REVISTA
GABRIELLE ANO 2 • 4ª EDIÇÃO – 2016
Nossa, quanto cabelo!
Olha o cabelo dele, é crespo!
Ela é mulher e ainda é negra.
Pra que ter tantastatuagens?
A mulher perde a feminilidade quando corta o cabelo curto.
Voce^ não é magra. É muito magra!
Ela é mulher e tem o cabelo raspado; Por que?
Voce não pode ser Miss, está fora dos padrões.
^
Olha a cor desse cabelo. Não serve para trabalhar aqui.
A Sociedade Impõe
A
4ª edição da Revista Gabrielle tem como destaque a questão dos padrões e das críticas apontadas pela sociedade. Sim, todos nós, diariamente, somos codenados por sermos nós mesmos. Seja por traços físicos, pscicológicos, religiosos ou da própria personalidade, temos sempre um dedo apontado em nossa cara, nos julgando e nos considerando contrários ao que é considerado normal. Pois é, em pleno ano de 2016, a diversidade ainda é considerada um tabu onde oprime grande parte das pessoas. Esse quadro está em constante transformação – afinal, quem tem a mente aberta luta todos os dias para mudar os conceitos dos tradiocionais -, mas ainda tem um caminho muito longo, por isso, escolhemos abordar o tema para mostrar que ser diferente é lindo sim, que todo mundo pode ser capa de revista e que mais do que qualquer coisa, queremos LIBERDADE
para sermos quem somos. Escolhemos todas as pautas com muito carinho e é com esse mesmo clima que nos despedimos. Esperamos que a Gabrielle tenha transformado você, assim como nos tranformou. A jornada é grande, mas podemos, todos os dias, lutar juntos.
Priscilla Souza Repórter
Vem com a gente, mais uma vez! A luta continua... Além disso, há uma novidade! Agora, você encontrará nossos conteúdos online em:
www.revistagabrielle.com.br
k Jaqueline Krauczu
Letícia Rodrigues Editora Assistente
Apa Edit
Caroline Oliveira Repórter
Jaqueline Krauczuk Editora-Chefe Ana Gasparotto Editora-Chefe
Camila da Silva Repórter
Paula Queiroz Repórter Ana Júlia Gomes Repórter
Amanda Souza Repórter
índice Julya Zago Repórter
FRIDA KAHLO: A METAMORFOSE DO SOFRIMENTO EM ARTE PG 04
ESPORTE RADICAL TAMBÉM É COISA DE MULHER PG 16
SEU OURO ALÉM DO PÓDIO PG 08
VIOLÊNCIA X HUMANIZAÇÃO PG 20
Milena Vedove Repórter MULHERES EM RISCO PG 10
GÊNEROS: MUITO ALÉM DO SEXO BIOLÓGICO PG 22
arecida Aquino tora Assistente SER MÃE NÃO É PACEDER NO PARAÍSO PG 12
BARRIGA DE ALUGUEL PG 24
Rafaela Gomes Repórter
ublish
Editorial
PROJETO GRAFICO
LEILÃO DE VIRGINDADE: QUANDO A “PRIMEIRA VEZ” VIRA MERCADORIA PG 14
EROTIZAÇÃO E “ADULTIZAÇÃO” INFANTIL: COMO O APELO SEXUAL ATINGE ATÉ MESMO AS CRIANÇAS PG26
Ravenna Abreu Kawe Tomazelli DESIGN
Giovanna Pellichiero Heloísa Tomerotti Jayne Bianca Letícia Martins Renan Felipe Gaviolli Renan Souza Matias Samara Cristina Waine Tonon Leite
EMPODERAMENTO ATRAVÉS DA DANÇA PG 28
Frida Kahlo: A metamorfose do sofrimento em arte A mexicana que estava muito a frente de seu tempo, não só nas ideias, como em sua maneira de ser artista.
E
la se olhava no espelho, tinha a coluna machucada em vários pontos e estava prostrada em uma cama. Ao se deparar com seu reflexo, não brotavam lágrimas, surgiam pinceladas. Assim nasciam as primeiras obras da mexicana Frida Kahlo. Conhecida internacionalmente pelos autorretratos marcantes, Frida transformou a arte em um motivo para seguir adiante: “Não estou doente. Estou partida. Mas me sinto feliz por continuar viva enquanto puder pintar.” Se da dor surgiu a artista, a Frida pessoa, que na verdade se chamava Magdalena Carmen Frida Kahlo Calderón, nasceu na Cidade do México no dia 6 de julho de 1907. Filha da mexicana Matilde Calderón e de Wilhelm Kahlo, nascido na Alemanha, ela vivia com mais três irmãs no que viria a ser a “Casa Azul”,
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lugar conhecido por sediar o museu da artista. Ela deve ao pai o gosto pela arte e pela fotografia: “Meu pai foi para mim um grande exemplo de ternura, de trabalho, e acima de tudo, de compreensão de todos os meus problemas”, escreveria tempos depois, em seu diário. Frida era uma criança muito alegre e inquieta apesar da infância complicada. Ela contraiu poliomielite aos 6 anos, doença que seria responsável, mais tarde, por sua incapacidade de ter filhos. A enfermidade também rendeu a Frida Kahlo uma deformação na perna direita, deixando-a mais curta que a outra. Para esconder as deformações ela usava saias longas e coloridas, o que se tornaria sua marca pessoal. Nessa época a mexicana já pintava, mas não via a arte como carreira, o que a levou a entrar para o curso de medicina na
Escola Nacional Preparatória. Foi aos 18 anos, enquanto se formava médica, que conheceu seu primeiro amor, o jovem Alejandro Arias. Ele esteve com ela no que viria a ser um dos momentos mais trágicos de sua vida. Ambos estavam em um ônibus que foi fortemente atingido por um bonde. O para-choque de um dos veículos perfurou a pélvis de Frida, deixando-a com várias fraturas, obrigando-a a passar muito tempo no hospital e a realizar 35 cirurgias de reconstrução. Ao longo da internação Frida descobriu na arte um trabalho prazeroso. Ela pediu que adaptassem um cavalete para que pudesse pintar deitada e deixou um espelho para que pudesse se tornar sua própria modelo. “Por eu ser jovem, o infortúnio não assumiu o caráter de tragédia: eu sentia que
tinha energias suficientes para fazer qualquer coisa em vez de estudar para virar médica. E, sem prestar muita atenção, comecei a pintar”, contaria a mexicana em seus escritos. Algumas das obras mais conhecidas do período são “A coluna quebrada”, “A Árvore da esperança se mantém firme” e “Minha enfermeira eu”. Ao sair do hospital, mais ou menos curada, Frida resolveu contatar os artistas para saber se ela realmente teria jeito para a arte. Dentre eles, estava o renomado muralista Diego Rivera, recebendo-o em sua casa para que ele avaliasse seus quadros. Inesperadamente, desse encontro surgiu um amor intenso, levando-os ao matrimônio em 1929. Ela amava-o loucamente, despejando todo seu sentimento em vários quadros, por exemplo “O amor abraça o universo” ou “Diego e eu”, uma tela na qual ela coloca Rivera
no centro de seus pensamentos. “Diego está na minha urina, na minha boca, no meu coração, na minha loucura, no meu sono, nas paisagens, na comida, no metal, na doença e na imaginação”, relataria Frida. Durante o casamento ela engravidou três vezes, abortando nos primeiros meses de gestação. Já que não podia ser mãe, ela resolveu focar mais no seu trabalho e na sua luta para resgatar os valores culturais do México, entrando para o Partido Comunista Mexicano e criando relações com o marxista Trotsky. O intelectual e sua mulher se asilaram na casa da artista, quando Stalin os expulsou da URSS. Em 1939 saiu de viagem para exposições individuais em Nova York e em Paris. Suas obras foram muito bem recebidas, tanto que o Louvre adquiriu algumas delas e artistas como Du-
champ, Picasso e Kandinsky ficaram maravilhados, enchendo-a de elogios. De volta ao México, foi convidada a ministrar aulas na escola nacional de pintura e escultura “La Esmeralda”. A sua classe se transformou em um grupo chamado “Los Fridos”, que como ela, valorizavam o resgate de valores e costumes mexicanos. Continuou trabalhando até ser internada no Hospital Inglês por um ano. Teve a perna direita amputada e durante seus últimos 10 anos usou mais de 25 espartilhos ortopédicos. Em 1954, no dia 13 de julho, foi encontrada morta dentro de sua casa. Não foi descartada a hipótese de que a pintora tenha se suicidado por overdose de remédios. Em seu diário, foram encontrados como últimos escritos, os dizeres: “Espero que a partida seja feliz e espero nunca mais voltar”.
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O ESTILO KAHLO O
s quadros de Frida Kahlo contam metaforicamente sua história. Cada acontecimento ou ideia importante na vida pintora teve um espaço, mesmo que simbólico, em sua obra. “Os aspectos mais marcantes da Frida são sua poética autobiográfica, devido aos acontecimentos trágicos na vida dela que, com certeza, impulsionaram sua criação e uma autoanálise através da pintura. Ela costumava dizer que pintava a si mesma por ser o assunto que melhor conhecia”, explica Ana Paula de Melo, professora e artista, formada em artes visuais pela Unicamp. A peculiaridade de Kahlo não vem só dos temas, mas também da maneira que ela empregava os materiais disponíveis para seu trabalho e como ela desenvolvia seus autorretratos, conta Ana: “Ela usa a pintura a óleo de uma maneira muito pessoal, já que aprendeu a usar essa técnica inicialmente sozinha e só mais tarde se aprofundou no estudo da pintura. Entendo que a novidade está mais na forma como desenvolveu o assunto do retrato, livre das regras muito clássicas”. Muitos tentaram enquadrá-la em um movimento artístico específico, mas Ana Paula afirma que isso não é possível. “Ela é muito rica e não se enquadra apenas em uma categoria; muitos trabalhos da artista estão ligados ao surrealismo, muralismo mexicano e até ao expressionismo”. Essa mescla que Frida fez durante toda sua obra, mostra que ela não fez arte somente, mas a viveu em tempo integral.
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As roupas de Frida
Uma moradia peculiar
Quem prestou atencão nos quadros de Frida ou em suas fotos, percebeu que ela tinha uma maneira diferente de se vestir. A indumentária da artista é toda baseada nas roupas típicas mexicanas e pré-colombianas, com fitas, cintos coloridos e colares grandes. Ela as usava na tentativa de resgatar a cultura popular mexicana que, segundo ela, perdia-se com a chegada da “Gringolândia” - apelido que dava aos Estados Unidos.
Na última vez em que Frida e Diego voltaram a estar juntos como marido e mulher, a artista fez com que construíssem uma casa (rosa e branco) ao lado da casa já existente (azul), ligando-as pelos quartos através de uma ponte. A proposta era que cada um tivesse sua própria casa, atravessando a ponte até o quarto do outro quando tivesse vontade de ve-lo.
Relacionamento Abusivo O relacionamento de Frida e Diego era intenso, mas também cheio de sofrimento. Ao analisar a história dos dois, fica a dúvida se ela não estava vivendo em um relacionamento abusivo, porque Diego justificava suas infidelidades dizendo-se incapaz de amar uma mulher e a submetendo-a a uma série de situacões dolorosas. Certa vez, ela disse a ele: “Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e voce. Voce sem dúvida foi o pior deles”. O fato é que Frida não aceitou os casos extraconjugais de Diego sem fazer nada. Eles se separaram mais que uma vez e ela também possuía amantes, tanto homens quanto mulheres.
As duas Fridas Um dos quadros mais conhecidos da pintora mexicana é, com certeza, “As Duas Fridas”. O quadro mostra duas Fridas ligadas através do coração. Em seu diário ela explica como ele surgiu: “Origem das duas Fridas. Recordação. Devia ter 6 anos quando vivi intensamente a amizade imaginária com uma menina de minha idade. (...) Não me lembro de sua imagem, nem de sua cor. Porém sei que era alegre e ria muito. Sem sons. Era ágil e dançava como se não tivesse nenhum peso. Eu a seguia em todos os seus movimentos e contava para ela, enquanto ela dançava, meus problemas secretos”. Quais? Não me lembro. Porém ela sabia, por minha voz, de todas as minhas coisas”.
POR APARECIDA AQUINO DESIGN GIOVANNA PELLICHIERO FOTOS INTERNET
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Seu ouro além do pódio Atletas das Olímpiadas 2016, mostram que mulheres não são um sexo frágil
Anão''.s olímpiadas chegaram ao fim, mas as atletas femininas irão junto com suas vitórias, mostrando que ''não são fracas Conquistando aproximadamente 120 medalhas de ouros no total, dominaram esportes que a sociedade sempre duvidou de suas capacidades. Desde natação ao levantamento de peso, aqui estão algumas que se destacaram pela sua coragem.
A ciclista, Flávia Oliveira, não ganhou medalha, mas alcançou o melhor lugar na categoria ciclismo de estrada que nunca foi conquistado por uma brasileira. Já a judoca, Rafaela Silva, sofreu xingamentos, racismo e críticas nas redes sociais, mas não se sentiu abalada e conseguiu a primeira medalha de ouro na categoria peso-leve (57kg), lembrando que a participação feminina no judô é recente, mas as judocas mostraram um grande avanço. A nadadora, Joanna Maranhão, não chegou a semifinal e logo foi bombardeada de críticas, principalmente, a respeito de seu passado. “Nem todo mundo compreende a grandiosidade e a competitividade que é a natação mundial, o quanto brigamos para chegar à final. Mas desejar que eu seja estuprada, que minha mãe mor-
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ra, que um bandido me mate, que eu me afogue. Falar que a história de minha infância foi inventada para conseguir estar na mídia, isso ultrapassa”, disse ao canal Sport TV. Assumiu em 2008 ter sofrido abuso sexual do seu ex-treinador, Eugênio Miranda, e desde então o público usa alguns destes argumentos para atingí-la. “Quando vem para a história da minha infância, o desrespeito às mulheres, pelo fato de ser do Nordeste, aí vou ter que o tomar medidas jurídicas”, afirmando que lutará pelo direito das mulheres. Um dos maiores destaques da competição foi quando a voluntária Marjorie Enya entrou no campo para pedir em casamento a namorada, a jogadora de rugby do Brasil, Isadora Cerullo. O beijo das meninas virou uma das imagens mais compartilha-
das em todo o mundo em sites internacionais e redes sociais. Mostrando a luta pelo preconceito. Em entrevista para a Agência Brasil, a jogadora diz que a diversidade no país sai ganhando quando a visibilidade é somada ao destaque das mulheres atletas e ao reconhecimento da superação de esportistas negros e da periferia. “Toda essa visibilidade está dando um novo rosto ao Brasil. Por ser o país que está sediando os jogos, isso ajuda a abraçar essa mentalidade (mais tolerante)”. As atletas ainda querem seu protagonismo no esporte, apesar dessa olímpiada ter a maior participação feminina, elas não querem ser escolhidas e encaixadas pelo seu gênero, e sim, pela sua competência.
Fora do Mundial
O início de tudo Tendo início em 1900, quando as primeiras mulheres foram permitidas a fazer parte dos jogos, seis mulheres tenistas e cinco golfistas enfrentaram as recusas dos organizadores e ganharam seu espaço, mesmo sendo em um torneio paralelo por algum tempo. Quem não gostou nada disso foi o famoso barão de Coubertin, criador dos jogos olímpicos da era moderna, que em 1928, nas aberturas dos jogos em Amsterdã, subiu na tribuna para um discurso, onde pediu demissão do seu cargo de presidente de honra do Comitê Olímpico Internacional. Nesse discurso, Coubertin deixou claro sua insatisfação com a participação das mulheres nos jogos olímpicos, dizendo que seus seguidores estavam indo contra as ideias do evento, afirmando que eles haviam "traído o ideal olímpico, permitindo a presença de mulheres". Mas, nada as impediu de continuar e isso confirmou-se nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, quando o Brasil teve a maior delegação de mulheres atletas na história do país representando 48% do total de esportistas.
POR CAROLINE OLIVEIRA E RAFAELA GOMES DESIGN RENAN SOUZA
Infelizmente, não são todas as mulheres que têm a sorte de poder lutar pelo seu “sonho do esporte”. Muitas precisam desistir da carreira por diversos motivos, entre eles a falta de incentivo, e mais ainda pelas afirmações falsas, de que são incapazes de terem sucesso no esporte onde se considera que os homens têm maior poder. É o caso da universitária Thayná Fernanda, do curso de Ciências Contábeis, que é apaixonada por futsal desde pequena, tudo começou através de seu pai e de seus avós, que em reuniões de família sempre jogavam algumas partidas juntos. Não demorou muito até a universitária tomar gosto pelo futebol, e então, com seus 13 anos, entrou para um time de bairro de futsal feminino de Itu, a União Futebol Clube, onde permaneceu por 4 anos. Thayná conta que sempre teve apoio da família para jogar, o problema real estava fora do vínculo familiar, “as pessoas que não apoiam são os que estão te vendo de “fora”, que não convivem com você, que olham para você e falam que isso não vai levar a nada”. O que mais lhe incomodava era quando recebia diversas críticas homofóbicas, “falavam que eu era “sapatão”, “Maria Chuteira”, diziam
que se eu não era, ia virar. Chegaram até a dizer que se eu jogava era porque estava interessada em outra menina do time”, relata. Quando lhe foi perguntado sobre o sonho de seguir carreira no futsal feminino, Thayná afirma que sim, esperava chegar a ter uma grande carreira como jogadora mas que reconheceu as dificuldades logo no início, o que a fez precisar mudar seus objetivos. “Perdi o interesse quando percebi que as críticas eram muito mais ouvidas do que a qualidade das minha ações dentro de quadra”. Ela ainda afirma que para as mulheres a dificuldade é em dobro, do que seria para os homens, “precisamos de patrocinadores para conseguir subir os degraus dessa carreira, de pessoas de fora que tenham o poder de ajudar, e nós mulheres raramente encontramos esse apoio aqui no Brasil. Infelizmente o fato é que, o futebol é um sonho bem distante para as mulheres”. Hoje, a universitária voltou a jogar o esporte futsal por hobby, em outro time, que ainda tem muitas amigas de time da sua experiência inicial. Conhecidas hoje como Independente Unidas, as antigas meninas que hoje se tornaram mulheres, jogam na cidade de Porto Feliz. Se divertindo e revivendo os sonhos da adolescência.
É machismo, sim! Após o término dos jogos Olímpicos no Brasil, foi informado, através do blog do Globo Esporte, que a CBF discute a possível extinção da seleção permanete de Futebol Feminino. A razão? Segundo eles, no Rio 2016, “o resultado não veio, elogios pela iniciativa também não, e sobrou apenas a conta para pagar”.
Com a falta de incentivo e o constante preconceito sobre as mulheres no esporte, um degrau a mais para as sonhadoras se forma. Até quando o machismo falará mais alto?
A ideia para eles é que o trabalho de monitoramento e desenvolvimento do esporte continue, porém não mais com o conceito de seleção permanente. Em outro depoimento um dirigente disse que apesar dos esforços o futebol feminino não “pega” no Brasil. Concluindo a notícia, o blog publicou que: “o panorama para o futebol feminino brasileiro, em competições realmente fortes e apoio efetivo para boa parte das atletas fora da competição, é incerto”.
FOTOS INTERNET
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MULHERES EM RISCO
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violência doméstica é definida como toda ação praticada pelo membro que habita um ambiente familiar em comum. Pode ser pelas pessoas com laços de sangue (pais e filhos), ou por forma civil (marido e esposa, genro e sogra). Cerca de 104 milhões de mulheres são violentadas somente no Brasil, segundo uma pesquisa nacional de amostras a domicílios (2013) do IBGE. Assim aconteceu com Juliana Acácio, de 39 anos, que sofreu violência doméstica do ex-marido. “No começo ele sempre foi bonzinho, e quando fui morar com ele, no segundo mês, começaram as agressões. Sempre quando saíamos, ele
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bebia demais e eu não podia conversar com outras pessoas. Não contava para alguém porque tinha vergonha, mas algumas pessoas desconfiavam e falavam que não era nada demais”. O agressor começa a induzir pressões psicológicas como chantagem, desprezo, humilhação, entre outros. Não parece, mas esses casos podem ser mais graves que a agressão física, pois acabam deixando as vítimas mais retraídas, o que faz com que não consigam tomar uma atitude. “Quando eu estava com ele, me sentia uma pessoa sem valor, é muito constrangedor, acabei aceitando como se merecesse apanhar”.
O grande número de vítimas de violência tornou-se constante na sociedade Por Camila da Silva
Além das agressões dentro de casa, pode ocorrer também em um ambiente público, e muitas mulheres só tomam iniciativa quando a situação fica realmente difícil de aceitar, pois as vítimas costumam pensar que tudo o que ela tenha passado, não seja o ‘suficiente’ para denunciar. “Chegou em um ponto que não dava para esconder porque ele começou a me agredir em todos os lugares, casa de familiares, em festas. Meus filhos cresceram e queriam agredir eles também”, explica.
A lei do feminicídio
POR CAMILA DA SILVA DESIGN SAMARA CRISTINA FOTOS INTERNET
A Lei Maria da Penha
Completando dez anos, a lei é considerada pelas Nações Uni das a terceira melhor do mundo no combate a violência doméstica. O surgimento dela foi através da farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, que sofria agressões do ex-marido e levou um tiro de espingarda em 1983 enquanto dormia, o que a deixou paraplégica. Depois disso, ao voltar para casa, ele tentou matá-la eletrocutada no chuveiro. Mas, com uma ordem judicial, conseguiu sair de casa e depois da defesa alegar irregularidades do júri no ano de 1991 e 1996, o processo ficou em aberto. No ano de 2001, o Estado Brasileiro foi condenado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos por negligência, omissão e intolerância, e foi recomendado o fim do processo penal condenando o seu agressor. E Juliana tendo o conhecimento da lei, denunciou o marido quando a situação ficou mais grave. “Ele ficou me perseguindo por um ano até que eu resolvi chamar a polícia e fiz boletim de ocorrência. A lei me ajudou muito, todas as mulheres deveriam denunciar”, aconselha.
O feminicídio é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher. Os motivos que o levam ao crime são o ódio, desprezo, ou sentimento de controle e propriedade pela mulher. A lei aplicada em vigor descreve-a como circunstância qualificadora de crime de homicídio. Inclusive, ela também é aplicada em crimes hediondos como estupro, genocídio, latrocínio, entre outros. Segundo o Mapa da Violência (2015), o Brasil está entre os países com maior índice de homicídios femininos, ocupando a quinta posição em ranking de 83 nações.
Projeto de atitude
Escolas do Piauí implantou o projeto “Lei Maria da Penha nas escolas”, alcançando 7.500 alunos da rede pública. O objetivo é mostrar os direitos das mulheres e o combate à violência contra mulheres e o machismo de forma preventiva com os estudantes através da educação de uma forma eficiente.
Denuncie: A central de atendimento A mulher (Ligue 180) atende mulheres que sofreram violEncia doméstica, e também pode ser feita na delegacia com o registro do boletim de ocorrEncia. A denúncia é anônima e gratuita, disponível 24 horas.
Após 16 anos, ele não poderia mais se aproximar dela, e reconhece que passou muito tempo sofrendo com a violência, mas vencer pela causa trouxe de volta a felicidade para a vida. REVISTA GABRIELLE
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SER MÃE NÃO É PADECER NO PARAÍSO
Mulheres que acreditam numa maternidade distante da perfeição
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s tarefas que a mulher contemporânea assume e as definições que lhe cabemw, não são as mesmas de décadas atrás. Hoje, a esposa tem voz ativa, a profissional ganhou o seu espaço e a mãe o direito de dizer que não se sente completamente feliz com a maternidade. Em fevereiro de 2016, a dona de casa Juliana Reis, contrariando a proposta do desafio da maternidade – brincadeira iniciada nas redes sociais, convocando mães a compartilhar fotos para a representação da felicidade materna –, escreveu um discurso fazendo crítica a ideia de perfeição que ronda o papel da mulher como mãe e expôs todas as dificuldades que passou desde que descobriu a gravidez. O assunto repercutiu e, entre aplausos e pedradas, a discussão permanece. É notável que as recentes propagandas de dia das mães, estão passando por uma leve mudança. Fugindo da imagem de absoluta felicidade, algumas marcas estão preferindo exibir um pouco da rotina diária de quem é mãe. A Ypê, na propaganda deste ano, optou por evidenciar as desventuras da maternidade, enquanto a Canon, mostrou os dilemas que uma mãe vive por conta dos filhos. Marcos Cobra, reconhecido como um guru na área do marketing, aponta como estratégia do setor a importância de “descobrir o que o consumidor quer, ou necessita e a partir daí orientar uma produção racionalizada”. Para a recepcionista, Caroline de Oliveira da Silva, 22, depois que seu filho nasceu tudo mudou, “desde ir ao banheiro, até ir à esquina, tudo fica mais difícil.” Como mãe, ela acredita que “a perfeição nunca vai existir, há noites mal dormidas, idas ao médico. É muito complicado”, ainda assim, diz valer a pena. “A maternidade é o que imaginei. Trabalho, dor de cabeça e no fim muito amor e carinho.”
POR CAMILA DA SILVA E PRISCILLA SOUZA DESIGN LETÍCIA MARTINS FOTOS FREEPIK (PROJETO MÃE SOLO)
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Na contramão, a autônoma Vanessa Vieira, 29, conta que foi perdendo a vontade de ter filhos e, então, isso se tornou uma decisão. “No meu caso é um misto da falta de interesse e alguns motivos. Não me vejo criando alguém nesse mundo caótico e não vejo a maternidade como algo do tipo: ‘quem vai cuidar de mim na
velhice?!’. Se fosse para ter filhos eu não esperaria nada em troca certamente”. Para ela, “as pessoas vendem a imagem de felicidade para provar que a maternidade é a melhor coisa do mundo, porém, tudo tem o lado positivo e negativo e cabe a cada um fazer sua escolha”. Mesmo com as transformações que abrem o espaço para as escolhas femininas e para a exposição dos seus reais sentimentos, Vanessa percebe que a sociedade ainda tem um olhar de reprovação, a quem, como ela, decidiu não ser mãe. “Alguns respeitam e acham normal. Na minha família tenho duas irmãs que também não tiveram
filhos, então, a aceitação é maior. Alguns amigos acham um absurdo e sempre usam o argumento de que nunca conhecerei o amor verdadeiro”, diz com bom humor. Após o nascimento de um filho, as mães passam a não ter tempo para realizar os afazeres do dia-a-dia, levando-se em conta a mudança emocional logo nas primeiras semanas, quando a mulher fica incapacitada ou com dificuldade de realizar as tarefas, no qual chamamos de depressão pós-parto. Isso torna surpreendente aos olhos da sociedade, de uma mãe não acei-
tar a situação que vive, como se a obrigação dela fosse declarar como a maternidade é perfeita. Pensando nisso, a ilustradora Thaiz Leão, criou uma página que virou projeto “Mãe Solo”, devido à questão de ser um mãe solteira, e mostrando realmente como é ser mãe e mulher no mundo que vivemos.Com dois anos no ar, através de ilustrações, demonstra como é a rotina de cuidar de um filho ,que está longe se ser uma idealização da maternidade, mobilizando quase 41mil pessoas (95% mulheres), que também passam por isso todos os dias.
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Leilão de Virgindade: Quando a “Primeira Vez” Vira Mercadoria
Da brasileira que optou em leiloar sua virgindade, a outras meninas que não tem escolha, o leilão de virgindade é sempre acompanhado de um conceito: de que o corpo feminino é uma simples e mera mercadoria.
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ma brasileira ficou famosa, em 2012, graças a um assunto polêmico e relativamente inédito no país: o leilão de sua virgindade. Ingrid Migliorini, na época com 20 anos, e o russo Alex Stepanov, participaram de um documentário intitulado Virgins Wanted, cujo objetivo principal era acompanhar todo o processo da venda da primeira experiência sexual de ambos. Foi feita uma seleção com pessoas de vários países, e a brasileira não esperava ser uma das selecionadas. “Eu era novinha e por ser virgem decidi me candidatar. Era uma oportunidade de viajar, conhecer novas culturas, mas não esperava uma resposta. Quando o diretor me escolheu, fiquei feliz e decidi ir até o fim”, disse em um vídeo publicado em sua página oficial. A intenção desse tipo de leilão é ganhar dinheiro de forma rápida, - e, para aqueles que o fazem, também fácil, de certa forma. Os leilões tornaram-se mais frequentes nos últimos anos, com a popularização da internet e da ideia de que, desde que haja alguém interessado em comprar, tudo pode ser vendido. Há exemplos de pessoas
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no mundo inteiro, a grande maioria mulheres, que ganharam notoriedade após anunciarem as vendas de suas primeiras relações. As críticas na internet e na mídia foram duras, mas Ingrid aparentemente não se importou: “Antigamente, eu sonhava com uma primeira vez com alguém que eu gostasse. Hoje, vejo como um negócio”, ela declarou. A venda, apesar de ser apenas por uma noite, pode ser considerada prostituição, de forma que o cineasta produtor POR ANA JÚLIA GOMES E LETÍCIA RODRIGUES DESIGN RENAN GAVIOLLI FOTOS INTERNET
do documentário pode ser responsabilizado por aliciamento. O Subprocurador-Geral da República, João Pedro de Saboia Bandeira de Mello Filho, declarou que “mesmo que o ato sexual ainda não tivesse acontecido, o crime já ocorreu. O simples aliciamento já é um crime: aliciar a mulher brasileira para cometer prostituição no exterior”. O acusado, Justin Sisely, defendeu-se alegando que ele e seus advogados fizeram de tudo para garantir que todo o processo acontecesse dentro da legalidade, mas seguindo a constituição
australiana, já que o documentário foi gravado inteiramente nesse país. “Há uma fina linha aqui em termos de legalidade. Nós não pretendemos quebrar leis”, afirmou Justin à imprensa da época.
As Eternas Escravas Entretanto, nem todos os leilões de virgindade contam com consentimento. Em alguns casos, a virgindade de meninas, muitas vezes menores de idade, é colocada à venda como se fosse um prêmio – tudo isso para satisfazer homens adultos e, muitas vezes, poderosos. Um desses casos chamou atenção do Brasil depois do programa Repórter Record Investigação veicular uma tele reportagem intitulada “As Eternas Escravas”, em que denuncia a exploração sexual e doméstica de garotas descendentes de escravos em um quilombo em Cavalcante, a 360 km de Brasília. A reportagem, que ganhou diversos prêmios jornalísticos, mostra meninas entre 10 e 14 anos que tem como algozes homens políticos e donos de empreendimentos. Muitas dessas garotas, para poder estudar na cidade, são entregues para famílias de classe média, onde trabalham como empregadas domésticas e em troca ganham comida, um lugar para dormir e horário livre para frequentar as aulas na rede pública. Mas, além da exploração doméstica, elas também são vítimas de abusos, estupro e exploração sexual, como o leilão de suas virgindades. Dentre os acusados de exploração contra essas meninas, estão o vice-presidente da Câmara Municipal, marido da vice-prefeita, um dentista e dois ex-vereadores. Até mesmo o trabalho
da única promotora da cidade, que é casada com um primo do vice-presidente da Câmara e um dos acusados, é alvo de investigação da corregedoria do Ministério Público de Goiás, após a denúncia de alguns moradores apontando uma suposta lentidão e falta de resposta aos crimes cometidos na cidade.
Meninas da Noite Também fruto de investigações jornalísticas, feitas pelo jornal Folha de São Paulo entre os anos de 1985 e 1995, o livro ‘Meninas da Noite – A Prostituição de Meninas Escravas no Brasil’, do autor Gilberto Dimenstein, demonstra como ainda há muitos casos de meninas transformadas em verdadeiras escravas sexuais na região norte e nordeste do país. Na região da Amazônia, segundo relata o autor, há até mesmo uma rota de tráfico. “Convido o leitor a dividir comigo essa viagem pelas rotas do tráfico humano”, escreve o autor, ainda na página 11.
Durante as investigações, Gilberto ainda averiguou que é comum nesse meio o leilão de virgindade, que os homens desejam e enxergam como um mérito. Assim, o homem que pagar mais no leilão, obtém a ‘honra’ de ser o primeiro a romper o hímen dessas garotas. E é aí que surge uma questão: qual a razão dessa fixação em se relacionar com mulheres virgens?
Virgindade e Machismo Para Bianca Ortega, feminista e integrante de um grupo nacional de debates intitulado ‘Bruxas Subversivas’, a valorização da virgindade é fruto de uma cultura machista, principalmente quando vinculada a alguma doutrina cristã e patriarcal. “A virgindade é superestimada em nossa sociedade, talvez por isso o lucro com leilões de virgindades. ‘Tirar o lacre’ para muitos homens é questão de honra, seja pelo seu próprio prazer, como pela ideia ilusória de que estar iniciando uma mulher em sua vida sexual”, explica. Dessa forma, uma mulher que tem relações sexuais pela primeira vez nunca foi ‘possuída’ anteriormente, o que se traduz como algo puro e precioso pela sociedade machista e patriarcal “Essa ideia perpetua a posse do homem ao corpo da mulher, que quer ter como mérito ser o primeiro. Sem contar que, muitas vezes, os homens desprezam a dor ou o prazer da mulher na relação, já que eles estão em busca do prazer próprio ao se relacionar com uma virgem que ainda é ‘apertadinha’”, finaliza Bianca.
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ESPORTE RADICAl TAMBÉM É COISA DE MULHER ELAS ERAM EXCLUÍDAS DO ESPORTE, HOJE PROVAM QUE SÃO CAPAZES Os primeiros registros da práti-
ca esportiva estão associados a figura masculina. Nos primórdios dos jogos Olímpicos, por exemplo, a presença feminina inexistia. Banidas da participação ativa na vida social e econômica, as mulheres não tinham o direito de participar ou assistir aos jogos. Foi no século XIX, com as transformações motivadas pela Revolução Industrial, que o esporte começa a ser difundido entre o público feminino, mas apenas no século XX, no ano de 1900 em Paris, que a mulher passa a competir na Olimpíada. O Comitê Olímpico Internacional (COI), apresentou um gráfico exibindo a crescente participação feminina na competição. Em 1900, as mulheres representavam 2,2% do total de atletas. Nos jogos de Londres, em 2012, o número subiu para 44,2%, contando com 4.676 competidoras, que, pela primeira vez, disputavam todos os esportes presentes na competição. As mulheres estão constantemente se desafiando. Quebrando o que se estabelece como rotina, partem em busca de atividades que fogem do normal. Entram em cena os esportes radicais como o surf, skateboard, BMX, rally ou paraquedas. Modalidades inseridas na categoria do radical por serem realizadas em meio a condições
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extremas e oferecer grande risco físico aos praticantes. Maya Gabeira, 29, é carioca e se dedica ao surf profissional. Reconhecida como a melhor surfista de ondas grandes, faz parte do grupo de campeões do Billabong XXL Awards, premiação considerada o Oscar dos big riders – surfistas de ondas gigantes. Para a revista Trip, em 2013, Maya fala sobre as sensações provocadas pelo esporte: “Não é só o instante. A adrenalina não é só naqueles dez segundos que você está na onda. Ali, na verdade, é quando você descarrega. A adrenalina começa quando você vê o mapa da meteorologia. São dez dias que você vai acumulando adrenalina, ansiedade, expectativa… quando você cai no mar, é quando você começa a descarregar. E quando você sai da água é uma descarga muito forte, e também uma conquista pessoal enorme.” Priscilla Carnaval, 22, é atleta de BMX, também conhecido como bicicross. Foi com uma bicicleta especial, adaptada para o esporte, pedalando em ritmo acelerado sobre a pista de terra repleta de obstáculos, que a paulista conseguiu uma vaga nos jogos Olímpicos Rio 2016. Sendo a única representante brasileira na modalidade feminina do esporte.
O esporte radical é presente não apenas entre atletas como Maya ou Priscilla, mas também no meio de mulheres comuns que se propuseram a questionar os próprios limites e possibilidades. Ynara Ruza não é atleta, mas a atividade física sempre fez parte do seu cotidiano. Enfermeira, 36, multiplica-se para conciliar a rotina atribulada ao próprio bem-estar.“Como atividade física regular sempre fiz musculação, mas contrabalanceava a academia com atividades ao ar livre, habitualmente em trilhas. Há cerca de um ano suspendi as atividades regulares e intensas em virtude de mudanças: cidade, residência, trabalho, situação conjugal, todas ao mesmo tempo! Gradualmente eu tenho retomado algumas atividades.” Entre outros esportes, o que liga Ynara as atletas radicais, é a prática de paraquedismo. Com sete saltos no total, dois foram duplos e cinco por meio do curso Acelereted Free Fall (AFF). No salto duplo o equipamento do aluno é acoplado ao instrutor, enquanto no AFF, que é um método de instrução de paraquedismo desenvolvido nos Estados Unidos, o paraquedas é preso no próprio corpo do aluno e há a presença de instrutores ape-
nas para acompanhar o salto. Para Ynara o seu primeiro salto, lá em novembro de 2013, foi um rito de passagem. Após viver uma fase turbulenta, com o apoio da família e amigos, começou a resgatar desejos que e em um determinado momento foram esquecidos. Foi quando decidiu saltar, levando junto a grande amiga Silvana Alves. “Eu tinha certeza que ouviria um alto e claro ‘não!’, acompanhado de um indagador ‘ficou maluca?’, mas mesmo assim comuniquei minha decisão e fiz o convite. Para minha surpresa e alegria, ouvi: ‘Se você realmente for, estamos juntas!’. E, assim, nos organizamos para realizar o que seria nosso primeiro salto, com o compromisso de que nos daríamos força mútua para ultrapassar a porta do avião! Acontece que a porta do avião mudou completamente as nossas vidas. Ela nos fez entender de uma forma muito peculiar que nos fortalecemos a cada vez que resistimos ao medo, o dominamos e nos libertamos dele. O sentimento que nos toma, muito bem descrito pela escritora Paula Quintão (uma de minhas inspirações), é que uma vez capazes de sair pela porta do avião, somos capazes de qualquer coisa. E, então, este foi apenas o primeiro salto de outros que ainda seriam conquistados!”.
POR PRISCILLA SOUZA DESIGN RAVENNA OLIVEIRA ABREU E SAMARA CRSIRINA FOTOS INTERNET
Assim como em qualquer outra atividade física, a prática de esportes radicais faz com que o corpo libere hormônios: adrenalina e endorfina. Enquanto o primeiro, citado por Maya Gabeira, funciona como uma preparação para que o corpo possa aguentar exigências físicas, o segundo, está ligado ao relaxamento e prazer. Esta combinação conquistou as mulheres e, hoje, o universo radical também pertence a elas.
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Olha o tamanho desse cabelo, que exagero.
Os padrões midiáticos que se sobrepõem a grande diversidade brasileiras e como reverte-los
POR APARECIDA AQUINO E RAFAELA GOMES DESIGN RAVENNA OLIVEIRA ABREU FOTOS DANIEL ARAÚJO RAFA SUALDINI ISABELLE ALMEIDA
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Diversidade: A mídia e os “Brasis Invisíveis”
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Brasil pode ser considerado um país de mil faces por tamanha diversidade étnica e cultural. Ao pensar na quantidade de povos, tradições e rostos que passaram por nossa história em comparação com o que se vê todos os dias, enquanto se assiste TV, navega na internet e folheia revistas, surge uma discrepância: mais da metade dos brasileiros estão invisíveis midiaticamente. Características como sexualidade, diferenças corporais, étnicas e ideológicas, são encobertas por um modelo que apesar de nem sempre majoritário, é dominante. Segundo Michele Escoura, antropóloga pela Universidade de São Paulo (USP) esse padrão midiático faz parte de uma questão comercial. “As criações de conteúdo na mídia são voltados em sua maior parte para a venda e não para um lado artístico. As produções são feitas a partir de conceitos e padrões descobertos como rentáveis e atrativos ao público”, conta. Um bom exemplo de como os conteúdos criados são maleáveis de acordo com a aceitação social são as novelas. Michele explica: “boa parte das novelas acabam mudando de roteiro a partir da opinião do público. Isso mostra que a preocupação não é com a narrativa, e sim que a recepção seja grandiosa, porque quanto maior ela for mais aquele horário de exibição será valorizado e com isso os patrocinadores ficaram mais interessados em investir. Por isso são descobertas e usadas as ‘receitas’ que vão de padrões técnicos até a fenótipos que supostamente atraem mais”. Os padrões usados no Brasil não são exclusivos, eles são parte de uma tendência mundial, adquiridos de construções históricas baseadas em colonizações e relações de poder. “Criou-se uma situação em que um tipo de pessoa é mais valorizado que outros e para que as produções midiá-
ticas façam mais sucesso, essas pessoas com as características mais valorizadas serão mais representadas. Se pensarmos nas mulheres, por exemplo, elas se apresentam sempre jovens, magras, brancas, preferencialmente loiras ou com cabelo liso e olhos claros. Esse padrão é algo que veio do norte-europeu, porque nem a Europa é assim, que se solidificou devido a posição de poder que esses povos representaram na história”, afirma a antropóloga. Além da questão física, também há uma tipificação em outras características mais internas, como a sexualidade. A visibilidade dos gêneros se restringe na maioria das vezes na heteronormatividade, o que pode causar muitas complicações àqueles não fazem parte dessa condição, como exemplifica Michele:
“Imagine o que deve ser para uma menina lésbica, ter crescido assistindo filmes de princesas e lendo livros de romances heterocentrados durante toda sua infância, vendo que elas sempre se casam com um homem e depois quando ela cresce, acaba descobrindo o interesse por mulheres. Isso cria um sentimento de inadequacão enorme”. Fora os sentimentos de desajuste, mostrar apenas um lado repetidas vezes pode gerar conflitos: “As outras pessoas que cresceram vendo esses padrões como modelo, tendem a acreditar que quem não se encaixa é passível de violência, reforçando esse lugar de história única. O problema é não apresentarem as outras formas de ser e nem de mostrar que essas maneiras podem ser tão valorizadas quanto os padrões mais comuns encontrados na mídia” elucida a antropóloga.
Voce^ deveria ser mais delicada e não ter tatuagens e alargador.
Não sei se ela tem capacidade, ela é mulher!
Imagina se ela engordasse um pouquinho? Ficaria linda!
Que visual estranho... REVISTA GABRIELLE
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Como mudar? A mídia não é estagnada, ela precisa se adequar a sociedade, avançando ou retrocedendo. É um processo de retroalimentação, no qual a população alimenta a mídia e ela devolve o conteúdo, gerando reações e reiniciando o clico. Michele dá um exemplo:
Mulher não pode ter cabelo curto!
“se pegarmos toda a discussão da época de 60 nos EUA, do 'Black is beautiful’ e do movimento negro, podemos perceber que lentamente comecaram a incluir negros nos filmes e nas outras producões, sendo protagonistas ou não. Ao responder a essa demanda social, as meninas negras se viram finalmente representadas e valorizadas, o que gerou empoderamento e mais reivindicacão”.
A solução para quebrar o padrão comercial midiático, seria a reivindicação e o estímulo de produções contrárias, ou seja, que visam outras facetas da história. “A grande saída para rompermos essas construções é investir e divulgar produtos culturais e midiáticos que apresentem outras possibilidades àquelas mais divulgada”, conclui a antropóloga Michele Escoura.
Ela é morena e tem cabelos enrolados. 20
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Como assim não acredita em Deus? Ser Ateu é errado!
Já pensou em fazer uma dieta?
^
Voce deveria emagrecer um pouco, está meio gordinha!
Ele é gordo. Deveria praticar esportes, fazer uma dieta...
Padrão feliz, humanos descontentes. A diversidade de estereótipos deve ser observada principalmente pela visão psicológica acarretada nos seres humanos. Os corpos precisam ser magros, com músculos e bronzeados. Os cabelos? Loiros ou ne-gros, porém, lisos e compridos. Sendo essas algumas das referências que são expostas todos os dias pelos meios de comunicação e pelo capitalismo. Cirurgias de risco, conflitos psicológicos são só alguns dos fatores que esses padrões geram. A psicóloga Regiane Palhares confirma isso ao dizer que,
“os padrões de beleza que são impostos pela mídia são ^ polemicos, pois o que vemos como resultado disso são indivíduos constantemente insatisfeitos com sua imagem e atributos próprios. A busca incessante pelo que é imposto como bonito, pode ser considerado hoje, como um dilema para muitas pessoas. O ideal de beleza se torna, então, uma questão crucial; mais que isso um objetivo de vida, custe o que custar”. O ser humano não se vê contente com aquilo que é fisicamente, não porque não é de fato bonito, mas porque não corresponde aquilo que foram ensinados a admirar. Ser aceito pela sociedade é difícil para quem não corresponde as características. As críticas são inevitáveis e junto dela a falta do controle da auto estima, não somente para as mulheres. “É muito comum pensar que esses transtornos são na maioria, femininos, o que hoje em dia não é realidade. Os transtornos alimentares e de imagem são cada vez mais frequentes
nos homens”, diz a psicóloga. Eles atualmente também se submetem a procedimentos de extremo risco para sua saúde, como por exemplo o uso de anabolizantes. A falta de contentamento com o corpo e as características pode influenciar totalmente no convívio social de uma pessoa, como por exemplo, a ideia de incapacidade de manter um relacionamento sério com al-guém, “a auto estima por si só pode ser vista como um sentimento de incapacitação e que empurra o sujeito para uma situação de isolamento social. E se tratando de relações conjugais esses mesmos indiví-duos buscam evidências de que seus parceiros estão descontentes devido à algum problema de imagem no parceiro, colocando o relacionamento em risco acreditando não ser capaz de sustentar a relação. Em muitos casos, um dos parceiros fantasia que o outro não o admira ou sente repulsa desencadeando nesse momento o processo de distorção da autoimagem”, confirma a psicóloga. O Brasil possui uma escala muito grande, e em cada região esses estereótipos estão presentes com bas-tante preconceito e críticas. Como alternativa a psicóloga Regiane diz que
“a imposicão de um padrão estético incompatível com a realidade tem o efeito de destruir a imagem e a auto estima das pessoas, que se sentem inadequadas socialmente. A mídia é responsável por passar a informacão de que é preciso ter um controle absoluto sobre o corpo para ser aceito socialmente, e a batalha travada nesse caso é ferrenha. Adequar-se aos padrões de beleza de cada região seria uma das alternativas da mídia e com isso minimizaríamos a crueldade com que esses padrões são impostos.”
Ele diz ter depressão. E desde quando isso é doenca.
Pra que ter esses furos enormes na orelha.
Voce^ é homem, deveria cortar esse cabelo! REVISTA GABRIELLE
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Violencia x Humanizacão O parto deveria ser um momento único e maravilhoso na vida de uma mulher, mas essa não é a realidade nos hospitais
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ma das maiores dúvidas que passa pela cabeça das mulheres grávidas é qual tipo de parto escolher. Na verdade, a maioria das mulheres que pretende ser mãe um dia já começa a considerar a melhor opção muito antes da gravidez. Atualmente, no Brasil, o número de gestantes que fazem cesáreas em hospitais particulares chega a 85%, segundo o Sinasc (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos).
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É um número que vem passando por um aumento considerável desde 2001, sendo que superou a quantidade de partos normais em 2005.
parto, mesmo que seja possível aplicar anestesia. A falta de conhecimento e informação acabam levando a futura mãe a optar pela opção mais fácil.
As principais razões para esse aumento são: os ginecologistas e obstetras sentem-se mais confortáveis fazendo a cirurgia, que é um processo mais rápido e pode inclusive ser realizado com data marcada; e as mulheres têm medo de sentir dor no momento do
O Obstáculo O grande problema é que, durante todo o processo, desde o pré-natal até depois do nascimento, pode ocorrer algum tipo de violência obstétri-
POR ANA JÚLIA GOMES DESIGN RAVENNA OLIVEIRA ABREU FOTOS INTERNET
ca. Segundo documento divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2014, algumas das formas de manifestação dessa violência são “violência física, humilhação profunda e abusos verbais, procedimentos médicos coercivos ou não consentidos (incluindo a esterilização), falta de confidencialidade, não obtenção de consentimento esclarecido antes da realização de procedimentos, recusa em administrar analgésicos, graves violações da privacidade, recusa de internação nas instituições de saúde, cuidado negligente durante o parto levando a complicações evitáveis e situações ameaçadoras da vida, e detenção de mulheres e seus recém-nascidos nas instituições, após o parto, por incapacidade de pagamento”. Segundo o documento, as adolescentes, mulhe que vivem com HIV são as mais propensas a passar por esses abusos. A pesquisa Nascer no Brasil, coordenada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), afirma que uma em cada quatro mulheres sofreu com isso. “No seu caso, ou você tira um rim, ou tira o bebê. Eu prefiro que tire o bebê”, foi o que Ana Maria Gomes ouviu, por meio de uma ligação telefônica, de uma ginecologista. Ela tinha um mioma no útero e, durante a gravidez, começou a sentir muitas dores, foi ao hospital e fez um exame. A médica pediu que Ana ligasse quando tivesse o resultado e deu um diagnóstico sem olhar o exame. “A pessoa que fez o ultrassom havia dito para eu ficar tranquila, pois era um problema temporário e fácil de tratar. Quando ouvi a opinião da ginecologista, fiquei desesperada e resolvi procurar outra
opinião. E, no fim das contas, eu só precisava dormir em uma posição específica e a dor passaria, sem qualquer tipo de complicação. Hoje eu poderia estar sem um rim, ou pior. Meu filho nasceu com muita saúde, hoje tem 22 anos, mas talvez nem tivesse nascido pela falta de conhecimento da pessoa que me atendeu”, declarou Ana.
A Solucão Para que esse tipo de situação não aconteça, muitas pessoas lutam pelo parto humanizado, onde prevalece, acima de tudo, o desejo da mulher. Não há intervenção cirúrgica, o médico interfere somente se necessário, a grávida recebe assistência desde o pré-natal, e o pai da criança está presente em todo o processo. O recém-nascido recebe um tratamento diferenciado, que inclui massagem nas costas ao invés da famosa palmada. Enfim, basicamente é tornar humano um processo que é, intrinsecamente, humano e natural, mas que foi moldado com o surgimento de tecnologias, com o avanço da medicina e o desrespeito ao fator mais importante em uma gravidez: a vontade da grávida. No âmbito municipal, há projetos e leis que estão incentivando e aumentando o número de partos humanizados nos hospitais, graças à luta de mulheres, políticos e coletivos feministas. Um exemplo é Raquel Prado, que, além de ativista, também é doula. A profissão não é muito conhecida, mas está se tornando mais popular no país. Uma doula oferece suporte físico e emocional para a gestante durante o
parto. “Ajudamos com informações, indicamos os melhores profissionais e hospitais onde é possível a mulher ter um parto respeitoso, ajudamos a mulher a fazer o plano de parto, que é um documento onde ela descreve os desejos dela para o parto, quais intervenções ela aceita. Orientamos sobre cada intervenção para que ela decida os desejos dela. É importante ressaltar que a doula não faz nenhum procedimento técnico, não faz exame de toque, ou ausculta fetal, e não substitui nenhum profissional responsável pelo procedimento, como o obstetra ou enfermeiro”, explicou Raquel. A violência obstétrica é um problema grave, que acomete um alvo específico. Para Raquel, a melhor forma de combatê-lo é com informação e conscientização, por parte das próprias mulheres e dos profissionais. “As mulheres precisam saber do que se trata, denunciar quando forem vítimas, e os médicos precisam mudar certas condutas”, ela defendeu. Por isso, é muito importante fiscalizar profissionais da área, hospitais, e, principalmente, deixar claro desde o começo o desejo da mulher para um momento transformador em sua vida.
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Generos: Muito além do sexo biológico A sexualidade dos seres humanos perpassa as características biológicas.
No passado palavras que definissem a
identidade sexual de alguém eram praticamente inexistentes. Era inaceitável que alguém não se identificasse apenas como homem ou mulher. Atualmente, o conceito das pessoas sobre o assunto está mudando e agora existem muitas outras palavras para definir a sexualidade das pessoas. O psiquiatra e escritor do livro “Onze sexos” Ronaldo Pamplona disse em seu livro que a sexualidade é formada por cinco elementos:
O Sexo Biológico:
É aquele que o indivíduo já nasce, cromossomo X ou Y; ^
Identidade de genero ou papel sexual:
É o tipo de comportamento, geralmente determinado pela sociedade, aquele que homens e mulheres devem seguir e o papel exercido por cada um;
A identidade sexual:
É o que o individuo acredita ser, por motivos psicológicos, que envolvem o sexo biológico e o comportamento sexual;
Orientacão sexual:
Que é exatamente a direção para qual se inclina este desejo para se relacionar, amar, fazer sexo
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Muito Além
Assexuais
Boa parte da população ainda têm dificuldades de compreender as várias formas de sexualidade. Muitos acreditam que não há diferenças entre elas, quando na verdade, são diversas e complexas.
Os assexuais são pessoas que, independente do sexo ou do gênero, não sentem atração sexual por nenhum dos sexos. Mesmo assim, podem manter um envolvimento afetivo e romântico.
Homossexualidade: gays e lésbicas
Pansexuais
Bissexuais
Cis
Travesti
Segundo a psicóloga Juliana C. Dourado o comportamento dessas pessoas podem ser causados por genes e pela interação com o ambiente, mas que podem ter uma vida normal como de todas as outras pessoas. “Uma parte da sociedade tem dificuldade de aceitar e entender esses comportamentos, primeiramente por não aceitarem o que é diferente, segundo por não terem um conhecimento aprofundado sobre o assunto, apenas o conceito formado pela cultura”.
Refere-se à característica, condição de um ser que sente atração física, estética ou emocional por outro do mesmo sexo ou gênero. Porém fisicamente eles se sentem bem com o seu corpo.
Os Bissexuais popularmente chamados de “Bi”, sentem atração pelos dois sexos, tanto homens quanto mulheres, geralmente não têm problema com a própria aparência ou com o seu gênero.
É uma expressão de gênero que difere da que foi designada à pessoa no nascimento, assumindo, um papel diferente daquele imposto pela sociedade. Na maioria de suas expressões, a travestilidade se manifesta em pessoas designadas homens no nascimento, mas que objetivam a construção do feminino, através de suas roupas e podendo incluir ou não procedimentos estéticos e cirúrgicos.
Transexuais
Um transexual é alguém que possui uma identidade de gênero oposta daquela do nascimento. Uma pessoa trans não se sente ela mesma dentro do corpo que ela nasceu recorrendo a cirurgias médicas, estéticas e procedimentos hormonais para mudarem de sexo.
Os pansexuais são pessoas que se sentem atraídas por todos independentemente de seu gênero, seja ele cis ou trans. A adoção do termo pretende escapar da divisão binária imposta pelo conceito de bissexualidade.
São termos utilizados para se referir às pessoas cujo gênero é o mesmo que o designado em seu nascimento, ou seja, o psicológico e comportamentos são correspondentes ao corpo e a identidade de gênero.
O assunto é extremamente complexo, citamos apenas os mais comuns, mas existem 66 tipos de identidades sexuais que merecem ser respeitadas e compreendidas, tanto quanto qualquer outra. POR JULYA ZAGO DESIGN JAYNE BIANCA FOTOS INTERNET
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BARRIGA DE ALUGUEL Por trás do empréstimo clandestino de útero
POR MILENA VEDOVE E JULYA ZAGO DESIGN WAYNE TONON LEITE FOTOS INTERNET
O termo “barriga de aluguel” apesar de muito conhecido, grande parte das pessoas ainda não sabem o seu real significado, mas inicialmente quando citado, nos lembra de algo comercial.
O
tema foi mostrado até mesmo em novela, em que a mulher responsável por gerar o bebê faz isso de forma clandestina, recebendo quantias exorbitantes do casal que deseja ter o filho. O que não é mostrado na televisão é que no Brasil existe uma legislação a respeito da barriga de aluguel, e nela fica claro que não deve haver nenhum tipo de negociação comercial. Segundo o Conselho Regional de Medicina, o termo mais adequado para barriga de aluguel é “doação temporária do útero”. A cláusula 1.358/1992 do conselho diz que a receptora do embrião deve ter algum grau de parentesco com a doadora do óvulo, e acima de tudo, o procedimento não deve ter caráter lucrativo. Apesar da lei, muitos casais devido
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às dificuldades de engravidar ou por motivos burocráticos do processo de adoção, acabam buscando pela opção ilegal, em que é envolvido dinheiro e até falsificação de documentos. “Em processos feitos ilegalmente, os documentos são falsificados, e os pais que deveriam ser pais adotivos, ficam
como pais biológicos na certidão de nascimento da criança, esses casos são os que chamamos de adoção á brasileira,” diz o advogado José Carlos Sgobetta. O procedimento da gestação de substituição deve ser feito desde o início com acompanhamento judicial e principalmente psicológico, afinal, a mulher que irá gerar a criança mesmo
que não tenha nenhuma relação genética – pois, em alguns casos o óvulo é da mãe biológica - pode começar a ter afeto durante a gestação e se recusar a dar o recém-nascido para o casal. Algumas mulheres que buscam alugar seu útero, não enxergam isso como um problema. “Seria normal, não ia fazer falta pra mim e nem eu pra criança, pois como ela seria entregue recém-nascida ela não ia sentir falta nem afeto por mim. Eu mesma sou adotada e não sinto falta e nem afeto por minha mãe biológica, pois não a conheço e nunca convivi com ela.”, diz a doadora Vanuzah Pontes. Já para outras mães de aluguel a situação é um pouco mais difícil, “imagino que após o nascimento da criança será uma mistura de emoção com tristeza. Mas como é um acordo eu terei que entregar. Não sei dizer minha reação após a entrega, creio que teria que fazer de tudo para esquecer o bebê, mas ao ver o rostinho dele isso ficará
o resto da vida na minha lembrança”, desabafa a futura doadora Mayara Santana. Hoje em dia temos sites que cuidam de todo o processo, desde a escolha da doadora, até o nascimento da criança, e neles são oferecidos diversos tipos de pacotes com preços variados.Como no caso do site Tammuz. Nele você consegue selecionar qual pacote e de que lugar você quer a doadora, podendo variar entre EUA e Ucrânia. Os valores vão de US$ 50.000,00 á US$ 110.000,00. O correto e dentro da lei seria a barriga solidária, que acontece na minoria dos casos, afinal a maioria das mulheres que se submetem a essas situações e se tornam doadoras do útero são por motivos financeiros. Já os casais que estão desesperados por um filho, pelo fato da lei ser muito restritiva além da demora da aprovação legal para realizar o procedimento, acabam recorrendo às barrigas de aluguel. É por isso que esse comércio funciona tão bem aqui no Brasil.
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’Erotizacão e adultizacão’ infantil: como o apelo sexual atinge até mesmo as criancas
Sejam os funkeiros mirins e até mesmo as ‘mais comuns’ das crianças: todos são, diariamente, expostos a um apelo sexual e consumista que os erotiza e os impede de ter uma infância saudável
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ecentemente a cantora mirim Melody, famosa pelos falsetes, paródias e comportamento inadequado para uma criança, anunciou em suas redes sociais que apagou todos os seus vídeos antigos e que agora fará um ‘trabalho mais sério’. A cantora, que é alvo de polêmicas e muitas ‘piadas’ nas redes sociais, é um grande exemplo de como as crianças podem ser hipersexualizadas – e de como isso é ruim para elas. “Exclui 51 vídeos das minhas redes sociais, no total de 227 milhões de views. A partir de hoje não faço mais falsete nem paródias. Daqui pra frente vai existir uma nova Melody, com trabalhos mais sérios e músicas inéditas”, escreveu em sua página no Facebook. No ano passado, o Ministério Público do Estado de São Paulo abriu um inquérito para investigação de “violação ao direito, ao respeito e à dignidade de crianças e adolescentes”, não só em relação à MC Melody, mas também a outros funkeiros mirins. De acordo com um trecho de uma das representações do inquérito do MP, a garota “canta músicas obscenas com alto teor sexual e faz poses sensuais bem como trabalha como vocalista em carreira solo, dirigida pelo seu genitor”. Além dela, a investigação mirou em cantores como MC 2K, MC Bin Laden, MC Brinquedo, MC Pikachu e MC Pedrinho, que contam com grandes apelos sexuais em suas músicas. Na ocasião, o promotor Eduardo Dias de Souza Ferreira disse que esse tipo de conduta adotada pelos funkeiros ofende a Constituição e o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
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“Optamos por fazer um procedimento que cuidasse dos MCs mirins, com letras de forte apelo erótico, sexual, e coreografias nesse sentido”, explicou. Com apenas 9 anos, Melody posta fotos sensuais em suas redes sociais, algumas usando até enchimentos para dar volume nos seios. Outros cantores, como o MC Brinquedo, que também ficou famoso na internet, ‘ostentam’ canções com letras inadequadas para a idade: “é o MC brinquedo, tá mandando pras gostosas, roça, roça o piru nela que ela gosta”. Esses dois exemplos – o da menina que quer parecer mulher e do menino que canta músicas sexistas – nos provam como interferências externas podem afetar essas crianças. Anderson Soares, Educador e Psicanalista, escreveu em um artigo para a Carta Potiguar em 2014 que “gestos, músicas e poses sexuais fazem parte do cotidiano de crianças que logo aprendem a banalizar a própria sexualidade, em um mundo imaginário em que as ‘celebridades’ das capas de revistas são a referência máxima. Já os meninos, estes logo são afastados do afeto da mãe para logo provarem que são ‘homens de verdade’. Aprendem a demonstrar seus ímpetos machistas a todo instante para se afirmarem dentro de seus grupos”.
O consumismo lado a lado com a erotizacão A Médica-obstetra do Hospital das Clínicas e coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da Secretaria
de Estado da Saúde de São Paulo, Albertina Duarte, afirmou em uma entrevista para a Newsletter Online do Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, que a erotização infantil precoce é estimulada pela ‘política do consumo’, que faz com que principalmente a mulher fique erotizada. “Hoje, a moda faz com que as crianças se vistam como pequenas adultas e usem objetos de consumo para se sentirem aprovadas. A questão da erotização passa também por uma necessidade de vender produtos que valorizam o corpo de meninas e meninos. E, certamente, as roupas da moda são objetos eróticos”, afirma. Uma das revistas mais famosas do mundo da moda, a Vogue, se envolveu em uma polêmica em 2014 por conta da edição de setembro da Vogue Kids. Na época, uma liminar da justiça, encabeçada pelo Ministério Público do Trabalho, proibiu a distribuição e circulação dos exemplares da revista, já que as publicações “violaram o princípio da proteção integral à criança, previsto pela constituição”, ao divulgar em editorial fotos de meninas menores de idade em poses sensuais, vestidas de biquíni. Denise Windlin, psicóloga clínica de crianças e adultos, explica que esse apelo para o consumo faz com que as crianças percam parte da infância e entrem na puberdade mais cedo. “As crianças estão em fase de desenvolvimento e são altamente influenciáveis. Elas não são capazes de filtrar as propagandas e publicidades, o que facilita a entrada delas no mundo adulto. No plano psicossocial, deixam de viver experiências fundamentais para seu
desenvolvimento emocional, que seriam encontradas nas brincadeiras e nas vivências que fazem parte do universo infantil”. A psicóloga ainda explica que a falta de experiências fundamentais no que tange o universo infantil, acompanhadas de forte apelo consumista e sexual, podem ocasionar em diversos males para essas crianças.
POR LETÍCIA RODRIGUES DESIGN KAWE TOMAZALI FOTOS INTERNET
“De cara, elas se tornarão adolescentes em busca de ^ novas experiencias no campo sexual, já que se encontraram precocemente na vida adulta, o que pode até acarretar um aumento no número de adolescentes grávidas. Uma vez que o apelo ao consumismo é exacerbado, essas criancas também pode desenvolver compulsões, ansiedade e estresse ao longo da vida”.
O que diz a lei? Carol Parma, formada em direito e atuante nas áreas do direito civil, familiar e trabalhista, explica que a erotização infantil é uma perfeita violação ao direito, ao respeito e à dignidade de crianças e adolescentes. “Conforme dispõe o Artigo 18 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, inclusive, lhes protegendo de situações vexatórias ou constrangedoras. Além disso, o art. 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente diz que a criança tem direito à liberdade, ao respeito e à dignidade”, explica. E não para por aí: Carol ainda explica que a erotização infantil também viola princípios da própria Constituição Federal, conforme tange o artigo 227 da constituição. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.
Portanto, devemos entender que crianças não são adultas e que merecem viver sua infância de forma saudável. Os pais, principalmente, precisam ter cuidado com as publicidades e meios de comunicação em que essas crianças são expostas. “Em minha prática de consultório, obser-
vo que os pais, por insegurança ou medo de perderem o amor dos filhos, correspondem aos apelos das crianças e acabam cedendo às suas vontades. É fundamental que os pais compreendam que a adultização de crianças não pode ser aceitável e considerada como normal”, finaliza a psicóloga Denise.
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Empoderamento atravĂŠs da Danca Quem se movimenta, se liberta A danca tem sido a nova forma de empoderar
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a luta contra o racismo, contra a desigualdade enfrentada pela mulher e a tão reprimida diversidade de gêneros, está um novo aliado: o empoderamento. Diferente do que geralmente é apresentado, nesta edição da Revista Gabrielle, você encontra uma das mais belas formas de empoderar: a dança. Uma atividade que se tornou mais do que movimentos corporais, se tornou libertação. Será que as pessoas conseguem ver o que a dança faz com o seu corpo e consigo mesma? O empoderamento vem para fazer você entender que é livre e capaz de tudo o que quiser. Ele mostra que a beleza está em cada um. Já a dança, por sua vez, liberta e aflora os maiores sentimentos, movimentos e desejos de cada um. Por isso, a professora de dança Alice Vilas Boas, de 20 anos, que é travesti, modelo, transfeminista, militante do movimento negro e dos direitos LGBT’s, conta um pouco sobre seu trabalho e como usa a dança, para empoderar.
Como é a sua ligacão com a danca e como ela faz voce se sentir? Para mim a dança é a forma que tenho de superar o comum, e o corpo é a minha ferramenta. Comecei aos oito anos e apesar de já ter dançado em várias academias, nunca me senti representada e a vontade em nenhum lugar, isso se deve pela falta de travestis e negros nesses ambientes. Quando completei 18 anos, cansei de seguir a ideia de dança que eu havia aprendido. Não gosto de receber nada pronto, gosto de criar junto com minhas alunas, ensinar como se expressar, e tentar fugir do comum.
Alguns lugares exigem um padrão de corpo e de danca, voce acredita que as coisas deveriam ser diferentes? Já que a dana é para se expressar e cada um faz isso de forma diferente.
POR PAULA QUEIROZ E MILENA VEDOVE DESIGN HELO FOTOS INTERNET
Com toda a certeza. Eu procuro sempre não passar o que eu aprendi, e sim o que dança realmente significa. E um corpo empoderado mostra realidade quando dança. Gosto de ajudar no empoderamento de minhas alunas
sobre o corpo delas, sobre elas serem mulheres livres para que se tornem quem quiserem, e mostrar para as pessoas o poder do real conhecimento corporal.
Seu trabalho vai além de ensinar àas suas alunas a importância da aceitacão corporal. Em suas aulas, como é a dinâmica? Sempre usei a dança para me expressar e muitas vezes me libertar de coisas que me atormentavam, mas se você chega a uma aula e seu professor não se importa com você e simplesmente quer que o aluno faça o que ele faz, não adianta em nada. Não somos robôs, somos pessoas que antes de uma aula de dança temos uma bagagem vivencial enorme. Preciso ouvir o que minhas alunas têm para dizer, para que assim, eu possa saber em como ajuda-las através da dança. Quando temos que mostrar nosso trabalho em festivais, shows e outros eventos, a coreografia, a música, o cabelo, o figurino e a maquiagem tem que ser decidido por todas, para que tudo seja realmente verdadeiro.
REVISTA GABRIELLE
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Ela é muito baixa, parece uma crianca.
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Voce é sincera demais, chega a ser grossa.
Mulher não pode ter cabelo curto!
Tatuagem não sai nunca mais, deveria pensar mais.
Que estilo é esse?
É muito estranho mulher gostar de Super-Heróis.
Ele diz ter depressão. E desde quando isso é doenca.
Ele é uma pessoa má, fala na cara.
Não sei se ela tem capacidade, ela é mulher!
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e Nós desconstruimos