fortaleza, a capital da panificação Revista de informação ANO VI — Nº 65 OMNI EDITORA
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9 771519 953002 00065>
m ário f ei toz a
um mestre do mercado financeiro Como um cearense do sertão dos Inhamuns se transformou num dos estrategistas mais conceituados do mercado financeiro nacional, numa história que o coloca sempre à frente do seu tempo quando o assunto é solução financeira
Fรกbrica da empresa Vulcabrรกs em Horizonte - Cearรก
LIDERANÇA NA GERAÇÃO DE EMPREGOS NO NORDESTE. ESSE É O RESULTADO DE UM TRABALHO FEITO COM
COMPROMISSO.
ISSN 1519-9533
REVISTA DE INFORMAÇÃO
EDITOR&PUBLISHER Luís-Sérgio Santos EDITOR SENIOR Isabela Martin Editor Associado Luís Carlos Martins EDITOR DE ARTE Everton Sousa de Paula Pessoa e Jon
Romano ASSISTENTE DE ARTE Luís Sérgio Santos JR Revisão Francisco Gomes Segundo COLABORADORES Roberto Martins Rodrigues e Roberto Costa IMAGEM Agência Brasil, Reuters REDAÇÃO E PUBLICIDADE Omni Editora Associados Ltda. Rua Joaquim Sá, 746 Fones: (85) 3247.6101 e 3091.3966 CEP 60.130-050, Aldeota, Fortaleza, Ceará e-mail: fale@revistafale.com.br home-page: www.revistafale.com.br Fale! é publicada pela Omni Editora Associados Lltda. Preço da assinatura anual no Brasil (12 edições): R$ 86,00 ou o preço com desconto anunciado em promoção. Exemplar em venda avulsa: R$ 9,00, exceto em promoção com preço menor. Números anteriores podem ser solicitados pelo correio ou fax. Reprintes podem ser adquiridos pelo telefone (85) 3247.6101. Os artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista. Fale! não se responsabiliza pela devolução de matérias editoriais não solicitadas. Sugestões e comentários sobre o conteúdo editorial de Fale! podem ser feitos por fax, telefone ou e-mail. Cartas e mensagens devem trazer o nome e endereço do autor. Fale! é marca registrada da Omni Editora Associados Ltda. Fale! é marca registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Copyright © 2009 Omni Editora Associados Ltda. Todos os direitos reservados. Impressão Halley Impresso no Brasil/Printed in Brazil. Fale! is published monthly by Omni Editora Associados Ltda. A yearly subscription abroad costs US$ 99,00. To subscribe call (55+85) 3247.6101 or by e-mail: df@fortalnet.com.br
Vem aí O Livro do Ano 2009-2010. A história é de quem faz. O mais completo documento de 2009 e os cenários para 2010. Mais um lançamento da Omni Editora.
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ArenaPolítica TalkingHeads Online BrasíliaOff Blogosfera
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POLÍTICA
Em campanha
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Em viagem de três dias por quatro estados do Nordeste para vistoriar as obras de revitalização e integração do Rio São Francisco, o presidente Lula posa com Ciro Gomes, Dilma Rousseff e Aécio Neves e faz o seu melhor, política.
18AMC, caixa-preta
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Em Fortaleza, a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania – AMC arrecadou mais de R$ 27 milhões em multas em 2008. Mas, num caso de falta de transparência, a AMC não informa o que acontece com esse dinheiro.
economia
22Mário Feitoza
A história de um obstinado cearense do sertão dos Inhamuns que virou referência no mercado financeiro nacional, desenvolvendo bancos e criando novos negócios.
36O dono da bola
Michael Bloomberg, prefeito de Nova York e um dos homens mais ricos dos Estados Unidos, com fortuna de US$ 17,5 bilhões, comprou a BusinessWeek, da McGraw-Hill.
38O pão na pauta
O 28º Congresso Brasileiro da Indústria de Panificação e Confeitaria — Congrepan, transforma Fortaleza na capital nacional do pão. O mais importante evento da panificação.
SEÇÕ ES
08 Talking Heads 11 10 Perguntas 12 Arena Política
13 Online 51 Persona 58 Artigo
Foto: Ricardo Stuckert _ PR
NA TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva caminha sobre leito de obra dos Eixos Leste e Norte do projeto de integração do rio São Francisco, em Cabrobó, Pernambuco, em 16 de outubro de 2009.
“
É lícito transformar um evento rotineiro de governar, num comício? Entendo que não. Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal
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TalkingHeads Antes de mais nada, acho que é importante perceber que eu já era negro antes da eleição.
Por que as pessoas odeiam você? Tyren Scott, um garoto de 9
anos, citado pelo jornal Chicago Tribune que, durante um evento em Nova Orleans fez a pergunta ao presidente Barack Obama
Barack Obama, no talk show David
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Letterman, da rede de TV CBS, sobre se a virulenta reação ao seu plano de reforma da saúde teria sido motivada, ao menos em parte, pelo racismo
Foto pete souza _the white house
O Brasil precisa de governantes que sejam íntegros, que sirvam ao povo, em vez de se (PSDB), servirem do povo. governador de São Paulo.
Nós tivemos muitos governantes de duas caras que prometiam fazer a obra em um Estado e não faziam.
em discurso durante visita às obras, em Buritizeiro (MG), em 14 de outubro de 2009 — um projeto idealizado por D. Pedro II. lula,
l o s
josé serra,
d o i s
a m i g o s
Foto janine moraes _ ABr
Essa é uma aliança estratégica não só politicamente, mas para governar o país. Já falei com o PMDB. Os peemedebistas podem, publicamente, assumir que são vice da gente.
(SP), presidente do PT, assegurando que o PMDB tem a aprovação do partido para compor a chapa governista em 2010, com a indicação à vice-presidência, numa eventual campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ricardo Berzoini,
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O Brasil não é uma Venezuela, que compra no supermercado de armas internacional. Queremos fazer uma capacitação [das Forças Armadas]. Eu não uso o termo ‘compras’. ministro da Defesa, dizendo que resistências e falta de garantias formais da Colômbia levaram ao fracasso a tentativa de fechar um acordo militar entre os 12 países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). nelson jobim,
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Logo começarão a chegar uns foguetinhos russos que não falham. Não vamos atacar ninguém, mas com esses instrumentos de defesa faremos frente a qualquer ameaça, venha de onde venha. hugo chávez,
presidente da Venezuela, após compras na Rússia.
Foto Fabio Rodrigues Pozzebom _ ABr
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Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca houve! Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos! Não sou da nação dos condenados! Belchior. fernando costa,
publicitário e sociólogo, citando o compositor Belchior pelo endereço twitter/ FernandoCosta13
Fabrício Carpinejar,
pelo endereço twitter// CARPINEJAR
Governador Cid dá boa notícia aos cearenses: a empresa Malwee Malharias instalará fábrica em Pacajus, gerando inicialmente 700 novos empregos. Vicente Gioielli ,
jornalista, assessor de Imprensa do governador Cid Gomes, pelo endereço twitter/vgioielli
Tem alguma coisa mais chata e inútil do que discutir se os políticos, Lula à frente, estão ou não fazendo campanha eleitoral antes do tempo? Alon Feuerwerker,
articulista do jornal Correio Brasiliense, pelo endereço twitter/ AlonFeuerwerker
O jogo é da natureza humana. Jogar não é crime. JOSÉ GENOINO, deputado (PT-SP), defendendo e
conseguindo aprovar, na CCJ da Câmara, o projeto de funcionamento de bingos e casas de caça-níqueis.
no congresso. “Este
é um ano perdido. Não acredito que o Congresso encontre uma agenda positiva, sobretudo em ano eleitoral. A gente teve uma legislatura muito medíocre.”
jarbas vasconcelos, (PMDB-PE) senador, mostrando
descrença sobre avanços do Congresso no campo da ética.
Foto josé cruz _ ABr
Anselm Jappe, ensaísta
alemão.
É a desculpa mais esfarrapada de todas. Um governo, quando é responsável, adapta sua estrutura de gastos à receita prevista. Estamos alertando há anos que o governo planta uma bomba de efeito retardado, porque não corta gastos. (AM) senador, líder no PSDB no Senado, criticando um possível atraso por parte do Governo na restituição do Imposto de Renda. Arthur Virgílio,
A prefeita Luizianne Lins está totalmente enganada com relação ao Ciro. Ela não conhece o Ciro e muito menos o Brasil. IVO GOMES, chefe de gabinete do governador do Ceará, Cid Gomes,
partindo em defesa do deputado federal Ciro Gomes (PSB) — alvo, no dia 8 de outubro, de farpas disparadas pela prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT) — Ciro “não está preparado” para governar o Brasil. www.revistafale.com.br
Eu não sei se vale fazer uma CPI porque esses delitos que estão sendo imputados a pessoas do MST, são delitos de ordem pública. Tarso Genro, ministro da
Justiça sobre a eficácia de uma CPI para investigar o MST. outubro de 2009 | Fale
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Concentração deixa o jogador ainda mais distraído.
Disse que o capitalismo é um parêntese na história para fazer uma objeção à apologia atual que o vê como uma realização necessária de toda a história. Critico a ideia de que a humanidade e a evolução avançam para algo melhor, e que o capitalismo seria uma espécie de apogeu da humanidade..
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Foto wilson Dias_ABR
talkingheads
O Lula vive me dizendo que metalúrgico não vota em metalúrgico, corintiano não vota em corintiano, mulher não vota em mulher, e preto não vota em preto.
O meu adversário é o Serra. Ele fica dizendo que não tem polarização, que ele não responde pelo governo do Fernando Henrique. Mas, ao dizer isso, ele já está polarizando. Temos que centrar forte nos resultados de cada governo, mostrando que os ganhos sociais do governo Lula estão muito acima dos ganhos da era FHC.
Dilma Rousseff, ministra da Casa
Civil, pré-candidata à presidência da República
Dilma Rousseff
Gosto igual dos dois [Ciro e Dilma]. Eles têm vocação para cantores solo.
lula, comentadno o perfil dos pre-candidatoss
à sua sucessão Ciro Gomes e Dilma Rousseff
Você pode se adaptar às mudanças agora ou no futuro, mas fazer isso agora e um diferencial competitivo. estrategista na campanha de Barack Obama na área de Tecnologia Política e Comunicação Online. Fundador da Blue State Digital ben self,
A demanda das empresas por crédito, no Nordeste, está incrível, sobretudo nos setores hoteleiro, de energia, agronegócio e de micro e pequenas empresas. roberto smith,
presidente do Banco do Nordeste. 10 | Fale!
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A cada eleição a internet fica mais importante. E, em 2010, pode até ser a ferramenta mais comentada, pelas novidades que trará. Mas não acredito que será a mais importante. Nas condições de 2010, acho que a TV ainda será mais importante do que a internet, por mais amplas e diversificadas que sejam as ações na internet e por mais tradicionais que sejam na TV. luiz gonzales, jornalista que
atua na campanha de José Serra, em entrevista ao jornal Valor Econômico.
Se eu tiver me excedido nas palavras, eu peço desculpas aqui, publicamente, ao Marcelo Mendes. Porque eu acho que isso é até uma gesto de grandeza. ACRÍSIO SENA, (PT) líder da
prefeita na Câmara Municipal de Fortaleza, pedindo desculpas ao vereador Marcelo Mendes (PTC). Mendes criticou a prefeita Luizianne Lins por ter chamado de “blefe” o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), que aponta indícios de superfaturamento na obra do Hospital da Mulher. “Não venha apontar seu dedo sujo para a prefeita”, disparou Sena.
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Por que não vão atrás dos políticos?
Isabeli Fontana, modelo,
alvo de investigação por suposta sonegação fiscal
10twittersde Yoani Sánchez
O
que pode ameaçar
Regressarei no meio da semana e por favor lembrem a sessão de blog de amanhã e mandem-me SMS com notícias. Gracias mil!!! Tenho que irme, é muito caro o preço de uma hora e tenho que economizar para conectar-me esta semana.
Neste mesmo hotel, em maio, nos impediram de conectar-nos, mas fizemos tal escândalo que voltaram a permitir o acesso de cubanos.
de associação, liberdade para os presos políticos e para Cuba. Me conecto una o dos veces por semana en hoteles, proque los cubanos no podemos contratar una conexión doméstica a Internet
[...] Desenvolvidos por empresas da CIA” ¿Alguien sabe de eso? [sobre o absurdo de supostas conexões suas com a CIA] Twittar às cegas, é que faço. Agora mesmo levo 24 horas sem poder conectarme à rede. Estou usando o celular.
Amigos, twiattar me fez sentir livre, é uma sensação nova e tremendamente estimulante. Algo aconteceu com meu blog... estava conectada com um proxy porque me bloqueam em Cuba e pufff... desapareceu.
Yoani informa que não pode enviar mensagens por Twitter porque seu telefono movel está bloqueado. Hoje estive a poucos segundos de ver Moratinos [o ministro de Exteriores espanhol, Miguel Ángel Moratinos que esteve em Cuba em outubro] no hotel Meliá. [...] Yo también fui una exiliada y sufrí la distancia.
Me conecto uma ou duas vezes por semana em hotéis, porque os cubanos não podem ter uma conexão de Internet em casa.
Moratinos continua sem aparecer nos meios [de comunicação] cubanos. O segredo é tanto que tenho minhas dúvidas de se realmente ele chegou.
Bem, felizmente não será no ministério dos Negócios Estrangeiros, e sim no Palácio do Governo que as mudanças vão começar em Cuba.
Fiquei quase 48 horas sem poder conectar-me à rede. Que está acontecendo?
Amigos, todo aquele quiser e desejar colaborar com os temas do blog podem por o ícone em seu blog, fazer menção.
Peço aos twitter-amigos que me mandem notícias do que ocorre para informar-me na ilha dos desconectados. n
Liberdade de opinião, de acesso à internet, para entrar e sair de Cuba, www.revistafale.com.br
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hoje a continuação de um regime fechado que no final dos anos 5o chegou ao poder através da revolução popular e de lá nunca mais saiu? Nem Bush, nem Obama, nem as forças do além paracem incomodar tanto hoje ao regime de Cuba como essa jovem de 25 anos, proibida de deixar o país, que se comunica com o mundo clandestinamente através do twitter. Ela é Yoani Sánchez, 34 anos, formada em Letras e vive em Havana com o filho e o marido. Recentemente ganhou o Prêmio Maria Moors Cabot concedido pela Universidade de Columbia, em Nova York, mas não pode recebê-lo porque o governo cubano negou-lhe o visto para sair do país. Yoani é uma ameaça à Cuba desde que lançou, em abril de 2007 seu blog Generación Y no endereço www.desdecuba. com/generaciony. Ela fala de coisas simples e da falta de perspectiva de sua geração e da falta de perspectiva para a geração do seu filho. Seus textos são traduzidos para 17 idiomas (entre eles o português) por uma equipe internacional de colaboradores, mas não podem ser lidos em seu país. A revista virtual “Desde Cuba”, que hospedava o blog desde que foi criado, foi bloqueada pelo governo em março do ano passado. Alguns meses depois, Yoani e um grupo de colegas criaram o portal Voces Cubanas, que abriga 15 blogs — e que, em agosto deste ano, foi também bloqueado. Yoani produziu uma dissertação sobre Ditaduras na América Latina sob o olhar da Literatura que foi vista como uma crítrica ao regime de Fidel Castro. As ideias a seguir foram extraidas do twitter de Yoani no endereço twitter.com/yoanisanchez. Até o dia 19 de outubro Yoani tinha 8,806 seguidores no Twitter.
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ArenaPolítica lula acredita que em 2010 o nível do emprego sobe
Ao comentar os resultados do Cadastro Geral do Empregados e Desempregados (Caged) divulgados em outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrase otimista com a geração de empregos em 2010. Ele voltou a defender um crescimento de 5% da economia para o próximo ano. “Acho que isso pode voltar a gerar empregos de forma extraordinária e eu acho que o Brasil está preparado para crescer, para gerar mais empregos e distribuição de renda e é isso que todos nós queremos”, disse. Em setembro, o país gerou 252.617 empregos com carteira assinada, segundo dados do Caged. O índice representa crescimento de 0,77% em relação ao resultado de agosto.
campanha contra a baixaria na tv completa 4 anos “Em quatro anos, o movimento conseguiu muitas vitórias, como a retirada do programa de João Kleber. Foi um marco histórico.” Quem comemora é a coordenadora do projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, Isabela Henriques. Ela diz que o fim do programa Eu Vi na TV, da RedeTV, foi um marco do sucesso da campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania. 12 | Fale!
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mais trabalho, menos retórica
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CHEFE DE GABINETE DO GOVER-
exercício da gestão e erros crassos que ferem as normas mínimas de transparência na gestão das contas públics municipais. Em oposição à prefeita, o governador Cid Gomes afirma que “Ciro amadureceu muito. Tem uma visão muito mais integral do Brasil, conviveu quatro anos dentro do Governo.”
nador Cid Gomes, não poderia ter sido mais direto. É preciso menos política e mais governo, disse Ivo Gomes, relatado em manchete do jornal O Povo. Referia-se à prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, que dias antes desferiu golpes contra o deputado Ciro Ferreira Gomes, pré-candidato à presidência da república pelo PSB. “Ele não está preparado para governar o Brasil”, disse Lins. Como se sabe, Ciro e Luizianne não se bicam, principalmente depois das duras críticas na última campanha municipal em Fortaleza, quando Ciro classificou a gestão petista de “fuleiragem” e chamou a prefeita de “coronel de saia”. Ivo faz coro com grande Manchetes do jornal O Povo mostram a parte de empresários e for- temperatura da fase pré-eleitoral madores de opinião no Ceará. Num evento recente, por exemplo, o presidente do CIC, Robinson Não resta dúdiva de que lado Cid de Castro e Silva, foi aplaudido demoraestá. Não resta dúvida de que lado Luidamente quando classificou a gestão muzianne está. E também não resta dúvida nicipal da cidade de Fortaleza de “descaque o Governo está trablhando, inclusive labro” administrativo. em Fortaleza, onde o esporte preferido Há claramente uma inapetência ao da prefeita é fazer política.
Ceará dá R$ 100 mil a municípios com melhores indicadores O governador Cid Gomes fará um repasse de R$ 100 mil para os municípios que obtiverem a melhor evolução em seus indicadores sociais. O recurso, a fundo perdido, deverá ser aplicado pelos prefeitos, nos indicadores municipais de menor evolução. “Essa é uma lei que será enviada imediatamente para apreciação e aprovação na Assembleia Legislativa. Ser o melhor é bom, mas não é fundamental. É preciso mesmo que os municípios evoluam, oferecendo melhores condições
de vida para crianças e adolescentes”, confirmou. Cid Gomes anunciou esta inovação durante o lançamento da 6ª edição local e 3ª edição nacional do Selo Unicef Município Aprovado, em Fortaleza. A coordenadora do Unicef no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, Ana Márcia Diógenes, disse que cerca
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de 20 indicadores são utilizados para selecionar um município para o Selo. Para esta edição o Selo Unicef vai incluir esporte e cidadania, educação para o meio ambiente, arte e cultura, comunicação para identidade étnica e racial, além dos Fóruns Comunitários, formados por adolescentes e representações da comunidade.
Online MEC, dinheiro para notebooks de professores
O real valor do Youtube vira polêmica
Quanto vale o youtube? Segundo um site especializado em tecnologia, que teve acesso a gravações de uma audiência do processo movido pela Viacom contra o Google e o YouTube por violação de direitos autorais, o site de vídeos vale menos do que o valor pelo qual foi comprado. A informação foi dada pelo próprio Eric Schmidt, CEO do Google, no vídeo Schmidt teria admitido que pagou R$ 1 bilhão a mais do que o Youtube realmente valia. Sob juramento, Schmidt disse ter informado ao conselho do Google que o Youtube valia entre 600 e 700 milhões de dólares.
O QUE É NOVO
kindle ganha um concorrente O reinado do Kindle – leitor eletrônico da Amazon — pode estar ameaçado. O aparelho que domina o mercado americano, impulsionado pelo crescente interesse nos livros eletrônicos, chamados de e-books, ganhou um concorrente no mesmo dia em que estava marcado o início das vendas online do aparelho, através do site da Amazon, para diversos países, entre eles o Brasil. A empresa americana Spring Design apresentou seu leitor eletrônico, batizado de Alex, que roda o sistema Android
do Google e possui duas telas sensíveis ao toque. A tela maior, de 6 polegadas, tem tecnologia de papel digital e permite a leitura de livros e jornais, além de acesso à internet. Mas a grande novidade do Alex é a tela menor, colorida, de 3,5 polegadas, localizada na parte inferior do aparelho. Esse espaço extra permitirá que empresas, como as editoras, apresentem mais conteúdos aos usuários, como links relacionados ao assunto tratado no livro. O Alex pode estar sempre conectado à
internet, via Wi-fi. É compatível com as redes de telefonia 3G, GSM e CDMA. Além disso, o lançamento da Spring Design permite que o usuário assista a vídeos na tela colorida, salve conteúdos da internet e carregue fotos no aparelho, através da entrada SD e ainda um alto-falante garante a função de leitura em voz alta dos livros e dos sites. A empresa responsável pelo concorrente à altura do Kindle, não divulgou data para que o aparelho comece a ser vendido e nem o preço.
Banda larga agora é direito na Finlândia O país que inventou o Nokia, que este ano foi considerado a 5ª maior marca do mundo, acabou de aprovar uma lei segundo a qual a internet banda larga — de pelo menos 1 Megabyte por segundo — torna-se um direito fundamental do cidadão. A Finlândia é um dos países mais conectados da Europa e seu governo entende que conexão de dados não é apenas entretenimento, mas uma
necessidade. Segundo o Secretário do Ministério dos Transportes e
A Vicon desenvolveu uma mini-câmera que, segundo a empresa, é uma promessa capaz de registrar toda uma vida. O aparelho está programado para capturar imagens a cada 30 segundos e tem uma capacidade de armazenamento de até 30 mil fotos.
A mini camera da Vicon
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Comunicação da Finlândia, este é apenas um pequeno passo para atingir a meta do país, que é, até 2015, que nenhum finlandês more há mais de 2 km de distância de um ponto de conexão capaz de trafegar dados a 100Mb/s. Dados do Governo Finlandês apontam que em 2008, 83% da população entre 16 e 74 anos de idade utilizavam a internet, sendo que 80% deles acessavam a rede diariamente.
A Sensecam foi pensada para criar os chamados ‘lifelogs’, que são espécies de históricos da vida das pessoas e segundo seus idealizadores, pode ajudar também pessoas portadoras do Mal de Alzheimer ou outras doenças que afetam a memória humana, ao registrar, por exemplo, o caminho que elas acabaram de percorrer ou as atividades que estavam fazendo. outubro de 2009 | Fale
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O Ministério da Educação e Cultura – MEC, está com linhas de financiamento para professores das redes pública e privada que queiram adquirir um notebook. Apesar de não disponibilizar recursos para a aquisição dos equipamentos, o Programa Computador Portátil facilita a compra através de juros mais baixos e mais tempo para o parcelamento. A ideia é promover a inclusão digital além de permitir que professores ministrem aulas mais dinâmicas, através do acesso às novas tecnologias. A meta é cobrir 3,4 milhões de educadores. Cada um pode adquirir um computador. Os preços variam entre R$1.199 e R$1.399 e podem ser divididos em 24 ou 36 parcelas.
O SERTÃO VAI
Em viagem de três dias por quatro estados do Nordeste para vistoriar as obras de revitalização e integr
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A
MARATONA
EMPREENDIDA
pelo presidente Lula em várias cidades do nordeste, a política teve seu momento privilegiado. Com a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff a tiracolo, Lula abriu espaço para o ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes e para o Governador de Minas Gerais, Aécio Neves, todos os três de olho na cadeira presidencial que deve ter ocupante novo em 2010. “Gosto igual dos dois [Ciro e Dilma]. Eles têm vocação para cantores
solo”, disse Lula, admitindo pela primeira vez, em público, a pré-candidatura de Ciro Gomes, por muitos considerado o seu plano B, numa hipótese de a ministra Dilma não decolar nas pesquisas eleitorais. Sobre as obras no São Franciso, cobrou do atual ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. “Nós vamos entregar o eixo leste da obra ainda em 2010 e deixar o eixo norte como uma obra irreversível, seja quem for o sucessor do presidente Lula”, disse ele.
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I VIRAR MAR ?
ração do Rio São Francisco, o presidente Lula posa com Ciro, Dilma e Aécio e faz o seu melhor, política Filiado ao PMDB da Bahia, estado governado pelo petista Jaques Wagner, Geddel lembra que “infelizmente a questão sucessória se adiantou muito em nível nacional, o que cria uma certa angústia sobre as relações nos estados”. Mas ele assegura que será buscada uma “definição de como seria esse andamento entre o PT e o PMDB em nível nacional para que se comece discutir nos estados.” Rompidos na Bahia PT e PMDB não negociam. O ministro Geddel, pré-candidato do governo da Bahia pelo PMDB, classificou de “medíocre” a gestão do petista Jaques Wagner, que tentará a reeleição. “É melhor ter um adversário leal do que um aliado traidor”, retruca Jaques Wagner. No sertão pernambucano, cerca de 8,4 mil pessoas trabalham dia e noite para apressar o andamento das obras de transposição do Rio São Francisco. De acordo com o Ministério da Integração Nacional,
velho chico. O deputado Ciro Gomes, o presidente Lula, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, durante visita às obras de integração do São Francisco
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POLÍTICA 4,5 mil máquinas estão sendo usadas nas áreas onde as águas do rio passarão até chegar aos reservatórios dos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e Ceará. O coordenador-geral do Projeto São Francisco, Frederico Fernandes de Oliveira, informa que desde fevereiro, as obras, que foram iniciadas em setembro do ano passado, estão sendo realizadas em dois turnos. A ideia é que pelo menos a primeira etapa de construção do canal eixo leste, com 287 quilômetros de extensão, seja concluída em dezembro de 2010. “A maior parte dos trabalhadores admitidos pelo consórcio que executa as obras é da região”, diz Oliveira. “O contrato firmado com as empreiteiras tem uma cláusula que exige prioridade na contratação de mão de obra local.” Segundo ele, no eixo leste serão construídas seis estações de bombeamento para levar as águas do São Francisco até a altura de 300 metros, de onde o canal seguirá com o efeito da gravidade. Uma dessas estações, no município de Fazendas (PE), foi visitado pelo presidente Lula. Nesse ponto, a água do São Francisco, no Lago de Itaparica, começará a ser captada para o eixo leste. No canal eixo norte, com 429 quilômetros de extensão e que cruza quatro estados, serão utilizadas apenas três estações de bombeamento. Oliveira lembrou que apesar do eixo norte ser maior, o trajeto é menos elevado do que o do leste. O principal objetivo da transposição é suprir a demanda da população do sertão por água limpa e que o eventual uso da água para o agronegócio só será estudado se houver excedente. No atual período de seca o rio está tendo vazões de 1,8 mil metro por segundo e será captado 1,8% para os dois eixos. Os canais que estão sendo construídos para levar a água do São Francisco vão ser revestidos por uma manta plástica impermeável coberta por uma camada de concreto. Eles terão profundidade de 3,43 metros e largura que varia de 4 a 7 metros, dependendo do terreno. As margens dos eixos terão extensão de 200 metros, 100 de cada lado. No limite dessa área, serão construídas cercas para evitar que haja utilização indevida da água do canal. Ao longo dos eixos também serão construídas passagens para pessoas, animais e veículos. n 16 | Fale!
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Foto Fabio Rodrigues Pozzebom _ ABr
em campanha. Palocci tem espaço privilegiado com Lula e Dilma
Dilma agora tem seu núcleo político O deputado Antonio Palocci (PTSP), Gilberto Carvalho e Franklin Martins são alguns dos nomes que formam o grupo de trabalho da campanha da ministra-chefe da Casa Civil à presidência da República. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, nos últimos dois meses o grupo já se reuniu três vezes com o presidente Lula e com Dilma, com o objetivo de traçar estratégias para a corrida de 2010. O deputado Antonio Palocci (PTSP), foi quem chefiou a equipe do programa de governo de Lula, em 2002, O chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho e o ministro Franklin Martins (Comunicação Social) são outros nomes fortes do núcleo duro. O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e o marqueteiro João Santana fecham o círculo. O jornal informa que num jantar, há cerca de um mês, Lula falou sobre dificuldades enfrentadas em suas campanhas para atrair apoios além das “fronteiras da esquerda”. www.revistafale.com.br
Dessas conversas reservadas decidiu-se que Dilma passaria a comandar reuniões com os partidos aliados e apresentar-se como candidata disposta a fazer acordos políticos, e não apenas como “gerentona” do governo. O marqueteiro Santana tem orientado a ministra a vestir o figurino da simpatia. É ele que incorpora o papel de personal stylist da ministra que está mais sorridente e veste cores mais vivas. Conhecida também por ser dona de um temperamento explosivo, Dilma ameniza: “Sou uma mulher dura, cercada por homens meigos.” Palocci voltou com toda força à cena política após decisão do Supremo Tribunal Federal de arquivar a denúncia contra ele, em agosto, no episódio de quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. “Politicamente, [a decisão do STF] demonstra a superação de uma fase na sua carreira. Agora ele [Palocci] vai ter mais tranquilidade para pensar as alternativas que terá”, avalia Berzoini. n
POLÍTICA
para onde vai o
dinheiro das
multas
Em Fortaleza, a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania – AMC arrecadou mais de R$ 27 milhões em multas em 2008. Mas, num caso de falta de transparência, a empresa reluta em informar o que acontece com esse dinheiro. Os parcos vereadores de oposição tentam, mas não conseguem obter informações sobre o misterioso caso do dinheiro das multas da AMC
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ortaleza arrecada um montante cada
vez maior através das multas de trânsito aplicadas pela Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania de Fortaleza – AMC. A quantia, que era de R$ 17 milhões em 2007, chegou a R$ 27 milhões no ano passado. Os dados são do Sistema de Informação Municipal – SIM, e estão disponíveis no Portal da Transparência do Tribunal de Contas dos Municípios – TCM. Para 2009, a Lei Orçamentária Municipal prevê uma arrecadação no valor de R$ 40 milhões (uma média mensal de R$ 3,34 milhões), meta que poderá ser facilmente alcançada, visto que só entre os meses de janeiro e agosto deste ano, a soma chegou a R$ 25 milhões. Mensalmente, a AMC chega a aplicar 200 mil multas, entre manuais, feita por agentes, e eletrônicas, certificadas por censores. O Código Brasileiro de Trânsito diz que a arrecadação das multas deve ser aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego e de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito. Mas você sabe dizer aonde vai parar esse dinheiro? Foi o que quis saber o vereador Iraguassu Teixeira (PDT). Ele apresentou um requerimento, em março deste ano, exigindo que a AMC divulgasse um relatório mencionando, entre outras informações, a quantidade de multas aplicadas e o respectivo valor 18 | Fale!
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arrecadado nos últimos três anos, além de tornar públicos os critérios que foram usados para garantir que a arrecadação prevista para 2009 seja maior do que a do ano anterior. O contestado crescimento na arrecadação deve-se ao fato de que grande parte dos recursos recebidos através das multas devem ser direcionados a ações de educação no trânsito. Como o número de multas continua a crescer, vereadores acreditam que os recursos não estão sendo aplicados com eficiência. A assessoria de imprensa da AMC diz que o requerimento foi respondido em abril, mas na Câmara ninguém sabe onde a resposta foi parar. Perguntada sobre o conteúdo da resposta ao requerimento do vereador, a AMC não quis divulgá-la, mesmo se tratando de um documento público.
EM ESTADO DE GREVE
Olho eletrônico. O radar móvel é uma das “tecnologias” utilizada pela AMC para multar motoristas que dirigem acima do limite de velocidade nas vias de Fortaleza.
Fernando Bezerra, Presidente da AMC, diz que os recursos vão para onde manda a lei, mas não existem dados oficiais sobre a porcentagem aplicada em cada item. O Secretário disse ainda que a AMC gasta mais do que arrecada e não entende porque na cidade todos têm mania de dizer que existe uma ‘indústria de multas’. Mas o relatório, que responderia qual o valor da arrecada-
ção e onde ela está sendo investida, a própria AMC se recusa a noticiar. O vereador Iraguassu Teixeira (PDT) não é o único interessado em saber qual o destino dos valores arrecados com as multas de trânsito. O vereador Marcelo Mendes (PTC) entrou com um processo que corre na 9ª Vara da Fazenda Pública de Fortaleza, para conhecer o real valor da soma das multas. Segundo
O dinheiro arrecadado 2005 R$
13.721.105,26
em relação ao ano anterior
- 35%
8.887.709,54
ele, é lamentável que seja preciso mover ações para obter informação pública: “é um descumprimento flagrante da lei, além de ser um mau exemplo, isso não colabora com a democracia. O fortalezense quer uma gestão limpa, às claras, objetiva, que responda quando um cidadão ou um de seus representantes solicite uma informação”, afirma Marcelo Mendes. n
O crescimento da arrecadação com multas de trânsito em Fortaleza.
FONTE: Portal da Transparência do Tribunal de Contas dos Municípios – TCM. www.tcm.ce.gov.br/transparencia
2006 R$
Em maio deste ano, os agentes da AMC entraram em greve reivindicando o pagamento de 3 anuênios e a incorporação da gratificação de produtividade ao salário. Depois de 47 dias, os 270 agentes voltaram ao trabalho, mas ainda encontram-se em estado de greve. A Prefeitura já atendeu ao pedido relativo aos anuênios, mas ainda negocia quanto à gratificação de produtividade. Segundo o Vicepresidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Fortaleza, Eriston Ferreira, os agentes já apresentaram uma proposta à Prefeitura, que será discutida em reunião na próxima quintafeira (1). Atualmente, os agentes estão fazendo hora extra para compensar o período de paralisação. Caso as exigências sejam atendidas, haverá Assembléia para votar a suspensão da greve. “Mas se não houver acordo, os agentes podem parar novamente”, completa Ferreira. n
2007 R$
em relação ao ano anterior
2008 94%
17.269.194,24
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R$
em relação ao ano anterior
2009 57%
27.245.545,27
R$
(Janeiro/agosto)
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o l p m e x e m o b
o g o f e d s a m r a e d e l o r t n o c POLÍTICA
, a i l í s Bra
apenas uma comparação com outros Estados. Para termos uma visão mais realista, seria necessária uma comparação com outros países. Se isso fosse feito, chegaríamos a uma conclusão não tão positiva”, informa Rangel. A ideia da pesquisa é analisar a forma como as armas de fogo apreendidas pelas forças de segurança pública estão sendo conduzidas pelos Estados, de modo a avaliar o desempenho de cada unidade da Federação no controle das armas apreendidas, sob sua tutela. Por ter sido a unidade federativa que mais colaborou com informações sobre a padronização dos dados do armamento e relativas a cada caso de arma apreendida, o DF foi considerado ponto de referência (100%). Em segundo lugar ficou o Rio de Janeiro (95,5%), seguido por São Paulo (93,4%), Pernambuco (91,6%), pelo Tocantins (88%) e Espírito Santo (83,3%). A pesquisa leva em consideração também o local de armazenamento de armas e o núDistrito mero total de apreensões. Federal é Os estados de Minas GeNosso objetivo é gerar a unidade rais, de Mato Grosso do pressões para que os estados Sul e do Paraná também federativa superem suas deficiências. melhoraram sua posição que tem apresenno ranking, por adotar Infelizmente Rondônia, Sergipe tado a melhor quasistemas mais aproprialidade de informações relativas ao e o Amapá [não forneceram as dos de recolhimento, armazenamento e guarda, recolhimento e à apreensão de armas. Com informações solicitadas para a com informações mais pesquisa] não têm colaborado, isso, lidera o Ranking dos Estados no Controle detalhadas sobre os arde Armas, levantamento realizado pela orga- e isso precisa ser divulgado mamentos. “Nosso objetivo é genização não governamental (ONG) Viva Rio, a para que a opinião pública rar pressões para que os partir de outubro de 2008. O relatório foi di- os leve a tornar pública as Estados superem suas vulgado no último dia 15, durante reunião da informações. deficiências. InfelizmenRaul Jungmann (PPS-PE), Subcomissão Especial de Armas e Munições, te Rondônia, Sergipe e o deputado federal Amapá [não forneceram na Câmara dos Deputados. as informações solicitadas para a Liderar o ranking, segundo o diretor da Viva Rio, Antônio Rangel, não significa, necessariamente, que a situação da capital federal seja satisfatória. “Isso é pesquisa] não têm colaborado, e isso
or t e r i o d ão o d n u ngel, n e g e s ing, ônio Ra nte, qu ja k n a o r io, Ant ariame eral se ma r a r Lide a Viva R , necess pital fed nas de u s. d ifica a ca ape stado sign uação d rata-se utros E a sit atória. T o com o Peduzzi f satis mparaçãor Pedro P co
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precisa ser divulgado para que a opinião pública os leve a publicar as informações”, afirmou o presidente da subcomissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE). De posse de informações sobre fabricação, lojas de revenda e entidades que compraram as armas é possível identificar como elas foram parar
nas mãos de criminosos, avalia Jungmann. “Boa parte tem como origem a própria polícia e em lojas autorizadas”, disse. “O início dessa pesquisa teve origem no Rio de Janeiro. Lá havíamos identificado, em 1995, que 99% das armas apreendidas com bandidos eram originárias de apenas nove lo-
jas”, disse Rangel. “A partir daí, caberia à Polícia Federal entrar em ação e investigar o porquê do desvio. Infelizmente isso ainda não foi feito e as lojas continuam atuando”, completa. A pesquisa levou em conta um universo de 238 mil armas apreendidas no país durante os últimos dez anos. n
índices em alta. Julio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari
Jovens, as principais vítimas da violência As taxas de violência e de homicídios no Brasil cresceram significativamente nos últimos anos no interior do país, mas se mantiveram estáveis na maior parte das regiões metropolitanas. Na análise por faixa etária, os jovens de 15 a 24 anos se consolidaram como principais vítimas dos atos violentos. Os dados são do diretor de pesquisas do Instituto Sangari, Julio Jacobo Waiselfisz, e foram anunciados em audiência pública na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência Urbana da Câmara dos Deputados, em Brasília. A taxa global de mortalidade da população brasileira caiu de 633 em 100 mil habitantes em 1980 para 553, em 2007. Entre os jovens, ficou estável, passando de 128 para 129, no mesmo período. “A esperança de vida da população em geral melhorou sensivelmente nas últimas décadas, mas isto não aconteceu na juventude, devido,
principalmente, às mortes violentas”, afirmou o pesquisador, autor do Mapa da Violência nos Municípios, estudo que analisa a mortalidade causada por homicídios, com foco especial nos crimes contra jovens, por acidentes de transporte e por armas de fogo. Jacobo explica que a interiorização da violência no Brasil tem como principais explicações a prioridade do Fundo Nacional de Segurança Pública para os investimentos em capitais e regiões metropolitanas violentas, descentralização do crescimento econômico com pólos destacados no interior e a melhoria na captação dos dados de mortalidade. “No interior há muitas áreas com pouca presença da segurança pública. [Essas áreas] se apresentam como um terreno praticamente virgem para ser explorado pela criminalidade”, ressaltou Jacobo. Entre as 30 cidades mais www.revistafale.com.br
violentas do Mapa da Violência de 2008, o último divulgado, figuraram apenas duas capitais. Recife (PE), na nona posição, com taxa de homicídios de 90,5 para cada 100 mil habitantes e Vitória (ES), na décima terceira posição, com taxa de 87 para cada 100 mil. Cidades de fronteira, como Coronel Sapucaia, em Mato Grosso do Sul, com 107,2 homicídios para cada 100 mil habitantes, e Colniza, em Mato Grosso, com taxa de 106,4 homicídios, ocuparam respectivamente a primeira e segunda colocações do ranking. “As taxas podem ser um reflexo da incidência do contrabando e da pirataria na vida da população das cidades de fronteira”, avalia Jacobo. “O mapa é importante para ver quais municípios têm índices de violência elevados e serviu para nos dar um panorama do que acontece nos interiores”, lembra. “É um termômetro que indica que determinado município está com febre.” — Marco Antonio Soalheiro outubro de 2009 | Fale
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Economia
mário feitoza
um mago das
finanças
A incrível história de um obstinado cearense do sertão dos Inhamuns que virou referência no mercado financeiro nacional, desenvolvendo bancos e criando novos negócios e soluções
M
ÁRIO FEITOZA É UM CASO DE ESTUDO NAS ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO
e marketing. Pelo menos deveria ser. Sua trajetória profissional começa no convênio Eletrobrás/Kellogg/OCB/Incra, e continua hoje no mercado financeiro para onde migrou no final de 1978, a bordo de fantástica reinvenção, transformar um banco cearense de pequeno porte num dos bancos nacionais mais rentáveis, a ponto de despertar a cobiça de concorrentes e a ira de um ou outro banco que se viu ultrajado, quando seus executivos top de linha foram todos contratados pelo banco emergente, o BMC. O artífice de toda a mudança estrutural junto ao BMC é hoje um tranquilo presidente do Grupo MCF, pioneiro no Brasil no crédito consignado, junto a prefeituras, governos e empresas privadas, através da solução de gestão Facility Card. Hoje, em parceria com a bandeira Visa, os servidores beneficiados com o serviço de crédito consignado podem usar o Facility Card VISA em milhares de estabelecimentos comerciais no Brasil. Toda atuação profissional de Mário Feitoza é focada em resultados. Ele demonstra obstinação pelo que faz e se revela demasiado disciplinado quando a meta é assimilar conhecimentos do mercado, desenvolver novos produtos e serviços, e seduzir o cliente. Nesta entrevista ao editor Luís-Sérgio Santos — com fotos de Jarbas Oliveira — está uma verdadeira aula de estratégia, auto-conhecimento e respeito à tradição política dos Inhamuns, onde a matriarca Dondon Feitosa é personagem determinante da verve política da família. www.revistafale.com.br
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ECONOMIA & NEG Ó CIO S
O banco Safra era o nosso maior sonho de consumo do mercado financeiro. Todos queríamos saber o que se passava naquele fenômeno indiscutível de fazer receita. Fiquei amigo de todos dentro da estrutura, até mesmo de Joseph Safra. Passei a estudar todo o modelo com dedicação, passei na prova pois fiz um bom ‘dever de casa’.
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Foto jarbas oliveira
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“venha para o Nordeste e largue esse S
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ilho de Aristides Aragão Freitas e Celi Feitosa de Carvalho Freitas, neto de Chiquinho Parmenio e Guiomar Feitosa, Mário Feitoza — grifado com Z por descuido do escrivão — é bisneto de Dondon Feitosa e Aristides Cavalcante Freitas. Seu bisavô foi prefeito interventor de Tauá e sua bisavó, Dondon, foi mulher extremamente importante na origem da família Feitosa. À frente de seu tempo, destacava-se por, já naquela época, falar francês fluentemente, além de ter uma grande liderança política e ter sido a primeira mulher a ser candidata à Deputada pelo estado do Ceará, e por este marco chegou a ser recebida por Getúlio Vargas no Palácio das Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro. Mário Feitoza é de família grande, tem cinco irmãos e o casamento com Márcia Bezerra de Albuquerque Freitas, gerou cinco filhos, dos quais dois trabalham com ele, atualmente. Nascido em Tauá, Mário Feitoza é Engenheiro de Pesca, da turma de 1976 da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Administrador de Empresas, da turma de 1978, pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Logo após seu nascimento, os pais mudaram-se para Salvador e após 10 anos, em 1963, a família veio fixar residência em Fortaleza. Aqui Mário fez o ginásio, no Colégio 7 de Setembro, e no Colégio Cearense concluiu o Científico.
A escolha pela faculdade de Engenharia de Pesca foi uma influência de terceiros ou foi uma decisão sua? Mário Feitoza. Eu acho que foi
muita influência, porque eu queria 26 | Fale!
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mesmo era fazer Medicina e, na minha época, quando eu fui fazer vestibular, o vestibular era unificado. Quando vi que eu não passava em Medicina, porque caí na prova de língua inglesa — eu nunca fui bom em estudar línguas —, e para Medicina, ou você tira 9 e 10 em tudo, ou você cai, e eu tirei 6 na prova de inglês. Então, fui para um curso completamente diferente, uma faculdade nova, que foi criada em Pernambuco e no Ceará. Aqui no Ceará, pelo professor Melquíades Pinto Paiva, então diretor do Laboratório de Ciências do Mar. E eu entendia que a formação em Engenharia de Pesca, com todo aquele boom da lagosta e do camarão, era uma grande oportunidade, um mercado novo, e eu poderia apostar. Achei que não deveria perder tempo aguardando um novo vestibular e entrei logo na engenharia de pesca e fui fazer, concomitantemente, Administração de Empresas. Na Administração de Empresas, eu tirei terceiro lugar no vestibular, era um vestibular extremamente difícil, só tinha 75 vagas, todo engenheiro, todo médico, queria fazer Administração de Empresas, todo cerebrino que passava nos primeiros lugares ia pra lá, e como lá não tinha essa dificuldade toda de línguas, e eu também tinha me saído muito bem em todas as outras provas, fiquei em terceiro lugar. Passei a cursar, pela manhã, Engenharia de Pesca, na UFC, no Campus do Pici e de 1 hora até as 5 da tarde eu era bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), trabalhando no Laboratório de Ciências do Mar, sob a chefia de Jader Onofre Morais, a pouco tempo reitor da Universidade Estadual do Ceará. Atuava no Deparwww.revistafale.com.br
tamento de Oceanografia Abiótica, fazia inglês no Fisk de 18 às 19 horas, estudava Administração de 19 às 23 horas e jogava futebol de salão no Vargas Filho tres vezes por semana, treinado pelo doutor Aécio de Borba — atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Salão —, de 23h30min a 1 hora da manhã. Ainda dava tempo para namorar, me divertir, curtir meus amigos. Eu tinha pressa, porque meu pai, empresário de transporte coletivo urbano, tinha cerca de 60 ônibus com seus 4 sócios, e nós éramos 6 filhos, e eu sabia que na hora de uma divisão do patromônio pelos 6 filhos, talvez não sobrasse um chassis para mim. Portanto, eu sabia que tinha que aproveitar essas oportunidades.
Um plano B. Mário Feitoza. Eu tinha um pla-
no. Me preocupava se a Engenharia de Pesca não me desse, dentro do cenário brasileiro, uma oportunidade de imediato, então achava que tinha que me dedicar também, concomitantemente, à Administração de Empresas, porque eu tinha que ter um plano B. Eu estava fazendo uma faculdade nova, caminhos novos, e a conscientização dos empresários da indústria de pesca cearense poderia não estar acompanhando a formação desses técnicos, nesse tipo de especialização. Eu me preocupava que as oportunidades se fechassem para gente com esse novo perfil, até pela competição com os técnicos já existentes, como biólogos, agrônomos, veterinários — concorrentes do curso de Engenharia de Pesca, principalmente nas áreas de beneficiamento do pescado, aquicultura e tecnologia pesqueira. A Administração de Empresas era uma alternativa porque
Sul, que ele não dá camisa pra ninguém.” eu precisava ir para outro mercado caso eu não encontrasse um espaço suficiente. Concluí o curso de Administração, conclui o de Engenharia de Pesca, e antes da minha colação de grau, soube que a Eletrobrás iria selecionar um engenheiro de pesca para compor seus quadros. A principal função do engenheiro de pesca na Eletrobrás era fazer o aproveitamento racional de pescado, criação de cooperativas de pesca, fazer a estruturação das unidades de beneficiamento de pescado, comercialização do pescado, tudo isso aproveitando o potencial dos lagos represados para a formação das hidrelétricas, isso em novembro de 1976. Exatamente na hora que eu acabei a faculdade. E eu fui convidado — nós sabíamos que um Engenheiro de Pesca iria ser convidado — eu não sabia se seria o escolhido, mas eu estava no páreo, junto com vários colegas muito competentes. Eu sei que a escolha recaia também sobre uma parte política, e cada um tinha que se apegar com a sua. Como nossa origem é muito política, vinda da tradição dos Inhamuns, desde minha avó Dondon Feitosa, que era política, tínhamos toda uma convivência inoculada. No sangue dos Feitosas corre essa veia política e sempre apoiamos Júlio Rêgo, que foi o nosso político, prefeito, deputado várias vezes chegando a assumir o governo do Ceará. Meu pai, falecido em 1995, era muito amigo de Júlio Rêgo. Assim, cada novo engenheiro se apegou com o seu meio político, e o nosso padrinho político foi o César Cals.
A decisão pelo Piauí. Mário Feitoza. O Professor Melquíades foi quem me informou que eu tinha sido escolhido para a Ele-
trobrás. Inicialmente, fui para o Rio de Janeiro onde fiquei na (rua) Visconde de Inhamuns 134 nº 21, até ser contratado pelo convênio Eletrobrás/Kellogg/OCB/Incra, com atuação junto à Barragem de Boa Esperança — Governo do Estado do Piauí. Permaneci no grupo de cooperativismo do Incra, com atuação junto à Universidade Federal do Piauí até 1978. Entendia que dali poderia ir para outra barragem e dificilmente poderia ter saltos expressivos no curto prazo. Morava em frente ao governador Dirceu Arcoverde, de um lado o senador Alberto Silva e do outro lado o empresário Manoel Chaves, da Cajunorte. Tinha grandes amigos, grandes relacionamentos, porém sem perspectivas maiores.
Mudanças. Mário Feitoza. De férias em ju-
lho de 1978, meu pai Ari falou-me da possibilidade de adquirir uma participação de 50% em um determinado estaleiro. Efetivado o negócio, desliguei-me da Eletrobrás/Kellogg/ OCB-Incra e mudei-me para Fortaleza na opção de virar empresário. Na realidade, naquela organização me deparei com vários problemas familiares dos sócios, e não durou muito o que poderia ter sido uma boa opção. Quem sabe eu não estaria agora fazendo navios para transportar petróleo do pré-sal?
Começa a trajetória no mercado financeiro. Mário Feitoza. O Banco Mercan-
til do Ceará, depois Banco Mercantil de Crédito (BMC), divulgara edital para contratação de executivos. Eu me habilitei e depois de várias entrevistas com grandes nomes do banco — lembro-me do Dr. Airton www.revistafale.com.br
Angelim, Gerardo Barbosa, Lúcio Pinheiro, Valmir Rosa Torres, Antônio Anselmo — e, finalmente, com os acionistas e vice-presidentes Nelson e Norberto, e em seguida o Presidente, Sr. Jaime Pinheiro, que me contratou. Até então, só conhecia banco porque era correntista do Banco do Brasil para receber meus proventos do Governo no emprego anterior.
O planejamento estratégico e as mudanças estruturais. Mário Feitoza. Entramos no BMC
no dia 19 de dezembro de 1978. Esse foi o dia da minha posse no Banco BMC, como gerente da divisão de recursos humanos e planejamento estratégico. No início, era só divisão de recursos humanos, depois agregou o planejamento estratégico. Nós ficamos no BMC até dezembro de 1992. Em 1981 eu fui para São Paulo — o banco mudou pra São Paulo em 1986. Abrimos as unidades do Sul do país e ajudamos a abrir toda a estrutura no interior do Ceará, em todo o Norte e Nordeste, desde a escolha do local, até a definição da estrutura, da estrutura organizacional, contratação de todos os funcionários, gerentes, definição da clientela estratégica, visita aos principais clientes, definição e criação dos produtos para poder fazer atendimento qualitativo dentro de cada uma das praças.
Conjuntura valoriza bancos regionais. Mário Feitoza. O Banco Central, na oportunidade, valorizava os bancos regionais. O BMC pôde se expandir, com a abertura de várias agências no interior e nas capitais do Nordeste. Reforçamos a base em Fortaleza com a criação da DireçãoGeral, agências centralizadoras adoutubro de 2009 | Fale
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Mรกrio Feitoza com dois dos seus filhos: Mรกrcio e Marco Feitoza. 28 | Fale!
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Foto jarbas oliveira
“
Montamos uma belíssima estrutura, e fizemos, então, um banco robusto. Tínhamos que esquecer o passado, para esquecer o passado nós trouxemos vários executivos novos. Criamos um banco, não um banco de negócio, não um banco de varejo, não um banco de atacado, mas um banco de oportunidades .
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“Para cada cliente, um produto, para cada ministrativas e de prestação de serviços, empresas de processamento de dados, empresas coligadas em diversos segmentos, para o fortalecimento do negócio financeiro. Formamos o nosso próprio bancário com cursos de iniciação bancária (CIB), especialização bancária (CEB) e aperfeiçoamento bancário (CAB). Utilizamos de força local do banco do Nordeste para buscarmos vários experts e compor uma diretoria experiente. Todas as rotinas bancárias foram reestruturadas de modo a melhorar os fluxos de documentos, os registros, a qualidade do trabalho e atendimento ao cliente. Foram abertas as agências de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Entramos com operações de câmbio, tínhamos agências, sistemas, bons funcionários, porém resultados insatisfatórios.
O mais jovem diretor. Mário Feitoza. Fui convidado
pelo diretor do banco, Jaime Pinheiro, para assumir a diretoria de expansão e desenvolvimento do BMC. Como eu tinha menos de 30 anos, fui um dos mais novos diretores de banco de toda a história do Banco Central do Brasil. Eu fui diretor do banco, em junho de 1983, e eu ia fazer 30 anos no dia 2 de setembro [Mário nasceu em setembro de 1953]. Então em 1983, no meio do ano, meu nome foi submetido ao Banco Central do Brasil, e eu fui nomeado diretor de expansão e desenvolvimento do Banco BMC.
Desbravando São Paulo. Mário Feitoza. Diante de estudos
compostos por bancos com o mesmo número de agências que o nosso, constatávamos as desigualdades na análise dos resultados, notadamente 30 | Fale!
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com relação ao Banco Safra. Então, fui deslocado em missão à São Paulo, para voltar só quando encontrasse as respostas. Passei a morar 15 dias lá e 15 dias aqui (em Fortaleza). Quase não via minha família, principalmente minha mulher Márcia e meus filhos — na época só tinha três — Mário Filho, Márcio e Marco. Estudávamos os bancos Safra, Cidade São Paulo, BCN, Noroeste, Rural, Progresso, Mercantil de Desconto, Aquimisa, Multiplic etc. Também estudávamos outras áreas corporativas dos bancos Real, Itaú, Bradesco, Mercantil de São Paulo, Unibanco, entre outros. Além de alguns estrangeiros como Sumitomo, Tóquio, Union de Venezuela, Banco Europeu, Lloyds, Deutsche etc. Passamos a conhecer todos os diretores, superintendentes, gerentes, produtos, clientes, serviços. Definimos estratégias e contratamos uma equipe para São Paulo e outra para a Direção Geral. Logo em seguida, para todos os estados do Brasil, utilizando o mesmo modelo. Por 2 anos, eu tinha uma mala no carro, uma em casa e outra no banco. Entrevistei todos os melhores executivos desses bancos no Brasil. Visitei os principais clientes potenciais. Posso dizer que tinha o domínio do negócio: Executivo, produto e cliente.
Uma maratona. Mário Feitoza.
Depois dessa grande maratona, aprendi a buscar as principais soluções para as variáveis que definem eficiência e eficácia: relacionamento — Isto sem dúvida em primeiro lugar —, criatividade, humildade, perseverança, atenção e objetividade. No primeiro item, tenho que escrever um livro, quem sabe com o titulo “Carta para www.revistafale.com.br
um novo banqueiro – Conselhos de um grande amigo”.
No BMC. Mário Feitoza. No BMC, durante
todo esse tempo, passei por diversos cargos. Fui Gerente de departamento, Assessor da presidência, Diretor de Expansão e Desenvolvimento, Diretor-Executivo Estatutário, Diretor no Rio de Janeiro, Diretor-Geral de Operações Governamentais, e membro do Conselho de Administração e Diretor de empresas coligadas do Grupo BMC. Nossa Equipe desenvolvia produtos que por muito tempo foram destaques na economia brasileira e referência para aquele tempo. Operava com Governos e Prefeituras — operações chamadas Arco-Antecipação de receitas orçamentárias — Estatais das áreas de energia , telefonia, água/saneamento, ferrovia, metrô, siderurgia, mineração, fertilizantes, petróleo, com garantia de recebíveis; multinacionais com financiamento a fornecedores/clientes; financiamento/recolhimento de impostos; repasses federais, câmbio (importações e exportações). Tínhamos os produtos/serviços que geravam receitas documentos “floats” com cobrança, pagamento a fornecedores, vendas em trânsito a terceiros e cheques e pagamentos a liquidar. Nossa atuação via investidores/aplicadores respaldava grande parte das operações. Eram eles nacionais e internacionais, privados e institucionais. Também não nos faltavam parcerias com bancos brasileiros e estrangeiros para as eventuais operações de formação de “Funding”, nas oportunidades de cessão de crédito com ou sem coobrigação e na captação de linhas de crédito internacionais.
produto, uma linha de desenvolvimento.” Imersão no Safra. Mário Feitoza. Eu passei a co-
banco talvez não resistisse, porque nós tínhamos grandes custos, com grande número de agências, mas, sem resultados. Então passamos a ter esse tipo de tratamento, tiramos gente de todos os tipos de bancos, formamos uma equipe em São Paulo, essa equipe criou um modelo padrão, o presidente percebeu logo que só com um banco comercial, a gente não tinha produtos suficientes para viabilizar as necessidades dos clientes, então ele vendeu todas as agências do interior do Ceará, trocou com o Bamerindus pela Financeira Tibagi, que virou BMC Financeira. Nós passamos a ter produtos de varejo, a BMC Financeira, e o banco comercial.
Produtos com a cara do cliente. Mário Feitoza. Para cada clien-
O banco continuou localizado na Alameda Santos com a Rua Augusta? Mário Feitoza. Continuou no
nhecer o Banco Safra todo, completo, e passei a conhecer os bancos que queriam conhecer o Safra, os bancos que tinham chegado antes da gente, que eram Banco do Progresso, Banco Agrimisa, Banco Rural, Mercantil do Desconto, BCN, Noroeste, bancos de pequeno e médio portes, que queriam conhecer o sistema. O Safra tinha uma maneira de desenvolver negócios com determinados cerebrinos — o que faziam com aqueles meninos era lavagem cerebral pra criar produtos que chegassem com competitividade. E nós conhecemos muito bem todo esse processo.
te, um produto, para cada produto, uma linha de desenvolvimento para a produção de serviços bancários, em cada serviço um relatório gerencial. Então virava produto, serviço, tecnologia, isso virava uma bola de neve, que todo dia tinha que ser alimentada, para não deixar enferrujar, para não perder a cadeira que você sentou do lado do financeiro da empresa. Então o foco era tecnologia, serviço e relacionamento, relacionamento, porque o cliente tinha que gostar de você, se não ele não iria lhe querer do lado dele. Era uma dedicação fechada e exclusiva, marcação homem a homem. Nós tínhamos que buscar gente que tivesse conhecimento desse mercado, que tivesse expertise, e o Safra tinha os melhores celeiros, guardava os grandes craques debaixo de sete chaves, homens caros. Com a nossa decisão não tinha mais retorno, ou a gente vinha para esse mercado e abandonava o que estávamos fazendo, ou a gente ia continuar pobre e o
mesmo local, tinha um subsolo com 16 vagas de garagem, um térreo, um mezzanino, um primeiro, segundo e terceiro andar, e depois ficamos até o nono andar. Nós fomos agregando carteira de câmbio, carteira de finanças, estrutura de captação, mesa de operações, mesa de open market, e a gente foi criando uma estrutura para poder atender ao mercado daquela clientela específica. Então nós não éramos mais nada de varejo, agências extremamente ao estilo loja, concepção definida com a participação muito forte do Nelson Pinheiro, com nossos arquitetos, com nossos estrategistas. A idéia era fazer uma agência onde o cliente se sentisse em uma butique, com tratamento personalizado, com tudo que pudesse dar de sofisticação, porque os clientes eram especiais, eram poucos, mas eram especiais. Eram poucos relativamente, porque cada cliente tinha www.revistafale.com.br
20, 30 pessoas dentro da empresa para o banco dar atenção, tinham um [departamento] financeiro extremamente grande. A gente fazia pagamento a fornecedores, cobrança, fazia financiamentos, repasses, recolhimento de impostos, fazia câmbio, câmbio-exportação, importação. Não fazíamos câmbio manual, porque não era o objetivo do banco, tratávamos de assuntos que fossem de exclusiva estratégia dentro do planejamento dos clientes. Em 1984, 1985 e 1986, nós pegamos o modelo São Paulo. Eu já havia assimilado 100% a praça, os bancos, a estratégia, os produtos, e já havia contratado todos os gerentes, os diretores, já estava com os clientes dentro, já tinha caixa, o banco estava robusto, já arrumado, aí eu fui para o Rio de Janeiro.
A vez do Rio, BH, Brasília. Mário Feitoza. Eu fiz a mesma es-
tratégia no Rio de Janeiro. Partindo do zero, banco, praça, cliente, produto, equipe, contratei todo mundo, dei roupa nova a todo mundo, e o Rio de Janeiro explodiu, aí eu fui pra Brasília, fui pra Belo Horizonte, e Fortaleza, onde fizemos grandes mudanças. Saímos de uma enorme quantidade de agências e enxugamos, criando estratégias diferenciadas, e assim mesmo ainda atuando no Ceará com médias e pequenas empresas, em homenagem ao fato de ali ser a sede do banco. Fomos fazer a mesma estrutura em Salvador, e a agência de Salvador passou a ser uma grande satisfação, porque passou a ser uma das maiores agências do banco, concorria com o Safra, concorria com BCN, com o banco Itaú, com banco estrangeiro, com tudo, e nós éramos um dos maiores da praça, porque simplesmente não outubro de 2009 | Fale
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“A produtividade deles decorria do fato d perdíamos o foco. Íamos exatamente ao ponto, não gastávamos bala nem vela com defunto ruim.
Foco e obstinação. Mário Feitoza. Nós sabíamos o
perfil dos clientes que queríamos. E assim formávamos uma equipe para ele. Eu sabia a empresa que gostava do gerente, do diretor, eu ia na empresa, e falava de qualquer jeito com o presidente, ou com o diretor financeiro, e eu perguntava, quem melhor lhe atende, quem é o banco que melhor ocupa seus espaços, quem é o diretor, quais os gerentes, quem atende no câmbio, quem atende no open market, e ele me dava a solução dele, eu ia no mercado e a gente ia buscar pelo preço de uma negociação, que envolvia resultado e participação do próprio diretor no processo, porque era uma maneira de remunerar diferenciado, porque a gente não deixava o profissional só com o salário fixo dele. Era mais fácil tirar ele do banco dele, porque eu dizia: você vem ser sócio do banco BMC, você vem conjugar com a gente os resultados, tudo que você fizer você vai estar dentro do seu banco, o banco da Bahia é seu, o banco de São Paulo é seu, os bancos são seus e da sua equipe, todo mundo ganha com os resultados.
Os executivos dentro do negócio. Mário Feitoza. O diretor participava dos resultados, como a equipe dele toda participava dos resultados — e isso era uma inovação. Se eu quero ter resultados, e eu vou buscar a melhor forma para obtê-los, eu quero que a equipe que continua ganhando, que continua dando atenção, dando atendimento, e fazendo todo o serviço bancário dentro do 32 | Fale!
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script como foi definido, nada mais justo do que a equipe participar dos resultados. E assim nós fizemos em Maceió, junto às usinas de cana-deaçúcar, eram segmentos próprios de cada região, tem pólo sulcro-alcooleiro, tem a área agrícola na produção direta de álcool e distribuição de álcool. Então começamos a buscar os grandes empresários naquela área.
BMC muda para São Paulo. Mário Feitoza. O banco mudou
para São Paulo exatamente em fevereiro de 1986. O Jaime veio com os irmãos Nelson e Norberto e instalaram em São Paulo, aí, quando mudou, o banco veio pra Avenida Paulista, saiu da Alameda Santos. Assim acabava o pensamento de banco regional, de banco nordestino. O banco passou a ser paulista. Acabou o tratamento de Fortaleza como uma unidade produtora de oportunidades, com grandes clientes. Da mesma forma em várias agências, vimos que a gente não tinha perfil para ficar em Teresina, fechamos Teresina, Belém e Manaus. Ficaram Fortaleza, Recife, Alagoas, Maceió, Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Rio, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Campinas. O banco foi reposicionado, criando poucas agências, poucos clientes, bons clientes, bons executivos, os melhores do mercado, alta tecnologia, produção de serviços extremamente personalizados, e com foco em alguns objetivos bem definidos. Eu fiquei 1986 e 1987 no Rio, quando foi no final de 1987, o Jaime me chamou pra ser diretor geral do banco em São Paulo.
A saída do BMC, um novo desafio. Mário Feitoza. Permaneci no banco BMC até maio de 1992, quando fui www.revistafale.com.br
contratado pelo Banco Mercantil de Pernambuco, do doutor Armando de Queiroz Monteiro Filho. Na realidade o fechamento da proposta para mudança de banco foi precedido por diversas reuniões com o Diretor Superintendente do banco Mercantil, Eduardo Monteiro. Eduardo me perguntou: Qual é o segredo? “Assine meu contrato que eu lhe digo o segredo.” respondi. Ele se apresentava com grandes qualidades: jovem, inteligente, habilidoso e bom negociador. Todos os propósitos eram para desenvolver um banco regional, com concentração de agências do nordeste — principalmente em Pernambuco — e em todo território nacional, assim como os modelos anteriores dos bancos. Designado Diretor-Executivo-Sul fixamos base nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. Desde a montagem da estrutura organizacional das agências, executivos e administrativos/operacionais, principais clientes ativos/passivos, produtos, estratégias de mercado, além de desenvolvimento de negócios coorporativos. Estruturação da Direção-geral com a profissionalização do crédito, formalização das operações, da financeira, dos produtos e do acompanhamento do resultado por clientes, por unidade e por gerente. Basta verificar uns dados históricos do Banco Central para acompanhar e constatar os incrementos gerados nas receitas, ativos e retorno sobre patrimônio líquido. É claro que estou falando de equipe, nada é individual, tudo é pensado em conjunto e buscando resultados. Em 1995, o Banco Central decretou intervenção no banco Mercantil exatamente no dia 11 de agosto,
de se concentrarem em grandes contas.” juntamente com outras instituições como o Banco Econômico e o Banco Comercial SP, por motivos de gestão irregular que fogem à minha alçada julgar. Não entendi até hoje, mas fiquei ainda até 11 de agosto de 1996, um ano após a definição da venda do “good bank” para o Banco Rural via PROER —Programa Especial de Recuperação Financeira — instituído pelo Governo FHC e indicado um liquidante para administrar o “bad bank” ficando todos nós, Diretores Executivos com bens indisponíveis e impedidos de administrar instituições financeiras. Acho que o Banco Central castigou muita gente que não merecia. Apurem os fatos.
O Grupo MCF. Mário Feitoza. Em 1987, criei a
marca fomento comercial, que depois mudou para MCF Factoring, na época da criação das empresas de factoring. Achamos que, futuramente, poderia se transformar em “carta patente” do Banco Central, na tão esperada Reforma bancária. Esta empresa existe até hoje somente no papel. Nunca funcionou, a não ser o registro de balanço de abertura para a total inatividade. Em 1992, criei a MCF Consultores e Associados para prestar serviços de consultoria a bancos estrangeiros e grandes grupos nacionais. Aos bancos estrangeiros mostravamos a formalização e operacionalização dos maiores negócios do Brasil, junto a empresas públicas e privadas, negociação que envolvia cada uma das etapas de todo desenvolvimento de uma operação financeira. A estrutura central nas principais articulações e as fontes que se apresentariam com esta vulnerabilidade na gestão desses ativos financeiros. Estávamos sempre ligados à operações de crédito. Opera-
ções de mercado de capitais, estruturas de recebíveis e securitização, Project finance e corporate finance. Nos grandes grupos nacionais, optamos pela estruturação de negócios para atender as demandas definidas pelos bancos estrangeiros, que se apresentavam com melhor prazo e menores taxas. Participamos de privatizações brasileiras junto aos segmentos de energia, telefonia e rodovia, sempre com o objetivo de somar investidores nacionais e institucionais e faltava recurso junto aos consórcios, de sorte a viabilizar as principais variáveis no grande quadro empresarial e sucessorial do processo de descentralização da economia brasileira. A MCF Consultores hoje é ativa e possui vários clientes, juntamente com outra empresa do nosso Grupo, a DWI-Estruturada. Em 1996, experimentando a decisão do Banco Central de criar o correspondente bancário, surgiu a MCF Promotora de Administração de Crêdito Facility, modelo para aumentar a agilidade dos bancos, sem ameaçar os Spreads, através de nomeações de empresas comerciais, cuja administração fosse ocupada por pessoal do ramo financeiro – as agências bancárias possuíam grandes suntuosidades peculiares do segmento e salários bancários engordados por várias conquistas em dissídios coletivas. Com a necessidade de uma melhor solução de crédito consignado, a Facility encomendou um modelo de gestão diferenciada para o negócio à uma empresa nossa, a MCF Tecnologia, especializada em desenvolvimento de Software e Call Centers para grandes instituições financeiras. > O resultado veio com o Facility Card, através da tecnologia de cartão smart: leitoras, impressoras, Data Center e sofwww.revistafale.com.br
twares próprios para gerenciamento das margens consignáveis dos servidores e funcionários. De forma ágil, automática, segura, transparente e de alta confiabilidade para o setor público e privado, além de oferecer atendimento eletrônico e convencional aos usuários, de sorte a criar modelos competitivos e servir de base e referência para todo o mercado nacional. Este modelo atendia às necessidades de empréstimos e demais benefícios/ serviços, e a evolução foi a criação do cartão de crédito consignado (primeiro do mercado brasileiro) em folha de pagamento do servidor/funcionário, com bandeira nacionalmente conhecida, gerando o Facility Card Visa. Criamos outras empresas que estão sendo aperfeiçoadas para melhorar soluções em alta tecnologia. Atualmente, já estão sendo testadas em projetos pilotos como a Telli — Tecnologia e Logística e a Kommo, uma espécie de correspondente bancário para área internacional.
Outras atividades. Mário Feitoza. Desde 1989, ad-
quirimos fazendas e propriedades na região dos Inhamuns, berço dos Feitosa, hoje detentora da marca Mar e Rio, produtos derivados da tilápia, e Arraial do Sol, de derivados de caprinos e ovinos. São cortes especiais que estão em fase de teste, são produzidos através de frigoríficos arrendados e terceirizados, até que se produzam os resultados compatíveis com os níveis de viabilidade econômica, que justificam o investimento em escala. Outra atividade da MCF Agropecuária é a criação de cavalos de raça chilena Crioulo, além da locação de máquinas e equipamentos, produção agrícola de grãos e caprinos e ovinos de pista das raças Anglo outubro de 2009 | Fale
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“vamos agora investir na área de saúde” Foto jarbas oliveira
Nubiano e Santa Inês. Ultimamente encomendamos pesquisas e estudos para investirmos na área de saúde, buscando alternativas que induzam a referência, localização e as vantagens que o Nordeste propicia. Tudo pela proximidade com Europa e Estados Unidos. Nossas expectativas estão voltadas para implantarmos uma unidade hospitalar — Eco Saúde de forma a contemplar gestão especializada nas áreas de Cura — Oncologia, Urologia, Ortopedia, Cardiologia e Neurologia — e Bem — Unidade de Rejuvenescimento, Spa de Saúde, Clinica Reparadora, Check-Up, Módulo de Embelezamento. Foco principalmente no turismo de saúde. Talvez neste lado haja um pouco da emoção por ter um filho médico que é cirurgião oncológico, porém longe de ultrapassar as barreiras da responsabilidade e da viabilidade econômica.
Mário Feitoza com sucessores em linha
O futuro. Mário Feitoza. Finalmente es-
tamos em vários estados, atuando no varejo e no atacado, somos concentrados nas áreas financeira e de tecnologia. Márcia me compreende e sabe da necessidade de meus constantes deslocamentos, principalmente para São Paulo. Conto com duas forças que estão desde cedo ao meu lado que são meus dois filhos Márcio Feitoza (Fortaleza) e Marco Feitoza (São Paulo), ambos Vice-Presidentes que se revezam na atuação em todas as áreas e segmentos, atentos aos novos desafios. Espero que Marcelli e Marcelo — meus outros filhos — cheguem logo e se iniciem fortemente no grupo. Acho que preciso sair um pouco, talvez por metade de uma semana, pois estou sendo chamado para outros necessários desafios. “Liguem os fios” como diz a imprensa.n 34 | Fale!
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bloomberg + businessweek
Michael Bloomberg, prefeito de Nova York e um dos homens mais ricos dos Estados Unidos, com fortuna de US$ 17,5 bilhões, segundo estimativa da revista ‘Forbes’ comprou a BusinessWeek, da McGraw-Hill
M
ESMO EM TEMPOS DE CRISE, MICHAEL BLOOM-
berg, o prefeito de Nova York, continua ampliando seus negócios. Depois de três meses de negociações com diferentes candidatos à compra, a editora McGraw-Hill formalizou no dia 12 de outubro a venda da revista BusinessWeek por cerca de US$ 5 milhões para a agência de notícias Bloomberg, fundada por ele em 1981. A revista, lançada há 80 anos, é um ícone do jornalismo econômico no mundo e uma das pérolas da coroa do neoliberalismo.
Mas em 2008 amargou enormes perdas. O prejuízo foi de US$ 43 milhões e projetando perdas de outros US$ 60 milhões para este ano. A agência Reuters e o grupo ZelnickMedia, tentaram comprá-la, mas Bloomberg foi mais sedutor. A BusinessWeek tem hoje 900 mil assinantes, o que dá a Bloomberg uma base para concorrer também no mermelhorado, tais quais cado de publicações impressas com nossos recursos nos seus principais rivais, o “The Wall permitem fornecer, que Street Journal” , de Rupert Murdoch é fundamentalmente, e o grupo Barron’s, que tem parte da tanto online quanto imrevista “SmartMoney”. Mas a com- presso, mais atrativo para pra da “BusinessWeek” deve ter ao os leitores, espectadores e menos uma consequência imediata: publicitários” disse ao jorjá se fala na redução de 20% de sua nal Advertising Age Daniel equipe. L. Doctoroff, presidente da Os novos donos têm um plano: Bloomberg. irão investir em produtos editoriais na BusinessWeek que, provavelmen“Ele te, será rebatizada de Bloomberg BusinessWeek, na expectativa que [o plano] começa com a os leitores e, por consequência, os criação de uma grande anunciantes os sigam. “Finalmen- revista”, disse Norman te vimos que você consegue ter uma Pearlstine, gestor de conrentabilidade através de um produto teúdo da Bloomberg, que
Mais e melhor.
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foto ELZA FIÚZA _ abr
jornalismo e projeto gráfico. A revista BusinessWeek impôs um modelo editorial de jornalismo amparado na qualidade e na originalidade do conteúdo e na sobriedade do projeto gráfico
está se tornando o presidente da BusinessWeek. “Existem muitos talentos na BusinessWeek que podem fazer isso. Mas eles têm certeza que o recurso estava sendo limitado nos últimos anos por causa do modelo de negócios que eles tinham.” Para melhorar e dinamizar a produção editorial da BusinessWeek, os novos proprietários planejam aumentar o número de páginas editoriais em cada edição, explorando os 2.200 jornalistas existentes na Bloomberg. “Nós achamos que, dado o alcance global e os valores disponíveis para nós na Bloomberg, associados com a BusinessWeek, nós podemos fazer uma grande revista” avalia Pearlstine em entrevista. “Se nós fizermos isso, nós seremos recompensados pela procura do consumidor e consequentemente, da publicidade”. E não é só o anúncio o carro chefe
da Bloomberg, eles também estão de olho na melhor circulação da economia, a prioridade que tantas editoras de revistas têm dado à caça desesperada pelos dólares dos anunciantes. “Nesse momento, o preço da assinatura anual é de US$ 35” informa Doctoroff. “Já o da The Economist é US$ 106. Nós temos que melhorar o produto e fazer a BusinessWeek corresponder à isso”. Isso não quer dizer que a Bloomberg vai ignorar a chance de vender anúncios em seus produtos recémcombinados face a seus consumidores, “A outra oportunidade existente é online, entre os dois sites Bloomberg. com e BusinessWeek.com. Nós teremos cerca de 8 milhões de acessos, o que significa mais do que qualquer outro portal de negócios ou finanças” disse Doctoroff. “O mais interessante é que os sites não apresentam nenhuma sobreposição de anunciantes e quase nenhuma em relação aos visitantes. Essa é a grande oportunidade” completa. O novo dono também pode enxuwww.revistafale.com.br
gar custos mudando a BusinessWeek para os nove andares vagos na sede da Bloomberg. Além isso, os encargos da empresa agora sob o domínio da Bloomberg serão menores do que na época de McGraw Hill. Não há nenhuma previsão de quando será feita a transformação de BusinessWeek para a Bloomberg BusinessWeek, mas tudo indica que isso será feito rapidamente. “Não é um projeto para ser feito da noite para o dia” disse Pearlstine, “Achamos que há realmente um nicho para uma revista semanal com alcance global dedicada aos negócios. Se você conseguir esse direito, você terá o tipo de circulação que você quer e o tipo de retorno que você está procurando”. Jim Spanfeller, ex-Forbes Digital, que recentemente começou a sua própria consultoria de mídia, disse que a aquisição não irá alterar, pelo menos de imediato, o jogo para os anunciantes. “Eu não acho que haja um impacto imediato em todos os anunciantes”, disse ele. “Mas daqui para frente poderá haver.” outubro de 2009 | Fale
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Economia
a capital da
Em Fortaleza será escrita mais uma página da história da panificação no Brasil. Entre os dias 27 e 30 de outrubro, ao receber o 28º Congrepan a cidade será a Capital Nacional do Pão. O mais importante evento da panificação brasileira
c
onta-se que no Egito era usado como
pagamento de salários e que os judeus o produziam sem fermento, por acreditarem que este ingrediente era símbolo de impureza. Fala-se que os primeiros padeiros surgiram na Europa e que foram os italianos que trouxeram a arte para o Brasil, mas que teriam sido os mineiros os primeiros grandes produtores. Independente de qual seja a melhor versão, o pão sempre foi protagonista de muitas histórias e de seu surgimento até hoje, deixou de ser apenas uma mistura de trigo, sal e água para se tornar o personagem principal de um negócio que cresce cada vez mais, a panificação. Em outubro, Fortaleza será palco de mais uma página a ser escrita nessa história. Entre os dias 27 e 30, a cidade será a Capital Nacional do Pão, onde acontecerá o 28º Congrepan. 38 | Fale!
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Reconhecendo a importância de se trocar conhecimentos e experiências na gestão de negócios, este ano o Congrepan vai discutir o tema “Tecnologia e Gestão: A Panificação no Século XXI”. O evento que reunirá empresários nacionais e internacionais da área de Panificação e Confeitaria acontece no La Mason Dunas, contando com a estrutura total do maior Buffet de Fortaleza. Segundo o Presidente do Sindicato de Panificadores do Ceará, Ricardo Sales, o Congrepan receberá 2 mil empresários, sendo 500 de dentro do estado: “durante quatro dias, panificadores de todo país estarão reunidos para atualizar conhecimentos já que teremos a presença
panificação
vai trazer o que de mais moderno e atual existe em tecnologia de gestão e conhecimento do negócio. Vai ajudar também a fortalecer ainda mais a panificação no Brasil. Então, bons negócios. Por Carolina Soares
de grandes nomes nacionais, que ministrarão palestras, conferências, workshops”. O ponto alto do evento será a Padaria Conceito, um projeto moderno, criado por arquitetos gaúchos, com uma estrutura de 400m² em pleno funcionamento dentro do evento. “Essa padaria vai mostrar ao panificador todos os conceitos mais modernos em termos de equipamento e serviços”, completa Ricardo Sales. Para o Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria – ABIP, Alexandre Pereira, o projeto da Padaria Modelo servirá para que o empresário tenha a oportunidade de identificar produtos, equipamentos e serviços que
fazem o novo posicionamento de uma padaria. Segundo Alexandre, a ABIP investe em prol do contínuo crescimento do setor, investindo em viagens, parcerias, cursos e alternativas para disponibilizar conhecimento para os empresários panificadores e neste ponto, o Congrepan terá extrema relevância. Hoje, as padarias se tornaram um centro de convivência e querem ainda mais, a intenção é usar a criatividade para ampliar o mix de produtos e conseguir aumentar as vendas nos horários de menor movimento. A tendência é que se transformem em centros Gourmet “onde a comunidade sabe que encontra um bom pão, uma boa pizza, almoço, sopa e www.revistafale.com.br
caldo, sorvete, confeitaria fina, frutas, legumes, um bom café. Enfim, iremos mostrar no congresso a importância desse novo conceito”, ressalta Alexandre Pereira. A Padaria Conceito também reforça o conceito de conforto e mostrará algumas ações de entretenimento muito úteis para o aumento das vendas. Além da Padaria Conceito, outro destaque será o Espaço de Negócios, onde os empresários terão contato com fornecedores e poderão ser feitos investimentos em máquinas e matéria-prima. O Congrepan representa ainda a oportunidade para os empresários trocarem informações sobre gestão profissional, tecnologia e atendioutubro de 2009 | Fale
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ECONOMIA & NEG Ó CIO S mento, o que contribuirá muito para o fortalecimento e o consequente crescimento do setor. As palestras serão realizadas por consultores do Programa de Apoio à Panificação — Propan, de áreas como Engenharia de Alimentos, Marketing, Atendimento e Gestão de Resultados. Durante o evento também serão apresentados casos de sucesso de profissionais da Panificação de outros estados e receitas de novos produtos na Cozinha Experimental. Além disso, há a programação social de shows, almoços e confraternizações. O presidente da ABIP, Alexandre Pereira, destaca a importância de se participar de encontros como esse onde o empresário pode ter uma vi-
Performance do setor de panificação brasileiro em 2008 Levantamento realizado pelo Programa de Apoio à Panificação – Propan, confirma o bom momento
R$
43,98
faturamento total do setor.
bilhões
11,04%
Crescimento do faturamento
30 mil
Novos empregos formais gerados em padarias no ano de 2008. Crescimento de 4,61%.
20,8%
Aumento no número de lojas
são clara sobre o direcionamento de seus negócios e dicas de como realizá-los de maneira mais eficiente. Já Ricardo Sales ressalta que serão apresentadas as tendências de mercado, de produto e de layoutização de lojas, uma ótima oportunidade para se informar sobre melhorias na estrutura do negócio. “É importante que se participe, para que a gente possa mostrar o que tem de novo e dar uma injeção de motivação para que os empresários façam uma revisão de todos os seus conceitos e da sua loja”, completa ele. Como forma de prestigiar os empresários que participam do Congresso haverá sorteio de TVs 42 polegadas e a festa de encerramento terá show de Waldonys e Banda. Além disso, Ricardo Sales garante que os efeitos do Congrpan serão muito positivos para o setor, “porque quando o panificador vem a um evento como este, ele sai extremamente sensibilizado em relação à realidade dele” o que acaba sendo revertido pelo Sindicato em treinamento para os panificadores. O SINDPAN-CE já trabalha focado no futuro, para que cada vez mais o empresário de panificação e confeitaria atinja melhores resultados.
É importante que se participe, para que a gente possa mostrar o que tem de novo e para que os empresários façam uma revisão de todos os seus conceitos e da sua loja. Ricardo Sales, Presidente
do Sindicato de Panificadores do Ceará
O trigo nos últimos dois anos
Ricardo Sales, Presidente do Sindicato de Panificadores do Ceará 40 | Fale!
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No Brasil, o trigo passa por um período complicado nos últimos anos. Em 2008, teve um ano atípico em consequência da crise e agora, com as recentes notícias vindas do Paraná e da Argentina, os sinais de uma reação ainda este ano são cada vez mais fracos. Na primeira metade do ano passado, devido à crescente procura pelo grão e também a especulação de investidores para www.revistafale.com.br
compras futuras, o preço elevou-se, mas logo depois, o agravamento da crise econômica mundial e a valorização do dólar, fizeram com que a cotação do grão sofresse uma forte retração. Para se ter uma idéia, de março a dezembro de 2008, o preço do trigo sofreu uma desvalorização de quase 60% – em março a tonelada que custava US$ 429, foi comprada por apenas US$ 174 em dezembro.
ABIP projeção do aumento do consumo de pão
expectativas do setor de panificação para 2010
U
ma das principais metas da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria – ABIP é o aumento do consumo diário de pão no país. Para isso ela tem incentivado a diversificação do mix de produtos oferecidos nos estabelecimentos, na capacitação para o melhor atendimento dos clientes e também na divulgação sobre a importância e os benefícios do valor nutricional do pão. Além disso, a ABIP tem inovado nas ações de comunicação com o empresário panificador e o público de forma geral. Há três meses lançou o programa O Empreendedor, que mais do que informar sobre o setor, tende a ampliar a visão de negócios de padaria e demais produtos panificados. Segundo Alexandre Pereira, presidente da ABIP, os índices de audiência têm se mostrado muito bons “o programa é um sucesso e gerou um grande movimento de busca por informações do setor”. Segundo dados da ABIP, apesar de toda insegurança que se instalou no setor em 2008 houve um registro de crescimento do faturamento de 11,04% em relação a 2007, saltando dos R$ 39,61 bilhões para R$ Este ano, as especulações nacionais sobre a crise do trigo aumentaram ainda mais. Porque o Brasil, que consome uma média anual de cerca de 10,5 milhões de toneladas de trigo, consegue produzir apenas a metade deste volume e grande parte desta produção vem do Paraná — maior produtor nacional — que passa por um sério problema decorrente do excesso de chuvas. O que o estado brasileiro não produz
Para muitos empresários o Congrepan em Fortaleza será um divisor de águas. Alexandre Pereira, presidente
ABIP
da
43,98 bilhões. O número de lojas também cresceu 20,8%, passando de 52.286 unidades para 63.200. Para o final de 2009, a ABIP está otimista e tem expectativas de que o setor cresça entre 7% e 9% e continue progredindo em 2010. Fazendo um balanço do ano que está quase terminando, Alexandre Pereira diz que a ABIP está muito satisfeita com os resultados alcançados e para 2010, já garante ações de fortalecimento do setor. Apesar da crise econômica mundial não ter afetado o setor, “foi realmente uma pequena marola”, nas palavras do presidente da ABIP, ele ressalta que só foi possível ficar imune à ela através do trabalho pró-ativo e agressivo que vinha sendo desenvolvido pelos é comprado da Argentina — responsável por quase 90% do que importamos — que enfrenta um sério problema causado pela seca. No âmbito global, a estimativa também é de uma produção menos significativa do que a registrada em 2008. A previsão é de que sejam colhidas 664 milhões de toneladas de trigo, contra 682 milhões do ano passado. www.revistafale.com.br
empresários do setor, que estavam preparados, profissionalizados e trabalhando para a estabelecer a melhor maneira de conduzir o negócio. Alexandre Pereira estima ainda que o Congrepan influenciará muito no crescimento esperado, pois serão mostradas possibilidades e oportunidades de ampliação da visão sobre as tendências no setor: “para muito empresários o Congrepan em Fortaleza será um divisor de águas”, garante o presidente da ABIP.
Alexandre Pereira, presidente da ABIP outubro de 2009 | Fale
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FOTO Ivan de Andrade_Palácio Piratini
iMPORTAÇÃO. Desembarque de trigo no cais do porto de Porto Alegre.
Queda na produção brasileira de trigo Dados da Conab apontam redução
3,5 milhões de toneladas produzidas em 2008
2,7 milhões de toneladas é a estimativa em 2009
13,1% queda de 2008 para 2009 42 | Fale!
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TRIGO TENDÊNCIA DE QUEDA NO PREÇO DO GRÃO
Os problemas climáticos
Fator climático deve comprometer a produção e a qualidade do trigo brasileiro, e recuo da produção na Argentina e no Paraguai deixa pouco animador o mercado para o cereal
U
m amplo estudo feito pelo Banco Mundial, divulgado em setembro, revela que o aquecimento global vai desorganizar o clima do planeta, o que prejudicará muito a agriculta. De acordo com os dados do relatório, os países em desenvolvimento terão que investir R$ 7 bilhões por ano para combater as mudanças climáticas e mesmo assim a produção agrícola do trigo, por exemplo, deverá cair 30%. Por mais que a projeção feita pelo estudo seja para daqui a 40 anos, algumas alterações climáticas já começam a bagunçar as plantações por aqui. O excesso de chuva no Paraná, por exemplo, e a falta dela na Argentina nos chamam a atenção para o que ainda está por vir. Para se ter noção do quanto choveu no Paraná, basta citar o exemplo da cidade de Londrina que, normalmente, registra uma média de 205 milímetros de água neste período do ano, número que saltou para 436 milímetros, mais do que o dobro do previsto. Com isso, o estado acabou de colher uma safra de trigo menor e de qualidade inferior às anteriores. Nas plantações paranaenses a expectativa era de que se colhessem 3,5 milhões de toneladas de trigo, mas após o período chuvoso, este número baixou para 2,7 milhões, uma redução de 13,1% em relação ao ano passado, cuja produção chegou a 3,2 milhões de toneladas. Além disso, o grão ficou úmido com as geadas ocorridas no final do mês de julho, e por causa do excesso de chuvas em muitos pontos não houve a aplicação de fungicidas, e mesmo onde ela foi feita, o remédio foi levado pela água e as pragas atingiram a plantação da mesma maneira. Como
o seguro oferecido ao produtor não cobre danos causados por doenças, os agricultores enfrentam problemas na hora de receber a ajuda do governo. Diante desta situação, e para evitar ainda mais prejuízos, alguns produtores estão preferindo não vender o trigo de baixa qualidade – paralisando parte do mercado – esperando um aumento de preço, já que o oferecido agora não cobre nem os custos da colheita.
Mercado está quase parado
O Governo Federal havia estipulado preço mínimo de R$ 31,80 por saca, mas o valor oferecido aos agricultores está na média dos R$ 25,00. Sem contar que muitos moinhos ainda têm sobras da safra de 2008 e os que precisam comprar, preferem fazê-lo de países como o Paraguai e os Estados Unidos, onde o grão colhido apresenta boa qualidade. Assim, o mercado do trigo brasileiro está quase parado. O reflexo está nos armazéns. Segundo a Secretaria de Agricultura do Paraná, até o início de outubro, apenas 5% da safra foi comercializada. Nesta mesma época, no ano passado, 15% já tinham sido vendidos. Além da produção nacional interna, a safra Argentina de grãos também não foi boa. O país a que o www.revistafale.com.br
Brasil recorreria para importar o trigo, amargou a pior seca da história, o que, obviamente, teve reflexo nos campos do grão onde o volume da safra caiu pela metade. A estimativa era de que se colhessem na Argentina 16 milhões de toneladas de trigo, mas até agora foram registradas apenas 8,5 milhões, das quais o país consome 6 milhões, tirando a reserva estratégica que os países fazem do produto, não sobra nada para que o Brasil importe.
Como evitar esta situação? Para evitar situações como a atual
e diminuir a dependência nacional de importações de trigo, o Governo do Paraná – o principal produtor de trigo do país, com 56% da safra – e o Ministério da Agricultura e Abastecimento trabalham para apresentar medidas de incentivo para que o estado possa, até 2012, suprir 70% da demanda de nosso país. Atualmente, os três estados da região Sul – Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – são os maiores produtores do país, mas problemas, como dificuldades nos transportes, impedem que eles exportem para todas as regiões do Brasil, o que acaba fazendo com que alguns estados importem trigo de fora do país. O Governo do Paraná quer que os outros estados modifiquem o pensamento de curto prazo, que apóiem a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico nacional e dessa maneira, se consiga alcançar maior independência em relação aos países vizinhos em atendimento à necessidade de segurança alimentar do Brasil. n outubro de 2009 | Fale
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governo tenta controlar importação de trigo
Política Econômica do Trigo
E
m setembro deste ano, o Ministério da Agricultura entrou com um pedido para que a alíquota do imposto de importação de trigo de países que não pertencem ao Mercosul aumentasse, ou seja, se este pedido fosse aceito quem quisesse importar trigo de países de fora do bloco, pagaria mais. Mas, a Câmara de Comércio Exterior – Camex, resolveu manter a taxa como está. Apesar disso, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes alertou para a possibilidade de um futuro aumento – da taxa atual de 10% para até 35% – caso se identifique uma movimentação no mercado internacional em relação a pedidos de importação de trigo de países de fora do bloco. A previsão de importação feita pelo governo brasileiro para esta temporada aumentou das 5,3 milhões para em torno de 7 milhões e a safra da Argentina nos obrigará a comprar trigo de outro país, como os Estados Unidos, por exemplo. O Brasil terá que pagar mais caro para ter trigo, mas graças à decisão da Camex esse preço não será ainda maior. A Associação Brasileira da Indústria do Trigo – Abitrigo, ainda arriscou uma última tentativa para minimizar os custos e pediu para que a Camex concedesse isenção do Imposto de Importação na compra do cereal de países de fora do Mercosul, mas não obteve sucesso. Outra decisão que desagradou a indústria moageira nacional, chegou em janeiro deste ano: o trigo entrou para lista de produtos que precisam de licença de importação – LI, para ingressar no Brasil. Esta nova determinação do governo desagradou muitos compradores, pois o procedimento burocrático pode atrapalhar os negócios. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a medida foi tomada para fins de monitoramento estatístico das importações e não diminuirá a praticidade dos negócios, 44 | Fale!
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já que a intenção é dar a LI, em até 10 dias após a operação ser registrada no Sistema Integrado de Comércio Exterior – Siscomex. Mas apesar de algumas derrotas, o setor de panificação também teve boas notícias em 2009, como a prorrogação da redução do imposto PIS e Cofins para o trigo, a farinha de trigo e o pão francês, que agora vale até o final de 2010. A medida tem maior impacto para padarias, pequenas indústrias e pequenos varejistas e se não tivesse sido renovada, resultaria em um aumento entre 15% e 18% no preço do pão e de 38% no da farinha de trigo.
A rivalidade Brasil x Argentina
A rivalidade entre brasileiros e argentinos, tão acentuada nos campos de futebol, parece agora ter crescido também no que se refere aos campos de trigo. Além dos problemas com a safra, que pesarão no bolso de algumas indústrias moageiras, as transações de compra e venda de trigo com a Argentina ainda são fonte de outros conflitos. Em junho deste ano, a Abitrigo chegou a acusar a Argentina de estar cometendo dumping — prática comercial que vende produtos a preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país — mas não foi adiante com o processo, pois sem o apoio do Governo Federal não havia chances de sucesso. Segundo a Abitrigo, a Argentina está, aos poucos, tentando deixar de ser um país exportador de trigo em grãos – uma commodity internacional – para transformar-se em provedora do produto acabado com valor agregado, ou seja, farinha de trigo. Embora essa política não tenha sido publicamente assumida, a indústria moageira brasileira vem percebendo sua instituição desde o ano passado, quando a presidente Kristina Kirchner assumiu o governo. De lá para cá, o governo argentino tem desistimulado a produção www.revistafale.com.br
iMPORTAÇÃO. Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes não descarta futuro aumento do imposto de importação de trigo de países que não componham o Mercosul. Foto: Elza Fiúza/ABr agrícola em geral e incentivado a indústria da farinha de trigo através da redução de impostos. A taxa para exportar farinha é de 18%, mas para quem quer exportar o grão de trigo o valor sobe para 28%, o que acaba tirando do produtor o poder de decisão. Os resultados já aparecem claramente: em 2004, a Argentina exportou 213 mil toneladas de farinhas de trigo para o Brasil e em 2008, esse número se multiplicou para 630 mil toneladas, uma alta de 196%. Desta maneira, a Argentina passa a ocupar 9% do mercado brasileiro. Esta jogada do governo Argentino de elevar as taxas para a exportação do grão, não deixa de ser uma maneira, mesmo que indireta, de subsidiar a exportação da farinha de trigo, o que pode prejudicar muito os produtores brasileiros, já que em nosso país existem cerca de 200 moinhos de trigo.
Programação do Congrepan 2009 27 de Outubro 20h
Abertura do Congresso Posse Solene da Nova Diretoria da ABIP (2009-2012) Entrega das Medalhas do Mérito Industrial da Panificação e Confeitaria Brasileira Recepção de Boas Vindas com Show do The Jones
28 de Outubro 09h30 Sorteio de TV 42’ Instalação da Assembléia Geral 11h Palestra Magna – Marketing de Relacionamento como diferencial competitivo. César Romão – Consultor organizacional, Conferencista, Escritor e Estrategista Empresarial 12h30 Almoço Visita à PADARIA CONCEITO, 13h Espaço de Negócios e Cyber Café com Pão. CLÍNICAS TECNOLÓGICAS DO 14h PROPAN PALESTRAS TÉCNICAS SALA 1 – Apresentação do Caderno de Tendências para o Setor de Panificação. Márcio Rodrigues – Coordenador Geral do PROPAN / Consultor SALA 2 – Central de Produção – A Inevitável Rota do Crescimento Randel Aguiar – Consultor Especialista em Congelamento / PROPAN SALA 3 – Caso de Sucesso – Padaria Circuito Operatório – Pelotas (RS). Mário Filho – Empresário Panificador SALA 4 – Formar equipe começa na contratação. Gilda Lima – Gestora de Desenvolvimento do PROPAN / Consultora SALA 5 – Cozinha Experimental – Agregando valor com confeitaria Mestre Confeiteiro Luiz Farias – Gradina SALA 6 – Cozinha Experimental – Sanduíches com pães especiais ampliam o ticket médio. Edu Pio – Engenheiro de Alimentos Emulzint 15h30 PALESTRAS TÉCNICAS – 2ª RODADA SALA 1 – Apresentação do Caderno de Tendências para o Setor de Panificação.
Márcio Rodrigues – Coordenador Geral do PROPAN / Consultor SALA 2 - Central de Produção – A Inevitável Rota do Crescimento Randel Aguiar – Consultor Especialista em Congelamento / PROPAN SALA 3 – Caso de Sucesso – Padaria Cidade Jardim – Recife (PE). Eliana Colleto – Empresária Panificadora SALA 4 – Gerenciando o orçamento familiar, André Gontijo – Especialista em Consultoria Organizacional e Desenvolvimento e Projetos de Gestão de Micro e Pequenas Empresas SALA 5 – Cozinha Experimental – Agregando valor com confeitaria Mestre Confeiteiro Luiz Farias – Gradina SALA 6 – SALA 6 – Cozinha Experimental – Sanduíches com pães especiais ampliam o ticket médio. Edu Pio – Engenheiro de Alimentos Emulzint 17h30 Visita técnica às padarias 20h Encerramento Festa das Delegações – Oferecimento Bunge Alimentos
29 de Outubro 09h30 Sorteio de TV 42’ Homenagem ao SEBRAE dos Estados pelo desenvolvimento da panificação Brasileira Painel de Debates 10h – Empreendendo na Micro e Pequena Empresa Debatedores: Alexandre Pereira – Presidente da ABIP Lucas Isoton – Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo e Presidente do Conselho Temático da Micro e Pequena Empresa da CNI Ricardo Sales – Presidente da SINDPAN-CE e Vice-Presidente da ABIP – Regional Nordeste 12h30 Almoço Visita à PADARIA CONCEITO, 13h Espaço de Negócios, Cyber Café com Pão. CLÍNICAS TECNOLÓGICAS 14h PROPRAN
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PALESTRAS TÉCNICAS SALA 1 – Tecnologias, processos produtivos e resultados. Emerson Amaral – Diretor Técnico da PROPAN / Consultor Carolina Câmara – Gestora de Resultados do PROPAN – Interior de São Paulo / Consultora SALA 2 – Marketing de Inovação – A outra face da Padaria Cláudio Schneider – Gestor de Resultados da PROPAN – Região Sul / Consultor SALA 3 – Caso de Sucesso – Padaria Costa Mendes – Fortaleza (CE). José Iranleide – Empresário Panificador SALA 4 – Novas exigências do Ministério do Trabalho sobre equipamentos e acidentes do trabalho Armando Taddei – Secretário Executivo da ABIEPAN – Associação brasileira de Indústria e Equipamentos para Panificação e Confeitaria SALA 5 – Cozinha Experimental – Pães Especiais – Padeiro Francês Nicolas Zabukovec, do Copagnons Du Devoir – SENAI – MG SALA 6 – Cozinha Experimental – Confeitaria e Chocolate – Confeiteiro Belga – Lionel Verstraelen, do Copagnons Du 17h30 Devoir – SENAI – MG Encerramento Noite Livre
30 de Outubro 09h30 Sorteio de TV 42’ Palestra Magna – 10h Sucessão Familiar na Padaria Renato Bemhoeft – Fundador e Presidente do Conselho de Sócios da Höft 11h30 Encerramento da Assembléia Geral Apresentação de Trabalhos das Comissões Temáticas Aprovação da Carta de Fortaleza Apresentação da cidade 13h sede do XXIX Congrepan 2011 Sorteio de TV 42’ 13h30 Festa Congrepan Festa de Encerramento com Almoço e Show Waldonys e Banda
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ECONOMIA & NEG Ó CIO S Moageiro. No Porto do Mucuripe em Fortaleza, encontra-se um dos maiores pólos trigueiros do país.
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FOTO FALCÃO JR.
CEARÁ. O gigante dos Moinhos
O trigo é um dos setores-chave para o desenvolvimento econômico do Ceará. Aqui se encontram os maiores moinhos do país, como o Grupo J.Macedo, segunda maior empresa moageira do país, primeira a ser instalada e com 70 anos, é líder no mercado com a farinha de trigo Dona Benta, e a única marca com distribuição nacional; o M.Dias Branco, terceiro maior produtor brasileiro de farinha de trigo, que conta com a maior capacidade de armazenagem de grãos do Brasil. Além do Grande Moinho Cearense. Os três moinhos ficam localizados no Porto do Mucuripe em Fortaleza. Em Aquiraz, região metropolitana da capital fica sediado o Moinho Santa Lúcia. Como não é um produtor de trigo, o Ceará importa sua matéria-prima, mas tornou-se especialista na tecnologia de moagem. No Norte e Nordeste, o consumo anual de trigo é de 2 milhões de toneladas, priorizando a área da panificação.
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ECONOMIA & NEG Ó CIO S
Diversificação agrega valor Às padarias
Elas não vendem mais apenas o pão francês Panificadoras diversificaram serviços, aumentaram cardápio e investiram na decoração
H
oje muitas padarias diversificaram tanto as vendas, que passaram a trabalhar não só com pães, mas com outros produtos que vão desde a linha de higiene pessoal até a oferta de serviços de correspondentes bancários. A padaria que não se modernizar e não se tornar multifuncional pode não ter condições de sobreviver, assim para o empresário tem que estar de olho no mercado, nas novidades que ele oferece, mas também deve buscar um equilibrio, identificando o seu nicho de mercado e definindo o foco do seu negócio.
Produtos de qualidade, segurança alimentar e atendimento impecável são os requisitos básico. Alexandre Pereira, presidente
da ABIP
Neste ambiente, diversificar e priorizar a produção própria e a oferta de produtos é fundamental. Entre as opções há os segmentos de boulangeries (pães elaborados), confeitaria, (bolos e doces sofisticados), fast food (lanches e refeições rápidas por quilo), até o happy hour (frios, bebidas e variedades), cafeteria e opções como oferecer café da manhã, almoço e jantar – setor explorado há pouco tempo nos grandes centros. É a corrida para manter os clientes. Empresários diversificam os serviços, aumentam o cardápio 48 | Fale!
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e investem na decoração. Outro destaque, é o serviço de entrega em domicílio – o delivery – que funciona como uma opção de comodidade para os consumidores.
Novos tempos
Já que as padarias atuais já não são mais as mesmas, os seus funcionários também precisaram de maior preparo. Há duas décadas, era surpreendente o amadorismo do setor. Hoje, além da reciclagem constante de padeiros e confeiteiros, os empresários também foram em busca de conhecimentos em gestão, recursos humanos e marketing. “O atendimento ao cliente ainda é um dos diferenciais que as padarias oferecem”, afirma Alexandre Pereira, presidente da ABIP. Assim, a panificação, que viveu um período de crise perdendo clientes para os supermercados e lojas de conveniência, passou por uma reformulação e voltou a crescer novamente. “Tudo porque um almoço de padaria não deixa nada a dever ao dos restaurantes e o café da manhã é digno dos hotéis”, afirma. Com os investimentos feitos no setor, os consumidores perceberam que as padarias estão imbatíveis em qualidade, e em comparação com outros setores, como os restaurantes, e que têm um preço muito mais justo. Ampliar o negócio significa também ampliar os lucros, “algumas padarias aumentam em 40% o faturamento com os novos serviços”, diz Alexandre. Um crescimento alavancado pelo fato muito comum de as “pessoas visitarem a loja várias vezes ao dia, e consumidores mais assíduos compram mais”, completa. Para entrar nesse novo setor é fundamental para as empresas www.revistafale.com.br
Curiosidades A cada mês é feita uma colheita de trigo maduro em algum lugar do mundo. Veja mais alguns números.
279 kg
é o consumo per capita de trigo por ano na Bulgária
57 kg
é quanto cada brasileiro em média consome de trigo em um ano
R$
8,6 bilhões
foi o faturamento em 2008 com o food service em padarias
40,42 milhões de pessoas frequentaram as padarias por dia em 2008 estarem bem preparadas para atender os clientes. “Produtos de qualidade, segurança alimentar e atendimento impecável são os requisitos básico”, diz o presidente da ABIP. Os números mostram que é um setor em crescimento, e com muitas oportunidades. As padarias foram responsáveis por R$ 8,6 bilhões do total de R$ 58,2 bilhões que o segmento de food service – alimentação fora do lar – faturou em 2008, segundo a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação – ABIA.
Um Novo Conceito. As padarias continuam vendendo o tradicional pãozinho, mas há tempos deixou de ser tendência, e para fortalecer o consumo, novos produtos e serviços as transformaram em grandes centros gastronômicos
O trigo nosso de cada dia Há lendas sobre o trigo em quase todas as religiões: os egípcios atribuíam o seu aparecimento a deusa Ísis; os fenícios, a Dagon; os hindus, a Brama; os árabes, a são Miguel; e os cristãos, a Deus. Arqueólogos demonstraram que o cultivo do trigo é originário da Síria, Jordânia, Turquia e Iraque. Iniciou há cerca de 8.000 anos, uma mutação que resultou em uma planta com sementes grandes, e que não podiam espalhar-se pelo vento. Esta planta não poderia vingar como silvestre, porém, poderia produzir mais comida para os humanos e, de fato, ela teve maior sucesso que outras plantas com sementes menores e tornou-se o ancestral do trigo moderno. O trigo foi o primeiro cereal que o ser humano aprendeu a cultivar.
Através dos séculos, passou-se a estocar o excedente como alimento de consumo para o inverno e semente para um novo plantio. O ser humano então começa a se fixar nas regiões onde as condições de solo e clima eram mais favoráveis ao cultivo. Sem a necessidade de sair à procura de alimento, os povos nômades foram se transformando em agricultores. A troca de informações e experiências trouxe o desenvolvimento da linguagem e, mais tarde, de símbolos, iniciando-se, assim, os rudimentos da comunicação escrita. Por isso, as sementes do trigo são chamadas também de: “sementes da civilização”. No início o trigo era triturado entre pedras rústicas para dar origem à farinha. No primeiro milênio a.C., os gregos fizeram importantes mudanças na moagem dos grãos, utilizando-se da mó de ampulheta, que girava continuamente sobre os grãos. Mais tarde, as mós passaram www.revistafale.com.br
a ser movimentadas por animais e escravos. A indústria da moagem foi criada pelos romanos. Os moinhos, eram localizados nas grandes cidades, eram constituídos de conjuntos de mós de ampulheta e peneiras. Outros meios mecânicos começaram a ser utilizados, como as rodas hidráulicas e as pás movidas pelo vento. Mais tarde, surgiram as máquinas peneiradoras, purificadoras, com cilindros movimentados a vapor e, posteriormente, pela energia elétrica. No Brasil, o trigo foi introduzido pelos portugueses. Sua cultura começou em 1534, quando as naus de Martim Afonso de Sousa trouxeram as primeiras sementes para serem plantadas nas terras da capitania de São Vicente. Depois, foi difundida para todas as capitanias. O trigo foi uma das primeiras culturas tentadas pelos portugueses no Brasil. Fonte: www.paulinas.org.br e Wikipedia.org outubro de 2009 | Fale
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persona Naomi, retorno
Ranking elaborado pela revista
“Forbes”, Naomi Watts mostra que a atriz é quem mais dá rentabilidade e retorno aos estúdios de Hollywood — desde que estrelou o filme “King Kong”. Ainda segundo a publicação, ela é supereconômica e cuida das finanças com muita cautela. Um exemplo: ela anda pelas ruas de Nova York de moto para economizar gasolina. As atrizes como Meryl Streep, Halle Berry, Anne Hathaway e Hillary Swank também estão na lista da Forbes. www.forbes.com n
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persona
uma Data Marcante. Em bela, prestigiada e afetiva noite, o Grupo J.Macêdo festejou 70 anos de atividades e os 90 anos de vida do seu fundador, o empresário José Macêdo. O palo foi a CasaCor2009. Fotos Rodrigues
L u i z Carlos M ar t i n s
Aniverariante José Macêdo ladiado pelos filhos, genros e noras
Julinho Ventura e Patrícia Saboya
Margarida Macêdo e Pe. Fred Solon
Rui e Norma do Ceará
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Roberto Smith e Célia
Tereza e Fernando Cirino
Honório Pinheiro, Pio Rodrigues e Freitas Cordeiro
Hélio e Verônica Perdigão
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Manoel e Priscilla Macêdo
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Artur Bruno e Natércia
Fernando Ximenes e Marfisa
Luis-Sérgio Santos e Isabela Martin
Silvia Macêdo, Beatriz Philomeno e Gabriela de Castro Patriarca José Macêdo com os filhos Georgina, Roberto e Amarílio
Meton e Yolanda Vascocelos
Fábio Campos e Luciana e Jocélio Leal
Marildes Lopes, Vera Freire e Lenilza Borges
persona L u i z Carlos M ar t i n s
Noitada “BT”. Em animado baile “BT”, o Ideal Clube, decorado por Wilfridy Mendonça, comemorou seus oitenta anos de fundação ao som da banda Big Band show Kase. Fotos auston
Andréia e Raimundo Delfino
Diretoria do Ideal ao lado do bolo (assinado por Marilza Pessoa) dos 78 anos do Clube
Humberto Cavalcante e Adrísio Câmara
Expedito e Zilmar Borges
José Maria e Eliane Bonfim
Sérgio e Maria Inês Benevides
Christina e César Bertozi
Ângela e Emilson Barros de Oliveira
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Souto Paulino e Lêda Maria
Marta e Renato Bonfim
Paulo e Odete Aragão
Emanuel Arruda e Laís Freire
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Suzana e Raul Cabral
Diana Cavalcante, Alessandra Aragão e Rosa Macambira
Paulo e Esther Barbosa
Jantar Afetivo. Cristiane e Antônio Marques Cavalcante anfitrionaram impecável jantar em seu endereço da Beira Mar, tendo este colunista, folhinha de outubro, como figura central. Fotos rodrigues
persona L u i z Carlos M ar t i n s
Antônio e Valéria Câmara, Zeneida e José Rangel
Antônio e Cristiane Marques (anfitriões), Gláucia Viana e Luiz Carlos Martins (homenageado)
Vânia e Aristófanes Canamary
Irapuan e Vilma Nobre
Sônia e Fernando Machado
Andréia e Raimundo Delfino
Tonzito e Ana Cavalcante
Bárbara Busgaib e Lagildo Brasileiro
Antônio e Vera Costa
Luiz Carlos Martins. De A a Z no Caderno People, jornal O Povo www.revistafale.com.br
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persona L u i z Carlos M ar t i n s
Patriarca. Os 90 anos do patriarca João Neto Brandão foi devidamente comemorado pela família e amigos com jantar no Gran Marquise, coordenado pelos filhos Kalu e Pedro Brandão. Fotos auston
Clima de alegria na hora dos parabéns
Ivens Dias Branco e João Neto Brandão
Homenageado com o filho Kalu, esposa e netos
Joana Brandão e Celina Queiroz
Consuelo e Ivens Dias Branco
José Rangel entre Manoel e Morgana Linhares
Rafael Leal e Silvinha de Castro
Rui Brandão, Ananias Cysne e Marcos Bandeira
Pedro Brandão, Assis Antero e Edilmo Cunha
Maurício e Cláudia Leal
Nadja e Dão Cabral e Márcia Cysne
PERFEITA UNIÃO. A Igreja do Cristo Rei serviu de cenário para a união de Deus de Edilson Pinheiro e Michelinne Sampaio, seguindo-se de alinhada recepção no La Maison Dunas. Fotos rodrigues
persona L u i z Carlos M ar t i n s
Os noivos entre os pais da noiva, Betinha e Tito Sampaio e a mãe do noivo, Beatriz Pinheiro Renata e Marcelo Pinheiro
Leda Maria e Souto Paulino
Letícia e Ricardo Studart
Paulo Régis e Patrícia Botelho
Eridan Mendonça, José Valdo e Marta Silva Lizandro, Eveline, Rejane e João Fujita
Humberto e Norma Bezerra
Marly Miranda e Inês Albuquerque
Os noivos entre Silvana e Adauto Bezerra www.revistafale.com.br
Edilson e Michelinne outubro de 2009 | Fale
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A importância de uma marca forte
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acDonald’s, Volkswagen e Coca-Cola são exemplos de marcas conhecidas e consagradas globalmente. Onde quer que você esteja, na Europa ou na Ásia, no Caribe ou na Austrália, você saberá que esses três nomes são, respectivamente, sinônimos de fast food, de automóveis e de refrigerante -- e terá uma expectativa bem realista no que se refere à qualidade dos produtos oferecidos por essas empresas. Ser detentor de uma marca forte, praticamente autoexplicativa em termos de padrão e de sistema de trabalho, é um privilégio experimentado por poucas companhias ao redor do planeta. E, mais que isso, trata-se de um diferencial competitivo que pode fazer a diferença entre sobreviver ou sucumbir, entre crescer ou ser engolido pela concorrência, sobretudo em tempos de crise. A lógica vale para todos os setores da economia, para todos os ramos de atuação. Foi por isso que, em outubro de 2004, a brasileira Trevisan, que à época já detinha mais de vinte anos de experiência nas áreas de consultoria empresarial, tributária e auditoria, uniu seu nome e sua expertise à internacional BDO, uma das cinco maiores do mundo em seu segmento. A empresa já tinha conteúdo e um nome forte nacionalmente. Faltava, porém,
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Por José Luiz Gurgel um impulso a mais para melhor se situar no mercado global. Dessa união, nasceu a BDO Trevisan, que a partir de 1º de outubro de 2009 assumiu apenas o nome BDO. A adoção de um nome único é parte de uma estratégia empreendida mundialmente pela BDO, que busca fortalecer ainda mais a marca. Sermos conhecidos simplesmente como BDO simboliza o auge de vários anos de desenvolvimento e trabalho estratégico. A novidade é boa para nós e para os nossos clientes: ser auditado ou assessorado por uma companhia que dispõe de prestígio mundial é uma garantia de credibilidade! Como empresa, tanto mundial quanto local, a BDO cultiva o desejo de crescer cada vez mais, embora todos os números a ela associados já sejam superlativos: atuando nas áreas de auditoria, advisory e tributos, a empresa mantém, por meio de suas firmas-membro, mais de mil escritórios em 110 países. Cerca de 44 mil profissionais, entre sócios e staff, prestam serviços de assessoria em negócios no mundo todo. Em 2008, sua receita combinada foi de US$ 5,14 bilhões! No Brasil, a BDO é uma das cinco maiores firmas
de auditoria em número de clientes. Faturou R$ 97 milhões em 2008, graças a um crescimento de 32% em relação ao ano anterior. Para 2009, a empresa projeta um faturamento 15% maior – algo em torno de R$ 110 milhões. A BDO no Brasil tem um importante diferencial competitivo em relação às suas principais concorrentes. Com um DNA genuinamente nacional, a empresa conhece as particularidades do País em que atua, e ao mesmo tempo compartilha o saber e a metodologia consagrados mundialmente por todas as firmas-membro. Essa combinação peculiar de atributos, permitirá, cada vez mais, que a BDO desenvolva soluções customizadas para cada um de seus clientes. Retomando as comparações feitas no início desse texto, a BDO no Brasil poderá realizar as adequações necessárias à conquista de bons resultados com a mesma confiança que permite às indústrias mais conhecidas do mundo adaptarem suas receitas e seus produtos às realidades de culturas locais, mantendo-se, ao mesmo tempo, alinhadas ao padrão internacional da marca. Isso é identidade, qualidade, padrão. Como se vê, mais do que uma simples mudança de nome, a BDO no Brasil está vivendo uma evolução em termos de paradigmas. n José Luiz Gurgel é sócio-diretor da BDO – Escritório Regional do Rio de Janeiro.
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