Revista de informação ANO X — Nº 86 OMNI EDITORA
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ISSN 1519-9533 OMNI EDITORA
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UMA ENTREVISTA COM O ECONOMISTA GUSTAVO LOYOLA
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ISSN 1519-9533
REVISTA DE INFORMAÇÃO
EDITOR&PUBLISHER LUÍS-SÉRGIO SANTOS EDITOR ASSOCIADO Luís Carlos Martins EDITOR DE ARTE Jon Romano REDAÇÃO Larissa Sousa,
Juliana Dias, Luiz Antonio Alencar COLABORADORES Fernando Maia, Roberto Martins Rodrigues e Roberto Costa ARTE Larissa Sousa JURÍDICO Mauro Sales BRASÍLIA (61) 8188.8873 SÃO PAULO (11) 6497.0424 IMAGEM Agência Brasil, AE, Reuters REDAÇÃO E PUBLICIDADE Omni Editora Associados Ltda. Rua
Joaquim Sá, 746 n Fones: (85) 3247.6101 n CEP 60.130-050, Aldeota, Fortaleza, Ceará n e-mail: fale@revistafale.com.br n home-page: www.revistafale.com.br Fale! é publicada pela Omni Editora Associados Ltda. Preço da assinatura anual no Brasil (12 edições): R$ 86,00 ou o preço com desconto anunciado em promoção. Exemplar em venda avulsa: R$ 12,00, exceto em promoção com preço menor. Números anteriores podem ser solicitados pelo correio ou fax. Reprintes podem ser adquiridos pelo telefone (85) 3247.6101. Os artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista. Fale! não se responsabiliza pela devolução de matérias editoriais não solicitadas. Sugestões e comentários sobre o conteúdo editorial de Fale! podem ser feitos por fax, telefone ou e-mail. Cartas e mensagens devem trazer o nome e endereço do autor. Fale! é marca registrada da Omni Editora Associados Ltda. Fale! é marca registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Copyright © 2012 Omni Editora Associados Ltda. Todos os direitos reservados. IMPRESSÃO Celigráfica n Impresso no Brasil/Printed in Brazil. Fale! is published monthly by Omni Editora Associados Ltda. A yearly subscription abroad costs US$ 99,00. To subscribe call (55+85) 3247.6101 or by e-mail: df@fortalnet.com.br A Omni Editora não autoriza ninguém a falar em seu nome para angariar convites, presentes, empréstimos, permutas, benefícios de qualquer ordem. Qualquer relação comercial só terá validade sob contrato formal com a Omni através de sua diretoria.
DIRETOR EDITOR LUÍS-SÉRGIO SANTOS
TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 13.600 EXEMPLARES
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TalkingHeads, 6 Brasília, DF, 7 Economia, 8 Ceará, 18 Persona,43
Cibercultura, 26 Saúde, 36 Política, 22 MeioAmbiente, 41 Artigo,50
PIC.
Presidenta Dilma Rousseff e a ministrachefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, durante Natal com servidores e Cantata de Natal com apresentação do Coral da UnB. As duas executivas dão o tom da gestão federal onde as mulheres têm papel inédito na história do Brasil. A partir da presidência.
OBRASILEM2012
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FOTO FABIO RODRIGUES POZZEBOM _ ABR
O cenário nebuloso
da economia européia que acaba contaminando os mercados globais não tira a visão relativamente otimista da presidente Dilma Rousseff. “Não só estamos encerrando o ano com estabilidade e crescimento, mas sobretudo com visão de que 2012 será necessariamente melhor do que 2011.” PÁGINA8
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Uma economia
FRASE.
Nada teria acontecido se eu não tivesse mantido esse relacionamento consensual, mas estúpido. DOMINIQUE STRAUSS-KAHN, ex-chefe do fmi
sobre a acusação de estupro que custou a candidatura à presidência da frança, em 30 de novembro
consistente. É assim que classifica o Brasil hoje o economista Gustavo Loyola. Ele acredita que a economia brasileira mostrará crescimento já no começo de 2012. PÁGINA12
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FOTO AGENCIA BRASIL
Sabe que dia eu vou inspecionar São Paulo? No dia em que o sargento Garcia prender o Zorro. É um Tribunal de Justiça fechado, refratário a qualquer ação do CNJ, e o presidente do Supremo Tribunal Federal é paulista. MINISTRA ELIANA CALMON,
corregedora-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) acusada de estar promovendo quebra de sigilo de juízes e servidores da Justiça
Quando a gente pensa que as coisas podem melhorar em nosso país, se tivéssemos mais pessoas com a coragem de Eliana Calmon, a realidade nos joga outra vez nas trevas do atraso do corporativismo, bem na época da renovação de esperanças no Ano Novo. jornalista, sobre a liminar do ministro Marco Aurélio Mello que enfraquece o Conselho Nacional de Justiça RICARDO KOTSCHO,
E C O N O M I A
O risco de uma explosão da Europa nunca foi tão grande. Devemos reformar a Europa, devemos repensar a Europa.
NICOLAS SARKOZY, presidente da
França
Com 16 anos de clube, eu não consigo ser só profissional. Às vezes, faço as coisas com o coração, como um verdadeiro torcedor. Eu gosto demais do Palmeiras e só faço as coisas para ajudar. Mas sei que isso às vezes atrapalha. ex-goleiro do Palmeiras, que se aposentou. Em 2002, Marcos foi titular do Brasil na conquista da Copa do Mundo MARCOS,
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Ou a Europa fará História ou a História vai apagar a União Europeia. GEORGE PAPANDREOU,
da Grécia
ex-premier
Não vamos enfrentar a crise com recessão. DILMA ROUSSEFF, presidente do
Brasil
Não faça o que mais gostaria de fazer. Faça o que o seu adversário menos gostaria que fizesse. SUN TZU
Como turbinar o seu salário
Um jeitinho bem original. O pagamento de megassalários a autoridades tem decorrido em muito da participação em conselhos de administração e fiscais de empresas estatais e privadas. E o tema está dividindo o governo. Muitos ministros e secretários do Executivo estão recebendo
rendimentos superiores a R$ 32 mil por mês. A ministrachefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, é contra, embora até mesmo seu marido, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, seja um dos beneficiados. Gleisi continua favorável à inclusão das verbas recebidas de conselhos, conhecidas como jetons, no cálculo do teto constitucional do funcionalismo, correspondente ao vencimento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), atualmente de R$ 26.723,13.
Mobilidade urbana, um desfio A Lei de Diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana é um importante instrumento colocado nas mãos de prefeitos e vereadores e também da sociedade civil e do Ministério Público para que se possa melhorar as condições de mobilidade urbana nas cidades, conforme avalia o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Alexandre Gomide. A Nova Lei de Diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, ele explicou que a legislação dispõe sobre os direitos
Construção civil, inflação de 5,65%
A inflação medida pelo Índice Nacional da Construção Civil fechou dezembro em 0,12%, abaixo da taxa do mês anterior (0,37%). O índice também é inferior à variação de 0,26% registrada em dezembro de 2010. Com o resultado, o índice relativo aos gastos com a construção no país encerrou o ano com alta acumulada de 5,65%, inferior ao acumulado um ano antes (7,36%). De acordo com do IBGE, em 2011 os materiais subiram 2,64%, menos do que o verificado no ano anterior (5,24%). A parcela referente à mão de obra também subiu com menos força do que em 2010 e acumulou elevação de 9,60%. Um ano antes, o acumulado estava em 10,24%.
dos usuários de serviços de trasporte público, regulamenta o planejamento e a gestão do setor e altera mecanismos de regulação e fixação das tarifas de transporte público. “A sociedade civil vai ter que aprender a lógica dessa lei e o Poder Público também. O que garante mesmo a aplicabilidade vai ser a atuação do Poder Público em querer utilizar os instrumentos que a lei dispõe e, caso o Poder Público não fizer uso da lei, cabe à sociedade e ao Ministério Público exigir políticas mais efetivas e sustentáveis”,
Economia pode crescer em 3,3%
A estimativa de analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC) para o crescimento da economia – Produto Interno Bruto (PIB) – este ano foi mantida em 3,3%. Há quatro semanas, estava em 3,4%. Essa projeção está no boletim Focus, publicação semanal do BC elaborada com base em estimativas de analistas do mercado financeiro para os principais indicadores da economia. A expectativa para o crescimento da produção industrial, em 2012, também foi mantida, em 3,43%. A projeção para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB passou de 37,35% para 37,40%. D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 7
O Brasil em 2012 A presidente Dilma acredita que 2012 será ‘necessariamente melhor’ para economia
O
cenário nebuloso da economia européia que acaba contaminando os mercados globais não tira a visão relativamente otimista da presidente Dilma Rousseff. “Não só estamos encerrando o ano com estabilidade e crescimento, mas sobretudo com visão de que 2012 será necessariamente melhor do que 2011, o que não é pouca coisa diante da crise e da insensatez política que vivenciamos este ano nos EUA e na Europa”. O IBGE apurou que a economia brasileira estagnou no terceiro trimestre de 2012.
A taxa de crescimento acumulado do PIB brasileiro em 2011 é de 3,2%. “Nossa situação hoje é muito diferente de muitos países do mundo que ainda estão submetidos às regras do FMI, a uma desregulamentacão financeira absurda e à perda de capacidade de seus estados de agir sobre suas economias.” Para Dilma os analistas erraram em suas previsões sobre o desempenho brasileiro diante da turbulência internacional. “Aqueles que no início deste ano previram uma crise cambial e disseram que nos te8 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
A presidenta Dilma Rousseff visita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo, SP
ríamos graves problemas diante do encolhimento do mercado mundial não foram corretos em suas previsões”, disse. “Nós sabemos, por ter passado por isso, que combater crise com recessão não dá certo.” Trechos da fala da presidente Dilma. Eu sei que 2011 não foi um ano fácil para o mundo, principalmente, mas em relação ao mundo foi um ano bem melhor para o Brasil. Nós sabemos que uma crise de confiança hoje atinge os países desenvolvidos, principalmente os países do Hemisfério Norte, sobretudo os Estados Unidos e os países da
Zona do Euro, da União Européia. Nesses países, a crise vem se traduzindo em recessão, instabilidade, sobretudo, num grande mal que é o desemprego. Nós vemos taxas de desemprego assustadores por todos os países da Europa e pelos Estados Unidos. Sabemos também que, no mundo globalizado, nenhum país está imune aos efeitos da crise. O Brasil tecnicamente não está imune aos efeitos da crise, mas o Brasil conquistou e construiu todas as condições para transformar esse momento de crise não só num momento em que a gente tem capacidade de reagir e resistir,
mas em um momento em que temos capacidade de construir oportunidades diante da crise; não que nós vamos considerar que quanto pior o mundo, melhor para nós. Não se trata disso, pelo contrario, nós sabemos que temos uma relação estreita com todo mundo, mas o Brasil – até que porque enfrentou 20 anos de estagnação, recessão, desemprego – se preparou e chegou aqui em 2011, com condições de reagir. E, sobretudo, contando com as suas forças, contando sobretudo com as suas forças. Até outubro deste ano, por exemplo, foram gerados 2,2 milhões de D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 9
novos empregos, de janeiro a outubro. Nós temos, hoje, uma das taxas mais baixas: 5,8%. O PIB – que nós tivemos de, deliberadamente, diminuir o ritmo de aceleração que nós estávamos vivendo – cresceu, apesar de todas as consequências da crise, 3,2%. Exportamos US$ 234 bilhões até novembro, recorde histórico e, melhor ainda, as nossas exportações vêm crescendo a uma taxa superior às importações. E aqueles que, no início desse ano, previam e predisseram uma crise cambial e disseram que nós teríamos graves problemas diante do encolhimento do mercado internacional, não foram corretos nas suas previsões. Nós recebemos até outubro 56 bilhões de investimentos diretos externos e, tanto nossas reservas externas como a nossa capacidade de gerar crédito diante da crise, permanecem fontes seguras de que o Brasil tem hoje uma situação de maior solidez. Nós podemos dizer que tivemos um ano, em relação ao mundo, muito bem sucedido. Com o trabalho de todos os brasileiros e muita obstinação, nós soubemos administrar as ameaças que atingem a todas as economias do mundo. E administrar as suas características mais perigosas e conseguimos, sobretudo, nos antecipar a algumas dificuldades. Porque percebemos, de forma um pouco anterior a muitos outros, que haveria uma situação muito grave na Europa, situação essa que, até agora, não foi solucionada. E, por isso, tomamos várias medidas, em tempo hábil, de proteção da indústria e da economia, do setor agrícola e do setor de serviços. Não só estamos encerrando o ano com estabilidade e com crescimento, mas, sobretudo, com visão de que 2012 será, necessariamente, melhor que 2011, o que não é pouca coisa diante da crise e da insensatez política que nós vivenciamos ao longo deste ano, tanto nos Estados Unidos como na Europa. Muitas 10 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
O Brasil recebeu até outubro 56 bilhões de investimentos diretos externos e, tanto nossas reservas externas como a nossa capacidade de gerar crédito diante da crise, permanecem fontes seguras.
pessoas podem esperar que terão, necessariamente, uma situação em 2012 diferente da de 2011. Essas pessoas que esperam isso, elas estão certas. Nós aprendemos que a melhor ferramenta que a sociedade pode contar para estimular seu desenvolvimento social e econômico é ter, de fato, uma parceria entre o setor público e a sociedade, as empresas privadas, os trabalhadores. E, ao ter clareza de que o Brasil hoje se constitui, além disso, numa democracia forte, nós sabemos que a nossa situação, hoje, é muito diferente de muitos países do mundo que ainda estão submetidos às regras do Fundo Monetário Internacional. Há uma desregulamentação financeira absurda e, sobretudo, há perda de capacidade de seus Estados de agirem sobre a sua sociedade, suas economias. Daqui até 2014 eu asseguro a vocês que muita coisa vai mudar no Brasil e vai mudar para melhor.
Nós vamos preparar o Brasil e os brasileiros para essa era do conhecimento, para essa era que tem na ciência, na tecnologia e na inovação um dos seus grandes marcos e, por isso mesmo, para um período de grande prosperidade. Não só vamos nos livrar da extrema pobreza como também vamos buscar, a cada dia mais, aperfeiçoar a qualidade do serviço público prestado. Isso é condição para que este país tenha, de fato, uma grande classe média, cada vez mais numerosa, e que construa uma base sólida para que nós nos transformemos num dos polos mais dinâmicos da sociedade, da cultura e da economia internacional. Aqui, hoje, nós temos duas atividades importantíssimas para o nosso país: a cultura e o esporte. E eu acredito que um país que não incentive sua cultura, que não diversifique suas manifestações culturais, é um país que não expande a sua alma. A alma do nosso país é uma alma diversificada, multiétnica, com manifestações culturais das mais variadas. Nós temos aqui grandes artistas que foram premiados justamente, homens e mulheres. Nós temos, também, uma premiação do esporte, que é muito importante para um país que vai sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, mas que, sobretudo, percebe que tanto a cultura como o esporte são instrumentos de elevação social tão importantes como a educação, a distribuição de renda, o Bolsa Família, e todas as políticas sociais do meu governo. Por isso, eu queria encerrar dizendo: nós vamos continuar trabalhando para fazer do Brasil um país mais justo, um país em que toda a sua riqueza, tanto a material como a cultural, se manifesta de forma ampla e que envolva principalmente a nossa juventude. Vocês não tenham dúvida: nós começamos, no ano de 2011, uma era de prosperidade para este país e para os brasileiros. n
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A
ECONOMIA BRASILEIRA ATIngiu nos últimos
anos uma musculatura tal que, mesmo com uma ruptura global, o Produto Interno Bruto (PIB) encerraria 2012 com crescimento de 1,5% a 2%. A observação é do ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola, e não se baseia em mero exercício de otimismo. Resulta da confiança em uma economia que nos últimos 20 anos soube se preparar para enfrentar crises. Num cenário mais provável, o PIB cresce 3,3%, a inflação fecha em 5,4% e a Selic, em 9,50%.
UMA ECONOMIA CONSISTENTE
O economista Gustavo Loyola acredita que a economia brasileira mostrará crescimento já no começo de 2012 12 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
Em entrevista à Agência Estado, Loyola faz seu prognóstico para a economia brasileira em 2012, lista avanços, aponta falhas e identifica o que para ele será o maior desafio da presidente Dilma Rousseff e de sua equipe econômica: substituir a política que busca crescimento por meio de estímulos à demanda por outra que compreenda estímulos à ampliação da oferta. O ex-BC critica a política de ajuste do salário mínimo, que em 2012 será aumentado em 14% nominais, por entender que além de impactar os gastos da Previdência com pensões e aposentadorias, poderá impulsionar a demanda. A seguir, os principais trechos da entrevista. Qual a sua expectativa para a economia brasileira em 2012? Loyola. A economia mostrará crescimento já no começo do ano. Diria que começa relativamente baixa, mas a tendência, com os efeitos da redução da taxa de juros e afrouxamento das medidas macroprudenciais, deverá ganhar velocidade ao longo de 2012.
Qual a taxa de crescimento que o senhor espera para o ano que vem? Loyola. Estamos com crescimento em torno de 3,2% e 3,3%. É um crescimento baixo, não é? Loyola. É, mas é possível. O pano de fundo é um crescimento baixo no mundo, principalmente na Europa, Japão e Estados Unidos. Não é um cenário dos mais favoráveis para o PIB doméstico. Mas não dá para acelerar demais porque não há como se fazer isso sem trazer desequilíbrios para a economia. Para o Brasil, crescimento em torno de 3% é um número bom, dado a este ambiente que existe no mundo. E quais são os setores que podem ajudar mais neste crescimento? Loyola. Os setores que tendem a ser menos atingidos e, portanto, os mais favorecidos no ano que vem são os voltados para o mercado doméstico. E qual sua previsão para a inflação? Loyola. Estamos com um IPCA de 5,4%, abaixo da inflação que se observa em 2011. Ficaremos acima do centro da meta, de 4,5%, mas dentro da margem de tolerância, que vai até 6,5%. É uma combinação boa, PIB de 3,3% e uma inflação de 5,5%? Loyola. Não é boa porque a inflação é relativamente alta Preferia um IPCA mais baixo porque esta inflação é ruim para a atividade econômica e, principalmente, porque corrói o poder de compra dos mais pobres. Mas, dadas às circunstâncias externas e às nossas dificuldades estruturais, teremos o que é possível. O senhor é a favor desse novo “modus operandi” do Banco Central?
Uma coisa é baixar os juros e ficar nisso. Outra coisa é o governo disparar todas as baterias para obter o maior PIB possível. Numa situação desta, eventualmente, você pode ter um excesso de estímulos.
Loyola. Eu não sei se o BC mudou o modus operandi. Diria que tem reagido às mudanças da conjuntura econômica. O que ele (BC) diz é que há uma conjuntura ruim, com riscos de crise na Europa a qual vem se antecipando. Talvez você se refere à mudança no sentido de um BC mais disposto a se expor ao risco inflacionário. Até admito que dependendo da conjuntura pode-se ter uma inflação acima da meta e que o BC aceite isso. Mas o próprio Tombini [Alexandre Tombini, presidente do Banco Central do Brasil) diz que não é isso. Que ele ] está buscando a meta. Nesse caso, nenhuma crítica a fazer. O aumento de 14% do salário mínimo em 2012 não acaba dificultando o trabalho do BC? Loyola. Sem dúvida! Essa política do mínimo é muito ruim do ponto de vista da política econômica. A
ideia de que se pode aumentar salários impunemente é ilusória. Ter o objetivo de, no longo prazo, de aumentar os salários é muito bom. Mas até que ponto se faz isso por decreto? A gente tem que ir numa trajetória de recuperação do mínimo que possa ser absorvida pelo sistema produtivo. Esse aumento não representa impacto apenas sobre as contas da Previdência. Do ponto de vista da demanda, ele é expansionista. O BC precisa tomar cuidado porque os juros agem com certa defasagem. Mexe na alavanca hoje e só vê o resultado daqui a um tempo. Por isso os BCs precisam ser cautelosos para evitar erros tanto para mais como para menos. Existe algum risco de o BC ter que retomar as altas de juros? Loyola. Não é o cenário mais provável, mas é algo que deve ser considerado, sim. Dependendo da velocidade de recuperação da atividade no segundo semestre de 2012, há o risco de ter que se voltar a subir os juros. Uma coisa é baixar os juros e ficar nisso. Outra coisa é o governo disparar todas as baterias que tem para obter o maior PIB possível. Numa situação desta, eventualmente, você pode ter um excesso de estímulos. Em 2012 o governo terá de tirar do papel os investimentos para as obras da Copa do Mundo e outros projetos Loyola. Pois é! Em 2012 o governo não terá como fazer uma expansão fiscal vis-à-vis. Eu acho muito difícil — embora o ministro Mantega [Guido Mantega, ministro da Fazenda] esteja insistindo neste ponto — que o governo consiga em 2012 uma execução fiscal igual a de 2011, economizando 3,1% do PIB. A Tendências trabalha com quanto? Loyola. Trabalhamos com um superávit primário entre 2,6% e 2,7% D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 13
do PIB. Não estou dizendo que seja um número ruim porque diante das circunstâncias, de fato, não é. Mas não deixa de representar uma expansão nos gastos em relação a este ano. O senhor considera que o governo fez a parte dele este ano, usando a política fiscal para ajudar o BC no combate à inflação e redução da demanda? Loyola. Sem dúvida que sim. Esta é uma coisa que precisamos reconhecer. De fato o governo andou na mesma direção do BC e certamente ajudou a abreviar o ciclo de alta. Talvez a trajetória de alta da Selic tivesse sido maior se não fosse este esforço conjunto. Agora, de todo modo, apesar de todo esse esforço, ainda temos uma inflação alta no País, especialmente a de serviços, que é pouco sensível à taxa de juros. Qual o principal desafio para o governo a partir de 2012? Loyola. O desafio para a presidente Dilma do ponto de vista da política econômica é passar de uma política que busca aumentar
Mesmo num quadro de ruptura da economia global, o Brasil tem todas as condições de se defender razoavelmente bem. Eu acho que o Brasil, por exemplo, não teria um cenário de recessão.
o crescimento através de estímulos à demanda para outra que tenha a ver com o deslocamento para mais oferta. Isso significa medidas voltadas para reformas e investimentos
em infraestrutura, que aumentem nossa capacidade produtiva e melhore a nossa competitividade. O Brasil tem se defrontado com dificuldades de competitividade. Precisamos de medidas na direção da melhora da produtividade. Qual a sua previsão para a taxa de juros no ano que vem? Loyola. Estamos trabalhando com a continuidade do ciclo de queda para, no mínimo, 9,5% ao ano. Mas pode ir até mais, dependendo do cenário externo. De modo geral, percebe-se que o senhor não vê 2012 como um ano muito bom, mas nada de catastrófico também, não é? Loyola. Eu acho que o cenário não é catastrófico. O caso do cenário catastrófico viria se ocorresse uma ruptura na economia mundial. Mesmo num quadro de ruptura, o Brasil tem todas as condições de se defender razoavelmente bem. Eu acho que o Brasil, por exemplo, não teria um cenário de recessão. Não cresceria 3,5%, mas expandiria algo entre 1,5% e 2%. n
ENTRADA DE DÓLARES NO PAÍS SUPEROU SAÍDA EM US$ 65,279 BILHÕES EM 2011
A
s saídas de dólares superaram as entradas, em dezembro de 2011, segundo dados do Banco Central (BC). Em dezembro de 2011, o saldo negativo do fluxo cambial ficou em US$ 1,943 bilhão. Em todo 2011, a entrada foi maior do que a saída, registrando saldo positivo de US$ 65,279 bilhões, com aumento de 168% em relação aos US$ 24,354 bilhões de 2010. Foi o segundo melhor superávit cambial da série histórica, atrás apenas do de 2007, quando o saldo líquido de dólares no país chegou a US$ 87,45 bilhões, nas contas do BC. O segmento financeiro (registro de investimentos em títulos, ações, remessas de lucros e dividendos ao exterior, entre outras operações) registrou saldo negativo de US$ 3,625 bilhões no mês passado, e acumulou no ano resultado positivo de US$ 21,329 bilhões. 14 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
ENQUANTO ISSO, NO JAPÃO
O fluxo comercial — relacionado a operações do comércio exterior — ficou positivo em US$ 1,681 bilhão, no mês, e em US$ 43,950 bilhões, em 2011. O BC também informou que a posição de câmbio dos bancos ficou vendida, o que indica aposta na queda do dólar, em US$ 1,583 bilhão, em dezembro. Em novembro, essa posição era comprada (indicando expectativa de alta do dólar) em US$ 1,031 bilhão. n
As reservas em moeda estrangeira do Japão cresceram em dezembro pelo terceiro mês consecutivo e alcançaram o montante recorde de US$ 1,54 trilhão, segundo o Banco do Japão (BOJ). As reservas registraram alta de 13,5% com relação a dezembro de 2010 devido à necessidade do banco central japonês de injetar liquidez ao sistema bancário para estimular a economia. As reservas japonesas, menores apenas que as da China, cresceram principalmente pelas operações de venda de ienes efetuadas pelo governo e o Banco do Japão para desvalorizar a moeda local, que nos últimos meses registrou vários máximos históricos frente ao euro e ao dólar. n
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em encontro em Brasília FOTO MARCELLO CASAL JR._ABR
PROJEÇÕES A DIVERGENTES
O QUE PARECE AS PROJEÇÕES
Banco Central e Governo têm números diferentes sobre o crescimento da economia brasileira em 2012
sobre as possíveis configurações do quadro econômico se mostram no mínimo promissoras para o Governo brasileiro. A presidenta do Brasil Dilma Roussef acredita que no que se refere à crise financeira mundial, que teve um efeito no máximo moderado sobre a economia brasileira, o pior já passou, não havendo maiores expectativas em torno de impactos negativos futuros. Ela garante ainda que “ 2012, será um ano muito melhor do que 2011.” Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, por sua vez, assinala D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 15
que o Brasil irá crescer no mínimo 4,5%, acima da média de 4% dos oito anos do governo do presidente Lula. Mantega e Dilma Rousseff prefixaram uma marca de 5% do crescimento do Produto Interno Bruto Brasileiro, para 2012, e Rousseff justifica esta postura positiva, asseverando que o Brasil dispõe de recursos próprios para fazer frente à crise, além de muita saúde no sistema financeiro, e reservas internacionais consideráveis. Guido Mantega por outro lado, menciona as medidas de barateamento do crédito e as isenções fiscais estabelecidas como estimuladoras do consumo, como fatores de impulso desse crescimento previsto. Em contrapartida, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, teria revelado em conversa com economistas, que as projeções do BC, diferem das perspectivas do Ministério da Fazenda, partindo da premissa de que, enquanto o primeiro se volta mais para o mercado, o segundo se detém mais nas expectativas dos consumidores. Tombini adianta ainda que no primeiro trimestre de 2012, a economia brasileira apresentará sintomas de recuperação, podendo inclusive fechar o ano com um crescimento de acima de 4%. Todo esse panorama de esperanças de um upgrade na economia brasileira, se resume numa frase até emblemática de Dilma Rousseff sobre o assunto:”Vamos entrar o ano em ritmo de cruzeiro,” enfatiza a presidenta. O mercado financeiro a seu turno, não deixa por menos, fazendo coro a toda esse compasso de comemoração antecipada de uma possível recuperação no cenário
Posso assegurar que em 2012 o Brasil estará crescendo mais do que em 2011. Teremos um câmbio mais favorável à indústria e o crédito mais barato para os consumidores. GUIDO MANTEGA
econômico brasileiro, ao estabelecer um consenso de 5% de crescimento do PIB, com expectativas de uma inflação controlada na faixa dos 5,5%, e o índice de desemprego na casa dos 6%. Todo esse otimismo encontra respaldo na própria intenção do ministro da Fazenda Guido Mantega no sentido de manter um clima positivo em torno de uma estimativa de crescimento do PIB, dentro de uma filosofia do próprio Governo brasileiro no sentido de evitar que estimativas adversas de um crescimento menor, contaminem as possíveis perspectivas de investimento, com reflexos marcantemente negativos para a própria econo-
mia do país em si. Assim sendo, as projeções de PIB do Ministério da Fazenda acabam sendo mais altas do que as Banco Central,por exemplo, que por sua vez são assentadas de repente em bases mais técnicas e realistas e menos comprometidas com manobras possivelmente otimizadoras da política econômica brasileira. As 153 páginas do Relatório Trimestral do Banco Central se apresentam por demais reducionistas em relação as projeções de Mantega, ao estabelecer uma previsão de crescimento de apenas 3,5% para 2012, o que fez com que o Ministro da Fazenda a considerasse menos precisa, já que não bate com os 4,5% anunciados por ele. Os dados do Relatório do BC ainda vão mais além ao apontar para um crescimento de 2% para a indústria, 2,9% para o comércio, e um percentual de consumo das famílias, em torno de 4%. Números pouco expressivos, mas suficientes tocar o barco para a frente, acontece que o diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, advertiu que se o crescimento econômico ficar muito concentrado no segundo semestre de 2012, poderá em decorrência “gerar pressões inflacionárias em 2013.” Resumindo, enquanto as metas e dados de crescimento do governo visam criar um clima de estímulo ao aquecimento da economia brasileira, as estimativas de fontes menos comprometidas com esse desiderato governamental apresentam dados bem mais frios e realistas em torno das expectativas de crescimento econômico politicamente tão acalentadas e difundidas. n
O principal instrumento usado pelo BC para alcançar essa meta de inflação é a alteração na taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 11% ao ano. A expectativa a taxa ao final de 2012 permanece em 9,5% ao ano. ANOTE.
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BRASIL, SEXTA POTÊNCIA ECONÔMICA
O Brasil fechou o ano de 2011, como a sexta potência econômica mundial, desbancando a Inglaterra, e ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França, e a estimativa é de que ele ultrapasse todas as economias europeias, inclusive a Alemanha, por volta de 2020. A classificação confirmada pelo Centro de Pesquisa Econômica e Negócios, encontrou respaldo na imprensa britânica, a ponto de o jornal britânico Daily Mail afirmar que o Brasil “ está se tornando rapidamente uma das locomotivas da economia global.” Dados generosos apontam para as potencialidades que propiciam o Brasil a se tornar um expressiva potência no cenário econômico internacional, como uma diversidade climática propiciante de uma produção agrícola bem variada, com várias safras anuais uma produção industrial de destaque, e uma imensa costa de 7.000 km facilitando a saída de sua produção para outros países. O privilégio de ter a quinta maior população e a quinta maior extensão de terra do mundo, além da maior biodiversidade, completa o elenco de atributos conducentes do Brasil a condição de uma relevante potência no cenário internacional. Acontece que problemas básicos e graves ainda recorrentes por baixo do verniz de país emergente ainda precisam ser resolvidos para que o Brasil possa usufruir com a plenitude a condição de sexta potência mundial. A tributação elevada, a baixa qualidade da educação, a desigualdade social gritante, a alta concentração de renda, as diferenças regionais muito marcantes, a falta de infraestrutura, e os já famosos e notórios índices de violência, ainda são entraves básicos para que o Brasil possa ostentar com letras garrafais o pomposo título de grande potência mundial. Estatisticamente os números apontam para um crescimento, que para que se consolide se faz necessário ser socialmente partilhado, já que no que se refere ao fator social, o Brasil ainda está muito longe de se ombrear a uma potência, deixando ainda muito a desejar. n
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O CEARÁ PROJETA 2012
últimos meses, a possibilidade de recessão na Europa e a lenta recuperação da economia norte-americana, poderá ser um fator de influência nos resultados projetados para o corrente ano. Finanças públicas. Por outro lado
Banco Central e Governo tem números diferentes sobre o ccrescimento da economia em 2012
O
INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA
Cearense-IPECE, órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Governo do Estado prevê para começar, um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará em 5,0% para 2012, um índice superior até ao desempenho nacional previsto de 3,4 % para o mesmo período. A projeção inclui ainda um crescimento de investimentos em diferentes áreas, principalmente nos setor social e no segmento de infraestrutura. De acordo com o diretor geral do IPECE, eonomista Flávio Ataliba, o volume de investimentos públicos realizados no Ceará nos últimos anos, vem garantindo uma dinâmica própria na economia cearense, propiciando um crescimento muitas vezes até superior à média nacional. Ataliba adianta ainda que os resultados previstos para 2012, são até superiores aos alcançados no ano anterior, mas para que isso aconteça, necessário se faz que segmentos como o Comércio Varejista e a Construção Civil, continuem a apresentar o mesmo desempenho positivo, bem como se verifique uma recuperação das atividades industriais cearenses. Contudo, apesar da corrente de comércio internacional do Ceará, correspondente á soma das exportações e importações, apresentar uma previsão de crescimento para 2012, dado o comportamento do setor externo nos 18 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
5,0
%
é a projeção média de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) — a preço de mercado — do Ceará em 2012, podendo oscilar entre 4,5 e 5,5%, o que é superior à estimativa de fechamento que foi de 4,10%.
25,8
%
é o percentual para a educação previsto no Orçamento do Ceará de 2012 acima dos limites legais estabelecidos — R$ 2,8 bilhões. Na saúde a cifra é de R$ 1,51 bilhão. Já a despesa com pessoal está prevista em 39,51% da receita corrente líquida.
há uma estimativa de receita de, cerca de R$ 17,02 bilhões, por parte do Governo do Ceará, e uma despesa de R$ 16, 75 bilhões, gerando assim a projeção de um superávit primário de R$ 262 milhões. Um dos fatores que poderão contudo afetar o ritmo de crescimento da economia cearense, de acordo com o diretor geral do Ipece, é justamente a queda de repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE), por conta da recente redução da alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por parte do Governo Federal para alguns produtos, visando um aumento de consumo de bens por parte da população. Por sua vez, o incremento da arrecadação de Imposto sobre Consumo de Mercadorias e Serviços (ICMS), pode se tornar um fator compensatório de parte da redução das despesas estaduais, decorrente do FPE. Algumas ações da Secretaria da Fazenda, estão projetadas para contribuir para crescimento da arrecadação estadual em 2012, como a redução em média de 10,45% da base de cálculo do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), bem como a continuidade da política de redução e isenção do ICMS sobre produtos selecionados, que tem colaborado para a ampliação da base de incidência do imposto, e consequentemente, aumento da arrecadação. O estudo do Ipece assinala ainda a ampliação do Programa Notal Fiscal Eletrônica, a modernização do setor de tecnologia da SEFAZ através da implementação do Sistema de Gestão Tributária SIGET, a implementação
A ECONOMIA CEARENSE NO 3º TRIMESTRE DE 2011
Taxas trimestrais do PIB e das atividades econômicas do Ceará no 3º trimestre de 2011 39,4%
Agropecuária
10,4%
Alojamento e Alimentação Outros serviços
7,0% 4,5% 4,5% 4,3% 3,7% 3,7% 3,4% 3,4% 1,3%
Construção Eletricidade, Gás e Água Comércio PIB Transportes Aluguéis Intermediação Financeira Administração Pública Transformação -15,5% Comércio -15,6% -20,0
-10,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
FONTE: IBGE E IPECE - INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATEGIA ECONOMICA DO CEARA
Algumas ações da Secretaria da Fazenda, estão projetadas para contribuir para crescimento da arrecadação estadual em 2012, como a redução em média de 10,45% da base de cálculo do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores de seis scanners para o combate ao contrabando e sonegação fiscal em postos de fiscalização na divisa do Ceará e a ampliação do uso de cartão de crédito para o pagamento de impostos estaduais, como medidas de reforço para a arrecadação prevista para 2012. Essas ações garantem o financiamento dos investimentos previstos para o presente ano de R$ 3,8 bilhões.
Orçamento. A previsão orçamen-
tária de 2012 estabelece o percentual de 25,8% para a educação e 14,8% para a saúde, representando respectivamente R$ 2,8 bilhões e R$ 1,51 bilhão, enquanto a despesa com pessoal prevê o percentual de 39,51% da receita corrente líquida. Já o montante destinado em 2012 para a área social atinge o valor de R$ 4,71 bilhões, enquanto são destinados R$ 460 milhões
para o setor agrário, R$ 253, 5 milhões para desenvolvimento social e trabalho, e R$ 213 milhões para a área de segurança pública. Essas perspectivas se encontram na edição especial do Ipece- Informe número 22 de dezembro de 2011, em matéria que tem como título” Perspectivas da Economia Cearense”. Acesso completo ao trabalho pelo site www. Ipecde. ce.gov.br. n
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CONFIANÇA MENOR
Confiança da construção civil recua no último trimestre de 2009, aponta Fundação Getúlio Vargas
O
ÍNDICE DE CONFIANÇA DA CONSTRUÇÃO (ICST), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou queda de 9,9% no último trimestre do ano passado, na comparação com igual período de 2010. O índice médio passou de 138,7 pontos para 125,0 pontos.
Esse recuo, no entanto, foi menos intenso do que os registrados nos trimestres terminados nos dois meses anteriores: em outubro (-10,4%) e novembro (-10,2%), segundo mostra a pesquisa Sondagem da Construção, da FGV. Entre os grupos que mais indicaram queda na confiança estão a construção de edifícios e obras civis com 124,1 pontos ante 140,0 pon-
tos no último trimestre de 2010; aluguel de equipamentos de construção e demolição (de 133,1 para 111,6 pontos). As quedas foram menos acentuadas nas atividades de preparação do terreno (de 134,0 para 126,2 pontos), obras de infraestruturas para engenharia elétrica e telecomunicações (de 129,4 para 125,2 pontos) e obras de acabamento (de 127,3 para 125,0 pontos). O que mais influenciou o resultado foi a avaliação sobre o momento atual dos negócios. O Índice da Situação Atual (ISA-CST) passou de 136,7 pontos para 119,2 pontos, um recuo de 12,8%. Foram consultadas 704 empresas e 34,8% dos entrevistados apontaram a situação atual como boa, ante 49,6% que tinham feito a mesma avaliação em igual período de 2010. Para 9,7% dos entrevistados, a classificação foi de um quadro ruim, o que significa aumento do pessimismo já que, no ano anterior, a taxa tinha atingido 5,4%. n
EMPREGO NA INDÚSTRIA, QUEDA DE 0,1% EM NOVEMBRO O emprego na indústria caiu pelo terceiro mês consecutivo. Em novembro de 2011, a taxa de ocupação no setor foi de -0,1%, comparada ao mês anterior. A redução do contingente de trabalhadores já tinha atingido taxas negativas em setembro (-0,4%) e outubro (-0,5%), na comparação mês a mês. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a redução do número de vagas na 20 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
indústria foi de 0,5%, a mais intensa, desde janeiro de 2010. O recuo foi registrado em sete das 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário, a indústria paulista foi a que mais impactou a média global entre as regiões pesquisadas. A taxa de emprego industrial em São Paulo foi de -3,7%,
provocada por taxas negativas em 15 dos 18 setores investigados. A maior redução no total do pessoal ocupado foi registrada nas indústrias de borracha e plástico (-11,9%), seguida pela indústria de alimentos e bebidas (-3,9%), de produtos de metal (-6,5%), de calçados de couro (-15,9%), de vestuário (-5,8%) e de metalurgia básica (-9,0%). As contribuições positivas sobre o total do pessoal ocupado
vieram do Paraná (5,3%), região Norte e CentroOeste (2,4%), Rio Grande do Sul (2,2%) e Minas Gerais (1,6%). Apesar de o setor de alimentos e bebidas ter sido um dos responsáveis pelas taxas negativas tanto de São Paulo, onde a queda no setor foi de 3,9%, quanto de outros estados como o Ceará (4,5%), esse segmento foi apontado pelo IBGE como um dos que impactaram mais positivamente a média global do emprego industrial. n
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ELEIÇÕES MUNICIPAIS
APADRINHAMENTO FUN Apesar da fama dos apadrinhamentos políticos nas eleições municipais, o sociólogo Alberto Carlos Almeida afirma não acreditar que Lula possa influenciar sobre o voto do eleitorado nas próximas eleições para prefeito. POR ELIZABETH LOPES
A
S ELEIÇÕES MUNICIPAIS DO ANO QUE VEM JÁ COMEÇAM
a movimentar os bastidores da política brasileira. Na corrida para as principais prefeituras do País, alguns candidatos sem histórico em uma disputa desse porte estão apostando boa parte de suas fichas nos padrinhos políticos Um dos casos mais emblemáticos é o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem forte apelo popular e conseguiu emplacar o ministro da Educação, Fernando Haddad, 22 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
para disputar a maior prefeitura do País, a de São Paulo, pelo Partido dos Trabalhadores, desbancando nomes tradicionais como a da senadora e ex-prefeita Marta Suplicy. Apesar da força política do ex-presidente Lula, que atualmen-
te está fazendo tratamento para combater um câncer na laringe, mas já prometeu voltar à ativa em breve, inclusive com a promessa de subir nos palanques de seus afilhados políticos, há quem duvide da inf luência de tais padrinhos sobre o eleitorado nesse tipo de eleição. Em entrevista exclusiva à Agência Estado, o sociólogo e cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, atesta: "O apoio do Lula numa eleição municipal é mito." Segundo Alberto, que também é autor dos livros "A Cabeça do Brasileiro", "A Cabeça do Eleitor" e "Erros nas Pesquisas Eleitorais e de Opinião", muitos candidatos apoiados por Lula nas eleições municipais de 2008 perderam o pleito, inclusive a ex-prefeita Marta Suplicy, derrotada pelo atual prefeito Gilberto Kassab (PSD).
Ela [ a presidente Dilma] não é uma pessoa que tenha sido socializada no mundo eleitoral, como o Lula, que tem as eleições e a política nas veias, desde os tempos de sindicato.
As eleições municipais do ano que vem podem ser encarada como um trampolim
NCIONA?
para a sucessão presidencial de 2014? Alberto Carlos Almeida. Ao contrário do que muitos imaginam, ela não influenciará em nada o pleito presidencial de 2014. Nas eleições municipais de 2008, por exemplo, Gilberto Kassab venceu a disputa para a maior prefeitura do País (São Paulo) e o impacto disso na eleição presidencial (que elegeu Dilma Rousseff em 2010) foi nulo. E o que está em jogo na disputa que será travada pela maior Prefeitura do País, a de São Paulo?
Alberto. Eu creio que vai estar se definindo as forças que disputarão a sucessão ao governo estadual em 2014. Isso é o mais importante. Como o Kassab tende a ser candidato ao governo paulista, é crucial para ele manter o controle da Prefeitura. E seguindo essa lógica, o seu candidato tem nome e sobrenome: Henrique Meirelles (ex-presidente do Banco Central, recém filiado ao PSD de São Paulo). E Meirelles tende a ser um nome competitivo, já que não tem experiência numa eleição majoritária? Alberto. Antes de preparar o Meirelles para essa disputa, tem uma coisa que antecede os planos de Kassab: melhorar a avaliação de sua administração à frente da Prefeitura de São Paulo. O seu candidato pode ter o maior carisma do mundo, mas se sua ad-
ministração não tiver aprovação da população, ele não elege nem o Lula. Caso ele consiga melhorar o índice de aprovação, é inteiramente possível preparar Meirelles, que é um nome forte, para essa disputa. E o ministro Fernando Haddad, pode levar vantagem por ter o apoio de um padrinho político de peso, como o ex-presidente Lula? Alberto. O apoio do Lula é um mito. Lula apoiou muitos candidatos nas eleições municipais de 2008 e muita gente perdeu. Marta Suplicy foi derrotada em São Paulo e este é só um exemplo entre tantos. Até em Pernambuco, onde ele era ou ainda é considerado um ‘santo’, enfrentou dificuldades e também perdeu em algumas localidades, como em Jaboatão. O apoio é importante quando tem o ocupante do cargo (querendo fazer o sucessor). O Lula na eleição em 2008 não foi fundamental para eleger prefeito, mas foi em 2010 para eleger sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff. O prefeito é crucial para eleger o prefeito, governador para eleger o governador e o presidente para eleger presidente. Fora disso, é mito. E a escolha de Fernando Haddad para disputar a prefeitura pelo PT foi acertada? Alberto. A escolha é muito boa para o PT porque o partido já terá os votos maciços da periferia da cidade, como os da zona leste e extrema zona sul. Com o Haddad, o partido tenta escolher um candidato palatável para além da periferia. Os votos da periferia serão dados para o candidato do PT, qualquer que seja ele, se for você, eu ou o Haddad. Ele poderá tentar abrir uma margem, uma folga muito grande no eleitorado de classe mais baixa ou poderá tentar investir mais no eleitorado de classe mais alta. Mas, sem dúvida alguma, a escolha foi certa. E quanto à ex-prefeita e atual senadora Marta Suplicy? D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 23
Alberto. Marta era a certeza da derrota e o Haddad é a incerteza, tanto da vitória quanto da derrota. Ele, certamente não tem esse ponto negativo da Marta, que é a certeza da derrota E a escolha do deputado Gabriel Chalita para disputar a Prefeitura de São Paulo pelo PMDB foi uma boa aposta, ele é um nome competitivo? Alberto - Acho que será uma campanha difícil para ele, pois já existe na Capital uma disputa clara entre PT, PSDB e a Prefeitura, hoje ocupada pelo Kassab. Para o PMDB entrar nesse terreno já dominado, não será nada trivial, (Chalita) terá de mostrar muito serviço. Já com relação ao PSDB, que ainda não definiu o nome, qualquer que seja o escolhido, a expectativa é que tenha um bom desempenho. Com Haddad, Chalita e Meirelles na disputa em São Paulo, podemos dizer que essa eleição terá o novo em pauta? Alberto. Não creio, pois de novo, temos apenas os nomes dos candidatos, já que todos passam pelas grandes estruturas partidárias, das forças políticas já presentes em São Paulo. E qual a sua visão das eleições municipais em outras cidades do País? Alberto. As candidaturas dos prefeitos das capitais sempre apon-
prefeito na eleição presidencial de 2010, mesmo assim foi derrotado.
O Lula, na eleição de 2008, não foi fundamental para eleger prefeito, mas foi em 2010 para eleger sua sucessora. O prefeito é crucial para eleger o prefeito, governador para eleger o governador.
tam para uma provável candidatura mais à frente no nível regional, ou seja, governo estadual. Temos mais de 5.500 municípios em todo o País, não é possível imaginar que um prefeito eleito terá influência numa eleição presidencial. O Serra (ex-governador tucano José Serra) apoiou o Kassab (no pleito municipal de 2008) e teve o apoio do
E a presidente Dilma Rousseff, deve entrar nessa campanha municipal, como fazia seu antecessor, o ex-presidente Lula? Alberto. É difícil dizer, pois ela não parece estar muito preocupada com isso, veja bem, foi a primeira eleição que a Dilma disputou. Ela não é uma pessoa que tenha sido socializada no mundo eleitoral, como o Lula, que tem as eleições e a política nas veias, desde os tempos de sindicato. A princípio, não parece ser do feitio da Dilma esse tipo de envolvimento, o que pode ser bom, inclusive, na medida em que ela não deverá se envolver em certos conflitos. Sem o apoio explícito é assim: se (o candidato) ganhar, você aproveita menos, mas se perder, você não se dá tão mal. E quais serão os grandes temas em debate nessas eleições municipais? Alberto. Uma eleição municipal acaba se pautando mais pelos temas de interesse local do eleitorado. Portanto, nas grandes cidades, os temas tendem a ser bem variados, mas nas pequenas e médias, um tema obrigatório é a saúde. Aliás, este é sempre um tema em pauta porque não tem saída, não tem solução, é um problema insolúvel. Não há recurso que dê conta da saúde, além de tudo, o modelo do SUS é insustentável. n
Q U E M É . Alberto Carlos Almeida é cientista político, sociólogo e professor
universitário. Discípulo do sociólogo Roberto DaMatta, Alberto é autor do livro “A Cabeça do brasileiro” e também “A Cabeça do eleitor”, ambos da Editora Record. Na primeira obra, ele apresenta a Pesquisa Social Brasileira em poucos conceitos de fácil compreensão . A segunda obra oferece um retrato das pesquisas eleitorais, revelando a lógica do pensamento do eleitor. Alberto dirigiu entre 2002 e 2004 as pesquisas de opinião da Fundação Getulio Vargas e entre 2005 e 2007 as pesquisas de opinião da Ipsos. Alberto também é presidente do Instituto Análise, que atua na área de Pesquisa de Mercado e Opinião Pública. 24 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
M A I O
2 0 1 2 ,
F O R T A L E Z A ,
1. OBJETIVOS Premiar anualmente 30 Cearenses utilizando o critério de influência. No famoso Dicionário Aurélio o adjetivo influente é definido como “quem influi ou exerce influência”. Trata-se de um fato ou ação que afeta pessoas, coisas ou o curso de um evento, especialmente quando funciona sem qualquer esforço aparente direto. Influência também se traduz no poder de influenciar ou afetar, sustentado no prestígio, riqueza, habilidade ou posição. Em qualquer situação, traduz reconhecimento e credibilidade. 2. O PROCESSO O Processo de escolha se inicia em consulta aberta na internet. A lista final é fechada por equipe da Omni Editora. Os escolhidos são comunicados por Carta protocolada assinada pela direção da Omni.
C E A R Á
3. O EVENTO O evento da entrega do Prêmio é totalmente patrocinado pela Omni Editora. Serão entregues diploma e troféu aos homenageados que comparecem ao evento. Simultaneamente circulará edição especial da revista Fale! com o perfil e retrato de todos os Influentes. A edição 2012 acontecerá em maio e terá convidado especial que falará sobre O Brasil e as Megatendências Globais e Regionais. 4. CATEGORIAS SÃO SEIS CATEGORIAS 1. Politicos 2. Empresários&Empreendedores 3. Artistas&Intelectuais 4. Profissionais Liberais 5. Esportes. 6. Ícone w w w . r e v i s t a f a l e . c om .b r
Cibercultura
Política e Cidadania em compasso virtual
As novas tecnologias garantem vias de acesso e perspectivas abertas para o pleno exercício de uma política bem mais cidadã. Parlamentares e comunidade interagem virtualmente na elaboração de projetos e pautas de reivindicação Por Luiz Antônio Alencar Estimulados pelo sucesso de seu partir do sucesso da colega americano, chefes de estado como Sílvio Berlusconi( Itália), estratégia de Barack Angela Merkel( Alemanha) e NiSarkozy(França) passaram a Obama na sua campanha colas adotar a Internet como mídia difuprioritária de suas plataformas nas eleições presidenciais sora e idéias, até mesmo por conta de sua notória e relevante abrangência norte-americanas de 2008, políticos e alcance global. do mundo inteiro adotaram a Internet A façanha de Barack Obama tanto criou escola, como abriu um como a nova mídia imediata, e novo portal para a prática do exervirtual. também como tribuna virtual. Não é cícioAspolítico mídias sociais ganharam relevância com a campanha digital para menos, já que Obama fez farto do presidente eleito dos EUA, Barack Obama, por conta de fatores uso da Web, ao utilizar redes sociais óbvios e determinantes para a sua expressiva vitória nas urnas americomo Facebook, Myspace, Youtube, canas. Ambos os candidatos, ou sejam, Flickr, AsianAve e Twitter.
A
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Cibercultura
Tres momentos de Barack Obama usando o Twitter, uma rede social bem popular. Acima, a página no Twitter remete para o site de campanha que pede doações (ao lado) e, no detalhe, tenta envolver o eleitor tornando-o militante e doador
Tanto Obama como John McCain, possuíam contas em diversas mídias sociais, acontece que a utilização do primeiro de tais mídias, foi bem mais expressiva. Para começar, Obama contava com 130 mil seguidores no Twitter, número que deve ter aumentado, já que contava com atualizações diárias, e seu perfil no Youtube possuía em torno de 1.800 vídeos postados, com 14 milhões de visualizações em ape28 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
nas um vídeo no Youtube,, além de um grupo no Facebook, com 2,3 milhões de membros. Até no Flickr, Obama teve sorte, já que a maioria das fotos de seu perfil não era registrada por profissionais e sim por eleitores voluntários. John McCain por sua vez apresentou um número bem mais pífio de adesões virtuais com menos de
cinco mil seguidores no Twitter sem atualizações diárias, pouco mais de 330 vídeos postados no Youtube, e ausência de perfis no Facebook e Flickr. E para completar Obama criou uma rede social, no caso a mybarackobama.com, através da qual os eleitores puderam criar seus próprios blogs para discurso e o envio de recomendações e mini-sites para arrecadações de ações e organização de eventos. Sedimentando a sua base virtual, Obama ainda
criou depois de eleito o change.gov, um ambiente onde a comunidade pode propor novas idéias e emitir opiniões sobre os temas os mais diversos, criando um link virtualmente democrático de participação social pura e simples no governo, uma aproximação Estado e povo sem precedentes na própria história política mundial. Assim, sendo, bingo, está gerada uma nova forma de exercício da cidadania. Vitrine política na internet. No Brasil já se dispõe de um site, o Politweets, onde se pode ter acesso a dados sobre vários políticos brasileiros, reunindo perfis de representantes públicos, a maioria deles deputados federais, segundo dados mais recentes. Nele além de se disponibilizar uma avaliação pública virtual do homem público, se pode até simular pleitos virtuais, no caso, a twitteleição. O Politweets assinala também o Twitter, microblog que aceita no máximo 140 caracteres, como a ferramenta favorita dos políticos brasileiros, até mesmo pela sua funcionalidade a partir da facilidade de postagens tanto por computador, como através de telefone celular. Enquanto isso, a Câmara dos Deputados lançou sua rede social, o e-democracia, enquanto o Ministério da Cultura lançou a Cultural Digital voltado para uma discussão aberta sobre políticas públicas de cultura digital. Como se trata de um expediente usado livremente e sem direcionamento ideológico ou teórico estabelecido, partindo do princípio de que a Internet é um espaço aberto e sem a trava de jurisprudências e legislações localizadas, o exercício da cidadania tem o desempenho garantido em dimensão virtual ampla e aberta, numa web democracia acolhedora de todas as informações, tendências, opiniões e idéias, configurando consequentemente uma espécie de ágora grega informatizada. (A ágora era a praça na Grécia Antiga
O Brasil dispõe de um site, o Politweets, onde se pode ter acesso a dados sobre vários políticos brasileiros. HERMAN HESSE, coordenador de comunicação social da Assembleia Legislativa
aonde o cidadão tinha viva voz). A mídia social atua assim com desenvoltura nesse leque de possibilidades e disponibilidades tecnologicamente instrumentalizadas. Afinal, o que é mídia social? Trocado em miúdos, a mídia social pode ser definida como a produção de conteúdos sem monitoração editorial de grandes grupos, de forma descentralizada, portanto, em suma uma imenso diálogo partilhado por uma grande diversidade de pessoas, utilizando expedientes e ferramentas de tecnologia online. As mídias sociais apresentam diferentes formatos tais como blogs, mensagens instantâneas, compartilhamento de músicas, e-mails, etc, e diferentemente das mídias tradicionais como televisão, jornais, rádio ou livros, dependem da interação entre pessoas para se concretizar, pura e simplesmente, daí o nome-mídias sociais. A partilha de conteúdos usando a tecnologia como condutor é também outra de sua característica básica. Entre os exemplos de aplicação de mídias sociais destacamos os blogs — publicações edito-
riais independentes — Google Groups(redes sociais, referências —,Wikipedia (referência), MySpace (rede social)Last.fm (compartilhamento de música e rede social), Youtube (rede social e compartilhamento de vídeo), Second Life(realidade virtual), Facebook (rede social), Flickr (rede social e compartilhamento de fotos), Twitter ( rede social e microblogging, Wikis (compartilhamento de conhecimento), entre outros serviços similares. Por outro lado, com o surgimento de novas ferramentas por conta da própria tecnologia virtual, as mídias sociais adquirem amplitude, gerando uma relevante mudança na própria estrutura de poder social, a partir da possibilidade aberta legada ao cidadão comum, de influenciar comunidades e pessoas a partir da geração de novas temáticas e conteúdos, em uma nova e livre performance de cidadania aberta. Assim sendo, as mídias sociais se estabelecem como uma das mais abrangentes formas de mídia surgidas até hoje. Enquanto isso, diversas empresas brasileiras já apostam nas mídias sociais como um importante instrumento de comunicação, relacionamento, vendas e até atendimento de seus clientes. Exemplos como o atendimento pelo Twitter, que a Sky Brasil faz a seus assinantes, a estratégia de divulgação e relacionamento usada pela Rede Globo, e até a estratégia de aproveitamento de conteúdo de blogueiros por parte da Editora Abril, são claro demonstrativos de que as mídias sociais se tornam gradualmente um dado positivo até mesmo nos esquemas de interação produtiva das grandes empresas e corporações brasileiras. Com isso, já começa a se configurar um mercado novo, já que se estabelece a urgência das empresas contratarem profissionais especialistas em mídia social, uma tendência comportamental e tecnológica que ao que tudo indica, veio para ficar. n D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 29
Cibercultura
Glossário das Mídias Sociais As mídias sociais representam um mercado emergente dentro das várias opções de investimentos na Internet. Acontece que o surgimento de novas ferramentas, redes e formas de desempenho a uma velocidade crescente, pede uma atualização constante de termos e inovações que assomam a cada dia nesse novo e fascinante mercado. Vamos a alguns deles BLOG. Um blog é uma página da Web estruturada de modo a permitir uma atualização rápida de informações, geralmente em torno de uma mesma temática. Trata-se de uma ferramenta que pode por exemplo, ser utilizada em uma empresa ou entidade visando otimizar a comunicação entre equipes, departamentos e pessoas. E-MAIL MARKETING. Peças publicitárias em formato HTML destinadas a usuários cadastrados e que deram autorização do recebimento das informações referentes à marca ou à empresa. BUZZ MARKETING. Termo referente a uma estratégia de marketing visando incentivar um indivíduo a repassar a outros de seu âmbito social, certas 30 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
informações acerca de um produto, serviço, etc. REDES SOCIAIS ONLINE. Define-se como rede social uma estrutura que abrange, organizações ou pessoas, conectadas por uma ou vários tipos de relações, e com valores, interesses e objetivos comuns. As Redes Sociais atuam em níveis diferenciados, como por exemplo, as redes de relacionamento como: -Facebook -Orkut -Twitter -Myspace, Ou então em redes profissionais (linkedin), ou mesmo as redes comunitárias, como por exemplo, as redes sociais em bairros ou cidades, ou em um caso mais específico, em redes políticas. Elas permitem uma análise bem ampla de dados relevantes como a forma de desenvolvimento das atividades das organizações, o meio de alcance de objetivos por parte de indivíduos, e até a mensuração, ou seja a medida do capital social obtido pelos indivíduos como a rede social. LINK BUILDING. O processo de estruturamento do total de links externos para um site. NEWSLETTERS.
Informativos com artigos, notícias e sugestões que são remetidos a e-mails com cadastro prévio. BUSCA ORGÂNICA. Links em ordem de relevância em uma página de resultados. FEED. Termo oriundo do idioma inglês, que significa “ alimentar”, os feeds são utilizados para que um usuário da Internet, possa ter acesso e acompanhamento de diversos artigos ou conteúdos de um site ou blog, sem que precise visita-lo. WOMM WORD OF MOUTH MARKETING. Estratégias de marketing que estimulam indivíduos a repassar uma mensagem de marketing para outros, potencializando o conteúdo dessa mesma mensagem. TRANSMÍDIA STORYTELLING. Narrativas e conteúdos que lançam mão de diferentes mídias para completar uma mensagem inicial. Trata-se de uma técnica adequada para atingir públicos diversificados visando criar engajamento sobre uma marca ou um produto. MARKETING VIRAL. Também chamado
de publicidade viral, refere-se a técnicas de marketing que buscam explorar redes sociais pré-existentes, visando a produção de aumentos exponenciais em conhecimento de marca. MÍDIAS SOCIAIS. Conteúdo online criado por indivíduos utilizando tecnologias de publicação como blogs, Facebook, Orkut, Twitter, Myspace, Youtube, etc. SMO. Social Media Optimization é um conjunto de práticas visando gerenciar a presença digital de uma marca nos diversos canais e mídias sociais existentes na web. WIKI. As expressões wiki e Wiki/Wiki são usadas para definir uma modalidade específica de coleção ou documentos em hipertexto ou software colaborativo utilizado para cria-lo. SEEDING. Técnica usada em buzz marketing, representando o ato de disseminar a informação nas redes sociais. SEM. Search Engine Marketing ou Marketing de Busca, é todo o conjunto de estratégias para sites de busca, envolvendo otimização de sites e links patrocinados.
Jijoca de Jericoacoara Cruz
Camocim
Barroquinha Granja
Uruoca Moraujo Viçosa do Ceará
Alcântaras Coreaú
Tianguá
Legendas
Itarema Martinopole
Chaval
Acaraú
Bela Cruz Marco Morrinhos Senador Sá
Amontada
Sobral
Forquilha Flecheirinha Groaíras Mucambo Ipiapina Irauçuba Cariré Pacuja São Benedito Graça Carnaubal Reriutaba Varjota Gua. do Norte Pires Ferreira Santa Quitéria Ipu
Hidrolândia
Ipueiras
Poranga
Ararenda Nova Russas Ipaporanga
Catunda
Tamboril
Trairi
Paraipaba Paracuru Itapipoca Uruburetama Tururu S. Gonçalo do Amarante Itapajé Umirim Fortaleza Caucaia Maracanaú Tejuçuoca Eusébio Pentecoste Pacatuba Aquiraz Apuiarés Maranguape Itaitinga Pindoretama São Luis do Curu Horizonte Palmácia Guaiuba Paramoti Pacajus Pacoti Gen. Sampaio Cascavel Redenção Guaramirangaa Baturité Barreira Mulungu Acarape Chorozinho Beberibe Canindé Aratuba Capistrano Aracoiaba Ocara Itapiuna Itatira Palhano Itarema Madalena Choró Russas
Santana do Acaraú Meruoca Miraima Massare
Ubajara
Croatá
Rede de Fibra DIELÉTRICO DWDM - CHESF OPGW a ser lançado OPMW ADSS Urbano
Mons. Tabosa
Quixadá
Itaiçaba
Aracati
Jaguaruama
Ibicuitinga Limoeiro do Norte
Boa Viagem Crateús
Fortim
Quixeré
Morada Nova Banabuiu
Quixeramobim Independência
S. João do Jaguaribe
Senador Pompeu Milha
Novo Oriente
Alto Santo
Jaguaretama
Solonópole
Jaguaribara Orós
Tabuleiro do Norte
Potiretama
municípios, o que Jaguaribe corresponde a Ererê Tauá Pereiro 85% da população urbana do estado. Quixelô A partir da economia Acopiara Parambu resultante da digitalização, o Catarina Arneiroz Iguatu governo prevê a recuperação Icó do investimento em dois Saboeiro Jucás Cedro anos. O programa não Umari estabelece contudo a abertura Aiuaba Cariús Baixio do sinal para a população, mas L. da Mangabeira Tarrafas Antonina do Norte Ipaumirim se propõe a baratear o custo V. Alegre Farias Brito Granjeiro Assaré de sua utilização na iniciativa Aurora Campos Sales Altanera privada, de modo que a promessa Caririaçu Potengi do governo é justamente oferecer Nova Olinda Barro Juazeiro do Norte 30 megabytes por segundo Santana Cariri Crato ao mercado através de uma Salitre Araripe M. Velha Milagre empresa pública a ser criada. Mauriti Abaiafa Barbalha .020 KM DE FIBRA O programa Cinturão Digital ótica, em um investimento de em torno de Porteiras do Ceará contempla todas as Brejo Santo R$ 65 milhões, o programa Cinturão Digital do Ceará Jardim escolas públicas estaduais com disponibiliza internet em banda larga para prefeituras e Jati acesso á banda larga. A Empresa de Penaforte órgãos públicos do interior do Ceará, com a vantagem Tecnologia de Informação do Ceará adicional de oferecer uma melhoria de infraestrutura à Jardim ( ETICE) recebeu em agosto de 2011, própria comunidade em geral. licença do Serviço de Comunicação Com previsão de conexão para 92 cidades, o Cinturão Digital Multimídia (SCM) para operar o do Ceará estabeleceu uma conexão inicial instalada na sede de 53 Cinturão Digital no Ceará. n Quiterianópoles
Mombaça
Piquet Carneiro Irapuan Pinheiro
Iracema
CINTURÃO VIRTUAL UNIFICA O CEARÁ
3
D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 31
Icapuí
Cibercultura
A mídia social no parlamento
As novas tecnologias garantem vias de acesso e perspectivas abertas para o pleno exercício de uma política bem mais cidadã. Parlamentares e comunidade interagem virtualmente na elaboração de projetos e pautas de reivindicação Por Luiz Antônio Alencar
A
Assembléia Legislativa do Estado do Ceará conta com uma rede de ação interativa com base na Tecnologia da Informação visando gerar todo um painel transparência e visibilidade no intuito de tornar virtualmente público o trabalho da casa legislativa.
Além das mídias tradicionais a Assembléia tem utilizado com ênfase a redes sociais, principalmente o Twitter. Agência AL, a TV Assembléia e a FM Assembléia atuam também virtualmente, ao darem acesso a toda a comunidade de internautas para interação através do twitter e do Facebook. Versões das mídias impressas como a Revista Plenário e o Jornal AL se encontram disponíveis na web, além do acesso ao áudio de pronunciamentos de parlamentares disponíveis à toda a comunidade, inclusive radialistas que quiserem reproduzir as falas dos deputados em seus programas radiofônicos. 32 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
A TV Assembléia lança também a sua enquete virtual sobre temas de maior relevância para a comunidade, com significativa participação popular como um oportuno aferidor de opinião pública de modo a até servir de referência popular na desenvoltura do desempenho legislativo. A chefe da Agência de Notícias da Assembléia Legislativa jornalista Clara Guimarães, menciona o boletim eletrônico e o mailing da casa como outras vias virtuais de modo a compor todo o painel de mídia social da AL, garantindo que a participação de internautas devidamente cadastrados para receberem informações com periodicidade até de tempo real dos eventos da AL, tende a crescer cada vez mais. O cidadão pode cadastrar-se na agência de notícias, e ficar também tendo acesso à dados informativos no mesmo compasso e agilidade, recurso disponibilizado, é claro, para outras unidades de
mídia, por exemplo. Outra via de acesso possibilita acompanhar através de mensagens no celular toda a programação de eventos da AL, outra vertente de mídia social a possibilitar mais uma interação popular nos acontecimentos e fatos do cotidiano do palácio legislativo. O sistema wireless de acesso virtual interno da AL, atende por sua vez a três categorias-visitantes, autoridades e parlamentares, visando controlar o acesso à internet no recesso da AL, no sentido até mesmo de evitar navegações e incursões em sites indevidos. A grande novidade por outro lado é a implantação do sistema digital na TV Assembléia a partir de 2012, com óbvia garantia de qualidade e-upgrade nas suas transmissões televisivas. Trata-se de mais um demonstrativo de que a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará se mostra cada vez disposta a intensificar esse link cada vez mais preciso entre a ação política
e a práxis legisladora e as novas e emergentes tecnologias, compondo assim o quadro cada vez mais ampliado das mídias sociais crescentemente atuantes nesse segmento específico. A editora de Mídias Sociais da Assembléia, Juliana Sampaio, por sua vez explica que as notícias da Agência AL, os projetos que tramitam em plenário e os eventos da Casa, poderão ser acompanhados em tempo real pelo usuário que seguir o endereço. “ A página garante a velocidade das nossas notícias e a transparência do Poder. Qualquer pessoa esteja onde estiver, pode participar de manifestações, enviar sugestões e críticas”, afirma a jornalista. Segundo ainda a comunicadora, o número de seguidores do twitter da Assembléia chega a 3.963, enquanto o facebook reúne 402 seguidores, uma comunidade virtual que inclui políticos, jornalistas e o público erm geral, geralmente apresentando sugestões pas-
síveis de se tornarem temas em pauta no plenário e até futuros projetos de lei. Essa busca de uma proximidade com o cidadão fez com que a Assembléia começasse a abrir canais de redes sociais em 2009, quando foi criado o @Assembleia CE no twitter. Só no microblog a Assembleia possui 2.893 seguidores, o que demonstra que a aproximação entre o Poder Legislativo Cearense e a comunidade se acentua e adquire cada vez mais desenvoltura e transparência através das redes sociais. Além disso as principais ações do legislativo estadual podem ser acompanhadas pelo Facebook, na “ fan page” oficial Assembléia Legislativa do Ceará. Concluindo uma frase do gestor de Comunicação Social da Casa, jornalista Hermann Hesse define a postura da Assembléia Legislativa em relação à utilização racional e direcionada da mídia Social:” Acredito que temos que ir onde o público está. n D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 33
Cibercultura
INTERNET E CIDADANIA
Conheça quais as redes sociais que os parlamentares estaduais cearenses mais usam para informar e interagir e como eles avaliam os resultados do uso dessas ferramentas
FERNANDO HUGO. O Deputado Estadual Fernando Hugo declara encontrar nas ferramentas virtuais, um amplo suporte para o seu desempenho como parlamentar. Segundo as suas próprias palavras, e na eloquência que lhe é peculiar:” A vida moderna atinge o seu degrau superior, fazendo com que um embricamento instantâneo una pela preciosidade da informação os povos, bem como os continentes. A vida política ultramoderna tem no toque genialesco da informática a peculiaridade de transportar idéias, fatos e ações no imediatismo do pensamento, universalizando desde a câmara parlamentar mais humilde até as hostes congressionais mais imponentes. Isto propicia percucientemente o entendimento popular tão indispensável à boa cidadania, propiciando a todos que têm acesso à pérola da modernidade que é a informática, conhecimento, debates, propostas e reivindicações instantâneas aos representantes dos poderes.” Utilizando com mais assiduidade as ferramentas do Facebook e Twitter, Fernando Hugo enfatiza que “é incocebível se falar em política nesse início do século 21, sem a utilização da mais audaciosa forma de comunicação até hoje existente. 34 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
MAÍLSON CRUZ. O deputado estadual Maílson Cruz, do Partido Republicano Brasileiro, é um amplo usuário do Twitter e do Facebook, e prioriza o uso da Internet, como um fórum virtual de intercâmbio de idéias e revalidação dos preceitos democráticos. Tendo criado um grupo virtual de diálogo e interação com a comunidade, acolhendo também críticas e sugestões, o parlamentar criou o projeto Cidade Virtual nos municípios cearenses de Tauá e Limoeiro do Norte, que ganhou inclusive o Prêmio Idéias Inovadoras do Sebrae. Apesar de considerar a Internet, uma mídia ainda segmentada, Maílson Cruz acredita e aposta na eficácia de seu desempenho como ferramenta de interação social e política, bem como um plano aberto de exercício democrático da cidadania e da ação política como um todo, um novo polo de integração entre o parlamentar e a comunidade. Quanto ao seu Projeto Cidade Digital, ele está propiciando o acesso à Internet às cidades as quais abrange, dentro da filosofia do Projeto Cinturão Digital do Governo do Estado do Ceará, que visa informatizar com custos reduzidos 86% da população urbana do Ceará com Internet banda larga. Quanto ao Cidade
Digital, foi criada inclusive uma Praça Virtual para moradores de Limoeiro do Norte interagirem como nas velhas praças interioranas.
HEITOR FÉRRER. O deputado estadual Heitor Férrer, do PDT, se considera um dos grandes entusiastas da Internet na Assembléia Legislativa, sendo até enfático ao afirmar que “a democracia agradece a essa nova ferramenta que abre um espaço valioso para a participação popular, se constituindo assim uma tribuna virtual aberta, com níveis de divulgação, transparência e rapidez da maior expressividade. Trata-se de um mecanismo extraordinariamente barato e transparente, e utilizo como um meio privilegiado de divulgação dos meus propósitos.” Heitor Férrer, manifesta uma predileção especial pelo Twitter e pelo Facebook, e enfatiza que as mídias sociais criam um espaço de atuação e transcendência parlamentar, para muito além dos limites do próprio plenário legislativo estadual.
PAULO DUARTE. O deputado estadual Paulo Duarte, da sigla Democratas, assevera que a Internet, “democratizou a
democracia,” segundo suas próprias palavras, a partir da abertura da participação popular, criando assim um novo polo virtual de exercício da própria cidadania. Para o parlamentar, trata-se de uma ferramenta indispensável que possibilita à comunidade, tanto um acompanhamento cotidiano de toda a atividade do representante público, bem como uma interação dessa mesma comunidade com o parlamentar. Utilizando preferencialmente, o Twitter e o Facebook, Paulo Duarte na Internet como uma transcendência os próprios limites da Casa legislativa,
democratizando o acesso do eleitor ao homem público, e vice-versa.
FERREIRA ARAGÃO. O deputado estadual Ferreira Aragão, também apresentador televisivo do Programa Comando 22, na TV Diário, além de um recordista em audiência e produção legislativa, garante utilizar o facebook como mídia social favorita, deixando claro que a internet é uma ferramenta altamente importante para a comunicação e para o exercício pleno da cidadania, além de ser uma canal da maior valia no que se refere ao propiciamento da participação popular. Integrado à comunidade até mesmo por conta de sua atuação como parlamentar e como comunicador, Ferreira Aragão se posiciona nitidamente favorável à utilização do espaço virtual como desenvoltura plena da cidadania como conceito e ação.
HERMÍNIO RESENDE. O deputado estadual pelo PSL, Hermínio Resende utiliza o Facebook e o Twitter como ferramentas prediletas na qual, segundo ele, se instrumentaliza todo tipo de participação popular através desse tipo de interação aberta, no que o leva a concluir que a Internet se configura como um equipamento relevante para a consolidação da democracia pura e simples. Ximenes ressalta ainda a transparência do poder legislativo, tanto no espaço virtual como também em outras mídias.
CARLOMANO MARQUES. O deputado estadual Carlomano Marques, assinala o exemplo da revolução do mundo árabe, a Primavera Árabe, para ilustrar as importância interativa da Internet como expediente de interação social. Segundo ele, trata-se de um autêntico observatório eletrônico do que acontece dentro da própria Assembléia Legislativa, a partir do princípio de que cada frase, ou afirmação, por parte de um parlamentar pode suscitar toda uma onda de comentários virtuais, o que confere à mídia social todo um papel de consolidação da própria democracia em sua essência maior.
Carlomano Marques, que prefere ferramentas de pesquisa como Google, Skype e Hotmail assinala a criação do Projeto Cinturão Digital, por parte do Governo do Estado do Ceará, que através de 260km de cabos de fibra ótica, pretende interligar virtualmente 92 municípios cearenses, beneficiando 86% da população urbana do Ceará.
HERMANN HESSE O jornalista Hermann Hesse, coordenador de Comunicação Social da Assembléia Legislativa do Estado do Ceará assinala que a utilização da mídia social confere uma maior transparência às ações do poder legislativo. Hermann Hesse adianta ainda que a comunicação do poder legislativo atua como uma resposta articulada à grande mídia que trata a informação do poder legislativo com desdém, enquanto que o setor de comunicação da Assembléia Legislativa do Ceará, por exemplo, procura atingir um público cada vez maior, utilizando as ferramentas com a maior capilaridade possível, haja visto o fato do Twitter da Assembléia Legislativa contar com quase quatro mil seguidores. O jornalista ressalta também toda a interrelação entre as várias modalidades de ferramentas aplicadas no complexo midiático da casa legislativa, principalmente no sentido de tornar pública a ação dos 46 parlamentares, além de atrair o internauta para a mídia convencional, servindo assim de suporte para essas mesmas mídias, quais sejam, o rádio, a TV, etc. n D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 35
UMA REVOLUÇÃO
TECNOLÓGICA NA
ODONTOLOGIA Já imaginou o uso de dentes de elefantes (marfim) para a confecção de prótese dentária? Os dentes são utilizados por muitos animais como instrumentos de autodefesa ou de ataque, mas, há tempos atrás, eram matéria-prima para o uso dessas indispensáveis estruturas trituradoras de alimentos. Achados arqueológicos antes de Cristo das civilizações grega e egípcia mostraram que pedras, ossos e conchas também serviram para substituir dentes ausentes. Estamos no século das inovações tecnológicas. Por Juliana Dias
DR. WAGNER ARAÚJO DE NEGREIROS
Professor universitário de cursos de pós-graduação (Especialização e Mestrado), e também é doutor e mestre em prótese dental (UNICAMP-SP); Especialista em Implantodontia (SP).
36 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
C
ERCA DE 20% DA POPULAÇÃO NACIONAL NUNCA TEVE acesso a qualquer tipo de tratamento odontológico. Para se ter uma idéia da situação em nosso meio, o acesso a uma simples prótese total (dentadura) em um Centro de Especialidades Odontológicas de Fortaleza pode fazer o cidadão enfrentar uma fila de até 10.000 pacientes. Tratamentos mais especializados como próteses fixas não são uma rotina nesses serviços públicos. Pesquisas mostraram que milhões de indivíduos não utilizam a escova de dente, dentre outros motivos, por não poder comprá-la. Muitas vezes, famílias de cinco membros dividem uma só escova dental. Certamente o problema não é a falta de profissionais, pois existe um dentista para cada 863 brasileiros, sendo esse número maior que o estipulado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para países em desenvolvimento e equivale a quantidade de registros de profissionais dos Estados Unidos e Canadá, juntos. Além disso, o Brasil é responsável pela formação de 11% dos dentistas atuantes no mundo. Políticas públicas bem intencionadas têm sido sugeridas, como a Portaria Nº 398 de 28 de julho de 2011 que faz a inclusão de implantes dentários para acesso junto ao Serviço Único de Saúde (SUS). Contudo o impasse está na implementação dessas medidas, pois quanto maior a complexidade dos tratamentos maior é a necessidade de investimentos estruturais e de capacitação profissional. Acredita-se que cada real gasto com prevenção em saúde bucal corresponda a 36 reais gastos em tratamento odontológico. A Odontologia e outros segmentos dependentes diretos de materiais e técnicas experimentam uma revolução de tecnologia, e isto permitiu à “Ciência Odontológica” alcançar um aperfeiçoamento significativo no que se refere à prevenção, restauração e substituição dos dentes ausentes. A Odontologia Baseada em Evidências (O.B.B. — termo que exprime a realização e a aplicação da pesquisa científica na área odontológica) tem permitido aos dentistas a execução de procedimentos clínicos com extrema eficiência, segurança e previsibilidade.
Para saber mais sobre o assunto, consultamos o doutor Wagner Araújo de Negreiros, que é professor universitário e de cursos de pós-graduação (Especialização e Mestrado), e também é doutor e mestre em prótese dental (UNICAMP-SP); Especialista em Implantodontia (SP). O que a perda dos dentes provoca? Grande parte da população brasileira perdeu a capacidade de mastigar os alimentos e de sorrir com naturalidade. Geralmente a falta de informação conduz o indivíduo a uma rotina de hábitos alimentares não saudáveis e a uma má higiene bucal, causando destruição da estrutura dentária, cáries e problemas gengivais que motivam a reabsorção óssea e a conseqüente perda dos dentes. Uma pessoa desdentada, além de sorrir menos, perde a autoconfiança e pode até ser excluído mais facilmente do mercado de trabalho. Estudos mostraram que grande parte dos pacientes Para saber mais sobre o assunto, consultamos o doutor Wagner Araújo de Negreiros, que é professor universitário e de cursos de pós-graduação — Especialização e Mestrado —, e também é doutor e mestre em prótese denPASSO A PASSO DO IMPLANTE DENTÁRIO tal pela Universidade Saiba como acontece o processo que deixa pacientes com o sorriso aberto de Campinas, em são Paulo e Especialista em Implantodontia, em São Paulo. O que a perda dos dentes provoca? 1. Dente ausente
2. Perfuração e instalação do implante
3. Exposição do implante
4. Preparo para a prótese
5. Resultado externo
6. Resultado interno
wGrande parte da população brasileira perdeu a capacidade de mastigar os alimentos e de sorrir com naturalidade. Geralmente a falta de informação conduz o indivíduo a uma rotina de hábitos alimentares não saudáveis e a uma má higiene bucal, causando desD E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 37
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Preparação para implante na arcada inferior 2
truição da estrutura dentária, cáries e problemas gengivais que motivam a reabsorção óssea e a conseqüente perda dos dentes. Uma pessoa desdentada, além de sorrir menos, perde a autoconfiança e pode até ser excluído mais facilmente do mercado de trabalho. Estudos mostraram que grande parte dos pacientes que usam prótese total (dentadura) apresenta até sete vezes menos força na mastigação e menor performance mastigatória (capacidade de triturar os alimentos), reduzem a ingestão de frutas e verduras, fazem maior uso de medicações gastrointestinais (alimentos mal processados ao chegar no estômago), enfim, tem uma insatisfação geral com a própria vida. Nossa população tem dificuldade na reposição de dentes perdidos?
Aplicação de parafusos para o implante 3
Aplicação de gel para proteção das gengivas durante o implante dentário 4
É ainda difícil o acesso aos serviços especializados de saúde bucal apesar de melhoras na última década. Sessenta e nove por cento dos adultos tem a necessidade de algum tipo de prótese, sendo que a maioria (41%) é relativa à prótese parcial em um maxilar. Em 1,3% dos casos, há necessidade de prótese total (dentadura) em pelo menos um maxilar. Importante destacar que este percentual em 2003 era de 4,4% — Ministério da Saúde, 2010. Como substituir os dentes ausentes?
Finalização do implante. Arcadas superior e inferior com dentes. Gengivas saudáveis. 38 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
Os dentes podem ser substituídos por meio de próteses fixas e/ou removíveis, parciais (parte da arcada) ou totais (toda a arcada dentária). As próteses removíveis (exemplos: próteses parciais removíveis ou “bridges”, e as próteses totais ou dentaduras) têm as vantagens de serem removidas para higienização e de terem baixo custo,
apesar de oferecerem menor conforto durante a fala e a mastigação, e do aspecto antiestético em várias situações (visualização de grampos metálicos no sorriso). As próteses fixas são preferíveis pela maioria dos pacientes por simularem melhor as funções dos dentes naturais, oferecendo maior performance mastigatória (habilidade de triturar os alimentos), conforto e possibilidades estéticas (novos materiais restauradores). As próteses fixas podem ser suportadas por dentes ou por implantes dentários. Quais são esses novos materiais restauradores?
A Odontologia restauradora tem avançado muito no desenvolvimento e no aprimoramento de materiais restauradores que substituam as próteses metálicas (coroas e pontes fixas prateadas ou douradas) que, apesar do bom comportamento funcional, podem gerar uma aparência desagradável. Esse fato é motivado pela nova “moda” da Odontologia nas últimas décadas, que tem preconizado dentes brancos, alongados e caninos sem cúspides evidentes. Assim diversos grupos de cerâmicas (ou porcelanas) odontológicas foram produzidos e pesquisados nos últimos anos (à base de Leucita, Dissilicato de Lítio, Alumina e Zirconia), substituindo, com vantagens, as próteses de ouro ostentadas no passado como padrão de beleza. Essas cerâmicas têm sido bastante utilizadas, por exemplo, na confecção de facetas (lâminas de cerâmica) que são fixadas (“coladas”) na superfície vestibular (na frente) dos dentes anteriores, modificando sensivelmente a forma, textura e cor (branca) da dentição durante o sorriso. Essa intervenção clínica tem sido mui-
to procurada por profissionais do meio artístico (atores e apresentadores) no sentido de “reconstruir” seus sorrisos. As “próteses brancas” podem ser fixadas sobre dentes naturais ou sobre os implantes dentários. O uso de implantes dentários é recente?
A utilização da técnica foi mais intensificada no final do Séc. XIX e início do Séc XX, quando implantes sub-periosteais, agulhados e laminados (em ouro, cobalto-cromo, platina, carbono), eram instalados em pacientes sem qualquer protocolo cirúrgico seguro, baseado apenas no empirismo. De maneira inusitada, um médico ortopedista de nome P.I. Branemark (1969), “descobriu” o conceito da Osseointegração que diz respeito a ancoragem eficiente do implante ao osso humano. Esse pesquisador estudava a microcirculação óssea em tíbias de coelhos (cobaias) e observou uma grande dificuldade na remoção de câmaras de titânio do contato com esse osso animal, surgindo a ideia de implantar intencionalmente esse artefato em mandíbulas humanas desdentadas. Posteriormente A. Schroeder (1976) observou a evidência histológica (em microscopia) dos implantes osseointegráveis cilíndricos de titânio. Os implantes dentários são seguros?
Os implantes são “raízes” artificiais em titânio que substituem elementos dentários perdidos, com uma grande capacidade de suportar os dentes artificiais ou próteses. A implantodontia compreende uma das áreas da Odontologia mais pesquisadas atualmente em todo o mundo, o que garante eficiência e segurança na realização de procedimentos cirúrgicos em tecidos moles e duros dentro da boca. Hoje é possível remover (extrair) um ou mais dente natural debilitado e instalar um ou mais implante no mesmo sítio bucal e posicionar dentes
Os implantes são ‘raízes’ artificiais em titânio que substituem elementos dentários perdidos, com uma grande capacidade de suportar os dentes artificiais ou próteses.
artificiais no mesmo momento (carga imediata) com extrema segurança, oferecendo conforto e estética imediatos. Uma diversidade de diâmetros, comprimentos, formatos, tipos de plataformas, superfícies, marcas comerciais (nacionais e importadas) podem ser indicados para cada situação clínica. Normalmente a instalação de um implante dentário é feita sob anestesia local e demora menos de meia hora. As dores pós-cirúrgicas são mínimas e facilmente debeladas por analgésicos comuns, associadas ou não à prescrição antibiótica. Cada caso tem as suas particularidades e é o clínico que deve avaliar quais as opções apropriadas e em função das possibilidades do paciente. Considerando as dentições decídua (infância) e permanente (adulto), considera-se a prótese sobre implantes como uma “terceira dentição” por se tratar da maneira
mais aproximada de substituir a dentição natural permanente. Sem dúvida alguma, essa foi uma grande revolução da Odontologia nas últimas décadas. O tratamento com implantes é muito caro?
Há vinte anos, quando a formação dos profissionais era realizada no exterior e os materiais utilizados eram todos importados, um implante custava uma verdadeira “fortuna” (expressão comumente usada por pacientes). Atualmente com a globalização do conhecimento e com o desenvolvimento de marcas de implantes nacionais de extrema qualidade, os custos se reduziram em até cinco vezes em média, tornando a técnica mais acessível aos pacientes. Todas as pessoas podem receber implantes?
Tudo depende de um correto planejamento realizado por um bom profissional, que deve averiguar as condições de saúde sistêmica, situação da quantidade e qualidade óssea, correta posição dos implantes na arcada, grau de higienização e manutenção da futura prótese pelo paciente. Essa terapia exige uma “bateria” de exames complementares iniciais (exames de sangue e tomografias) e a confecção de guias para o correto posicionamento dos implantes. Portanto, a busca por um profissional especialista na área é imprescindível no sentido de avaliar se determinado paciente é realmente candidato aos implantes dentários. Os implantes são melhores que os dentes naturais?
Apesar de toda a evolução tecnológica, os dentes naturais são preferíveis sob os pontos de vista da mastigação, da estética e da manutenção em longo prazo. Para o dentista, é mais previsível confeccionar uma prótese de boa funcionalidade e aparência estética (cor, forma e tamanho) fixada a dentes naturais do que aos implantes dentários na maioria das situações. Assim D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 39
Os tecidos moles ao redor dos dentes têm função protetora. O tecido que rodeia os implantes oferece menos proteção contra a invasão bacteriana do que o tecido gengival que o circunda.
o bom profissional deve procurar preservar ao máximo os dentes naturais de seus pacientes, oferecendo os implantes sempre como uma segunda e eficiente opção. É necessário limpar os implantes como se escovam os dentes?
Os tecidos moles dispostos ao redor dos dentes e implantes têm função protetora. O tecido peri-implantar que rodeia os implantes oferece menos proteção contra a invasão bacteriana do que o tecido gengival que circunda os implantes. Assim o paciente deve manter uma eficiente higienização bucal diária e o profissional deve orientar e acompanhar de perto a “saúde” dos implantes por meio de consultas sistemáticas de manutenção. Firmado esse “acordo” profissional-paciente, essas terapias devem ter uma longevidade considerável conforme mostram as pesquisas científicas. n 40 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
CURIOSIDADES Prótese dentária “O acesso a tratamentos especializados (implantes, próteses fixas e clareamento dental) é ainda insuficiente para a grande maioria da população cearense devido ao custo dos procedimentos clínicos. A procura por uma simples prótese total (dentadura) pode obrigar o paciente a enfrentar uma fila de aproximadamente 10.000 pretendentes no CEO Centro de Fortaleza (Centro de Especialidades Odontológicas). Recentemente a Portaria Nº 398, DE 28 DE JULHO DE 2011 do Ministério da Saúde fez a inclusão de implantes dentários para o atendimento do SUS. Espera-se que essa medida seja realmente colocada em prática tendo em vista que exige uma maior aquisição de materiais e instrumentais de alto custo”, diz Wagner Negreiros.
Clareamento Dental x Bocas desdentadas O clareamento dental ganhou uma relevante importância na odontologia nas ultimas décadas, já que a estética tem importância na sobrevivência social e nas relações profissionais. Para alguns, dentes bem posicionados, brancos e perfeitos deixaram de ser puramente vaidade e tornou-se uma necessidade. Com o passar do tempo, os dentes sofrem influência de várias substâncias, sendo agredidos em maior ou menor grau, comprometendo sua integridade biológica e alterando sua estrutura e textura, independente da intensidade e origem da agressão. Dentre as modificações notadas a olho nu destacam-se as mais comuns: manchas causadas por alimentos (chá, café, mate, bebidas com corantes artificiais), acúmulo de placa, bactérias cromógenas, tabaco, além das restaurações em amálgama. n
Agenda internacional da presidente Dilma Dilma deve viajar para os
Rio+20, foco na economia sustentável Agenda internacional de Dilma deve conciliar Rio+20 com visitas aos EUA e África e reuniões do Mercosul. O Brasil quer aproveitar o evento para destacar, como alternativa mundial, o desenvolvimento da economia verde por meio de incentivos à melhoria da qualidade de vida das populações, erradicando a pobreza e estimulando a sustentabilidade
O
s principais desafios da Rio+20 vão envolver questões sobre como reduzir a pobreza e a desigualdade no mundo, a promoção do desenvolvimento com bases mais sustentáveis e como coordenar as políticas públicas do setor. A tese é da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira sobre a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento sustentável, que ocorrerá
no Rio de Janeiro, de 28 de maio a 6 de junho de 2012. “Há uma expectativa muito grande de que os eventos da Rio+20 não permaneçam somente enquanto eventos, mas tenham um dia seguinte e que aconteçam em bases que melhorem a qualidade de vida, da infraestrutura urbana e da vida nas cidades e de cada cidadão brasileiro”, disse a ministra. Segundo ela, os “desafios são enormes”, mas há, “uma sensação internacional de que é possível sim explorar esse caminho e termos na conferência um êxito em relação
ao desenvolvimento sustentável”. A ministra disse esperar que a Rio+20 traga resultados e “que o planeta inteiro assuma objetivos sobre desenvolvimento sustentável, estabelecendo metas mensuráveis”. De acordo com Izabella isso está dentro da proposta que foi apresentada pelo Brasil para a Rio+20. “Esperamos ser exitosos na questão da governança e evoluirmos com a proposta de criação de um Conselho sobre Desenvolvimento Sustentável nas Nações Unidas”. Segundo ela, atualmente existe apenas uma comissão, criada em 1992, que não tem a representatividade de um conselho. E a agenda agenda internacional da presidenta Dilma Rousseff deve preservar a Rio+20. Em 2012 Dilma participará de eventos em todos os continentes. Mas a preocupação do governo está voltada para a Conferência Rio+20, a maior conferência mundial sobre preservação ambiental, desenvolvimento sustentável e economia verde definindo um novo padrão para o setor. Mais de cem presidentes e primeiros-ministros estarão presentes. n
Estados Unidos retribuindo a
visitia de março de 2010, quando o presidente norte-americano, Barack Obama, veio ao o Brasil com a família e convidou Dilma para encontrar com ele em 2012. É possível que ela juntamente com ministro da Fazenda, Guido Mantega, compareça ao Fórum de Davos, na Suíça, de 25 a 29 de janeiro de 2012. Em discussão os impactos da crise econômica internacional, assim como os desejos do Mercosul em ampliar o comércio com os europeus e os Estados Unidos. Já de 16 a 18 de abril, Mantega e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, devem representar o país no Fórum Latino-Americano Econômico, na Cidade do México. Dilma se programa ainda para participar da Cúpula América do Sul-África (ASA), de 15 a 16 de maio de 2012, em Malabo, na Guiné Equatorial. Durante reunião preparatória, em novembro, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, confirmou a intenção da presidenta de participar do evento. Em junho, há a Cúpula do Mercosul, em Buenos Aires, na Argentina. Os presidentes Dilma Rousseff, Cristina Kirchner (Argentina), Fernando Lugo (Paraguai) e José Pepe Mujica (Uruguai) deverão abordar as propostas para incrementar a parceria multilateral na região. Em agosto a presidenta deverá participar da cerimônia de encerrado das Olimpíadas de Londres, na Grã-Bretanha. O Brasil será o próximo país a sediar o evento — as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. n D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 41
APRENDIZAGEM SISTÊMICA. COMO MOTIVAR OS ALUNOS A TRABALHAREM JUNTOS?
N
ÃO É DE HOJE A VONTADE dos professores em
despertar em seus alunos o desejo de gostar da escola e torná-los cada vez mais motivados pela busca por novos conhecimentos. Há controvérsias sobre a aplicabilidade de jogos motivacionais, que podem trazer efeitos negativos para a sala de aula. A Aprendizagem Sistêmica oferece uma variedade de alternativas para prevenir que esses acidentes aconteçam. Recompensas e motivações provocam problemas frequentes. Não motivamos nossos alunos colocando uns contra os outros e formando uma sala de aula em que existem “ganhadores” e “perdedores”. A motivação por recompensas pode existir momentaneamente, mas não cumpre o objetivo de transformar a sala de aula em uma comunidade de aprendizes, além de provocar o distanciamento de um número determinado de alunos que, frequentemente, perde nas competições. O programa Aprendizagem Sistêmica pouco tem a ver com esses métodos antigos aplicados. O programa constantemente produz resultados impressionantes, sem os efeitos negativos que as recompensas e competições podem trazer. Há mais de 35 anos, pesquisas sugeriram que as recompensas tangíveis e esperadas minavam a motivação dos alunos. Funcionava da seguinte forma: “Se você fizer isso, terá aquilo em troca”. Os alunos têm sistemas cerebrais complexos, grande determinação e necessidade de autonomia. Não bastam, portanto, recompensas baseadas somente em pontos positivos e estrelas em prol de um bom desempenho. Uma vez que as premiações são retidas, os alunos
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Por Marina Borges Budin tendem a se desmotivarem. O interesse passa ser somente pelo prêmio, razão pela qual isso pode prejudicar diretamente o desempenho em sala de aula. Não devemos criar sistemas de incentivos que prejudiquem o interesse dos alunos pelo conteúdo; devemos, sim, criar artefatos que os inspirem o entusiasmo e a curiosidade. Se quisermos uma turma que tenha um bom desempenho escolar, a utilização de recompensas irá contribuir negativamente, impedindo a cooperação entre eles e tornando a aprendizagem desvalorizada. Para produzir uma aprendizagem significativa e duradoura, temos de tornar uma aula mais emocionante, pois o aprendizado emocional é mais bem-recordado. Aprender baseado em premiações torna o aprendizado mais limitado. Um dos princípios com os quais trabalhamos na Aprendizagem Sistêmica é a Interdependência Positiva, que cria situações em que os alunos se sentem do mesmo lado, e que o sucesso de um aluno contribui diretamente para o sucesso do outro, ou seja, este princípio incentiva os alunos a ajudarem uns aos outros e trabalharem juntos, criando um senso de comunidade e não de competição. A competição para muitos gera estresse e ansiedade, causando danos à aprendizagem na memória, no desempenho e na concentração. Mas temos inúmeras estratégias motivacionais que trabalham de forma positiva sobre esses alunos. Aqui, em vez de competição, com recompensas e punições, o nosso foco é a cooperação! Pesquisas revelam que elogios, recompensas verbais ou feedback positivo aumentam a motivação e a autoestima, permitindo sentir-se bem não somente pelo elogio rece-
bido, mas perante a pessoa que nos elogiou. A emoção criada com estas atitudes influencia nossas ações. As estruturas oferecidas pela Aprendizagem Sistêmica possibilitam trabalhar as habilidades sociais de parabenizar, escutar, cumprimentar, despedir etc. A estrutura Dupla Dinâmica, por exemplo, permite trabalhar essas habilidades sociais sem a existência de recompensas, e sim por meio de emoções positivas que trabalham o clima cooperativo na sala de aula. Algumas estruturas da Aprendizagem Sistêmica, tais como “Várias Cabeças, Uma Sentença”, “Dupla Dinâmica”, “Quiz-Quiz-Troca” e o “Jogo da Memória” trabalham a motivação com o conteúdo de maneira supervisionada. A ideia é permitir a troca de opiniões e é essa interação na sala de aula que torna os alunos extremamente motivados. Cooperação, criatividade, lealdade, perseverança e responsabilidade são virtudes trabalhadas que visam à construção do caráter. Podemos ensinar nossos alunos a se sentirem orgulhosos ao observarem o seu próprio trabalho, sendo a reflexão um poderoso método para alcançar este objetivo. A Aprendizagem Sistêmica oferece uma vasta quantidade de estruturas que podem ser aplicadas em sala de aula. Com isso, possibilita ao professor inovar o método de ensino que costumava ser monótono, passando este a trazer uma novidade a cada dia. Assim, tornamos uma sala de aula mais descontraída, compartilhando nosso entusiasmo pelo aprendizado. n Marina Borges Budin é Orientadora e Consultora do portal Planeta Educação — www.planetaeducacao.com.br. Graduada em Administração de Empresas, cursa MBA em Gestão de Pessoas na Fundação Getúlio Vargas.
Luz estourata, algum makeup e zero photoshop. Esse é o estilo de Martin-Schoeller, premiado fotógrafo. Agora ele fez o portrait do ator e diretor premiado, um dos maiores nomes vivos de Hollywood, Clint Eastwood, es-
tampa a capa da edição de janeiro de 2012 da revista M, do jornal francês Le Monde. Para o ensaio de capa, ele recusou o uso do Photoshop com o objetivo de mostrar as rugas dos 81 anos de idade. ANa entrevista,
Eastwood fala do novo filme que dirige, “J. Edgar”, com Leonardo DiCaprio como protagonista. Martin-Schoeller já fez retratos de uma penca de gente famosa como Jack Nicholson, Paris Hilron e George Timothy Clooney. n D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 43
Rodolphe Trindade, Carolina e Roberto Claudio, Marcos Andre
Cassio Borges e Mariinha Borges
Luiz Esteves e Rita Brito 44 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
Clea Petrelli e Ricardo Goellner
JoĂŁo Saraiva e Maristela Crispim
Eliane Brasil e Euvaldo Bringel
Carla Matos e Marcos AndrĂŠ Borges
Fabiane Kaczan
Isabela Martin, Luis Sérgio Santos, Gabriel Viana e Juliana Dias
Alberto Perdigão, Bia Bocayuva e Fabio Pizzato
Marcos André, Moacir Maia, Rodolphe Trindade e Hermann Hesse
Rodrigo Rocha,Joelma Leal e Emerson Maranhão
Carla Soraya, Adriana Saboya e Carla Matos
Davi Saraiva, Italo Almeida, Marcos Andre e Renno Saraiva D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 45
Carlos Fujita,Cássio Borges, Roberto Sérgio e José Carlos Gama
Roger Pouchain
Paulo Nóbrega e Yonne Igrejas
Leonardo Capibaribe e Diego Lage
Hélio e Cristiane Leitão
Lauro Chaves e Ana Flávia
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Isabela Martin, Luis Sergio Santos, Roberto Claudio , Joaquim Cartaxo e Roberto Sérgio
Sabrina Lima e Adriano Muniz
Rafael Rodrigues e Nelson Gonçalves
Cesar Silva, Grazy Costa , Marina Alcantara e Angélica Feitosa
Fatima Serpa D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 47
Sonia Baima, Alfredo Marques e Marli Leandro
Luar BrandĂŁo e Tadeu Braga
Rui Lima 48 Fale! | D E Z E M B R O 2 0 1 1
Lauro Chaves, Marcos AndrĂŠ Borges, Roger Pouchain e Edilmar Jr.
Nilson Fagata e Poliana Menezes
Carlos Ernesto
Erivaldo Carvalho
Chagas Vieira e Roberta
Lavor Neto , Marcos André Borges e Helio Winston
Ricardo Sabadia e Marisa Quinderé
Equipe da VSM Comunicação
Marta e Renato Bonfim
Elcio Batista
Carlos Henrique Camelo e Sabrina Lemos D E Z E M B R O 2 0 1 1 | Fale! 49
COMEÇO DE SOLUÇÃO PARA O CAOS URBANO Por Clésio Andrade
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E JANEIRO A NOVEMBRO DESTE ANO, FORAM licenciados 3,3 milhões
de veículos novos no Brasil. É impossível construir avenidas, viadutos e túneis em velocidade suficiente para atender o crescimento de automóveis, motos e caminhões em circulação. As consequências, todos sofremos. A Política Nacional de Mobilidade Urbana, instituída por lei recém-aprovada pelo Senado, veio, finalmente, criar um instrumento para que as administrações públicas possam dar prioridade aos cidadãos sobre os automóveis, em um país que terá quatro veículos por habitante, dentro de quatro anos. A Lei da Mobilidade diz que os governantes devem priorizar o transporte coletivo público frente ao individual privado. E, assim, impedir que se responda ao aumento da frota com mais obras públicos. Para estimular o transporte coletivo, a Lei prevê mecanismos que proporcionam a redução do custo das passagens. Ganhos que as empresas de ônibus, por exemplo, venham a ter com propaganda em seus veículos deverão ser considerados no cálculo das tarifas, de modo a torná-las mais baratas. Implantação de vias expressas, que reduzem custos, também terão seu impacto nas passagens. A Lei assegura, ainda, o direito dos usuários de participar do planejamento, da fiscalização e da avaliação da política local de mobilidade urbana, assim como o de ser informado sobre itinerário, horários, tarifas e meios de interação com outros modos de transporte. Tanto quanto estimular o transporte co-
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letivo com passagens baratas, ônibus e trens seguros, confortáveis e pontuais, a Lei autoriza as prefeituras a desestimularem o uso do automóvel com medidas como instituir o pedágio urbano (a exemplo do que ocorre no centro de Londres e outras capitais) ou o rodízio obrigatório, de acordo com a placa. Cuida, ainda, princípios de planejamento e de meio ambiente. Todas as prefeituras de cidades com mais de 20 mil habitantes deverão elaborar seu Plano de Mobilidade Urbana, seguindo todas as diretrizes fixadas pela Lei de Mobilidade. É a concretização, 23 anos depois, do instituído pelo artigo 182 da Constituição Federal: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. A mesma Constituição impede que a União imponha essas diretrizes aos municípios. Mas permite, pela Lei da Mobilidade, que o Governo Federal só repasse recursos às cidades que adotem e sigam seus respectivos planos municipais de mobilidade. Criam-se, assim, normas que orientam as verbas estaduais e federais a serem repassadas aos municípios. Em benefício de todos, incluindo-se o meio ambiente e o desenvolvimento econômico e social. n Clésio Andrade é senador por Minas Gerais e Presidente da CNT — Confederação Nacional do Transporte
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