Ano 5 | 9ª edição Maio 2019
Muito além da cor Os tons de pele ainda são um aspecto decisivo para a discriminação
Apresentação A
Revista Gabrielle chega ao seu quinto ano com mais uma edição incrível. São tantas abordagens, desconstrução e informações sobre o feminismo, que não poderia ser diferente em sua nona edição. Tratar de temas que até então, não são abordados da melhor forma e mostrar como muitas pessoas enfrentam os tabus em cima da imagem da mulher, é desafiador e ao mesmo tempo libertário. A 9° edição da Revista Gabrielle traz a cor como representação. O lugar de fala vem em forma de desabafo e luta sobre a trajetória de muitas mulheres que lideram um espaço sobretudo, também seu. Fique à vontade para fazer uma viagem: ao infinito e além, através de mulheres que desbravam o mundo em descobertas revolucionarias sobre o céu e as estrelas. Olhar para o futuro e projeta-lo, é saber que o seu papel hoje é revolucionário para as futuras gerações. A escrita e sua cor evidencia o reflexo que o tema ocupa e causa nas pessoas, com retratos fortes de mulheres independentes que inspiram.
A matéria de capa: muito além da cor, fala sobre o colorismo (colorimetria) e os subtons de pele, e como isso é um aspecto decisivo e influenciador para a discriminação e preconceito. A cor da pele nunca foi um aspecto secundário, em um mundo segregado por classe social, política, econômica e identitárias. Falar sobre esses assuntos é entender como o feminismo abrange mulheres em diferentes questões sociais em reivindicações constantes por equidade e representação. As características fenotípicas, marcas de nascença, manchas na pele e despigmentação do corpo antes mesmo de belo, é um fator de desaprovação e julgamento. Mas é sabendo disso, e com muita alegria que apresento a você querido (a) leitor (a), a 9° edição da Revista Gabrielle. Que vocês possam encontrar a beleza quando ninguém mais vê. A marca que essas mulheres carregam, a cor que as representam; é a manifestação mais linda sobre quem são e quem querem ser! Esse processo vai muito além da cor da pele e suas nomenclaturas. Lais Silva – Editora-chefe
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Lais Silva editora-chefe
Marina Norato editora assistente
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Erika Bomfim
fotografia
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Eduarda Costa social mídia
Joyce editora de esporte
índice 4 | Gabrielle
A escrita e sua cor
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Mulheres: ao infinito e além
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Viva a mulher, viva a arte, viva a música!
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Lugar de fala
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A mulher vítima do Cyberbullying
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Muito além da cor
30
Visibilidade Trans
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Feministas: o que elas estavam pensando?
36
Congelamento de óvulos
40
A ascensão das mulheres no esporte
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Quem disse que homem não chora?
(matéria de capa)
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ESCRITA E SUA COR Em um texto considerado um dos marcos da escrita feminina no Brasil, Carolina registrou seu cotidiano precário em uma favela
texto Eduarda Costa e Lais Silva foto Divulgação
arolina Maria de Jesus, foi uma das primeiras escritoras negras de destaque na escrita do Brasil. Nascida no dia 14 de março de 1914, em Sacramento, uma cidade no interior de Minas Gerais. De família simples, filha de uma lavadeira analfabeta e neta de escravos, Carolina cresceu junto a mais sete irmãos.
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Começou a frequentar a escola através da ajuda de uma cliente de sua mãe, que a matriculou no colégio - Allan Kardec – primeira escola espírita do Brasil, onde crianças pobres eram mantidas por pessoas mais influentes da sociedade. Carolina passou a desenvolver seu gosto pela leitura e escrita, mesmo não tendo permanecido muito tempo na escola. Em 1924, sua família se mudou para Lageado para trabalhar como lavadores em uma fazenda. E após
três anos, voltaram para Sacramento em Minas Gerais. Tendo que trabalhar desde cedo, mudou-se com sua família novamente em 1930 para morar em Franca, São Paulo. Carolina começou a trabalhar como lavradora, e depois empregada doméstica. Aos 23 anos, perdeu a sua mãe e resolveu ir para a capital, arrumando um trabalho de faxineira na Santa Casa de Franca e posteriormente como empregada doméstica. Em 1948 mudou-se para favela do Canindé, e dois anos depois, veio a ser mãe de três filhos, frutos de relacionamentos diferentes que teve. Seu contato com a literatura continuou quando começou a trabalhar a noite, como catadora de papel, na favela em que morava. Lendo tudo que encontrava, Carolina recolhia muitas revistas, e sempre as guardava. Como uma espécie de diário, escrevia sobre o seu dia-a-dia, e foi em 1941 que sonhando em ser escritora, Carolina foi até a redação do Jornal Folha da Manhã com um poema que escreveu em homenagem a Getúlio Vargas. No dia 24 de fevereiro, o seu poema foi publicado no jornal, junto a uma foto sua. Depois disso, passou a levar regularmente os seus poemas para a redação do jornal. Ficou conhecida como ‘A Poetisa Negra’ e ganhou muitos admiradores por sua escrita. O repórter do Jornal da noite, Audálio Dantas, foi escalado em 1958 para fazer uma reportagem sobre a favela Canindé, e uma das casas visitadas foi a de Carolina Maria de Jesus. Carolina mostrou o seu diário ao repórter que ficou surpreso ao conhecer a sua história. No dia 19 de maio de 1958, Audálio publicou parte do texto de Carolina. Em 1959, a revista O cruzeiro também acabou publicando alguns trechos, recebendo vários elogios. Sua obra “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, um livro autobiográfico com edição de Audálio Dantas, foi traduzida em quatorze línguas e publicada em mais de 40 países, se tornando um dos livros brasileiros mais conhecidos no exterior. Com uma tiragem de dez mil exemplares, chegando a vender 600 livros em uma noite de autógrafos. Alcançando o sucesso de vendas, Carolina acabou se mudando e deixou a favela, comprando logo depois uma casa no Alto de Santana. Foi homenageada na Academia Paulista de Letras e também na faculdade de Direito de São Paulo. A autora viajou para a Argentina em 1961, onde foi homenageada com a “Orden Caballero Del Tornillo”.
Pouco tempo depois, Carolina publicou: “Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada” (1961), “Pedaços da Fome” (1963) e “Provérbios” (1965). Seu livro foi transformado em best seller, mas Carolina não se beneficiou com o sucesso que os alcances dos seus escritos chegaram. Não demorou muito para estar de volta à condição que a colocou no auge da fama: voltando a exercer a profissão de catadora de papel. Mudou-se com os filhos em 1969, para um sitio no bairro de Parelheiros, em São Paulo, época em que fora praticamente esquecida pelo mercado editorial. Carolina Maria de Jesus, faleceu em São Paulo no dia 13 de fevereiro de 1977, deixando o seu legado e sua história de vida como uma das maiores escritoras negras do país. Deixou um grande exemplo e um questionamento sobre o quão difícil é o percurso para chegar ao reconhecimento que muitos homens conseguiram, sendo mulher e negra. Muito se questiona sobre o porquê apenas escritores fizeram sucesso no mundo da literatura, física etc- em um espaço sobretudo, também dominado por mulheres. A valorização e idealismo foram grandes influenciadores para um posicionamento na transição do século XIX para o início do XX, assim como as transformações políticas e socioculturais dominantes. A mulher logo ficou restrita em detrimento de tantas imposições e papeis impostos pela sociedade, que sempre era tratada como inferior ao sexo masculino, alimentado por uma cultura do patriarcado que cada vez menos a representava.
Falar sobre mulheres escritoras é entender que o mundo foi desbravado também por elas. Falar sobre uma escritora negra, é entender que o feminismo precisa alcançar à todas, que enfrentam batalhas sociais e econômicas diferentes. Há um mundo literário feminino fortalecendo esse cenário, se a escrita tem cor não sabemos, mas Carolina de Jesus teve. Gabrielle - 9ª edição
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A LÉ TO M! E
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As mulheres avançam juntamente com a ciência, fazendo descobertas revolucionárias em várias áreas, inclusive sobre o céu e as estrelas
texto Beatriz Cunha e Gabriel Caetano fotos Divulgação, MIT/Divulgação, Micheline Pelletier
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s mulheres têm conquistado a cena na ciência como nunca se viu antes, trazendo criações e invenções inovadoras, com muito trabalho e pesquisas árduas durante anos. E é claro, que tanto potencial não se contentaria em explorar as diversidades de um planeta só, não é mesmo? Mas como em todos outros grupos ou aspectos em nossa sociedade, essas mulheres no meio cientifico não tem tanta visibilidade e por muitas vezes nem sequer chegam a ter a oportunidade. Mesmo com a ciência ter seus primeiros conceitos de lógica na Grécia Antiga, foi apenas no final do século XIX e começo do século XX que mulheres começaram a ocupar cadeiras nas instituições de ensino cientifico, sendo a imposição dos papeis de gênero o principal causador desse atraso. Como em todos os grupos em nossa sociedade, existem aspectos que desvalorizam certas profissões, principalmente quando exercidas por mulheres. No meio cientifico não foi diferente, ter visibilidade e reconhecimento muitas vezes nem chegam a elas, sequer nem mesmo uma oportunidade. Mesmo com a ciência tendo seus primeiros conceitos de lógica na Grécia Antiga, foi apenas no final do século XIX e começo do século XX, que mulheres começaram a ocupar cadeiras nas instituições de ensino cientifico, sendo a imposição dos papeis de gênero um dos causadores desse atraso. Mas ainda assim, as mulheres podem contar com grandes nomes na astronomia que fizeram história e abriram portas para as gerações seguintes.
Registros ao longo da história Há registros datados de 2.300 a.C e assinados por Enheduanna (a primeira princesa a ocupar o posto de sacerdotisa servidora de Nanna, o “deus-lua”) onde ela escrevia seus pensamentos sobre o universo e as estrelas. Além disso, ela dirigiu observatórios na Babilônia, nos quais não sabemos muito até hoje.
Vinda de uma família proletária, Valentina Vladimirovna Tereshkova, nascida em 1937, foi transformada em heroína nacional, após ser a primeira mulher a ir ao espaço em 16 de junho de 1963. É considerada até os dias atuais, a única mulher a ter efetuado um voo solo.
Em 1919, com apenas 19 anos de idade, Cecilia Payne participou de uma expedição para observar o eclipse solar na costa oeste da África e conseguiu fotografar as estrelas. Ela colocou para trás os preconceitos na área contra sua pouca idade e seu gênero, se tornando a primeira mulher a receber um PhD em astronomia, e a presidir um departamento em Harvard. Sua tese causou vários avanços na astronomia, já que ela sugeria que as estrelas (assim como o Sol) eram compostas principalmente por hidrogênio e hélio. Sua tese tomava parte em 1925, quando era acreditado em um conceito geral que o Sol tinha uma massa similar a da Terra. Essas observações fizeram a evolução na astronomia que conhecemos h o j e em dia.
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A primeira astrônoma profissional do Brasil, foi Yeda Veiga Ferraz Pereira. Nascida em 1925, se formou em engenharia civil e elétrica e na década de 50 trabalhou no Observatório Nacional do Rio de Janeiro. A partir da década de 80, o número de astrônomas do país teve um notável avanço, graças a implantação de cursos de astronomia na Universidade Brasil e maior incentivo à pesquisa cientifica.
Podemos citar também a história que Katherine Johnson, Mary Jackson & Dorothy Vaughan que é retratada no filme “Estrelas Além do Tempo” que foram três cientistas que trabalhavam para a NASA em 1961, em plena Guerra Fria. O filme retrata como elas quebraram as barreiras não só de gênero, mas também raciais e provaram seu potencial, ajudando os Estados Unidos na incansável corrida espacial. Em toda América Latina, o número de mulheres cientistas ficam entre 30 e 40%, dados semelhantes aos de países como Espanha, França e Itália. Apesar de inferior ao número de homens, é superior se comparado a outras regiões do mundo. O incentivo a pesquisa no Brasil é bastante precário, e a cada ano que passa se torna menor e sofre com cortes de investimentos. Para ilustrar a situação, em 2010 o orçamento previsto para área de pesquisa era de R$ 10 bilhões, já em 2019, segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o orçamento gira em torno de R$ 800 milhões. Em um país considerado machista e com pouco investimento em pesquisa cientifica, num meio sobretudo dominado por homens, algumas mulheres ainda assim, conseguem ocupar um lugar.
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Outra brasileira que alcançou sucesso no mundo da Astronomia foi a Astrofísica Dra. Beatriz Barbuy, segundo uma matéria da Revista Época no ano de 2009. Beatriz foi considerada um (a) dos 100 brasileiros mais influentes, doutorou-se pela Universidade de Paris no ano de 1982, e hoje ocupa o cargo de vice-presidente da União Astronômica Internacional. Um dos grandes prêmios da Sociedade Astronômica Brasileira leva o seu nome. Cinco jovens astrônomas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP se reuniram e produziram um vídeo para o Canal de Youtube “AstroTubers” com a finalidade de desmitificar e discutir o lugar das mulheres na carreira de astrônoma, e o preconceito sofrido no meio acadêmico, encorajando as meninas que sonham com a carreira de cientista a não desistirem. Vale a pena dar uma conferida no conteúdo no canal.
O Buraco Negro: a descoberta liderada por uma mulher No dia 10 de abril de 2019, a NASA divulgou a primeira imagem de um buraco negro da história da humanidade. A foto captada por uma rede de radiotelescópios do projeto “Event Horizon Telescope” (EHT), espalhados pelo planeta foi feita com a ajuda de uma mulher, a jovem cientista de computação e norte americana Katherine Bouman, de 29 anos, liderou a equipe responsável pelo desenvolvimento do complexo algoritmo usado para captar as imagens. Em seu perfil do Facebook, Katie compartilhou uma foto do momento em que a foto era processada. As mulheres estão conquistando cada dia mais seu espaço na ciência, mostrando para o mundo que podem estar onde quiserem e que são capazes. E graças a essas grandes descobertas que foram e serão feitas, podemos perceber que o futuro da ciência no mundo, será liderado por elas!
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MULHER, VIVA A ARTE, VIVA A MÚSICA! Por que não falar das mulheres que fizeram, fazem sucesso e deixa todo mundo com a letra da música na cabeça e o ritmo nos pés?
texto Aline Araújo e Beatriz Cunha foto Venturelli, Fabiano Gomes, Celia Santos, Divulgação e Reprodução
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Alcançou o sucesso mundial com o lançamento de um dos seus álbuns mais famosos “Like a Virgin”, que liderou as paradas de vários países e sua faixa título chegou ao topo da Billboard Hot 100, e permaneceu na posição durante seis semanas. Desde então, Madonna tem sido um ícone do Pop, sendo considerada uma inspiração para muitos artistas atuais. Até a data atual, Madonna já foi indicada em premiações musicais mais de 630 vezes e recebeu mais de 290 prêmios, em que sete deles são Grammy’s (uma das premiações mais importantes da música).
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música faz parte do dia-a-dia da maioria das pessoas e é responsável por alegrar e marcar momentos especiais de muita gente. No meio musical, existe gêneros para todos os gostos e claro, as mulheres se fazem presentes em todos eles, trazendo uma visão e toque diferente para essa expressão artística!
Strike a pose! Começando com um dos gêneros mais conhecidos, Madonna é considerada nada mais, nada menos do que a rainha do Pop, um dos, se não o maior, sucesso dos anos 80. Madonna Louise Ciccone, nasceu em 1958 em Bay City- Michigan, Estados Unidos. Seu pai a matriculou em aulas de piano, mas logo ela o convenceu do que realmente queria, que era praticar ballet. Seu professor a persuadiu a seguir na carreira de dançarina profissional e depois de algum tempo, deixou a Universidade de Michigan e seguiu para Nova Iorque. Lá ela passou a trabalhar como dançarina de apoio para outros artistas e também era garçonete. Madonna só entrou na cena musical após se envolver romanticamente com o músico Dan Gilroy e juntos formaram uma banda: a Breakfast Club, em que cantava, tocava guitarra e bateria. Após assinar um contrato com a Sire Records, Madonna conseguiu lançar o seu primeiro single, “Everybody”, em 06 de outubro de 1982. Sua música fez tanto sucesso que acabou se tornando um hit nas pistas de dança e nas rádios. Aos poucos, tudo em torno de Madonna influenciava a sua audiência feminina, não só na moda, mas também em comportamento, se tornando uma tendência.
O legado do Samba O samba é um gênero musical que retrata muito da cultura brasileira e tem muita importância no cenário social, pois sua força e história tem um forte peso, representando a comunidade negra brasileira. Além de tudo, temos mulheres incríveis que fizeram história e construíram seu espaço no samba. Nascida na cidade maravilhosa em 1944, Leci Brandão, compositora e cantora, iniciou sua carreira em 1970, se tornando a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores da Mangueira. Em toda a sua carreira ela gravou um total de 25 álbuns e dois DVDs. Leci também defende a igualdade racial tanto quanto a cultura brasileira. Também levanta questões como povos indígenas e quilombolas, a juventude, as mulheres e segmentos LGBT, tudo isso como Deputada Estadual. Conquistou o prêmio de melhor cantora de samba pelo 29º Prêmio de Música Brasileira, logo após completar 40 anos de carreira. Leci Brandão fez e ainda faz história no samba e seu legado é incontestável não só como na música, mas também como um símbolo de resistência.
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Hoje é dia de Rock, bebê!
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“Pane no sistema, alguém me desconfigurou, aonde estão meus olhos de robô? ” Em Maio deste ano (2019), completam 16 anos do lançamento do álbum: Admirável Chip Novo. Para quem entendeu a referência, já sabe de quem estamos falando; Priscila Novaes Leone, mais conhecida como Pitty. Nascida em Salvador (1977) e criada em Porto Seguro, Pitty começou a sua carreira entre 1995 e 1997, quando entrou em uma banda de punk rock, Shes como baterista (Banda na época formada apenas por mulheres). Em 1998, integra a banda de Hardcore, Inkoma- dessa vez como vocalista permanecendo até 2001. Foi em 2003 que Pitty passou a cantar em outra banda, que levava o seu nome. Seu Talento foi descoberto pelo produtor musical Rafael Ramos, que trouxe Pitty e sua banda para o Rio de Janeiro, lançando seu primeiro álbum e alcançando o primeiro lugar nas rádios daquele ano. Foi uma das bandas de rock mais bem-sucedidas e que comemora 16 anos de lançamento e história de um dos álbuns de rock mais vendido do ano. Com mais de seis álbuns lançados e participação em diversos projetos musicais, suas composições fizeram um enorme sucesso, entre elas “Equalize”, “Teto de Vidro”e “Na Sua Estante”. Pitty é a maior roqueira em atividade no Brasil, completando mais de 16 anos de carreira. E não para por aí: em 2011 subiu no Palco Mundo do Rock In Rio enfrentando fãs de System of a Down e Guns N’ Roses, mas a baiana roqueira não se intimidou e proporciono um show inesquecível naquela noite, fazendo o publico de rock pesado cantar junto seus grandes sucessos. Mulher de personalidade e opinião forte, em 2017 foi convidada para compor a bancada de apresentadoras do Programa Saia Justa do canal GNT. Trazendo para debates temas considerados tabus, a cantora traz opiniões e um posicionamento que alcança um público grande, e reflete seu reconhecimento como uma das artistas mais influentes da música e internet. Tanto na música quanto como apresentadora, Pitty é sucesso garantido. E seu novo álbum: matriz, promete uma repaginada ainda maior!
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Rainha do Carnaval
Eterna malandragem Falar de mulheres importantes nos cenários musicais, envolve não deixar de falar de Cássia Rejane Eller. Nascida em 1962, é considerada a melhor cantora de rock dos anos 90, furação nos palcos e uma mulher extremamente tímida fora deles. Cássia tinha uma voz marcante, rouca e extremamente ousada nos palcos. Quem não se lembra da cena em que a artista mostra os seios num show? Uma atitude provocadora que virou seu emblema. Cantora de rock, mas se reinventou em vários outros gêneros, como samba, MPB, blues, em todos sem sombra de dúvidas, se saiu muito bem. Mesmo após seu falecimento em 2001, seu legado e suas músicas continuam sendo cantados e interpretadas por vários artistas.
Ganhadora de um Grammy Latino em 2007, por seu álbum Balé Mulato, Daniela Mercuri de Almeida Verçosa, é uma artista que tem a criatividade como um dos seus pontos fortes. Nascida em 28 de julho de 1965, também em Salvador, foi a primeira cantora a levar uma orquestra sinfônica em cima do trio elétrico, reinventando as apresentações nos carnavais. A primeira a trazer à música eletrônica para o carnaval da Bahia, ganhado o título de ‘’Rainha do Axé Music’’, com mais de 30 anos de carreira, milhões de discos vendidos e dezenas de prêmios, alcançando reconhecimento internacional. Daniela Mercuri, nos mostra a força e talento da mulher. Com vozes fortes e letras impactantes, mulheres tem conquistado seu espaço através da música, fazendo com que, mais do que nunca, sejam ouvidas!
‘’Eu só peço a Deus Um pouco de malandragem. Pois sou criança E não conheço a verdade. Eu sou poeta e não aprendi a amar.’’
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texto Erika Bomfim da Silva foto Photo by Alexis Brown on Unsplash
Photo by Clem Onojeghuo on Unsplash
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R A G U L LA DE FA na!
opi o ã n ê c o v e, cê não viv
Vo
U
m termo muito polêmico que no último ano se tornou motivo de discussões nas redes sociais é o ‘lugar de fala’. Este é um conceito relativamente novo dentro das discussões de opressão de gênero, etnia e classe. Tornou-se muito famoso no fim de 2018, quando no programa Encontro com Fátima Bernardes, a youtuber e atriz Kéfera Buchmann debateu com um participando do programa abordando expressões técnicas do feminismo e consequentemente, o lugar de fala.
Mas, afinal, o que é lugar de fala? O lugar de fala pode ser caracterizado como uma expressão que permitiu mais liberdade dentro do âmbito de discussões sociais. É através desse termo, que pessoas que de fato vivenciaram tais situações de debate têm a oportunidade de passar a
sua experiência através da vivência, e não apenas através de estudos, livros, leituras ou do ponto de vista de algum profissional do âmbito social. Esta é a riqueza do lugar de fala, as experiências não podem ser encontradas em blogs ou postagens do facebook, elas estão no dia a dia de cada pessoa que vive aquela realidade. As maiores discussões acerca desse assunto são que, muitas pessoas, discordam que haja um lugar de fala e acreditam que todos podem opinar sobre tudo, visto que vivemos em uma democracia. Porém, entender o termo é complexo e se faz necessária uma desconstrução social.
Isso pode ser claramente exemplificado em postagens que se encontram em redes sociais, nas quais, homens – a maioria sem alguma formação na área da saúde – discorrem textos sobre menstruação, gravidez e assuntos pertinentes ao corpo da mulher. Essas publicações não contém uma finalidade de alertar para uma causa ou um problema, mas sim, ensinar mulheres como os corpos delas devem funcionar.
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Por que a expressão surgiu? Historicamente a maioria dos debates sociais e políticos sempre foram geridos por grupos privilegiados que por mais que lutem ao lado da minoria, não são a minoria. Por isso, o local de fala ganhou destaque e importância, afinal, ele é utilizado por grupos que sempre foram silenciados em discussões e nunca tiveram ampla abertura para falar de suas experiências. Ao usar o lugar de fala em uma roda de conversa, é aplicada a empatia, para entender a visão de mundo através dos olhos de outra pessoa. Por exemplo, quando o debate é sobre apropriação cultural, é interessante que uma pessoa que pertence àquela etnia tem a liberdade de explicar o ponto de vista dela e dizer os motivos para considerar algo ofensivo. Isso não significa que as pessoas na roda, não possam opinar, elas podem e devem contribuir para o debate, mas desde que a sua fala não queira tirar o protagonismo de quem vive aquela situação.
Mas homens não podem falar sobre o corpo feminino? Podem! Desde que eles tenham formação e instrução acadêmica para discursar sobre o assunto, afinal, como é possível opinar sobre algo que não faz parte do seu cotidiano, opinar sobre um corpo que você não pertence?! Ao dar a liberdade para que homens sem instrução alguma falem sobre esses tópicos, tiramos o mérito e o local de fala de mulheres, essas sim, que vivenciam a menstruação todo mês, que passam pela gestação e que entendem na prática que o corpo de cada mulher funciona de maneira diferente. O feminino e o feminismo não pertencem ao homem, e esta não é uma situação excludente. Durante muitos anos as mulheres não puderam opinar e debater sobre qualquer que fosse o tema. Com o advento dos movimentos sociais e consequentemente do feminismo, elas passaram a ter voz ativa, após anos de luta. Muitas mulheres morreram e ainda morrem buscando pelo direito à liberdade, todos os direitos conquistados são méritos das mulheres e todas as causas que o feminismo ainda aborda são problemas que mulheres enfrentam, colocar um homem dentro do feminismo é mais uma vez não permitir a representatividade de quem vive aquela situação.
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Um homem pode e deve apoiar as lutas femininas, estudar sobre o assunto, incentivar mulheres e estar aberto para ouvir e aprender mais com elas sobre a militância feminista, mas, ele jamais poderá ser feminista, pois este é um movimento criado por mulheres e para mulheres. Ademais, é irreal que alguém que não viva aquela situação, tenha voz ativa para descrevê-la.
A exclusão dentro do feminismo Uma situação muito complicada dentro de algumas vertentes defendidas no movimento feminista é a transfobia. Ela está totalmente relacionada com a exclusão das mulheres trans, porque algumas vertentes do feminismo abordam um posicionamento de que essas mulheres trans não podem opinar sobre o feminismo ou ter voz na luta por equidade de gênero, já que, nasceram homens. Mas, além de ser um posicionamento transfóbico também exclui o local de fala, dessas mulheres, que por sua vez, também sofrem com o machismo e outros preconceitos, principalmente, devido ao gênero e a sexualidade. A vertente interseccional tenta quebrar esse tabu dentro do movimento feminista, uma vez que o principal debate da interssecionalidade é evidenciar que o feminismo, que é excessivamente branco, classe média, cisgênero e capacitista, representa apenas um tipo de ponto de vista — e não reflete sobre as experiências de diferentes mulheres, que enfrentam múltiplas facetas e camadas presentes em suas vidas. Há a crença equivocada de que o único “privilégio” que se pode ter se refere à cor da pele. Entretanto, o indivíduo pode ser privilegiado por causa de sua classe social, formação educacional, religiosa, ou pelo fato de possuir capacidades mentais e físicas ou é cisgênero. Não incluir, por exemplo, mulheres transexuais, com a justificativa de que elas não são mulheres, reforça aquilo que o movimento tanto combate e que Simone Beauvoir refutou tão em 1949: a biologização da mulher ou em termos beauvorianos, a criação de um destino biológico. Se não se nasce mulher, se ser mulher é uma construção, não faz sentido a exclusão das mulheres trans como sujeitos do feminismo. Portanto, a discussão sobre local de fala e local de escuta se faz muito necessária dentro dos movimentos políticos e sociais, pois, só através dela que a dor do outro poderá ser sentida.
ESSE NÃO É SEU LUGAR DE FALA “Várias vezes no meu antigo local de trabalho a minha capacidade era colocada em jogo por homens que se achavam superiores a mim só pelo fato de serem homens - e mais velhos. Lembro-me de iniciar um novo projeto e tive que ouvir a frase “ensina ela porque ela é mulher” seguida de risadas vindo do meu ex-chefe. Era uma coisa que eu claramente sabia fazer e ainda tive que ficar quieta por questões hierárquicas da empresa. É complicado demais e é ainda pior ver outros homens achando normal esse tipo de atitude e não pensar que pode ser a mãe, irmã, amiga, enfim, no lugar” (Bianca Ruiz, 21, freelancer).
* * * “Eu lido com transtornos psicológicos a muitos anos, sendo de causa hereditária. Ou seja, eu não escolho e não tenho controle sobre a Química do meu organismo. Minha família tem casos sérios de depressão, bipolaridade e até internação. O que eu mais
vi em todo esse tempo foram pessoas que não fazem ideia do que é tudo isso se acharem no direito de falar: é frescura, tá assim por que quer. Muitas vezes pastores associando um estado químico a algo unicamente espiritual, como: é falta de Deus, falta de orar, falta de liberar perdão. Tudo bem acreditar que esses fatores influenciam, mas jamais que eles são os únicos, que é uma regra! Atualmente tomo medicamentos e treino meu cérebro a agir diferente do que ele sempre foi acostumado” (Vitoria Nayara Alves, 19, estudante).
* * * “Um dia estava conversando com uns amigos em um barzinho e surgiu o assunto feminismo, e eu como boa assistente social que adora falar sobre movimentos sociais comecei a falar sobre, porém, sempre sendo interrompida pelo namorado de uma amiga, eu relevei para não estragar o ‘rolê’, até que ele interrompeu minha
amiga e ela disse pra ele como aquilo era desagradável e ele soltou a pérola: “Por que não posso falar sobre? Eu apoio a causa e quero falar também, também tenho vez” ou seja, até ali ele queria tomar o lugar de fala! No fim, ele saiu bravo”. (Ana Beatriz, 22, estudante).
* * * “Meu primeiro contato com o racismo foi na infância em um ambiente em que eu deveria ser acolhida, mas não foi o que aconteceu. Escutei palavras do tipo: “faveladinha, crioula, cabelo duro”. Quando eu e meus pais tentamos alertar que aquilo era racismo e preconceito, as pessoas diziam que não, que era apenas uma brincadeira ou drama de criança. Meu lugar de fala foi roubado por pessoas que estavam sendo super preconceituosas comigo. A segunda situação foi no ensino médio quando na aula de educação física eu soltei meu cabelo e um garoto disse que eu parecia uma ‘macaca suada’, tentamos resolver o problema, mas mais uma vez pessoas brancas estavam tentando nos explicar o que é ou não racismo”. (Milena Monteiro, 20, estudante).
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A MULHER VÍTIMA DO
CYBERBULLYING A internet pode afetar consideravelmente a vida das pessoas, em especial, as mulheres
texto Giovanna Luchim e
Lorrayne Perozzo foto Unsplash, Victoria Heath
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o atual cenário social de 2019, a internet toma cada vez mais espaço entre a sociedade e a rotina dos cidadãos. Em pelo século XXI, pode-se dizer que é algo normal considerar pessoas que passam mais da metade dos seus dias ativas na internet, e anormal quando alguém diz que não participa de redes sociais. De acordo com uma pesquisa realizada em 2018 e divulgado pelos serviços online Hootsuite e We Are Social, chegamos a 4 bilhões de usuários da internet. Levando em consideração que a população global é de 7,6 bilhões, mais da metade de seres humanos são conectados à rede de internet, e, a maior parte da população ativa são jovens da geração Z e da geração Y. O uso da internet especialmente nesse momento da sociedade tem sido crucial para expressar princípios, convicções, ideias, opiniões e defender movimentos. As pessoas têm utilizado suas redes sociais para ter voz, e como tudo fornece lados bons e ruins, com a internet não é de outra forma. Os movimentos e opiniões fortes que têm se levantado junto a pessoas que querem ser ouvidas, quando expostos na internet (em alguns momentos), geram sérios conflitos. A oportunidade que a internet gera/proporciona de todos serem ouvidos e terem seu próprio momento de atenção é perigosa, quando não aproveitada da melhor maneira com sabedoria. As palavras têm tanto poder de vida como também de morte, ainda mais hoje em dia que podem ser facilmente ditas com o advento da tecnologia, e, infelizmente, agressões através dos meios virtuais estão se tornando recorrentes. Segundo um levantamento realizado pela ONG Safernet Brasil, as mulheres são maioria entre as vítimas de cyberlluying. Por um lado, a internet pode produzir uma sensação de superioridade, e o ser humano se sente mais confortável em ter atitudes que naturalmente não teria, sentindo liberdade para expressar opiniões da forma que preferir, sem pensar que existam consequências reais por traz de uma atitude virtual, e isso se torna um sério problema quando afeta a vida de outras pessoas.
Comentários agressivos ou preconceituosos tem se tornado cada vez mais comuns, desde comentários maldosos com aparência ou até mesmo ameaças, trazendo todos os dias numerosas vítimas. Um dos casos gravíssimos a respeito desse assunto foi um escândalo de cyberbullying que repercutiu na França, em que um grupo de jornalistas homens criaram um grupo chamado Liga do LOL (em inglês significa Laughing Out Loud, algo como Rindo Alto), no qual tinha a intenção de zombar de mulheres e minorias, entre 2000 e 2010 os jornalistas agrediram verbalmente diversas mulheres nas redes sociais. O caso chocou o meio jornalístico da França pela hipocrisia dos profissionais que participavam do grupo. Milhares de vezes é discutido a dificuldade que as mulheres passam por tudo que vivem, uma luta constante pelo reconhecimento, pelo lugar que ocupam, pelo o que vestem e por tudo que conquistam. Em meio a uma série de eventos relacionados a Cyberbullying, é possivelmente considerável que as mulheres deem um passo para trás, quando agridem umas às outras na internet. É necessário, mais do que nunca, uma união principalmente entre as mulheres, para que resulte em força de equipe, já que todas buscam a mesma coisa; igualdade. Os comentários vistos em redes sociais de cyberlluying entre as mulheres em sua maioria tem como principal assunto, a aparência. Diversas críticas e comentários ofensivos relacionados a beleza são lançados todos os dias, gerando feridas em quem os recebem. Essa rivalidade existente entre as mulheres se forma consideravelmente a partir da mídia. A famosa imagem da mulher perfeita que é imposta, traz um sentimento de incapacidade ou de até mesmo inferioridade, e as comparações que são feitas através disso levam a uma busca pelo o impossível, resultando em diversos complexos internos que nunca são saciados e podem ser descontados em amigas ou outras mulheres. Apesar dos infinitos ataques, uma palavra de sabedoria e uma atitude muito bem pensada podem trazer vida a alguém, e a internet permite poder a quem a usa para atingir pessoas dessa forma. Conselhos, elogios, dicas e até mesmo críticas construtivas são sempre muito bem-vindas quando ditas da melhor maneira, sempre lembrando que o universo virtual tem consequências na vida real, e que as atitudes de todos podem influenciar alguém, seja para algo bom ou como também para algo ruim.
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m entrevista com Larissa Oliveira, 19 anos, ela contou como foi quando tinha 14 anos e teve uma foto intima dela publicada na internet: “Meus pais foram avisados poucas horas depois de terem jogado a foto na internet. Foi bem difícil, mas foi um alívio também saber que eles já sabiam. E estavam fazendo de tudo para parar com tudo aquilo. Infelizmente, sabemos que uma vez na internet, sempre na internet. Enfim, meus pais foram até a escola conversar com os diretores e explicaram a situação, fiquei uma semana sem ir à aula. Perdi a confiança que eu tinha com meus pais, fui muito julgada e apontada. Na escola, na internet e na rua. Chorava todos os dias, me culpava e me questionava: como pude ser tão infantil e inocente em acreditar que podia confiar em mandar uma coisa daquela para alguém?! Tentei me suicidar umas cinco vezes, mas faltava coragem. Cheguei a tomar vários tipos de remédio que encontrei em casa, para ver se o pesadelo acabava, mas só tive uma dor de estômago e fui parar no hospital. Depois da primeira semana, as coisas começaram a ficar menos difíceis e voltei a escola. Alguns dos meus amigos se afastaram, mas tiveram os que permaneceram. E assim foi indo, quanto mais você finge que não liga, mais os comentários vão sumindo. Vai perdendo a graça... Foi bem difícil passar por cima disso, conseguir conversar abertamente. A gente nunca esquece, e pensa que as pessoas também não. Mas tudo se resolve, o tempo é o melhor remédio.”
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ALÉM Os tons de pele ainda são um aspecto decisivo para a discriminação
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COR texto Marina Norato
oi só de uma chance que a modelo Winnie Harlow precisou para se tornar uma das modelos internacionais mais requisitadas da atualidade. Em 2014, com apenas 19 anos, ela participou do reality show “America’s Next Top Model”, e depois disso, ela vem sendo a cara de diversas marcas como Diesel, Desigual e Dior. A história de Harlow, aparentemente, não difere de outras histórias de modelos famosas, a não ser por um único detalhe: sua pele. A top internacional tem vitiligo, uma doença autoimune que faz com que sua pele perca a coloração natural, gerando manchas pelo corpo todo. Hoje aos 24 anos, ela é um exemplo de representatividade e superação nas passarelas de todo mundo. A brasileira Barbarhat Sueyassu, assim como a Harlow, também cresceu ouvindo diversos apelidos, por causa da sua pele. Aos 4 anos ela descobriu que as manchinhas que estavam aparecendo em seu corpo na verdade eram o vitiligo.
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foto Débora Simeão
Mesmo assim, de acordo com ela, todo esse bullying que sofreu foi o que a deixou mais forte. E essa força é comprovada em suas fotos empoderadas em seu perfil do Instagram. Nelas, Barbarhat faz questão de mostrar as suas “manchas” e sempre procura os melhores ângulos para mostrá-las, provando que o diferente também é lindo.
Explicando o colorismo Além dessas modelos que desafiam os padrões de beleza, vários influencers e youtubers falam abertamente em suas plataformas sobre aquilo que é considerado aceitável por boa parte da sociedade.
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Um termo que está sendo muito usado entre esses famosos ultimamente é colorismo, que significa, de maneira resumida, que uma pessoa sofre discriminação pelo tom da sua pele. Mesmo entre os afro descendentes e negros, existe uma diferença no tratamento, vivências e oportunidades. Basicamente é dizer que quanto menos negra a pessoa é, mais portas se abrirão para ela. Apesar de o colorismo estar relacionado com a cor da pele, no Brasil ele tem um detalhe diferente; além de a cor, os aspectos fenótipos também influenciam a discriminação. Ou seja, mesmo sendo negra clara, uma pessoa que tenha cabelo crespo, um nariz largo e arredondado também está sujeito a esse processo de intolerância racial.
Mas por que a morena ou a “clarinha” é mais privilegiada do que as suas irmãs negras escuras? Podemos dizer que sua negritude é mais agradável aos olhos. De acordo com a socióloga e mestranda em ciências humanas e sociais pela UFABC, Najara Lima Costa “pessoas negras de pele clara são mais toleradas socialmente, porém, não são aceitas”.
Camuflagem artificial Como já mencionamos em edições anteriores, os padrões de beleza têm a mulher como seu alvo principal. Isso faz com que as que chegam mais perto desses padrões - cabelos lisos e longos, pele e olhos claros - sejam consideradas mais bonitas. Para sobreviver nesse ambiente as mulheres são forçadas a praticar o que é chamado de mimetismo. Esse é um mecanismo animal de autodefesa que consiste em camuflar a própria presença para passar despercebido no ambiente. “Negros, para serem aceitos, muitas vezes precisam se ‘adequar’ esteticamente até como estratégia de manutenção no mercado de trabalho, por exemplo. Um grande exemplo disso é o alisamento de cabelo de mulheres negras e a manutenção de um corte baixo do cabelo de homens negros”, afirma a socióloga. Mais parecidas com as brancas, as mulheres negras podem garantir a sua “sobrevivência” em qualquer ambiente, mas, ressaltando, que sua presença é tolerada. Nunca aceita e respeitada da mesma forma que as brancas por conta do racismo estrutural.
A solidão da mulher negra Devido a esses padrões estipulados pela mídia, as mulheres negras também são deixadas de lado, quando o assunto é amor. Em seu texto “Se o presente se parece com o passado, como será o futuro?” (“If the Present Looks Like the
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Past, What Does the Future Look Like?”), onde o termo colorismo aparece pela primeira vez, Alice Walker deixa bem claro que a mulher negra é dividida em duas categorias: aquela hiperssexualizada e aquela que não merece ser desejada; existindo, assim, uma exclusão da exclusão. Sobre o assunto Najara comenta: “No contexto social brasileiro há um ditado popular, atrelado ao passado colonial, que diz: ‘brancas para casar, negras para trabalhar e mulatas para fornicar”. Mesmo sendo colocada em um patamar diferente da mulher negra, a mulata (termo que advém da palavra mula, um animal híbrido) sofre com a uma objetificação que tem um impulso muito grande da mídia.
O mito da democracia racial Vocês já devem ter ouvido falar que, no Brasil, o racismo é algo velado; aqui, as pessoas estão preocupadas em ser politicamente corretas. Então para manter essa ideia de que o país é socialmente igual, se criou o conceito de democracia racial.
A desculpa dada pela elite branca criadora do termo, é que o Brasil não passou pelos mesmos processos de segregação racial como nos Estados Unidos, onde os casamentos inter raciais foram proibidos até o final da década de 1960, por exemplo. Aqui esse tipo de lei nunca existiu, e por isso que uma grande parte da população é fruto dessa miscigenação. No entanto, isso não quer dizer que vivemos em um lugar socialmente democrático. O Brasil é tão preconceituoso quanto qualquer um desses países que sofreram com a segregação racial. É por isso que o reconhecimento de uma pessoa como negra ainda pode levar uma carga ruim; existe toda uma história negativa construída em cima desse grupo racial. Para que essa história seja desconstruída, só existe um caminho: o empoderamento negro. “O estado precisa aperfeiçoar políticas afirmativas, a escola precisa possuir uma educação multicultural”, diz Najara. Além disso, é nosso trabalho (como jornalistas, educadores, políticos, etc) rever os padrões que a sociedade impõe. Nós devemos trabalhar a imagem, principalmente da mulher negra, da forma digna que ela realmente merece.
Algumas séries para entender um pouco mais sobre o colorismo
O seriado Black-ish conta a história da família Johnson que vive um verdadeiro sonho americano: uma casa bonita, ótimas carreiras e filhos lindos. Mas essa vida boa é constantemente questionada pelo patriarca da família, Dre Johnson que narra a série. Será que todo esse sucesso faz com que eles se distanciam mais de suas raízes? Black-ish é uma sitcom de comédia que traz assuntos como o racismo, colorismo, machismo e a sexualidade de uma maneira mais leve.
Dear White People (Cara gente branca, em português) é uma série produzida pelo Netflix, que já está na sua segunda temporada. Baseada num filme de 2014, a série conta a história de Sam White e outros jovens negros que estudam em uma universidade fictícia, onde a maioria é branca. Depois de uma festa blackface, onde estudantes brancos “comemoram” a negritude pintando suas caras de preto ou marrom e se vestem como ícones da cultura pop negra, só que de maneira bem exagerada e estereotipada, várias tensões raciais se desenrolam no ambiente da universidade de Winchester. Essa produção mostra que o colorismo é real e que dentro da própria comunidade negra há quem seja mais privilegiado.
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VISIBILI DADE
TRANS Um pouco da história, movimento e seus integrantes
texto Dani Lisboa e Gabriel Caetano foto Divulgação (bandeira),
@orgulhotrans (instagram-marcha), Arquivo pessoal e Wikipédia (divulgação)
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pesar da grande onda de quebra de paradigmas e do incentivo do auto aceitação que estamos vivenciando atualmente, vale lembrar, que a visibilidade trans é algo recente e que infelizmente ainda engatinha, se comparado aos grandes passos dados por outros movimentos sociais. O dia da visibilidade trans, propriamente dito-surgiu em 29 de janeiro de 2004, quando um grupo de 27 travestis, homens e mulheres transexuais entraram no congresso nacional em nome da campanha com o lema; Travesti e respeito: já está na hora dos dois serem vistos juntos. Em casa. Na boate. Na escola. No trabalho. Na vida! Campanha essa do departamento de DST, AIDS e Hepatites do ministério de Saúde. Essa foi a primeira campanha nacional idealizada e organizada pelas próprias trans em prol do respeito e da inclusão social deste grupo que era muito vulnerável a essas doenças por conta do preconceito e violência. Os anos se passaram e como foi dito anteriormente, apesar de todos os projetos sociais a fim de promover a conscientização e a igualdade, esse ideal ainda é uma distopia em nosso país. Principalmente, quando o assunto se trata de pessoas trans, já que o Brasil lidera o triste ranking mundial de assassinatos de transexuais segundo dados da ONG transgender Europe (TGEU). Os dados sobre esses assassinatos não são específicos em grande parte dos países, o que impossibilita uma estimativa exata do número dos casos. No Brasil, os dados divulgados são de que entre 1° de outubro de 2017 a 30 se setembro de 2018, 167 pessoas trans foram mortas. Sendo assim, esse grupo tem 9 vezes mais chances de serem mortos e a expectativa de mulheres trans é de apenas 35 anos.
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A inclusão de pessoas trans na escola e no mercado de trabalho: uma pesquisa feita e divulgada pela OAB (ordem dos advogados do Brasil), revela que 82% das travestis e transexuais não concluem os estudos, isso levando em conta a grande discriminação e violência no próprio ambiente escolar. Uma outra pesquisa feita pela Center Talent Inovation mostra que 61% dos LGBTs brasileiros escondem sua sexualidade e/ou seu gênero no ambiente de trabalho, fora que por conta da própria evacuação de alunos trans das escolas acarreta na desqualificação e retrocesso desse grupo no mercado de trabalho. Mesmo que o avanço em relação a esse assunto pareça estar estagnado, a busca por uma inclusão de pessoas trans no mundo corporativo vem aumentando conforme o tempo. Desde a profissões com viés mais conservadores como o Direito, por exemplo, aprovou em 2016 que advogados (a) travestis e transexuais usem seus nomes sociais no registro de ordem. Um outro exemplo desse avanço empresarial é o do site transempregos, fundado em 2013, o mesmo é voltado para a inclusão desses profissionais ao mercado de trabalho. Esse site conta com 46 empresas que compactuam com esse serviço.
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Essas manobras de inclusão e capacitação profissional destinadas ao público T se faz necessária, já que ‘oportunidade’ é uma palavra que infelizmente não faz parte do dia a dia de algumas pessoas, que vêem na prostituição um meio de sobreviver. Tamanho preconceito que exclui a comunidade trans da sociedade, é resultado da desinformação! Mesmo que exista pessoas que só espalham ódio por esporte- como sabemos, aquilo tachado como diferente ou que fuja dos padrões pré-estabelecidos, é sempre tratado com estranhamento pelas pessoas. São raros os casos em que travestis, mulheres e homens trans ocupam um alto cargo ou estão em constante contato com o público em seus empregos. Um caso que foge um pouco do convencional é a da Lia Lovatelli, de 21 anos, que ministra aulas de zumba gratuitas no bairro em que mora. Atualmente, ela está com um projeto no Youtube: um canal de dança em que posta vídeos de coreografias criadas por ela. Apesar de jovem, se assumiu para a família cedo, aos 15 anos, e desde muito nova luta e se orgulha da sua bandeira. Vale a pena dar uma olhada no conteúdo desenvolvido por ela!
Em entrevista cedida a Revista Gabrielle, Lia declarou que no início de sua terapia hormonal assim como grande parte da comunidade, também sofreu preconceito dentro e fora de casa, mas com o passar do tempo sua mãe e familiares foram capazes de entender e aceitar sua identidade de gênero. Nas ruas as coisas não foram tão diferentes! Morando em Capivari, uma pequena cidade no interior paulista com pouco mais de 50.000 habitantes, já conseguimos imaginar o quão difícil deve ter sido lidar com olhares e ataques de pessoas maldosas. Mas com o passar do tempo, e com os efeitos que os hormônios tiveram em seu corpo, Lia começou a passar despercebida, e os olhares e ataques diminuíram. Nós da Revista Gabrielle, separamos alguns termos que são comuns para as pessoas trans, entretanto, boa parte da sociedade não tem conhecimento sobre eles. Desse modo, você que não faz parte do movimento e/ou não está inserido (a) no meio LGBTQI+ e quer entender e respeitar estas pessoas, pode entender e aprender um pouco mais!
Cisgenero O termo cisgenero (Cis), é usado para determinar que a pessoa se identifica com o gênero biológico, por exemplo: um homem que nasceu com um pênis e se identifica como homem, ou uma mulher que nasceu biologicamente mulher e se identifica como tal.
Transexual/ Transgênero São pessoas que não se identificam com o gênero que lhe foi designado no nascimento, como por exemplo: uma pessoa que nasceu com genitália masculina, mas que se identifica como mulher ou vice e versa.
Agênero São pessoas que não se identificam nem com um e nem com outro gênero, as vezes com os dois, em alguns dias mais com um do que com outro.
Cuidado com a abordagem: ninguém precisa responder perguntas constrangedoras! Algumas perguntas como “Você é operada (o)?”, são extremamente intimas, afinal, quem gosta de receber uma pergunta sobre suas genitálias num primeiro contato? Caso tenha curiosidade, guarde ela para evitar desconforto. Se mesmo assim ficar em dúvida sobre qual pronome usar para se dirigir a pessoa, uma pergunta básica como “Qual o seu nome?” Já vai ser o suficiente para te responder, e em hipótese alguma fale “E o seu nome de verdade?”.
Siga e espalhe estas dicas e ajude a criar um mundo melhor para estas pessoas. Gabrielle | 33 Gabrielle - 9ª edição
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RESENHA FEMINISTAS: O QUE ELAS ESTAVAM PENSANDO? Mostrar as influências latentes que deram origem ao movimento de libertação do gênero proeminente feminista texto Paula Queiroz foto Divulgação
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série representa o individuo do sexo feminino na década de 70, baseado em suas noções de realidade, objetivos, e perspectivas sobre a própria vida. A partir de um resgate fotográfico de Cynthia MacAdams, foram desenvolvidas entrevistas para que essas mulheres, que na época eram jovens, observem como era a vida naquela época. Memórias bonitas e ao mesmo tempo duras. São artistas, ativistas, pensadoras que sabem exatamente sobre seus papéis na sociedade. Em preto e branco, as imagens que incitaram os depoimentos mostram sinceridade. Retratos fortes de mulheres independentes, com seus corpos livres e sendo o que queriam ser. A vivência dos anos 70 acabou se estendendo aos dias de hoje, o que faz com que as historias dessas mulheres sejam exemplos para a luta continua de todas as mulheres. Histórias sobre a infância, adolescência, de ajuda dos familiares ou desprezo por parte deles, apontam
o que há de errado na sociedade. Os depoimentos delimitam como o movimento feminista é de uma urgência para acabar com os privilégios e desigualdades contra as mulheres. A série não se aprofunda por inteiro no feminismo, mas mostra uma base relacionada às fotografias e as histórias por trás delas. Mostra o despertar das mulheres que deixaram a restrições culturais impostas sobre elas desde a infância e abraçando quem são por inteiro. Reflexão de mudanças culturais que já aconteceram e que ainda refletem nos dias de hoje. Luta difícil e que necessita muita força, mas que com certeza valerá a pena.
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Os avanços tecnológicos e mudanças do comportamento da população, tem trazido novas maneiras de ver e pensar na maternidade! Gabrielle - 9ª edição
texto Lorrayne Perozzo Loli e Mayara Piperno foto Ignacio Campo, Janko Ferlic e Lukas-blazek
evolução da humanidade de uma forma cada vez mais acelerada, vem contribuindo com a queda das taxas de fertilidade e desenvolvendo sintomas que influenciam nessa questão. A mudança no comportamento da população jovem é um dos fatores que vem postergando o desejo de ter filhos, seja por motivos profissionais ou pelo simples fato de não encontrarem o parceiro ideal para essa jornada! Aos 30 anos, as mulheres ainda são consideradas jovens: com a saúde em perfeita condição para buscar uma gestação. Porém, aos 35 anos inicia-se o declínio no potencial reprodutivo feminino, atingindo seu pico aos 40 anos. Além do número de óvulos, com o “envelhecimento” acontece também a perda da sua qualidade, já que os óvulos podem acumular efeitos do meio ambiente, como poluição, radiação, medicações entre outros. Assim, o congelamento de óvulos tem se tornado uma excelente opção de preservação de fertilidade para mulher que desejam ter filho após os 35 anos. Não só para as mulheres que postergam a gestação, congelar os óvulos também está indicado para pacientes jovens, que descobriram algum câncer recentemente e terão que ser submetidas a quimioterapia e/ou radioterapia. Preferencialmente, a preservação da fertilidade deve ser realizada antes do início do tratamento específico, levando sempre em consideração a idade do paciente, o diagnóstico da doença existente e a programação do tratamento oncológico.
É recomendável que o congelamento dos óvulos seja feito antes dos 35 anos, já que após essa idade os óvulos começam a perder a sua qualidade. Porém, assim que os óvulos já estão congelados, não existe uma idade limite para que seja feita a fertilização- os óvulos nesse caso, podem ficar congelados por tempo indeterminado. A coleta é feita com sedação e o preço médio do congelamento é de 15 mil reais, contando com a medicação usada.
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Em entrevista com a ginecologista obstetra Dra. Dayana Couto, ela conta que a busca pelo método só aumenta: “Estamos vivendo uma nova geração! As mulheres estão cada vez mais estudando, se especializando, fazendo pós-graduação e entrando com tudo no mercado de trabalho, assim os planos da maternidade estão sendo postergados. Estamos casando mais velhas e consequentemente sendo mães mais velhas também. O problema é que nossa natureza não mudou, e a fertilidade começa a sofrer uma queda para todas as mulheres a partir dos 35 anos. Você acha isso justo?!” Antes o mundo das mulheres era restringido a se casar e ter filhos, hoje o leque de opções é muito maior, e muitas mulheres optam em não se casar ou até mesmo ter filhos- quebrando esse paradigma. Colocando em primeiro plano: estabilidade profissional e financeira, e em segundo: se casar e ter filhos. E então, a busca por métodos para postergar a maternidade começam a ser procurados. A Youtuber Luísa Accorsi fez um vídeo no final de 2018, onde conta que realizou o procedimento de congelamento de óvulos com 29 anos. O que impulsionou ela a ir atrás do método foi ver algumas amigas que escolheram esperar para ter filhos após os 30 anos, encontrarem dificuldade para engravidar, tendo que recorrer a fertilização in vitro, e nem sempre conseguindo engravidar na primeira tentativa da FIV. Ela também estava solteira quando começou a pesquisar sobre o assunto, e estava em um momento onde priorizava sua carreira, sempre viajando. Ela conta que ser mãe é um sonho que sempre teve, e que tem vontade de ter mais de um filho, motivo pelo qual contribuiu para que ela fizesse o congelamento dos óvulos- já que na segunda ou terceira gravidez estaria mais velha, correndo o risco de não ter mais óvulos com qualidade para conseguir engravidar de forma natural. Assim, escolheu se precaver para que possa realizar o sonho da maternidade futuramente, sem ter a pressão de precisar engravidar logo.
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Luísa explica como foi o procedimento antes da coleta dos óvulos: no primeiro dia da menstruação, começou a aplicar injeções com hormônios que estimulam o ovário. O principal efeito colateral que teve foi da TPM. Como se fosse uma TPM muito mais forte que a normal na questão psicológica, com oscilações de humor. Além disso, sentiu a barriga muito inchada e algumas dores. Esse processo durou por volta de dez dias, e durante esse tempo ela ia até o médico um dia sim e outro não, para realizar o transvaginal e ter o acompanhamento para saber se as injeções de hormônios estavam fazendo o efeito necessário para a coleta. No dia da ovulação, Luísa foi até o médico fazer a coleta dos óvulos para o congelamento. Os óvulos ficam congelados em uma cíclica até que ela decida usar. Caso ela escolha ou não precise desses óvulos, eles podem ser doados ou descartados. Além do congelamento de óvulos, existe o congelamento de embriões. A Dra. Dayana esclarece a diferença: “Congelamento de óvulos é para mulher, para preservar sua fertilidade, indicado para pacientes que querem postergar a gestação- o que chamamos de congelamento social ou também indicado para pacientes que tiveram o diagnóstico de câncer e vão passar por um processo de radioterapia ou quimioterapia para tratamento. Já o congelamento de embriões pode ser para o casal, já que fertilizamos o óvulo com o espermatozoide para se formar o embrião. Este tratamento visa o casal, que por algum motivo quer postergar o desejo de ter filhos”.
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ASCENSÃO das
MULHERES ESPORTE no
Mesmo com muitos desafios as mulheres têm brigado pelo seu lugar, inclusive no esporte!
texto Camila Bandeira, Giuliana Rocha e
Joyce Vieira foto Camila Bandeira, Rodrigo Félix Leal
e Rudney Amorozo
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mulheres são maioria no mundo. O Brasil vem mudando nos últimos anos em relação à importância da mulher e suas conquistas na sociedade e equilíbrio entre os gêneros. Esse processo não foi diferente no esporte, mesmo que ainda se encontre algumas dificuldades. No geral, as mulheres são excluídas do esporte. Esse fato não acontece só agora, mas desde a Grécia antiga quando mulheres não eram permitidas a praticar esporte e nem mesmo assistir. Caso afligissem essa regra, eram condenadas à morte. Essa proibição ocorreu com discursos que o esporte as tornariam masculinizadas ou não possuíam condições físicas e fisiológicas para a prática. Denise Conelhero, 20 anos, é ex-atleta de handball, e atual-
mente prática corrida de rua. A ex-atleta já sofreu provocações em seus jogos, mas nos conta que isso não foi suficiente para fazê-la desistir. “Por ser goleira de handebol eu tinha uma imagem totalmente contrária de ‘meninininha’ tinham pessoas que vinham e perguntavam (até mesmo outros atletas e treinadores) se eu era goleiro, no masculino. É algo que para muitos, pode parecer inofensivo, mas mostra o quão forte é essa cultura de que algumas modalidades e posições no esporte são definitivamente masculinas”. O mundo tem mudado sua percepção em relação à importância a mulher, assim como as conquistas na sociedade e equilíbrio entre os gêneros tem sido aos poucos construído. Esse processo não foi diferente no esporte, mas ainda há muito o que se trabalhar. As mulheres ainda são desrespeitadas nos meios esportivos e a
Victória Vaz, 16 anos, jogadora de Voleibol conta uma situação constrangedora que passou durante o jogo. Enquanto jogava, meninos gritavam seu nome, o número de sua camisa e mandavam beijos. “Após o final da partida, estávamos indo embora e esse mesmo grupo chegou e deu parabéns para o time e parabéns para mim (que eu era a mais linda do time). Ficaram pedindo meu número e indo atrás mesmo eu falando não várias e várias vezes” A história mostra como mulheres sempre correram atrás do seu lugar no esporte. O primeiro passo foi da maratonista grega, quando Stamati Revithi, em 1896, completou o percurso em 4 horas e meia, conquistando o índice menor que muitos homens que disputavam a prova mesmo assim, não foi reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Mesmo sem o reconhecimento devido, foi preciso esse início para que outras mulheres se encora-
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jassem a agir sem se importar com opiniões, prontas para fazerem sua própria história. Para Denise chegar onde está agora com disciplina, determinação- e o esporte ser parte de sua vida, mulheres no passado precisaram deixar um legado para hoje isso ser possível. A tenista britânica Charlotte Cooper, entrou para história como primeira mulher a subir no pódio olímpico e receber ouro nos Jogos Olímpicos de 1900, entre homens e mulheres, a gaúcha Daiane dos Santos foi a primeira ginasta brasileira a conquistar medalha de ouro no Campeonato Mundial, entre outras mulheres que fizeram história “Hoje entendo o impacto e importância que o esporte tem na sociedade e diretamente na vida das pessoas”, diz Denise. Não é só o reconhecimento da mulher no esporte, a diferença também está no salário e em premiações entre as categorias femininas e masculinas. Um exemplo disso é a premiação oferecida pela FIFA, enquanto a seleção feminina dos EUA vencedora da Copa do Mundo 2015 ganhou U$ 2 milhões pela premiação, a seleção alemã campeã da modalidade masculina levou U$ 35 milhões. Uma explicação do porque isso ocorre é a falta de popularidade e visibilidade dos esportes femininos, que acaba acarretando o recebimento de menos patrocínio, menos pessoas nos estádios e a receita acaba sendo menor. Uma forma de mudar esse cenário é acompanhar, assistir, torcer, comparecer em jogos, dar mais visibilidade as atletas femininas, e também cobrar para que as premiações e salários não sejam tão desiguais, pois com mais investimento teriam mais preparações, mais qualidade e isso chamaria cada vez mais audiência.
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Canais de esporte tem notado mais o significativo aumento da audiência do público feminino em sua grade, e incluído nela uma programação que mantenha esse interesse. O Canal ESPN acredita que quanto maior o investimento em cobertura feminina (jornalistas, programas, competições, entre outros), mais será gerado o interesse no novo público da emissora, estratégia que parece estar funcionando. Com o programa Olhar ESPN feito por mulheres, a plataforma digital EspnW de conteúdo esportivo sob a ótica feminina, utiliza a figura da narradora Luciana Mariano para dar voz a partidas no fim de semana (sendo a primeira narradora da TV brasileira), gerando uma maior identificação e proximidade do gênero feminino e abrindo novos espaços para as amantes de esporte, que se sentem representadas. Em boa parte dos nichos sociais, as mulheres ainda sofrem com resistência e discriminação ao gênero. Em uma entrevista realizada
em 2017, 40% das entrevistadas disseram já ter sofrido discriminação de gênero no esporte. Entre os esportes mais populares, porém mais resistentes a presença feminina, está o Futebol. Ariele Vieira da Silva, 25 anos, atua como professora de educação física e joga futebol por hobbie, mas que já teve isso como um sonho de vida. Considera que o Futebol de Campo Feminino é o que mais enfrenta barreiras, ela mesmo enfrentou preconceito por parte da própria família que acreditava que o futebol era unicamente masculino. No ranking dos esportes a modalidade ocupa a terceira posição da modalidade mais desigual referente a salários. E a resistência na aceitação das mulheres dentro dos campos vem de todos os lados, desde a falta de patrocínio, jogos sem transmissão, e distanciamento do próprio público com a modalidade. “O preconceito pode ser combatido com campanhas que ressaltam que o esporte é para todos” finaliza Ariele Vieira. Um esporte que vem se destacando contra isso é o Vôlei. A FIVB (Federação Internacional
de Voleibol), em sua festa de 70 anos no final de 2017 anunciou a igualdade no valor pago para homens e mulheres nas premiações, criando a ‘Liga das Nações’ campeonato que começou no ano passado e é a junção da Liga Mundial Masculina e do Grand Prix Feminino, disputado em um formato único e com prêmio no valor de U$ 1 milhão. O dia 1° de julho de 2018, entrou para a história da modalidade por ter sido a primeira vez que as mulheres receberam o mesmo prêmio dos homens. Tudo isso ocorreu graças a luta das mulheres, que desde o começo dos anos 2000 reclamavam da diferença de valores das premiações, e a comissão então dividiu e resolveu mudar e tornar o vôlei o primeiro esporte a premiar igualmente os dois gêneros nas principais competições. O que podemos perceber é que as mulheres estão cada vez mais ocupando lugares nos esportes, e mesmo com resistência de algumas pessoas, mostram que lugar de mulher é onde ela quiser! E não iremos desistir até tomar o nosso lugar por direito.
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QUEM DISSE QUE HOMEM NÃO CHORA? Pois é, eles choram e têm sentimentos como todo ser humano, mas a masculinidade tóxica faz com que eles escondam seus sentimentos para provar que são “mais homens”
texto Eduarda Costa e Marina Norato foto Débora Simeão
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magine essa cena: você está na praça de alimentação de um shopping popular, quando uma criança chorando chama sua atenção. Normal uma criança chorar, o que talvez te choque é o discurso do pai para o garotinho: “ Engole esse choro! Você é homem ou não? ”. Pode não ser em um shopping ou exatamente com essas palavras, mas provavelmente você já presenciou algo parecido. Por favor manas, não vamos crucificar esse pai tão já! Ele, assim como muitos outros homens, crescera ouvindo esses tipos de comentários sexistas; se um homem quiser provar a sua masculinidade ele teria que ser uma pessoa bruta, que não mostra seus sentimentos, que não chora. Entretanto, não é bem assim que funciona. Os homens são seres humanos, e assim como as mulheres, são de carne e osso e têm emoções. A sociedade estagnada nos moldes antigos de masculinidade, exige que os homens se comportem de uma certa maneira, que eles atendam a um conjunto de atitudes e expectativas. Essa estrutura, de acordo com a psicóloga Cyntia Regina Oliveira Yamauchi, pode causar doenças mentais sérias nesses indivíduos, pois eles “não podem protagonizar a sua própria história e construir a sua noção de masculinidade”. Pesquisas realizadas pelo Google BrandLab São Paulo, mostram que os homens tiram a própria vida quatro vezes mais do que as mulheres no Brasil. Seria a masculinidade tóxica uma das causas? O homem da máscara de ferro Voltando a história do menino e o pai no shopping; o pai pode não saber ainda, mas com essas poucas palavras ele está educando seu filho para que ele não saiba lidar com seus sentimentos. Quando uma criança está formando sua personalidade, é importante que ela tenha liberdade para lidar com suas emoções. Senão, ao reprimir um sentimento como por exemplo a dor ou a tristeza, esse pequeno ser passa a não compreender o que realmente sente, podendo, ao se tornar adulto, ter problemas temperamentais. Alguns
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estudos recentes comprovam que pessoas que reprimem seus sentimentos, têm uma tendência maior a violência. Esse estudo pode ser comprovado com o número de Feminicídio que vem ocorrendo no país inteiro. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o 5° país do mundo onde os homens mais matam suas mulheres.
A masculinidade posta à prova A masculinidade tóxica além de fazer homens reprimirem seu sentimento, pode também levar à morte por doenças, já que muitos não procuram ajuda médica por acreditarem que não precisam de um especialista. Um exemplo muito claro disso, é o exame de prevenção ao câncer de próstata. Muitos homens acreditam que sua masculinidade será posta à prova ao realizar tal exame, pois sentem vergonha de realizar o mesmo, agravando a situação. Além das doenças, a masculinidade tradicional pode levar homens a se envolverem em brigas apenas para provar sua “masculinidade”, usando a violência como forma de resolver seus conflitos. Seja na escola, ou no trabalho, garotos são motivados a brigar entre si, o tempo todo, para provarem algo que nem está sendo posto à prova. De acordo com a sociedade, homem não pode ter medo de nada. E essa dura regra acaba por fazer com que eles se arrisquem muito mais e corram diversos riscos de vida, se tornando vítima de conceitos hereditários.
O que é ser homem? Nem todo homem vai gostar de futebol, e está tudo bem. Associar algo a uma sexualidade ou gênero apenas reprimi gostos em uma bolha de coisas
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que obrigatoriamente todos parecem ter que gostar, limitando sua noção de mundo. Garotos podem ser artistas, ou gostar de diversos outros esportes, não limite suas opções. Usar o feminino e o gay como forma de ofender alguém é misógino e homofóbico. Chamar alguém de gay não deve ser uma ofensa, ninguém deve ser diminuído ou reprimido por uma forma de sexualidade, assim como associar atitudes a termos femininos como forma de ofensa. Isso só faz com que a cultura machista ganhe ainda mais força. Já que esses termos são usados para afirmar que homens são superiores às mulheres.
Homens têm o direito de mostrar seus sentimentos, se expressarem, se cuidarem e serem o que quiserem. Não vai ser um exame, um creme ou uma lágrima que vai mudar a sexualidade de alguém. Como já foi mencionado, existem certas condutas que simplesmente são exigidas dos homens. Condutas que neste século não fazem mais sentido; a mulher evoluiu e não precisa mais de um homem que a carregue. Se nós evoluímos, por que os homens também não podem evoluir? Pensando dessa forma, podemos dizer que a masculinidade tóxica é uma das razões que impede a igualdade dos gêneros. Se continuarmos trazendo esse assunto à tona, ficará mais fácil desconstruí-lo. “Estudos sobre masculinidades múltiplas estão possibilitando a escuta de outras vozes que se encontravam silenciadas por uma voz hegemônica”, diz Cyntia. Cabe a nós, abrir espaços neutros para que todos possam falar e se expressar sem medo do julgamento alheio.
Quando os homens fogem dos padrões tradicionais de masculinidade, eles são chamados de muitos nomes. E quando esses homens estão sob os holofotes da fama, essas falas se tornam ainda mais intensas. A parte boa é os famosos estão dispostos a desconstruir esse conceito de masculinidade tóxica. Confira o que alguns deles têm a dizer.
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