Revista EXATO - Edição 30 - Outubro 2021

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ÍNDICE

THIAGO GAGLIASSO

MATÉRIA

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Empresária baiana inaugura spa em Sharom, MA FERNANDA MELO

26.

Um novo Vale do Silício gerado após um Twitter RICARDO DIAS MUNIZ

30.

O Brasil pode ser uma futura potência continental? VERNAN W. AURÉLIO

42.

PIB americano cresce, mas inflação continua uma ameaça CARLOS JÚNIOR

46.

A barca furada do #MeToo RICARDO VENTURA

50. CAPA

34.

Thiago Gagliasso: “A esquerda tem, completamente, o domínio publicitário privado no Brasil”

RODRIGO CONSTANTINO

12.

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Constituição da cidadania

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RENATO R. GOMES

56.

Andreia Paoliello: A mentora de mentores

As discrepâncias no direito JOÃO MAIA

66.

EMPREENDEDOR DO MÊS

16.

O Poder da Linguagem Silenciosa nas vendas e nos relacionamentos

Livro: Tomando Decisões Segundo a Vontade de Deus MATÉRIA

72.

Canal Hipócritas lança plataforma e nova peça de teatro online REVISTAEXATO.COM


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COLABORADORES

DANIEL ROHDE CEO da revista EXATO, designer de marcas, catarinense, casado, formado em Administração pela Universidade Católica de Brasília. Gosta de ouvir música e tecnologia.

Instagram: @danielwrohde

SIMONE ROHDE Comercial da revista EXATO, paranaense, casada, formada em Administração pela Universidade Católica de Brasília, e pós-graduanda em Investimentos e Private Banking pelo Ibmec. Gosta de viajar e ler nas horas vagas.

Instagram: @simonewrohde

THAÍS P. VICTORELLO Jornalista, assessora de imprensa, colunista, produtora e editora chefe da EXATO. Paulistana, formada em jornalismo pela Universidade Cidade de São Paulo, cristã, casada e mãe de três filhos. Gosta de viajar e de estar com a família.

Instagram: @thaisvictorello

SAMUEL ANDRADE Fotógrafo de casamentos, lifestyle e retrato. Com mais de 15 anos no mercado, vem buscando trazer para as pessoas uma experiência incrível, eternizando momentos através da arte da fotografia.

Instagram: @samuel.stp

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EDITORIAL

A MEMÓRIA DA HISTÓRIA POR SIMONE ROHDE

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nquanto a história continua sendo aniquilada por grupos de cancelamento em associação com a grande mídia manipuladora, erros do passado vêm sendo repetidos. Já dizia Emília Viotti, professora e historiadora, lutadora ferrenha contra a “ditadura” militar do Brasil, que “um povo sem memória é um povo sem história”. Frase engraçada visto que parece que estamos a repetir uma história de não muitos anos atrás, quando se separavam raças e povos considerados não-puros, se você não lembra, estou me referindo aos judeus. Hoje, a ideia é separar imunizados de não-imunizados, como na pecuária se faz com o gado. A liberdade e democracia que tanto se prega, nem ao menos ainda existe. Controverso ainda é o fato de que, quem mais grita e faz barulho por erros de A e B no passado, queimando estátuas e descrevendo estórias e filmes infantis, são os mesmo que estão a repetir tais erros, só que hoje de uma forma “moderna”. A impressão que temos é de que a maioria está vencendo, entretanto, como bem mencionou Thiago Gagliosso na entrevista que foi capa nesse mês (pág. 34), apenas “10% possui visibilidade e microfone na mão”, mas são os que dominam as publicidades e mídias, tanto no Brasil como também no exterior. E o que podemos nós, meros mortais, fazer para que erros da história não se repitam tão grotescamen-

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te? Nos informar, creio ser a melhor arma. Estudar o que aconteceu no passado para identificar erros semelhantes no presente e não sair dando “améns” a cada novo discurso ou lei promulgada. Brasil é um país espetacular e morando fora das suas delimitações geográficas me proporcionou ver com mais clareza a grandeza e potencial de nossa nação: somos exportadores de alimentos para o mundo, nosso solo é fértil e nosso clima é um dos mais favoráveis; o turismo se beneficia visto que temos belezas naturais e até mesmo fazemos parte da lista das sete maravilhas do mundo; o que nos impede de ser um país de primeiro mundo? O artigo de Ricardo Dias (pág. 30) discorre um pouco mais sobre esse questionamento. Mesmo sem visibilidade e sem um microfone em mãos, podemos (e devemos!) fazer barulho. Por nós, por nossos filhos, e por aqueles que tentaram deixar um mundo melhor para essa geração, honrando a memória e a história dos que passaram por aqui antes de nós, vamos fazer nossa parte, contando e recontando os fatos do passado evitando permitir que sejam repetidos no presente. Um abraço e até a próxima edição,

Simone Rohde REVISTAEXATO.COM


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EXPEDIENTE

REVISTA MENSAL ANO 3 | EDIÇÃO 30 OUTUBRO DE 2021 CEO/FOUNDER: COMERCIAL:

Daniel Rohde

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EDIÇÃO/DIAGRAMAÇÃO:

Daniel Rohde

DESIGNER GRÁFICO:

Daniel Rohde

AGÊNCIA DE PUBLICIDADE: JORNALISTA E EDITORA-CHEFE: FOTÓGRAFO: COLUNISTAS E ARTIGOS:

CAPA: Thiago Gagliasso

BRAUS Marketing Agency

Thaís Partamian Victorello / MTB: 45.072/SP

FOTO CAPA: Rodrigo Calvozzo

Samuel Andrade Thaís P. Victorello . Antônio J. Fonseca Fernanda Melo . Renato Gomes . Vernan Wolf Ricardo Ventura . Carlos Júnior Ricardo Dias

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ARTIGO

POLÍTICA

CONSTITUIÇÃO DA CIDADANIA MUITOS DIREITOS E POUCOS DEVERES REGEM A ATUAL CONSTITUIÇÃO QUE COMPLETA 33 ANOS NESTE MÊS

POR RODRIGO CONSTANTINO FOTO: GOOGLE

E RODRIGO CONSTANTINO Colunista da Gazeta do Povo e Revista Oeste, Escritor, Economista e palestrante. Instagram: @rodrigoconstantino1976

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ste mês, a nossa Constituição Federal, promulgada em 1988, completou seu 33º aniversário. O ministro do STF Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, comentou: “A Constituição de 1988 completa 33 anos. Estabilidade institucional e avanços importantes em direitos de mulheres, negros, gays e comunidades indígenas. A agenda inacabada: derrotar a pobreza extrema, as desigualdades injustas e promover desenvolvimento sustentável para todos”. Há muito o que ser comemorado mesmo? Eis o que pretendo debater em seguida, até porque não sabemos até quando será possível criticar nossa Carta Magna sem isso ser considerado um “ataque às nossas instituições”. Por um lado, trata-se de uma

conquista interessante, mais esse aniversário, já que o Brasil é conhecido por sua enorme quantidade de Constituições existentes. Só no século 20, tivemos uma Constituição em 1934, outra em 1937, mais uma em 1946, outra em 1967, e finalmente a Constituição de 1988. E o fio condutor delas foi a incapacidade de impedir o arbítrio estatal. No livro “A história das Constituições brasileiras”, o historiador Marco Antonio Villa, antes de se tornar um ativista afetado, disseca os maiores absurdos das várias Constituições que tivemos. Na sua apresentação, a síntese é perfeita: “Não é exagero afirmar que os últimos 200 anos da nossa história têm como ponto central a luta do cidadão contra o Estado arbitrário. E, na maioria das vezes, o Estado ganhou de goleada”.

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Ulysses Guimarães, no dia 5 de outubro de 1988, com uma edição impressa da nova Constituição em mãos - Foto: Google

A conquista de certa “longevidade”, portanto, é interessante, mas não compensa, de forma alguma, o custo elevado que essa Constituição representou para o país. Enquanto muitos políticos vibravam com a aprovação da “Constituição Cidadã”, um indivíduo com a mente mais lúcida

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lamentava aquele fato, antecipando quanto ele custaria ao povo brasileiro. Era Roberto Campos, que chamara a Constituição de 1988 de “anacrônica”, remando contra a maré populista de seu tempo. Em seu livro de memórias “Lanterna na Popa”, Roberto

Campos dedica várias linhas à Constituição de 1988, e todos aqueles que comemoram seu aniversário deveriam investir algum tempo para ler tais críticas. A inflação herdada da era Goulart, por exemplo, estava em quase 8% ao mês, mas a Constituição contava com um absurdo dispo-

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ARTIGO

POLÍTICA

sitivo que limitava os juros a 12% ao ano, uma “ridícula hipocrisia”. Uma Constituição mencionar limite para juros é algo realmente pitoresco. Do ponto de vista tributário, a Constituição de 1988 gerou uma “vultuosa redistribuição da capacidade tributária em favor dos estados e municípios, sem correspondente redistribuição de funções”. Sob o ponto de vista da estrutura tributária, Roberto Campos conclui que a Constituição “representou um lamentável retrocesso”. Outro exemplo evidente do atraso causado pela Constituição foi o monopólio do petróleo garantido ao governo. A confusão entre “segurança nacional” e monopólio do governo não passava de uma grande falácia econômica. Campos explica que “ao retardar o fluxo de capital para a exploração petrolífera local, criava-se adicional insegurança, pois nosso abastecimento ficaria na dependência de suprimentos extracontinentais, carregados por via marítima e, portanto, sujeitos à vulnerabilidade submarina”. Um grave problema do Brasil, a desproporcionalidade da representação na Câmara dos Deputados em desfavor do centro-sul, foi bastante agravado com a Constituição de 1988 também. A criação de novos estados na Constituição gerava uma distorção ainda maior, particularmente contra São Paulo. Para eleger um deputado nordestino, com o mesmo poder de um paulista, precisa-se de bem menos votos. Isso cria um deslocamento de poder para as regiões do norte e nordeste, dificultando reformas econômicas que seriam mais facilmente aprovadas se dependessem da escolha do sul

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e sudeste, que carregam a economia do país nas costas. Além disso, ao remover quaisquer barreiras, tanto de criação como de representação legislativa dos partidos, a Constituição de 1988 “nos legou um multipartidarismo caótico com partidos nanicos que não representam parcelas significativas da opinião pública, sendo antes clubes personalistas e regionalistas ou exibicionismo de sutilezas ideológicas”. Conforme conclui Campos, ficamos muito mais com uma “demoscopia” que uma democracia. Tema bastante atual, não é mesmo? Roberto Campos considerava que sua vida no Senado foi marcada por uma sucessão de batalhas perdidas, as principais sendo: a batalha da informática, cuja Lei da Informática jogou o país na era dos dinossauros em tecnologia; a batalha contra o Plano Cruzado e sua resultante moratória, enquanto economistas de esquerda, como Maria de Conceição Tavares, chegaram a chorar de emoção com o plano fracassado; e a batalha contra a Constituição brasileira de 1988, tomada pela mentalidade nacional-populista. O ícone dessa fase, Ulysses Guimarães, defendia demagogicamente o objetivo constitucional de “passar o país a limpo”. As promessas simplesmente não cabiam no orçamento, não levavam em conta a realidade. Como escreveu Campos, “Ulysses parecia encarar com desprezo a ideia de limites ou constrangimentos econômicos”. Para ele, tudo parecia ser uma questão de “vontade política”, expressão que muitos utilizam até hoje como solução mágica para nossos males. Roberto Campos chegou a acusar Ulysses, em ar-

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tigo de jornal, de “um grau de ignorância desumana” em economia. Infelizmente, ele estava certo. A Constituição de 1988 foi extremamente reativa, uma espécie de “vingança infantil” aos tempos da ditadura. Dizem também que foi promulgada um ano antes do que deveria, pois em 1989 tivemos a queda do Muro de Berlim, soterrando sonhos socialistas ainda muito fortes em nosso país. Vale notar que quinze deputados petistas votaram contra o texto final porque queriam ainda mais socialismo nele! É compreensível que existisse uma demanda social reprimida naquela época. Mas o uso da Constituição como veículo para atender a esta demanda foi um grave erro. O grau de utopia presente na Constituição é assustador. Ela fala dezenas de vezes em “direitos”, mas quase nunca em “deveres”. O historiador Victor Davis Hanson, em seu novo livro “The Dying Citizen”, que acaba de ser lançado, comenta sobre mudanças culturais em curso nos Estados Unidos, que podem estar tornando esta grande nação livre, cuja Constituição tem mais de dois séculos com poucas emendas, em algo mais similar aos países latinos-americanos. Para ele, essa noção de cidadania pode estar ameaçada: “Afinal, a cidadania não é um direito; requer trabalho. No entanto, muitos cidadãos de repúblicas, antigas e modernas, passam a acreditar que merecem direitos sem assumir responsabilidades – e não se preocupam como, por que ou de quem herdaram seus privilégios”. Hanson acrescenta: “Os cidadãos não são meros residentes, propensos a receber mais do que dar. Eles não são povos tri-

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bais que se unem por aparência ou laços de sangue. Eles não são camponeses sob o controle dos ricos. Nem é sua primeira lealdade a uma comunidade mundial abstrata”. A cidadania pressupõe o compartilhamento de certos valores básicos dentro de um território comum, com laços sociais e culturais como elo para o respeito mútuo e a confiança nas regras do jogo. A defesa da propriedade privada, das liberdades individuais e do império das leis é o pilar fundamental de uma república, e desde a origem da Carta Magna britânica em 1215 que o esforço tem sido na linha de limitar o poder abusivo e arbitrário dos poderosos, do próprio estado. A Carta Magna de uma nação deve tratar dos temas mais básicos apenas, com um caráter bem mais negativo do que positivo, ou seja, colocando em evidência aquilo que os cidadãos não podem fazer e restringindo com claras definições aquilo que o estado pode fazer. O governo deve evitar o excesso de legislação, que serve para emperrar o crescimento e criar injustiças. Infelizmente, o estado brasileiro é extremamente paternalista, e trata seus cidadãos como mentecaptos que necessitam da tutela estatal para tudo. A Constituição de 1988 é um reflexo dessa mentalidade ultrapassada. Não é exatamente um documento para cidadãos republicanos, mas sim para súditos de um estado ativista e hipertrofiado, que se arroga o papel de locomotiva do progresso e da justiça social. Em vez de uma “Constituição cidadã”, o que precisamos é da constituição de uma verdadeira cidadania em nosso país.

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EMPREENDEDOR DO MÊS

NEGÓCIOS

ANDREIA PAOLIELLO: A MENTORA DE MENTORES COM MAIS DE TRÊS DÉCADAS DE EXPERIÊNCIA, PAOLIELLO AJUDA PROFISSIONAIS COM PLANEJAMENTOS ESTRATÉGICOS E SOLUÇÕES DIGITAIS

POR THAÍS PARTAMIAN VICTORELLO Instagram: @thaisvictorello

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ascida em Belo Horizonte (MG), casada e mãe de uma adolescente, a estrategista e mentora de marketing estratégico, Andreia Paoliello é pós-graduada em neuromarketing, gestão estratégica de marketing e marketing digital. Trabalhando no ramo desde o início de sua adolescência, no decorrer da sua trajetória profissional, Andreia, que já trabalhou também no ramo da aviação civil, decidiu investir nos estudos e focar na sua carreira de marketing para ampliar e aprimorar seus conhecimentos na área, e assim oferecer aos seus clientes as melhores técnicas e estratégias do mercado, para auxiliar profissio-

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nais a realizarem seus objetivos. Andreia Paoliello tem potencializado empreendedores brasileiros no Brasil e exterior, através de mentorias online, individuais e em grupo, a deslanchar com planejamentos estratégicos personalizados de desenvolvimento de produtos e serviços, com foco em criar posicionamento e estratégias digitais, que visam o aumento do faturamento e potencialização de negócios. Atualmente Andreia é mentora dos programas “A linguagem silenciosa das vendas online” e “Mentor Influente”, além de ser coautora do livro “O Poder do Mentoring & Coaching”, lançado em 2016, pela editora Leader.

A redação da revista Exato bateu um papo com Andreia Paoliello, que você confere a seguir: EXATO: Como você resume o trabalho que você desenvolve com empreendedores? Andreia Paoliello: Sou mentora de mentores, especialista em neurodigital. Ajudo mentores e empreendedores no posicionamento estratégico e nas soluções digitais com o objetivo de criar produtos, serviços e mentorias que visam aumentar o faturamento e potencializar negócios. EXATO: Há quanto tempo você atua neste setor?

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Andreia Paoliello: Comecei no marketing ainda na adolescência, aos 14 anos e nestes 33 anos de carreira, atuei em diversos ramos auxiliando empreendedores, através do marketing e vendas, consultorias, treinamentos e mentorias. Trabalhei também na aviação aérea, onde pude aprender muito sobre o atendimento de excelência e fidelização de clientes. Lembrome que o meu trabalho de conclusão da primeira pós-graduação teve como tema “Excelência do serviço e atendimento”. Trabalhar com excelência sempre foi o meu foco, pois entendo a importância do atendimento para que um empreendedor tenha êxito, seja qual for a área que ele decidir investir. EXATO: Nos últimos anos a profissão de coach tem sido muito difundida. O que diferencia um coach de um mentor? Andreia Paoliello: É verdade! A carreira de Coach ficou muito conhecida, no entanto, muitas pessoas confundem mesmo o conceito de Coach e Mentor. Essa dúvida ocorre, porque o coaching e o mentoring andam de mãos dadas. Uma das formações que eu fiz ao longo de minha carreira foi a de Coaching Mentoring, justamente para obter essa visão sistêmica mais ampla e libertadora. O que diferencia o Coach do Mentor é que o Coach vai lhe ajudar no processo de raciocínio para o seu desenvolvimento e realização pessoal ou profissional. O Coach não te ajuda a fazer, ele te faz pensar, te mostra cenários, faz questionamentos para extrair o melhor de você e te ajudar no processo de decisão. Geralmente quem busca por um mentor é uma pessoa que já sabe o que quer fazer, já possui um objetivo que deseja alcançar.

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Andreia Paoliello é a idealizadora do Mentor Influente - Foto: Divulgação

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NEGÓCIOS

EXATO: Você acredita que com este crescimento de forma tão rápida, muitas vezes sem a habilidade necessária, tenha comprometido o setor na entrega de bons resultados? Andreia Paoliello: Podemos comparar o papel do mentor ao de um maestro que rege uma orquestra. Um maestro para estar ali, precisou conhecer cada instrumento, a virtude e o potencial de cada um para dar o tom certo, sincronizar e coordenar todos os músicos com seus instrumentos. Foi necessário passar por toda uma preparação para se qualificar e ainda buscar se reciclar a cada instante para inspirar os seus músicos a darem o melhor de si e assim alcançarem o resultado de excelência que desejam. Quando uma pessoa procura por um mentor, ele deseja encontrar um maestro que possa reger a orquestra com maestria. E para esse Mentor chegar a essa maestria precisa ter escuta ativa, precisa se preparar, tecnicamente e didaticamente, pois um mentor pode ter a expertise que for, que se ele não estiver preparado, não vai conseguir passar o conhecimento e a experiência que possui. EXATO: Com a pandemia, a demanda de cursos e mentorias online cresceu de forma exponencial. Como mensurar a qualidade e eficácia desses conteúdos? Andreia é coautora do livro “O poder do Mentoring & Coaching”, lançado em 2016 - Foto: Divulgação

O mentor é alguém com bastante experiência na área, que já percorreu um determinado caminho, então ele mostra e compartilha com você informações valiosas e ajuda você atingir o seu objetivo de maneira mais assertiva e mais rápida.

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Através do processo de mentoring uma pessoa é capaz de ultrapassar suas principais dificuldades, caminhar com mais assertividade e conquistar o objetivo com sucesso que deseja e em menor tempo.

Andreia Paoliello: Essa é uma ótima pergunta, porque a pandemia realmente foi um grande desafio, mas como todo grande desafio, trouxe também grandes oportunidades disfarçadas para todos. Milhares de pessoas que não conheciam esse universo online, perceberam que é possível

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“Todas as pessoas precisam ser vendedoras de si” - Foto: Divulgação

fazer negócios através do mundo digital. É desafiador mensurar a qualidade e eficácia dos conteúdos de cursos e mentorias online quando você não conhece quem os disponibiliza. Tem muito “lobo em pele de cordeiro”, falo isso por experiência própria. A sugestão que dou para quem deseja fazer um curso online ou uma mentoria, é começar a seguir o perfil e acompanhar os conteúdos que são oferecidos, bem como os comentários que as pessoas fazem. Essa pessoa possui artigos ou livros publicados? Tem depoimentos dos trabalhos que ela realiza? Através desses cuidados qualquer pessoa será capaz de minimizar os riscos ao adquirir cursos, mentorias ou de consumir conteúdos que não possuem qualidade. EXATO: Muitos profissionais tem o conhecimento e a experiência, mas não sabem como

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transmitir de forma didática e eficaz. Como funciona o processo de construção de um mentor? Andreia Paoliello: Para ser um bom mentor é preciso ter uma postura fruitiva e prestadia. Fruitiva porque uma pessoa só se torna um bom mentor quando também se coloca no processo de evoluir em seus conhecimentos e habilidades. E a parte fundamental e mais elevada na postura de uma pessoa que deseja passar por esse processo de se tornar um mentor profissional é possuir a ação prestadia, ou seja, ser uma pessoa que gosta de servir e que tem suas atitudes pautadas no coração e não no ego. EXATO: Como surgiu o projeto “Mentor Influente”? Andreia Paoliello: Surgiu da demanda de clientes que deseja-

vam realizar mentorias individuais ou em grupo, mas não sabiam como organizar todo planejamento do processo de mentoring, que vai desde o desenvolvimento estratégico de conteúdos, materiais, precificação, vendas, seleção, até o processo de fechamento de métricas dos resultados. O Projeto Mentor Influente é uma formação que visa capacitar novos mentores no mercado em plena expansão e que permite o mentor criar a mentoria para trabalhar com liberdade geográfica, uma vez que a mentoria pode ser feita online atendendo pessoas de qualquer lugar do mundo. O profissional que sente esse chamado e que deseja seguir essa carreira, deve como em qualquer mercado buscar se qualificar, se preparar e se dedicar de forma correta para obter as habilidades que precisam para passar seus conhecimentos de maneira assertiva e assim se

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mesma como mentora já passei e ainda passo por esse desafio! E a solução, nesse caso, é fazer um diagnóstico inicial detalhado com o cliente, para que possamos aferir objetivos, afinidade e valores, além da duração do processo de mentoria, etc. Viver a vida de um mentor é gostar de desafios, de inovação, é gostar de transformar e potencializar pessoas e negócios. EXATO: O que a sua empresa oferece aos clientes? Andreia Paoliello: Hoje possuo um instituto de treinamentos, cursos, consultorias e mentorias, onde oferecemos: mentorias individuais, em grupo e de equipes de empresas; consultorias e treinamentos empresariais; (marketing, vendas e desenvolvimento). Também atuo com a agência de marketing onde ofertamos serviços aos empreendedores, como: registro de marcas e patentes (Brasil); gestão de tráfego para negócios; webdesing (sites, blogs, páginas de lançamentos); gestão de mídias sociais; planejamento estratégico de marketing, desenvolvimento de produtos e serviços estratégicos e planejamento estratégico de marca pessoal. Andreia trabalha com marketing desde os 14 anos de idade - Foto: Divulgação

tornar um mentor influente e um profissional diferenciado. EXATO: Quais são os principais desafios de um mentor? Andreia Paoliello: Um dos grandes desafios do mentor se dá no processo de seleção do mentorado, que é uma etapa muito importante para o sucesso dessa relação. O ideal é que o mentor possa selecionar mentorados que

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sejam éticos e com quem se possa ter uma relação genuína e aberta, que possuam disposição para inovar, mudar rotinas, atitudes, que tenha disposição de aprender e executar as tarefas. O alinhamento de expectativas com o mentorado é também um dos desafios dos mentores, afinal de contas, essa é uma relação que para ter sucesso as partes precisam estar alinhadas durante todo o processo. Eu

EXATO: Quais são suas referências profissionais? Andreia Paoliello: Tem vários profissionais que admiro, que me inspiram e que tem feito um excelente trabalho em suas áreas de atuação, entre eles: Ricardo Ventura, Gerge Arliani, Giordano Narada, Tatiane Pontes, Luciana Davantel, Luciana Rosa, Daniele Avelino, Richard Heiras, Murilo Sola, Alex Belmonte, Andressa Figueiredo, Felipe Silva, entre tantos outros que eu poderia citar

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aqui que são grandes amigos, parceiros, mentores e mentorados, que tem se destacado pelo Brasil e no mundo. Mas, minha maior inspiração vem de Deus, que sempre me direcionou, da minha base, que é a minha família, e a Claudinha, minha secretária, que são o meu porto seguro. EXATO: O que é indispensável para um profissional exercer sua função com excelência? Andreia Paoliello: Na minha opinião e pela experiência de mais de três décadas, eu acredito que o atendimento personalizado, humanizado e entregas que visam superar as expectativas dos clientes. Se o empreendedor souber trabalhar essas duas vertentes, será muito bem sucedido. EXATO: Como funciona o programa “A linguagem silenciosa das vendas online”? Andreia Paoliello: É um programa de mentoria, que proporciona ao mentorado uma experiência de imersão de três dias. O programa foi idealizado por ninguém menos do que o psicanalista, cientista comportamental, escritor e especialista em Linguagem Silenciosa, Ricardo Ventura, é aplicado por mim e George, que eu trouxe como parceiro convidado nesse projeto, e acontece hoje no formato online a cada dois meses. Os mentorados finalizam o programa com uma mentalidade e compreensão diferentes de quando iniciaram. É incrível... Só quem já participou, sabe o quanto a imersão é verdadeiramente transformadora para quem deseja criar ou potencializar seu posicionamento e vendas online.

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Paoliello é especialista em Neurodigital - Foto: Divulgação

EXATO: Pra quem esse programa é direcionado e o que a pessoa pode esperar do conteúdo oferecido? Andreia Paoliello: Para empresários, empreendedores, infoprodutores, profissionais liberais, pastores (sim, o pastor deve saber se posicionar), políticos... Todas as pessoas precisam ser vendedoras de si! O “A linguagem silenciosa das vendas online” é um programa divisor de águas, onde as “fichas

caem”. É uma imersão prática, que te leva ao extremo de suas habilidades e onde você aprende a posicionar-se, definir seu valor, definir seu produto ou serviço estrela e sair preparado para enfrentar o mercado de maneira estratégica e mais consciente. Eu amo ser mentora de mentores, acompanhar todo processo criativo e auxiliar nos resultados que meus clientes conquistam!

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MATÉRIA

EMPREENDEDORISMO

EMPRESÁRIA BAIANA INAUGURA SPA EM SHAROM, MA ESPECIALISTA EM ESTÉTICA ONCOLÓGICA E DRENAGEM LINFÁTICA PÓS-CIRÚRGICA, FABIANA CORDELL FAZ SUCESSO COM O PÚBLICO AMERICANO E BRASILEIRO

POR THAÍS PARTAMIAN VICTORELLO Instagram: @thaisvictorello

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ascida na cidade de Vitória da Conquista, a terceira maior cidade do Estado da Bahia, Fabiana Cordell iniciou sua trajetória profissional aos 13 anos de idade, trabalhando no Salão da Vânia, localizado no popular bairro Brasil. A partir desta primeira oportunidade de trabalho, Fabiana Cordell percebeu que ali estava a sua paixão: trabalhar proporcionando a autoestima. Dali em diante ela não parou mais. “Aos 17 anos de idade mudei-me para Salvador em busca de novas oportunidades, porém tudo era muito caro e o dinheiro que eu ganhava era mesmo só para pagar

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as contas. Depois de um ano vivendo em Salvador sem muito êxito, surgiu a oportunidade de vir para os Estados Unidos”, relembra. Em 2005, com 18 anos de idade, a jovem atravessou a fronteira do México, rumo aos Estados Unidos, decidida a mudar de vida e conquistar novos sonhos. Ao chegar em Massachusetts, como imigrante e sem família, Fabiana precisou ir à luta para conseguir o seu primeiro emprego, que aconteceu em uma fábrica onde trabalhou por três anos, local que conheceu seu esposo. Em 2014, já casada, logo após o nascimento do terceiro filho, a

brasileira decidiu que era o momento de investir e trabalhar no que realmente gostava e no que acreditava ser o seu dom: a estética. O tempo foi passando e Faby, como geralmente é conhecida, foi cada vez mais se encontrando em sua área, identificando os benefícios, da estética integrativa, incorporando o reiki nos tratamentos. A profissional se especializou em estética oncológica, que tem como objetivo ir além da beleza refletida no espelho, onde o profissional visa compreender e exercer o respeito à vida, entendendo o cliente como ser humano, com dúvidas, anseios, emoções e

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Faby Cordell mudou-se da Bahia para os EUA em 2005 - Foto: Divulgação

necessidades que vão além da beleza. Além disso, a baiana cheia de sonhos, também se especializou em drenagem linfática pós-operatória em cirurgia plástica, além de tratamentos de diástase pós-parto, além de diversos tratamentos

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estéticos. O diferencial que faz com que a profissional brasileira se destaque, não só entre a comunidade brasileira de Massachusetts e região, mas principalmente entre americanos, é o cuidado e a de-

dicação com uma visão ampla do ser humano e suas necessidades, promovendo assim não somente a autoestima, mas também a saúde e o bem-estar de forma geral. Pensando em unir diversos atendimentos estéticos e de

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MATÉRIA

EMPREENDEDORISMO

saúde em um só lugar, a empresária acaba de inaugurar o Spa holístico Faby Cordell, na cidade de Sharom (Massachusetts), que oferece desde drenagem linfática clássica e pós-operatória, até tratamento de diástase (para mulheres que acabam de ganhar seus bebês), entre outros tratamentos faciais e corporais, como bronzeamento artificial orgânico, acupuntura, atendendo homens mulheres e crianças. “Somos um spa holístico onde trabalhamos com o bem-estar e a beleza interna antes da beleza externa. Nossa mente também precisa de cuida-

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dos… O stress é um dos grandes motivos pelo qual envelhecemos de forma rápida. Nosso objetivo no Spa Faby Cordell é oferecer um momento onde o cliente seja o único foco”, afirma. Com planos de projetos sociais em parcerias, oferecendo tratamentos gratuitos para pacientes oncológicos em homenagem a sua avó Célia, a empresária afirma: “Os Estados Unidos é, de fato, um país de grandes oportunidades. O maior desafio para empreendedores brasileiros é o medo e a falta de informação, mas é possível sim se tornar um empreendedor de

sucesso desde que você busque informações corretas e siga as leis do país”. Realizada na vida pessoal e profissional, Fabiana Cordell deixa a dica para quem deseja ser um empresário de êxito na terra do Tio Sam. “Nunca será fácil, porém não é impossível. Aprendi a ser humana acima de tudo, isso vale mais do que a riqueza... A vida é ainda melhor quando aprendemos a compartilhar. O dinheiro é apenas consequência dos bons atos”, conta.

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ARTIGO

EMPREENDEDORISMO

UM NOVO VALE DO SILÍCIO GERADO APÓS UM TWITTER ESQUEÇA SOUTH BEACH, O BAIRRO DA VEZ EM MIAMI SE CHAMA WYNWOOD

POR FERNANDA MELO FOTO: GOOGLE

Q FERNANDA MELO Consultora de Empresas Instagram: @femelo.co

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uem acreditava que Miami era somente a cidade das festas agitadas de South Beach e das mansões das celebridades, não deve estar acompanhando as últimas notícias do mundo da Tecnologia. Tudo começou a mudar em Miami quando Francis Suarez, prefeito de Miami, fez uma simples “brincadeira” no Twitter. Somente no mundo de empresas de tecnologia, o futuro de uma cidade pode começar a mudar no Twitter, mas no mundo dos unicórnios tudo é possível. Inicialmente, Francis Suarez não tinha em seu radar construir

o próximo “Vale do Silício”, mas em dezembro de 2020, depois que o venture capitalist Delian Asparouhov sugeriu no Twitter que a indústria de tecnologia se mudasse para as praias ensolaradas da Flórida, Suarez respondeu com a frase favorita de qualquer futuro investidor: “Como posso ajudar?” Sua frase não foi só de efeito, a partir dali, Suarez entendeu que uma oportunidade única, que poderia mudar o futuro de Miami estava diante de seus olhos e não perdeu tempo. Iniciou um “flerte” nas plataformas digitais com investidores, start ups e empre-

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Prédio da Spotify ocupará quase 2.000 m2 no “The Oasis”, um refeitório projetado ao ar livre no bairro de Miami, Wynwood - Foto: Google

sas de tecnologia. Usou todo o charme de sua cidade, excelente clima, sem imposto de renda e conquistou alguns corações no mundo dos investimentos. Um dos primeiros a prestar atenção no prefeito de Miami, foi Elon Musk, que chegou a conversar com ele sobre a construção de uma rede de “túneis rodoviários” futurísticos para a cidade. Suarez acreditou, e isso foi um divisor de águas para Miami, chegou a dizer que tudo que Miami precisava para tornar o próximo Tech Hub “são empreendedores e investidores dispostos a se mudar

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para lá.” E não parou por ai, ainda sugeriu um ponto de encontro: “As startups podem se reunir em Wynwood, um bairro moderno ao norte do centro de Miami”. Além de Suarez, outro investidor, Keith Rabois, entrou na torcida e fez papel de cupido entre Miami e os investidores. Rabois se mudou para Miami no ano passado e não poupava elogios para a cidade. Ele não foi o único, Jon Oringer, o fundador da Shutterstock; Alexis Ohanian, o fundador do Reddit; e Marcelo Claure, CEO da SoftBank Group International, tem algo em comum:

todos se mudaram para Miami. O que começou com um simples tread no twitter foi tomando forma e começou a trazer investimento sério para Miami, especialmente para Wynwood, que hoje em dia tem ganhado mais fama que a famosa South Beach. Só do SoftBank US $100 milhões estão sendo investidos em startups sediadas em Miami. O prefeito diz que o novo fundo faz parte de seu plano para melhorar a vida de todos os habitantes de Miami “Não conheço outra maneira de tentar lidar com a desigualdade de renda do que realmente ter empre-

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EMPREENDEDORISMO

Wynwood também é conhecido pelas artes de rua - Foto: Google

endedores e inventores criando o tipo de trabalho que permite aos residentes ter sucesso e sustentar suas famílias”, disse Suarez. Para quem tem curiosidade de saber o desenrolar dessa nova Miami que está nascendo, experimenta procurar os preços de um imóvel em Wynwood.

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Suarez entendeu aquilo que muitos cidadãos sonham que seus políticos entendam, que o poder de mudança de uma cidade não está em CPIs inúteis, campanhas políticas bilionárias ou impostos abusivos. Mudanças acontecem com pessoas comprometidas em investir, criar, trabalhar e fazer

empreendimentos crescerem e resolver problemas. Suarez fez simplesmente o que todo político deveria fazer: assumir seu papel de servidor público e dizer “Como posso te ajudar?”. O sonho é que essa moda pegue no mundo, que nunca precisou tanto de políticos inteligentes.

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ARTIGO

BRASIL

O BRASIL PODE SER UMA FUTURA POTÊNCIA CONTINENTAL? ENTRE SER IRRELEVANTE OU POTÊNCIA, VEJA OS SINAIS QUE INDICAM O FUTURO DA MAIOR NAÇÃO DO SUL DA AMÉRICA

POR RICARDO DIAS FOTO: GOOGLE

N Instagram: @ricardodiasgv

RICARDO DIAS MUNIZ Consultor Empresarial e Político

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ão será um certificado, escrito em letras garrafais, oferecido por uma entidade que garantirá ao Brasil o porte de potência. Quando isso ocorrer será com muita luta, ou seja, o Brasil somente será influente se ocupar os espaços de outras nações agora mais influentes. Eis o fato, se uma nação quiser ser potência, o conflito é o preço. Nessa lógica, sabendo dos custos, também deve haver vantagens. Mas, o que é ser uma

potência? Não é tão simples de entender. Nas relações entre nações não existe uma norma central que as obriga a fazer ou deixar de fazer algo. Se o Vaticano (o menor país) tentar obrigar os Estados Unidos (o mais forte) a fazer algo, pode. Se os americanos vão obedecer é outra história. Então, um país é potente quando pode através de qualquer meio influenciar outras nações de forma significativa. Os meios de influência mais comuns são: militar, econômico, político,

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A especialidade do exército brasileiro é na selva, recurso natural abundante no país - Foto: Google

cultural, e tecnológico. E qual a posição do Brasil nesse jogo? Militar Aqui que os meninos viram homens... O poder militar influencia porque em última instância é o capaz de determinar quem vive ou morre, simples assim. O Brasil tem suas capacidades de defesa relativamente satisfatórias em relação aos vizinhos, mas altamente limitadas no caso de invasão por uma potência militar. Sabendo que o inimigo poderia, com relativa facilidade, violar o território e destruir as infraestruturas, então, os políticos internos provavelmente aceitariam as imposições

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deste inimigo, até antes da guerra. Entretanto, nem tudo é desespero, a vitória dos invasores seria obtida, mas com um alto custo. A defesa nacional tem ampliado sua capacidade com desenvolvimento de equipamentos de tecnologia nacional, como: submarinos nucleares, foguetes, radares, aviões, drones, carros de combate e até satélites. Para ser uma potência militar, no entanto, é necessário ser capaz de projetar força, e o Brasil está longe disso. Econômico Aqui é o que sustenta o girar da engrenagem... A economia influencia devido ser o elo de

sustentação das nações, sem recursos não existe estabilidade social. Economicamente, o Brasil é grande (12° maior PIB), mas quando analisado renda em relação a população, fica evidente a pobreza de um povo em uma terra rica, resultado de apenas a 85° posição entre 195 países. Entretanto, estimativas da Embrapa dão conta que o agronegócio brasileiro alimenta cerca de 800 milhões de pessoas, podendo facilmente ampliar a capacidade. Como alimentação é um produto estratégico, que pode influenciar qual exército será ou não alimentado, a produção de alimento, atualmente, é o principal trunfo diplomático e principal fonte de conflito com

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BRASIL

Brasil é um dos maiores exportadores de grãos do mundo - Foto: Google

os países concorrentes. Político, cultural e tecnológico Aqui estão as guerras modernas... A política, a cultura e a tecnologia influenciam pois são fontes de poder de mandar, com a certeza da respectiva obediência. Sobre política, a diplomacia de Israel resumiu bem a influência política que o Brasil exercia no mundo, ao qualifica-lo como anão diplomático. De fato, até a minúscula Cuba já usou sua influência

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política para, ardilosamente, atrair investimentos brasileiros, sem que os mesmos fossem pagos. O mesmo aconteceu com vários outros países todos politicamente irrelevantes, uma vergonha! Melhor falar sobre cultura, ela está sob forte ataque que já desconfigurou as instituições, as famílias e até a língua. Deixaram a invasão cultural ocorrer enquanto a onça bebia água. Em fim, outra vergonha! Em relação a tecnologia, se pode dizer que dados são considerados o petróleo do futuro,

eles indicam mudanças sociais e pode se tornar uma poderosa ferramenta de controle. A nação que controlar a tecnologia de outra no futuro a controlará por inteiro. Como visto, ser uma nação potente é difícil. Não para o Brasil, para essa nação basta aproveitar as naturais vantagens. Exatamente por isso, os adversários precisam manter o olhar atento, pois se o povo brasileiro encontrar o caminho, muitas potências terão dificuldades.

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THIAGO GAGLIASSO:

THIAGO GAGLIASSO: “A ESQUERDA TEM, COMPLETAMENTE, O DOMÍNIO PUBLICITÁRIO PRIVADO NO BRASIL” ATOR REVELA QUE NÃO DESEJA VOLTAR A ATUAR EM NOVELAS E QUE TEM PRETENÇÃO DE SE CANDIDATAR NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES

POR THAÍS PARTAMIAN VICTORELLO Instagram: @thaisvictorello

A

entrevista de capa da edição de outubro é com o ator, produtor e entusiasta político, Thiago Gagliasso.

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Nascido e criado no Rio de Janeiro, Thiago é filho de um empresário e uma publicitária. Influenciado pelo irmão mais velho, o também ator

Bruno Gagliasso, Thiago decidiu investir na dramaturgia. “Ver o sucesso do meu irmão me motivou bastante a ser ator. Ele sempre

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Em 2019 Thiago trabalhou na na Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do RJ - Foto: Divulgação

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THIAGO GAGLIASSO:

sa ser extremamente dedicado e comprometido, e eu nunca fui. EXATO: Como foi a experiência como empreendedor ao inaugurar, juntamente com a sua família, uma pizzaria no Rio de Janeiro? Thiago Gagliasso: Um grande aprendizado e também um desafio muito difícil... Sabemos das dificuldades, da burocracia, da falta de apoio ao pequeno e médio empreendedor. Parece que as leis são feitas para que você desista, mas mesmo assim seguimos com força. Eu faço parte da gestão de marketing dos restaurantes, ações com influenciadores e divulgação. Toda parte administrativa fica com os sócios responsáveis, e a parte culinária com a Della Chef Gagliasso, mais conhecida como minha mãe.

Thiago posa ao lado da mãe, Lucia - Foto: Internet

foi um profissional exemplar, uma referência pra mim: comprometido, organizado e dedicado com amor à arte. Talvez seja essa nossa grande diferença... Quando eu tive a oportunidade de ir para a TV, vi que não tinha a menor vocação e paixão para teledramaturgia, e sim por outros setores artísticos, como produção e roteiros humorísticos”, conta. Em 2007 o ator estreou nas novelas da Record TV, onde após fazer outros trabalhos, em 2011 participou da quarta edição do reality show “A Fazenda”. Em 2018 Thiago contracenou com o irmão no teatro, com o stand-up “Um quase Gagliasso”. No mesmo ano, o ator começou a se interessar por política, tanto que ele confessa que foi a primeira vez que compareceu às urnas para votar. Bolsonarista assumido, o ator já sofreu duras críticas de parte de seus colegas de profissão e até

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mesmo chegou a romper relações com o irmão, por discordâncias políticas. No ano de 2019, Thiago chegou a trabalhar por quase 1 ano na Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro. “Foi um período de muito aprendizado técnico e compreender as diferenças do setor público para o setor privado”, relembra. Em entrevista à Exato, Thiago Gagliasso fala sobre a carreira na TV, empreendedorismo, interesse e pretensões políticas. EXATO: Você pensa em voltar a atuar na TV? Thiago Gagliasso: Não, talvez na TV Senado... Quem sabe? (risos). Quando assinei um contrato de 4 anos com a Record TV, descobri que não era minha área. A teledramaturgia precisa muito mais do que talento, o ator preci-

EXATO: Você costuma falar muito da sua mãe, como uma mulher guerreira e trabalhadora. Qual é a influência dela na sua vida? Thiago Gagliasso: Ela é a minha maior referência de perseverança, fé e dedicação ao trabalho, não importa qual seja ele. Se tiver que lavar a louça ela lava, se tiver que entregar e ajudar o motoboy, ela entrega... Se tiver que limpar o chão, ela limpa... Não tem tempo ruim. Gostaria de ter aprendido isso mais cedo, mas antes tarde do que nunca. E como ser humano uma pessoa ímpar, que fala o que pensa... Aliás, isso eu aprendi bem rápido com ela... Até demais (risos). EXATO: Como e quando você começou a se interessar por política?

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Thiago em uma de suas visitas a Brasília, registra encontro com o Presidente Jair Bolsonaro - Foto: Divulgação

Thiago Gagliasso: Em 2015 tive a experiência de ser pai e ver aquela criança crescer, me fez sair da zona de conforto e adquirir conhecimento sobre nossa história... De onde viemos? Para onde vamos? Meu filho vai me perguntar isso um dia. Comecei a me interessar bastante pelo conteúdo do Brasil Paralelo, comecei a ir mais a fundo no problema de corrupção que o Brasil tinha pela frente, no problema cultural, na ideologia de gênero que cada vez mais próxima das nossas crianças... 2018 confesso que foi a primeira vez que eu fui até a urna eletrônica votar, ver aquele cenário me despertou e me motivou ainda mais a aprender. EXATO: Você recebeu muitos ataques de colegas da classe

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artística quando demonstrou seu apoio a candidatura do atual presidente, Jair Bolsonaro? Thiago Gagliasso: Muitos… Na realidade, esses ataques foram apenas de uma minoria famosa que tem visibilidade na mídia. Posso te garantir que a grande maioria dos artistas em diversos setores não tem essa ideologia, basta você analisar os números, 70% dos recursos da cultura ao longo desses anos em governos anteriores, estavam todos concentrados em apenas 10% de proponentes (projetos), ou seja, 90% da grande classe artística no Brasil nunca teve oportunidade de um projeto. Acho que isso explica muita coisa: 10% que possui visibilidade e microfone na mão é

contra a atual gestão. EXATO: Você acredita que existam muitos artistas que são favoráveis ao presidente, mas não se posicionam publicamente com receio do cancelamento nas redes sociais? Thiago Gagliasso: Não tem receio de cancelamento, o receio (e com razão) desses artistas é perder o seu contrato publicitário com grandes marcas. O cancelamento está no bolso e não na imagem. A esquerda tem, completamente, o domínio publicitário privado no Brasil, basta ligar a TV e abrir o Youtube: a cada 10 propagandas, 9 (se não for as 10) são protagonizadas por pessoas que se posicionam contra o presidente.

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THIAGO GAGLIASSO:

de lucrar e se promoverem com os problemas sociais que eles realmente enfrentam, como desemprego, desigualdade social e falta de oportunidades no setor artístico. EXATO: O que te fez ter essa identificação com a direita? Você já foi de esquerda?

O ator foi as urnas votar pela primeira vez nas eleições de 2018 - Foto: Divulgação

Sabemos que boa parte da receita dos atores e artistas no Brasil vem da publicidade. Você acha que um ator em início de carreira, ou que não tem ainda sua vida financeira resolvida, vai contra esse sistema? Jamais! Mas isso tem que mudar... Gusttavo Lima é um dos maiores músicos do Brasil e, declaradamente, apoia o presidente… Inclusive em suas lives, mas com o Gusttavo Lima a marca não quer cancelar, né? Não é trouxa, cancela os de menor visibilidade. EXATO: Na sua opinião, quais os principais motivos para a classe artística ser predominantemente de esquerda? Thiago Gagliasso: Não considero nem um pouco a classe ar-

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tística predominante de esquerda... Volto a repetir: apenas 10% que possuem visibilidade que se ‘’acham’’ de esquerda, mas se parar e pensar e analisar o estilo de vida de um por um, eles realmente vivem como um esquerdista? Usufruem o melhor do capitalismo, representam marcas capitalistas, passam suas férias em lugares extremamente capitalistas, e apenas se apropriam de pautas consideradas por eles de esquerda, como racismo, homofobia, questões do meio ambiente e proteção dos animais... Essas pautas são humanas e não ideológicas. Pode ter certeza que tenho muitos amigos negros, gays, que amam os animais e não tacam fogo na Amazônia... Eles apenas não fazem questão

Thiago Gagliasso: Nunca fui de esquerda, apenas era um cara sem informação... Quando busquei estudar, minha identificação foi intuitiva com a pauta conservadora, que busco cada vez mais aprender. Convivi muito tempo em um mercado considerado de ‘’esquerda’’, em um meio artístico de valores deturpados. Tenho um pensamento político que defende a manutenção das instituições sociais tradicionais – como a família, a comunidade local e a religião, além dos usos, costumes, tradições, e valores adquiridos durante anos e anos, que nos levaram até aqui... Nossa formação moral judaico-cristã ocidental e por ai vai, mas segundo nossa oposição (a “bolha”), ser de direita é ser fascista, racista, homofóbico e preconceituoso... Ser um radical capitalista, que não pensa no próximo. Ou seja, quando se adquire o mínimo de conhecimento o que nos resta é dar risada de quem pensa assim. EXATO: Qual é a sua opinião sobre a lei Rouanet? Thiago Gagliasso: A lei é de extrema importância e ganhou uma importância ainda maior após anos tomado por corrupção cultural. Temos um passivo cultural que já passa dos 13 bilhões de reais, um dano absurdo, que está se refletindo nos dias atuais, levo um exemplo ao nosso leitor, quando se

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Thiago participando de uma das manifestações em prol do Brasil - Foto: Divulgação

rouba da infraestrutura e o governo não entrega uma obra, a gente vê e a população sofre com a falta de estrutura, correto? Na cultura, a corrupção vem de onde não enxergamos durante anos, e o efeito disso vai na mente do povo, que cresce sem valores, princípios deturpados e sem uma alternativa de mudar seu futuro através da arte, a cultura nos últimos anos posso afirmar que serviu de instrumento apenas para o rico ficar mais rico e o pobre mais ignorante, refém das péssimas produções feitas através de muita corrupção, um dano incalculável. Se nos dias de hoje nossas crianças consomem

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um conteúdo de baixíssima qualidade, foi porque não teve acesso a coisas de qualidade, talento aqui não falta... O brasileiro é um povo extremamente criativo e talentoso. EXATO: Qual seria o caminho do êxito para ajudar os artistas de rua e de comunidades carentes? Thiago Gagliasso: Usar as leis de incentivo, como a Rouanet, da forma correta e democrática. A lei de incentivo não é uma lei assistencialista, é uma lei de fomento, e onde você precisa fomentar? Em projetos dos diretores e produtores enriquecidos? Não, pre-

cisamos democratizar a lei urgentemente, levar acesso a projetos menores, criar mecanismo na nossa legislação para que o pequeno e médio empreendedor possa participar, que facilite pequenos projetos, acredito que aí já seria um grande começo e o Mário Frias está atento. E claro, usar as grandes personalidades culturais que são referências, que possui fama e alcance, que ele use sua imagem para despertar interesse cultural nas pessoas. Sou a favor que grandes artistas caminhem com a lei e aprendam sobre ela, não para enriquecer seu bolso, mas para atingir quem não tem acesso.

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to grato ao convite do secretário na época, Ruan Lira. Lá foi onde eu pude conhecer a força do estado, o poder da máquina pública em mudar a vida das pessoas... Conheci sobre as leis de incentivo e a importância delas... Foi um período de muito aprendizado técnico e de compreender as diferenças do setor público para o setor privado. Precisamos aproximar urgentemente a iniciativa privada das secretarias pelo Brasil, foi a grande lição que ficou. EXATO: Qual é a sua opinião sobre o trabalho que o Mário Frias está desenvolvendo como Secretário Especial da Cultura?

“Minha missão é ajudar e colaborar com um futuro melhor” - Foto: Divulgação

EXATO: Atualmente, quais são as principais pautas do governo? Thiago Gagliasso: Economia e tentarmos recuperar o tempo perdido com o péssimo trabalho do Rodrigo Maia, além de acelerar o processo de vacinação, para que a gente possa ter a tão sonhada retomada econômica. Confesso que estou bem otimista, acho que mesmo com tanta gente pensando em derrubar o governo ele conseguiu sobreviver. Se cada deputado

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imbecil de esquerda pudesse usar sua criatividade em criar narrativas para desgastar o governo em ideias e projetos para nossa retomada econômica, seria uma grande ajuda, mas ajudar é algo que essa turma não sabe fazer. EXATO: Como surgiu o convite e como foi a experiência de trabalhar na Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro (SECECRJ)? Thiago Gagliasso: Foi uma experiência maravilhosa... Sou mui-

Thiago Gagliasso: Tive a honra de acompanhar um pouco mais de perto, a convite dele... Ele falou: “Vem aqui... Olha só o tamanho do problema...”. Eu quase caí no chão! Ali eu vi coisas que nenhum artista, em sã consciência, pode admitir: corrupção sem fim, falta de critério e de organização. Imagina você assumir uma pasta onde nunca houve uma auditoria nas prestações de conta em projetos incentivados? O rombo disso já chega a 13 bilhões! A primeira missão dele foi tentar resolver isso, e agora precisamos correr atrás do prejuízo, buscar novos parceiros para cultura que foi esquecida e monopolizada por uma elite. Eu sou seu “estagiário amigo”, não oficial e não remunerado. Hoje em dia busco levar novos investidores que queiram apoiar a cultura e queiram ser parceiros do governo federal nessa retomada e também procuro levar projetos que geram emprego e capacitação de pessoas. É um direito de qualquer ser humano... A lei está aí pra isso, e não tenho qualquer tipo de privilégio.

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EXATO: Para você, quais são os principais desafios enfrentados pelo presidente Jair Bolsonaro? Thiago Gagliasso: Sinceramente quando você conhece nossa oposição e vê como eles aparelharam o Brasil, nossas instituições, educação, cultura, infraestrutura (que vem sendo conduzida de maneira brilhante pelo Ministro Tarcísio), e ainda com tudo isso vem uma pandemia? O Bolsonaro é um monstro, um guerreiro! Desejo apenas saúde para ele, por que precisamos demais desse cara. Acho que seu maior desafio é cuidar do seu corpo e da sua mente, porque de resto ele tem o povo e uma nação claman-

do por mudanças.

co em 2022?

EXATO: Você acredita na possibilidade de uma terceira via nas eleições presidenciais de 2022?

Thiago Gagliasso: Estou pensando seriamente no que posso somar com o governo e com o meu setor cultura/entretenimento... Tenho boas entradas com empresários, com um público jovem empreendedor. Para construir um Brasil melhor, basta você fazer o certo... Resta saber onde posso agregar mais. Minha missão é ajudar e colaborar com um futuro melhor. Chega de sofrer na mão desses vagabundos.

Thiago Gagliasso: Claro, acredito na reeleição da terceira via inclusive. O povo já escolheu a terceira via em 2018, quando elegeu o Presidente Bolsonaro... Ninguém mais aguentava esse “teatro das tesouras”, entre PT e PSDB. Aguarde 2022 e verá novamente o povo com essa “terceira via’’, talvez no primeiro turno. Estarei fechado com o Presidente até o final! EXATO: Você pensa em sair candidato a algum cargo públi-

PING PONG VOTO AUDITÁVEL: Questão de bom senso, justiça e clareza... Isto existe no Brasil?

mulher é fundamental, o problema é usar a mulher para lutar por outros interesses... Uma pena.

LULA LIVRE: Lula na cadeia faz mais barulho do que fora dela, já percebeu? 2022 vai mostrar pra ele sua força.

LINGUAGEM NEUTRA: Absurdes, um atentades a lingue portuguese, juro, tem pautas tão idiotas que eu acho que eles fazem de propósito só pra irritar a gente. Vai em alguma comunidade periferia e fala todes pra você ver a reação da molecada... Simples: Eles dão

IDEOLOGIA DE GÊNERO: Sou pai de um moleque de 5 anos, minha luta vai ser grande por ele. FEMINISMO: Lutar pelos direitos e a proteção da

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risada também... A gente que esquenta. BRASIL DOS SONHOS: Um Brasil que se orgulhe da sua própria história, que foi construída através da união de povos brancos, negros, índios e imigrantes, que lutaram por essa terra. Isso daria pra gente um pouco mais de brasilidade, amor à pátria e menos desunião. Isso aqui é realmente o lugar mais especial do planeta!

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ECONOMIA

PIB AMERICANO CRESCE, MAS INFLAÇÃO CONTINUA UMA AMEAÇA SECRETÁRIA DO TESOURO AMERICANO ALERTA QUE, SEM ELEVAÇÃO DO TETO DA DÍVIDA, OS EUA TERÃO O PRIMEIRO DEFAULT DA HISTÓRIA

POR VERNAN W. AURÉLIO FOTO: GOOGLE

VERNAN W. AURÉLIO Economista Instagram: @vernanjonas

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O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu à taxa anualizada de 6,7% no 2º trimestre de 2021 em relação aos três meses anteriores, de acordo com a terceira e última estimativa do indicador. A primeira estimativa, divulgada no final de julho, apontava para alta de 6,5%, enquanto a segunda apontou, no final de agosto, para alta de 6,6%.Os dados são do escritório de estatís-

ticas do BEA (Bureau of Economic Analysis), do Departamento de Comércio do país divulgados no último dia 30. O resultado foi em linha com o esperado, uma vez que a previsão era de alta de 6,6%, segundo dados compilados pela Refinitiv. O índice PCE (Despesas de Consumo Pessoal, na sigla em inglês) dos Estados Unidos em agosto cresceu a 0,4% na compa-

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Janet Yellen, secretária do Tesouro americano - Foto: Google

ração com julho. Em 12 meses, a expansão foi de 4,3%. Já o Núcleo do PCE, que exclui alimentação e combustíveis, teve alta a 0,3%, um pouco acima do nível esperado de 0,2% segundo a média das projeções dos economistas compilada pela Refinitiv. Na comparação anual essa expansão foi de 3,6%, em linha com as expectativas. O PCE é o indicador de inflação acompanhado com mais atenção pelos membros do Federal Reserve, e é uma impor-

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tante baliza para prever mudanças na política monetária da maior economia do mundo. O índice de atividade industrial dos Estados Unidos elaborado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) subiu de 59,9 em agosto para 61,1 em setembro, segundo comunicado do ISM divulgado no dia 1 de outubro. O avanço surpreendeu analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda do indicador a 59,5 no

último mês. O resultado de setembro também marcou o 16º mês consecutivo de crescimento da manufatura nos EUA, diz o ISM. A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou no dia 30 de setembro, um projeto que evita uma paralisação parcial do governo por meio do financiamento provisório de agências federais no novo ano fiscal que começou no dia 1º. A Câmara aprovou o projeto por 254 votos a 175. A medida, que já tinha sido aprovada no

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ECONOMIA

Senado, segue para o presidente Joe Biden, que deve sancionar o projeto, convertendo-o em lei, antes do prazo de meia-noite, quando expira o financiamento atual do governo. A aprovação, feita algumas horas antes do prazo final, evita uma paralisação parcial do governo como a que aconteceu no fim de 2018 e começo de 2019, que durou 35 dias. 44

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O “shutdown” ocorre porque o orçamento do atual ano fiscal não foi aprovado. Neste cenário, o governo não pode mais se comprometer com nenhum gasto, levando a um congelamento dos serviços e atividades governamentais até que o orçamento seja aprovado. Em evento do dia 28 do mês passado, Janet Yellen, secretária do Tesouro, alertou que,

sem elevação do teto da dívida, os EUA terão o primeiro default da história, fazendo um apelo para que o Congresso do país atue em harmonia com o governo do presidente Joe Biden a fim de encontrar um caminho que permita a elevação do teto dos gastos federais.

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ARTIGO

BIDEN

A BARCA FURADA DO #METOO MOVIMENTO FEMINISTA ESCOLHEU O PARTIDARISMO ESQUERDISTA E ABANDONOU DE VEZ A DEFESA DAS MULHERES

POR CARLOS JÚNIOR FOTO: GOOGLE

P CARLOS JÚNIOR Jornalista Instagram: @carlosjunior_cp

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restes a assumir uma vaga na Suprema Corte, o juiz Brett Kavanaugh foi alvo de uma das campanhas de assassinato de reputação mais desprezíveis, nojentas e abjetas da história americana. O modo absolutamente natural com que os senadores do Partido Democrata trataram como verdade absoluta as fracas alegações de assédio contra o juiz Brett foi uma mostra do que a esquerda americana é capaz de fazer quando o poder está em jogo. Kavanaugh teve sua indicação aprovada no Senado, mas as cicatrizes do linchamento público sofrido por ele permanecem. Uma das mulheres que alegaram má conduta por parte dele admitiu ter mentido para prejudicá-lo – fato ignorado solenemente pela grande mídia brasileira. O juiz Brett foi

colocado no time de pessoas ligadas ao Partido Republicano que tiveram suas vidas devastadas pelo #MeToo, o movimento feminista responsável por uma onda de denúncias de assédio sem precedentes. O #MeToo “surgiu” em 2017. A ideia era basicamente encorajar mulheres vítimas de assédio e má conduta sexual em qualquer lugar – especialmente no ambiente de trabalho – a falarem de suas experiências ruins. Naquele ano, o ex-juiz Roy Moore perdeu uma eleição praticamente ganha no Alabama depois de denúncias feitas por inúmeras mulheres envolvendo abuso sexual, caso extremamente emblemático que deu outra dimensão ao movimento. Enquanto o movimento mirava políticos republicanos, tudo era

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O movimento feminista #MeToo tem como foco partidos ao invés da defesa das mulheres - Foto: Google

mar de rosas. Enquadrar homens do partido político que representa o conservadorismo e o patriarcado – os maiores inimigos da pauta feminista – tinha virado a métier de militantes enfezadas. Como não poderia deixar de ser, o Partido Democrata adorou a brincadeira. Mas chegou uma hora que a coisa saiu de controle. O ex-senador Al Franken foi o primeiro democrata a provar o veneno da cascavel que ele e seus amigos criaram. Em meio a denúncias de assédio, renunciou ao cargo. O então candidato e hoje presidente Joe Biden é outro a ter sido enquadrado pelo #MeToo. Tara Reade, sua ex-funcionária, acusou-o de assédio enquanto ela trabalhava no seu gabinete – Biden era senador por Delaware. O caso mais recente de um democrata tarimbado a enfrentar o limbo proporcionado pelo #MeToo é o de Andrew Cuomo,

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que renunciou ao governo de Nova York após ser acusado por ex-funcionárias de má conduta sexual. Aqui vale um destaque: Cuomo participou do linchamento público de Brett Kavanaugh ao falar que acreditava “na palavra da vítima”. Tal crença é realmente negociável: ele tentou descreditar as acusações feitas como qualquer pessoa faria. Nessa altura o leitor está se perguntando qual a diferença entre os casos além da filiação partidária. É simples: nos casos envolvendo republicanos, o #MeToo deu total apoio às supostas vítimas, mas naqueles com democratas como alvos, a indiferença foi notável. Quando a situação era favorável ao feminismo e a luta política contra o conservadorismo estava presente, a solidariedade entre as entusiastas no movimento era enorme. Já com os companheiros de batalha a falta de empolgação

era visível. E é aqui que algo precisa ficar bem claro: o #MeToo, como todo o feminismo, não é um movimento de defesa das mulheres. Se fosse, as alegações contra os tarimbados esquerdistas seriam tidas como verdade – a exemplo do que aconteceu com Roy Moore, Brett Kavanaugh e Donald Trump. O #MeToo nada mais é do que uma expressão da mentalidade revolucionária feminista que quer mudar absolutamente tudo e concentrar poder na mão dos iluminados. Também não pode passar em branco o fato de que mulheres vítimas de assédio merecem nosso apoio e nossa solidariedade. Mas isso não é pretexto para embarcar nessa furada chamada #MeToo. Existem aí diferenças irreconciliáveis.

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LINGUAGEM SILENCIOSA

O PODER DA LINGUAGEM SILENCIOSA NAS VENDAS E NOS RELACIONAMENTOS POR RICARDO VENTURA FOTO: ENVATO

D RICARDO VENTURA Cientista comportamental, psicanalista, escritor e especialista em Linguagem Silenciosa Instagram: @naomintapramimoficial

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epois de passar algumas décadas estudando o comportamento humano e correlacionando as atitudes das pessoas com os seus desejos, eu pude notar que a base para que uma pessoa consiga ter prosperidade tanto na área comercial como em sua vida pessoal é a capacidade de perceber claramente o que está acontecendo à sua volta. Parece simples, mas a maioria das pessoas vêm comprometendo a sua acuidade sensorial. A tecnologia afetou conside-

ravelmente a nossa habilidade em se relacionar. Juntando esta evolução tecnológica ao isolamento social que sofremos nos últimos anos, acabamos criando uma bomba de desconexão. Isso mesmo, o ser humano está cada vez mais desconectado do coletivo. Os relacionamentos foram severamente afetados e sentimos isso claramente quando fazemos uma visita comercial, por exemplo. As pessoas prezam por distância, abraços se tornaram

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O ser humano está cada vez mais desconectado do coletivo e conectado a tecnologia - Foto: Envato

escassos e fica cada vez mais difícil ter empatia quando a principal preocupação está voltada à preservação da vida. A acuidade sensorial, que era uma ferramenta comum para estreitar relacionamentos e facilitar

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negociações, passou a ser algo desconhecido e pouco utilizado. Antes destes fatos eu já notava que apenas algumas pessoas sabiam utilizar as ferramentas de Linguagem Silenciosa com maestria. Estas pessoas traziam consigo

esta habilidade quase de forma inata, pois até então não existia ninguém que tivesse mapeado os poderes que esta habilidade oferecia. Em meus estudos, eu notei que aproximadamente 3% das pessoas possuíam estes conheci-

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LINGUAGEM SILENCIOSA

Pessoas de sucesso em suas carreiras profissionais também são mais felizes em seus relacionamentos - Foto: Envato

mentos desenvolvidos. Por outro lado eu notei que estes mesmos 3% tinham muito sucesso em suas carreiras profissionais, eram felizes em seus relacionamentos e eram pessoas desejadas

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em seus círculos de amigos. Elas sabem como prosperar extraindo do mundo aquilo que desejam através da sua “senciência”. Isso mesmo, eu notei que este “diferencial” era muito valorizado pelo

mundo, mesmo que de forma inconsciente, e que saber utilizá-lo poderia ser o caminho para sair de uma vida insatisfatória e escassa e passar a viver uma vida plena e farta.

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Acho que cabe aqui deixar a definição deste termo para dar mais clareza ao que estou tentando explicar. Senciência é a capacidade de sentir, receber e reagir a estímulos externos de

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forma consciente, experimentando-os a partir de dentro, ou seja, sendo empático. Para que possamos nos tornar sencientes precisamos aprender a agir em vez de apenas reagir. Precisamos deixar de olhar apenas para nós mesmos e aprender a viver a experiência real da comunicação, dando atenção a cada detalhe do nosso interlocutor: a fala, a entonação, os movimentos corporais, as expressões faciais e tudo o que está envolvido na comunicação. Quando conseguimos deixar o nosso “eu” de lado e passamos a, não apenas ouvir o que está sendo dito, mas também sentir tudo o que está envolvido em uma comunicação, parece que o céu se abre. Na verdade, as oportunidades, as fraquezas, está tudo ali, bem na sua frente, você só precisa enxergar. Outra coisa que notei é que este tipo de habilidade pode ser aprendida, todos nós temos esta habilidade latente, basta que sejamos treinados a utilizá-la novamente. Eu digo “novamente” porque nossos ancestrais dependiam da senciência para sobrevivência, eles sabiam detectar comportamentos, ruídos e ambientes que representavam ameaças, pois dependiam disso para sua sobrevivência. Eles precisavam saber identificar oportunidades para que pudessem se alimentar e se manter vivos, porém, em função das facilidades do mundo moderno, esta habilidade acabou caindo em desuso como os dentes caninos, por exemplo. Basta que você encontre o caminho para despertar esta habilidade para que tudo em sua vida comece a tomar novos rumos.

Enquanto as pessoas tentam descobrir mais sobre nossas habilidades extrassensoriais, elas acabam deixando de lado o mais importante, que já está em nosso DNA e que é muito simples de ser despertado. Por isso resolvi me focar nesta habilidade. Meu objetivo desde o começo foi simplificar o que os estudiosos mapearam, ampliar aquilo que já tinha sido descoberto e criar algo que qualquer pessoa pudesse utilizar no seu dia a dia para ter uma vida melhor. Foi daí que nasceu a minha paixão pela Linguagem Silenciosa e junto com ela a missão de transformar este pequeno percentual, estes 3%, em algo muito maior, para que estas pessoas consigam levar para o mundo o poder deste simples sentido. Eu tenho certeza que você já se pegou em momentos onde a sua “intuição” falou mais alto, momentos em que você foi senciente. Lembre-se de um destes momentos e procure perceber os benefícios que este comportamento lhe ofereceu. Agora imagine-se sendo capaz de “ativar” estes momentos de senciência sempre que precisar! Este é o poder que dominar a linguagem silenciosa pode trazer a você. Se você entendeu o potencial deste conhecimento e quer aprender mais sobre o poder da percepção eu recomendo que você procure leituras sobre acuidade sensorial, linguagem não verbal e também que siga meu canal no Youtube para que possa ver este conhecimento sendo posto à prova. Para olharmos para dentro e despertamos nossa melhor versão, primeiro precisamos olhar para fora e sentir o mundo por completo.

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AS DISCREPÂNCIAS NO DIREITO POR QUE INTERPRETAÇÕES SOBRE O MESMO ASSUNTO DIVERGEM TANTO? O QUE (QUASE) NINGUÉM VAI LHE DIZER.

POR RENATO R. GOMES FOTO: ENVATO / FREEPIK

RENATO R. GOMES Mestre em Direito Público (UERJ05-07) Ex-oficial da Marinha do Brasil (EN90-93) e Escritor. Instagram: @renatorgomesoficial

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Hoje, abordaremos um assunto praticamente incompreensível por pessoas leigas em Direito e, inclusive, inexplicável por profissionais da própria área jurídica, devido, muitas das vezes, à falta de estudo ou conhecimento, ou mesmo à dificuldade de raciocinar e argumentar com atenção às nuances, exatamente por não as perceber. Por que existem tantas interpretações jurídicas toleráveis para solucionar um só problema? Ou melhor: por que temos – nós, a população – que aceitar, como decisão judicial válida, um resulta-

do que decorra de interpretação, para muitos, extremamente incoerente e injusta? Por que o Direito admite interpretações atentatórias ao senso comum predominante na sociedade? Ou ainda: por que juristas e ministros de tribunais reconhecem interpretações e decisões que produzem distorções no Direito como sistema normativo coerente? Em outras palavras: por que é tão difícil o consenso na doutrina e no Judiciário sobre temas relevantes socialmente e que envolvam interpretação jurídica? O que costumamos escutar

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são chavões de autoridades no Direito, sempre quando as pessoas reagem ou ficam indignadas com opiniões de especialistas, decisões judiciais ou teses jurídicas incompatíveis com a realidade social vivenciada. Quem de nós já não assistiu na Globo, ouviu na CBN, ou leu em grandes jornais, por exemplo, “temos que respeitar a Constituição” ou “o Judiciário não pode satisfazer a ânsia de vingança da população”? Mas ninguém, autoridade judicial ou doutrinária alguma, ousa expor o seu raciocínio completo, que a levou a decidir neste ou naquele sentido. Afirma-se o conveniente, por artigos escritos em meios especializados ou jornais de grande circulação, ou oralmente na mídia, sem a apresentação de qualquer justificativa argumentativamente detalhada e convincente. Para que se dar ao trabalho, se a população, em sua maior parcela, é juridicamente ignorante e supor-

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ta pacatamente tudo o que vem de cima e lhe é “empurrado goela abaixo”? Não importa, para uma ou outra autoridade-estrela, com força institucional ou acadêmica, que a decisão ou teoria despreze o senso crítico ou a inteligência de brasileiros minimamente instruídos. Parte-se do princípio de que o desconhecimento teórico do Direito pelo cidadão, por si só, o obriga a acatar a opinião do ministro, advogado ou jurista, como se inexistisse possibilidade de se resolver o conflito, em conformidade ao sentido de coerência e justiça que prevalece na voz do povo. Volto à questão: por que essas discrepâncias na interpretação do Direito ocorrem com tanta frequência? Se notoriamente fragilizam a credibilidade do Direito, retiram-lhe a efetividade e minam a confiança dos indivíduos no Poder Judiciário, por que nada se

faz para mudar ou impedir isso? Tenho algumas respostas para essa incógnita. Neste momento, vou me ater apenas a uma delas: os juízes, ministros, advogados e juristas, quando interpretam os textos legais e constitucionais, de modo (in)consciente, e por várias vezes, menosprezam o contexto integral dos fatos; contexto que embasa empiricamente a atividade de interpretação. Dito de outra forma, o intérprete seleciona os fatos do mundo real que lhe convêm. Faz isto arbitrariamente, por livre e espontânea vontade, de acordo com o seu humor, para criar um resultado interpretativo que atenda à sua convicção política, moral ou ideológica. E, na pior das hipóteses, para agradar a um “amigo oculto”, o que não chega a ser surpreendente numa cleptocracia como a brasileira. E por que o faz? Simples: especificamente no Brasil, grosso

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modo, a interpretação jurídica a cargo da doutrina, de advogados ou dos juízes, é feita sem a observância de quaisquer critérios objetivos e vinculantes, que poderiam assegurar a adequação do significado atribuído aos textos da lei pelo jurista, profissional ou juiz. Imagino que, agora, eu esteja sendo contestado: “Renato, você está sonhando; não há parâmetros objetivos e vinculantes, que, se observados, façam com que incoerências jurídicas sejam detectadas com certo grau de objetividade, ou que o excesso de subjetivismo ou arbítrio do intérprete seja identificado.” Respondo: parâmetros vinculantes, de fato, não existem. Se não há previsão legal para obrigar o julgador a atender os critérios X, Y ou Z, nas condições A, B ou C, temos que acreditar e confiar no seu “notável” saber jurídico. Contudo, há, sim, parâmetros teóricos e fáticos objetivos, capazes de garantir o controle de coerência normativa da tese doutrinária ou decisão judicial. É possível, sim, quando o intérprete não os obedece em situações devidas, apontar as falhas na sua argumentação, demonstrando o porquê de o resultado por ele defendido ser juridicamente injustificável. (Recomendo a leitura de meu e-book “Interpretação jurídica coerente: premissas fundamentais e metodologia”, no qual apresento e justifico com originalidade tais parâmetros.) Darei um exemplo que bem ilustra a forma aleatória e puramente voluntariosa com que o intérprete recorta a realidade, visando à construção de um contexto fático que sustente a interpretação conforme os seus anseios.

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Há pouco tempo (16/05/2017), a 2.ª Turma do Supremo Tribunal Federal “trancou” processo penal em curso, no qual o réu respondia pela prática de furto de um aparelho de telefone celular, avaliado em 90 reais. A 2.ª Turma do STF, por unanimidade, concedeu habeas corpus (HC 138697) ao infrator e assegurou-lhe novamente a liberdade de ir e vir, revogando a decisão da 5.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, que o havia negado. Por que a divergência de opiniões entre o STJ e o STF? Há fundamento jurídico objetivo para que os dois Tribunais mais relevantes do país discrepem em entendimentos? Quem tem razão? O cerne da questão envolveu a aplicação do conceito de “insignificância da lesão” causada à vítima pelo criminoso. Para o STJ, a noção de “insignificância” tinha como parâmetro a existência de prejuízo material de valor inferior a 10% do salário mínimo vigente à época do delito cometido, combinada à ausência de reincidência na prática de crimes pelo réu. Não foi o caso. O réu, além de reincidente, furtou bem de valor superior ao limite definido como critério de aferição da insignificância da lesão. O STF discordou. O ministro Ricardo Lewandowski, acompanhado pelos demais, entendeu que a tese da reincidência criminosa, por si só, não impede a aplicação do “princípio da insignificância”. Considerou que o “inexpressivo prejuízo” ao ofendido (vítima do furto) não justificaria a pena de prisão de um ano, somada a dez dias-multa. Analisemos o contexto delineado por cada Tribunal, para que chegasse à sua própria decisão.

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O que o Superior Tribunal de Justiça considerou como elementos integrantes do contexto (fatos, efeitos, circunstâncias, constatações), de modo a fundamentar a sua decisão? Levou em conta, dentre outras particularidades possíveis, que i) o réu já havia cometido crime anteriormente (reincidiu); portanto, não foi a primeira vez que violou a lei penal; e ii) houve prejuízo à vítima. Acrescentaria ainda, por dedução, que o STJ teria pressuposto que, iii) a não-aplicação da norma penal, sem a devida autorização legal para casos excepcionais previstos, fragiliza a natureza preventiva do direito penal e retira-lhe a eficácia, quando se faz necessária a sua aplicação. Por que ter medo de praticar “pequenos delitos”, se nada acontece ao delinquente? Basta que a ofensa imposta à vítima seja “inexpressiva”. Não é verdade, ministro Lewandowski? Por outro lado, o STF delimitou o seu “mundo real” pelas seguintes presunções: i) a reincidência na prática de delitos é irrelevante, se aquele crime primeiramente cometido tiver sido inofensivo para a vítima, ou se a lesão ocasionada também fora insignificante; ii) o furto de um aparelho de celular de 90 reais constituiu “inexpressiva ofensa” ao patrimônio da vítima; iii) se a ofensa foi “inexpressiva”, a vítima não sofreu prejuízo material; iv) ausência de lesão material não justifica aplicação de pena restritiva de liberdade, pois configura “constrangimento ilegal” do infrator. Notamos que o contexto seletivo criado por cada Tribunal deriva do que querem enxergar, à luz da suprema ou superior “sabedoria” dos respectivos ministros.

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Significativo mesmo é o que se esconde na íntima consciência de cada um deles. O senso de “justiça” personalíssimo, manifestado em decisão conjunta da Turma, irá determinar quais serão as constatações de fatos e seus efeitos relevantes para o Direito. Para o STF, por exemplo, é irrelevante se, para defender o seu posicionamento e firmar a sua autoridade judicial, vai precisar “jogar no ralo” a força normativa das regras contidas no art.3.º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (“Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando

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que não a conhece.”), no art.21, do Código Penal (“O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.”), ou, ainda, no art.5.º,II, da Constituição (“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.”). Sim, porque o exercício da autonomia privada, fundado no dever de autorresponsabilidade, de agir no campo da licitude, inerente a qualquer pessoa residente no Brasil, transforma-se em “con-

versa para boi dormir”. Pois nada acontece se ultrapassarmos “só um cadinho” a fronteira do lícito, para cometermos “pequenos delitos”, “extremamente inofensivos”! É o “jeitinho judiciário brasileiro” atuando em prol do “pequeno delinquente”! A vítima do “pequeno crime”? Azar o dela: celular de 90 reais? Vale nada; “perdeu, garoto”! Também posso deduzir que a regra proibitiva do art.345, do Código Penal, não tem serventia jurídica alguma para o Supremo. Particularmente, não compreendo: se é crime, passível de detenção,

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fazermos justiça pelas próprias mãos, como podemos aceitar que o órgão de cúpula do Poder Judiciário deixe de aplicar a regra que penaliza o furto, por mero voluntarismo de seus ministros, nitidamente visível na pífia fundamentação da decisão contrária à lei? Porque a consequência natural do desrespeito ao direito penal pelo STF será estimular o indivíduo lesado, desacreditado no Estadojuiz, a imprimir conscientemente a sua “justiça pessoal” àquele que o prejudicou, precisamente o que a norma penal pretende evitar. É trágico e paradoxal per-

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cebermos, ainda, que a Corte Suprema transformou o criminoso, pela prática de furto, em vítima do crime de constrangimento ilegal (CP,146), justamente por ter arcado com as consequências do ilícito de sua autoria. “Ora, foi somente um “pequeno furto” de um “mísero” celular de 90 reais! Ser punido tão só por isso?” Irônico, não? Independentemente do valor do telefone furtado, poderíamos especular: e se o aparelho fosse instrumento indispensável para o trabalho da vítima (por exemplo, corretor de imóveis ou motorista

do uber)? O prejuízo material seria analisado em função do valor do celular, ou levaria em consideração potenciais lucros cessantes? E se, ao invés de um telefone de 90 reais, o objeto do furto fosse um Iphone 11? “Ah, agora é diferente; Iphone 11 não é objeto de custo “insignificante”!”, poderia dizer algum ministro. Verdade. Mas, então, caro leitor, tomo a liberdade para dar-lhe um conselho: ter dinheiro também pode fazer a diferença, no que se refere à punição de algum delinquente que lhe furte o celular em dia de má-sorte. Se puder, sugiro que compre o mais caro e poderoso aparelho, para que o Judiciário e o “princípio da insignificância” não transformem em vítima o infrator que pegou para si o seu telefone “baratinho”. A qualidade do bem furtado, nessas terras, tem “vida própria”. Curiosamente, nenhuma das Cortes levou em conta a possibilidade de o “pequeno furto” ter gerado algum abalo psicológico na vítima. O que estava armazenado na memória do “telefone de pobre” furtado? Havia contatos importantes? Frustrou-se alguma expectativa pessoal ou profissional da vítima, devido à subtração do celular? Será que o fato de o crime de furto, por sua natureza, ser consumado sem o emprego de ameaças ou violências à pessoa, representa característica suficiente para concluirmos pela impossibilidade de desencadear prejuízo psíquico ao indivíduo (síndrome do pânico, por exemplo)? Diante deste exemplo real, que escancara para a população a total imprevisibilidade na aplicação do Direito, face à inexistência de uma teoria da decisão que restrinja o arbítrio judicial, volto à

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causa primária das divergências interpretativas e pergunto: é possível estabelecermos algum critério objetivo, para que juízes, desembargadores e ministros sejam contidos na manifestação de seu poder de recortar aleatoriamente a realidade dos fatos, visando à delimitação do contexto-base que fundamentará empiricamente a sua decisão? Acredito haver um critério objetivo, passível de ser utilizado: o contexto fático deve ter, como ponto de partida, o comportamento que gerou efeitos e culminou no problema a ser resolvido. E, este problema, com as circunstâncias e consequências correlatas, poderá ser tido como o ponto final, delimitador do contexto. No exemplo: qual foi o comportamento praticado que acarretou consequências diversas e sucessivas, ocasionando a prisão como desfecho? O furto. Neste caso, coincidiu de a conduta inicial ter sido de autoria da própria pessoa que havia sido penalizada. Mas poderia ter sido comportamento de terceiro, ou mesmo um caso fortuito ocorrido, se atrelado à negligência de alguém. Ou seja, o julgador, obrigatoriamente, deve recortar a realidade que embasará a sua interpretação da lei, considerando todas as informações relacionadas à controvérsia e que sejam empiricamente constatáveis. Se a origem identificável do problema foi o crime de furto, o contexto necessariamente deve ser construído daí em diante. A seleção arbitrária do contexto pelo Tribunal tem reflexo direto na definição do núcleo do chamado “princípio da insignificância”, elaborado pela doutrina penal alemã, para descaracterizar cri-

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mes considerados de “bagatela”. No Brasil, não há previsão constitucional ou legal que o sustente expressamente. Mas é conceito dogmático utilizado para afastar a aplicação da lei penal de casos concretos, segundo definições judiciais aleatórias do que seja “insignificante” ou “ausência de prejuízo para a vítima”. É, portanto, uma causa secundária de divergências interpretativas sobre a escolha da mais adequada solução jurídica para o conflito sob julgamento. Digo secundária, por ser decorrente do uso de conceito dogmático inexistente expressamente em lei. Conceito de conteúdo incerto e oscilante, em função da subjetividade do intérprete, ou de sua intenção de criar, no momento, exceções à aplicação da norma penal. O círculo é vicioso: a seleção arbitrária dos fatos (integrantes do contexto da realidade que justifica empiricamente cada decisão) condiciona o significado da expressão “insignificância”, e alimenta as variedades interpretativas. Inversamente, a opção do juiz por usar conceitos doutrinários de conteúdo aberto ou indefinido, como premissa para construir a sua argumentação e a consequente decisão, legitima-o, implicitamente, a buscar apenas os dados fáticos de seu interesse, de modo que a sua interpretação vá ao encontro de seus valores morais ou de sua ideologia política. Moral extraída do exemplo: interpretação jurídica no Brasil é ato de pura liberalidade do intérprete! Contrariar o texto da lei, deixando de aplicá-la, é juridicamente “insignificante” frente à criatividade interpretativa à brasileira para jus-

tificar o injustificável ou deixar o dito pelo não-dito! Em tempo: o que escrevi se encaixa ao ensinamento do excelente jurista italiano Riccardo Guastini, que considera o principal problema relacionado à interpretação como sendo a dificuldade na identificação do significado mais adequado a ser atribuído pelo intérprete aos textos da lei. Ou seja, a identificação da norma geral (direcionada a todas as pessoas) e abstrata (aplicável a todas as situações similares) que a redação legal expressa e que seja aplicada ao caso pendente de solução. Uma das razões da divergência de opiniões entre especialistas está no fato de o intérprete, muitas

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das vezes, ao fazer a interpretação da redação da lei, normalmente expressa em linguagem comum ordinária, valer-se da linguagem especificamente jurídica, conhecida como construção dogmática (como o conceito da expressão “salário”, do direito do trabalho, ou de “inexpressivo prejuízo” ou “princípio da insignificância”, no direito penal, como no exemplo). Como as definições conceituais ou delimitações de conteúdo das construções dogmáticas são fluidas ou indeterminadas, a mensagem transmitida pelo legislador nos textos da lei, escrita em linguagem comum, acaba tendo o seu sentido condicionado não apenas por interesses práticos,

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mas, sobretudo, pelas pressuposições filosóficas e políticas de cada intérprete (juiz, advogado ou jurista). Busca, portanto, atribuir um significado que se enquadre ao seu “entendimento”. Inicia-se a interpretação pela conclusão (convicção pessoal); a seguir, recorta-se a realidade para delimitar o contexto ideal dos fatos; ao fim, identifica-se o significado do texto normativo. No exemplo que tratei, o legislador declarou ser proibido furtar, porque, quem o fizer, poderá ser condenado e preso. Contudo, o STF utilizou-se de “construção dogmática”, dando ao texto legal que tipifica o furto (CP,155)

o seguinte significado: é proibido furtar, exceto se o objeto do furto for um celular de 90 reais, pois causa de inexpressivo prejuízo material à vítima, e prender o infrator seria constrangê-lo ilegalmente (CP,146). A Suprema Corte legalizando o furto de celular. Incrível, não? Por isso, está coberto de razão Riccardo Guastini: “Os juristas são capazes de tornar equívoco qualquer texto legal, cuja interpretação seria de todo pacífica em contextos não jurídicos.” (Nuevos estúdios sobre la interpretación. Ebook Kindle. posições 26982708.)

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DICA DE LEITURA

LIVRO: TOMANDO DECISÕES SEGUNDO A VONTADE DE DEUS HÁ ALGUMA ORIENTAÇÃO NAS ESCRITURAS QUE AJUDAM OS CRISTÃOS A RECONHECEREM A VONTADE DE DEUS?

POR JOÃO PEDRO ANZELOTTI MAIA FOTO: ENVATO

M JOÃO PEDRO ANZELOTTI MAIA Influenciador digital, escritor, palestrante, pregador, colunista e estudante de teologia Instagram: @jpmaia

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uitos de nós, cristãos, fomos criados num ambiente evangélico com um remédio para a alma abatida. A frase: ‘’Deus tem um plano maravilhoso para a sua vida’’ provavelmente já foi ouvida por alguns de nós dezenas de vezes. Mas, apesar de não estar na Bíblia, essa frase pode vir a ser, e quando em contexto e aplicação corretos, verdadeira. Isso porque, quando não definimos os pormenores dessa afirmação, aparentemente inofensiva, ela pode vir carregada de um pressuposto errado: nós não sabemos

qual é esse plano maravilhoso. E isso não é verdade, porque Deus já revelou o plano: Ele quer nos tornar à imagem de seu Filho. Essa é uma das maiores lições que tirei do livro “Tomando Decisões Segundo a Vontade de Deus”, de Heber Campos Jr., um dos livros mais importantes de toda a minha caminhada cristã. Meu desejo é comentar sobre a ideia desta maravilhosa obra no decorrer deste artigo, enquanto discutimos sobre vontade de Deus e decisão. É fato que muitos de nós crescemos ouvindo que deveríamos, de um modo místico “ouvir

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a voz de Deus”. O problema para esses pregadores sempre foi definir o “como” fazer isso. Essa busca por um plano “escondido” que Deus supostamente desejaria que achássemos foi motivo de muita ansiedade para mim. Depois dessas falas, eu passava a orar desejando “ouvir” ao Senhor de maneiras mirabolantes e fantasiosas, como por exemplo: “se

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um pássaro voar em tal inclinação, então é porque é X, Y, e Z que Deus quer falar comigo”, e muitas das vezes eu não obtinha resposta alguma. Era frustrante. Depois, essa premissa piorou na parte relacional da minha vida. Tudo era motivo para “confirmação de que Deus aprovaria meu namoro/casamento com aquela ou outra menina”. Por exemplo: nós

falamos uma palavra ao mesmo tempo! ou tal versículo que eu li tinha uma mulher com o mesmo nome dela! Sim, é sério. Parece mentira, coisa de filme adolescente, mas não é. E era desse nível para pior. Isso tudo me deixava maluco. Eu procurava por cada minúcia da voz de Deus em coisas que não cabiam a Ele fazer, mas a mim, e em todas as áreas e detalhes possíveis da minha vida, de modo que eu terceirizava a responsabilidade a Ele todas as vezes que não entendia o plano maravilhoso. Como eu queria voltar atrás para avisar que o plano já estava na minha frente! De fato, Deus já conhece os nossos dias, e Ele tem coisas maravilhosas reservadas para nós. O problema é que esse fato, quando não interpretado segundo a Escritura, gera no cristão a ansiedade em encontrar, discernir, procurar desesperadamente por um plano oculto, escondido, particularizado e pessoal de sua vida, o qual Deus nunca prometeu revelar. Se pararmos para analisar e meditar sobre a Bíblia, tudo o que Deus ocultou não necessariamente ele irá revelar. Pelo contrário. Revelações do que não está na Bíblia são exceção, não a regra (e há quem ensine isso de modo ainda mais radical). Na realidade, o que a busca por esse plano oculto aparenta ser é o resultado de um coração insatisfeito e ingrato com aquilo que o Senhor já revelou na Sua Palavra para nós. Porque queremos tanto saber além do que Ele já nos deu? O cristão que age dessa maneira sempre está buscando, como num mapa do tesouro, a “vontade de Deus” para X, Y, e Z

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ENTREVISTA

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área da sua vida. E fazemos isso geralmente de maneira arbitrária, incerta, que não provém de fé e, portanto, pecaminosa. É que o perigo de “receber a confirmação do Senhor” está atrelado ao não ensino disso na Escritura. Não é bem assim que somos ensinados por lá. Vi muitos cristãos subjetivizarem a voz de Deus e depois se arrependerem de decisões que aparentemente eram espirituais e “munidas de certeza e convicção no Senhor”. Só que não. Eram fruto de seus corações enganosos, como o de todos é. Aí, temos o grupo daqueles que passam a culpar Deus por algo que Ele nunca disse, enquanto o tempo todo a sabedoria e a

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Bíblia estavam lá, disponíveis. Muitos cristãos se sentem pressionados a buscar qual é a faculdade certa, o emprego certo e a pessoa certa, como se fosse vontade de Deus revelar ou mostrar isso a nós. Mas essa não é uma promessa dEle na Escritura, portanto, não é um dever de Deus nos revelar isso, e nem mesmo somos encorajados a buscar isso. Para questões práticas e rotineiras da nossa vida, o que somos ensinados a fazer é buscar sermos as melhores testemunhas possíveis do evangelho aos que nos cercam: obedecer à Palavra de Deus, a Bíblia, nos arrepender, ter comunhão com o Senhor, e com os santos, orar por sabe-

doria e discernimento. Não existe capítulo encorajando-nos a fazer bibliomancia, gestos ou “rituais” de oração ou qualquer coisa que seja que façamos para ouvir a voz de Deus de modo subjetivo. Essa ideia complica a vida cristã, e não ajuda as pessoas a descobrirem a vontade do Senhor de forma bíblica, muitas vezes. O livro traz o viés da teologia, e é muito importante falar sobre isso mesmo. A questão criticada e estudada nele se resume na busca incessante, num “caça ao tesouro” com o Criador, criado por uma teologia subjetiva que trata a voz de Deus do mesmo modo. Contudo, esse não é o caminho para descobrir a vontade de Deus,

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porque Ele não brinca de esconder Sua vontade. Aliás, Deus não esconde o que Ele quer de nós, tenha absoluta certeza disso. Não devemos ir atrás do que Deus não tentou revelar, mas de conhecer bem o que Ele já nos revelou na Palavra. Não há nada além das palavras de Jesus e das Escrituras que precisemos conhecer para uma vida agradável a Deus. Se as nossas opções não são imorais segundo a Palavra, então não há uma que Deus queira ou não. Já ouvi muitas pessoas dizendo que uma oportunidade X de emprego lhe renderia 3x mais seu salário e imediatamente relacionaram isso com vontade de Deus.

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Será que eles diriam o mesmo com uma proposta 3x menor? O ponto não é que não seja, mas se não há moralidade quebrada, então tudo o que escolhermos, se cultivarmos uma vida em Cristo e na Sua Palavra, obedecendo e cumprindo o que o Senhor ordena, então trilharemos um caminho inevitavelmente bom, perfeito e agradável em Deus, apesar das más escolhas (que no final contribuem para a glória do Senhor também). Afinal, todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e que foram chamados de acordo com o seu propósito. E amar a Deus é obedecê-lo na Sua Palavra. “Não é incomum cristãos, e

mesmo pastores, julgarem que conhecemos o que Deus quer para nós por intermédio de uma combinação de circunstâncias, ímpetos espirituais, vozes interiores e mapas de mente. Em outras palavras, se as condições estão desfavoráveis, é sinal de que Deus não me quer fazendo aquilo; se algo interior me impulsionou a fazer algo, deve ser Deus; se a minha consciência está tranquila, é porque a vontade de Deus que eu estou nesse caminho” (pág. 24). O autor cita o encorajamento bíblico a respeito da busca por sabedoria. A sabedoria de Deus nos permite discernir o que é bom e o que é mau. Sem ela, seriam apenas palavras ao vento. Ela funciona como o direcionador do céu a nós, e contribui para o amadurecimento do nosso espírito em Jesus, que nos permitirá discernir as coisas em todo o tempo. Esse livro, que em peso recomendo, iluminou minha mente a respeito da vontade de Deus. O ponto chave de todo livro é a busca pela vontade revelada do Senhor na sua palavra, entendendo os aspectos morais e bons daquilo que Deus se agrada e não se agrada. Porém, para outros aspectos da vida, podemos orar e analisar as situações com sabedoria e racionalidade. É um resumo simples de toda a riqueza da obra de pouco mais de 100 páginas. Recomendo grandemente a leitura. Nos vemos na próxima edição! Um abraço!

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ARTE

CANAL HIPÓCRITAS LANÇA PLATAFORMA E NOVA PEÇA DE TEATRO ONLINE “PANDEMÔNIO” É A QUARTA PEÇA DO CANAL HIPÓCRITAS E CONTA A HISTÓRIA DE UM JOVEM PERTURBADO COM A PANDEMIA

POR THAÍS PARTAMIAN VICTORELLO Instagram: @thaisvictorello

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ormado por Augusto Pacheco, Bismark Fugazza e Paulo Souza, o Canal Hipócritas produz conteúdo de entretenimento, com humor ácido e inteligente, para o Youtube desde 2014, além de produzirem peças de teatro com o mesmo viés, denunciando as hipocrisias que acontecem no Brasil, sem perder o bom humor. Já são mais de 400 vídeos

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publicados no canal, totalizando quase 100 milhões de visualizações no YouTube, sendo quase 20 milhões de views só este ano. Todo conteúdo é produzido sem qualquer patrocínio ou uso de leis de incentivo à cultura, contando apenas com recursos financeiros arrecadados exclusivamente de doações dos seguidores e de fãs do canal, além da verba gerada através de trabalhos e projetos

artísticos que eles realizam com o próprio canal. O que teve início de forma “despretenciosa”, ganhou um enorme alcance. Hoje, só no YouTube, o Canal Hipócritas já soma mais de 1 milhão de inscritos, além de quase 800 mil seguidores no Instagram. Tamanho sucesso já rendeu ao trio convite para entrevistas em programas de rádio e internet de grande alcance.

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Após perderem a conta na plataforma “Apoia-se”, onde recebiam recursos financeiros de fãs do canal, eles decidiram criara a sua própria plataforma com muitas novidades, além de con-

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teúdo exclusivos para membros assinantes. Este mês, o talentoso e bem-humorado trio está lançando a sua quarta peça teatral, intitulada “Pandemônio”, que conta a história de um jovem

que, por estar perturbado com a pandemia, toma medidas irracionais para se proteger. A peça está disponível online exclusivamente por meio da plataforma do Canal Hipócritas.

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