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O Museu do Amanhã

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Um passeio pelo futuro no centro do Rio

Texto e fotos de Rogério Almeida

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uem visita o Rio de Janeiro não deve deixar de ir ao Museu do Amanhã, um museu de ciências aplicadas que explora as oportunidades e os desafios que a humanidade terá de enfrentar nas próximas décadas em relação à sustentabilidade e o convívio social

A obra magnífica do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, foi inaugurada em 17 de dezembro de 2015, numa parceria entre o poder público e a iniciativa privada e se encontra ao lado da Praça Mauá, na zona portuária, mais precisamente no Píer Mauá. É um equipamento cultural da Secretaria Municipal de Cultura, da Prefeitura do Rio de Janeiro, que opera sob gestão do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG).

Calatrava disse que se inspirou nas bromélias do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, quando projetou o edifício. O Museu está em uma área verde que inclui cerca de 30 mil metros quadrados, com jardins, espelhos d’água, ciclovia e área de lazer e o prédio possui 15 mil metros quadrados, de arquitetura sustentável, baseada nos elementos da natureza. Bem na entrada, se vê uma esfera imensa, que homenageia nosso planeta e nos faz lembrar do astronauta Yuri Gagarin, quando disse “a Terra é azul”, ao ser o primeiro a vê-la completa do espaço.

Museu do Amanhã

A água da Baía da Guanabara foi utilizada por Calatrava, na climatização do interior do museu e está sendo reutilizada no espelho d’água. Muita gente bem cedo e no final da tarde vem caminhar na área externa do museu apreciando a beleza da Baía da Guanabara.

Reaberto desde o dia 5 de setembro, o Museu do Amanhã, a contar da inauguração, já recebeu mais de 5 milhões de visitantes e é um projeto original concebido pela Fundação Roberto Marinho e teve o custo total de cerca de 230 milhões de reais. novo cartão-postal do Rio de Janeiro. Por ser um museu de artes e ciências, sempre está apresentando exposições chamando a atenção sobre os riscos das mudanças climáticas e a degradação do meio ambiente.

O que mais chama a atenção é o edifício com espinhas solares que se movem ao longo da claraboia, de acordo com as mudanças do ambiente. No salão principal a exposição é quase sempre digital com ênfase em ideias no lugar de objeto.

No telhado as imensas estruturas de aço, se movimentam como asas e servem de base para placas de captação de energia solar. Aqui o visi-

A Terra é Azul

tante pode entrar no clima e sentir as variações do ambiente. O museu possui parcerias com universidades e instituições científicas do Brasil e do exterior, incluindo a Organização das Nações Unidas.

No segundo andar está a exposição principal de autoria do doutor em cosmologia Luiz Alberto Oliveira. O visitante é convidado a ter uma experiência sensorial através de cinco grandes temas: Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós.

As medidas de prevenção da contaminação pelo Covid-19 estão em todos os lugares. Neste novo normal, o Museu está recebendo os visitantes com toda a segurança e seguindo o protocolo recomendado pelo Plano de Retomada da Cidade do Rio de Janeiro e pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM). Antes, recebia mais de 5 mil visitantes por dia, mas hoje, no máximo limita a 300 pessoas por hora. Desde o uso de tapetes sanitizantes, os totens de álcool gel, medição de temperatura dos colaboradores e do público na entrada, sinalização de distanciamento entre as pessoas, e higienização constante dos equipamentos interativos.

O uso das máscaras faciais é obrigatório e a quantidade de pessoas dentro do museu foi reduzida a um terço de sua capacidade. Os ingressos são vendidos numa plataforma online. Outra vantagem do equipamento é o seu sistema de ar-condicionado, que filtra todo o ar de 20 em 20 minutos. No Cosmos, portal de entrada da exposição onde o público assiste a um filme de cerca de 5 minutos sobre a criação do universo, a capacidade máxima por sessão é agora de 30 pessoas. O percurso de visitação foi modificado e, para evitar aglomera-

Entrada do Museu

Por dentro do Museu

Navios vistos do Museu na Baía da Guanabara

ções nos corredores, uma vez iniciada a visita, o público não pode retornar ao ponto inicial.

Aos sábados o Museu promove sessões de Yoga. E os amantes da leitura também podem participar do Clube do Livro. No site do Museu (https://museudoamanha.org.br/) pode-se fazer um tour virtual.

Outra mudança aconteceu nos dias e horários de funcionamento. O Museu agora abre somente de quinta a domingo, no horário de 10h às 17h. O ingresso custa R$ 26 reais, sendo R$ 13 a meia -entrada. Todas as gratuidades e meias-entradas previstas em leis foram mantidas.

A exposição de longa duração do Museu do Amanhã, com uma narrativa que compreende cinco áreas, ganhou diversas atualizações. A partir da reabertura, o público deverá percorrê-la em sentido único, sem possibilidade de retorno, para evitar aglomerações. A seguir, algumas das mudanças: COSMOS: O percurso para a entrada na primeira área da exposição será diferente e sinalizado ao público. Dentro da sala, limitada agora ao número de 30 espectadores, a experiência de assistir ao vídeo deve provocar novas sensações e reflexões, pautadas pela vivência da pandemia, o isolamento social e a perspectiva da finitude.

TERRA: Nesta segunda parte da narrativa, foi atualizado o interativo “Terra é Azul”, que fica no Cubo da Matéria e mostra imagens do Planeta vista por satélites. Fotos de cidades durante a pandemia serão mostradas para que o público possa ver como a paisagem das cidades mudou durante a quarentena forçada. Há imagens de ruas e lugares de grande circulação de pessoas, como a Praia de Copacabana, completamente vazias. O intuito é mostrar os efeitos da “pausa” em diferentes lugares, evidenciando o alcance planetário da pandemia.

ANTROPOCENO: Nessa área central da exposição, o vídeo do Crescimento da Compreensão, que

Etnias de Kobra

mostra a história do movimento ambiental desde a década de 40 e chegava até o Acordo de Paris, em 2016, foi atualizado com informações sobre o que o curador Luiz Alberto Oliveira cunhou de “Coronaceno”. Para o curador, a pandemia é um sintoma do Antropoceno e evidenciou que a humanidade tem avançado cada vez mais sobre lugares remotos, fazendo mau uso dos recursos naturais e ameaçando a biodiversidade, o que provoca desequilíbrios e o surgimento de epidemias. AMANHÃS: A área vai trazer atualizações no interativo Cidades Conectadas e no da Biodiversidade e dois novos vídeos. No Cidades Conectadas, o público terá informações sobre como a epidemia, que teve um primeiro surto em Wuhan, na China, se espalhou pelo mundo e se transformou na pandemia que já infectou milhões de pessoas pelo mundo. Um gráfico da ONU vai mostrar os casos por continente, de janeiro a julho, começando na Ásia e depois se espraiando e crescendo com o passar das semanas e dos meses, em todos os continentes. Na área de Sociedades, a médica Jurema Werneck, atual diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, vai abordar os impactos sociais, econômicos e ambientais da pandemia e suas consequências na vida das grandes cidades. Outro vídeo, já na área Planeta, traz a bióloga da Fiocruz Marcia Chame falando sobre os fatores biológicos que influenciam no surgimento das epidemias. No interativo Biodiversidade, há também informações sobre as características do coronavírus, como ele surgiu e como chegou até os humanos.

Ingressos

Com a bilheteria fechada e com vendas de ingressos apenas on-line, a fila de acesso ao Museu ficará do lado de fora, ao ar livre, e contará com marcações no chão para ajudar nossos visitantes a manter distância segura uns dos outros.

Haverá um totem na entrada para validação da compra, que deverá ser feita numa plataforma online: https://www.ingressorapido.com.br/event/ 34390-1/d/71245

O índio por Kobra

Novo transporte púbico no centro do Rio

Novo cenário do centro do Rio

Depois da visita ao Museu, recomendo percorrer a pé as atrações que o centro do Rio tem a oferecer. Bem próximo está o maior grafite do mundo, no Porto Maravilha, feito pelo artista plástico Eduardo Kobra, em 2016.

Um imenso desenho de um rosto indígena chama a atenção. Segundo Kobra, esse trabalho representa a paz. “Desenhando os nativos, chamamos a atenção que todos nós viemos da mesma origem e devemos prezar o relacionamento entre os povos”, afirmou. Nascido em São Paulo, Carlos Eduardo Fernandes, Kobra hoje é conhecido mundialmente, tendo seus murais em mais de 20 países, incluindo destinos como Nova York, Rússia e capitais da Europa. Começou aos 11 anos, em 1987, e seu desenho se destaca pelas cores vibrantes e sombras.

Do Museu do Amanhã se consegue avistar o mural pintado no Boulevard Olímpico do Porto Maravilha, na Região Portuária, em um muro de três mil metros quadrados.

Com o nome de “Etnias”, Kobra retrata cinco rostos, que representam os continentes que disputaram as Olimpíadas. Inaugurado dia 4 de agosto de 2016, o mural foi entregue a população na mesma data em que a Tocha Olímpica chegou ao Rio de Janeiro. Nesta obra foram utilizadas mais de três mil latas de spray, 100 galões de 18 litros de látex acrílico e outros 150 de 3,6 litros de esmalte sintético.

Dica do autor:

O ingresso para o Museu do Amanhã é válido para o dia e horário agendados, com tolerância máxima de uma hora, sem possibilidade de alteração. Chegue no horário marcado para garantir a sua entrada. Ingressos para as 10h, por exemplo, poderão ser utilizados entre 10h e 10h59. Para evitar contaminação, o Museu não irá mais disponibilizar o Guarda-Volumes. Não será permitido o uso de bastões de selfie.

Serviço:

Museu do Amanhã

- Praça Mauá, 1- Centro, Rio de Janeiro- RJ- 20081-240 - Aberto ao público de quinta a domingo, das 10h às 17h. A última entrada acontece sempre às 16h, uma hora antes do fechamento do museu. - Ingressos online: Inteira: R$ 26. Meia-entrada: R$ 13. Aceita os principais cartões de crédito

E-mail: contato@museudoamanha.org.br.

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