organizar essas festas, há uma firma indicada para isso. A Serve Festa, especializada em bufês para churrascos e festas, pode dar uma ajuda a essas empresas. Isso porque ela oferece um serviço especial para organizar festas em empresas que não vão dispensar os funcionários e que estão se organizando para que seus colaboradores assistam aos jogos no próprio ambiente de trabalho. Para este mundial, a Serve Festa já tem 12 eventos contratados. Entre seus maiores clientes estão empresas do segmento automotivo. “Nós criamos serviços para que as empresas possam aproveitar

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Fonte: Pesquisa Perspectiva Empresarial para 2010 Serasa Experian

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MERCADO

Dicas para o varejo aproveitar a Copa Planeje o desenvolvimento de produtos temáticos com no mínimo um ano de antecedência; Use da criatividade para lançar promoções. Mas cuidado: é preciso que a promoção esteja adequada à temática dos jogos; Surpreenda os clientes; Transforme o ponto de venda em ponto de entretenimento; Lance colecionáveis, como canecos, figurinhas ou postais; Adapte o varejo ao horário da Copa; Faça promoções pela internet.

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Fonte: Gilmar Marques, professor especialista em marketing da ESPM

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o momento da Copa para confraternizar. Uma oportunidade até de integrar funcionários de diferentes turnos. Isso acaba otimizando o aproveitamento dos horários pré e pós-jogo”, explica Jorge Tapia, diretor da Serve Festa. A empresa também aumentou seus estoques na loja própria, onde vende churrascos congelados. Tapia conta que com a Copa as pessoas se reúnem mais e isso deve aumentar as vendas da empresa. “Acredito que teremos um incremento no faturamento de 35% em comparação com o ano passado.” Mas Tapia afirma que só conseguirá atingir esses números se a seleção ajudar. Isso porque ele considera que as vendas estão associadas ao desempenho do Brasil na Copa. “Quando a seleção obtém um resultado bom em uma partida, as pessoas querem comemorar. Mas quando isso não acontece, o clima é outro.” Para incentivar a torcida, a empresa dá chaveiros da Copa, bandeiras e reco-recos para os clientes e ainda sorteia camisas e bolas oficiais da Copa.

Torcida personalizada Nessa época em que se costuma oferecer brindes para clientes e funcionários, uma opção para as empresas é personalizar os artigos entregues. A Donna, empresa especializada em produtos personalizados, criou uma série de soluções para isso. São seis kits torcedor com bandeiras, chocalhos e artigos para a torcida que trazem, além dos símbolos do Brasil, o logo das empresas patrocinadoras. “Essa é a primeira vez que nós oferecemos esse tipo de serviço. A ideia é que os clientes e funcionários que utilizarem os produtos personalizados torçam para o Brasil e ao mesmo tempo ajudam a divulgar a empresa”, explica Sandra Donatangelo, Donatang diretora da Donna. de Copa não são só os afiEm época é cionados por futebol que mudam sua para assistir aos jogos. Estudo rerotina pa alizado ppelo instituto Análise, Pesquisa e Planejamento de Mercado (APPM), com Planejam 1 mil pessoas do Estado de São Paulo, mostra que 58% dos entrevistados mos costumam acompanhar os jogos e cos as notícias sobre futebol. “A Copa atinge todos os níveis sociais, é um atin evento event democrático”, afirma Rodrigo

de Souza Queiroz, diretor de marketing do APPM. A Amanco, empresa líder em tubos e conexões, resolveu utilizar essa paixão nacional em sua publicidade. A primeira campanha da marca relacionou a troca de tubos e conexões com a Copa Libertadores. Agora em ano de Copa do Mundo, o grito de gol é o tema da campanha publicitária. Na nova peça, que está no ar desde abril na TV e no rádio, os personagens, como instaladores hidráulicos e balconistas, falam como se comemorassem um gol. A peça termina ainda com a frase: “Quem sabe, faz um golaço com a Amanco”. “Nós escolhemos falar de futebol ao invés de falar só sobre a Copa. Receio que quem pegar só a carona dos jogos para fazer campanha está vulnerável, por exemplo, ao desempenho da seleção. Este não é o nosso caso”, explica Patrícia Barreros, gerente de relacionamento da Amanco. Para João Paulo Siqueira, professor de marketing da Trevisan Escola de Negócios, as empresas que quiserem se utilizar da temática da Copa têm que estar preparadas para o impacto que a competição causa nos torcedores. Ele explica que na fase pré-Copa é possível trabalhar com a expectativa dos torcedores. O complicado, segundo ele, é quando os jogos começam, porque aí o varejo não tem como prever o desempenho da seleção, e o sentimento de esperança pode se transformar em êxtase ou decepção. “Teremos que aprender a trabalhar com isso porque em 11 de julho, quando terminar a Copa na África, já temos que entrar no clima da Copa no Brasil.”

LINHA DIRETA Amanco: www.amanco.com.br APPM: www.appm.com.br Donna: www.donna.com.br ESPM: www.espm.br Havan: www.havan.com.br Positivo Informática: www.positivoinformatica.com.br Serve Festa: www.servefesta.com.br Trevisan: www.trevisan.edu.br 2Call Mobile Marketing: www.2call.com.br


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PHOTOSTOGO

PA N O R A M A

Ataque

pirata Enquanto multinacionais têm a imagem prejudicada pelas falsificações, pequenas e médias empresas nacionais perdem mercado

por Cléia Schmitz

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cleia@empreendedor.com.br

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O crime do século 21. É assim que o coordenador do Grupo de Trabalho Antipirataria da Associação Brasileira de Software, Antônio Eduardo Mendes da Silva, define a problemática em torno da falsificação de produtos. Hoje não existe nenhum setor que não sofra a ação de piratas – de softwares a remédios, passando por peças de avião. Quem perde com isso? “Diferente do que muitas pessoas pensam, não são apenas donos de grandes multinacionais como Microsoft e Nike. Pequenas empresas nacionais chegam a ter seus

negócios comprometidos por conta da pirataria”, garante Mendes da Silva. A Intelecta Tecnologia, desenvolvedora do software Empresário, cansou de flagrar cópias piratas de seu produto sendo vendidas a menos de R$ 10 na Rua Santa Ifigênia, em São Paulo. O preço do original é R$ 700. O diretor comercial da empresa, Carlos Eduardo Mariano, estima que a proporção de venda é de 50 ilegais para cada original. “O prejuízo é imensurável. Além da perda financeira, sofremos muito com o dano à imagem do nosso produto. A versão pirateada é de péssima qualidade e desatualizada em mais de sete anos”, afirma o executivo. A empresa, com sede em São Paulo,

tem 35 funcionários e vende, em média, 250 cópias do Empresário por mês. Para ajudar a combater a pirataria, a Intelecta criou um departamento de registro na empresa. Uma equipe faz o levantamento das ativações e das ligações recebidas diariamente pelo Serviço de Atendimento ao Cliente. Empresas suspeitas de uso de cópias ilegais são investigadas e, se confirmada a ilegalidade, convidadas a comprar um software original. Os atendentes da Intelecta destacam os benefícios de ter o sistema legal como, por exemplo, a oportunidade de fazer atualizações de segurança. “Também vamos lançar o Empresário Free, versão gratuita que tem o objetivo de desestimular a aqui-


Pirataria de software Mundo............................... 43% Estados Unidos ................... 20% Japão .................................21% Luxemburgo ........................21% China ................................ 79% Colômbia ........................... 55%

Mariano: “Além da perda financeira, sofremos com o dano à imagem do nosso produto”

Brasil................................ 56% Chile .................................64% Índia ................................. 65% Rússia .............................. 67% Paraguai ............................ 82% Venezuela .......................... 87% Geórgia ................acima de 90% Bangladesh ...........acima de 90% Zimbábue .............acima de 90%

Fonte: Business Software Alliance (BSA)

sição de cópias piratas por parte das micro e pequenas empresas”, conta Mariano. O 7º Estudo Anual Global de Pirataria de Software, divulgado em maio pela Business Software Alliance (BSA), mostra que os esforços antipirataria no Brasil não têm sido em vão. Nos últimos quatro anos o índice de uso de software ilegal caiu 8%. A taxa – 56% – é a menor entre os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e a segunda menor na América Latina, atrás da Colômbia, com 55% (veja box). No entanto, ainda é 13% acima do índice mundial (43%), apesar desta diferença ter caído dois pontos em 2009. Enquanto no mundo o uso de software ilegal aumentou 2%

no ano passado, no Brasil tivemos uma redução de 2%.

Cerco na web De acordo com a Abes, em 2009 foram apreendidos 1,128 milhão de CDs piratas em 662 operações no Brasil. Como o comércio ilegal tem migrado fortemente para a internet, a associação tem procurado cercar a web por todos os lados. Em 2009 foram retirados do ar mais de 313 sites destinados à venda de produtos ilegais, além de 19,3 mil anúncios em sites de leilão, um resultado 26% superior se comparado a 2008. A pirataria corporativa também foi alvo de ações de repressão. Foram iniciadas

Kirsch: a pirataria sabota investimentos altos em marketing e inovação da marca

160 ações contra empresas que estavam utilizando softwares falsos e se negaram a legalizar a situação. As multas chegam a três vezes o valor da licença. A meta dessas ações é chegar ao veredicto de que o crime não compensa. Para Mendes da Silva, o argumento de que o preço alto dos originais estimula a compra de produtos falsificados não convence. Ele alega que, se esta fosse a questão, as pessoas não deixariam de comprar um isqueiro original de R$ 3 por um pirata de R$ 1,50, que tem durabilidade bem menor e ainda pode causar acidentes graves. Segundo o executivo da Abes, o problema ainda é muito cultural. Por isso, a associação começa a investir na

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Moldova ...............acima de 90%

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PA N O R A M A

Mendes da Silva: não existe nenhum setor que não sofra a ação de piratas – de softwares a remédios, passando por peças de avião

conscientização de jovens universitários. “Eles são potenciais compradores de produtos piratas. Queremos fazê-los refletir sobre o impacto que isso traz para geração de seu futuro emprego.”

Impacto profundo

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Consultor do Grupo de Proteção à Marca (BPG), o advogado Newton Vieira Júnior afirma que os impactos da pirataria vão muito além do que se imagina. Segundo ele, ao comprar um produto falsificado de uma grande marca, o con-

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“Universitários são potenciais compradores de produtos piratas. Queremos fazê-los refletir sobre o impacto que isso traz para geração de seu futuro emprego”, diz Mendes

sumidor prejudica muito mais a indústria nacional que vende produtos com a mesma faixa de preço do pirata. A lógica é a seguinte: o público-alvo de uma grife de luxo como Louis Vuitton, por exemplo, não deixa de comprar o original. Quem perde são os outros concorrentes. “É claro que a marca também é vítima, mas a nossa preocupação é muito mais com a sua desvalorização do que com a perda direta de mercado”, explica Newton. Para o empresário Marco Aurélio Kirsch, a pirataria é uma ameaça ao empreendedorismo ético. “Não é novidade para ninguém que a construção de uma marca demanda investimentos altos em marketing e inovação. O que a pirataria faz é sabotar esse investimento”, afirma Kirsch, diretor institucional da Associação Comercial e Industrial de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha, polo calçadista do Rio Grande do Sul. No início deste ano a entidade lançou, em parceria com o Ministério Público gaúcho e outros órgãos, um manual de orientações para o combate à pirataria, voltado para prefeituras. “A publicação traz informações sobre legislação porque um dos maiores problemas é o desco-

nhecimento”, diz Kirsch. Seguindo essa lógica, a entidade também apoia o programa Escola Legal, desenvolvido pelo Instituto de Combate à Fraude e Defesa da Concorrência (Icde). Por meio de ações em escolas, o projeto busca mostrar a consequência do consumo de produtos piratas dentro do próprio universo do aluno. O objetivo é que as crianças percebam, por exemplo, que a pirataria pode estar tirando o emprego de alguém da própria família. Cerca de 100 estabelecimentos de ensino de Porto Alegre e do Vale do Sinos já participaram do programa. Para Kirsch, os consumidores precisam parar de ter a ilusão de que grandes marcas nasceram grandes. “Bill Gates um dia também foi um pequeno empreendedor. E o tamanho do negócio pouco importa. Precisamos ter um conceito ético do consumir.”

LINHA DIRETA Abes: (11) 5044-7900 BPG: (11) 5908-7750 Intelecta Tecnologia: (11) 5088-2100 ACI Novo Hamburgo: (51) 2108-2108


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MARKETING

Laços

virtuais Com a popularização das redes sociais, é preciso marcar presença para gerar valor e se relacionar com os consumidores

por Mônica Pupo monica@empreendedor.com.br

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OUTRAS REDES: Além de Blog, Facebook, Orkut, YouTube e Twitter, há diversas redes sociais que podem ser utilizadas pelas empresas. Veja qual se adapta mais ao seu negócio:

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Formspring.me: permite que usuários cadastrados e anônimos façam perguntas diversas. Funciona como uma espécie de SAC. É importante ser ágil e transparente nas respostas.

Em tempos de internet 2.0, os empreendedores podem ter pelo menos uma certeza: em algum lugar da web alguém está falando – bem ou mal – de sua empresa. Ferramentas não faltam: Orkut, Facebook, Blog, Twitter, YouTube, só para citar as redes sociais mais populares no País. Com a mesma lógica do marketing “boca a boca”, o princípio das redes é antigo – o que mudou foi o formato, a agilidade e a abrangência. Se os comentários e críticas virtuais são inevitáveis, é melhor estar por perto. Mas não basta apenas monitorar o que é dito. Segundo os especialistas, para utilizar as redes sociais a favor dos negócios é preciso interagir, conversar, responder às questões dos usuários e

LinkedIn: rede social profissional que adota uma abordagem mais sóbria e oferece aos membros mais controle e privacidade em seus perfis on-line. Pode ser utilizada na hora de buscar por novos colaboradores.

gerar novos valores para a companhia, o que requer uma estratégia específica para cada rede. Além disso, as mídias sociais também funcionam como uma extensão dos tradicionais SACs, só que através de um canal mais interativo e que exige maior transparência por parte das companhias. A principal vantagem das redes sociais, sobretudo para pequenas e médias empresas, é o baixo custo de operação. Sem falar na abrangência, já que 86% dos internautas brasileiros acessam pelo menos uma rede social. Ainda que a companhia não fature diretamente com a web, o simples fato de monitorar o que está sendo falado já faz a diferença. “As redes sociais são um excelente mecanismo de feedback. Você começa a lucrar a partir do momento em que facilita a comunicação

Flickr: através do site é possível criar um banco de imagens da empresa e dos produtos, útil tanto para clientes como imprensa e parceiros.


Google Maps: fundamental incluir a localização da empresa no site, que funciona como um localizador e possui aplicativo para celular.

Azul: rede social própria reúne 60 mil participantes, que têm acesso a descontos e promoções midores foi a Onodera, rede de clínicas de estética. As ações, comandadas pela Media Factory, incluíram a ativação de perfis em sites como Twitter e Facebook, monitoramento e busca de público-alvo nas redes sociais. A estratégia também incluiu a produção de conteúdo relevante e em sintonia com a área de atuação da empresa, como dicas de moda, beleza e comportamento. Em dois meses de trabalho, foram conquistados 650 seguidores no Twitter, 1,6 mil visitas ao blog e estima-se que mais de 5 mil pessoas foram impactadas. Outra empresa que tem apostado nas redes sociais para alavancar os negócios é a Azul Linhas Aéreas. Com ações focadas principalmente no Facebook e Twitter, a companhia aérea oferece vantagens e promoções exclusivas aos seus seguidores – no caso do Twitter – ou fãs, no contexto do Facebook. As redes sociais também são utilizadas como ferramenta de relacionamento, acionadas para mediar conflitos e evitar a disseminação de

reclamações e boatos. É um dos fundadores da companhia aérea e atual diretor de marketing quem interage com os clientes no Facebook. Com um português ainda arrastado – coisa de quem chegou há pouco no Brasil – o norte-americano Mark Neeleman faz questão de responder pessoalmente a tudo o que é dito sobre a Azul na internet. “As redes sociais são hoje a mais poderosa ferramenta de marketing, pois as empresas podem falar diretamente com seus clientes sem gastar muito dinheiro, com a vantagem de que todos se sentem ouvidos”, afirma Neeleman.

Divulgada no último mês de abril, pesquisa do Serasa Experian Hitwise avaliou o aumento do número de acessos dos internautas brasileiros a redes sociais, entre Facebook, Twitter e Orkut. Ainda que as duas primeiras apresentem alta significativa – Facebook com 804%

Wikipedia: enciclopédia colaborativa, apresenta alto índice de pageviews. Por isso é interessante preencher o verbete referente à empresa, incluindo área de atuação e principais dados.

Ning: possibilita que qualquer pessoa crie uma rede social, gratuitamente. Ideal para criar uma rede social específica para a empresa, que pode tanto ser entre colaboradores ou aberta ao público.

Orkut versus Facebook

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e se conecta aos clientes a um custo baixíssimo se comparado às outras mídias”, avalia Luiz Augusto Barros, diretor de operações da Media Factory, empresa especializada em soluções de marketing digital, responsável pelo posicionamento nas redes sociais de empresas como Crefisa, Cemig e Tryon, entre outras. “Quem entender e souber tirar vantagem dessas ferramentas vai se sobressair cada vez mais no mercado”, diz Barros. Marcar presença nas redes sociais ainda garante maior relevância nos mecanismos de busca eletrônica, como o Google, e ajuda a aumentar o tráfego no site da empresa. Outra característica das mídias sociais é a capacidade de potencializar as ações de marketing viral, uma vez que os sites facilitam o reenvio instantâneo de informações entre os usuários. “Fazer uma peça viral é uma das mais eficazes ferramentas de marketing digital, além de ser barato”, aponta Barros. Segundo o executivo, vale investir sobretudo nos vídeos, os campeões de audiência entre os internautas, quando o assunto é conteúdo viral. “Se você coloca apenas um texto, duas ou três pessoas ‘retuítam’. Se postar uma imagem, multiplica esse número por dez e, se for um vídeo, multiplica por 100”, completa Barros, referindose ao Twitter, uma das redes sociais que mais cresce no Brasil – com 9 milhões de usuários – e “que não pode ficar de fora das estratégias de marketing digital”. Uma das empresas que buscaram auxílio profissional para se posicionar nas redes sociais em busca de novos consu-

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MARKETING

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e Twitter com 768% –, quem continua reinando absoluto é o Orkut, com média de 62,14% dos acessos únicos. Ao todo, estima-se que o Orkut possui mais de 25 milhões de usuários únicos no País, enquanto o Facebook tem algo em torno de 6 milhões. Apesar da popularidade, o Orkut não é o site mais adequado para direcionar ações de marketing digital, pelo menos na opinião de Luiz Augusto Barros. “É preciso, sim, ficar atento ao que dizem sobre a empresa no Orkut, bem como responder a esses comentários, mas eu não perderia meu tempo e nem dinheiro elaborando estratégias focadas no Orkut.” Isso porque, segundo o executivo, o site não é indexável, ou seja, não permite a inclusão de conteúdo encontrado na internet no banco de dados das ferramentas de busca. Na prática, isso significa pouca – ou nenhuma – relevância nos mecanismos de busca. “O Orkut não deixa o usuário sair para um link externo, então fará pouca diferença no seu posicionamento. Além disso, provavelmente você vai perder muito mais tempo lidando com adolescentes mal-educados e não vai ter as outras vantagens que o Facebook, por exemplo, oferece”, afirma. Considerada a rede social que mais cresce em todo o mundo, o Facebook é uma espécie de precursor do Twitter – no que se refere à agilidade na comunicação – e possui ao todo 400 milhões de usuários. A intenção é a mesma do Orkut e de todas as demais redes – conectar pessoas –, com a diferença que o Facebook

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“É preciso oferecer alguma vantagem nas redes sociais para estimular a participação dos clientes, sejam descontos, brindes ou acesso a informações em primeira mão”, diz Luiz Barros

Barros, da Media Factory: “É preciso ocupar os espaços que você não quer que seu concorrente ocupe”

permite a indexação de conteúdo, o que favorece as estratégias de SEO (Search Engine Optimization). Para as empresas, isso significa maior relevância nos mecanismos de busca, garantindo um bom posicionamento nas pesquisas. Outro diferencial do site são as ferramentas para divulgar eventos e campanhas. Para entrar no Facebook, a dica – que também vale para o Orkut – é criar o perfil de um grupo com o nome da marca. “Não tem coisa mais absurda do que uma empresa querendo ser sua ‘amiga’. Você é fã dessa empresa, mas não ‘amigo’”, alerta Barros. A partir daí, é preciso gerar conteúdo relevante – sejam fotos, textos ou vídeos –, que estimule a participação e a interação com os clientes. “É preciso oferecer alguma vantagem nas redes sociais para estimular a participação dos clientes, sejam descontos, brindes ou acesso a informações em primeira mão”, aconselha.

Redes próprias Além das redes sociais tradicionais – como Orkut, Twitter, Facebook –, cada vez mais as organizações investem em mídias sociais próprias, criadas sob medida para os interesses corporativos. Na opinião de Luiz Augusto Barros, a estratégia é válida desde que não exclua a presença nas demais redes “essenciais”, como YouTube, Blog e Twitter. “É preciso marcar presença em todos os campos, ocupando os espaços que você não quer que seu concorrente ocupe”, recomenda o executivo. É o que busca fazer a Azul. Presente no Facebook, Twitter e Orkut – onde também mantém uma comunidade –, a companhia possui uma rede social própria, o site viajamos.com.br. Lançado no início do ano, o portal reúne atualmente 60 mil participantes, que têm acesso a descontos e promoções em primeira


ERROS MAIS COMUNS TER UMA IDENTIDADE DIFERENTE DA REAL Uma coisa que acontece muito é a empresa criar uma identidade nas redes sociais diferente do que ela é. Há diversos casos assim, em que os usuários ficam chocados ou ela cria uma rede de relacionamento on-line que não gera resultados. O metrô do Rio, durante a crise de atrasos, sorteava ingressos para o show do Coldplay pelo Twitter. É preciso ter coerência. ABANDONAR CONTAS DEPOIS DE PROMOÇÕES Tudo deu certo, foram distribuídos prêmios e a campanha teve ótimos resultados com um nível alto de engajamento. Depois de terminada a campanha, no entanto, o perfil ficou abandonado. Os usuários começaram a fazer perguntas bobas, do tipo “por que não ganhei isso?”, mas não houve resposta e a empresa que todos estavam se engajando passou de heroína para vilã em poucos posts. Deixar propriedades oficiais abandonadas na internet é um perigo. TER UMA CONTA E NÃO RESPONDER AOS USUÁRIOS OU DEMORAR MUITO É preciso respeitar o timing de cada rede. O que é bastante comum é uma pergunta ser feita, ser levada para uma equipe, que leva para outra, que precisa de aprovação de fulano. Até a resposta sair, os usuários já estão jogando tomate. É preciso dar um feedback que varia de rede para rede. Esse feedback pode ser: “Recebemos sua pergunta e entraremos em contato em breve. Enquanto isso, visite nossa área de perguntas e respostas”. Isso resolveria.

LINHA DIRETA Azul Linhas Aéreas: www.voeazul.com.br Media Factory: www.mediafactory.com.br Serasa Experian Hitwise: br.hitwise.com Onodera: www.onodera.com.br

CRIAR PERFIS FALSOS PARA FALAR BEM Eu tive um problema com uma determinada empresa. Obviamente vou falar na rede social, então várias pessoas começam a falar que a empresa é ótima, vou ver e vejo que aquelas pessoas só falam isso. É muito ingênuo achar que os usuários vão cair nessa. Isso só gera o ódio e afasta possíveis consumidores. Esse erro, infelizmente, é mais comum do que deveria. NÃO RESPEITAR AS REGRAS SOCIAIS E PROTOCOLOS DE CADA REDE Há um protocolo de boas maneiras em cada rede social. Que tal alguém falar em caixa-alta (maiúsculo) no Twitter? Isso é bastante desrespeitoso. Coisas simples como copiar uma mensagem sem deixar claro que é um “retuite” pode gerar a ira dos seguidores. Ou que tal chamar seus seguidores de internautas? É necessário que a empresa entenda o meio ambiente e que verifique se a estratégia dela em redes sociais pode ser usada naquele ecossistema em questão. Fonte: Luiz Augusto Barros, diretor de operações da Media Factory

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mão. Em um ambiente que lembra o das redes sociais como Orkut ou MySpace, os usuários são convidados a compartilhar as experiências vivenciadas nas viagens e destinos da companhia. É ali – e no Facebook – que são divulgadas promoções e eventos exclusivos, como a Gincana Azul. “Como uma empresa nova no mercado, temos limites de gastos com propaganda, por isso a importância das redes sociais em todas as nossas ações”, diz Neeleman.

TER UMA ATITUDE PASSIVA ACHANDO QUE A REDE SOCIAL É SÓ PARA OUVIR Há um fenômeno entre os departamentos de marketing que é buscar informações apenas. Essa passividade deixa de lado tudo o que a empresa pode lucrar com a rede social, há um potencial gigante de negócios que é deixado de lado enquanto a empresa quer saber se o circo está pegando fogo. Se estiver, ela vai sair correndo? Se ela não começar imediatamente a se posicionar nas redes sociais, no caso de fogo, ela não estará preparada para se defender.

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PERFIL

Guardiões da

informação Brasileiro e norte-americano criaram a Nevoa Networks, empresa que driblou multinacionais ao desenvolver sistema de armazenamento de dados inovador por Cléia Schmitz

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cleia@empreendedor.com.br

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O paulista Fábio Gomes Ferreira e o norte-americano Hunter Hagewood não dispensam uma boa amizade e tampouco uma grande oportunidade de negócio. Ao unir as duas coisas, eles fundaram a Nevoa Networks, primeira empresa brasileira a desenvolver um sistema virtual de armazenamento de dados, conhecido mundialmente como stora-

ge area network (SAN). O SAN da Nevoa concorre com sistemas de grandes companhias do mercado de tecnologia da informação (TI) – como HP, IBM e Dell. “É uma briga de Davi e Golias”, reconhece Fábio. “Mas acreditamos muito no produto que desenvolvemos.” Fábio e Hunter se conheceram na adolescência, quando moravam em Campinas (SP). Em comum tinham a simpatia pela área de sistemas de TI, interesse que os manteve em contato mes-

mo quando Hunter voltou aos Estados Unidos para se graduar em Computer Information Systems pela Universidade de Lipscomb. Fábio se formou em Análise de Sistemas pela Universidade Paulista e abriu uma empresa de consultoria em TI. Entre os clientes, empresas do porte de Martins Atacadista, DPaschoal, Caterpillar e Camargo Corrêa. Com o trabalho de consultor teve o privilégio de ver de perto quais as demandas das empresas na área de TI.


Hunter Hagewood Empresa: Nevoa Networks Diretor de Negócios Idade: 34 anos Local de nascimento: Estados Unidos Formação: Graduado em Computer Information Systems pela Universidade de Lipscomb, com mestrado em Information Sciences pela Universidade do Tennessee

Fábio Gomes Ferreira

Quando Hunter voltou a morar no Brasil, os dois decidiram trabalhar juntos no desenvolvimento de um SAN. A proposta era tornar a tecnologia acessível a empresas de qualquer tamanho. Em 2005 o projeto foi formalizado com a fundação da Nevoa, sediada em João Pessoa, onde Hunter mora. Mas o grande salto aconteceu em 2008, quando a empresa recebeu uma subvenção da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Era o que Fábio e Hunter precisavam para acelerar

o desenvolvimento da ferramenta. Nesse período, a solução foi testada em clientes como Sebrae, Fiocruz e Centro Universitário de João Pessoa. O resultado atingiu a meta. Fábio garante que tem condições de atender no mesmo patamar dos concorrentes e com um preço 30% menor. Segundo ele, as soluções de grandes marcas têm em torno de 10 terabytes (10 milhões de megabytes) – espaço muito grande para médias empresas – e custam, no

mínimo, R$ 1 milhão, sem contar a manutenção. “Nós tentamos aproveitar ao máximo os investimentos do cliente, enquanto grandes players fazem uma venda casada, obrigando a comprar o hardware deles junto com o sistema.” Ele conta que, recentemente, recebeu uma ligação de um empresário dizendo que se negava a comprar armazenamento sabendo que tinha espaço livre em seus computadores. Com o sistema pronto, Fábio e

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Empresa: Nevoa Networks Diretor de Tecnologia Idade: 35 anos Local de nascimento: Campinas (SP) Formação: Graduado em Análise de Sistemas pela Universidade Paulista, com especialização em Gestão de Projetos pela Unicamp e pósgraduação em Gestão de Tecnologia da Informação pelo Ibmec

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PERFIL

Hagewood e Ferreira se conheceram na adolescência e tinham em comum a simpatia pela área de sistemas de TI

Hunter chegam a um momento de incertezas. “A gente arou a terra, jogou a semente, cresceu, e agora seria o momento de colher os frutos, ou seja, entrar no mercado. E para isso precisamos de investimentos. Como as pessoas que estão passando próximas de nossa propriedade são dos Estados Unidos ou do Sudeste, eu estou voltando para São Paulo e Hunter para seu país de origem”, afirma Fábio. Em ritmo de negociações, os empreendedores já tiveram reuniões com empresas como UOL, Locaweb e Hitachi, esta última uma das grandes multinacionais da área de armazenamento.

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Aberto a negociação

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Fábio não descarta a possibilidade de venda da empresa. “Entre aceitar uma oferta de compra e ficar patinando, preferimos a primeira alternativa. Nessa hora, o que não podemos é perder o time do marketing. A tecnologia fica velha muito rápido. Hoje, só a Nevoa faz esse tipo de software no Brasil. Mas até quando?”, questiona-se Fábio. A Hitachi, por exemplo, é considerada um potencial comprador pelo fato de não ter um

sistema de cloud computing. No ano passado, uma empresa norte-americana com a mesma abordagem da Nevoa foi adquirida pela NetApp. Para elas é mais barato comprar uma pequena empresa com uma solução já desenvolvida do que começar do zero. Enquanto isso, Fábio e Hunter ativam seu networking para atrair investidores e clientes. Aliás, o case internacional da Nevoa é resultado de um contato profissional de Hunter. Quando um colega pesquisador soube que ele estava desenvolvendo a ferramenta, manifestou interesse em aplicá-la no consórcio REDDNet, um sistema de 700 terabytes acessados por estudiosos do mundo inteiro. “Hoje, quem mantém esse sistema nos Estados Unidos somos nós”, orgulha-se Fábio. Outros dois colegas que fizeram parte do grupo original de desenvolvimento do sistema da Nevoa são os contatos comerciais da empresa na Europa. Empreendedor desde a época da universidade, Fábio tem bons argumentos para continuar apostando no ofício de criar empresas. “A única vez em que fiquei sem trabalho foi quando decidi ser empregado”, conta o empresário.

“Entre aceitar uma oferta de compra e ficar patinando, preferimos a primeira alternativa”, diz Fábio Ferreira Ele trabalhava havia poucos meses na Lucent Technologies quando, em 2001, houve o ataque terrorista ao World Trade Center. O fato desencadeou uma crise econômica que levou a muitas demissões. Fábio foi uma delas. “Fiquei três meses desempregado”, lembra. Mesmo assim ele prefere não antecipar planos profissionais caso a Nevoa venha a ser vendida. Mas uma coisa é certa: mantém ativa sua empresa de consultoria para não perder oportunidades.

LINHA DIRETA Nevoa Networks: (83) 3512-2357 www.nevoanetworks.com.br


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SENAI ESPECIAL

Tão longe, tão perto

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Ensino a distância permite treinamento uniforme a funcionários de diferentes unidades e áreas, com a vantagem de reduzir tempo e recursos aplicados no processo

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A capacitação e qualificação de funcionários precisam ser contínuas frente a um mercado em evolução constante e cada vez mais competitivo. Pelo mesmo motivo, qualquer paralisação na produção e prestação de serviços pode representar perda de receitas. Além disso, os colaboradores podem estar em diferentes lugares. Como conciliar estes e outros problemas na hora de treinar uma equipe ou mesmo todo o quadro funcional de um empreendimento? A solução pode ser o ensino a distância (EaD), sistema que em nada perde em relação ao presencial, com a grande vantagem de facilidade de aplicação, que em geral resulta em economia de tempo e recursos, não importa a área de atuação ou porte da empresa. Na Electro Aço Altona, de Blumenau (SC), mais de 1 mil pessoas, inclusive algumas no exterior, passaram por um treinamento a distância. A pedido da empresa, o Senai de Santa Catarina desenvolveu um curso para ensinar a todos os colaboradores como funciona o processo de fabricação das peças de aço. Segundo a analista de treinamento da Electro Aço Altona, Ataisa Giovana Bauler Metzner, os principais objetivos eram que os colaboradores entendessem o seu papel no processo produtivo e se comprometessem em relação à qualidade dos produtos. Por sugestão do Senai, foi adotado o EaD, pois seria inviável fazer isso em sala de aula. O conteúdo eletrônico baseava-se em imagens reais e animações para explicar os processos da empresa, além de uti-

lizar recursos de interação ao final de cada capítulo. Todo o curso foi oferecido via internet no ambiente virtual de educação a distância do Senai, e os participantes também receberam material impresso para acompanhar as aulas. Além de poder acessar o conteúdo de casa, os alunos também tiveram à disposição uma sala de informática instalada na empresa. No decorrer do curso, os alunos contaram com o apoio de um monitor, que ajudou nas dificuldades técnicas do curso, e um tutor, que auxiliou a esclarecer dúvidas. Foi a primeira vez que a Electro Aço Altona utilizou o EaD para um treinamento de tal envergadura. E a metodologia foi aprovada. Segundo Ataisa, todos os colaboradores que concluíram o curso ficaram muito satisfeitos em relação aos conhecimentos adquiridos, o que tem ajudado nas atividades diárias e nas contribuições para a melhoria de processos. Ficou mais fácil para uma área dialogar com outra, pois cada colaborador sabe quais são seus clientes internos e quais seus fornecedores internos, o que facilita a integração. “Com certeza continuaremos utilizando este recurso, pois nos proporciona a oportunidade de passar o mesmo conhecimento para todos, sem interferir muito nas atividades diárias de nossos colaboradores, que inclusive podem fazer as aulas em casa”, afirma Ataisa. Além disso, ela ressalta que o método estimula a disciplina de estudos e o trabalho em equipe, pois os colaboradores precisavam pesquisar com os colegas como funcionam os demais setores da empresa.

A Grameyer Equipamentos Eletrônicos, de Schroeder (SC), também aprova o método. A empresa produz equipamentos para solução de geração de energia elétrica e presta serviços aos clientes, como instalação e suporte. Por isso, técnicos e outros colaboradores precisam do curso de NR-10 (norma de segurança em serviços e instalações elétricas) sempre atualizado. “Inclusive alguns clientes exigem o certificado antes de nosso colaborador entrar na obra para prestação do serviço”, diz Kenylly Liebl, da área de Recursos Humanos. Como a maior parte destes funcionários trabalha em campo, por todo o Brasil, fica difícil e oneroso


PHOTOSTOGO

QUALIDADE COMPROVADA

trazê-los para a reciclagem a cada dois anos. A Grameyer analisou propostas de algumas instituições e selecionou o método do Senai, que permite o acesso às aulas em qualquer local, sem a necessidade de deslocamentos. Além disso, são fornecidas apostilas e os alunos contam com tiradúvidas on-line. “Isso possibilita que eles tenham um aprendizado de qualidade, e prova disso é o teste presencial que fazem no final do curso, no qual só não passaram aqueles que realmente não puderam retornar de viagem para realizá-lo”, afirma Kenylly. No desenvolvimento de seus cursos de Educação a Distância o Senai leva em consideração a ne-

cessidade das empresas. Para customizar as formações, as equipes de educação a distância estudam as características do cliente, analisando os valores da empresa, seus processos internos e escolaridades dos colaboradores, entre outros aspectos. Equipes multidisciplinares são envolvidas nos processos de desenvolvimento dos cursos, que utilizam linguagens textuais e visuais para acelerar o processo de ensino e aprendizagem. Ao final, verifica-se o aprendizado alcançado e as competências desenvolvidas para averiguar se o aluno está apto a aplicar o conteúdo ensinado no dia a dia da indústria. O Senai foi indicado como Refe-

rência Nacional pela Comissão de Notáveis do Prêmio e-Learning Brasil 2010-2011. O case de sucesso apresentado pela organização é o programa Competências Transversais, que concorre na modalidade Relevante Contribuição Social. No ano passado, o Senai recebeu o Troféu Referência Nacional 2009/2010 graças ao case Educação para a Nova Indústria – Ações Senai de Aprendizado Baseado no e-Learning e no Blended Learning. Em 2008, quem conquistou o prêmio foi o Senai de Santa Catarina, como referência em treinamento e desenvolvimento profissional. Saiba mais em: www.sc.senai.br

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Santa Catarina coordena um projeto estratégico de fortalecimento da rede nacional de Educação a Distância do SENAI. A iniciativa consiste na implantação de núcleos de EaD em 14 estados. O objetivo é ampliar o número de unidades capacitadas a criar e compartilhar na rede conteúdos, que podem ser acessados por alunos e empresas de todo o país. O projeto começou a ser executado em 2009, com atividades de treinamento. Foram capacitadas cerca de 70 pessoas, incluindo coordenadores, conteudistas, tutores e monitores. Agora, além do treinamento de mais profissionais, cada núcleo está desenvolvendo um curso, com duração estimada de 100 horas (o tempo pode variar de um aluno para outro). Os cursos são de eletricidade predial (desenvolvido pelo Espírito Santo), operador de estações de tratamento de efluentes ou de água (Mato Grosso do Sul), módulo do curso técnico de telecomunicações (Rio Grande do Norte) e tecnologia de carnes e derivados (Santa Catarina). Outros estados optaram por desenvolver programas, compostos por três cursos complementares. São da área ambiental (Maranhão, Piauí e Amapá), logística (Pará, Ceará e Pernambuco) e gestão de média gerência (Amazonas, Goiás e Paraíba). O projeto elevará para 19 o número de estados com participação ativa na rede. O SENAI de Santa Catarina foi selecionado para a coordenação devido à experiência que possui. De 2005 a 2009, a entidade registrou mais de 100 mil matrículas nas duas dezenas de cursos a distância que possui.

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FRANQUIAS

Tempo recorde

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Fitness para crianças

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Especializada em atividade física para crianças, a My Gym Children’s Fitness Center deseja expandir para as regiões Nordeste e Sul, além das principais cidades do interior paulista, com o objetivo de dobrar o número de unidades. Até o momento são sete franquias no País, sendo cinco na capital paulista e as demais em Goiânia e Belo Horizonte. O investimento inicial é de R$ 300 mil, incluindo reformas, taxa de franquia e equipamentos, com retorno previsto em 18 meses.

Novidade no Brasil – onde chegou há apenas um ano –, a My Gym existe há 27 anos nos Estados Unidos. Considerada líder mundial no segmento de fitness infantil, a rede possui mais de 200 unidades espalhadas por vários países. A metodologia, criada por especialistas norte-americanos, estimula as habilidades físicas, cognitivas e emocionais de crianças a partir de seis semanas até os 12 anos de idade, utilizando o esporte como base para o desenvolvimento global. www.mygymbrasil.com.br

Com apenas um ano de existência, a Health Cred, franquia de assessoria administrativa e financeira, já soma 18 unidades em operação. Só em abril quatro novas operações foram iniciadas. “O sucesso em tempo recorde se deve, em grande parte, à necessidade identificada por empresários quanto ao financiamento e parcelamento de serviços na área da saúde. Outro ponto importante é a moderna plataforma de internet em que o sistema é desenvolvido”, explica Arnaldo Korn, diretorexecutivo do grupo Arfe e AGS. A empresa é especializada em oferecer financiamento e parcelamento para gastos com saúde, incluindo cirurgias plásticas e estéticas. As opções para pagamento incluem cheque, cartão de crédito e crédito consignado. As unidades da Health Cred estão localizadas na capital e no interior de São Paulo, além de cidades no Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Amazonas, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

www.healthcred.com.br


Cardápio versátil Com 40 unidades em operação em todo o Brasil, a Risotto Mix busca aumentar a lucratividade e inovar no atendimento com a segmentação do cardápio da rede, que em algumas regiões possui opções para os públicos de A a D. Em regiões mais populares, por exemplo, a marca dá destaque aos produtos mais alinhados ao tíquete médio deste cliente. A ideia da franqueadora é ampliar a rentabilidade destas lojas com incremento de pelo menos 5%. Já em regiões nobres, o cardápio manterá os pratos mais sofisticados, que normalmente apresentam uma demanda maior nestas localidades. Outra novidade da rede é a utilização de mídia digital, que permite a interação com o cliente no ponto de venda. www.risot-

tomix.com.br

Cosméticos naturais De olho no promissor segmento de cosméticos – que cresce em média 10% ao ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) –, a Weeze pretende inaugurar 50 unidades nos próximos cinco anos. Há um ano no mercado de franchising, a rede possui uma loja própria em São José do Rio Preto (SP) e inaugurou a primeira franquia no mês passado, na capital paulista. Entre os produtos comercializados

estão cosméticos, entre cremes hidratantes, óleos corporais, xampus e aromatizadores de ambiente. Os produtos são feitos à base de ativos naturais extraídos de fontes renováveis, sem derivados de petróleo e sal, além de não serem testados em animais. O investimento inicial para abertura de uma franquia fica em torno de R$ 140 mil (loja de 30 metros quadrados) e R$ 75 mil (quiosque), com retorno previsto em 24 meses.

www.weeze.com.br

Uma das questões cruciais à expansão das indústrias de petróleo e gás no Brasil é a escassez de mão de obra especializada. E é de olho neste nicho de mercado que a escola de qualificação profissional Petrocenter se lança no franchising a partir de agosto. Com sede no Rio de Janeiro, a empresa pretende expandir primeiramente na Região Nordeste, mas o objetivo é crescer em todo o País. Segundo o franqueador, o engenheiro Samuel Pinheiro, o objetivo é inaugurar 50 franquias em dois anos. O investimento inicial pode variar entre R$ 60 mil e R$ 150 mil para instalação da franquia. Pioneira no ensino bilíngue na área de petróleo e gás, a Petrocenter oferece cursos diversos na área, como montador de tubulações, caldeiraria e pintura industrial, entre outros. Há também cursos a distância, caso do QSMS Online, que fornece informações sobre qualidade, segurança do trabalho, proteção ao meio ambiente e saúde ocupacional.

www.petrocenterbrasil.com.br

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Ouro negro

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FRANQUIAS

Limpeza total

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Material internacional

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Após crescer na cidade de São Paulo, a rede de ensino de idiomas Centro Britânico pretende conquistar o interior paulista. Dando sequência ao plano de expansão para 2010, foi inaugurada em maio a 17ª unidade, localizada na cidade de Campinas (SP). A franqueadora planeja ainda a inauguração de mais seis escolas ainda no primeiro semestre do ano – em Brasília, Cascavel (PR) e São Paulo. A expansão foi motivada pelos bons resultados do ano passado. Apesar da crise, a rede cresceu 150% em apenas oito meses, entre outubro de 2008 e junho de 2009. Um dos diferenciais da franquia em relação à concorrência é o material didático, constantemente atualizado e produzido na Inglaterra e Estados Unidos, além de programas diferenciados, em parceria com escolas e empresas. O valor para instalação de uma escola varia entre R$ 71 mil e R$ 98 mil, dependendo da quantidade de salas de aula, com retorno entre 24 e 48 meses.

www.centrobritanico.com.br

Primeira franquia especializada em desinfecção de ambientes, a Supersan pretende expandir para a Região Nordeste. Com 14 unidades em operação, concentradas nas regiões Sul e Sudeste, a rede espera fechar pelo menos 40 novos contratos até o fim do ano e quintuplicar o volume de atendimentos. A empresa presta serviço de sanitização em larga escala de locais fechados, como residências, empresas, veículos e hotéis. O processo utilizado elimina e

impede por até seis meses o surgimento de bactérias, ácaros e fungos que provocam alergias e doenças respiratórias. Para adquirir uma franquia, não é necessário dispor de ponto comercial, pois é possível operar a partir de casa. Mas é necessário dispor de um carro para uso exclusivo. O investimento inicial gira em torno de R$ 80 mil, incluindo a taxa de franquia, com retorno previsto em aproximadamente um ano e meio. www.supersan.com.br

Festa animada No mercado de franquia desde 2007, a Animafest está otimista com a proximidade da Copa do Mundo. O mix de produtos, que possui em média 3 mil itens, foi reforçado com artigos temáticos, como bandeiras, camisetas, chapéus e cornetas, entre outros. Até agora, as vendas aumentaram 20% e a tendência é crescer ainda mais durante o período de jogos. Com 21 unidades em todo o País, a

rede vende no atacado e no varejo e atende todos os tipos de festas e comemorações. Para os investidores, o capital para instalação de uma loja gira em torno de R$ 200 mil, incluindo a taxa de franquia de R$ 20 mil. Um diferencial da franqueadora é a isenção da taxa de royalties, o que ajuda a assegurar o retorno do investimento entre 18 e 36 meses.

www.animafest.com.br


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Fr a nq u i a em exp an s ão

empreendedor | junho 2010 PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO


JULIANA SOUZA

INFORME DO SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Junho de 2010 l www.sebrae.com.br l 0800 570 0800

Empreendedores formalizam seus negócios de olho em oportunidades Empreendedor Individual contribui para a inserção no mercado formal Dos 5.565 municípios brasileiros, 4.810 possuem trabalhadores que já aderiram ao Empreendedor Individual (EI). De julho de 2009 a maio de 2010, mais de 280 mil empreendimentos de pequeno porte foram formalizados. Estes números demonstram a importância da lei, que tem como principal objetivo dar melhores condições de vida a quem trabalha por conta própria ou tem um pequeno negócio. Para mobilizar empreendedores e sensibilizar o poder público, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) tem desenvolvido atividades em todo o País. Na Bahia, por exemplo, o Sebrae realizou o Mutirão de

Legalização do Empreendedor Individual, que percorreu os 32 pontos de atendimento da instituição, na capital e no interior do estado. A intensificação das ações contribuiu para o grande número de baianos que já formalizaram seus negócios por meio do EI: 19.245. Para o gerente da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae Nacional, Ênio Pinto, o Empreendedor Individual representa a inclusão social por meio do empreendedorismo. “Nós atuamos na sensibilização dos trabalhadores, para que eles formalizem seus empreendimentos; e também no atendimento e capacitação para a boa gestão destes novos negó-

Empreender Informe do Sebrae Junho

cios. Há uma grande mudança de paradigma quando o negócio deste empreendedor deixa de ser informal. Além de ter um CNPJ e poder comprar e vender com maior facilidade, ele passa a encarar o negócio com mais seriedade, começa a investir na profissionalização e na melhoria dos produtos e serviços que oferece”, avalia. Perspectivas de crescimento Depois de 21 anos na informalidade, Hamilton Fraga, 53 anos, chaveiro de Eunápolis, no sul da Bahia, é um dos milhares de trabalhadores por conta própria que resolveram aderir ao Empreendedor Individual. Agora que possui CNPJ


DÉBORA VICENTINI

Principais benefícios do Empreendedor Individual

Legalização

Para o empreendimento: Registro com CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica); Emissão de nota fiscal e participação em licitações; Comprovação de aquisição de mercadoria; Comprovação de registro do empregado; Pagamento de impostos reduzidos; Possibilidade de acesso a crédito com maior facilidade e menores taxas, o que contribui para o incremento dos negócios.

e pode emitir notas fiscais, ele pretende realizar um sonho antigo: o pequeno ponto de chaves onde trabalha vai se transferir para uma loja. Além das chaves, Hamilton quer trabalhar com alicates, tesouras, cadeados, fechaduras e artigos para manicure. “Estou otimista e quero expandir o negócio. Vou suprir a demanda de acessórios para chaveiros, vender produtos que antes não podia porque não tinha cadastro e nem crédito”, conta. O cozinheiro Antônio Roque Barreto, 37 anos, sempre quis deixar de ser empregado e ter o próprio restaurante. Para começar a colocar este plano em prática, ele se formalizou como empreendedor individual durante o mutirão de legalização realizado em abril e maio, na Bahia. Natural de Salvador, ele atualmente tem uma ocupação incomum para os homens de sua terra natal: é um baiano do acarajé. “O registro como empreendedor individual é o primeiro passo para o restaurante de comida baiana que pretendo abrir”, afirma o jovem. Ex-funcionário de um restaurante, atribui o sucesso de seu empreendimento ao controle de qualidade e aos cuidados com a higiene. “Em Euclides da Cunha, onde tenho minha barraca, é difícil achar camarão seco e outros ingredientes, por isso quinzenalmente vou buscar em Salvador”, ressalta. O Empreendedor Individual foi instituído pela Lei Federal 128/2009, que complementa a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Podem se formalizar os empresários ou autônomos que preencham os requi-

Formalização permite ao chaveiro Fraga ampliar vendas

sitos: vender até R$ 36 mil por ano, se enquadrar dentre as 188 ocupações da lei, não possuir mais de um estabelecimento, trabalhar sozinho ou possuir até um funcionário e não ser titular, sócio ou administrador em outra empresa. Também se enquadram as empresas formais optantes pelo Simples Nacional. Os impostos pagos mensalmente são: R$ 56,10 – INSS; R$ 1 de ICMS (comércio e indústria); e R$ 5 de ISS (prestador de serviços). O recolhimento dos encargos para funcionários também é diferenciado. O Empreendedor Individual tem uma formalização simplificada, rápida, gratuita e feita pela internet, por meio do endereço www.portaldoempreendedor.gov.br Texto: Agência Sebrae de Notícias, com colaboração da Unidade de Marketing e Comunicação do Sebrae na Bahia

Para o empreendedor individual: Comprovação de renda; Auxílio-doença; Licença-maternidade; Seguro por acidente de trabalho; Aposentadoria por idade (homem aos 65 anos e mulher aos 60, com contribuição mínima de 15 anos); Aposentadoria por invalidez. Para a família do empreendedor: Auxílio-reclusão, para ajudar os dependentes caso o empreendedor seja preso; Pensão por morte. Fonte: Cartilha elaborada pelo Sebrae em Mato Grosso

Serviço: Unidade de Atendimento Individual do Sebrae: (61) 3348-7208 www.portaldoempreendedor.gov.br www.sebrae.com.br 0800 570 0800

Junho Informe do Sebrae Empreender


PHOTOSTOGO

P R O D U T O S E S E RV I Ç O S

Mapa da mina

Proteção de dados

O governo de São Paulo lançou ferramenta on-line de análise de potencialidades econômicas regionais do estado. A ideia do sistema é auxiliar possíveis investidores a identificar que atividades e quais municípios paulistas apresentam condições diferenciadas e favoráveis para a instalação de novas empresas no estado. A solução foi desenvolvida pela Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (Investe São Paulo), entidade responsável por promover a articulação entre entidades públicas e privadas para atração de novos investimentos para São Paulo.

A SafeNet apresenta a solução Enterprise Data Protection Solution Suite (EDP), um conjunto estruturado de produtos de segurança para proteção de dados empresariais. A nova solução protege a informação dos aplicativos, discos e arquivos, estejam esses em repouso, em trânsito ou em uso pelas organizações. A nova suíte EDP da SafeNet tem criptografia de dados avançada, gerenciamento centralizado de chaves raiz e de redes wirelles ( WAN), além de criptografia e autenticação de dois fatores. Ao implantar a EDP e centralizar o gerenciamento das políticas de segurança, as empresas podem economizar cerca de 25% com os custos com segurança da informação. www.safenet-inc.com/br

www.investimentos.sp.gov.br

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GPS viva-voz

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Chega ao mercado o novo GPS TomTom GO 630. O aparelho utiliza os mapas da Tele Atlas e tem cobertura de cerca de 1 milhão de quilômetros de ruas as e rodovias das principais cidades brasileiras. iras. O GPS vem com a tecnologia Bluetooth th – permite que sejam recebidas chamadas das telefônicas viva-voz no carro sem quee o motorista precise deixar de dirigir o veículo. O aparelho tem ainda o menu de emergência “Help Me”, em que os usuuários têm acesso direto às informações es sobre serviços de segurança e emergênncia como número de telefone e enderereços de oficinas e de hospitais. O preço ço sugerido para o produto é de R$ 1.099. 99.

www.tomtom.com


Produtividade e conforto A versão 7.1 do Quest vWorkspace melhora a experiência do usuário final, que trabalha em um desktop virtualizado ou que utiliza desktops como serviço (DaaS). O software traz o recurso EOP Xtream, que acelera o uso de aplicações virtualizadas em uma Wide Area Network ( WAN) e faz a completa integração com o Remote Desktop Services (RDS) do

Microsoft Windows Server 2008 R2. Com isso, fica mais fácil para o gestor do ambiente virtualizado automatizar, implementar e administrar esta plataforma. A nova solução garante a produtividade e o conforto dos usuários do desktop sem que seja necessário aumentar a largura da banda e os requisitos de hardware.

www.questsoftware.com.br

Impressora fotográfica

www.canon.com.br

Gestão completa O N&L Gestão é um sistema que foi planejado para que o cliente faça a gestão completa de sua empresa. A solução oferece ferramentas que permitem fazer o controle de logística de materiais, vendas e distribuição e o planejamento e gerenciamento dos negócios. Com o N&L Gestão os sistemas de dados da empresa ficam integrados em um mesmo sistema e, com isso, garantem maior agilidade e o controle preciso das informações empresariais. A solução funciona 100% pela web e tem o software

Enterprise Resource Planning (ERP). O sistema pode ser personalizado de acordo com as necessidades da empresa.

www.nl.com.br

Sempre ligado O MGE Galaxy 3500 é um nobreak trifásico para datacenters de pequeno porte e ambientes industriais, e é indicado para aplicações no segmento de 10 a 30 kVA. O equipamento tem chapa frontal de aço de 2 mm e chapa superior Nema 12/IP51 que protegem o nobreak contra manipulação brusca, sujeira e líquidos derramados. Além disso, o MGE Galaxy 3500 tem filtros de ar facilmente substituíveis que impedem que o pó e os detritos afetem seu desempenho. O equipamento tem um computador de desvio (bypass switch) para manutenção acessível pela frente da unidade e cabo duplo de entrada/saída, que permite a conexão a duas entradas de energia. www.apc.com

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A impressora Pixma Pro 9000 mk II da Canon permite imprimir em papéis fotográficos, cartão ou tela com espessura de até 1,2 mm. O equipamento tem oito tinteiros single ink, incluindo tintas vermelha e verde, que minimizam o desperdício de tinta e reduzem os custos de impressão. A impressora traz configurado o Easy-PhotoPrint Pro, software de edição de imagens da Canon, que permite dispor várias d á imagens e ajustar definições de impressão a partir de um único visor.

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P R O D U T O S E S E RV I Ç O S

Lava, seca e mais um pouco As lavadoras e secadoras de piso BR 30/4C e BD 530 BAT da Kärcher são adequadas para usoo em espaços físicos que demandam grande agilidade e eficiência em sistemas de limpeza. As lavadoras fazem m também a função de secadoras em uma única operação, ração, tornando a limpeza mais rápida e eficaz. A BR 30/4C, além de lavar e secar, também pode ser utilizada como aspirador de pó e enceradeira, até mesmo em locais de difícil acesso. A BD 530 BATT lava e aspira em uma única passada e tem rodo de sucção ajustável. www.karcher.com.br

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S Scanner pportátil

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A Scansystem traz para o Brasil o scanner portátil t DocuPen Xtreme X05 Bluetooth. O aparelho, que B foi f desenvolvido a partir do conceito de scanner canec ta, t tem processador de 200 MHz, 64 MB de memória M RAM R e slot para expansão de d memória microSD. O scanner permite a digitalis zação de aproximadamente z 80 8 páginas por carga e sua bateria é recarregável via b USB. O produto inclui uma U interface Bluetooth para i conexão com aparelhos c Blackberry ou Smartphone B com Windows Mobile, lapc tops ou outros equipament tos. t A qualidade de imagem pode p chegar a até 600 dpis, utilizando tecnologia Plau non Crystal Line Contact n (PCLC). O scanner pesa 71 ( gramas, tem 22 centímeg tros t de comprimento e 1,3 centímetro de espessura. c

wwww.scansystem.com.br

Missões críticas O servidor Primequest 1800E da Fujitsu é um equipamento adequado para atualização de sistemas corporativos de missão crítica e banco de dados de larga escala. O equipamento vem com processador IntelXenon série 7500 de oito núcleos e com os sistemas operacionais Red Hat Enterprise Linux e Microsoft Windows Server. O Primequest utiliza CPUs e sistemas operacionais open system, o que torna o servidor compatível com a maior parte dos softwares e hardwares de mercado. O servidor tem funcionalidade de “I/O Flexível”, que permite que os usuários combinem livremente numerosas placas de sistema montadas com CPUs e chips de memória com diversas unidades de I/O. O Primequest 1800E tem uma fonte de alimentação com eficiência energética certificada 80 Plus Gold, o que possibilita uma redução de 30% no consumo de energia. www.primequest.com.br

Do planejamento ao reporte O software IBM Cognos Express permite às empresas fazer o planejamento, a análise orçamentária e o reporte de desempenho de forma integrada. A solução tem ainda ferramentas que simulam cenários, fazem análises e painéis gráficos sobre as informações corpora-

tivas. O software é indicado para empresas de pequeno e médio portes que tenham entre 100 e 500 funcionários. O IBM Cognos Express é vendido nas versões Reporter, Advisor e Xcelerator. A solução pode ser testada gratuitamente por 30 dias. www.ibm.com.br


PHOTOSTOGO

Telefonia virtual A Locaweb lança sistema de serviços de PABX Virtual e Call Center Virtual pré-pagos. Com as novas soluções, as empresas podem acompanhar seu consumo pelo painel de administração dos serviços e, com isso, controlar melhor os gastos telefônicos. O Call Center Virtual permite ainda monitoramento on-line do status dos ramais e gerenciamento de salas de teleconferência, configuração de serviço de recepcionista virtual para empresa e de monitoramento on-line de filas de atendimento. A solução vem com a licença grátis do aplicativo softphone, o que permite ao usuário fazer chamadas telefônicas a partir de um computador.

www.locaweb.com.br

A Microsoft Brasil lança a webcam LifeCam HD-5000, que permite filmagem em alta definição com 720 dpis formato widescreen, foco automático para garantir a captura de vídeo mais precisa e a tecnologia Microsoft TrueColor para garantir cores mais vivas e nítidas. Outro lançamento da Microsoft é o mouse Wireless Mobile Mouse 3500. O equipamento tem a tecnologia Bluetrack, que possibilita o controle de alto nível em praticamente qualquer superfície e tecnologia sem fio de 2,4 GHz, permitindo um alcance de até 9 metros. O preço sugerido da LifeCam HD-5000 é de R$ 219 e o do Wireless Mobile Mouse 3500 é de R$ 99. www.microsoft.com

Clima ideal A JactoClean lança linha de Motobomba para climatização de empresas. Este equipamento é responsável pelo bombeamento e geração de pressão da água que, quando adaptado a climatizadores ambientais evaporativos, reduz a temperatura, aumenta a umidificação e melhora a qualidade do ar no ambiente. O produto ainda auxilia na precipitação do pó e controla a eletricidade estática. A Motobomba é acionada através de um motor elétrico e necessita de um reservatório, torneira ou ponto de abastecimentoo de água em sua proximidade. O produ produto está disponível nível nos seguintes modelos: MBC C 10/1500, MBC 11/1700, MBC C 26/500 e MBC 42/500.

www.jactoclean.com.br n.com.br

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Acessórios de precisão

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DINÂMICA EMPREENDEDORA

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Corações e mentes de obra

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Percebo que a dinâmica das empresas cada vez mais se encaminha para valorizar a inovação como um diferencial de competitividade. Iniciemos trazendo um conceito de inovação: é o processo que inclui as atividades técnicas, concepção, desenvolvimento, gestão e que resulta na comercialização de novos (ou melhorados) produtos, ou na primeira utilização de novos (ou melhorados) processos. Entretanto, quando pensamos em inovação o que tomamos de modelo é o novo. Mas não qualquer novo (que somente represente melhoria), mas um que gere surpresa e encantamento. Pensamos em inovar como uma ação que vai revolucionar o mundo que vivemos. Embora isto ocorra e seja chamada de inovação por ruptura, ela envolve a quebra de paradigmas. Em sua essência é radical. Muitas vezes cria um novo mercado ou um novo segmento. Embora significativa, não é algo que acontece no cotidiano e exige elevados investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Quando analisamos o ambiente das pequenas e médias empresas parece-nos muito mais apropriado e com ganhos mais rápidos se enfocamos uma inovação incremental que se traduza na busca de aperfeiçoamento constante ou melhoria contínua. Nestas circunstâncias, décimos de segundo ou economia de centavos quando colocados num processo de longo prazo podem gerar ganhos significativos. E os investimentos na maioria das vezes são muito pequenos. Penso que mudar alguns paradigmas das empresas poderia contribuir muito. Aliás, não das empresas, mas de seus dirigentes e colaboradores. Até porque pessoas mudam paradigmas, coisas são mudadas. Quando escuto: as empresas são hierarquizadas e rígidas, traduzo por: as pessoas que compõem esta empresa acreditam que o modelo hierarquizado e rígido é mais eficiente. Este é um primeiro paradigma a ser mudado. Entender que as empresas são constituídas por pessoas que têm mentes, corações e mãos. Nesta perspectiva poderíamos contratar mais que mão de obra. Poderíamos

contratar corações e mentes de obra. Permitir que o potencial criativo do ser humano se manifestasse no ambiente das empresas. Um funcionário me descrevia o que tinha escutado quando foi levar uma sugestão de melhoria para seu chefe. “Você deve estar com muito tempo disponível para poder ter ideias. Acho que preciso lhe arrumar mais trabalho.” Como se criatividade e trabalho não pudessem conviver em harmonia. Outro paradigma a ser revisto implica em pensarmos que o simples é o correto. Há uma anedota que diz que, durante a corrida espacial, os engenheiros americanos do projeto Apolo gastaram milhões de dólares para desenvolver uma caneta que pudesse funcionar em um ambiente sem gravidade. Os russos usaram lápis. Isto remete à essência da inovação: fazer mais com menos. Ou seja, obter um resultado superior com menor custo e em menor tempo. No cerne da armadilha que embota a criatividade e, por conseguinte, a inovação está no modelo de estrutura de trabalho que adotamos. Na essência ainda usamos um modelo “taylorista” onde concepção do trabalho e execução do trabalho são ações independentes. Alguns privilegiados pensam o trabalho e uma massa operária realiza o trabalho. Pesquisas mostram que mesmo em empresas que necessitam de um rigoroso sistema de regras, sistemas e procedimentos, como, por exemplo, uma usina nuclear, a organização do trabalho prescrita pelos desenvolvedores dos métodos não pode ser aplicada ao pé da letra. A organização prescrita tem que ser reinterpretada e reajustada pelos operários, técnicos e mestres. Quando transpomos este exemplo para um simples ambiente empresarial de uma loja ou pequena indústria, podemos identificar uma armadilha à inovação. Os proprietários, apoiando-se numa longa experiência de produção ou comércio, acreditam que possuem o domínio perfeito de seu negócio e afirmam ter atingido as melhores rotinas ou processos. Embora sua experiência tenha um inestimável valor, seus anos distantes da produção ou das vendas do balcão podem não servir mais como o melhor

por Luiz Fernando Garcia

Consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br

conhecimento operacional. Minha sugestão é que utilizassem sua vasta experiência para efetuar as melhores perguntas que pudessem gerar um corpo de ideias inovadoras. Até porque depois que alcançamos a certeza de que dominamos o negócio, paramos de questionar se existem outras formas de se realizar o trabalho. Muitos empresários percebem as discordâncias entre o que foi planejado e o que foi executado, mas erroneamente atribuem isto a manifestações de indisciplina ou a comportamentos inadequados que beiram a irresponsabilidade. Ledo engano. As discrepâncias são geradas por uma coisificação das relações interpessoais. São oriundas de uma dificuldade psicológica, onde em algum nível os colaboradores sabem que estão fraudando o que foi prescrito. Mas, na grande maioria das vezes, não o fazem porque são maus trabalhadores, mas porque querem dar sua contribuição significativa àquela empresa. Quando pensar em inovação em sua empresa vá além da técnica e da ciência. Pense em termos de psicodinâmica do negócio. Busque uma postura indicada pelo psicólogo Carl Rogers e sua abordagem centrada na pessoa: “Os líderes que confiam nos membros da equipe, que compartilham e difundem o controle e que mantêm comunicação livre e pessoal, conseguem melhor moral, organizações mais produtivas e facilitam o desenvolvimento de novos líderes”. Arrisque-se a utilizar as mentes e corações disponíveis para inovar em sua empresa. Bom trabalho!


LEITURA

Obra traz dicas práticas para administrar a vida profissional Consultora de negócios com mais de duas décadas de experiência, Karen Otazo já orientou diretores de multinacionais em todo o mundo e integra a Society for Organizational Learning, entidade norte-americana que busca o desenvolvimento de pessoas e empresas. Em 60 verdades para administrar sua carreira, ela compartilha as lições de sua trajetória profissional e oferece conselhos válidos para executivos em todas as fases da carreira. A obra parte da premissa de

que a vida profissional funciona como jogo, com suas próprias regras e diretrizes. Através de orientações objetivas e práticas, Karen ensina, entre outras coisas, a se apropriar do cargo sem passar por cima de ninguém, a importância de saber se comunicar de maneira correta e como não se expor demais ao começar em um novo emprego. Previamente testados e aprovados, os conselhos são ilustrados com histórias reais de empresas orientadas pela autora.

60 verdades para administrar sua carreira Karen Otazo – Editora Sextante – R$ 19,90

“Feche a boca e não confie em ninguém: quanto menos você falar, mais aprenderá.” “Seu chefe pode ajudar a construir sua reputação ou destruíla completamente.” “As pessoas adoram que peçam a opinião delas.” “O bate-papo é um lubrificante social.” “Sua área de trabalho reflete quem você é (e quem quer ser).” “Os obstáculos profissionais existem para serem negociados.” “Saber priorizar significa equilibrar urgência e importância.” “Para causar uma boa impressão quando falar, você precisa de pausas e impulsos.” “Ser promovido significa abrir mão do passado.” “Quando você não tiver mais espaço, está na hora de se mudar.” “Boas cercas fazem bons vizinhos: seja claro em relação a cargos e responsabilidades.” “O fator bem-estar conquista o comprometimento dos outros.”

Juntando as peças – Liderança na prática Maércio Rezende – Editora Saint Paul – R$ 39

Habituado a liderar grandes empresas – foi, entre outros, CEO da Sygenta Brasil, América Latina, Oriente Médio e África –, Maércio Rezende defende a integração entre recursos humanos e liderança corporativa. Na obra, o executivo relaciona os fatores fundamentais para uma liderança efetiva, como a abordagem integrada, as capacidades de escolha e a administração dos modelos de gestão visando o desenvolvimento do potencial das pessoas e das organizações. “Os verdadeiros líderes são os que sentem sobre os seus ombros a responsabilidade do futuro das organizações que dirigem e fazem disso uma de suas prioridades”, exemplifica Rezende.

Indicadores de gerenciamento de projetos Armando Terribili Filho Editora M.Books – R$ 39

O livro aborda os indicadores de monitoração de projetos para qualquer área do conhecimento humano, contemplando o conceito e a aplicação de ferramentas que podem ser utilizadas durante a execução de um projeto ou após a sua conclusão. O autor apresenta os indicadores usuais do mercado, que são utilizados em várias organizações, e também mostra de forma didática como uma empresa pode criar seus próprios indicadores de projetos. Inclui exemplos práticos e reais do mundo de projetos, a fim de auxiliar os leitores no uso eficiente de indicadores.

Gente não é salame!

Marcelo Silva – Clio Editora – R$ 34,90 Atual diretor-superintendente do Magazine Luiza, Marcelo Silva mostra como fazer a diferença na montagem de equipes coesas, motivadas e em constante desenvolvimento. A obra reúne as “ideias transformadoras” do autor, que resultaram na obtenção de bons resultados, tanto no comando da rede Casas Pernambucanas, entre 2002 e 2009, como em cargos na empresa de auditoria Arthur Andersen e no grupo varejista Bom Preço, onde atuou por mais de duas décadas. De modo direto e objetivo, o livro pretende ajudar os líderes a conciliar a busca por excelentes resultados sem abrir da felicidade e realização de todos os colaboradores envolvidos.

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O jogo da carreira

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ANÁLISE ECONÔMICA

CASA DA PHOTO

A volatilidade do mercado acionário

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É importante ter em mente que, ao investir na bolsa de valores, fica-se exposto à oscilação dos preços das ações

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O ano de 2010 tem dado amostras de como a volatilidade está presente no mercado acionário. O pequeno investidor, ao ver uma expressiva alta no preço das ações (ano passado o índice Ibovespa se valorizou aproximadamente 83%), fica tentado a buscar na bolsa de valores um retorno muito acima do que conseguiria na renda fixa. O grande problema é que muitos desses investidores acabam entrando no mercado financeiro tentados pelos ganhos exuberantes a curto prazo, e negligenciam que o mercado acionário é caracterizado por fortes oscilações. Este ano, por exemplo, presenciamos movimentos de fortes quedas nas bolsas de valores. O investidor inexperiente, ao ver uma desvalorização de 15% em duas semanas, sente-se ameaçado e acaba realizando o prejuízo motivado pelo medo de perder mais. Para entendermos a volatilidade do

mercado acionário, devemos levar em consideração a psicologia dos agentes econômicos. Faz parte da natureza do ser humano acreditar que uma situação que está boa vai melhorar. O inverso também é válido, e num momento de pessimismo as pessoas acham que as coisas vão piorar. É a famosa teoria da “inércia”. Em momentos de crises, ou de altas astronômicas, a irracionalidade econômica passa a vigorar no mercado e as pessoas passam a vender e comprar ações única e exclusivamente pela expectativa de continuidade da tendência de mercado, e não baseada em fundamentos, sejam eles da empresa, econômicos, políticos, etc. É importante ter em mente, portanto, que ao ingressar no mercado acionário, o investidor estará exposto à oscilação dos preços das ações. E como bem vimos nos últimos anos, a linha que

separa o céu do inferno é mais fina do que muitos imaginam. Com os mercados mundiais interligados e dependentes uns dos outros, os movimentos nas bolsas de valores estão cada vez mais rápidos e intensos. Pelo fato do “dinheiro” ser hoje globalizado, qualquer acontecimento local acaba gerando impactos em escala mundial. O atual nível de complexidade dos produtos financeiros, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias (hoje o investidor pode enviar uma ordem de compra ou venda de seu celular, por exemplo), também contribuem para a propagação destes impactos. Por fim, o montante a ser investido tem de ser um valor que não cause pânico para o investidor em períodos de forte oscilação. E o horizonte de investimento deve ser sempre de longo prazo.

por João Pedro Brugger Martins Profissional da Leme Investimentos


Nome Ação Agre Emp Imo All Amer Lat Ambev B2W Varejo BMF Bovespa Bradesco Bradespar Brasil Telec Brasil Braskem BRF Foods CCR Rodovias Cemig Cesp Cielo Copel Cosan CPFL Energia Cyrela Realty Duratex Ecodiesel Eletrobrás Eletrobrás Eletropaulo Embraer Fibria Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Itausa ItauUnibanco JBS Klabin S/A Light S/A Llx Log Lojas Americ Lojas Renner MMX Miner MRV Natura Net OGX Petróleo P. Açúcar-CBD PDG Realt Petrobras Petrobras Redecard Rossi Resid Sabesp Sid Nacional Souza Cruz Tam S/A Telemar N L Telemar Telemar Telesp Tim Part S/A Tim Part S/A Tran Paulist Ultrapar Usiminas Usiminas Vale Vale Vivo

Tipo Ação ON UNT N2 PN ON ON PN PN PN ON PNA ON ON PN PNB ON PNB ON ON ON ON ON ON PNB PNB ON ON ON PN PN PN PN PN ON PN ON ON PN ON ON ON ON PN ON PNA ON ON PN ON ON ON ON ON PN PNA ON PN PN ON PN PN PN ON PNA ON PNA PN

Inflação (%)

Até 26/05

Participação Bovespa

Maio

Variação % Ano

0,986 1,295 0,963 0,614 4,668 3,289 0,885 0,452 1,933 0,535 2,120 0,725 1,451 0,787 2,026 0,661 0,754 0,595 1,806 0,639 0,766 1,024 0,862 0,679 0,935 1,921 1,632 0,855 3,242 1,032 100,000 2,494 3,809 0,913 0,451 0,549 0,926 1,100 1,116 1,029 1,028 0,873 0,855 2,499 0,747 1,091 2,598 9,993 1,842 1,091 0,394 2,340 0,532 0,833 0,287 0,280 1,103 0,197 0,170 0,940 0,282 0,561 0,601 2,612 2,688 10,246 0,800

-10,2 -11,5 0,4 -23,9 7,9 -10 -12,8 -4,1 -12,7 -19,6 0,5 -10,5 -5,5 -14,9 -11,8 -6,8 -8,9 2,6 -9,9 -0,6 -27,8 -8 -7,5 -12,7 -1,3 -18,9 -9,7 -11,6 -18,8 -14,7 -10,9 -8,1 -11,9 -11,6 -12,2 -10,4 -11,9 -10,3 -2 -19,7 -0,8 -0,2 -7,6 -8,3 -7,4 -6,6 -15,4 -16,9 -5,4 -2,1 -1 -16,6 0,7 -18,5 7 1 2 1,6 9 3,5 -2,6 -1,5 -24 -21,6 -12,5 -14,9 8,7

-14,1 -1,5 -38,7 1,7 -13,2 -9,3 -36,1 -9,8 -28,2 0,6 -9,2 -4,8 -10,9 0,6 -10,1 -21,3 7,3 -22,8 -2,5 -23,9 -12,7 -11,5 -2,9 6,7 -28,4 -23,5 -13,8 -20,7 -22 -12,2 -5,2 -12,8 -22,5 -8,5 -12,1 -28,1 -25 9,4 1,8 -13,4 3,9 -21 -7,1 -14,7 -13 -24,5 -25,2 -3 -17,8 -3,4 -3,9 20,6 -34 -20 -22,9 -20,1 -14,3 -7 -5,9 -8,7 2,3 -16,9 -10,7 -5,5 -5,4 -3,8

Índice

Abril

Ano

IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

0,77 0,72 0,57 0,39

3,57 3,49 2,65 2,84

Juros/Aplicação (%) CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Abril

Ano

0,66 0,67 0,50 1,47

2,69 2,71 2,10 11,29

Indicadores Imobiliários (%) CUB SP TR

Abril

Ano

0,17 0,04

0,65 0,06

Juros/Crédito (%) 27/Maio

26/Maio

Desconto 1,76 Factoring 3,97 Hot Money 3,29 Giro Pré (taxa mês) 1,97

1,75 3,97 3,28 1,96

Câmbio

Até 27/05 Cotação

Dólar Comercial Ptax Euro Iene (US$ 1,00)

R$ 1,8328 US$ 1,2356 $ 90,9500

Mercados Futuros Dólar Juros DI

Junho

Julho

R$ 1.821,03 9,39%

R$ 1.833,40 9,84%

Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro

28/05 62.295

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Carteira Teórica Ibovespa

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AGENDA

De 22 a 24/06/2010

MODA DOS PEQUENOSS

Exposuper – Feira de Produtos e Serviços para Supermercados e Convenção Catarinense de Supermercadistas Complexo Expoville – Joinville – SC www.exposuper.com.br

De 22 a 25/06/2010

Mais de 150 expositores de moda infanto-juveenil apresentam as novidades e tendências das cooleções primavera-verão 2010/2011 dos segmentoss de confecção, calçados e acessórios. A feira dis-ponibiliza aos visitantes vans gratuitas que fazem m o transporte do Expo Center Norte até o terminal al rodoviário do Tietê.

PHOTOSTOGO

FIT – Feira Internacional do Setor Infanto-Juvenil e Bebê Expo Center Norte São Paulo – SP www.fit016.com.br

A Exposuper é uma feira de produtos e serviços para supermercadistas promovida pela Associação Catarinense de Supermercados (Acats). Durante o evento é realizada a convenção catarinense de supermercadistas e a entrega do prêmio Acats Exposuper para fornecedores e supermercados que se destacaram no setor em 2009. São esperados 15 mil visitantes.

De 29/06 a 1º/07/2010 De 16 a 19/06/2010 De 15 a 19/06/2010

Feicorte – Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo – SP www.feicorte.com.br

A Feicorte traz para São Paulo as principais empresas dos segmentos de genética, saúde e nutrição animal e fornecedores de máquinas e equipamentos para frigoríficos. Durante o evento são realizados workshops e conferências sobre o setor, além de julgamentos e leilões de bois.

Metalplast – Feira de Metalmecânica e Plástico Parque de Exposições Tancredo Neves Chapecó – SC www.feirametalplast.com.br

A quarta edição da Metalplast reúne os principais fornecedores de equipamentos para siderurgia, mecânica e fundição. A feira é exclusiva para industriais, comerciantes e técnicos do setor. São esperados 20 mil visitantes.

Transposul – Feira e Congresso de Transporte e Logística Centro de Exposições Fiergs Porto Alegre – RS www.transposul.com

A Transposul apresenta soluções em logística, infraestrutura, implementos rodoviários, movimentação e armazenagem. Durante o evento são realizadas palestras sobre perspectivas e tendências políticas e econômicas do Brasil, sustentabilidade e responsabilidade social.

De 5 a 8/07/2010 De 19 a 22/06/2010

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De 16 a 18/06/2010

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ExpoCafé Fazenda Experimental da Epamig Três Pontas – MG www.expocafe.com.br

A ExpoCafé é considerada a maior feira brasileira sobre café. Pesquisadores e fornecedores de equipamentos apresentam novos produtos e soluções para a cafeicultura nacional. A ExpoCafé é um evento de extensão universitária realizado desde 1998 pela Universidade Federal de Lavras.

Expo Parques e Festas 2010 Expo Center Norte São Paulo – SP www.expoparquesefestas.com.br

A Expo Parques e Festas é uma feira de produtos e serviços para parques temáticos, bufês e festas. Durante o evento é realizado o Encontro Nacional de Decoradores de Festas Infantis e a Mostra de Decoração de Mesas para Festas. Paralelamente à Expo Festas é realizada a Natal Show, feira internacional de artigos e decoração de Natal.

Francal – Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios Pavilhão de Exposições Anhembi São Paulo – SP www.feirafrancal.com.br

Mais de 1 mil expositores brasileiros e do exterior apresentam novidades em calçados e acessórios de moda. A feira é exclusiva para lojistas, importadores e estilistas do setor. A Francal é realizada pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac). São esperadas mais de 55 mil pessoas.


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