Empreendedor 210

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PANORAMA: NEGÓCIOS DA NOITE

FRANQUIA: FORMAçãO DE FRANQUEADORES

www.empreendedor.com.br

R$ 9,90

IS SN 1414-0 152

ANO 18 N o 210 ABRIL 2012

Prato cheio Com o brasileiro comendo mais fora de casa, cresce e se diversifica o mercado de alimentação

INOVAçãO: O QUE TEMOS A APRENDER COM OS ENSINAMENTOS DO MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY


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edi to ria L

Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@empreendedor.com.br] – Repórteres: Ana Paula Meurer, beatrice gonçalves, cléia schmitz, Mônica Pupo, Raquel Rezende – Edição de Arte: gustavo cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, carlos Pereira e shutterstock – Foto da capa: shutterstock – Revisão: lu coelho Sedes São Paulo Diretor: fernando sant’Anna borba – Executivo de Contas: Osmar Escada jr – Rua Pamplona, 1.465 – Conj. 74 – 01405-002 – Jardim Paulista – Fone/Fax: (11) 38872193 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: joana Amorim [anuncios@ empreendedor.com.br] – Rua Padre Lourenço Rodrigues de Andrade, 496 – Santo Antônio de Lisboa – 88050-400 – Florianópolis – SC – Fone: (48) 3371-8666 Central de Comunicação – Rua Anita Garibaldi, nº 79 – sala 601 – Centro – Florianópolis – SC – Fone (48) 3216-0600 [comercial@centralcomunicacao.com.br] Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de souza [milla@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – 4º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fones: (21) 2611-7996/9607-7910 Brasília Ulysses comunicação ltda. [ulyssescava@ gmail.com] – Fones: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 71680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 3 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Nenê Zimmermann [nene@starteronline.com.br.com.br] e Renato Zimmermann [renato@starteronline.com.br.com.br] – Floresta – 90440-051 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3327-3700 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – sérgio bernardes de faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80 à vista. Renovação de Assinatura R$ 112,86 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h30. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora cTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações ltda – são Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende

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az tempo que comer fora de casa deixou de ser um luxo, ou simplesmente um programa de lazer. com o brasil cada vez mais urbanizado, índice de emprego em alta e cidades com trânsito caótico, onde geralmente são necessários longos deslocamentos do lar ao trabalho, alimentar-se fora de casa passou a ser uma obrigação. Ainda mais se levarmos em conta que as mulheres também estão no mercado de trabalho, e não mais em casa, preparando refeições, lancheiras e marmitas. Além disso, mais empregos significam mais renda, e com maior poder de consumo classes antes desfavorecidas agora experimentam novos sistemas de refeição. Os números comprovam o bom momento do ramo de alimentação fora de casa. Em 2011, esse mercado movimentou R$ 215 bilhões, representando alta de 17,8% em relação ao ano anterior, segundo a EcD consultoria em food service – para 2014, a projeção é crescer pelo menos 25%, atingindo R$ 270 bilhões, respondendo por 38% dos gastos com alimentação. somente redes de franquias movimentaram R$ 17,5 bilhões, 14,5% a mais do que em 2010. Não há dúvidas de que esse é um mercado crescente. A reportagem de capa deste mês apresenta suas características e as estratégias das empresas da área para conquistar e fidelizar clientes, melhorar produtos e serviços, otimizar processos e reduzir custos e perdas para melhorar seus resultados. faça seu prato. Alexsandro Vanin

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A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

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nesta edi ç ã o

14 | tá na mesa Com o Brasil cada vez mais urbanizado, e cidades com trânsito caótico, onde geralmente são necessários longos deslocamentos do lar ao trabalho, alimentar-se fora de casa deixa de ser uma opção de lazer para ser uma obrigação. A reportagem de capa deste mês apresenta esse mercado crescente, com suas características, e as estratégias das empresas da área para conquistar e fidelizar clientes, aperfeiçoar produtos e serviços, otimizar processos e reduzir custos e perdas para melhorar seus resultados. Confira os exemplos. 20 | Vivenda do Camarão Rede de restaurantes investe em produtos de alto valor agregado para cair no gosto do público

22 | Seletti Inovações periódicas no cardápio de refeições completas que promovem a saúde e o bem-estar

40 | Tributação A vida à beira do Simples

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LEIA TAMB ÉM

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NÃO DURMA NO PONTO franquias PRODUTOS E SERVIÇOS empreendedorismojá.com megafone

60 62 63 64 66

24 | bob’s Tradicional rede de fast-food, o Bob’s põe uma pitada de tempero brasileiro no hambúrguer

banho de loja leitura pense grande análise econômica AGENDA

Empresas de diversas áreas não podem aderir ao Simples e contar com suas facilidades. Resta escolher entre a tributação por lucro presumido ou lucro real. Descubra qual é a melhor opção para a sua empresa


46 | Perfil Nina Lahaliyed, da Brou’ne

08 | Entrevista Fábio Calcini O sócio do Brasil Salomão e Matthes Advocacia fala sobre planejamento tributário e como essa ferramenta é essencial para a competitividade nos negócios.

Uma simples forma de matar a saudade da família pode se transformar em um negócio de sucesso? Descubra como lendo a história da americana Nina e sua cobiçada franquia de brownies.

42 | Inovação Ensinamentos do MIT

26 | Tecnologia Sistemas de identificação

34 | panorama Balada empreendedora

50 | Franquias Formação de franqueadores

As tecnologias de identificação, como QR Code, RFID e códigos de barra, beneficiam a economia de ponta a ponta, do produtor ao cliente de varejo. Elas oferecem segurança para o consumidor e reduzem custos e perdas na cadeia produtiva. Confira os usos possíveis e outras vantagens.

Apesar de vender diversão, o negócio de bares e casas noturnas exige muita disposição dos empreendedores e planejamento e seriedade na gestão. Mas é um mercado garantido por 39% da população brasileira, que prefere gastar com entretenimento do que poupar o dinheiro que sobra.

Em contínua expansão, o mercado de franchising tornase mais competitivo e exige profissionais especializados na área de administração de redes de franquias. Confira opções para empresários e executivos se capacitarem, de cursos de formação à pós-graduação.

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Universidades e institutos de pesquisa podem ajudar empresas a inovar? No exemplo do MIT, mais do que isso. Ele gera empresas sólidas e competitivas, firmadas na cultura do empreendedorismo e da inovação, que juntas têm uma receita mil vezes maior do que o investimento do instituto.

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NÃO DURMA NO P ONTO

MUDE! MAS MUDE DE VERDADE Parmênides dizia que “toda mudança é ilusória”. Assim, de bate-pronto, talvez você não concorde com a frase. Mas ele tem dois fatores a seu favor. Primeiro: ter sido o filósofo mais influente da Grécia Antiga, no período pré-socrático, nos idos de 530 a.C. Segundo: a opinião dos funcionários de muitas empresas, certos de que as mudanças organizacionais “acabam sempre em pizza”. Ou seja, tudo volta como dantes na velha casa de Abrantes. Lá no passado, porém, na mesma Grécia e em época semelhante, surgiu outro filósofo, que estremeceu a hegemonia de Parmênides. Seu nome é Heráclito. Sua máxima: “Ninguém se banha no mesmo rio duas vezes”. Para Heráclito, tudo flui e está em permanente mudança. E um dos rios de hoje é a internet, que muda a cada instante e já não é a mesma desde que você começou a ler este artigo. Pense por alguns segundos antes de prosseguir: de que lado você está? De Parmênides ou de Heráclito?

Os dois tipos de mudança

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Queremos mudar as coisas! Uma nova sede, uma nova máquina, uma nova logomarca, um novo gerente, uma nova filial, um novo parceiro de negócio. Se considerarmos esses eventos como mudança,

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Enquanto não mudarmos o modo como vemos as coisas, não conseguiremos uma mudança de percepção, definitiva. E tudo tende a ficar exatamente como sempre foi

estaremos inclinados a concordar com Heráclito, pois essas coisas implicam novas situações e condições. A cada ano um novo rio; a cada rio, um novo banho. Mas essa, a das novidades, é uma mudança do tipo um. Ela muda as coisas, mas não o modo como vemos as coisas. Ou seja: podemos migrar para uma nova sede, adquirir uma nova máquina, mudar a logomarca da empresa, contratar um novo gerente, abrir uma nova filial e conquistar um novo parceiro de negócios, sem alterar nossa mentalidade. Se considerarmos esse aspecto, teremos de concordar com Parmênides: “Toda mudança é ilusória”. Enquanto não mudarmos o modo como vemos as coisas, não conseguiremos uma mudança do tipo dois. E tudo tende a ficar exatamente como sempre foi.

O desafio da mudança

Segundo os cientistas, uma pessoa normal tem 60 mil pensamentos por dia, dos quais 95% são iguais aos que lhe passaram pela cabeça um dia antes. Sem nenhuma grande diferença do que ocorreu em sua mente no passado, ou seja, há uma semana, um mês ou um ano. A palavra ‘tipo’ nos remete a letra,

sinal, e ‘estéreo’ nos remete ao que é sólido. Então ‘estereótipo’ são os nossos sinais tornados sólidos, cristalizados. E, lamentavelmente, não são poucos os estereótipos que nos governam. E isso tudo nos faz crer em Parmênides, quando diz que toda mudança é ilusória.

A magia da mudança

Mas há outra questão a considerar. A de que, sim, a realidade está mudando o tempo todo. Heráclito está certo quando diz que a mudança é contínua. Mas nem sempre nos damos conta disso. Uma empresa pode vivenciar um processo de envelheci-


de líderes visionários que conseguem enxergar novos produtos e novos mercados antes que estejam disponíveis. Tome como exemplo a Sony, com a história do walkman, ou da Apple com os seus produtos i. Ou de empresas brasileiras como a Natura, o Habib’s e a Cacau Show, que souberam criar novos mercados.

A força da fé

Mudança de verdade sempre será um ato de fé. Algo precisa acontecer na qualidade da nossa percepção, antes que ocorra na realidade. E isso implica acreditar. Dificilmente conseguimos enxergar algo se não acreditarmos que aquele algo exista. Nem sempre é fácil enxergar. Nossos estereótipos estão mais presentes do que podemos imaginar e eles nos impedem de ver a realidade como ela é. Mas, uma vez vista, encontramos o que é preciso, sem ter de procurar. Exemplificando: se você quer que a sua empresa seja próspera, não vai adiantar mudar as coisas – ampliar a sede, comprar equipamentos ou instalar um novo software de informações gerenciais. O que você vai precisar fazer é mudar a sua percepção do que seja prosperidade. Mudar para valer exige que você enca-

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

re quatro desafios à sua liderança: 1) Desenvolver a visão sistêmica sobre a dinâmica da mudança, compreendendo os seus dois tipos. 2) Não se deixar enganar por suas percepções estereotipadas, ou seja, acreditar que elas representam a verdade. 3) Assumir que você é, antes de tudo, um gestor de percepções. Tem de alcançar a zona do conhecimento, enquanto se afasta da zona da ignorância. 4) Diminuir o gap entre a realidade e percepção. E isso é um movimento nos dois sentidos: de perceber a realidade e de tornar real a sua percepção.

Afinal, quem está com a razão?

Parmênides tem razão: ele se refere à mudança do tipo um, aquela que muda as coisas, mas não o modo como vemos as coisas. E, portanto, toda a mudança tende a voltar à estaca zero. Heráclito tem razão: ele se refere à mudança do tipo dois, aquela que muda o modo como vemos as coisas e, nesse sentido, ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. Ainda que o rio seja o mesmo, quem se banha já não é mais a mesma pessoa. Quando mudamos a percepção, o mundo todo muda ao nosso redor. Junte a sabedoria de ambos e faça dos seus desafios de mudança uma contundente transformação!

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mento sem que seus diretores notem os sinais. Podemos chamar de zona da ignorância aquela situação em que o indivíduo nem sabe que não sabe. Vive confortavelmente sua santa ignorância. Alguns são arrastados pelos ventos tempestuosos da mudança e acabam se adaptando. Mas será sempre uma adaptação, sem que haja compreensão e aprendizado sobre as verdadeiras razões da mudança da realidade. Se por um lado a mudança é contínua, por outro, a mudança de percepção é repentina. Ou seja: de repente você se dá conta de que a sua empresa envelheceu, de que você não é mais aquele jovem atraente ou aquele líder persuasivo. É claro que todas essas coisas vêm acontecendo há algum tempo, mas você não tinha percebido. De repente, não mais que de repente, passa a ter um novo olhar sobre as coisas. E as coisas são devolvidas a você com novos significados. Essa é mudança do tipo dois, a verdadeira mudança. No oposto da zona da ignorância existe a zona do conhecimento. Nesta situação o indivíduo sabe que sabe. Ele consegue perceber a realidade e, muitas vezes, antes mesmo que a sua percepção tenha assumido uma forma concreta. É o caso

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e NTREVISTA

Um planejamento tributário bem elaborado permite reduzir a carga de impostos de forma lícita e sem riscos com o fisco por Raquel Rezende raquel@empreendedor.com.br

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Fábio Calcini

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O empreendedor brasileiro possui muitos encargos financeiros para administrar seu negócio. Essa constatação faz muitos empresários pensarem em diferentes estratégias para estar em dia com as taxas, impostos e tarifas, sem comprometer o bom andamento da empresa. É preciso elaborar análises específicas que atendam as particularidades do empreendimento com o propósito de desenvolver um planejamento tributário eficaz. Sem esse plano bem definido e colocado em prática, a empresa corre o risco de pagar multas e, consequentemente, comprometer o seu capital. O planejamento tributário, então, precisa ser cada vez mais específico e adequado com as peculiaridades da empresa. “Um plano tributário padronizado poderia levar a sérios riscos, especialmente a desconsideração do negócio jurídico, com a cobrança de tributos com juros e, muitas vezes, com multa de 150%”, alerta Fábio Calcini, advogado e professor de direito tributário. Na entrevista a seguir, o sócio do Brasil Salomão e Matthes Advocacia, escritório fundado há 42 anos, sendo o único a figurar no ranking das Melhores Empresas para Você Trabalhar, Você S/A – Guia Exame por cinco anos consecutivos, fala sobre a importância do planejamento tributário para o sucesso das empresas, orienta a evitar maiores perdas diante de um plano inadequado e dá dicas de como implantar um planejamento tributário adequado e eficiente.

o justo, e nada mais


Qual a importância para os negócios desenvolver uma estratégia tributária? Fábio Calcini – A pretensão de se utilizar de meios legais para economizar tributos se torna essencial à sobrevivência, muitas vezes, da empresa no mercado. Sem esta preocupação ela pode não ter condições de preço para competir com suas concorrentes. Pela sua experiência, a maioria das empresas costuma deixar de lado o planejamento tributário? Fábio Calcini – Acreditamos que não, embora ainda se tenha muito campo a ser explorado. Em verdade, com algumas mudanças nos requisitos para se reconhecer a legitimidade do planejamento tributário, as operações se tornaram mais complexas e exigentes. Se, depois de um tempo, a empresa constatar que está executando um planejamento tributário inadequado, há algo a fazer para evitar maiores perdas? Fábio Calcini – Se a empresa realizou uma conduta com o objetivo de economizar tributos de forma lícita, o que se tem é uma elisão fiscal, o que não é vedado. Pode ocorrer, no entanto, alguma conduta por orientação equivocada, daí a alternativa para quem não pretende esperar eventual fiscalização tributária é utilizar o instituto da denúncia espontânea, que permite o pagamento de tributos com juros, sem qualquer multa.

Utilizar meios legais para economizar tributos torna-se essencial à sobrevivência da empresa no mercado

Pensando em reduzir tributos, quais fatores devem ser levados em consideração no momento da execução de um planejamento tributário? Fábio Calcini – Atualmente é preciso esclarecer que, apesar das controvérsias jurídicas, não é possível praticar atos ou negócios jurídicos tendo como única finalidade a economia de tributos. Há a necessidade de se demonstrar que a operação jurídica realizada tinha outras razões, tais como de logística, de mercado, familiar, cambial, entre outros. Assim, há a necessidade de se ter a chamada motivação extratributária. Ainda dentro da perspectiva do planejamento tributário, é sempre relevante lembrar que todas as operações devem ser lícitas, verdadeiras e sempre embasadas em provas que demonstrem tais fatos. Além disso, a confecção e a execução de um planejamento tributário devem ser multidisciplinar e envolver pessoas de diversos setores (TI, RH, logística, entre outros), não podendo se restringir ao jurídico ou setor fiscal. As empresas costumam sofrer muitos prejuízos com o pagamento de multas? Fábio Calcini – Infelizmente, alguns planejamentos tributários estão sofrendo questionamentos, quando, então, o fisco imputa multa de 75% e, em diversos casos, a taxa pode chegar ao percentual de 150%. Acreditamos que não é razoável essa penalidade, pois em grande parte dos casos o contribuinte não age em desrespeito à lei, com total lisura e boa-fé. Existe alguma maneira de evitar ou amenizar as penalidades?

Fábio Calcini – Sim. Agir segundo a lei, com transparência, boa-fé, sem ocultar maliciosamente informações e documentos. Qual o caminho que a empresa deve percorrer para implantar um planejamento tributário adequado e eficiente? Fábio Calcini – Na atualidade, embora não se possa garantir a impossibilidade de questionamento do fisco, algumas dicas são relevantes: sempre agir em respeito à lei e com condutas já planejadas antes da ocorrência do fato gerador do tributo; preocupar-se com o fato de que toda a estrutura jurídica construída formalmente esteja em harmonia com a realidade, pois não bastam atos meramente formais; antes de executar o planejamento tributário, elaborá-lo juntamente com os diversos setores da empresa que possam ter relação com a operação a ser implementada, definindo procedimentos, prazos e responsáveis pela execução; acompanhar a execução do planejamento tributário a fim de constatar se aquilo que foi delineado na prática está sendo cumprido; não esquecer de documentar, por atos societários, laudos, perícias, pareceres, reportagens, estudos, entre outros, toda a operação realizada, arquivando em local de fácil localização em caso de fiscalização; avaliar e constatar a existência de alguma razão que não seja tributária que justificaria a operação e guardar provas destas razões.

LINHA DIRETA Fábio Calcini: www.brasilsalomao.com.br

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Na sua visão, toda empresa, independente do tamanho, deve fazer um planejamento tributário? Fábio Calcini – Sim. Em um país com uma alta carga tributária como o nosso, não há dúvida de que a busca pela redução da carga fiscal por meio de condutas lícitas é imprescindível. Isto porque o tributo, de uma maneira geral, não deixa de ser um “custo” para a atividade empresarial, sendo uma lição básica de gestão empresarial a redução de custos objetivando a maximização de resultados. O que, eventualmente, é diferente são os tipos de condutas que se deve tomar com o objetivo de reduzir a carga fiscal dependendo do porte da empresa, faturamento, regime tributário e atividade.

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emp ree nded o r es

David Reck – Enken Comunicação Digital

desejo honrado

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Nascido em uma família de empreendedores, aos 13 anos David Reck queria ganhar dos pais uma empresa de presente. A ideia era transformar suas atividades informais (desenvolvimento de trabalhos em BBS, a comunidade virtual precursora da internet) em um negócio de verdade. O sonho teve que ser adiado, mas nunca foi esquecido. Em 2004, depois de concluir Engenharia da Computação e realizar uma carreira meteórica em uma agência de publicidade, Reck fundou em São Paulo a Enken Comunicação Digital, agência especializada no desenvolvimento de soluções digitais corporativas. O empreendedor começou com o pé direito, fechando contrato com uma grande multinacional do ramo de alimentos. Um ano após a abertura do negócio, Reck já havia recuperado o investimento inicial – cerca de R$ 80 mil. O crescimento a cada ano tem sido acima dos 50%. A lista de clientes tem nomes como Kraft Foods, Lacta, Gafisa, Michelin, D’Avó Supermercados, Citizen, Alberflex, Carbono, E-closet e Sacaria Ouro Branco. David Reck conta que sempre buscou referências no mercado, histórias de sucesso e decisões tomadas por grandes empreendedores para entender e saber como crescer e consolidar sua marca. Para quem tem gosto pelo empreendedorismo, mas ainda morre de medo de se arriscar, ele aconselha: “Correr atrás da realização do seu sonho, sempre com os pés no chão, sem dúvida é o primeiro passo para o sucesso. Arriscar é importante e necessário para quem dese1 0ja crescer!”. www.enken.com.br


Kauê Linden – Hostnet

não tem Preço

VoCação naturaL O mineiro Tiago baeta, 27 anos, começou a explorar as possibilidades da internet ainda menino, aos 14 anos. E desde os 17 estimula milhares de profissionais a se prepararem para fazer o mesmo. baeta é diretor-executivo do Portal iMasters e cEO do grupo iMasters, criado em 2001 e com sede em Vitória. O portal é considerado uma referência em conteúdo de tecnologia da informação (Ti). com atualização diária, seu objetivo é trazer as principais novidades do setor a uma comunidade formada por profissionais e estudantes do mundo digital. Atualmente, o iMasters oferece mais de 15 serviços exclusivos, entre notícias, artigos e matérias técnicas. “somos a maior biblioteca de conteúdo gratuito para desenvolvedores do País e reunimos uma base de mais de 300 mil membros. Nossa luta é para formar mão de obra técnica qualificada para o mercado”, afirma o executivo. O iMasters também administra áreas de relacionamento entre desenvolvedores e produz material técnico para grandes empresas como ibM, UOl, Microsoft, hP e buscapé. O grupo ainda é o responsável pela realização do InterCon, evento anual que reúne em média 800 profissionais para apresentar e debater conteúdos inéditos sobre a web. baeta faz parte da lista de empreendedores que já na adolescência começaram a explorar ideias de negócios virtuais. Aos 14 anos, apaixonado por futebol, ele criou um campeonato virtual de torcidas, uma plataforma onde os torcedores discutiam sobre seus times. Em três dias, a página saiu do ar por ter sobrecarregado o servidor com alto volume de acessos. No mesmo ano, baeta montou o serviçosgrátis.com.br, um catálogo de produtos gratuitos encontrados na rede. O negócio se destacou entre os empreendimentos virtuais do final da década de 1990, mas ele decidiu encerrá-lo por dois motivos: havia um grande portal com a mesma proposta e era preciso dar vazão a uma nova ideia que não saía de sua cabeça, o iMasters. www.imasters.com.br

www.hostnet.com.br

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Tiago Baeta – iMasters

Empreendedor desde os 17 anos, o publicitário Kauê linden vai logo avisando: sua motivação para o trabalho é a mesma que tem para a diversão. É com esse espírito que ele acompanha a equipe de 80 colaboradores da hostnet, uma das cinco maiores empresas de hospedagem de sites do País, cujo portfólio de clientes atendidos já soma 50 mil nomes em dez anos de história. “Tenho prazer em empreender. É o que me permite escolher trabalhar com pessoas que gosto. Meus amigos mais presentes eu fiz no ambiente profissional”, afirma. Kauê lembra que a ideia de criar a hostnet nasceu há quase 15 anos quando ele começou a criar páginas para internet. Na época, ainda não havia provedores de hospedagem no brasil e as poucas empresas que vendiam hospedagem de sites em português revendiam serviços de empresas americanas. Kauê percebeu que havia um mercado potencial e decidiu apostar na hostnet. quando completou 18 anos, a empresa já estava formalizada e operando. Para dar conta da demanda, teve que largar a faculdade de ciências da computação e o emprego de webdesigner. “A hostnet já demandava tanto que as horas dedicadas à faculdade pareciam perda de tempo comparado com a necessidade da empresa”, lembra Kauê. A hostnet está focada no desenvolvimento de facilidades para quem deseja um espaço na web, seja oferecendo serviços de hospedagem de sites, e-mail profissional e blogs ou mesmo ferramentas on-line como gerenciadores de conteúdo, escritório virtual, loja virtual, cRM e atendimento on-line. A empresa faz parte do grupo Digirati, que inclui o iMD (instituto de Mídia Digital), de auditoria de páginas na internet. O empreendedor conta que já recebeu muitas propostas – tanto de grandes players brasileiros como de fundos de investimento estrangeiros – para vender a hostnet. “já me permiti pensar nisso, mas atualmente isso não tira mais meu tempo. Minhas empresas são sonhos, e sonhos não são baratos, talvez nem tenham preços”, afirma. “Meus negócios são parte essencial do meu bemestar, não só a hostnet mas também a Tuiuiú, empresa de publicidade que faço parte. Eles são como filhos.”

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emp ree nded o r es

Lucy Onodera – Onodera

Ousadia familiar

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Fundadora da maior rede franqueadora de clínicas de estética corporal e facial do País, a empresária Edna Onodera contou com um apoio inestimável na última década: o da filha Lucy Onodera, atual diretora-geral da marca e responsável pela expansão da rede. Foi Lucy quem propôs, no ano 2000, a mudança do negócio, criado nos anos 1980, para o sistema de franquias. “Meu pai (Ikuo Onodera) não concordava muito com a ideia, pois tinha medo que desconhecidos não seguissem o conceito que criamos. Mesmo sem ele saber, transformamos a Onodera em empresa franqueadora. Ele só ficou sabendo depois da nona unidade franqueada. Os resultados já haviam superado as nossas expectativas e ele ficou satisfeito, pois viu que conseguimos manter a tradição do negócio”, conta Lucy. Mesmo sendo filha dos donos da Onodera, Lucy não teve mordomias e teve que percorrer toda a hierarquia da empresa para chegar ao atual cargo. Aos 19 anos, quando ainda cursava a faculdade de Administração de Empresas, dava expediente na empresa como recepcionista. Aos poucos, ela foi impondo seu talento para os negócios e se mostrou um excelente ponto de equilíbrio ao perfil mais ousado de Edna. Mãe e filha acreditam que a união dessas diferentes características como administradoras foi fundamental para o sucesso do negócio. Hoje, a Onodera tem 54 unidades em dez estados do Brasil, onde são realizados mais de 60 mil tratamentos por mês. No ano passado, a rede faturou cerca de R$ 64 milhões e, para 2012, a estimativa é de um aumento de 15% no faturamento. Para alcançar a meta, a marca quer inaugurar 12 unidades até dezembro nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Distrito Federal, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Mato Grosso e São Paulo. “Por dia recebemos cerca de 20 pedidos de consultas para a compra de franquias. Por isso acreditamos que este ano vamos intensificar nossa presença, principalmente nos estados do Nordeste, Minas Gerais e cidades do interior de São Paulo”, destaca Lucy. www.onodera.com.br

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Ca Pa

por Raquel Rezende

raquel@empreendedor.com.br

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mesa farta

Mudança de perfil da população e aquecimento da economia geram oportunidades no mercado de alimentação

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A mudança de perfil da população brasileira que, ao longo dos anos, se tornou mais urbana, flexibilizou a estrutura familiar e permitiu à mulher entrar definitivamente no mercado de trabalho, influenciou diretamente a demanda pelo consumo de alimentos na rua. O aumento da empregabilidade e, nas maiores cidades do País, as grandes distâncias entre as empresas e as moradias também contribuíram para expandir o setor de food service, conhecido como alimentação fora do lar. Em 2011, esse mercado movimentou R$ 215 bilhões, representando alta de 17,8% em relação ao ano anterior, segundo a EcD consultoria em food service. Para 2014, a projeção é crescer pelo menos 25%, atingindo R$ 270 bilhões, respondendo por 38% dos gastos com alimentação. “O trabalhador brasileiro conta com oportunidades crescentes no mercado formal, melhores remunerações e acesso a mais benefícios. com a ampliação do poder de consumo, está migrando e expe-


da refeição subiu 2,54% em relação ao levantamento apresentado no ano passado, que apontava a média de R$ 26,78 – nos estabelecimentos com mais de 50 lugares o aumento foi de 10%. E foi em um restaurante comercial que o empresário José Tadeu Mendonça resolveu investir. O restaurante e grill Casa Mendonça, localizado no Bairro Coqueiros, em Florianópolis, vem mantendo o número de cerca de 6,5 mil clientes por mês. Há cinco anos e meio na região, Mendonça diz que tenta manter esse padrão oferecendo produtos de qualidade em cardápios variados. “O consumidor não sai de sua casa para se alimentar de maneira inferior; então é preciso garantir variedade, qualidade, procurar oferecer produtos típicos da região e descobrir o que as pessoas procuram e gostam”, afirma. Para Mendonça, administrar um restaurante é muito complexo. Ele conta que vai para casa pensando no negócio e vive procurando melhores fornecedores e produtos. “Nos fins de semana recebo outro público que, às vezes, é mais exigente”, conta. O lucro do restaurante, segundo Mendonça, vem diminuindo desde quando

abriu. “Os preços dos produtos de qualidade e a carga tributária são altos”, explica. Mendonça acrescenta ainda que seu restaurante registra cerca de 10% de perdas diárias de alimentos, por isso enfatiza que é importante ter profissionais mais qualificados para diminuir esse número. Reuniões semanais com os funcionários são realizadas para orientá-los nesse sentido. A questão da mão de obra, aliás, é outro problema apontado pelo empreendedor. Ele revela que não consegue montar uma equipe que permaneça por muito tempo. A grande rotatividade dos funcionários, na visão de Mendonça, não tem muita explicação, pois ele acredita que a remuneração para o setor é boa em comparação a outros segmentos. Apesar de tudo, o empresário diz que gosta muito de culinária e foi isso que o motivou a abrir um restaurante. “Gostar do ramo, ter paciência e dedicação total para conduzir o negócio são as principais exigências no ramo da alimentação”, resume Mendonça. Ele comenta ainda que, antes de abrir a Casa Mendonça, fez uma pesquisa de mercado, visitando 21 restaurantes

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rimentando outros sistemas de refeição”, avalia Ronaldo Varela, diretor-executivo comercial, de marketing, produtos e novos negócios da Alelo, companhia especializada em cartões-benefício para empresas. Estatísticas do IBGE apontam ainda que quanto maior a renda mais gastos com alimentação fora do domicílio. Enquanto os consumidores com renda de até R$ 400 por mês gastam 18% do salário com alimentação, aqueles com renda acima de R$ 2,5 mil por mês gastam 37%. Segundo Varela, o aumento da oferta dos sistemas de refeição comercial e executivo é resultado de uma possível adequação dos estabelecimentos a essa mudança de comportamento. Conforme dados apurados pelo Instituto Datafolha em parceria com a Alelo, o número de restaurantes de até 50 lugares passou de 18% em 2011 para 34% em 2012. A pesquisa também divulgou o Índice Alelo de Preço Médio de Refeição 2012 que ficou, em média, R$ 27,46 no Brasil. O estudo avaliou o custo individual de prato principal, sobremesa, bebida e café espresso, compondo assim o valor total da refeição. O custo

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raquel rezende

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Casa Mendonça, de Florianópolis: aposta em variedade, qualidade e pratos típicos

na cidade. Depois disso desenvolveu um planejamento a longo prazo e acompanha esse plano com análises semanais. “Se o futuro empreendedor não souber como fazer, deve procurar profissionais especializados para ajudá-lo”, aconselha.

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Destaque nas franquias

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O mercado de refeições fora do lar também atraiu os sócios Eliel Carvalho e Cássia Teles que abriram uma franquia do Mamutes Salad Burger Grill em Brasília. Eles integram os 13.866 franqueados de 481 marcas que atuam no segmento de alimentação, que atingiu faturamento de R$ 17 bilhões em 2011 (quando 54 redes estrearam), 14,5% a mais do que em 2010, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). “Os setores que mais cresceram estão relacionados principalmente com o aumento de renda da população e com o ingresso definitivo das mulheres no mercado de trabalho”, confirma Ricardo Camargo, diretor-executivo da ABF. Ainda segundo ele, o faturamento apresentado também foi influenciado pelo aumento de preços dos ingredientes, repassado aos consumidores. Em seus três anos de trabalho no restaurante, atendendo em média 1 mil clientes por dia, os sócios constataram que o nicho de refeições rápidas é a melhor resposta para a sociedade moderna, que exige soluções prontas para atender as suas necessidades. Eles percebem ainda que o cidadão consciente é menos exigente com os preços e mais interessado na qualidade de produtos, atendimento, higiene e rapidez. “Os preços precisam

ser competitivos, sem comprometer o nosso compromisso de qualidade e segurança alimentar”, afirma Cássia. Para chamar a atenção dos clientes e fidelizá-los, os sócios revelam que é preciso oferecer um ambiente de comida rápida (fast-food) sem deixar de lado a sensação de bem-estar e aconchego como se fosse uma extensão da casa do consumidor. E em busca disso eles apostam no atendimento personalizado, na qualidade dos alimentos, no sabor e na higiene. “A atenção começa na fila do caixa e segue com a rapidez na entrega da comida com sabor caseiro”, diz Cássia. Saber ouvir o cliente, pessoalmente ou através do SAC, procurar atender da melhor forma as variadas tendências, desde vegetarianos até o público com hábitos alimentares tradicionais, também são fatores considerados importantes, pelos sócios, para o sucesso do negócio. De acordo com eles, diversos instrumentos são utilizados para a melhoria contínua dos produtos e serviços do Mamutes Salad Burger Grill. “Além das manifestações espontâneas dos clientes, as consultas pósvenda do delivery, pesquisas de mercado e testes de validação prévia dos pratos antes de disponibilizá-los ao público ajudam a aprimorar o conceito de se alimentar no restaurante”, relata Cássia. Mas, segundo ela, nada disso adianta sem o investimen-

Mercado de alimentação fora do lar movimentou R$ 215 bilhões em 2011, alta de 17,8%

to nos funcionários que representam a empresa e são o principal instrumento para alcançar esses ideais. “Treinamento e sensibilização para uma padronização precisa e contínua são essenciais. Incluindo a questão da perda diária de alimentos, que pode ser evitada com a orientação eficaz aos colaboradores”, salienta. Na visão dos sócios, a gestão de um restaurante requer disciplina e regras claras nos processos, com pontos de controle minuciosos, sem engessar a operação, porém não exige tanto esforço. Eles acreditam que a administração do restaurante fica mais fácil para quem vai iniciar um negócio ancorado por franquia, que contemple toda a inteligência operacional e de controle do negócio, além do treinamento e assessoramento. “No entanto, para quem quer iniciar um novo negócio, sem qualquer tradição, pode ser mais complicado”, avaliam. Um ramo que também apresenta muitas oportunidades é o de refeições coletivas, que consome diariamente 3 toneladas de alimentos para servir 9,4 milhões de pratos por dia em 2 mil empresas do País. Um faturamento de R$ 10,8 bilhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (Aberc), que reúne 100 empresas que respondem por 93% do volume desse mercado. “Essa ação representa a evolução da mentalidade da empresa de servir refeição quente no local de trabalho. As marmitas foram substituídas pela alimentação coletiva nas fábricas e indústrias”, diz Antonio Guimarães, diretorsuperintendente da Aberc. Apesar do avanço, a Aberc calcula que o segmento ainda tem muito espaço para crescer, pois o potencial das refeições co-


raquel rezende

*O Datafolha realizou pesquisa em Aracaju, mas a amostra foi considerada insuficiente para análise estatística

Preço médio das 7 cidades mais caras (em R$) 2010 2011 Rio de Janeiro/RJ 31,02 São Luis/MA 36,21 Brasília/DF 30,21 São Vicente/SP 34,91 Niterói/RJ 29,82 Rio de Janeiro/RJ 32,78 São Paulo/SP 29,42 Brasília/DF 31,77 Barueri/SP 28,27 Sorocaba/SP 30,54

Preço médio das 7 cidades mais baratas (em R$) 2010 2011 Contagem/MG 18,00 Contagem /MG 16,50 Diadema/MG 20,77 Cuiabá/MT 20,18 Uberlândia/MG 21,01 Uberlândia/MG 21,02 Osasco/SP 21,79 S. José dos Pinhais/PR 21,09 Londrina/PR 22,16 Vila Velha/ES 21,34

Preço médio por tipo de prato (em R$) VALOR MÉDIO À la carte Comercial Executivo Self service

BRASIL 27,46 40,51 20,58 29,74 23,60

Sudeste 27,84 39,86 20,72 29,80 24,10

Sul 24,84 36,66 21,48 28,87 22,54

Nordeste Norte/Centro-Oeste 29,35 26,35 44,92 49,02 19,14 19,69 29,22 31,97 22,53 23,30

Evolução do Preço médio por região (em R$) COMPLETA Prato principal Sobremesa

2010 26,78 16,13 5,35

BRASIL 2011 Evolução 27,46 2,54% 16,35 1,36% 5,38 0,56%

SUDESTE 2010 2011 Evolução 27,45 27,84 1,42% 16,55 16,53 -0,13% 5,47 5,47 -0,08%

2010 24,33 14,13 5,20

SUL 2011 24,84 13,98 5,39

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Preço médio nas capitais (em R$) 1ª Cuiabá 20,18 2ª Campo Grande 22,59 3ª Manaus 23,48 4ª Goiânia 23,56 5ª Belo Horizonte 24,01 6ª Curitiba 24,91 7ª Porto Alegre 25,11 8ª Florianópolis 26,06 9ª Fortaleza 26,27 10ª Recife 26,73 11ª São Paulo 28,47 12ª Vitória 28,58 13ª Natal 29,87 14ª Salvador 29,96 15ª Belém 30,33 16ª Brasília 31,77 17ª Rio de Janeiro 32,78 18ª São Luís 36,21

Evolução 2,09% -1,09% 3,70%

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Oportunidades para todos

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Corporações de outros ramos também encontram oportunidades no setor de alimentação fora do lar. Uma dessas empresas é a NL Informática, que criou o software NL Restaurante para administrar todos os processos de um restaurante. A gerente comercial e de marketing da NL Informática, Grasiela Tesser, conta que o produto foi criado em parceria com clientes do setor, que já eram atendidos pelo NL Gestão – solução de ERP. “Vimos neste mercado um grande potencial de crescimento e entendemos que o desenvolvimento, que utilizou inúmeras horas de trabalho, seria recompensado. O produto já está pronto e estável desde 2002, atendendo mais de 3 mil usuários”, relata. “Cada vez mais as empresas estão buscando gerir seu negócio de forma mais precisa, principalmente em um mercado que tem margens bastante pequenas e alta concorrência”, diz Grasiela. Para ela, ter um software que facilita processos, fluxos e demandas é essencial para manutenção e crescimento das empresas de refeições coletivas. “Estamos investindo em melhorias, como o sistema de PDV que estará ainda mais preparado para atuar no segmento, bem como soluções de mobilidades nas quais estamos começando a apostar também no mercado de refeições comerciais.” A NL planeja crescer cerca de 25% em 2012, sendo que uma parte significativa deste crescimento deve ser fundamentada pelo setor de alimentação fora de casa.

Eliel Carvalho e Cássia Teles, do Mamutes: administração do restaurante fica mais fácil para iniciar um negócio ancorado por franquia

letivas no Brasil é superior a 41 milhões de unidades por dia. A atual previsão de crescimento é de 10% ao ano, duplicando-se em sete anos, através do aumento da participação na merenda escolar e da incorporação da alimentação em coletividades. A qualidade das refeições é outra questão que preocupa Guimarães. Ele destaca que a acirrada concorrência para ter maior número de clientes, às vezes, sacrifica o resultado. “As empresas de refeições coletivas servem refeições muito baratas em comparação à refeição comercial e a busca é constante e contínua para não sacrificar a qualidade”, diz.

Satisfação Garantir qualidade parece não ser problema para a LC Restaurantes, empresa especializada em servir refeições coletivas há 23 anos no mercado. Segundo Laura Tomimatsu, diretora de novos negócios da LC Restaurantes, a empresa mantém um índice de satisfação dos clientes acima de 90%. E explica que para atingir esse número não há milagre nem segredo em agradar ao consumidor. “O sucesso está na excelência do atendimento, na qualidade dos serviços com muita higiene e técnica, numa gastronomia primorosa, na quebra

de rotina dos serviços ao público cativo e no treinamento e formação constante das equipes”, enumera. Ela complementa que todos esses fatores aliados à saúde financeira da empresa, garantida com boas parcerias, tanto de fornecedores quanto de clientes que pactuem com a mesma filosofia de custo versus benefício sem perda de qualidade, ajudam a consolidar o sucesso do negócio. O bom desempenho da LC Restaurantes é justificado por Laura através do trinômio: acolhimento personalizado, gastronomia e segurança alimentar. “Hoje, os restaurantes precisam acolher com conforto, sem necessariamente ter luxo, saindo do tradicional conceito de refeitório. Por isso buscamos as soluções mais ajustadas a cada perfil de cliente e de consumidores”, afirma Laura. Outro ponto favorável é o baixo índice de rotatividade dos funcionários. “Temos planos de carreira e boas ferramentas de formação e retenção de talentos, além de estímulos como o projeto Ideias Produtivas que incentiva os colaboradores na busca de sugestões que tragam inovações de procedimentos ou redução de custos”, diz Laura. A diretora da LC Restaurantes destaca ainda que os principais players têm cerca de 15% de participação no mercado, e


LINHA DIRETA Aberc: www.aberc.com.br ABF: www.portaldofranchising.com.br Abrasel: www.abrasel.com.br Alelo: www.alelo.com.br Casa Mendonça Restaurante e Grill: www.casamendonca.com.br IBGE: www.ibge.gov.br LC Restaurantes: www.lcrestaurantes.com.br Mamutes Salad Burger Grill: www.mamutesgrill.com.br NL Informática: www.nl.com.br

Potencial das refeições coletivas no Brasil é superior a 41 milhões de unidades por dia

Laura, da LC Restaurantes: bom desempenho deve-se ao trinômio acolhimento personalizado, gastronomia e segurança alimentar

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atendem seus clientes de forma padronizada, o que muitas vezes deixa de ser um modelo de serviço interessante. “Hoje, com uma grande migração da classe C para B, aspirando por um atendimento mais atencioso, personalizado e de qualidade, as soluções rápidas e dinâmicas, sem necessidade de muitos trâmites, são bem convenientes”, afirma. De acordo com ela, por isso surge a necessidade de oferecer uma alimentação saudável, caseira e voltada ao conceito de menor estresse e mais qualidade de vida. Assim, há um vasto mercado dos mais diversos segmentos que requer este perfil de serviços.

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tipo exportação Vivenda do Camarão investe em produtos de alto valor agregado para cair no gosto do público por Mônica Pupo

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monica@empreendedor.com.br

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Investir em um produto de alto valor agregado foi a aposta do paulistano Fernando Perri para se destacar no concorrido mercado de fast-food. Quando abriu seu primeiro restaurante, em 1984, o paulistano assumiu uma ousada missão: vender o melhor camarão do Brasil a preço justo. Logo na inauguração, o tumulto causado pelo excesso de clientes evidenciou o potencial do negócio. Com a operação ajustada, a Vivenda do Camarão rapidamente caiu no gosto do público e deu início à expansão através de franquias. Hoje, a rede soma 135 lojas espalhadas por todo o território nacional e duas unidades no exterior – uma no Paraguai e outra na República Dominicana – que servem em média 700 mil refeições mensais. A gastronomia surgiu por acaso na vida de Perri, que à época comandava uma empresa de importação de copiadoras. “No início dos anos 1980, a economia brasileira teve problemas e o governo cortou as cotas de importação, a menos que também se exportasse algo em troca”, conta o empreendedor, que negociou com seus intermediários nos Estados Unidos a venda do camarão brasileiro. O intercâmbio garantiu a importação do material reprográfico por mais dois anos, quando as cotas foram definitivamente encerradas pelo governo. Aos 32 anos, Perri se viu às voltas com um contêiner de camarão sem poder mandar para fora e com um mercado interno acostumado a ficar sempre com as sobras. “O brasileiro comia o que estava fora do padrão dos americanos e pagava mais caro, porque tinha muitos intermediários na cadeia. Quando cortaram as cotas de importação, decidi abrir meu próprio restaurante para vender camarão de qualidade e a preço baixo dentro do País”, relembra. O empreendedor optou por inaugurar a Vivenda do Camarão estrategicamente no Dia dos Namorados de 1984. Durante os três meses que levou para reformar o imóvel localizado no Bairro Moema, região nobre da capital paulista, colocou uma faixa na porta com os dizeres: “Em breve, o melhor camarão do Brasil a preço justo”. Para garantir que teria um

público mínimo, chamou uns três ou quatro casais de amigos e se preparou para atender 40 pessoas. “Não fiz muita divulgação, pois queria começar aos poucos para ir sentindo o negócio.” No entanto, na noite de inauguração Perri foi surpreendido com uma demanda muito acima da esperada: mais de 1 mil pessoas aguardavam para ocupar um dos 105 lugares disponíveis na casa. Para completar, o cabo de energia derreteu – a rede não estava preparada para suportar todos os equipamentos ligados ao mesmo tempo. “Fechamos para reforma e repensamos toda a operação”, explica. Uma semana depois, a reinauguração aconteceu de forma ainda mais discreta, sem publicidade e sem faixa na porta. Na primeira noite, compareceram aqueles 40 convidados previstos e, dentro de um mês, a fila de espera por uma mesa chegava a duas horas. Em 1986, Perri abriu a segunda unidade nos Jardins, com capacidade para 400 pessoas. A entrada nos shoppings – onde hoje estão localizadas todas as lojas da rede – ocorreu em 1989, quando o empresário foi convidado a abrir uma unidade no Shopping Morumbi. Em 1997, já com 30 lojas próprias nos principais shoppings de São Paulo, a empresa migrou para o formato de franchising. Com a expansão para todo o território nacional, Perri começou a enfrentar problemas com o fornecimento dos crustáceos. “Precisávamos de um volume de camarão tipo exportação muito grande, e não tínhamos segurança porque as safras eram cada vez menores”, relata Perri. A solução foi importar do Peru e do Equador, mas sempre sob o risco de novos cortes do governo às importações.

Fazenda marinha Para suprir a demanda crescente, em 1999 o empresário montou sua própria fazenda no interior da Bahia, baseada em modernos padrões de maricultura que tinha conhecido no exterior. Com produção média de 60 toneladas ao mês, ele manteve a operação até 2004. “Quando montei a fazenda, várias outras começaram a surgir, então vendi a minha para um grande produtor e fui cuidar do meu negócio, que era restaurante”, detalha. Hoje a empresa compra


Fundação: 1984 Cidade-sede: Cotia (SP) Número de unidades: 135 Número de colaboradores (rede): 2 mil Fundador: Fernando Perri, administrador de empresas

Fernando Perri: 25 mil refeições servidas por dia, 70% a mais do que em 2002

LINHA DIRETA Vivenda do Camarão: www.vivendadocamarao.com.br

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Vivenda do Camarão

de diversos produtores do Nordeste, região onde o clima favorece o cultivo. “Nossos fornecedores possuem fazendas de camarão regulamentadas pelo Ibama.” Lidar com um produto tão perecível quanto os crustáceos requer uma série de cuidados no processamento e logística dos alimentos. Pensando nisso, Perri implantou, em 1994, a Central Processadora de Alimentos, onde são processados todos os pratos servidos nas unidades. Localizado em Cotia, na Grande São Paulo, o espaço reúne modernas técnicas de cocção e congelamento de alimentos. Um exemplo é a tecnologia Cook Chill, em que os pratos são fechados hermeticamente a quente em embalagens especiais à prova de gases e, posteriormente, congelados em túneis de nitrogênio líquido, que preserva as propriedades nutricionais. “Ao todo, são processadas anualmente cerca de 2 mil toneladas de pescado”, informa Perri. A matéria-prima dá origem a mais de 50 opções que compõem o cardápio das 135 lojas da rede. Entre os carros-chefe estão o estrogonofe e o bobó de camarão, com tíquete médio de R$ 23. Cada uma das unidades atende, em média, 5 mil pessoas ao mês. Há dois anos, a rede também atua no ramo de food service, fornecendo refeições para hotéis, motéis, bares, restaurantes e empresas de refeições coletivas. No ano passado, a Vivenda do Camarão entrou no segmento de supermercados, frente ainda focada em São Paulo. A entrada em novos mercados e a expansão devem-se, em grande parte, ao aumento da alimentação fora do lar. A mudança no comportamento do consumidor refletiu no faturamento, números de refeições servidas e clientes atendidos pela rede. “Hoje servimos cerca de 25 mil refeições por dia, o que, se comparado a 2002, representa 70% a mais”, comemora Perri. Para 2012, a Vivenda do Camarão espera manter o crescimento na faixa dos 20%, com a inauguração de, no mínimo, 30 novas unidades. O investimento inicial para a abertura de uma unidade gira entre R$ 345 mil e R$ 480 mil, incluindo taxa de franquia, capital para instalação, estoque inicial e capital de giro. O prazo médio de retorno é de 24 a 36 meses.

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LeVe e saudáVeL Seletti aposta em cardápio com refeições completas que promovam a saúde e o bem-estar e inovações periódicas por Ana Paula Meurer

anapaula@empreendedor.com.br

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A conscientização sobre a importância de manter uma alimentação saudável está ganhando cada vez mais espaço. Em todo o mundo é crescente o número de pessoas preocupadas em consumir alimentos que combinem sabor, saúde e baixos índices calóricos. segundo pesquisa da consultoria Euromonitor, a venda de produtos saudáveis, como alimentos e bebidas diet, light, sem glúten, sem lactose, naturais e orgânicos, cresceu 82% de 2004 a 2009, chegando a R$ 15 bilhões ao ano. Até 2014, a expectativa é de um crescimento de 14%. Apostando nessa tendência e no mercado de alimentação fora do lar, a seletti culinária saudável foi criada em 2007. considerada a primeira rede de culinária rápida com refeição saudável do País, o idealizador e proprietário luis felipe campos levou dois anos, desde a ideia inicial, para implantar de fato seu negócio. Durante esse tempo ele estudou o mercado, viajou e visitou vários restaurantes pelo mundo. “Percebi que as pessoas buscam cada vez mais o bem-estar e uma culinária balancea-

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da está inserida nesse contexto”, avalia. quando resolveu investir no segmento saudável, percebeu que as opções desse nicho se restringiam, em sua maioria, apenas a sucos e saladas. “Esse tipo de comida também é gostoso e tem espaço no mercado. Mas quando você está inserido em uma praça de alimentação, que é o nosso foco, necessita-se atrair o consumidor com opções mais variadas e completas. O brasileiro precisa e tem o hábito de ingerir uma refeição com proteína, carboidratos, legumes e verduras”, afirma. foi com o objetivo de oferecer um cardápio repleto de opções para uma alimentação equilibrada, com vitaminas e com índices reduzidos de gordura e sódio que a rede foi criada. Tudo isso sem deixar de ser atrativo e saboroso. “Nossa intenção é proporcionar uma opção saudável e que tenha pontos nutricionais, ou seja, que seja funcional e ajude no dia a dia”, destaca o proprietário. O diferencial da rede seletti já começa no preparo. Ao invés de óleo de soja, óleo de canola. O sal refinado é substituído por sal marinho e grande parte de seus condimentos não leva conservantes e corantes. E assim

o cardápio de produtos variados e atrativos é montado, com inovações incluídas a cada seis meses. Essas alterações são pensadas para que o restaurante possa oferecer ingredientes frescos e da estação ao cliente, com opções para todos os momentos do dia. sucos feitos com iogurtes, massas integrais, arroz com nove grãos, purê feito de mandioquinha, hambúrguer vegetariano orgânico, salada com quinua e kani kama são algumas das opções saborosas, saudáveis e diferentes que os consumidores encontraram na rede selleti. Na frente de cada loja há uma tabela que mostra, detalhadamente, as propriedades nutricionais de todos os pratos. “Nossa missão não é só oferecer comida saudável, é educar, ensinar. E os folhetos e


Expansão formado em hotelaria na suíça e com experiência de mais de 20 anos somente em alimentação, o empresário luis felipe campos escolheu as praças de alimentação para o seu negócio. “As classes c e D, que estão emergindo, foram para as praças de alimentação. Além de ser muito democrática, já que você pode ir acompanhado de várias pessoas e cada uma optar pelo restaurante de seu gosto, oferece o serviço em tempo mais rápido do que ir a um restaurante”, avalia. A rede, que iniciou no sistema de franquias em 2010, hoje conta com operações nos estados de são Paulo, Minas gerais e Rio de janeiro. Ao todo são 20 lojas em atividade, entre próprias e franqueadas. A projeção é encerrar 2012 com 45 unidades. Ainda neste semestre a seletti chegará também a brasília e a salvador. “A alimentação saudável é tendência, não é um modismo. Não tem volta, veio para ficar”, afirma Campos.

LINHA DIRETA

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Luis Felipe Campos, idealizador da rede

tabelas nos ajudam muito nesse objetivo, já que os consumidores ficam sabendo se o alimento tem, por exemplo, fibras, ômega 3, glúten ou se é destinado para o público vegetariano, que também tem crescido significativamente”, afirma. inserido em um mercado competitivo, que é o de alimentação fora do lar, ele conta que recursos como esses também ajudam o público a entender qual a proposta da rede assim que uma loja é inaugurada. Mas se engana quem pensa que esse público é composto apenas por esportistas e jovens. A crescente busca por uma refeição equilibrada revela que a preocupação com a saúde, e consequentemente com a estética, não tem idade e sexo. De acordo com o proprietário, há uma leve predominância do público feminino em algumas lojas. Mas idosos, homens e crianças também fazem parte dos consumidores da rede. As crianças, inclusive, estão ganhando um foco especial neste semestre. O menu kids, muito solicitado pelas próprias mães, conta com um cardápio desenvolvido especialmente para crianças, com brindes e refeições desenvolvidas por nutricionista. Os pratos serão apresentados de formas divertidas e acompanhados de brindes exclusivos.

Seletti: www.seletti.com.br

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hamBÚrguer À BrasiLeira Uma das mais tradicionais redes de fast-food, o Bob’s trouxe para o País o padrão americano de sanduíches, mas com uma pitada de tempero local por Beatrice Gonçalves

beatrice@empreendedor.com.br

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sem muito tempo a perder durante a hora do almoço, muitos brasileiros vêm mudando seus hábitos alimentares. Ao invés de arroz e feijão, aumentou a procura por refeições mais rápidas no almoço como sanduíches, congelados e pratos prontos. isso tem feito com que muitos trabalhadores substituam as refeições feitas em casa ou em restaurantes tradicionais por fastfoods, em que o tempo médio de atendimento e a entrega dos pratos chegam a ser de menos de cinco minutos. Uma pesquisa realizada pela shopper Experience em 2011 com 6 mil frequentadores de shoppings, entre 18 e 55 anos, mostrou que 55% deles almoçam pelo menos uma vez por semana em fast-foods. A maior parcela de consumidores de refeições rápidas tem entre 25 e 34 anos e procura o serviço pela comodidade, rapidez e pelo preço baixo. A pesquisa mostrou ainda que, na hora de escolher entre as redes de fast-food, o consumidor costuma optar por aquelas que oferecem pratos e san-

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duíches mais “saborosos”, pelas que têm maior diversidade de itens no cardápio e pela higiene do local. O bob’s está na lista dos fast-foods mais procurados pelos brasileiros. A rede, especializada na venda de sanduíches, saladas e sobremesas, lançou o sistema de fast-food no brasil há mais de 60 anos, na mesma época em que grandes redes eram abertas nos Estados Unidos. criada no Rio de janeiro pelo tenista norte-americano Robert falkenburg, mais conhecido como bob, a marca trouxe ao País o padrão americano de fazer sanduíches em série e o misturou ao tempero brasileiro. Apostou não só em hambúrguer, mas em sanduíches leves de atum e frango, saladas e milk-shakes. O novo modelo de restaurante chamou a atenção do consumidor brasileiro já na década de 1950. Virou moda no Rio de janeiro e em pouco tempo de trabalho bob precisou ampliar a lanchonete montada em copacabana para atender à crescente procura por sanduíches e milk-shakes. Em 1984, a marca se transfor-


música Rock in Rio, no Rio de janeiro, o bob’s comercializou no evento cerca de 80 mil sanduíches – o que fez a rede superar o recorde mundial de vendas de hambúrgueres alcançado pela própria rede em 1985, com a venda de 58 mil sanduíches. Um recorde que chegou a ser registrado na época no guinness book. O diretor-geral do bob’s, Marcello farrel, explica que a rede tem venda bastante distribuída ao longo do dia, mas é na hora do almoço que aumenta o número de clientes nas lanchonetes. Entre os campeões de venda nesse horário estão sanduíches como o bob’s Picanha e o milk-shake de Ovomaltine. “Nós costumamos lançar promoções especiais para que o consumidor possa almoçar bem e pagar pouco. A oferta do mês no momento é o big bob, que custa R$ 5,95.” com as promoções, o bob’s tem atraído cada vez mais os consumidores das classes c e D, que nos últimos anos passaram a frequentar mais os fast-foods. farrel conta que há uma preocupação da rede em oferecer preços acessíveis que estejam de acordo com a renda do trabalhador. “A economia brasileira passa por uma fase bastante positiva. O crescimento na geração de empregos e no ganho real do trabalhador tem feito com que mais brasileiros optem por almoçar fora de casa. Esse é um mercado em expansão.” Além dos tradicionais hambúrgueres, a rede lançou recentemente uma nova

linha de sobremesas sem gordura. são os Yogobob’s, frozen de iogurte com frutas como maracujá e morango, que podem vir acompanhados de calda crocante. “O consumidor brasileiro tem buscado cada vez mais alimentos saudáveis e a nossa intenção é ampliar a linha de produtos sem gordura. O bob’s é uma das poucas redes de fast-food que sempre ofereceu alimentos leves e saudáveis. Temos no cardápio sanduíches feitos com pão integral e uma série de opções de saladas.” há 60 anos no mercado, a rede faz planos ambiciosos para o futuro e busca ampliar sua atuação em cidades no interior. “Estamos presentes em todas as regiões do País e temos a maior cobertura geográfica entre as redes de fast-food. Temos como meta abrir mais 200 unidades do bob’s a cada ano”, afirma o diretor-geral da rede. O investimento para abrir uma unidade do bob’s é superior a R$ 500 mil. A taxa de franquia varia de acordo com o tamanho da unidade e pode ser de R$ 35 mil a R$ 65 mil. “Nós valorizamos muito a relação entre franqueador e franqueado. Tanto é que no ano passado o bob’s recebeu pela 15ª vez consecutiva o selo de Excelência em franchising, concedido pela Associação brasileira de franquias (Abf) como uma das melhores redes para se investir no segmento de alimentação.”

LINHA DIRETA Bob’s: www.bobs.com.br

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mou em franquia e foram abertas unidades no Espírito santo. hoje a rede contabiliza mais de 900 pontos de venda no brasil e unidades em Angola e no chile. A rede é uma das que mais vendem sanduíches e milk-shakes no brasil. Em 2011, a marca bateu recorde de vendas de hambúrgueres em um único dia. No sábado em que foi realizado o festival de

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teC noLog i a

identidade

única Tecnologias de identificação trazem inúmeros benefícios às empresas, como redução de custos e erros por Cléia Schmitz

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cleia@empreendedor.com.br

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O produtor rural Robson josé Petry, 23 anos, está usando um novo “defensivo agrícola” nos alimentos produzidos e processados na empresa de sua família, a chácara beija-flor, instalada na cidade de Antônio carlos, a cerca de 50 quilômetros de florianópolis. Não, não se trata de nenhum produto químico contra moscas e lagartas, mas sim de uma etiqueta com um código bidimensional de identificação do produto – conhecido como qR code – associado a um sistema de rastreabilidade. Eles permitem ao consumidor saber de onde veio e de que forma foi produzido e processado o alimento que ele comprou no supermercado. Esse “defensivo” é importante para acabar com uma praga que pode trazer sérios prejuízos aos agricultores: a falta de confiança do consumidor na qualidade dos alimentos que compra. O remédio para esse problema é a transparência. quando um surto de contaminação pela bactéria Escherichia coli (E. coli) tomou conta da Alemanha no ano passado – com suspeitas recaindo sobre produtos como pepino, tomate, alface e broto de feijão – o mundo inteiro ficou apreensivo sobre os alimentos in natura que estava consumindo. Resultado: as vendas das hortaliças suspeitas – e até mesmo daquelas que não estavam na lista negra – caíram no mundo todo simplesmente porque a maioria dos consumidores não faz a mínima ideia de onde vem a fruta,

Robson Petry, da Chácara Beija-flor: QR Code reforça autenticidade da produção orgânica e a qualidade dos alimentos


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Área de plantação da Chácara Beija-Flor, cerca de 12 hectares, é destinada exclusivamente para orgânicos

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verdura ou legume que leva para a sua mesa. O problema poderia ter sido mais facilmente contornado se houvesse um sistema de rastreamento dos alimentos desde sua origem até a casa do consumidor. A tecnologia poderia ter evitado prejuízos sofridos por muitos produtores. No caso da Chácara Beija-Flor, o interesse pelo sistema de rastreamento vai além de blindar a produção contra notícias de alimentos contaminados. Segundo Robson Petry, ao aderir à tecnologia a empresa também quer reforçar a autenticidade de sua produção orgânica. Toda a área de plantação da Chácara Beija-Flor, cerca de 12 hectares, é destinada exclusivamente para orgânicos. “Percebemos que não basta ter o selo exigido pelo Ministério da Agricultura. Ainda há muita desconfiança sobre a inexistência de agrotóxicos nesses alimentos e para minimizar essa dúvida é importante que o consumidor possa saber o nome do produtor e onde o alimento que ele comprou foi produzido e processado. No nosso sistema de rastreamento, ele abre um mapa do Google onde pode visualizar a localização da nossa propriedade e, quem sabe, até mesmo nos visitar”, afirma Petry. O agricultor conta que, em 2011, quando a Associação Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou o pimentão como o produto mais contaminado por agrotóxico, as vendas do item caíram da noite para o dia. Para Petry, se o consumidor confiar em quem lhe fornece o orgânico, não deixará de comprar em situações de crise. “Ele precisa saber que o nosso produto é seguro.” Outro benefício do sistema de rastreamento é aumentar o controle sobre toda a cadeia produtiva. No caso da Chácara Beija-Flor, são 40 fornecedores. Caso algum produto apresente problema na gôndola do

Se o consumidor confia em quem fornece o orgânico, não deixa de comprar em situações de crise


teCnoLogias de identifiCação CÓDIGO DE BARRAS LINEAR Considerado o pai de todos os padrões de identificação, o código de barras linear é uma representação gráfica de dados numéricos ou alfanuméricos lidos por um escâner que faz a conversão das informações em letras ou números legíveis para o computador. É amplamente utilizado para identificar automaticamente produtos, unidades logísticas, localizações, ativos fixos e retornáveis, documentos, contêineres, cargas e serviços. Ao propiciar a automação de processos, traz eficiência, maior controle e confiabilidade para o usuário. Hoje é considerado indispensável para acessar mercados, mesmo para negócios muito pequenos. CÓDIGO DE BARRAS BIDIMENSIONAL (QR CODE) É um código de barras em 2D que pode ser escaneado por celulares equipados com câmeras e convertido em textos interativos, endereços, mapas, e-mails, etc. Permite codificar informações em espaços muito menores que os códigos lineares e agregar informações adicionais como código do produto, lote e validade. Muito comum na publicidade, seu uso está se expandindo para sistemas de rastreabilidade, seja de produtores agrícolas ou até mesmo de hospitais. Ao permitir a identificação de itens tão pequenos quanto uma ampola de 5 ml, por exemplo, o código bidimensional pode garantir maior segurança aos pacientes de um hospital. RFID As etiquetas inteligentes, como ficaram conhecidos os sistemas de identificação por radiofrequência, são compostas por um chip encapsulado capaz de registrar uma infinidade de informações sobre o produto. Antenas e leitores fazem a transmissão e a decodificação desses dados. O principal diferencial do RFID é a possibilidade de identificação automática e imediata de vários produtos simultaneamente sem que haja contato visual ou manual com o produto. Essa característica permite um controle mais preciso de toda a cadeia de suprimentos, melhorando muito os processos logísticos e a venda final ao consumidor.

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supermercado ou na mesa do consumidor, é possível identificar o responsável. se for necessário retirá-lo de circulação, não haverá comprometimento de toda a produção, minimizando os prejuízos. A chácara beija-flor tem um mix de 155 produtos distribuídos em mais de 20 cidades catarinenses, além de curitiba. O principal cliente da empresa é a rede de supermercados Angeloni, com 22 lojas. Aliás, foi por intermédio do grupo Angeloni que a chácara beijaflor aderiu ao rastreamento. O sistema começou a ser implantado pela rede de supermercados no final de 2011 e faz parte do Programa Alimento saudável, promovido pela Associação catarinense de supermercados (Acats). A entidade pretende alcançar todos os 650 associados em três anos. O Angeloni é o segundo a aderir. “O projeto despertou um interesse enorme porque o supermercado passa a ter mais segurança na hora de comprar de seus fornecedores e o consumidor tem acesso a um produto de melhor qualidade e com a origem plenamente identificada”, explica Antonio carlos Poletini, diretor-executivo da Acats. O programa prevê a instalação de leitores de qR code nas lojas para que o consumidor possa fazer a leitura dos códigos antes mesmo de passar no caixa. O Programa Alimento saudável é uma parceria da Acats com a PariPassu, fornecedora da plataforma de rastreamento colaborativo utilizada no projeto. A empresa, fundada em florianópolis em 2005, vem popularizando o uso do qR code no brasil como um meio de identificação de todos os passos da produção de frutas, legumes e verduras, os chamados flVs. “Nosso sistema é o que mais emite qR code no brasil. No ano passado, foram mais de 20 mil códigos por mês”, afirma Thomas Eckschmidt, diretor de desenvolvimento de novos negócios da PariPassu. A empresa tem listado em seu site um portfólio de mais de 300 clientes, de grandes empresas, como a Pepsi, a pequenos negócios, como a

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Processo de rastreamento já possibilitou à Itaueira melhorar muito a qualidade das frutas que fornece

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Chácara Beija-Flor. Em 2010, o faturamento da PariPassu superou a casa dos R$ 3 milhões. A empresa não divulgou os resultados de 2011, mas Eckschmidt admite que o crescimento passou dos 40%. Para o executivo, autor da obra Livro verde de rastreamento – Conceitos e desafios, o interesse do consumidor pela origem e caminho percorrido pelo alimento é crescente e a exigência por essas informações é só uma questão de tempo. Eckschmidt acredita que os investimentos feitos pelos clientes da PariPassu já demonstram uma reação do mercado à preocupação do consumidor. A associação do QR Code a esse tipo de informação também deve crescer de forma mais acentuada. Hoje o código bidimensional ainda é mais conhecido pelo seu uso na publicidade. E para quem pensa que o consumidor ainda despreza o QR Code, Eckschmidt avisa: “Pesquisas mostram que a curiosidade das pessoas

Interesse do consumidor pela origem e caminho percorrido pelo alimento é crescente em consultar um QR Code já é dez vezes maior do que a iniciativa de reclamar algum problema no produto”. Tecnologias de identificação como o QR Code, o Código Eletrônico do Produto (EPC) e o próprio código de barras permitem inúmeras possibilidades às empresas. Tudo depende das informações que os usuários acrescentam ao sistema e, claro, de como esses dados são utilizados pela cadeia produtiva. “Não adianta nada ter a tecnologia se não fizermos o uso correto das informações”, avalia José Roberto Prado, diretor da Itaueira Agropecuária, produtora de frutas com

sede em Fortaleza. “Nós começamos a praticar a rastreabilidade em 1994, antes mesmo do processo ter esse nome”, destaca. Prado compara as tecnologias de identificação com nossos CPFs. Por meio delas é possível saber detalhes da produção à colheita e distribuição. Na Itaueira, os dados armazenados permitem o acesso a informações como, por exemplo, a área exata em que a fruta foi plantada e como foi sua adubação. “Sei dizer se choveu ou não em cada dia do plantio”, afirma o empresário. A Itaueira produz cerca de 6 milhões de caixas de frutas por ano em três diferentes áreas: Aracati, no Ceará, Ribeira do Amparo, na Bahia, e Canto do Buriti, no Piauí. Segundo Prado, 75% abastecem o mercado interno por meio de atacadistas e o restante é destinado à exportação para 20 países. O executivo conta que o processo de rastreamento já possibilitou à empresa melhorar muito a qualidade


Etiquetas inteligentes Outra tecnologia que permite o rastreamento dos processos de produção, distribuição e comercialização é a etiqueta de identificação por radiofre­quência (RFID). O principal diferencial das etiquetas inteligentes – como ficaram conhecidas as tags com chip de RFID encapsulado – é a possibilidade de identificação automática e imediata de vários

produtos simultaneamente sem que haja contato visual ou manual com o produto. Essa característica permite um controle mais preciso de toda a cadeia de suprimentos, melhorando muito os processos logísticos e a venda final ao consumidor. Em síntese, podemos dizer que o RFID ajuda a impulsionar vendas e reduzir custos, a fórmula necessária para aumentar os lucros de qualquer negócio. Além das etiquetas – que levam um Código Eletrônico do Produto (EPC) –, um sistema de RFID é composto por antenas e leitores, que fazem a transmissão e a decodificação das informações contidas no chip.

Curiosidade em consultar um QR Code é dez vezes maior que a iniciativa de reclamar um problema

O mercado mundial de RFID vem crescendo a taxas anuais de mais de 20%. Estudos da ID TechEX apontam para 2014 a venda de 20 bilhões de tags em todo o mundo. No Brasil, um dos segmentos que têm avançado muito no uso desta tecnologia é o têxtil. A memove, marca do Grupo Valdac Global Brands, se tornou um dos principais cases nacionais de aplicação do RFID no varejo no ano passado. O grande diferencial do projeto da memove é que as tags são usadas de ponta a ponta. “As etiquetas foram entregues diretamente para os confeccionistas da marca. Assim, os produtos chegavam ao centro de distribuição do Grupo Valdac devidamente monitorados”, conta Leandro Fandaruff, coordenador da Unidade RFID da Haco, empresa de Blumenau (SC) que forneceu as etiquetas inteligentes para a memove. Na outra ponta – a loja – os consumidores contam com um caixa expresso

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das frutas que fornece. “O sabor de uma fruta depende de uma quantidade enorme de fatores que nós tentamos controlar por meio da análise de dados”, diz Prado. Tanto que hoje os consumidores da marca têm a garantia de comprar frutas doces. Cada fruta tem um número. Se o consumidor reclamar de alguma coisa, a Itaueira vai até ele e repõe o produto. “Eu não vendo melão, vendo melão saboroso”, afirma Prado.

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Etiquetas inteligentes da memove são utilizadas de ponta a ponta, dos confeccionistas às lojas

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para pagamento com cartão de crédito. O sistema é simples: o cliente coloca as peças num compartimento que lê automaticamente os preços graças à etiqueta com RFID. O valor aparece na tela do monitor. Na sequência, basta o consumidor efetuar o pagamento, como se estivesse em um caixa eletrônico pagando uma conta. As facilidades da tecnologia de identificação por radiofrequência no espaço da loja não param por aí. Segundo Fandaruff, o controle da operação com o rastreamento das peças é a aplicação mais difundida do RFID no varejo. “Imagine uma loja com 60 mil itens. Sem o RFID, o inven-

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Tecnologias de identificação podem melhorar processos e trazer redução de custos

tário da loja pode levar uma madrugada inteira com uma equipe de 30 pessoas. Com o uso da etiqueta inteligente, esse trabalho pode ser feito por uma pessoa em duas horas”, compara. O exemplo dá uma ideia de como as tecnologias de identificação podem melhorar processos e trazer redução de custos para as empresas. Essa lógica se repete na logística. Fandaruff conta que a Haco tem casos de clientes que conseguiram processar a entrada de 8 mil peças na loja em três horas. Antes da aplicação do RFID era preciso um dia inteiro para registrar a entrada de 2 mil peças. Para o executivo da Haco, o uso das etiquetas inteligentes ainda é tímido no Brasil se compararmos com outros países. Mas a queda nos preços da tecnologia nos últimos anos tem estimulado a adesão de novos usuários. “Dez anos atrás, uma tag custava em torno de US$ 3. Hoje, está na faixa de R$ 0,20 a R$ 0,30, variando de

Flávia, da GS1 Brasil, ainda vê grande potencial de crescimento


Com rótulo e código de barras, a doceira Sílvia pôde deixar a beira da estrada para vender suas compotas em mercados

Um simples código de barras agrega valor e dá acesso a novos mercados

tenham acesso a novos mercados”, diz Tito Estanqueiro, diretor técnico da entidade. Ele cita o caso da empreendedora Sílvia Francisca Teixeira Melo, fabricante de doces artesanais de Anhanduí (MS). Até o final de 2010, toda a produção da doceira era vendida apenas à beira da estrada. Hoje, com rótulo e código de barras, Sílvia vende suas compotas nos mercadinhos da região. De acordo com a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil), responsável pela padronização de processos de logística e rastreabilidade na cadeia de suprimentos e demanda, 90% dos 55 mil associados da entidade são micro e pequenas empresas. “Entre 110 organizações da GS1 Global, já somos a sexta maior em número de associados e ainda temos um potencial muito grande de crescimento”, afirma Flávia Costa, assessora de marketing e relações institucionais da GS1 Brasil. Para a executi-

va, três fatores movem o mercado para a identificação dos produtos, seja por meio de um simples código de barras ou de uma etiqueta de RFID: redução de erros, agilidade aos processos e maior acesso aos mercados. É por isso que adotar sistemas de rastreamento pode ser um diferencial no momento, mas num futuro bem próximo com certeza será uma exigência do mercado.

LINHA DIRETA Acats: (48) 3223-0174 Anhanduí Doces: (67) 9943-3616 Chácara Beija-Flor: (48) 3272-1452 GS1 Brasil: (11) 3068-6229 Haco Etiquetas: (47) 2102-6000 Itaueira: (11) 3644-7880 PariPassu: (48) 3207-5755 Sebrae Mato Grosso do Sul: 0800 5700800

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acordo com o volume”, afirma Fandaruff. “Por isso, o RFID não é mais laboratório, hoje ele é uma realidade que não tem mais volta.” Até mesmo a tecnologia do código de barras, amplamente usada no Brasil, ainda tem espaço para crescer e ajudar muitos empreendedores a identificar seus produtos e melhorar seus negócios. O Sebrae de Mato Grosso do Sul, por exemplo, tem estimulado o uso do código de barras junto aos microempresários e empreendedores individuais do estado. “Queremos agregar valor aos produtos e possibilitar que as empresas

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Mercado de bares e casas noturnas, apesar de vender diversão, exige muita disposição, planejamento e seriedade na gestão por Mônica Pupo

sucesso nos anos 1980, a música dos Titãs que diz “A gente não quer só comida/A gente quer bebida, diversão, balé” não poderia estar mais atual. Pesquisa divulgada em fevereiro pelo instituto de informações e mídia Nielsen revelou que os brasileiros priorizam gastos extras com entretenimento em vez de investir na poupança – 39% dos participantes preferem investir no lazer quando têm dinheiro sobrando. Não por acaso, cresce também o mercado de bares e casas noturnas, além de toda uma gama de serviços e profissionais relacionados, incluindo Djs, músicos e empresas de traslado, entre outros. Mas, para lucrar na noite, não basta apenas gostar de festa e ter disposição para ficar acordado até tarde. sensível às imprevisíveis mudanças no comportamento do consumidor, o segmento exige planejamento rigoroso para sobreviver a longo prazo. Ao mesmo tempo em que se assemelham a uma empresa qualquer do ponto de vista estratégico e financeiro, os empreendimentos do ramo possuem algumas diferenças significativas em relação a outros tipos de negócios, a começar pelos custos. “Trabalhar na noite requer mais investimentos, que vão desde segurança e estacionamento até alto consumo de energia elétrica e pagamento de adicional noturno para os funcionários”, exemplifica Vinícius lages, gerente de atendimento coletivo em serviços do sebrae. Além disso, uma das características essenciais do ramo é a constante demanda por novidades que englobam estilo musical, cardápio, decoração e outros

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aspectos de infraestrutura, exigindo dos empreendedores ainda mais cautela – e fôlego financeiro – no planejamento. “Casas noturnas precisam manter um nível de qualidade de serviços assim como qualquer restaurante ou bar, mas devem primar ainda mais pela criatividade, buscando oferecer sempre as últimas tendências no estilo que seguem”, ressalta Lages. Agilidade e atenção às últimas novidades em iluminação, sonorização e visual merchandising são algumas das premissas para manter o negócio sempre atualizado – e bem frequentado. Investimentos em infraestrutura, tecnologia e atrações internacionais estão entre as estratégias do Green Valley para se manter no concorrido universo da música eletrônica há cinco anos. Instalada em Balneário Camboriú, litoral norte de Santa Catarina, a casa consumiu inicialmente R$ 2 milhões na fase de implantação. “Mas continuamos a investir todos os dias”, conta Eduardo Phillipps, sócio do empreendimento, referindo-se à necessidade constante de reformas e mudanças na ambientação. Privilegiando os morros e a natureza ao redor, o projeto arquitetônico integra os espaços fechados e ao ar livre, com direito a lagos naturais e mata nativa. Os 10 mil metros quadrados de área possuem pistas de dança, camarotes, bares, banheiros, loja, praça de alimentação e palco. Com capa-

cidade para 5 mil pessoas, as festas são animadas pelos principais DJs de techno e house music da atualidade, a exemplo de Armin Van Buuren, Steve Angello e Kaskade, destaques do último carnaval. Se não é difícil lotar durante a temporada de verão, devido ao movimento intenso de turistas no litoral catarinense, o mesmo não se pode dizer durante o inverno. Para lidar com a sazonalidade, a solução é reduzir o número de dias em funcionamento. De dezembro a fevereiro, a casa abre todos os sábados e, no resto do ano, apenas uma vez ao mês e em vésperas de feriados. Outra estratégia utilizada para driblar a baixa temporada e, de quebra, garantir a reputação da marca, é promover festas itinerantes e parcerias com outros eventos. Há dois anos, por exemplo, o Green Valley assina a festa oficial do Festival de Cinema de Gramado, na serra gaúcha. Em 2011, o club também foi responsável pela balada oficial da prova “500 milhas de kart”, que aconteceu no parque temático Beto Carrero World, na cidade de Penha (SC). Já

39% dos brasileiros preferem investir no lazer quando têm dinheiro sobrando

a House Beach – realizada em março no Hotel Infinity Blue, em Balneário Camboriú – consiste em três dias de festa que movimentam o setor de comércio e serviços da região.

Qualificação Com 42 funcionários fixos, a casa não costuma alterar o quadro durante a baixa temporada, exceto nas funções terceirizadas, concentradas nas áreas de limpeza, bares e segurança. “Em grandes eventos, chegamos a ter em torno de 300 pessoas trabalhando”, diz Eduardo. Encontrar pessoas qualificadas está entre as principais dificuldades e, para ajudar, a empresa recorre a agências de emprego. “São funções que exigem preparo e competência para lidar com o público, o que torna a missão de preencher as vagas ainda mais desafiadora”, reflete o executivo. Segurança, inclusive, é a palavra de ordem para quem pretende investir na noite. “É quase inevitável associar casas noturnas ao uso de substâncias ilícitas, sem falar no maior risco de brigas, tumultos e confusões”, aponta Vinícius Lages. Para manter tudo sob controle, o Green Valley conta com o apoio das polícias militar, civil e federal. “No começo até tivemos alguns problemas, mas com o treinamento dos seguranças e a parceria com a polícia conseguimos espantar muitos mal intenciona-


dos e reduzir as ocorrências praticamente a zero”, revela Eduardo. Obter o reconhecimento das autoridades é outro desafio. Considerado o terceiro melhor clube de música eletrônica do mundo pela revista inglesa Dj Mag, a casa tornou-se, por si só, uma atração turística à parte na cidade, atraindo pessoas de diferentes partes do mundo – mas ainda há quem torça o nariz. “Até hoje em nossa região existe um certo preconceito nesta área. Basta ver a resistência de muitos políticos em admitir que o entretenimento noturno é o principal atrativo para uma boa parcela de turistas que frequentam Balneário Camboriú”, atesta Eduardo. Entre os novos projetos do Green Valley para 2012 estão a aquisição de outros três empreendimentos em Santa Catarina, o lançamento de um festival inédito em novembro e a inauguração de um day club até o próximo verão, seguindo a tendência das festas durante o dia. Além da sazonalidade, o grande risco associado a bares e casas noturnas está na fragilidade do estilo musical predominante. “Quanto maior o modismo associado ao negócio, mais ágil e flexível deve ser a gestão para acompanhar os gostos da clientela”, recomenda Vinícius. Para evitar esse problema, a saída é apostar em gêneros mais tradicionais e unânimes, a exemplo do que fez o empresário carioca Sérgio Machado. Fisioterapeuta

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Considerado um dos melhores clubes de música eletrônica do mundo, o Green Valley traz DJs renomados e tem projeto arquitetônico privilegiando os morros e a natureza ao redor, com direito a lagos naturais e mata nativa

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DJ Nelsinho:“Trabalhar na noite não é fácil. É preciso ter muita disposição para conciliar reuniões, eventos e vida particular”

por formação, o empresário – que também é dono da Metacorpus, fabricante de equipamentos para pilates – decidiu entrar no segmento de casas noturnas investindo em dois ícones da cultura brasileira: sinuca e samba. Nascia assim, em 2007, o Lapa 40º Sinuca & Gafieira, considerado a maior casa de sinuca do Brasil, com capacidade para 2,5 mil pessoas. “Investimos num estilo atemporal, o que nos permite fugir da sazonalidade e ter a casa cheia durante todo o ano. Afinal, o samba é o samba”, comemora Sérgio, que divide a sociedade da empresa com outros quatro sócios, incluindo o dançarino Carlinhos de Jesus – responsável pela coreografia dos shows. Instalada em um casarão de quatro andares, a casa fica no Bairro da Lapa, região mais boêmia do Rio de Janeiro. No térreo, um calçadão com pedras portuguesas abriga mesas de bar e pequeno palco para shows solo. O segundo andar é o espaço reservado para mesas de sinuca de vários tamanhos. Já os shows de gafieira acontecem no terceiro andar e podem ser acom-

panhados dos camarotes e pista localizados no quarto piso. Ao todo, a instalação do negócio consumiu R$ 3,8 milhões, somando a ampliação realizada um ano após a inauguração. “O sucesso foi tanto que, em pouco tempo, a casa ficou pequena para os clientes e tivemos que aumentar o espaço”, conta o empresário. O quadro de funcionários lista 60 colaboradores fixos, mas, em noites de sexta e sábado, esse número costuma dobrar com o recrutamento de garçons e atendentes extras. “Encontrar mão de obra qualificada é complicado, por isso buscamos junto ao Senac, que possui excelentes cursos de garçom e barman”, recomenda Sérgio. Com média de 21 mil clientes atendidos ao mês, a casa aumentou o faturamento em 8,5% em 2011, fechando em R$ 12 milhões. Para 2012, a meta é crescer 12%. “Estamos sempre diversificando a oferta de serviços, pois não se pode nunca cair na mesmice”, recomenda Sérgio, mencionando a próxima aposta da casa: a inauguração de um restaurante japonês em um dos andares, para complementar


Lapa 40º Sinuca & Gafieira investe em dois ícones atemporais da cultura brasileira: samba e sinuca

“Estamos sempre diversificando a oferta de serviços, pois não se pode nunca cair na mesmice”, diz Sérgio, do Lapa 40º la muito no mercado, onde o mínimo cobrado é R$ 1,5 mil. Dependendo do evento e do DJ em questão, o valor pode chegar a R$ 15 mil por algumas horas de trabalho. “O DJ não precisa ficar a noite toda no local. Ele pode tocar antes, no intervalo ou após o show principal.” Mas o certo é que, assim como em qualquer outro negócio, disposição e profissionalismo são fundamentais para agradar o cliente e ter retorno financeiro.

LINHA DIRETA DJ Nelsinho: www.facebook.com/ djnelsinhorjoficial Green Valley: www.greenvalley.art.br Lapa 40º Sinuca & Gafieira: www.lapa40graus.com.br Sebrae: www.sebrae.com.br

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o cardápio de petiscos de boteco. Encarar festa como trabalho é outro desafio para as pessoas que optam por investir no segmento. Que o diga Nelson Patriota, que há duas décadas deixou a carreira de analista de sistemas para se dedicar à carreira de DJ. Sob a alcunha de DJ Nelsinho, ele hoje comanda as carrapetas em quatro casas noturnas do Rio de Janeiro – incluindo o Lapa 40º – além de ter um programa semanal na rádio Transamérica e tocar em shows de grande porte, a exemplo de Ivete Sangalo, Asa de Águia e Timbalada. “Trabalhar na noite não é fácil. É preciso ter muita disposição para conciliar reuniões, eventos e vida particular. Não dá para trabalhar à noite e passar o dia seguinte inteiro dormindo”, conta o DJ, enquadrado na lei de empreendedores individuais. Segundo Nelsinho, o cachê osci-

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Escolher o regime tributário exige muito estudo para a empresa não pagar mais do que deve por Beatrice Gonçalves

beatrice@empreendedor.com.br

Empresas que têm rendimentos anuais de até R$ 3,6 milhões podem optar pelo simples Nacional, regime tributário diferenciado em que o empresário paga em uma única alíquota taxas como contribuição social sobre o lucro líquido (csll), imposto sobre Renda da Pessoa jurídica (iRPj), Pis e icMs. já as organizações que têm ganhos acima desse valor – ou atuam em ramos

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simples


pela empresa antes de optar pelo simples Nacional, lucro presumido ou real. “Eu fiz um estudo e observei que em alguns casos empresas como construtoras ou que prestam serviços de limpeza e segurança mesmo que possam optar pelo simples Nacional não vale a pena. como costumam ter um grande volume de funcionários, as alíquotas do supersimples podem ficar muito altas para elas, já que as taxas variam de acordo com o tamanho da folha do pagamento. Além disso, por esse sistema as empresas são obrigadas a pagar o iNss à parte. se essas organizações tiverem faturamento acima de R$ 200 mil por mês e um grande número de funcionários, pode ser mais indicado optar por outros regimes tributários.” No lucro presumido, como o próprio nome diz há uma presunção do lucro,

aLÍquotas

imPedimentos

Empresas que optam pelo lucro real:

Não podem optar pelo lucro presumido, mesmo se não tiver alcançado o limite máximo de receita bruta:

irPj de 15% CsLL de 9% Pis de 1,65% Cofins de 7,6%

 bancos, sociedades de crédito,

Empresas que optam pelo lucro presumido:

irPj de 15% CsLL de 9% sem limitação de valor Pis de 0,65% sobre a receita da atividade Cofins de 3% sobre a receita da atividade Fonte: Sebrae

sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, empresas de seguro privado; pessoas jurídicas que tiveram lucros, rendimentos ou ganhos oriundos do exterior; pessoas jurídicas que, autorizadas pela legislação tributária, queiram usufruir de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto de renda. Fonte: Receita Federal

um percentual que é calculado de acordo com a atividade da empresa. Nesse sistema em regra geral aplica-se a base de cálculo de imposto de renda de 8% para os setores industriais e de comércio e de 32% para o de serviços. “No lucro presumido, se uma empresa de comércio tiver registrado lucro maior ou menor que 8%, a base de cálculo continuará a ser de 8% porque há uma presunção de lucro sobre as receitas”, esclarece Mota. Nesse modelo, o valor do Cofins a ser pago é de 3%, do csll de 9% e do Pis de 0,65% sobre o valor total de faturamento. se a empresa registrar lucro superior a R$ 60 mil no trimestre, além dos 15% de imposto de renda previstos na lei, ela deve pagar uma alíquota de 10% sobre o valor excedente. já no lucro real a base de cálculo do imposto que deve ser pago depende do lucro apurado pela empresa. Os balancetes podem ser feitos mensalmente e o valor dependerá dos ganhos da organização naquele determinado período. caso ela registre prejuízo, nesse modelo não haverá alíquota a ser paga. “No caso do setor industrial, em que há muitos custos com matéria-prima, aluguel e mesmo pessoal, costuma ser mais vantajoso optar pelo lucro real porque através desse sistema a organização conseguirá descontar seus gastos e pagará os impostos de acordo com a saúde financeira do negócio. Se estiver indo bem, ou seja, lucrando, pagará mais, mas se estiver com prejuízo não precisará arcar com esse ônus”, afirma josé santiago da luz, diretor tributário da bDO, empresa especializada em auditoria e consultoria empresarial. No lucro real a empresa deve pagar ainda 9% de csll, 1,65% de Pis e 7,6% de Cofins sobre o rendimento. Caso a organização tenha registrado lucro acima de R$ 20 mil por mês, ela é obrigada a pagar, além do imposto de renda de 15%, mais 10% adicional sobre o valor excedente.

LINHA DIRETA BDO: www.bdobrazil.com.br Confirp: www.confirp.com

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não aceitos pela Receita federal como enquadráveis no simples, mesmo que dentro da faixa de faturamento – devem optar por outros sistemas tributários. quem tem rendimentos brutos de até R$ 48 milhões ao ano pode optar pelo lucro presumido, mas as organizações que registram ganhos maiores ou instituições financeiras que obtiveram lucros ou ganhos de capital no exterior são obrigadas a utilizar o sistema tributário de lucro real. Para escolher o melhor sistema para cada empresa é preciso fazer uma análise e avaliar os lucros obtidos nos anos anteriores e o total de impostos pagos. Além dos ganhos anuais, o diretor tributário da consultoria confirp, Welinton Mota, diz que é preciso avaliar também a folha de pagamento e fazer um balanço sobre o total de carga tributária pago

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MIT é a prova de que cultura de empreendedorismo e de inovação é a base de uma economia sólida e competitiva


por Cléia Schmitz

cleia@empreendedor.com.br

Telefone celular, internet, iPad, pele artificial, braço mecânico, sequenciamento do genoma humano. são tantas as descobertas e tecnologias inovadoras desenvolvidas ou comandadas nas últimas décadas nos Estados Unidos que, num momento em que inovação parece a palavra-chave para todos os problemas do setor produtivo, a pergunta é inevitável: o que será que eles têm que nós brasileiros não temos? basta ouvir professores e pesquisadores de instituições renomadas como o instituto Tecnológico de Massachusetts (MiT) para descobrir que a cultura de empreendedorismo e de inovação é o principal ingrediente dessa receita que gera uma economia altamente competitiva e mais resistente a crises econômicas. Pelo menos esta é uma das conclusões do encontro “challenge of innovation 2012”, promovido nos dias 29 e 30 de março, em florianópolis, pela fundação certi – centros de Referência em Tecnologias inovadoras – em parceria com o industrial laison Program. O ilP é um programa do MiT que tem como objetivo aproximar e integrar empresas de todo o mundo com os diversos laboratórios, gru-

pos de pesquisa, professores e pesquisadores do MiT. Entre eles, Andrew McAfee e Michael schrage, pesquisadores associados ao MiT sloan school’s center for Digital, e painelistas do challenge, que contou com uma plateia formada principalmente por dirigentes de empresas do segmento de tecnologia da informação (Ti). A história do MiT é um exemplo de como esse ecossistema favorável à inovação se consolidou em terras americanas. fundado em 1861, o instituto traz em seu brasão a citação “mentes e mãos”, numa clara alusão à ciência aplicada. sabe-se que transformar o conhecimento em algo que gere valor requer atitude empreendedora. Ou seja, para termos inovação efetiva é fundamental que ciência e empreendedorismo andem juntos. “Os pesquisadores do MiT efetivamente acreditam que conhecimento útil é conhecimento aplicado”, afirma José Eduardo fiates, diretor-executivo do sapiens Parque. “A cultura de empreendedorismo está por todos os cantos do instituto”, confirma Ana Lopes, brasileira que trabalhou no escritório de licenciamento de tecnologia do MiT. O orçamento anual do MiT para pesquisa é de cerca de Us$ 2 bilhões por ano, dos quais 80% são oriundos de agências públicas e 20% de indústrias.

segundo Ana, os royalties com licenciamento não são prioridade para a instituição. Tanto que os recursos advindos de licenciamento somam Us$ 60 milhões, um retorno de menos de 3%. No entanto, a receita anual de todas as empresas geradas pelo MiT ultrapassa a casa dos Us$ 2 trilhões. “Esta é a diferença principal. O Brasil não faz essa conta”, afirma fiates. “imagine se tivéssemos os mesmos investimentos em nosso País, mas em reais. só com a carga tributária, da ordem de 30%, o governo receberia R$ 600 bilhões em impostos por ano, 300 vezes o orçamento investido”, compara o diretor do sapiens Parque. Para fiates, o brasil está desenvolvendo sua cultura de inovação, mas precisa acelerar o passo. Ele cita o exemplo da Universidade federal de santa catarina (Ufsc), que transformou a economia de florianópolis com o apoio de um ecossistema formado por incubadoras, parques tecnológicos, fundos de venture capital e institutos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. hoje, a capital catarinense tem mais de 600 empresas de tecnologia que, em 2010, tiveram juntas um faturamento de R$ 1 bilhão. A arrecadação de impostos é o dobro do setor turístico e maior até mesmo do que a indústria da construção civil. “Precisamos gerar mais

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Receita anual de todas as empresas geradas pelo MIT ultrapassa a casa dos US$ 2 trilhões

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i noVa ç ã o

requisitos Para a inoVação Para o pesquisador Michael Schrage, associado ao MIT Sloan School, a inovação depende da combinação de um conjunto de fatores. Se a lista a seguir não representa nenhuma novidade para a sua empresa, pelo menos questione se você realmente a coloca em prática:

1. Conversão da novidade em valor para a empresa e para seus clientes “A melhor maneira de gerir o futuro é modelar o futuro e nossos produtos. E o custo da conversão da inovação em valor está diminuindo no mundo inteiro.”

2. Clientes inovadores “Inovadores inteligentes observam como os clientes tiram valor de suas inovações e se retroalimentam dessas informações. Quem não consegue encontrar clientes inovadores é preguiçoso, ou seja, não está procurando, ou não tem clientes.”

3. Capital financeiro, humano e institucional “O valor do capital financeiro está se tornando menos importante como diferenciador para a inovação. O capital que vai fazer a maior diferença é o humano. A criação de um ambiente compartilhado de inovação é um investimento sábio.”

4. Cultura de inovação “Muitas organizações investem muito em produtos e serviços inovadores e pouco em cultura inovadora.”

5. Comprometimento “Quando observo as empresas mais inovadoras, vejo que a cultura se destaca, mas porque elas têm comprometimento com a inovação.”

6. Custos “Não existe inovação sem risco.”

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Conclusão:

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“A economia da inovação se transformou. Os custos da inovação estão diminuindo e o valor aumentando. Uma coisa que o indiano, o chinês ou nós americanos não podemos ser é brasileiros. Então, vocês não terão sucesso imitando o Japão ou os Estados Unidos, mas fazendo uma inovação tipicamente brasileira.”


Ana Lopes, da E-Ink: “A cultura de empreendedorismo está por todos os cantos do instituto”

Andrew McAfee, criador do conceito Empresa 2.0: “Proteja o futuro do passado”

resultados e ter ainda mais relevância em termos de valores”, conclui fiates.

mudanças positivas para quem a consome e para quem a criou. “A melhor maneira de gerir o futuro é modelar nossos produtos”, explicou o pesquisador. A boa notícia, segundo schrage, é que o custo da conversão da inovação em valor está diminuindo no mundo inteiro. Mas para guilherme de Assis brasil, diretor de desenvolvimento da Dígitro Tecnologia, desenvolvedora de soluções de inteligência, Ti e Telecom, o maior desafio está em estruturar o processo de uma inovação, ou seja, trazer o conjunto de ideias para o mundo real. Para ele, a aproximação com a academia é fundamental para o processo inovador de uma empresa. “A academia é mais livre para experimentar, nas organizações os processos costumam ser mais focados. É aí que mora a relação saudável com os institutos de pesquisas”, afirma Assis Brasil. A Dígitro mantém um laboratório na Ufsc, além de relacionamento com vários outros centros. schrage apontou a cultura de inovação como outro fator preponderante, maior do que a própria competência tecnológica. Afinal, é difícil inovar se não existir um ambiente propício. “Não adianta querer fazer inovação porque está na moda. A empresa só consegue inovar se essa cultura estiver no seu DNA, ou seja, não é algo que se cria da noite para o dia, exige uma construção de longo prazo”, atesta o empresário Everton

gubert, sócio-diretor da Agriness. criada há dez anos, a empresa atua na área de gestão da informação para o agronegócio, atendendo mais de 1,4 mil clientes só no brasil. segundo gubert, estimular um ambiente favorável à inovação é uma filosofia que a empresa segue desde sua fundação. “Visão sem ação é ilusão”, conclui o empresário. Para o professor Andrew McAfee, criador do conceito Empresa 2.0, as organizações precisam ter cuidado com o que ele chama de hippos (hipopótamos). Numa tradução do inglês, hippos quer dizer “opinião da pessoa mais bem paga”, ou seja, uma brincadeira com os executivos que em vez de se apoiarem na análise de dados para tomar decisões, levam em conta apenas suas experiências. McAfee diz que eles serão substituídos pelos cientistas de dados, que representam um modelo de organização mais favorável à inovação. Nesse cenário, as incubadoras, por exemplo, não têm mais corredores, mas uma única sala onde as empresas podem compartilhar suas experiências. “Proteja o futuro do passado”, aconselha McAfee.

Inovação e valor A tradição norte-americana em inovação tecnológica tem representantes como a centenária ibM, enquanto no brasil as startups não passam de 30 anos. “Acredito que o ponto-chave da competitividade dos Estados Unidos é que nós temos mercados muito competitivos e empreendedores que criam novos mercados para transformar os anteriores”, disse o pesquisador Michael schrage durante o encontro realizado em março em florianópolis. Na lista de requisitos necessários para que uma empresa faça inovação, ele coloca no topo a conversão da novidade em valor. Para quem? Para a empresa e para seus clientes. Ou seja, não basta fazer algo novo, a novidade tem que trazer

Para termos inovação efetiva é fundamental que ciência e empreendedorismo andem juntos

LINHA DIRETA Agriness: (48) 3028-0015 Dígitro: (48) 3281-7000 Sapiens Parque: (48) 3261-2800

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IMAGEM E ARTE

IMAGEM E ARTE

Fiates, do Sapiens Parque: Brasil está desenvolvendo sua cultura de inovação, mas precisa acelerar o passo

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Nina Lahaliyed, administradora e “dona� da receita

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caseiro Sabor

por Cléia Schmitz

cleia@empreendedor.com.br

Primeiro eles conquistaram um brasileiro em especial. Depois, milhares de moradores e visitantes de Campinas (SP). No início de fevereiro, chegaram à capital paulista e agora começam a conquistar todo o Brasil. Os brownies da administradora norte-americana Nina Lahaliyed parecem conter uma poção mágica. “Eles fidelizam na primeira mordida”, garante o marido, Nasser Lahaliyed. Ele foi o primeiro a experimentar o sabor que, em 2008, se transformou em negócio – a Brou’ne, uma loja instalada no Bairro Cambuí, em Campinas. Logo foram abertas mais três brownerias na cidade e, no ano passado, a marca iniciou seu processo de comercialização de franquias. A meta é chegar a 300 lojas em cinco anos. No site da Brou’ne, Nina conta que fazer brownies era uma forma de matar as saudades de casa. Recém-casada, em 1996 ela deixou os Estados Unidos e veio morar com Nasser no Brasil. “Os brownies da minha mãe conseguiam me levar de volta ao aconchego e conforto do meu distante lar. Assim, antes que eu mesma percebesse, lá estava eu preparando os brownies para meu marido e três filhos e, mais recentemente, para meus amigos e parentes. Passamos todos a compartilhar as mesmas sensações vividas, em família, em Chicago”, conta a empreendedora. Nina garante que a recei-

ta oferecida na Brou’ne continua sendo a mesma que herdou da mãe. Aliás, “as receitas”. São 15 tipos diferentes de brownies, do tradicional ao brownie com creme de avelãs ou frutas vermelhas. “Quem experimenta nossa receita descobre que brownie não é só um bolo molhado”, afirma Nasser. Conforme o negócio foi crescendo, Nina passou a oferecer novos itens, sempre com receitas originais americanas. São cookies, bars (cookies assados em formas e cortados em barras) e cupcakes, além de combinações destes doces com um sorvete elaborado pela própria Brou’ne. Em junho de 2011, o mix ganhou uma novidade especial, os whoopie pies, doce que leva este nome por causa do grito das crianças assim que abriam as lancheiras e se deparavam com os sanduíches de soft cakes (biscoitos fofos) recheados. A Brou’ne traz três versões: chocolate recheado de brigadeiro, red velvet recheado com “cream cheese filling” e limão com lemon filling. Para acompanhar os doces, a rede oferece um café gourmet. Nas lojas, os clientes também têm a opção de comprar as especialidades da casa para presentear. Um exemplo é o Brou’ne Gift Box, uma caixa com uma seleção de brownies que pode ser composta de vários sabores, à escolha e gosto do consumidor. As vendas em loja não são o único canal comercial da Brou’ne. A rede também aposta no mercado corporativo e de eventos, oferecendo opções diferenciadas

“Quem experimenta nossa receita descobre que brownie não é só um bolo molhado”, afirma Nasser

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Receita de família conquista o público e faz da Brou’ne um sucesso de vendas, que agora expande via franchising

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de brownies e cupcakes para coquetéis de empresas, casamentos, aniversários, chás de noivas, etc. “O franqueado pode e deve explorar bastante esse nicho, que é muito carente e, portanto, promissor para o negócio”, afirma Nasser. O projeto de franchising da Brou’ne prevê uma expansão a passos largos. A rede planeja chegar ao final de 2012 com 50 contratos de franquias fechados e, pelo menos, 20 lojas inauguradas. Inicialmente, a prioridade é pelos mercados do Sudeste e Sul. Para 2013, a meta é alcançar a marca de 100 unidades vendidas. “Até 2017 queremos estar com 300 lojas”, conta Nasser, diretor de franquias da marca. Plano ambicioso? O empresário admite que a expansão será rápida, mas garante que ela foi muito bem planejada. “Fizemos um estudo e testamos o formato durante três anos. Nosso plano de negócios casa a expansão com a logística para termos certeza de que o brownie degustado na Região Sul será o mesmo de Campinas. Não temos dúvida do potencial de crescimento da Brou’ne.” A estreia da marca no mundo do franchising foi em grande estilo. A primeira franquia foi inaugurada no Shopping Igua-

Entre 1 mil marcas, a Brou’ne é uma das 200 mais procuradas, segundo ABF temi Alphaville, em São Paulo, no último dia 8 de fevereiro. A localização é considerada perfeita para os objetivos da Brou’ne de atender especialmente o público das classes A e B, um mercado que cresceu cerca de 60% entre 2005 e 2010. “Os consumidores de Alphaville são exigentes, buscam a qualidade e a exclusividade presentes em nossos produtos e, com certeza, saberão degustar o conceito da nossa loja”, afirma Nasser. Segundo o empresário, a meta da Brou’ne é atender em média 10 mil clientes por mês na nova loja. Não faltam pretendentes para a Brou’ne. A rede recebe em média 30 contatos diários de interessados em adquirir uma franquia da marca. “Isso sem nenhum esforço de divulgação, só no boca a boca”, observa o diretor de franquias. Entre os candidatos há desde apreciadores dos brow­nies até investidores que buscam novas oportu-

nidades de negócios. Segundo Nasser, no ranking das franquias mais procuradas, elaborado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), a Brou’ne aparece entre as 200 primeiras num universo de cerca de 1 mil marcas. Na avaliação do empresário, é uma ótima colocação para quem acaba de ingressar no sistema de franchising. A meta é comercializar meia tonelada de brownie por mês em cada uma das franquias. Para isso, a rede não aposta só na originalidade da receita de Nina, mas também no conceito de confort food. Nasser explica que a proposta é de um ambiente agradável que conquiste o cliente não apenas pelo paladar. “Nossas lojas têm sempre um cheiro de bolo que acabou de sair do forno. Isso traz o conforto do lar e uma recompensa emocional para o cliente.” Para ele, são essas sensações que produzem casos como o de uma cliente do Sul que, ao fazer escala em Campinas, pega um táxi até uma das lojas para levar brownies para casa.

LINHA DIRETA Brou’ne: www.broune.com.br


Brou’ne Taxa de franquia: R$ 40 mil* Taxa de royalties: 6% FB** Taxa de fundo de propaganda: 2% FB Área: 60 a 120 m² (lojas) e 12 m² (quiosques) (*) Não incluem o valor de ponto e capital de giro (**) FB faturamento bruto LOJAS Próprias (todas em Campinas) 4Cambuí 4Shopping Iguatemi 4Shopping Dom Pedro 4Galleria Shopping Franqueadas 4Shopping Iguatemi Alphaville (São Paulo) Próximas inaugurações 4Jundiaí (SP) 4São Bernardo do Campo (SP) 4Uberlândia (SP)

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Metas (lojas comercializadas) 2012 – 50 | 2013 – 100 | 2017 – 300

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f ra nqu i a

formação:

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Crescimento do franchising no País exige profissionais com conhecimentos específicos na área

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Em contínua expansão, as franquias brasileiras cresceram 16,9% em 2011, alcançando faturamento total de R$ 88,8 bilhões, segundo balanço da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Reflexo do bom momento da economia nacional e do aumento de renda da população, o crescimento do franchising também representa um desafio aos empresários e executivos. cada vez mais competitivo, o segmento passou a exigir um número crescente de profissionais especializados em gestão de redes de franquias. De certificações técnicas a cursos de pós-graduação e MbA, o que não faltam são alternativas para incrementar a formação dos franqueadores e, de quebra, profissionalizar ainda mais o promissor mercado de franquias. sócio-fundador da Mr. Mix, rede de lanchonetes especializadas em milk-shake, clederson cabral decidiu investir na própria capacitação em 2009, um ano após aderir ao franchising. “senti necessidade de me especializar para melhorar a prestação de serviços aos franqueados e acelerar a expansão da rede com qualidade”, diz. formado em Administração de Empresas, com pós-graduação em gerência de Projetos, o empresário optou pelo MbA em gestão de franquias, único MbA do País com foco em franchising, oferecido pelo Programa de Administração em Varejo (Provar), da UsP, em parceria com a Abf. com duração de 19 meses, o curso divide-se em dez blocos, que propiciam o contato dos alunos com importantes empresas e profissionais do segmento, a exemplo de O boticário. O corpo docente reúne professores titulados da faculdade de Economia, Administração e contabilidade da UsP e palestrantes convidados especializados em franquias. “com ênfase

em técnicas de negociação, plano de negócios e gestão de redes, o conteúdo está em total sinergia com as rotinas de uma empresa franqueadora”, atesta cabral, que concluiu o MbA em 2011. Utilizando as técnicas de gestão que aprendeu no curso, cabral conseguiu aprimorar a operação e elevar o faturamento da Mr. Mix em 87% no ano passado, ultrapassando R$ 10 milhões. Em número de lojas, a rede cresceu 165%, somando hoje 54 unidades, além de outras 38 em processo de implantação. “Para 2012, nossa meta é chegar aos R$ 27 milhões de faturamento, com 100 lojas operando”, completa o franqueador. Para quem deseja se especializar em franchising, o primeiro passo é buscar informações na própria Abf. Através da Academia de franchising, a entidade oferece uma série de cursos e treinamentos voltados não só para franqueadores, mas também para franqueados, consultores e executivos de franquias. “O crescimento consistente das redes de franquias, sobretudo nos últimos sete anos, requer profissionais que conheçam as especificidades do franchising, incluindo planejamento estratégico, marketing, operacionalização e gestão de redes”, relata cristina franco, vice-presidente da Abf. Entre os cursos mais procurados está o introdutório “Entendendo franchising”, que aborda questões como técnicas de avaliação para a escolha do melhor negócio, direitos e obrigações impostos pela lei de franquias. já o curso “conhecimento avançado de franchising” vai além no conteúdo e na carga horária, apresentando técnicas para a estruturação e expansão de franquias, assim como ferramentas para o gerenciamento de uma rede franqueadora. “são cursos recomendados tanto para quem está estruturando uma operação de franchising quanto para quem está pensando em comprar uma franquia”, ressalta cristina.

É possível ainda investir nas certificações oferecidas pela entidade. Voltadas para quem já atua ou pretende atuar dentro das redes de franquias, as certificações consistem em treinamentos específicos para as seguintes áreas: recursos humanos, marketing e vendas, gestão financeira e gestão administrativa. “O objetivo é desenvolver e aperfeiçoar conhecimentos, habilidades e técnicas essenciais para o profissional de franchising”, diz Cristina. Mas não é só a Abf que dispõe de cursos específicos. Oferecido pela Cherto Consultoria, o franchise University é um dos mais tradicionais da área. Na 56ª edição, o treinamento é destinado a pessoas que desejam franquear o seu negócio ou atuar em uma empresa franqueadora. O conteúdo abrange o funcionamento completo das redes, desde a estratégia inicial de expansão até a implantação e gestão da marca. O corpo docente conta com nomes como o de filomena garcia, sócia-diretora da franchise store, primeira loja de venda de franquias da América latina, entre outros. com duas edições ao ano, o franchise University já formou mais de 1,8 mil pessoas, incluindo executivos de grandes redes, como casa do Pão de queijo, Devassa, água de cheiro, 5asec, bob’s e claro. “O curso possibilita adquirir conhecimento teórico e prático para aplicar em sua empresa, independentemente do porte”, afirma André Jório Albuquerque, diretor da marca coca-cola clothing, que participou do treinamento em 2010.

LINHA DIRETA ABF: www.portaldofranchising.com.br Mr. Mix: www.mrmix.com.br Cherto Consultoria: www.cherto.com.br

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por Mônica Pupo monica@empreendedor.com.br

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f ra nqu i a

made in Brazil

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Desde 1988 no mercado de vestuário, a marca brasileira Nicoboco é especializada nos segmentos de surfe, street e sport wear. Em um ramo dominado pelas marcas internacionais, a Nicoboco conta com 24 lojas espalhadas pelo País, e se tornou conhecida por atletas e praticantes de esportes radicais. instalada em uma fábrica de 5 mil metros quadrados, a marca desenvolve cerca de 500 modelos para cada coleção. Até 2020, a empresa planeja chegar a 200 unidades em todo o País. “Num primeiro momento vamos fortalecer a rede de franquias e lojas atuais a fim de se preparar para um crescimento mais expressivo a partir do ano que vem”, afirma o gerente de franquia, Vitor federicci. O investimento total estimado para colocar a franquia em funcionamento, incluindo estoque inicial, instalação, taxa de franquia e capital de giro, varia entre R$ 300 mil e R$ 400 mil. A marca oferece ao franqueado avaliação e seleção de ponto comercial, projeto arquitetônico, orientação na montagem da loja, transferência de know-how a partir de manuais operacionais e programas de treinamento e consultoria de campo e visual merchandising. E devido ao cenário atual de valorização dos espaços nos centros comerciais, o gerente da franquia explica que é possível trabalhar com lojas menores quando necessário. “Os franqueados devem ter em mente lojas adaptáveis a diferentes tamanhos, sempre focando a viabilidade do negócio”, destaca. www.nicoboco.com.br

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oportunidade digital No mercado desde 2007, a g3W é a maior franquia digital da América latina e nasceu da necessidade que as pequenas e médias empresas têm de desenvolver um site estruturado com investimento acessível. A história da g3W provém de ideias e experiências adquiridas de seu idealizador e presidente fábio fonseca, que sempre trabalhou na área comercial. A empresa conta com aproximadamente 10 mil franqueados, em todas as regiões do País, e cerca de 40 mil projetos concluídos. A média de idade dos franqueados está entre 25 e 40 anos, contudo, o padrão de modelo simplificado da empresa permite que qualquer faixa etária consiga concluir um projeto de website. A g3W oferece ao mercado sistemas de autogestão para criação de serviços digitais, como criação, controle, design de sites institucionais, gerenciamento de e-commerce, plataformas para sistema imobiliário, concessionárias e negociantes de automotores, entre outros serviços. Treinamentos e técnicas de vendas são feitos regularmente com todos os franqueados da companhia. Desde técnicas simples, até as mais complexas que abordam como oferecer o sistema, criar uma equipe, técnicas motivacionais, entre outros treinamentos que auxiliam no melhoramento do negócio próprio. Para ser um franqueador, o empreendedor terá que investir R$ 799 para a taxa de franquia e pagar mensalmente o valor de R$ 200 referente à taxa de royalties. www.g3w.g3w.com.br


Contra a corrente A jan-Pro, multinacional americana especializada em limpeza comercial, conseguiu crescer 25% nos últimos cinco anos, mesmo com a recessão nos Estados Unidos. A empresa ocupa o terceiro lugar da lista das franquias que mais cresceram nos últimos anos no mundo e mantém uma participação de 22% do mercado de franchising americano, número esse que representa um faturamento anual superior a Us$ 500 milhões. Mas não é só nos Estados Unidos que a rede pretende figurar entre as maiores – as previsões de crescimento no brasil também são animadoras. “Em 2011, o mercado de limpeza comercial profissional movimentou cerca de R$ 14 bilhões, demonstrando um aumento de 15% em relação

ao ano anterior”, afirma Bernard Jeger, máster franqueador da jan-Pro no País. Depois de superar as expectativas durante a implantação das operações no brasil, presente desde junho de 2011, a rede já espera um aumento de 30% no faturamento. “No plano de expansão, nossa expectativa é atingir, até 2014, a marca de 2 mil franquias em todo o País, e hoje já temos 650 candidatos a franqueado da janPro”, explica jeger. Atualmente a empresa opera com quatro modelos de franquia: a microfranquia, a partir de R$ 5 mil; a franquia gerencial, a partir de R$ 25 mil; a franquia empresarial, a partir de R$ 50 mil; e a franquia regional, a partir de R$ 80 mil.

www.jan-pro.com/brasil

A copa do Mundo de 2014 no brasil já começa a atrair investidores. Um deles é a rede Mr. cheney, especializada em cookies e iguarias americanas. A marca investe em seu plano de expansão no País e prevê a abertura de 100 unidades até 2014. A empresa pretende conquistar franqueados em todas as cidades-sede do evento. A empresa possui seis lojas localizadas nos estados de são Paulo, Distrito federal e santa catarina, que representaram um aumento de 50% no faturamento da empresa. “superamos nossa expectativa e pretendemos prosseguir com o plano para 2012”, afirma o diretor da rede, lindolfo Paiva. “Nossa aposta está no diferencial do produto que oferecemos, produzido de maneira artesanal e com ingredientes de alta qualidade”, explica Paiva. Para 2012, a Mr. cheney pretende investir R$ 2,5 milhões no plano de expansão. A rede prevê a abertura de mais 15 lojas até o final do ano. A previsão é que as próximas lojas sejam abertas no Rio de janeiro, curitiba, belo horizonte e goiânia. A rede acredita que o valor de investimento inicial de R$ 183 mil também será atrativo para empreendedores que querem partir para o próprio negócio. Nesse montante já estão incluídos a taxa de franquia, os equipamentos e o capital de giro. Os modelos de lojas disponíveis variam entre o quiosque e a loja padrão, com lugar para sentar e degustar os produtos. A marca oferece um mix de guloseimas americanas como a apple pie, torta de maçã muito consumida nos Estados Unidos; as american pancakes; os brownies; e os cinnamon rolls, enrolados de canela, feitos com pão doce típico americano.

www.mrcheney.com.br

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apelo ao paladar

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Pr odu tos e s er V iç o s

avalie sua gestão O Mahagestão (mahagestao.com.br) é um portal para micro e pequenas empresas que oferece serviços gratuitos de avaliação de gestão do negócio. Para ter acesso ao sistema, os interessados devem acessar a página e responder um questionário sobre a empresa com informações sobre compras, vendas, estoque, pagamentos e recebimentos. com base nas informações enviadas, o portal gera o Índice Mahagestão, que aponta o atual estágio de maturidade da gestão da empresa, trazendo uma análise detalhada com gráficos de desempenho dos processos do negócio e apontando as oportunidades de melhoria identificadas. Após o diagnóstico e a análise dos gráficos apresentados, o Mahagestão sugere planos de ação, de acordo com as necessidades de evolução da empresa, disponibilizando uma série de alertas para que o gestor possa controlar a execução das tarefas propostas. Ao completar a execução do plano, é possível gerar uma nova análise e atualizar seu Índice Mahagestão, iniciando um novo ciclo. www.mahagestao.com.br

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Costura artesanal

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A singer apresenta dois lançamentos de máquinas domésticas da linha facilita. Os lançamentos reúnem características que atendem os usuários que utilizam a máquina para fazer artesanato como hobby ou que necessitam de produtos velozes e robustos para maior rendimento na costura. A facilita 2818 tem casa de botão de quatro passos, ajuste de comprimento e largura dos pontos, três posições de agulha, braço livre que facilita a costura em mangas, punhos e barras e chapa isoladora dos dentes para bordados livres. O preço sugerido pela marca para o modelo é de R$ 669. já a facilita super 2968 tem base plana, que pode ser usada em mesas ou gabinetes para máquina de costura, três posições de agulha, motor de 1,1 mil pontos por minuto e 18 pontos básicos. O preço sugerido para o produto é também de R$ 669. www.singer.com.br


sem restos A empresa americana insinkErator traz para o brasil cinco modelos de trituradores de resíduos de alimentos residenciais e sete modelos comerciais. Os aparelhos podem ser acoplados a qualquer modelo de pia de cozinha e eliminam em poucos segundos sobras e restos de frutas (cascas e caroços), legumes, ossos, cascas de ovos, entre outros resíduos orgânicos, deixando a cozinha livre de odores e da proliferação de insetos e bactérias decorrentes do uso de lixeiras. Para ligar o triturador, basta o usuário abrir a torneira de água fria, acionar o botão e despejar os resíduos no bocal que substitui o ralo da pia. Em alguns segundos os resíduos são triturados e enviados diretamente pela tubulação para a rede de coleta de esgoto e posteriormente a uma estação de tratamento. Os equipamentos facilitam o processo de reciclagem, já que os resíduos alimentares podem ser eliminados pelo ralo da pia, direto para a tubulação, após serem triturados, facilitando a separação dos outros materiais e eliminando a necessidade do uso das sacolas e sacos plásticos para o descarte desses resíduos. Os trituradores têm baixo consumo de energia, gastando por mês o equivalente a uma lâmpada de 100 watts. www.insinkerator.com.br

acompanhamento de processos clientes podem ter acesso ao andamento do processo pela internet. O software permite ainda gerar relatórios como processos por cliente, por advogado ou por fórum; custos de um cliente; os compromissos do dia e o relatório de andamento dos processos. O Debit jurídico funciona integrado aos aplicativos da

Debit: site para Advogados – ferramenta que permite consultar pela internet os processos em andamento; ao Debit caixa – sistema em que pode ser feito o controle financeiro dos processos; e ao Debit sAc, em que são monitorados e avaliados os atendimentos realizados pelo escritório. www.debit.com.br empreendedor | abril 2012

O Debit jurídico é um software que permite aos escritórios de advocacia ter o pleno controle dos processos de seus clientes. Os prazos, custos e honorários de cada processo ou mesmo os dados sobre cada cliente podem ser cadastrados no sistema, e por meio de uma senha tanto os advogados quanto seus

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emp ree ndedo r is mo j á . c o m

pr essão

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Quanto você é capaz de suportar?

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Por vezes, não adianta acionar o melhor motoboy da cidade. Mesmo com todo esforço operativo, o tom de voz do cliente, do outro lado da linha, é de impaciência. Montar e gerir um negócio exige, pois, dedicação, disciplina e, principalmente, resistência à pressão. Afinal, por mais que sejamos cuidadosos e competentes, pode sempre faltar um colaborador qualificado, um equipamento, dinheiro ou, simplesmente, tempo! Há quem acredite que o empreendedor carrega, atrás da orelha, um botão de liga e desliga. Depois do dia de trabalho estafante, ele se esquece dessas atribulações e vai jogar tênis ou praticar natação. Assim, somos vistos como magos ou feiticeiros, capazes de solucionar problemas e controlar emoções. Muitas vezes, a porta de minha sala se abre e surge um colaborador com ar preocupado. Ele verbaliza o problema e, logo, parece aliviado. Acredita piamente que o líder do grupo vai dar um jeito na situação. Por um lado isso é magnífico. Significa que inspiro confiança. Por outro, ganho mais uma tarefa, mais uma responsabilidade. A pressão aumenta. Existe um jeito de fazer diferente? Ora, de fato, o gestor competente pode dividir atribuições e liberar-se para atividades de planejamento, criação e inovação. No entanto, é certo que ele ainda terá que tomar decisões, todos os dias. Empreendedores que reclamam desse fardo parecem não compreender o preço da autonomia. Fazer vingar um negócio não é fácil. Uma empresa precisa produzir, mas isso não é tudo. Deve estabelecer relações, negociar, fazer seu marketing, formar seu pessoal, inovar, prestar atenção à concorrência e fazer com que as receitas excedam as despesas. A realização do sonho é a meta do empreendedor. E, veja bem, realizar um sonho é diferente de sonhar. Sonho é

vontade, é idealismo. Empreender é transformar essa inspiração em realidade por meio de atos e escolhas, ou seja, do livre arbítrio. Surge, então, uma pergunta: você é capaz de lidar com a pressão? Se você simplesmente não tem disposição para suportar a força contrária, opte por ser um liderado. Se você quer fazer do seu jeito, defina aonde quer chegar e prepare-se para suportar a pressão correspondente. Seguem cinco atitudes fundamentais de quem sabe administrar a pressão: 4não prometa o que não pode cumprir; 4planeje seus passos e prepare-se para assumir desafios; 4administre, mas saiba delegar funções e responsabilidades; 4saiba dosar ousadia e prudência; 4tenha sempre um plano B, mesmo para os pequenos projetos.

O valor do desafio

Prefira não desafiar uma pessoa determinada. Provavelmente você vai perder. Acredito que você já ouviu essa afirmação. E ela faz sentido. As pessoas realmente determinadas ampliam seus limites de resistência, ou seja, tornam-se mais capazes de suportar a pressão. Convém lembrar que a pressão pode ser encarada como energia associada a um desafio. É combustível. É gasolina. E pode ser utilizada pelo empreendedor: sua atenção se redobra, os dentes se apertam e a garra se intensifica. Quem se vê como uma empresa – um João S/A, uma Maria Ltda, um Carlos ME – modifica sua percepção sobre si mesmo e, no esforço para concretizar seu projeto, se habilita a suportar ainda mais pressão. O ex-presidente norte-americano John Kennedy costumava repetir uma frase formidável sobre o assunto: “Coragem é manter a classe sob pressão”. Ele queria dizer que a determinação precisa ser acompanhada de serenidade.

por Marcelo Ponzoni

Publicitário e diretor-executivo da agência Rae,MP, que atua há 23 anos no mercado; e autor do livro Eu só queria uma mesa, da Editora Saraiva. (11) 5070-1294 – marcelo@raemp.com.br www.raemp.com.br

O gestor competente pode dividir atribuições e liberar-se para atividades de planejamento, criação e inovação

Cabe, portanto, completar este pensamento com um trechinho da letra de “Desesperar jamais”, de Ivan Lins. Desesperar jamais Aprendemos muito nesses anos Afinal de contas não tem cabimento Entregar o jogo no primeiro tempo Nada de correr da raia Nada de morrer na praia Na hora da pressão, portanto, respire fundo e reflita sobre seus propósitos, sonhos e objetivos. Se aguentar firme, vai avançar muitas casas no fantástico jogo da vida.


megafone

Entregar ou vender? por vender e entregar. Na minha visão de marketing e planejamento, não acredito no sucesso desta decisão estratégica. Vender exige qualidades especiais e entregar também demanda expertise. É muito difícil se destacar muito bem nas duas posições. É possível, sim, realizar as duas tarefas; entretanto, existe um perfil melhor para uma delas e, no final, o resultado da venda ou da entrega será comprometido. Nessa hora precisamos ter a melhor qualidade para reverter e transformar os resultados em satisfatórios. Há quatro anos vivi esta experiência. A minha agência – Elos Cross Marketing – não gerava receita suficiente e minha reserva de investimentos havia acabado. No primeiro momento assumi a responsabilidade de vender e entregar ao mesmo tempo. Entretanto, o quadro negativo era constante. Pensei em desistir da busca pelo meu sonho. Foi uma etapa em que busquei muita inspiração para encontrar uma solução adequada e favorável. Na prática não é muito fácil, pois é preciso, além de tudo, ter equilíbrio no meio de uma situação como esta. Em uma conversa com minha atual sócia, a Fabiana, decidimos separar as atividades nas quais eu seria responsável apenas pela venda, pois era o que eu fazia de melhor, e ela assumiria a produção. Foi este pequeno ajuste que nos tirou da situação adversa. Comecei a executar algo que me dava muito prazer. Por outro lado, minha sócia sempre teve perfil para a produção. Unimos o útil ao agradável! Dividimos as tarefas e respeitamos a nossa interdependência. A qualidade da nossa entrega melhorou muito e os resultados positivos deram lugar aos negativos. Meu objetivo é provocar uma reflexão no seu dia a dia. Todo empreendedor e todo líder deve avaliar se está concentrando todas as principais responsabilidades da sua empresa. Certamente dividir com base no que cada um faz de melhor é uma estratégia inteligente para busca de novos – e melhores – resultados.

por Rodrigo Geammal

Fundador e Diretor Executivo da Elos Cross Marketing - agência brasileira pioneira no marketing de resultados de vendas, que tem o esporte e o entretenimento como conteúdo estratégico. rodrigo@eloscrossmarketing.com.br www.eloscrossmarketing.com.br (11) 3432-2028

Dividir responsabilidades com base no que cada um faz de melhor é uma estratégia inteligente para busca de novos – e melhores – resultados

empreendedor | abril 2012

Quem vende não entrega e vice-versa. É uma regra. O tema pede reflexão e a ideia aqui é compartilhar com o leitor, especialmente para quem está integrado no universo do empreendedorismo e também para quem deseja reorganizar a sua estratégia. Quando começamos um projeto, ou quando estamos em dificuldade em nossa atividade, vestimos a camisa da empresa e, muitas vezes, abraçamos diversas responsabilidades e nos tornamos ultraversáteis. Quem nunca ouviu algo do gênero: “Aqui eu sou o financeiro, o marqueteiro, o administrador, o portador.... Fazemos de tudo!”. Existem duas situações interessantes para ilustrar a nossa conversa: a primeira é quando começamos o nosso negócio e a verba da empresa fica curta; e a segunda é quando passamos por dificuldades no negócio. Nos dois cenários a primeira solução que encontramos é cortar os gastos e assumir, como donos do negócio, diversas funções e responsabilidades antes executadas por outros colaboradores da equipe. Será que esta atitude resolve de fato? Uma reflexão que proponho e que sempre acreditei funcionar é: “Quem vende não entrega e quem entrega não vende!”. Na realidade, o que desejo transmitir com esta analogia é a interdependência das atividades. Em casos onde é preciso lidar com as adversidades e imprevistos, a divisão de atividades é superimportante. Centralizar todas as responsabilidades na mesma pessoa não é a melhor alternativa. É preciso sempre pensar quem é o colaborador com perfil adequado para executar determinada tarefa e quais são as prioridades para reverter os resultados negativos. Uma ação simples é definir quem será o vendedor da sua empresa e quem entregará o produto ou serviço vendidos. Pode parecer simples, mas muitos empresários, quando se veem no ‘olho do furacão’, resolvem assumir dupla função e ser o responsável

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Ba nh o de Lo j a

Como você prefere?

empreendedor | abril 2012

Entregar facilidade e conveniência para os clientes já não é mais suficiente. O consumidor de ontem que ficava feliz com o delivery do supermercado que entregava um cacho de banana inteiro na sua casa, hoje quer ter a opção de recebê-lo verde ou maduro e, de preferência, no exato momento em que ele desejar – que, inclusive, pode ser agora mesmo. quem lida com público sabe que os consumidores estão cada vez mais exigentes e não querem mais ser tratados de maneira standard. querem à sua maneira e em seu tempo. No exemplo acima, do cacho de banana, pode parecer um certo grau de

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exagero personalizar tanto assim o pedido, mas isso pode ser um grande diferencial de uma marca. É o que pensa o executivo da Peapod, Tim Dorgan, que em sua palestra na última NRf (National Retail federation), a maior federação do segmento e que representa empresas norte-americanas e internacionais, explanou como o site de varejo alimentício americano www.peapod.com alcançou sucesso em home delivery. quando o usuário entra no site e digita seu cEP, automaticamente tem acesso às ofertas de sua região e aos produtos que a Peapod oferece nesta área. Para que tudo chegue “fresquinho” existem parcerias regionais e também frotas dedicadas. Talvez você esteja pensando no custo e na complexidade logística de tudo isso, o que certamente há, mas como diria o próprio palestrante, o desafio está em conseguir aumentar o tíquete médio de cada compra, pois na internet é comum se repetir o mesmo pedido. Assim, certos apelos de consumo por impulso que a loja física dispõe não são possíveis na web e as vendas adicionais são tratadas de outra forma. Enquanto escrevia este artigo, quem acessava o site encontrava, além das categorias tradicionais como bebidas, congelados, etc., uma categoria Páscoa, na qual havia produtos agrupados especificamente para este evento, em sugestões para café da manhã, bebidas, sobremesas, enfim, dando soluções, facilitando a compra e buscando faturamento adicional. É importante dar opções para o cliente, proporcionar maneiras distintas

É importante dar opções para o cliente, proporcionar maneiras distintas e deixar que ele decida

Por Kátia Bello

Kátia bello é arquiteta, especialista em comunicação estratégica de varejo e sócia-diretora da Opus Design (katia@opusdesign.com.br)

e deixar que ele decida se quer fazer um pedido e pegar na loja, se quer comprar diretamente na loja ou se quer tudo entregue em casa. interessante este case, pois quando falamos de comércio eletrônico vêm facilmente à nossa cabeça os eletrodomésticos, livros e artigos de moda. No entanto, quando se fala do ramo alimentício a loja física ainda passa mais confiabilidade em certos itens, principalmente os mais perecíveis como as frutas que o cliente gosta de “escolher” e tem medo que o item que chegue em sua casa não esteja a contento. A palavra confiança é decisiva neste processo. lembro-me que no início da era e-commerce as compras pela internet no Brasil geravam desconfiança nos mais céticos, porém a modalidade de compra tem evoluído bastante, tanto em faturamento como em amplitude. Além dos computadores, existem as plataformas móveis, smartphones, tablets, etc. Enfim, nunca antes tivemos tantos meios para comprar nem tantas opções para escolher. Isso gera um grande desafio para as marcas, que passa pela relevância e pela maneira como garantem a experiência de compra em qualquer plataforma escolhida. há de se ter coerência!


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Leit ura

Por um mundo melhor Obra reúne as principais ideias sobre sustentabilidade e, mais do que apenas propor reflexão, apresenta propostas de implantação Resultado de uma enquete realizada entre líderes seniores e ex-alunos do cambridge Programme for sustainability leadership (cPsl), o livro oferece ao leitor a essência das ideias dos 50 livros mais importantes sobre o planeta, a relação entre seus habitantes, soluções tecnológicas, novas concepções filosóficas, empresariais e econômicas, além de propostas políticas e um programa de reforma internacional, favorecendo a reflexão

sobre os caminhos para planejar um mundo mais equilibrado e justo. Dentre as entrevistas e biografias selecionadas, destacam-se nomes como Aldo leopold, Rachel carson, Donella h. Meadows, E.f. schumacher, Al gore, jeffrey sachs, Max Neef, Peter senge, john Elkington e o brasileiro Ricardo semler. Personalidades que, de acordo com o autor, ajudaram a dar forma à agenda de sustentabilidade ao longo dos anos.

os 50 + importantes livros em sustentabilidade Wayne Visser – Editora Peirópolis – R$ 30

“Consciência é informação tornada viva, é a fonte de informação, e evolui a níveis cada vez mais altos e abstratos para chegar à criatividade, aquela que permite criar um mundo diferente de tudo o que já se conhece. Por isso chegou a hora de uma mudança de percepção, uma mudança cultural que traga uma ampliação de consciência para atingir outro nível de realidade. Um salto quântico para além do ego encapsulado na pele, fazendo a ultrapassagem do foco em si mesmo. Essa metamorfose virá quando nos dermos conta de que a nossa

mundo em crise

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Claudia Kodja – Editora Almedina – R$ 47

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As inovações financeiras impostas no final do século 20 alteraram significativamente a liquidez e a velocidade do sistema financeiro, determinando novas técnicas de pagamento e outras formas de poupança e investimento. Dividida em cinco partes, a obra apresenta uma visão progressiva das transformações econômicas ocorridas a partir da década de 1970 e as estratégias utilizadas pelas nações desenvolvidas a fim de recuperar os volumes disponibilizados pelo mercado de trabalho e os níveis de crescimento econômico. Além disso, a autora relaciona os principais antecedentes históricos ocorridos até o ano 2000, como as crises do petróleo, a queda do bloco soviético, o advento da política neoliberal, uma nova arquitetura de produção e o processo de transformação das relações de trabalho.

vida se desviou dos seus valores e princípios; quando sentirmos que aspectos de nossas atitudes são incongruentes com nossa concepção do que estamos vivendo e do que sonhávamos ser. Diz a profecia de Tupã: ‘Quando a última árvore estiver caída, o último peixe for pescado, o último animal for caçado, o homem irá entender que dinheiro-papel não se come’. Será que, como profetizou Isaías – ‘morará o lobo com o cordeiro’ –, em breve a ecologia e a economia dançarão juntas harmonicamente?”

Compliance 360º – riscos, estratégias, conflitos e vaidades no mundo corporativo Ana Candeloro, Maria Rizzo e Vinícius Pinho – Trevisan Editora – R$ 89

com origem no verbo inglês to comply (observar, respeitar, acatar), o termo compliance diz respeito ao conjunto de estratégias voltadas ao cumprimento das normas legais e regulamentares, políticas e diretrizes corporativas. O livro propõe uma abordagem inovadora da função, apontando como implantá-la, suas responsabilidades, políticas e de que forma interage com as demais áreas da instituição, tais como auditoria, riscos operacionais, jurídico, controle interno, entre outras. inclui ainda um capítulo detalhado sobre a prevenção à lavagem de dinheiro, políticas anticorrupção, governança corporativa, e um capítulo dedicado aos mais curiosos escândalos financeiros do mundo, além do histórico de falências e quebras de bancos no brasil.


emP res á r io r i Co e feL i Z

Pense gr and e

o contador de centavos timentos e especialmente controlava cada centavo e acumulava reservas financeiras. Assim aconteceu o ponto de virada e a empresa entrou para a lista das dez maiores e mais importantes agências de publicidade do país. O cONTADOR DE cENTAVOs – Paulo era um engenheiro eletricista irrequieto que trabalhava numa grande empresa estatal. Seu sonho era poder assistir a filmes até tarde da noite sem ter que acordar cedo na manhã seguinte e ter que dar explicações para o chefe incompetente por que chegara atrasado. Decidiu, pois, abrir um negócio por conta própria. Primeiro montou uma empresa de construção civil construindo e vendendo casas. Não deu certo. Tentou uma empresa de mármores e granitos. Não deu certo. Paulo era um típico presidente de empresa, contador de centavos: sabia como montar e manter uma operação lucrativa, mas não entendia das áreas em que se metia. Até que um dia Paulo encontrou o Paulinho, um criativo e perfeccionista fabricante de móveis. Um craque. firmaram sociedade e deu certo. Paulo se concentrou nas vendas e na administração do negócio. Paulinho criava e produzia os móveis. Tornaram-se uma das maiores empresas de móveis do país, chegando a ter 300 funcionários. O cRAqUE E O cONTADOR DE cENTAVOs – Uma empresa não prospera tendo somente um craque (ou empreendedor artista) como sócio, mas tampouco se torna rica tendo um contador de centavos como presidente que só pensa em lucro. Toda empresa, quer seja a Apple ou um carrinho que vende pipocas, tem três macrofunções: alguém tem que produzir, alguém tem que vender e alguém tem que administrar. A composição de sócios para

Uma empresa não prospera tendo somente um craque (ou empreendedor artista) como sócio, mas tampouco se torna rica tendo um contador de centavos como presidente

Por Joel Fernandes

Autor dos livros Eu quero ser empresário rico!, Empresário rico também vai para o céu e Sua pequena empresa: muito além da sobrevivência! e do site www.euqueroserempresariorico.com.br

abrir e comandar uma empresa não pode ser arbitrária. Os sócios têm que ter afinidades pessoais, complementaridades funcionais (produção, administração e vendas) e complementaridades emocionais (paixão e razão). A exemplo do futebol, no qual a presidenta Dilma está numa “pelada” contando centavos, ou seja, fazendo o papel “extracampo” de cuidar dos investimentos e dos lucros do País, que é parte fundamental do negócio chamado futebol, nossa empresa também precisa ter em sua estrutura societária craques para levar o time a ser campeão da série “A” e de um presidente contador de centavos que torne nossa empresa financeiramente robusta. Você: é o craque ou o presidente? se não é nenhum dos dois, provavelmente você é um empreendedor com espírito trabalhador e possivelmente se tornará um pobre empresário infeliz. se você pensa que é os dois simultaneamente, não se iluda – sua empresa provavelmente jamais será campeã da série “A” e muito menos da copa do mundo dos negócios. se você pensa que é o craque e seu sócio o contador de centavos ou vice-versa é grande a possibilidade de se tornarem empresários ricos e felizes.

empreendedor | abril 2012

A presidenta Dilma se encontra com joseph blatter para discutir um assunto muito importante de futebol: bebidas alcoólicas serão vendidas nos jogos da copa do Mundo em 2014 no brasil? E quem terá o direito de explorar as vendas? Este é um assunto de futebol ou é “extracampo”? Este episódio mostra a atual gigantesca dimensão do espetáculo de futebol envolvendo a presidente de um país, uma infraestrutura colossal e milhões, possivelmente bilhões de reais em investimentos e lucros. O jogo de futebol ganhou um grau de complexidade jamais visto. No entanto, no seu nascedouro ele é uma simples “pelada”. E na sua simplicidade é que conseguimos enxergar os seus fundamentos como negócio. Para um jogo de várzea atrair uma boa torcida tem que ter um craque que leve o time às vitórias e se torne um campeão. E tem que ter um presidente de clube que trate de assuntos “extracampo”, que planeje e organize os eventos, economize tostões e faça reinvestimentos para a organização alcançar a próxima divisão. No mundo empresarial é a mesma coisa. O cRAqUE DA EMPREsA – Ronaldo fischer era um inteligente e talentoso profissional da publicidade. Abriu sua própria agência. Era um verdadeiro craque de sua empresa. ganhava muitos prêmios de propaganda, tinha contratos com clientes importantes, trabalhava feliz feito um louco. No entanto, não via a cor do dinheiro. Até que um dia encontrou Augusto justos, um verdadeiro contador de centavos, e firmaram sociedade. Definiram assim suas funções: fischer produzia e vendia e justos fazia o serviço “extracampo” – fluxo de caixa, folha de pagamentos, DRE, demissões e contratações de novos talentos, reinves-

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ANÁ L ISE E C ON Ô MI C A

China. Desaceleração à vista? Gigante asiático é o maior parceiro comercial brasileiro, o que pode gerar impactos negativos para a economia do País

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A importância da China para o crescimento econômico brasileiro aumentou significativamente nos últimos 10 anos. Hoje, o gigante asiático é o maior parceiro comercial brasileiro, e a demanda pelos produtos nacionais, principalmente as matérias-primas, deverá continuar forte pela próxima década. Nos últimos meses, temos observado um intenso debate entre os economistas sobre as perspectivas para a economia chinesa para os próximos anos. É ponto comum que o país dará continuidade ao processo de desaceleração no nível de atividade, e que teremos o PIB crescendo a um ritmo mais próximo a 7%, e não acima de 10% como em alguns anos. Diante desse cenário, os analistas têm opiniões divergentes sobre o impacto dessa desaceleração para a economia mundial, e consequentemente brasileira. O grupo mais pessimista acredita que a economia chinesa está em níveis muito elevados, e que as crises nos países desenvolvidos (Lehman Brothers em 2008 e Fiscal 2009) limitarão a expansão chinesa. Usa-se, inclusive, a expressão “pouso-forçado” para uma possível desaceleração brusca do país asiático. O segundo grupo defende que essa diminuição no ritmo de crescimento é saudável, e que

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apesar de relativamente o PIB crescer menos, em termos absolutos esse número será o suficiente para manter a demanda aquecida para os próximos anos. Um bom exemplo da importância da economia chinesa para o Brasil nos dias atuais é o desempenho do Ibovespa em março. Após dois meses de altas expressivas, a bolsa de São Paulo amargou queda de 2%, indo na contramão das bolsas americanas e europeias, mas acompanhando o fraco desempenho da bolsa chinesa, que fechou março com queda de mais de 6%. A queda foi reflexo dos números de atividade divulgados no país, que mostraram uma desaceleração maior do que a esperada pelo mercado. Entretanto, assim como aconteceu ostras vezes, achamos a reação do mercado exagerada. Partilhamos da ideia de que uma desaceleração da economia chinesa é saudável. Primeiro porque é impossível crescer de forma sustentável durante muitos anos sem criar bolhas. Segundo, como já dito acima, porque mesmo com uma desaceleração, em termos absolutos o crescimento ainda será muito expressivo.

por João Pedro Brugger Martins Analista da Leme Investimentos

Partilhamos da ideia de que uma desaceleração da economia chinesa é saudável. Primeiro porque é impossível crescer de forma sustentável durante muitos anos sem criar bolhas. E segundo porque em termos absolutos o crescimento ainda será muito expressivo


Nome Classe Ação All Amer Lat ON Ambev PN B2W Varejo ON BMF Bovespa ON Bradesco PN Bradespar PN Brasil Telec PN Brasil ON Braskem PNA BRF Foods ON Brookfield ON CCR Rodovias ON Cemig PN Cesp PNB Cielo ON Copel PNB Cosan ON CPFL Energia ON Cyrela Realty ON Duratex ON Ecodiesel ON Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo PNB Embraer ON Fibria ON Gafisa ON Gerdau Met PN Gerdau PN Gol PN Ibovespa Itausa PN ItauUnibanco PN JBS ON Klabin S/A PN Light S/A ON Llx Log ON Lojas Americ PN Lojas Renner ON Marfrig ON MMX Miner ON MRV ON Natura ON OGX Petroleo ON P.Açúcar-Cbd PNA PDG Realt ON Petrobras ON Petrobras PN Redecard ON Rossi Resid ON Sabesp ON Santander BR UNT N2 Sid Nacional ON Souza Cruz ON Tam S/A PN Telemar N L PNA Telemar ON Telemar PN Telesp PN Tim Part S/A ON Tim Part S/A ON Tim Part S/A PN Tran Paulist PN Ultrapar PN Usiminas ON Usiminas PNA Vale ON Vale PNA Vivo PN

Participação Bovespa 1,104 0,979 0,701 3,902 3,130 0,993 0,390 2,726 0,596 1,341 0,622 0,802 1,134 0,685 1,539 0,598 0,784 0,441 1,866 0,589 1,311 0,890 0,743 0,530 0,755 1,498 1,648 0,660 2,574 1,211 100,000 2,315 4,015 0,934 0,404 0,541 0,914 1,207 1,098 0,546 1,440 1,233 0,845 3,773 0,808 2,745 2,206 8,517 1,283 1,163 0,352 1,097 2,359 0,443 1,041 0,225 0,268 0,923 0,155 0,125 0,170 0,840 0,229 0,486 0,592 2,462 2,925 11,956 0,793

Inflação (%)

Até 30/03 Tipo de Ativo Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação 9 Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação

Índice

Março

Ano

IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

0,43 0,07 0,37 0,15

0,62 0,21 1,44 0,74

Juros/Aplicação (%) CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Março

Ano

0,81 0,82 0,60 1,56

2,45 2,47 1,69 4,02

Indicadores Imobiliários (%) CUB SP TR

Março

Ano

0,40 0,06

0,85 0,13

Juros/Crédito (%) 30/Março

29/Março

Desconto 1,71 Factoring 3,73 Hot Money 3,24 Giro Pré (taxa mês) 1,92

1,71 3,72 3,24 1,92

Câmbio

Até 30/03

Cotação Dólar Comercial Ptax R$ 1,8221 Euro US$ 1,3336 Iene (US$ 1,00) $ 82,4200

Mercados Futuros Dólar Juros DI

Até 30/03

Maio

Junho

R$ 1,843 9,27%

R$ 1,850 9,05%

Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro

30/03 64.735

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Carteira Teórica Ibovespa

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agenda

Produtos saudáVeis de 24/05/2012 a 27/05/2012

8ª feira internacional de Produtos orgânicos e agroecologia

Pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera – Moema – São Paulo (SP) www.biobrazilfair.com.br

A bio brasil fair é considerada o maior evento de negócios de produtos orgânicos da América do sul. Tem como objetivo oferecer a produtores e fabricantes a oportunidade de alavancar vendas, captar novos compradores e disseminar os benefícios dos produtos orgânicos. Participam da feira produtores, fabricantes, projetos governamentais, fornecedores de insumo e tecnologia, certificadores e consultorias.

de 24/04/2012 a 25/04/2012

3º fórum internacional de gestão de redes de franquias e negócios

Teatro das Artes – Shopping Eldorado Pinheiros – São Paulo (SP) www.forumdefranquias.com.br

com o tema “Melhores práticas – Melhores resultados”, o fórum apresentará, além das palestras nacionais e internacionais, painéis e debates repletos de temas interessantes e atuais ao mercado.

de 18/05/2012 a 20/05/2012

15ª feira do estudante – expo Ciee

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Pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera Moema – São Paulo (SP) www.feiradoestudante.ciee.com.br

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Maior evento do País voltado à capacitação e inclusão profissionais de jovens no mercado de trabalho. com entrada gratuita, contará com mais de 5 mil vagas de estágio e aprendizagem, expectativa de 60 expositores e 70 palestras. Os estudantes poderão participar de oficinas de capacitação e simulações de dinâmica de grupo, processos seletivos, entre outras atrações.

de 24/05/2012 a 26/05/2012

16º salão internacional do Vinho – expovinis

Expo Center Norte Vila Guilherme – São Paulo (SP) www.expovinis.com.br

Maior salão do vinho da América latina e ocupa uma posição de destaque na rota do wine business. Em 2011, na sua 15ª edição, o ExpoVinis brasil apresentou as novidades do mundo do vinho e bateu todos os recordes de edições anteriores. Mais de 400 expositores levaram seus rótulos ao evento e os apresentaram a um público de 18 mil pessoas que lotaram os três dias de feira.

de 15/06/2012 a 18/06/2012

6ª feira internacional de Produtos e serviços para Parques temáticos, Buffets e festas infantis

Expo Center Norte Vila Guilherme – São Paulo (SP) www.expoparquesefestas.com.br

O evento surgiu da proposta de fortalecer o segmento de produtos e serviços para parques e festas e informar compradores e público consumidor dos lançamentos e serviços disponíveis. Além de novidades, também oferece a todos os visitantes a oportunidade de descobrir mais sobre o excitante universo das festas e diversões por meio de palestras e workshops.

19/06/2012 a 22/06/2012

15ª exposição nacional do Café

Fazenda Experimental da Epamig Rodovia MG-167 – Três Pontas (MG) www.expocafe.com.br

Em sua 14ª edição, a Expocafé representa uma grande oportunidade de estímulo ao empreendedorismo, constituindo-se em espaço propício para a realização de contatos, efetivação de parcerias e ampliação de negócios, bem como para despertar o espírito empresarial dos visitantes.

de 25/06/2012 a 28/06/2012

fispal food service de 29/05/2012 a 2/06/2012

Bahia farm show

Complexo Bahia Farm Próximo a Barreiras (BA) www.bahiafarmshow.com.br

O evento é considerado a maior vitrine do agronegócio da bahia e uma das mais importantes feiras de tecnologia agrícola e negócios do País. Dela fazem parte as maiores empresas mundiais em máquinas, implementos, insumos e serviços, com representação no brasil.

Expo Center Norte Vila Guilherme – São Paulo (SP) www.fispalfoodservice.com.br

Profissionais do setor de alimentação fora do lar do mundo inteiro se reunirão em quatro dias de grandes negócios. Referência no setor há 27 anos, a feira vai apresentar novidades em produtos, equipamentos e serviços para profissionais de restaurantes, bares, pizzarias, cafeterias, catering, bufês, hotéis, além de distribuidores e lojistas de todos os segmentos food service.


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