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A Revolução da Educação Parte Final

Na terceira (e última) matéria sobre a interiorização da Educação Superior, a Revista FADESP aborda o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - REUNI, que intensificou o processo, transformando em realidade a educação superior e pública nos municípios mais distantes da capital.

Levar a educação superior pública para fora das capitais e regiões metropolitanas, qualificando cada vez mais pessoas - foi com esse objetivo que foi iniciado o processo de interiorização na região amazônica e que foi expandido e consolidado com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). Se no Pará, hoje, os estudantes podem contar com 12 campi da Universidade Federal do Pará (UFPA), além de outras opções como a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) e Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), isso foi fruto de um trabalho iniciado há décadas.

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Instituído pelo governo federal em 2007, o REUNI visava a permanência de estudantes, a promoção de inovações pedagógicas, diminuição das desigualdades sociais no país, dentre outras. “Foi, nas últimas décadas, o plano mais importante para a reestruturação, contratação de docentes, técnicos administrativos, ampliação e estrutura de campi, equipamentos, etc. Foi a partir de 2007 que os campi começaram a ter estrutura de campus fisicamente e em número de professores”, comenta o Gilmar Pereira, vice-reitor da UFPA e ex-coordenador do campus de Cametá, na região Nordeste do Pará.

Gilmar Pereira esteve à frente do campus de Cametá entre 2005 e 2012, quando acompanhou toda a movimentação, desde as discussões para a implantação do REUNI aos im- pactos que o programa trouxe. Para ter ideia do que as ações do programa representaram, o quadro de docentes e técnico-administrativos deu um salto de dez docentes e três técnicos administrativos, até 2007, para 75 docentes e 21 técnico-administrativos em 2015, naquele campus. “Praticamente triplicou o número de ofertas de vagas. O grande impacto foi senti- do nos municípios fora da região metropolitana, culminando com a criação da UNIFESSPA e da UFOPA”, analisa. Ao ser instituído, o programa impunha regras e contrapartidas para a adesão pelas universidades. O que provocou questionamentos, preconceitos e críticas acerca da capacidade de atendimento das demandas. O professor relembra que foi feito um desenho da quantidade de faculdades, cursos, professores, dentre outros. “Houve um amplo debate, quando foi evidenciado que nós, do interior, já cumpríamos as regras do REUNI. O saldo foi positivo. Os campi são verdadeiras universidades, com mestrado e doutorado, algo que ninguém acreditaria na época que poderia acontecer porque naquele momento a estrutura era muito limitada. O Reuni foi um grande carro chefe de expansão”, destaca o vice-reitor.

Apesar de todas as mudanças trazidas, o professor ressalta que, a partir de 2016, o REUNI começou a ser fragilizado. “O teto de gastos impôs uma política muito prejudicial. O governo anterior também promoveu uma pauta de política e costumes que cerceou a expansão do pensamento e impôs uma visão muito limitante na forma de fazer ciência, que foi tratada como inimiga do Estado”, falou Pereira, referindo-se à gestão passada do governo federal.

Passadas algumas décadas, ele pontua a necessidade de uma política de avaliação do que foi a interiorização na Amazônia e de como a região foi transformada por meio de ações voltadas para a educação. “É uma sensação forte de dever cumprido e de gratidão. Eu me sinto muito feliz de ser membro do Conselho Universitário (UFPA), de defender a ciência como política de desenvolvimento para a região e para o Estado. O número de professores que formamos, que formaram novos alunos... Isso tudo não tem preço!” afirmou Gilmar Pereira.

Interioriza O

As primeiras ações voltadas para a interiorização das atividades das universidades da Amazônia brasileira foram realizadas no fim da década de 1960, por meio das ações extensionistas dos Centros Rurais Universitários de Treinamento e Ações Comunitárias (CRUTACs). Já na década de 1970, as universidades da Região Norte e Centro Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal para a Formação Profissional (Cenafor), ofertaram cursos de Licenciaturas Curtas e Plenas no interior da Amazônia.

O 1º Projeto de Interiorização da UFPA foi implantado entre 1986 e 1989. Nesse período, todas as uni - versidades da Amazônia estavam localizadas nas capitais dos estados, o que quase impossibilitava o acesso de quem morava em municípios mais afastados e não tinha condições de se deslocar.

Coube à Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) a responsabilidade de mediar e executar alguns contratos, principalmente os relacionados à aquisição de equipamentos, passagens fluviais, etc. “A Fadesp teve uma atuação importante na construção de prédios, na contratação de professores, no pontapé inicial entre 93 e 97. Foi uma atuação importante na interiorização, mas indireta no REUNI”, recordou Pereira.

Esse foi o mote da campanha de aniversário da FADESP, que teve como peça central um vídeo publicitário exaltando a missão e importância da Fundação para a Região Norte. A campanha também ganhou painéis no Aeroporto Internacional de Belém, dando boas-vindas aos que chegavam à capital paraense. O objetivo da campanha foi dialogar com todos os públicos, mostrando que a Fundação está próxima da sociedade, expressando a força dos amazônidas e reafirmando o compromisso com o desenvolvimento da região.

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5° Congresso Nacional do CONFIES

O 5° Congresso Nacional do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (CONFIES) foi realizado nos dias 17 e 18 de novembro de 2022, em Copacabana, no Rio de Janeiro. O evento promoveu debates em torno das restrições orçamentárias para Ciência e Tecnologia, o aumento da burocracia que emperra o desenvolvimento científico, entre outros temas. O congresso foi o primeiro presencial, desde o início da pandemia da Covid-19.

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