EDITORIAL Em um ano onde as condições econômicas preocupam grande parte dos brasileiros, buscamos entender um pouco desse cenário. Por que as compras no mercado estão rendendo menos, ou melhor, por que o dinheiro não rende mais como antes? Por que as filas do desemprego só crescem e quais os melhores caminhos a seguir quando esta notícia também bate em sua porta? Essas são algumas das perguntas que nos questionamos diariamente, mas nem sempre sabemos responder, não é mesmo? Aqui, tentamos entender um pouco disso, traduzindo a famosa linguagem do “economês”. A partir do olhar dos especialistas e um panorama do que é esta crise, buscamos sugestões para pequenos e microempreendedores e para quem está pensando em abrir o próprio negócio. Também encontramos histórias e bons exemplos de quem conseguiu transformar um problema em solução, ou melhor, em sucesso profissional. Criatividade, inovação e planejamento são palavras-chave dessas histórias, que mostram como é possível remar contra tanta notícia ruim. Porém, em meio ao clima tenso da economia, também temos festa. Neste mês, a fé e tradição contagiam a cidade de Guaratuba e também cidades vizinhas, é a Festa do Divino Espírito Santo que está aí. Um pouco da história e costumes tradicionais são resgatados, junto com as novidades que marcarão esta edição da festa. Para não perder o costume de contar as boas histórias que acontecem pertinho da gente, também temos música, arte, história e estilo para tornar seus dias mais instigantes, leves e cheios de conhecimento. Afinal, cada história reflete uma forma de ver e levar a vida, e nada melhor do que conhecê-las. Boa leitura!
8 | Julho 2016 | Revista Giropop
Índice
Economia Crise nacional: hora de inovar e ter disciplina Inovação e criatividade para empreender em tempos de crise Novos negócios em tempos de crise: como estar preparado Gestão da inovação para as pequenas empresas
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Empreendedores Lippi - Projetos e execuções com eficiência e segurança Wall Lanches - O sabor dos lanches feitos com amor
18 37
Festa do Divino Eles fazem a festa acontecer Quando o Divino chega a sua casa
22 25
Dia da Caridade “Sopão” aproxima voluntários e moradores de rua de Guaratuba 28 Arte - A arte por uma praia mais harmoniosa e limpa
30
Colecionadores - Amor e história por trás das bicicletas antigas 32
economia
Crise nacional: hora de inovar e ter disciplina
Da redação
Crise econômica, desemprego e aumento na inflação. Palavras como essas, infelizmente, tornaram-se parte de nossa rotina. Mais do que presente nos grandes jornais ou mesmo em discussões com amigos, elas afetaram os bolsos e podem ser sentidas de perto. As compras no mercado já não são mais as mesmas, os luxos foram cortados ou, pior ainda, o desemprego bateu à porta. Mais quais são as causas disso e qual a melhor forma de agir neste cenário? O economista André Gustavo Schneider, presidente da Seccional Norte da Ordem dos Economistas de Santa Catarina e sócio fundador da Legado Investimentos, nos ajuda a entender este panorama de crise e aponta dicas para os pequenos empresários e população. Mais do que se adequar à nova realidade, é preciso saber inovar e ter disciplina.
10 | Julho 2016 | Revista Giropop
A crise e seus principais motivos
Segundo o economista André Gustavo Schneider, uma sucessão de fatos motivou esta crise. Tudo começou em 2008, quando o mundo estava em crise e o Brasil passou a vender muito menos para o exterior. Apesar do cenário mundial afetar o ritmo de exportações brasileiras, uma política comercial interna garantiu que não sentíssemos os efeitos de perto. “Como o mercado externo estava desaquecido e o interno tinha grande potencial de expansão, bastava aproveitar esse potencial interno e seguir crescendo a economia brasileira. E deu certo! Passamos um período de crescimento sustentado pelo mercado interno”, lembra. Os bons ventos permaneceram pelo fomento do mercado interno com financiamento público – como o mercado interno depende de receita e esta receita depende significativamente do mercado externo, a ideia foi reduzir a dependência de exportações e tornar o Brasil menos suscetível às crises do restante do mundo. Assim, com o mercado sustentado pelo financiamento público, o financiamento público foi sustentado
pelo endividamento público. O economista explica que isso se trata de uma política monetária expansionista, que serve para alavancar a economia à curto prazo, mas a médio e longo prazo pode ser perigosa pelo seu alto custo. E foi aí que o perigo começou. De acordo com André, com essa política, o governo se esqueceu de algumas regras básicas: “Não existe almoço grátis, mais moeda em circulação gera inflação e, com inflação, o brasileiro perde poder de comprar e tende a desaquecer a economia”. Inflação é o aumento persistente e generalizado no valor dos preços; quando chega a zero é que houve uma estabilidade. De acordo com o economista, a expansão monetária que acarretou na inflação se dava artificialmente a partir da emissão de títulos públicos, ou seja, pelo aumento do endividamento público. Resultado: aumento significativo no endividamento público e o financiamento público não se sustenta mais. “Hoje os juros e amortização da dívida pública consomem expressivamente o orçamento do governo, impossibilitando reformas estruturais necessárias para o desenvolvimento social e econômico”, afirma.
Assim é que a crise se concretiza: “criou-se uma desconfiança generalizada na economia nacional, onde quem tem dinheiro, aplica no mercado financeiro a juros elevados ao invés de aplicar no mercado, gerar empregos, renda, arrecadação e riqueza”. Isso reflete no desemprego e, consequentemente, no consumo das pessoas, na geração de riqueza, no pagamento de impostos e na dependência de assistências públicas. Para André, a crise reflete a redução da arrecadação do governo, mas o aumento de seus custos.
As áreas mais afetadas
De acordo com o economista, todas as áreas são afetadas, mas de forma e momentos diferentes. As primeiras a sentir são as grandes empresas que, com a redução do mercado, acabam demitindo. Aí é como uma bola de neve: mais gente desempregada reflete em menos consumo, o que cria um ciclo de desaquecimento em todo o mercado.
O cenário em Santa Catarina
Apesar do panorama brasileiro, diferentes notícias apontam que Santa Catarina é um estado privilegiado, e isso é confirmado pelo economista André Gustavo Schneider. Segundo ele, os mais de 300 quilômetros de litoral e a presença de portos em cinco municípios facilita a logística no es-
tado e dá alguma vantagem competitiva. “Outro ponto é a cultura local, que desenvolveu um perfil empreendedor e está sempre em busca de alternativas”, afirma André.
O cenário em Itapoá
Segundo o economista, as pequenas cidades não são as primeiras a sentir os reflexos da crise, até porque, geralmente, as grandes empresas estão em grandes municípios. Porém, esses impactos chegam de alguma maneira. Ele explica que no caso de Itapoá, o impacto é sentido no comércio devido à inflação, pois com o aumento dos preços, dos custos e a redução do poder de compra da população, o consumo tende a diminuir, afetando os pequenos comerciantes. “Outro ponto que impacta significativamente o verão. Como se trata de um balneário, boa parte da economia oriunda do turismo tende a reduzir”, fala.
Como agir neste momento
O cenário é crítico, mas algumas ações podem minimizar os impactos. Em relação aos empresários, André cita o ditado: “Custo é como unha, cresce todo dia e uma vez por semana devemos cortá-lo”. Ou seja, os empresários devem dar atenção à sua gestão e buscar eliminar tudo que for supérfluo. Além disso, também é preciso inves-
tir: “Num momento como esses, as empresas precisam inovar, de forma a tornar seus processos ou produtos melhores em todos os sentidos. Atendimento, produto, preço, e outros fatores precisam melhorar. O mercado está cada dia mais agressivo, portanto todos tem que se adequar à realidade”. Assim, para sobreviver a esta crise as dicas são duas: reduzir custos e oferecer um diferencial competitivo. Afinal, André afirma: “A crise vai passar e quem continuar de pé tende a se fortalecer e sair dela mais competitivo”. Em relação ao endividamento pessoal, o economista lembra sobre educação financeira. Segundo ele, não é difícil se reeducar, o difícil é ter disciplina. Por isso, para seguir a regra de gastar menos do que se ganha, uma dica é ter disciplina no dia a dia e muito sangue frio na hora das compras.
O que podemos esperar
Os meses estão passando e mais um semestre se despede, mas até quando a crise deve permanecer? Conforme André, este ano ainda terá recessão, ou seja, diminuição no consumo e no ciclo econômico. Entretanto, podemos ter esperanças. O economista acredita que já chegamos ao fundo do poço e há expectativas de redução de juros e aceleração na economia para o final desse ano.
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economia
Inovação e criatividade para empreender em tempos de crise
Para driblar a crise econômica, o casal Lilian Roters e Danilo Rocha produz doces e salgados para vender nos comércios de Guaratuba. Ana Beatriz
Cada vez mais, pessoas que estão fora do mercado ou que sonham com a autonomia decidem abrir seu próprio negócio. Diante da alta do desemprego no país, tornar-se o seu próprio patrão tem sido a alternativa de muitos brasileiros. Driblando a crise econômica, moradores de Itapoá e Guaratuba contam suas histórias como empreendedores e falam que, em tempos difíceis, é preciso inovação, criatividade e apostar em diferenciais. Empreendendo com as próprias mãos
L
ilian Roters e Danilo Rocha se conheceram quando trabalhavam em um supermercado de Guaratuba juntos, em 2014; ele no açougue, ela no balcão da padaria. O casal conta que ambos foram demitidos e passaram a trabalhar em outro supermercado, na mesma função cada. “Eram empregos bons, mas consumiam muito de nosso tempo e energia, especial-
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mente durante a temporada”, fala Lilian. Assim, ela deixou seu emprego para pensar em alguma solução criativa de trabalho, enquanto ele passou a trabalhar de balconista em uma panificadora. Eles recordam que a mãe de Renato costumava incentivar o casal a desenvolver habilidade em uma determinada área, como bijuterias ou tatuagens de henna, para obter renda extra. Seguindo seu conselho, com apenas R$100 no bolso, decidiram comprar ingredientes para fazer cookies e sanduíches naturais, a fim de vendê-los pelas ruas de Guaratuba. Inicialmente, seria um teste, mas o casal se surpreendeu com a experiência, já que todos os produtos foram vendidos e renderam muitos elogios dos clientes. A partir de então, o casal dividiu as tarefas e a produção aumentou: Lilian produzia os alimentos, enquanto Danilo saía para vendê-los pela manhã. No entanto, os clientes, a maioria comerciantes e lojistas, passaram a encomendar mais produtos para o fim de tarde, o que implicou no trabalho de Danilo na panificadora. “Sentamos para conversar e chegamos à conclusão de que as vendas de
Danilo e seu ajudante João Paulo Roters, na produção de salgados.
Lilian, responsável pela produção dos docinhos.
nossos produtos iam bem e, então, deixei meu emprego”, conta Danilo. Para o casal, esta foi uma decisão arriscada, mas que lhes abriu novas portas. Lilian, que estava acostumava a cozinhar apenas doces tradicionais para os aniversários de seu filho, se aventurou em novas receitas. Aos poucos, incluiu novos produtos para a venda, como salada de frutas e mousse. “Sabemos que é difícil comer todos os dias a mesma coisa. Por isso, prezamos por inovar no cardápio, revezando nossos produtos”, fala. Mais tarde, Danilo passou a fazer os salgados, como esfirras e calzones. Com ela na produção dos doces e ele dos salgados, Lilian e Danilo escolheram o nome de Romeu e Julieta para a marca de seus alimentos. A experiência anterior em comércios da cidade contribuiu para que Danilo se saísse bem como vendedor ambulante. “Sempre tive em mente que deveria dar o meu melhor e fazer diferente dos demais, independente da área que estivesse trabalhando”, fala. Certo dia, uma cliente questionou se poderia encomendar um modelo de bolo. “Em meus trabalhos, aprendi a nunca dizer ‘não sei fazer’ e sempre encarar novos desafios”,
conta Danilo. Ele aceitou a encomenda e passou o desafio para a esposa, que nunca havia feito um bolo tão elaborado. Depois de muitos testes, a primeira encomenda do Romeu e Julieta foi feita e entregue com sucesso. Atualmente, é possível encomendar uma infinidade de bolos, tortas, sobremesas, salgados e mini salgados. Além das vendas nos comércios da cidade e das encomendas realizadas durante o dia, o sucesso da marca Romeu e Julieta também se deve aos combos de produtos realizados à noite. Para empresas, como lanchonetes e padarias, os produtos do Romeu e Julieta são vendidos em atacado e com preços especiais. Durante o verão, a empresa tem um ponto fixo para vender seus produtos, próximo à praia. Para Lilian e Danilo, ter o próprio negócio é resultado de muita dedicação, trabalho e responsabilidade. “Apesar de termos horários um pouco mais flexíveis e lucrarmos mais do que quando éramos funcionários, trabalhar para nós mesmos também exige muita seriedade, como horários, divisão de tarefas e persistência nas receitas”, afirma Lilian. O casal acredita que o sucesso da marca se da à seriedade do trabalho e ao olhar empreendedor,
bons exemplos disso foram a licença da vigilância sanitária, obtida para produzir os alimentos e realizar as vendas ambulantes, o cuidado para manter a padronização dos alimentos, pesando massa por massa, e o estudo do método de abordagem e fidelização do cliente. Além de Lilian e Danilo, o pequeno João Paulo Roters, de apenas nove anos, também faz a sua parte ajudando os pais. Os planos futuros para o Romeu e Julieta incluem conseguir outro ponto comercial, para se fixar durante todo o ano, em Guaratuba, e expandir a marca para outras áreas, além do ramo alimentício. “As pessoas falam que trabalhar com comida é trabalhar com sentimento, e nós acreditamos profundamente nisso”, diz o casal. Com muita criatividade e força de vontade, eles fazem do Romeu e Julieta um empreendimento de sucesso, foi uma escolha que deu certo.
comunicação imprescindível na vida de todos. “É difícil encontrar alguém que invista no aparelho e não compre junto uma capinha e uma película para protegê-lo. Além disso, o dono do aparelho costuma enjoar e trocar de capinha frequentemente, já que o celular costuma estar sempre em mãos”, fala Renato. Desde o surgimento da ideia de abrir a franquia até a execução foram 20 dias. Mesmo sem experiência enquanto empreendedores, Karla e Renato decidiram mudar de vida e arriscar uma nova profissão. Eles, que já eram veranistas de Itapoá há anos, escolheram o município litorâneo para investir, pois notaram a escassez de um comércio com variedade de acessórios para celulares na região. Assim, no dia 11 de junho deste ano inauguraram a franquia de O Mundo das Capas em Itapoá. Basta olhar a infinidade de modelos, de marcas e cores O casal Renato Mello e Karla Regina, de capinhas exibidas na loja abriram sua própria franquia, através da De olho no mercado para entender o tamanho empresa Mundo das Capas. deste mercado. Apesar do que está em alta Na cidade de Chapecó-SC, Renato, a matriz da empresa fica pouco tempo de experiência até o casal Karla Regina de Cezar e localizada em Chapecó e lançam então, eles contam que as expecRenato Mello trabalhava em áre- diversas franquias por toda a tativas vêm sendo correspondias diferentes. Lá, Renato criou região. Eles, que já eram clien- das. “Estamos na baixa tempouma empresa para prestar ser- tes e conheciam seus produtos, rada e contamos com clientes viços de instalações hidráulicas, ficaram ainda mais interessados frequentemente”, diz Karla. mas, ainda assim, estava insatis- quando estudaram a proposta De acordo com os emprefeito profissionalmente. “Tínha- de abrir sua própria franquia da endedores, especialmente por mos uma vontade grande de in- empresa. Para o casal, o segredo se tratar de uma novidade no vestir em alguma área comercial se deu no produto a ser ofertado. município e de um produto basApesar da crise econômica no tante atrativo, as vendas estão para trabalharmos juntos e mupaís, eles observaram que cresce favoráveis. Outro fator decisivo darmos de cidade”, fala Karla. A oportunidade ideal surgiu o número de celulares inteligen- na compra e venda das capinhas através da empresa O Mundo tes no mercado, com preços cada para celulares é o baixo custo do das Capas, voltada ao segmento vez mais acessíveis. Estes pro- produto: Cada uma delas custa de capinhas e acessórios para dutos deixaram de ser uma pro- apenas R$ 15, fazendo com que, celulares. De acordo com Karla e messa para se tornar um meio de normalmente, o cliente consuma
mais de um produto. Dentro da infinidade de produtos oferecidos, a principal aposta são as capinhas personalizadas com imagens das paisagens de Itapoá. Eles contam: “Desenvolvemos este produto pensando nos turistas, já que a maioria deles consome lembranças da praia, e capinhas para celular é uma novidade. Porém, muitos moradores do município gostaram da ideia e estão optando por estes modelos com o tema da cidade. Ficamos muito felizes”. Focados no bom atendimento e na satisfação dos clientes, Renato e Karla estão gostando e se dedicando na carreira de empreendedores. “Procuramos atender às necessidades de nossos clientes, oferecendo uma capinha para celular que revele um pouco sobre sua personalidade. Quando não possuímos o produto desejado, cadastramos o cliente no sistema e realizamos a encomenda do mesmo”, explica Karla. O horário de funcionamento da loja – das 9h às 20h, sem pausa para o horário de almoço – também é pensado nos clientes que possuem pouco tempo livre. Para o casal, ter fé e força de vontade é o que faz as coisas darem certo profissionalmente. Eles contam que a única dificuldade enfrentada está sendo a saudade dos familiares que deixaram na cidade natal. “Felizmente, estamos nos sentindo em casa. Os itapoaenses estão sendo muito receptivos”, afirmam. Para a loja, a expectativa é grande para as vendas de alta temporada. Uma vez que certos segmentos de mercado permanecem em constante crescimento, eles acreditam que é possível, sim, driblar a crise econômica e manter as vendas do comércio.
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economia
Novos negócios em tempos de crise: como estar preparado
Da redação
empreendedores individuais são o comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios, cabelereiros e obras de alvenaria. Porém, junto com todo este crescimento, novas exigências foram atribuídas aos empreendedores no último ano, principalmente com as atribulações políticas e econômicas, afirma Jaime. Segundo o coordenador, todo empreendedor precisou diversificar seu negócio, se adequar em relação à qualidade e preço de produtos e serviços, além de praticamente entrar em uma maratona para manter seus faturamentos.
Quando a crise econômica bate na porta e traz junto o desemprego, é preciso buscar alternativas para driblar os custos e pagar as contas. Para muitas pessoas, a opção é criar o próprio emprego, ou seja, colocar a mão na massa e abrir o próprio negócio. As possibilidades são muitas e o sucesso pode estar nesta iniciativa, mas é preciso preparo e cautela.
O
s números afirmam esta procura: conforme o relatório “Perfil do Microempreendedor Individual 2015”, divulgado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), de julho de 2009 a dezembro de 2015, o número de Microempreendedor Individual (MEI) no Brasil saltou de zero para 5.680.614, alcançando uma média de 100
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Jaime A. Dias Junior, coordenador da Regional Norte do Sebrae, afirma que é preciso preparo e cautela.
registros por hora. Só em Santa Catarina, foram registrados, até dezembro de 2015, 199.555 MEIs, o que representa um crescimento de mais de 60% desde 2013. De acordo com Jaime A. Dias Junior, coordenador da Regional Norte do Sebrae, sem dúvida
este aumento pode ser justificado pela procura do auto emprego, o que caracteriza um empreendedorismo por necessidade, e não por oportunidade. Segundo as pesquisas realizadas pela instituição em 2015, as principais áreas de procura dos novos
Neste ano, as exigências continuam: “é o momento adequado para o empreendedor fazer sua avaliação e buscar melhores condições para competir, mesmo que seja um ano difícil”, afirma Jaime. Para ele, algumas dicas são: ser cautelosos, mas não pessi-
mistas para aproveitar as oportunidades em cima dos pontos fortes existentes; ser estratégico; rever o plano de negócios e, muitas vezes, saber reinventar e inovar, pois é em momentos como esses que também surgem novas oportunidades de negócios. Também é importante rever indicadores econômicos, principalmente os custos, formação do preço de venda, lucratividade e rentabilidade. Outra exigência importante apontada por Jaime é o preparo. “O empreendedor preparado, atento às informações, sensível ao mercado, monitorando as ações dos concorrentes e buscando novos fornecedores, ou seja, fazendo seu dever de casa, com certeza terá acesso às melhores oportunidades e ficará mais próximo do sucesso”, afirma. Junto a isso, também somam-se o planejamento, o respeito à sua capacidade financeira, não misturar finanças da empresa com finanças pessoais, estar atento à concorrência, almejar novos fornecedores, ter controle do estoque, investir em estratégias de marketing, investir em formação empresarial, inovar mesmo que o produto já tenha
O Sebrae realiza palestras, oficinas e consultorias para pequenas e microempresas, sempre focando na gestão de negócios.
sucesso e ser fiel aos seus valores e aos valores do próprio negócio. Ufa, não é fácil gerenciar um negócio, mas o sucesso é sempre possível. Aos que estão pensando em abrir um negócio neste momento, além de todas as dicas acima que devem ser colocadas em prática, Jaime aponta uma questão anterior à abertura, para ser levada em conta ainda no planejamento. “Quando pensamos em montar um empreendimento, imaginamos que há pessoas interessadas em comprar o que queremos vender e que podemos ter lucro com isso. O que esquecemos, por vezes, é que precisamos verificar se o público interessado que existe comprará
o suficiente para pagar as contas da empresa e ainda gerar lucro”, alerta. Para isso, o Sebrae indica que o primeiro passo do empreendedor seja a elaboração de um plano de negócios, onde são estabelecidos os indicadores de viabilidade, ou seja, os estudos para observar se a empresa dará lucro, em quanto tempo terá o retorno do investimento inicial, entre outras coisas. Esse é um dos trabalhos desenvolvidos pela instituição, que trabalha especialmente com apoio aos pequenos e microempreendedores. Algumas ferramentas utilizadas e disponibilizadas para elaboração do Plano de Negócios são: Projeto Negócio Certo, Projeto
Negócio Certo MEI, livro “Como elaborar um Plano de Negócios” e modelos de planilhas para informações do Plano. Todos esses itens podem ser encontrados no site do Sebrae (www.sebrae.com.br). Além de proporcionar um planejamento geral, Jaime afirma que com o Plano de Negócios o empreendedor pode evitar surpresas no início do funcionamento da empresa, o que pode evitar muitos problemas. “Esta segurança nunca será de 100%, mas faz a diferença quando o empresário faz tudo e muitas vezes não tem tempo de parar para tomar decisões estratégicas”, fala. Com o Plano de Negócios pronto e a empresa em funcionamento, outro ponto importante é nunca deixar de aprender, pois, segundo Jaime, isso faz parte das ferramentas de gestão básica de toda empresa. Este aprendizado pode ser encontrado em oficinas realizadas pelo próprio Sebrae, além de consultorias e palestras. O coordenador da Regional Norte afirma que toda empresa pode procurar o Sebrae mais próximo, além de buscar consultorias na própria empresa. A sede da regional está localizada em Joinville, mas também atende Itapoá e, no ano passado, por exemplo, realizou uma oficina durante três dias no município litorâneo.
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economia
Gestão da inovação para as pequenas empresas
Ana Beatriz
Diante do atual cenário econômico brasileiro, a inovação se tornou um fator de sobrevivência das micro e pequenas empresas. Inovando, é possível crescer de forma sustentável, ter a equipe motivada, fortalecer a marca, entre outras vantagens. Por isso, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) criou o programa Agentes Locais de Inovação (ALI), com o objetivo de promover ações em empresas de pequeno porte, através de uma orientação proativa, personalizada e gratuita.
N
o município de Itapoá, a loja Tribo do Sol obteve resultados positivos em diversos setores com a implantação deste programa, quem conta a experiência é a proprietária da loja, Simone Cristine Cubas, e o Agente Local de Inovação, André Tiago dos Passos. Em 2014, três Agentes Locais de Inovação do Sebrae chegaram ao município de Itapoá e convidaram cinco empresas de pequeno porte para participar do programa, sendo a Tribo do Sol uma delas. Por acaso, esta oportunidade surgiu em um período em que a proprietária estava insatisfeita com o setor do comércio e planejava fechar a empresa. Simone recorda que os agentes visitaram a loja e explicaram o método de funcionamento do programa. “As atividades oferecidas pelos ALI são gratuitas e duram dois anos. Estes agentes se propõem a visitar o empreendimento, apresentar soluções e oferecer respostas às nossas demandas”, explica. O trabalho dos Agentes Locais
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O casal de empreendedores Simone Cristine Cubas e André Luiz Pereira e, ao meio, o agente local de inovação André Tiago dos Passos.
de Inovação funciona da seguinte forma: Em um primeiro momento, realizam um diagnóstico com o proprietário da empresa, a fim de conhecer todo o quadro funcional, financeiro e organizacional da mesma. Após este levantamento de dados, realizam uma análise SWOT da empresa, e entregam um relatório demons-
trando o quanto a empresa é inovadora. Em seguida, os agentes, juntamente com o proprietário, constroem um plano de ação, focado em ações que abordem os aspectos mais relevantes para a empresa. Inicialmente, Simone contou com os serviços de três agentes. No entanto, após um ano, eles
A loja Tribo do Sol, em Itapoá-SC, foi uma das escolhidas para a implantação do programa ALI, do SEBRAE.
passaram a trabalhar em outra área, fazendo com que o agente André continuasse os trabalhos em andamento. “Iniciar uma atividade pela metade é difícil, por conta da identificação dos empresários com o agente anterior. Ganhar a confiança do empresário exige uma dedicação extra”, fala André. Porém, o profissional mostrou competência e apresentou ideias aliadas à identidade e à cultura da empresa. Simone conta que a loja Tribo do Sol sempre foi pautada em projetos e ações, bem como o estúdio de tatuagem de seu esposo, André Luiz Pereira. Porém, possuíam certas dificuldades, como gerenciar funcionários, ajustar as contas do mês, saídas
e entradas de mercadorias, entre outros. “Todo o trabalho realizado pelo ALI na Tribo do Sol nos impulsionou para alinhar, organizar e palpar planos que já estavam em mente há anos”, conta Simone. Através das ferramentas oferecidas pelo agente, ela compreendeu que não tinha apenas um comércio, mas uma empresa e, como toda boa empresa, suas atividades deveriam ser rotineiras, disciplinadas, inovadoras e compartilhadas. A cada ideia do casal Simone e André, como o remanejamento do quadro e funcionários ou o planejamento de novas ações para a loja e o estúdio, o Agente Local de Inovação era comunicado e contribuía, estimulando os
empresários, visando a inovação e criando subsídios de modo a assegurar a eles que é possível reverter situações. “Neste trabalho, tivemos uma confiança recíproca, portanto, houve avanço em aspectos relacionados às questões administrativas, de trato com o cliente e comunicação, especialmente nas mídias sociais e eventos” afirma o agente André. Após a conclusão do programa ALI, a proprietária da loja conta que vários conceitos são melhores compreendidos, como a questão de competitividade do mercado. “Entendemos que a competitividade está presente, mas o que diferencia as empresas umas das outras é o objetivo do trabalho realizado e o conjunto de qualidades que o empreendedor oferece”, diz Simone. A parceria entre o programa Agentes Locais de Inovação do Sebrae e a empresa Tribo do Sol chegou ao fim quando completou dois anos, em fevereiro deste ano; assim como o trabalho de André como ALI, uma vez que estes profissionais têm contrato de 30 meses e atendem, em média, 40 empresas. No município de Itapoá, ele terminou o serviço com duas empresas ativas. “Minha conclusão de trabalho com a Tribo do Sol foi a melhor possível, pois eles são empreendedores natos, mantêm vários segmentos dentro de um
mesmo negócio central, buscam sempre novas oportunidades, se integram com os comerciantes locais, além de estarem sempre se capacitando”, afirma André. A parceria entre o programa e a empresa rendeu até convite para Simone participar do Prêmio Nacional de Inovação, onde representaria o município de Itapoá. Hoje, com 16 anos de atuação, a Tribo do Sol vive um novo momento, praticando rotineiramente a gestão da inovação, com um trabalho mais digno e propósitos amadurecidos. “Somos lisonjeados pela oportunidade de trabalhar como o André e todos os outros agentes. Eles nos ajudaram a enxergar que nossa visão empreendedora nos faz trilhar por caminhos tranquilos e com um objetivo centrado”, diz o casal Simone e André. Hoje, a loja Tribo do Sol é vista como uma empresa, no entanto, a proprietária afirma que este trabalho não é realizado sozinho, pois possuem amigos, clientes e parceiros que fazem a diferença, e que os Agentes Locais de Inovação do Sebrae são parte deles. Esclareça suas dúvidas, participe de cursos gratuitos online, pesquise temas de interesse de pequenos negócios, explore temas de gestão e muito mais no site do SEBRAE: www.sebrae. com.br/sites/PortalSebrae
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Empreendedor | Lippi engenharia e construtora
Projetos e execuções com qualidade e segurança
Ana Beatriz
Atualmente, o setor de construção civil é o que mais cresce e emprega mão de obra no município de Itapoá. Neste setor, o projeto de construção é um dos elementos fundamentais, pois define escolhas que direcionam a obra. No campo de possibilidades, o projeto de engenharia contribui de modo a oferecer previsões mais precisas, processos otimizados e bons resultados, conforme explica Emerson Lippi Simão, diretor, engenheiro civil e engenheiro de segurança responsável da empresa Lippi Engenharia e Construtora, referência no município de Itapoá.
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F
oi na cidade de São José dos Campos – SP que Emerson se formou em Engenharia Civil e tudo começou. Ele, que já havia tido experiência de trabalho na
área, conheceu Itapoá em 2001 e, então, abriu seu escritório de engenharia no município. Já em 2004, deixou a cidade para cursar pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho e Gerenciamento de
Obras, em Taubaté – SP. Quando completou os estudos, em 2007, retornou a Itapoá e retomou o trabalho em seu escritório, que passou a se chamar Lippi Engenharia e Construtora. Na empresa, são prestados
inúmeros serviços, como: Projetos estruturais; construção e execução das obras (mão de obra e material); demarcação de lotes via GPS; gerenciamento de obras; regularização de obras; regularização do INSS; averbação de construção, realizada em cartório; instituição de condomínio; unificação e
desmembramento; aprovação dos projetos junto à prefeitura municipal; orçamento de custo global; prevenção e combate a incêndio, entre outros. Mantendo o padrão de funcionamento, o escritório passou a ganhar cada vez mais
serviços e credibilidade. Além disso, o engenheiro civil estabeleceu parceria de trabalho com as profissionais Eliane Gnann, mais conhecida por Lia, responsável pela administração e marketing, e Claudia Cisotto, responsável pelos desenhos e projetos. Juntos, eles trabalharam no projeto e execução de grandes obras para o município. Para Emerson, a elaboração de um projeto de engenharia apresenta diversas vantagens. “Na fase de projeto, podem ser estudadas soluções para uma melhor eficiência das obras, como, por exemplo, reuso de água e economia de energia”, explica. Através dos projetos desenvolvidos, a equipe da Lippi conta que é possível evitar surpresas durante a execução da obra, desenvolver diferenciais competitivos, antecipar situações desfavoráveis e agilizar as decisões. Assim, os profissionais explicam que contratar uma empresa de engenharia tanto para o projeto, quanto para a execução da obra, é uma opção mais econômica e segura. Atualmente, são mais de três mil projetos executados, para as mais diversas áreas, como residenciais, empresariais ou imobiliárias. O sucesso da empresa se deve aos seus diferenciais, são eles: Acompanhamento e
assistência oferecida aos clientes durante todo o processo; agilidade e rapidez na execução dos projetos; padrão de execução diferenciado; condições de pagamentos ajustáveis, como financiamentos; contratos minuciosos, evidenciando o Código de Defesa do Consumidor, e selo da Zurich Seguros. “Preservamos a segurança e garantia de nossos clientes, portanto, acreditamos que o seguro é um método de prevenção aos riscos que estamos expostos durante a realização dos serviços”, fala Emerson. Além dos clientes no município, a Lippi Engenharia e Construtora conta com uma gama de clientes em outros estados, como Paraná e Mato Grosso do Sul. Nestes casos, os profissionais explicam que o trabalho é feito inteiramente à distância. “Temos o cuidado e o compromisso de fazer com que o cliente acompanhe o progresso do projeto e da obra através de imagens”, explica Lia. Em Itapoá, a Lippi é hoje um dos escritórios de engenharia mais renomados e requisitados. Para o futuro da empresa, Emerson planeja agregar o setor imobiliário, aproveitando que ele, Lia e Claudia também possuem formação nesta área. Na Lippi Engenharia e Constru-
tora, a preocupação com a eficiência e segurança dos serviços prestados é destaque, sendo percebida através das obras realizadas pela empresa e dos métodos adotados por seus profissionais, de modo a contribuir com o desenvolvimento do município de Itapoá.
Apesar de já atenderem em sede própria, a equipe da Lippi resolveu ampliar o espaço para melhor atender seus clientes. O novo endereço encontra-se na Avenida Drª. Zilda Arns Neumann, nº. 1246, no Balneário Paese. Para mais informações, ligue 3443-6725 ou 8848-4788.
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Festa do Divino
Eles fazem a festa acontecer Ana Beatriz
Em meio a inúmeras tradições, a Festa do Divino Espírito Santo, na cidade de Guaratuba, se mantém com muito amor e devoção. A cada ano um casal da comunidade, ativo na sociedade e na igreja, é escolhido para tomar frente na organização da festa e fazer acontecer. Com muito foco, força e fé, são eles quem planejam, orçam, pesquisam, arquitetam, contratam e dão vida à tradição da festa – tudo isso, voluntariamente.
A
escolha do casal festeiro é realizada por todos os ex-casais festeiros, que indicam os nomes e votam nos organizadores do ano seguinte. O casal escolhido é anunciado no último dia da festa e, assim, eles têm exatamente um ano para preparar e organizar cada detalhe. Uma vez que se torna uma
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O casal festeiro de 2016: Vilmara Farias Pires e João Carlos Pires.
autoridade da igreja, a tomada de decisões para a festa é um consenso entre o casal festeiro e os padres. No entanto, muitas outras mãos fazem a Festa do Divino Espírito Santo acontecer. Todos os festeiros de edições anteriores têm a responsabilidade de ajudar o casal do ano, somando com suas experiências, ideias, bagagens e aptidões. Sendo assim, todo ano a tradição se reinventa, mantendo os pontos positivos de festas anteriores e acrescentando o toque da personalidade do casal da vez. Neste ano, o casal que fará a festa acontecer é Vilmara Farias Pires e João Carlos Pires. Casados há 33 anos, sempre envolvidos com a igreja e eventos da cidade, a escolha de
Vilmara e João Carlos para casal festeiro é cogitada há alguns anos. Eles, que já possuem ex-festeiros na família, acreditam que o convite foi um chamado de Deus e apareceu na hora certa: “Quando é para acontecer, o Divino Espírito Santo chama”. O convite para organizar a festa uniu ainda mais a família de Vilmara e João Carlos. Para melhor executar as tarefas, o casal contou com a ajuda dos filhos Bruna Pires, Diego Pires, Marcela Farias Pires e dos genros. “Por se tratar de uma festa grandiosa, com inúmeros detalhes a serem pensados e ajustados, dividimos as coordenações e tarefas entre os membros da nossa família”, fala Vilmara. E esta experiência tem dado certo: Enquanto os filhos se responsabilizam de fazer o trabalho nas ruas, atrás de patrocínio e colaboração dos comércios, o casal festeiro coordena e administra questões mais burocráticas, como contratações, estrutura e afins. Para eles, o fato de ajudarem nas edições anteriores da festa foi um meio facilitador de organizar o evento deste ano, além da ajuda dos padres da
Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso e de ex-casais festeiros. A rotina do casal, marcada por reuniões, visitas, pesquisas e ligações, tem sido difícil, especialmente para João Carlos, que trabalha na área de pesca, e está na época da safra, mês do ano em que mais trabalha. “Organizar a festa é uma responsabilidade muito grande e exige entrega, ao mesmo tempo, é uma forma de retribuir as coisas boas que Deus faz por nossa família”, ele diz. Além do próprio casal festeiro, todos os familiares, de uma forma ou outra, vivem e desfrutam deste momento. A mãe do festeiro João Carlos, dona Osmarina Machado Pires, de 80 anos, chegou a Guaratuba no ano de 1968, na companhia de seu marido, Julio Pires. Ela recorda que, nesta época, a festa era muito menor e mais simples. Sempre gostou de ajudar nas festas, especialmente na cozinha. “Passei por muitas dificuldades e tive muitas graças alcançadas. Quando a gente tem saúde, ajudar é muito bom, é uma forma de retribuir tudo isso”, fala a senhora. Católica e muito devota, dona Osmarina se emociona ao falar da Festa do Divino Espírito Santo. Mãe de seis filhos, uma
Padres Ademar e Roque com os Foliões, casal festeiro e sua família, no dia 1º de maio de 2016, na saída das Bandeiras do Divino Espírito Santo.
de suas filhas já havia participado do Casal Festeiro, agora, está sendo a vez de João Carlos. “Estava aguardando ansiosa por este momento, acredito que mais que meu próprio filho”, brinca. Antes, dona Osmarina rezava para que o filho recebesse a graça de participar do Casal Festeiro, agora, ela reza para que João Carlos e Vilmara sejam ajudados e consigam executar a festa como planejam. Seguindo as três vertentes para a organização da festa – social, religioso e financeiro – a última é uma dificuldade relatada por muitos casais. “Felizmente, a comunidade de Guaratuba é participativa e se envolve nesta tradição, de grande importância para a movimentação
turística da cidade. O comércio surpreendeu, pois sempre que uma porta se fechava, duas se abriam”, afirma Vilmara. Eles contam que a contribuição para a Festa do Divino não se dá apenas em valor capital, mas também em produtos e serviços de voluntariados. De acordo com o casal festeiro, a edição da festa deste ano promete grandes surpresas, como bandas no formato de shows, produtos da praça de alimentação a preços mais acessíveis, um stand para os meios de comunicação, que farão transmissões ao vivo, dois dias de almoço para a terceira idade, entre outras atrações. Para ampliar da estrutura da praça de alimentação, a Festa
do Divino de 2016 terá dois portais de acesso e uma das ruas será interditada para a mesma. Através do lema “Com o Divino Espírito Santo contemplamos o rosto da misericórdia do pai”, Vilmara e João Carlos enfatizam o propósito da festa, a fé, e convidam todos os fiéis a vivenciarem dias de bênçãos com os padres celebrantes. Marcando a história da festa que é tradição da cidade de Guaratuba, o casal festeiro vive um turbilhão de emoções. Com amor, fé, união e pensamento positivo, afirmam: “Desejamos que seja uma festa organizada, harmônica, alegre e, principalmente, que marque a memória e o coração de cada um dos fiéis e visitantes”.
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A experiência de anos anteriores
Nem só do casal festeiro atual é feita a Festa do Divino. Entrando no clima desta tradição, ex-casais festeiros são sempre consultados e relembrados, pois, cada um deles, teve sua participação, contribuição e importância para o que é hoje a Festa do Divino Espírito Santo. Afinal de contas, assim como nenhum casal é igual ao outro, a festa também há de ser assim. No ano 2000, a organização da festa ficou por conta do casal Ângela Maria Farias de Souza e Nelson de Souza. Eles recordam que o convite para participar do casal festeiro foi uma grande surpresa, mas que, com muita fé e pensamento positivo, fizeram uma festa que marcou a memória de muitos fiéis. Para facilitar na organização, Ângela e Nelson dividiram diversas tarefas entre ex-casais festeiros. “Cada um destes casais possui um olhar diferente, por conta de sua experiência. Um acertou aqui, outro errou ali, por isso, é importante e muito bem-vinda esta participação”, fala Ângela. Na Festa do Divino Espírito Santo de 2000, foram lançadas algumas novidades, como a cobertura no estilo de pirâmides, o telão divulgando os patrocinadores da festa, um festival da canção bastante divulgado e prestigiado, e o lançamento do concurso Príncipe e Cinderela da Festa do Divino, evento anual que
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privilegia a participação e aproxima a nova geração da festa. No fim das contas, o casal festeiro do ano 2000 fala que superou suas expectativas e fortaleceu a fé. Os dois sentem saudade das emoções vividas pela organização da Festa do Divino Espírito Santo, mas Ângela conseguirá reviver um pouquinho disso na festa deste ano, já que ficou responsável pela cozinha. O que todos os ex-festeiros costumam dizer, Ângela e Nelson reafirmam: “Uma vez que se é casal festeiro, o compromisso de ajudar é eterno”. Outra experiência marcante foi vivida pelo casal Ivone Carvalho Giovannetti e Mário Giovannetti Filho, casal festeiro do ano de 2002. Ivone fala que a organização da festa foi cansativa e deu muito trabalho, especialmente por conta dos patrocínios, mas que, ao fim, todo o trabalho é compensador. Na festa de 2002, o casal recorda que houve algumas novidades, como a Noite do Chopp, com preços especiais, e a criação de um portal bem elaborado e alusivo ao tema da festa daquele ano. Mas, apesar de grandes atrações e estruturas, Ivone acredita que a parte espiritual é a essência de toda a festa. 14 anos após viver a experiência de casal festeiro, ela conta: “Participar da festa é uma dádiva, pois, ao mesmo tempo em que adquirimos contatos e experiências, temos uma aproximação ainda maior com o Divino Espírito Santo. E a melhor bagagem de todas é esta: a fé”.
Nelson de Souza e Ângela Maria Farias de Souza, casal festeiro de 2000.
Na festa de 2002, a organização ficou por conta do casal Ivone Carvalho Giovannetti e Mário Giovannetti Filho.
Festa do Divino
Quando o Divino chega a sua casa Ana Beatriz
O toque do tambor e a cantoria anunciam: O Divino Espírito Santo está chegando a sua casa. Rapidamente, os fiéis interrompem suas atividades para reunir a família e, em sua casa, recebem com emoção os foliões e as Bandeiras do Divino e Espírito Santo, para agradecer às graças alcançadas. Esta tradição se repete há anos, geralmente no mês de maio, quando os quatro foliões recebem a bênção para a romaria e, da igreja matriz, seguem para a caminhada por toda a cidade de Guaratuba, representando as andanças de Jesus e seus apóstolos. São cerca de 20 quilômetros de caminhada em aproximadamente três meses, e muitos corações tocados pela graça do amor.
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omo acontece anualmente, no dia 3 de maio, dia de Santa Cruz, os foliões iniciaram a tradicional peregrinação, levando consigo apenas instrumentos musicais, versos de fé e as Bandeiras branca e vermelha: a primeira representando a Santíssima Trindade e a segunda, o Divino Espírito Santo. O primeiro ponto a ser visitado por eles são as comunidades da área rural de Guaratuba, onde a pé e de barco visitam sítios e povoados distantes, de casa em casa; de lá, seguem para a Barra do Saí, sul da cidade, e percorrem toda a área urbana, antes que a Festa do Divino Espírito Santo se inicie. Os mais velhos contam que, antigamente, havia dois grupos de foliões e as bandeiras saíam separadas. Contudo, hoje em dia, pela dificuldade de encontrar pessoas que preservem a tradição, as bandeiras saem juntas, em um grupo de quatro foliões. São eles: Elói da Silva, o responsável por anunciar a chegada com o toque do tambor; Jorge Tavares de Freitas, mais conhecido por Jorginho, folião que dá vida ao som da viola; Abel Cordeiro,
Da esquerda para a direita: O folião Edival Alves, padre Roque Sutil Gabriel, e os foliões Abel Cordeiro, Elói da Silva e Jorge Tavares de Freitas.
cuja paixão é a rabeca, instrumento musical com cordas, semelhante ao violino e, por fim, Edival Alves, folião responsável por puxar a cantoria do grupo. Mais que representantes de uma tradição católica, os foliões são sinônimos de tradição história e cultural da cidade, cada um com sua história e função. O mais antigo na tradição é Elói.
Ele, que iniciou na folia aos 19 anos, hoje completa 46 anos de participação na romaria. Com seu emblemático tambor, Elói conhece a cidade de Guaratuba “como a palma da mão”, ensinou o caminho e deu boas-vindas aos demais colegas. Aos 64 anos de idade, Jorginho, da viola, tem 17 anos de tradição: “E continuarei, até que
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Deus me permita”. Já Abel, responsável pela rabeca, tem 72 anos, 25 na romaria. Diferente dos outros três colegas, Abel não iniciou na folia por uma tradição de família e, sim, por vontade própria. Por fim, Edival, que inicia os cantos – canto da entrada, da oferta, da despedida e da alvorada – é o mais novo entre os foliões. Ele tem 55 anos e está há quatro na romaria. Entre muitos passos, a chegada das bandeiras às casas dos fiéis é um momento de emoção e muito esperado pelas famílias, sinônimo de graça e devoção. Cada família se sente tocada de acordo com sua fé e experiência de vida. Para a guaratubana Ilda Santana, de 73 anos, a chegada dos foliões lembra sua infância, quando a tradição da romaria já se fazia presente em sua casa, para fazer pedidos e agradecimentos ao Divino Espírito Santo. Todos os anos, por volta desta época, Ilda aguarda o toque do tambor anunciando a chegada de Elói, Jorginho, Abel, Edival, e das Bandeiras. “Assim que os escuto, arrumo a casa para recebê-los. Graças a Deus, eles sempre apareceram enquanto eu estava em casa”, conta a fiel. Após compartilharem graças e fé, os foliões retiram-se cantando e tocando, em direção à próxima casa, onde tudo se repete. De acordo com Edival, os meses de caminhada são cansativos, espe-
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cialmente neste ano, que choveu durante muitos dias, mas não podem cessar. O segredo de Jorginho para se manter firme é o bom humor. “Precisamos estar todos bem e dispostos, pois a folia precisa da rabeca, da viola, do tambor e da cantoria”, fala. Para o Padre Roque Sutil Gabriel, da Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso, os foliões representam a essência da Festa do Divino que, como o próprio nome já diz, é o Divino Espírito Santo. O padre, que chegou à cidade em janeiro deste ano, participará pela primeira vez da festa integralmente, enquanto isso percorre trechos da romaria com os foliões, conduzindo as Bandeiras. “Apesar do clima de festa, agito e alegria que nos contagia, esta também é uma boa oportunidade para deixarmos o amor agir em nosso espiritual. Com tantas notícias ruins mundo afora, recordar e viver o propósito da festa se torna cada vez mais importante”, fala padre Roque. A cada ano, se torna mais necessário que a tradição dos foliões seja valorizada e reconhecida como parte da história e cultura da cidade de Guaratuba. “Damos graças a Deus pela nossa saúde e disposição, mas acreditamos que nosso conhecimento deve ser transmitido para que novos fiéis deem conti-
nuidade à tradição. Por isso, pedimos atenção do poder público de Guaratuba”, fala Jorginho, em nome de todos os foliões. Eles explicam que a peregrinação exige muito mais que responsabilidade e preparação física, mas também preparação psicológica e espiritual, e conhecimento musical. Enquanto isso, Elói, Edival, Jorginho e Abel seguem sua caminhada, levando músicas de fé aos lares guaratubanos dos fiéis, que esperam o ano todo pela visita do Divino Espírito Santo.
Folia do Divino vira tema de pesquisa para doutorado
Mais que devoção e alegria, a Folia do Divino atingiu também o campo de pesquisa. Isso porque Carlos Ramos, morador de Curitiba, músico e doutorando em Música pela UFPR, vem desenvolvendo uma pesquisa a fim de compreender a folia sob uma teoria da Psicologia Social: a teoria das Representações Sociais. As motivações de Carlos para conhecer e pesquisar a Folia do Divino são muitas. Ele conta que sempre apresentou interesse por música da Idade Média e, por conta disso, conseguiu em 2009 uma bolsa integral para fazer uma Especialização em Madrid sobre Musicologia Histórica na América Latina. “Voltei de lá com muita vontade de explorar a história de nossa música mais
tradicional do Paraná”, diz. Foi então que, através de um amigo, Carlos conheceu a Folia de Guaratuba e os foliões Elói, Abel, Jorginho e Edival. A partir daí, fez uma grande revisão das pesquisas já feitas sobre a Folia no Brasil e no Paraná, e se encantou pelo tema. Hoje, sua pesquisa de doutorado está ocupada com aspectos psicossociológicos da folia. “Tenho muito prazer em fazer essa pesquisa, mesmo morando em Curitiba. Tenho feito visitas bem pontuais à Guaratuba, pois meu interesse é sobre o lugar da Folia na vida pública da cidade”, explica. Por exemplo, Carlos esteve na missa de envio das Bandeiras e em outra oportunidade acompanhou os foliões na comunidade Salto Parati. “Esta foi uma experiência única, pois conheci pessoas muito especiais e um pouco da vida real nessa região de proteção ambiental, hábitos alimentares e, inclusive, suas dificuldades, além de ser uma experiência realmente transformadora e engrandecedora em minha vida pessoal”, fala o pesquisador. Nesta pesquisa, Carlos encontrou uma partitura da década de 1930, na qual o folclorista Luiz Eulógio Zili registrou a música da folia tal como era tocada naquele tempo. “Para surpresa de muitos, tem pouquíssima di-
Com instrumentos, versos de fé e as bandeiras, os foliões visitam os lares guaratubanos para que os fiéis agradeçam às graças alcançadas.
ferença em relação ao que os foliões tocam hoje, e mesmo as poucas diferenças podem ser atribuídas às próprias limitações que o pesquisador tinha, e não da música real que estava sendo tocada; discuti isso em meu mestrado”, explica. Basicamente, o doutorando tem feito observações em contato direto com os foliões. Recentemente, ele conta que também consultou a Paróquia e que, em algum momento, pretende fazer entrevistas na rua, para ter ideia de como as pessoas comuns da cidade entendem a Folia. Um doutorado tem previsão de duração de quatro anos. Assim, a finalização da pesquisa
de Carlos sobre a Folia do Divino acontecerá em meados de 2019. Em suma, o doutorando terá de apresentar um pequeno texto, para que grandes especialistas da área leiam e questionem e, sendo o Doutorado na área de música, em sua tese ele apresentará também a sonoridade da Folia. Carlos explica que, nesta pesquisa em particular, lhe interessa mais o que está “por trás” dos sons da música da folia e como isso se relaciona com os sons. Segundo o músico e pesquisador, ao que tudo indica, a vida humana só foi possível no litoral paranaense por conta de costumes como a folia, e que não por
acaso, se funda em uma fé que tem como base a humildade e o amor comunal. Ele afirma que, provavelmente, sem estas tradições musicais, as pessoas não teriam por ali permanecidas. “Acredito, sim, que daqui uns mil anos estudarão os vestígios de uma cultura brasileira muito superior e humana, e que a Folia e a cultura mais ancestral de nosso povo será entendida como uma influência imprescindível para a formação deste ‘novo’ povo”, diz o doutorando em Música. No entanto, Carlos fala que só acredita nisso por entender o valor social dessas tradições, não como relíquias ou velharias a serem conservadas em
um museu, mas como algo vivo e que, em suas palavras, “permanece vivo por tanto tempo justamente por ser muito importante e dizer respeito à manutenção da vida humana”. O doutorando Carlos Ramos convida aqueles que quiserem contribuir, se tiverem na memória alguma história que se relacione à Folia e/ou Festa do Divino de Guaratuba, algum documento, foto, carta, gravação ou afins, a entrarem em contato pelo e-mail ou telefone abaixo: somarsolrac1981@gmail.com
(41) 9901 5456
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Dia da Caridade
“Sopão” aproxima voluntários e moradores de rua de Guaratuba Ana Beatriz
No Brasil, o Dia da Caridade é comemorado em 19 de julho e tem a finalidade de incentivar a prática da solidariedade e do bom entendimento entre as pessoas, o que vai de encontro com a história a ser contada. Na cidade de Guaratuba, um grupo de voluntários dedica algumas horas da semana para ajudar moradores de rua. Um dos voluntários, o guaratubano Jonas Cipriano, conta que a intenção da ação é distribuir sopa para saciar a fome dos moradores. No entanto, esta atitude alimenta mais que o corpo, mas também a alma.
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A
ideia surgiu em outubro de 2013, quando Jonas e sua esposa foram convidados, pela primeira vez, a distribuir sopa. “Vimos na televisão que esta ação já acontecia nas grandes capitais, como Curitiba e São Paulo, desejamos seguir o exemplo e adaptar para a realidade da nossa cidade”, lembra. Nem todos que participaram do começo da ação permanecem ativos, pois as pessoas têm outros compromissos. Mas, de certa forma, cada colaborador foi importante para que essa atitude do bem permanecesse até hoje. Atualmente, a sogra de Jonas é a responsável pela preparação do famoso “sopão”. Os ingredientes são doados e vêm de todas as partes: É uma pessoa que fornece os pães, proprietários de um supermercado que doam os legumes e verduras, e até uma casa de embalagens que colabora com as colheres. “Existem pessoas que doam há muito tempo e nem sabemos quem são, pois prefe-
Mais que sopa, moradores de rua de Guaratuba ganham carinho e alguém para conversar. Aqui, Bozo e Cesar.
rem manter o anonimato”, conta Jonas. Toda terça-feira à noite, a batata, o chuchu, a cenoura e outros legumes são cortados, porque no dia seguinte o sopão vai para as ruas. Além das tradicionais sopas com legumes, de vez em quando o cardápio conta com arroz, frango e suan (carne de porco) ou macarrão com salsicha. Diferente de muitos pro-
jetos, o objetivo do grupo não é cozinhar com restos de alimentos, mas sim, como se fosse uma refeição comum, para eles mesmos, feita com amor e tempero. A cada quarta-feira, por volta das 20h30, Jonas, que é gerente de uma loja, deixa o trabalho e passa na casa da sogra. A panela é colocada no carro, junto de caixinhas de leite cortadas recipiente onde as porções são
distribuídas. Normalmente, ele realiza o passeio na companhia de seus sobrinhos, mas conta que outros colaboradores, e até mesmo os curiosos, se envolvem vez ou outra. Na noite de Natal, o grupo também realiza a ação, desta vez, para doar bolo e refrigerante aos moradores. Desde que começaram, a turma do sopão faz o mesmo itinerário: passam pela área do ginásio de esportes, do centro de reciclagem, baía, praias e al-
gumas ruas e avenidas. A ideia é parar o carro sempre que avistarem um morador de rua, para oferecer o alimento, sentar, conversar e conhecer um pouco sobre sua história. Ao receberem a sopa, os moradores de rua demonstram gratidão, se emocionam e até dividem o alimento com seus cachorros. Engajado na ação há mais de dois anos, Jonas fala que, ao contrário do que a maioria pensa, eles têm muito a dizer e conhecimento a transmitir. “É importante reconhecer que não somos melhores que eles por termos uma casa, um carro e um emprego. Apesar das dificuldades enfrentadas e para a surpresa de muitos, os moradores de rua são pessoas alegres, respeitosas e até mesmo espiritualizadas”, diz Jonas. Cada um dos ajudados carrega uma história, com causos e motivações que os levaram para as ruas. Segundo o grupo de voluntários, a maioria deles são homens, que têm apenas seus cachorros, e cuja história é marcada por divórcio e alcoolismo. “Mais que uma refeição, os moradores querem um abraço ou uma conversa com alguém que os trate de igual para igual”, fala Jonas. Um de seus amigos que já participou da distribuição da sopa na quarta à noite conta que, apesar de já ter sido abraçado inúmeras vezes na vida, nunca havia recebido um abraço
tão sincero e espontâneo como do morador de rua. Na entrega da sopa, Jonas aproveita para falar um pouco sobre Deus e levar amor aos corações. “Isso, sem levantar bandeira de igrejas ou religiões, pois pessoas de diversas crenças doam e participam. O foco de nossa mensagem é o amor”, ressalta. Por volta das 22h30, o grupo retorna com a panela vazia e sensação de dever cumprido. Eles, que muitas vezes saem de casa indispostos para distribuir a sopa, voltam felizes e renovados. Durante a alta temporada, a atividade pode ir até altas horas da madrugada, já que no verão o número de moradores de rua em Guaratuba sobe de, aproximadamente, 25 para 40. Aos poucos, os ajudados passaram a aguardar pela quarta-feira, exatamente no ponto da semana anterior para receber as “visitas”; essas já criaram vínculos, amizades e histórias com os moradores. Jonas, por exemplo, mantém contato com os familiares distantes de alguns moradores de rua, através de ligações. “Eles costumam telefonar para ter notícias do parente ou, dependendo da situação, eu mesmo ligo, para comunicar algum ocorrido”, explica. Além do grupo de voluntários que ajuda os moradores de rua na quarta-feira, a cidade de Guaratuba conta com um grupo de ciclistas que o faz às segundas-
-feiras, e um grupo da igreja que realiza atividades sociais aos sábados. “Se cooperarmos uns com os outros e nos unirmos, outros grupos poderão ser montados, e os moradores de rua terão uma vida um pouco mais digna e saudável”, acredita Jonas. Ele ainda comenta a necessidade de uma casa de passagem e da inclusão dessas pessoas na sociedade guaratubana: “Eles querem e precisam de oportunidades e novas chances, como empregos ou atividades de lazer”. Apesar de já sentirem vontade de desistir e de algumas pessoas não enxergarem um retorno positivo na ação do sopão, o grupo de voluntários segue firme e esperançoso de que os moradores de rua possam tomar um novo rumo de vida ou, ao menos, que sejam mais felizes. Jonas, em nome de todos os colegas envolvidos, afirma o desejo de tentar ser um estímulo, alguém que verdadeiramente se importa com eles. E finaliza: “O ato de caridade não é bom somente para os ajudados. Para nós, gera crescimento pessoal e espiritual. Todos saem ganhando e isso já é maravilhoso”. Deseja se tornar um doador ou um voluntário no sopão distribuído aos moradores de rua de Guaratuba? Entre em contato com Jonas, através do número: (41) 9905-7177.
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Arte
A arte por uma praia mais harmoniosa e limpa
Ana Beatriz
Recentemente, os apreciadores das praias do bairro de Itapema do Norte, em Itapoá, notaram algo novo na região da Primeira Pedra: Inúmeros quadrinhos de madeira, carregando pinturas e frases sobre praia, surfe e meio ambiente, espalhados pelo lugar. O responsável por colorir o ambiente e levar uma mensagem de consciência ecológica aos visitantes é o artista Ricardo Ehlke Alves que, hoje, reside no município. Para ele, esta atitude é uma forma de retribuir o bem estar que a praia lhe oferece.
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e Curitiba-PR, a arte está enraizada na família de Ricardo, começando por suas avós, que realizam trabalhos e projetos artísticos. Já com a arte no sangue, foi em 1997 que ele criou
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Para Ricardo Ehlke Alves, incluir sua arte na praia é uma forma de agradecer.
paixão pelo universo das tintas. Ele, que se considera um eterno aprendiz do campo artístico, teve experiência como tatuador, pinta quadros, faz grafites em paredes, realiza pinturas residenciais e também comerciais como, por exemplo, em fachadas
de lojas. Veranista de Itapoá há quase 30 anos, Ricardo reside no município litorâneo desde setembro de 2015, com sua família, em uma casa na beira da praia, próximo à Primeira Pedra. “É maravilhoso morar neste lugar. Cada dia sou presenteado com um cenário diferente, pois as cores do céu e as cores e a intensidade do mar
nunca são as mesmas”, fala. No entanto, ter a praia como quintal de casa também trouxe alguns incômodos para o morador. Ele conta que as pessoas jogavam muito lixo na areia e que mesmo as lixeiras não adiantavam, pois o lixo não era recolhido e ficava acumulado. “Caminhar pela praia estava ficando perigoso, pois muitos materiais pontiagudos eram jogados, e poderiam cortar alguém; além do aspecto desagradável do lugar”, recorda. Para mudar isso, o morador passou a limpar não apenas o próprio terreno, mas recolher o lixo dos arredores. Certo dia, quando desenterrou uma lixeira da areia, Ricardo aproveitou para fazer uma pintura na mesma. Vendo que o resultado foi positivo e que ajudou a harmonizar o ambiente, passou a pintar inúmeras plaquinhas, reaproveitando madeiras abandonadas ou trazidas pelo mar. “Comecei pintando por lazer, e as colocando pela região da minha casa. Aos poucos, notei que as pessoas gostaram e passei a produzir mais quadrinhos, para espalhar
em outros lugares, como no caminho da Primeira Pedra”, diz. Em materiais como plaquinhas de madeira, remos e lixeiras, Ricardo pinta paisagens e escreve frases relacionadas à natureza e ao surfe – esporte que pratica desde criança – ressaltando a importância da preservação das praias e oferecendo boas-vindas aos visitantes.
Em suas produções, o artista não assina seu nome. Ele afirma que, nesta ação, seu objetivo principal não é gerar fama ou lucro, mas sim contribuir para que a praia se torne um espaço mais agradável, charmoso e, principalmente, limpo. Para ele, é preciso mostrar que a arte não se faz presente apenas nos grandes museus, com obras de arte de grandes valores, mas também ao ar livre, ao alcance de todos. “Por mais simples que sejam estes quadrinhos, eles transmitem uma mensagem e a arte também está nisso: em um simples gesto que qualquer um pode fazer ao seu modo”, fala. E os resultados de mensagens como “Respeite a natureza” ou “Não jogue lixo na praia” já vêm sendo positivos. De acordo com Ricardo, após a instalação das placas, as pessoas passaram a recolher um pouco mais seus próprios lixos e a poluição vem diminuindo. “Acredito que, principalmente por serem plaquinhas feitas à mão, coloridas e com desenhos, as pessoas entendem que este
lugar não está abandonado e que existem, sim, pessoas que amam, se preocupam e zelam por ele”, diz o artista. As plaquinhas na região da Primeira Pedra também viraram parada obrigatória para fotografias, já que arte e natureza formam uma bela composição e o colorido deixou o cenário de praia ainda mais simpático. Para o futuro, Ricardo pretende criar outros quadrinhos para enfeitar e orientar os visitantes de outros pontos da praia de Itapoá, inclusive, na Ilha de Itapeva, onde o morador também
encontrou sujeira recentemente. “Se cada um expressar seu sentimento de gratidão e contribuir para a limpeza da praia, viveremos muito mais felizes e em uma sociedade consciente e harmônica”, fala o artista. Para Ricardo, arte e natureza se complementam e trazem bons resultados, como vem confirmando em seu quintal de praia – hoje, mais limpo. Deseja conhecer um pouco mais sobre a arte de Ricardo? Entre em contato com ele: (47) 8909-3862
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Colecionadores
Amor e história por trás das bicicletas antigas
Ana Beatriz
Restaurar, colecionar ou apenas possuir uma bicicleta antiga para passeios de finais de semana é o passatempo de muitas pessoas comprometidas em preservar a memória e os costumes de uma época. No município de Itapoá, o programador de rádio Héliton José Miqueletto Filla é uma dessas pessoas, só que mais do que amor, também tem coleção. Proprietário de sete modelos antigos e raros de bicicletas, ele afirma que cada uma delas possui boas histórias e, por esse motivo, sente interesse em resgatá-las e restaurá-las.
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Apaixonado por bicicletas desde criança, Héliton sempre desejou ter um modelo específico, uma Monareta Jet Black 1972, da Monark. Não por acaso, este foi o primeiro modelo de sua coleção – presente de um amigo há cerca de cinco anos. Ele recorda que a bicicleta veio em mau estado de conservação e, então, tratou de restaurá-la até deixar como desejava. Na época, por ser leigo na área, esta foi a restauração mais difícil e cara. Quando descobriu prazer em restaurar e possuir uma bicicleta antiga, desejou montar um modelo para sua esposa e, em seguida, outro para seu filho. Garimpando adereços de época, passou a participar de encontros de bicicletas e outras antiguidades pela região. “Os aficionados por bicicletas são muito unidos. Nesses encontros, pude fazer amizades e contatos que facilitaram as restaurações”, conta. Outro meio facilitador para a coleção de Héliton foram os grupos específicos
Em Itapoá, Héliton José Miqueletto Filla coleciona bicicletas antigas.
no Facebook, como “Só bicicletas antigas” e “Monaretas e Berlinetas do Brasil”. Pelas mãos, ou melhor, pelos pés do colecionador já passaram mais de 50 bicicletas. Héliton conta que é difícil se apegar aos modelos, mas que está bem contente com as atuais
sete bicicletas: “Não pretendo me desfazer dessas. Daqui para frente, quero que a coleção só aumente”. Dentro os modelos, o mais antigo é do ano de 1969, Héliton também possui uma bicicleta sem pedais, e uma Monareta Mirim 1983 que, segundo ele,
Além das bicicletas, Héliton coleciona outras antiguidades.
consertar”, explica Héliton. Mas, normalmente, o trabalho é feito nas cidades vizinhas: O fundo em epóxi, por exemplo, realiza em Guaratuba Alguns dos modelos raros do colecionador. e a parte de cromagem em Joinville. Renata Schuexiste apenas outro exemplar tlz, sua esposa, também faz sua no Brasil. Para a restauração parte na restauração, pintando de bicicletas antigas, ele conta alguns detalhes à mão. “Enconque gasta em torno de R$ 2 mil trar acessórios antigos é a pare leva aproximadamente oito te mais difícil. Muitas peças são meses. Além dos seus próprios importadas e a comercialização modelos, ele também restaura é feita na internet, com alta taxa bicicletas para diversos amigos. de frete”, conta o colecionador. “Alguma coisa ou outra consigo Para conseguir uma grana extra fazer sozinho, pois antigamen- para manter o hobby, sempre te as bicicletas estragavam e o que encontra peças no valor conserto era muito caro, então, acessível, Héliton compra várias éramos obrigados a aprender a delas para comercializar com
outros apaixonados por bicicletas. Recentemente, ele adquiriu uma máquina para fabricar paralamas, economizando na compra de um dos acessórios. Muito além do universo de bicicletas, sua casa é repleta de objetos de antiguidade, como máquina de datilografia, registradora, vitrola, máquina de costura, rádios, entre outros. Segundo Héliton, estes objetos foram doados, adquiridos ou até mesmo resgatados do lixo. “Também é comum desejar uma peça específica para a bicicleta e ter de compra-la em um pacote, com diversos objetos antigos”, explica o colecionador. Em exposições e encontro de colecionadores, Héliton carrega seus xodós – todas com plaqui-
nhas de identificação do proprietário, modelo e ano. Também é possível conhecer parte de sua coleção aos fins de semana, nos passeios esporádicos realizados pelas ruas de Itapoá, já que no dia a dia ele e a família utilizam bicicletas modernas e equipadas. Nas ruas, os modelos antigos costumam chamar atenção. Muitas pessoas olham de maneira curiosa, questionam ou pedem para tirar fotos e Héliton cede, gentilmente, orgulhoso de seu exemplar. Para este apaixonado por bicicletas antigas, mostrar, falar ou discutir sobre elas não é um incômodo, sim um prazer: “As pessoas precisam saber um pouco mais desse meio de transporte tão importante para a história do país, do mundo, das gerações. Quando compro uma bicicleta, compro um ente para a família”. Conheça mais acervos de colecionadores no 2º Encontro Regional de Colecionadores de Itapoá e região. Este será realizado nos dias 23 e 24 de julho - sábado das 14h à 20h, e no domingo das 10h às 18h - no Salão Paroquial da Igreja Nossa Senhora Imaculada Conceição, localizada na Avenida do Príncipe, no bairro Itapema do Norte, em Itapoá. O evento é livre e de entrada gratuita. Prestigie!
Revista Giropop | Julho 2016 | 33
Frenética e deslumbrante
New York!!
Continuando a viagem por New York ressalto que existem pontos turísticos quase que obrigatórios que são o Central Park, a fascinante Times Square, a Broadway, Estátua da Liberdade e o 9/11 Memorial. Vista de cima, New York é ainda mais bonita e para curtir essa paisagem, visite o Top of the Rock, suba setenta andares num elevador de alta velocidade, muito interessante porque tem vidro no teto e a sensação é muito diferente. Do alto do prédio do Rockefeller Center do septuagésimo andar você admira a cidade de vários ângulos e a vista do Central Park e do Empire State são muito legais. O Rockefeller Center não se resume apenas ao mirante que acabo de relatar, todo o complexo reúne vários prédios importantes.Um dos mais notáveis é o do Radio City Music Hall, um teatro enorme com capacidade para seis mil pessoas, como também o da rede de televisão
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Uma das piscinas onde existia uma das Torres Gêmeas.
Local onde existiam as Torres Gêmeas.
Memorial com mensagens de crianças na St Paul´s Chapel e pertences dos bombeiros
Rockefeller Center.
Apple, New York.
NBC. Nesse local existem lojas atrativas e muitos restaurantes gostosos.Se você for no inverno você poderá patinar na famosa pista de patinação, conhecida por todos nós de filmes e documentários. Não muito longe do Rockefeller Center se encontra a linda igreja de estilo neogótico, a St. Patricks Catthedral, vale a pena uma visita. Caminhe pela região, passeie pela Sétima Avenida, pela Broadway e chegue aos encantos, aos néons e outdoors da Times Square e curta as di-
St. Patrick’s Cathedral
versas lojas não deixando de passar pela magnífica loja da Apple! Nessa mesma região, na Carmine’s Theatre District, existe um restaurante o Carmine’s bastante econômico, tipo italiano, que oferece grandes porções por apenas $30 e serve até quatro pessoas. Interessante passeio é pelo distrito financeiro, o Financial District, procure pelo touro de bronze, Charging Bull, famoso touro da Wall Street, escultura enorme feita de bronze e que pesa mais de três mil quilos. Reza a lenda que quem for para
New York e passar a mão no chifre ou nas partes íntimas do touro, terá muita prosperidade. Como sabemos, nem sempre New York foi só alegria. Não deixe de visitar o 9/11 Memorial erguido para homenagear as vítimas dos atentados ao World Trade Center. O Memorial está aberto ao público, duas piscinas estão no local onde existia as torres gêmeas e o nome de todas as três mil pessoas que morreram estão num painel de aço em volta das piscinas. Posso dizer que o espaço é bonito, porém emocionante e de grande energia.Em frente a essas duas piscinas existe uma igreja pequena onde foram socorridas muitas pessoas e ainda existem pertences dessas pessoas, bem como recados de crianças nas paredes e interessante que a igreja não sofreu dano algum. É de arrepiar! Chama-se St.
Paul’s Chapel. Enfim, High Line, jardim suspenso que um dia foi linha de trem e hoje passou ser uma passarela com jardins no meio de prédios residenciais também merece um passeio, além de passar pelo famoso bairro, o Chelsea. New York para todos os gostos e gastos.Museus também são interessante pedida, como o Museu de História Natural e o Museu de Arte Moderna. Se você tiver tempo vá até o Italy, mercado italiano, onde você encontra todo tipo de comida e restaurantes ótimos.Imperdível! Aproveite a viagem para New York com calçado confortável porque você só conhece a cidade caminhando e caminhando muito, além de fazer boas compras em outlets e ou griffes famosas!!
Revista Giropop | Julho 2016 | 35
Itapoá e sua história (parte VII)
I
tapoá, embora formalmente jovem, como ‘’Cidade do Mar’’, pois somente se tornou município em 1989, carrega em seu curriculum a invejável condição de ter sido palco de importantes acontecimentos, compartilhados territorialmente com São Francisco do Sul e Garuva, pois constituiam um só bloco. Terra habitada pelos índios carijós, de quem herdamos muitas práticas salutares, especialmente a hospitalidade, na sequência da linha do tempo aqui deixaram a sua marca e já rememorados em números anteriores da revista Giropop: Expedição do francês Goneville em 1504, levando em seu retorno o indiozinho Içá-Mirim (formiga pequena), talvez o primeiro turista brasileiro a viajar para a Europa; Comitiva de Alvar Nuñes Cabeza de Vaca composta de 400 espanhóis, cujo desembarque ocorreu na margem itapoaense da Baía da Babitonga e dela pelo Caminho do Peabiru, parte da Comitiva rumou com destino a Assuncion, lá chegando em 1542, após 130 dias de caminhada, com o objetivo de consolidar a América espanhola e fazer de Assuncion uma cidade modelo e ainda a experiência socialista de Benoit Jules Mure no ano de 1541 visando a implantação de uma diferenciada Colônia Socialista tendo como mote a ‘’dignidade para todos’’ e acolhida pelo Imperador D. Pedro II. Embora lotado de esperança e carregado de entusiasmo inovador o experimento do Dr. Benoit Jules Mure não prosperou. Havia nele muitos pontos fortes que foram, por si só, capazes de atrair e motivar, numa primeira leva a bordo da galera ‘’Caroline du Havre’’’ 100 profissionais, à atravessar o Atlântico e virem
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História não é o que passou, mas o que ficou do que passou. para o Brasil. O Dr. Mure com sua imaginação e determinação venceu a primeira etapa ao trazer para a Colônia do Saí um total de 217 profissionais, mas os pontos fracos do empreendimento foram responsáveis pelo insucesso. Destacam-se nesse rol, a falta de encomendas de embarcações pelo governo brasileiro, um dos principais objetivos da Colônia industrial do Saí. Outrossim, pressionado pelos governantes influentes de outros países que viam nessa empreitada uma sementinha com um viés do que mais tarde chamar-se-ía comunismo, D. Pedro II não liberou novos recursos. Além de verem negado o auxílio do Estado, tiveram que passar meses e meses derrubando a mata e plantando para matar a fome o que resultou em desânimo pelo desvio de finalidade principal. A primeiro de março de 1843, o Presidente da Província de Santa Catarina em seu relatório dizia que o empreendimento da Colônia Industrial do Saí fracassara e o governo ordenava ao inspetor José da Silva Mafra que ‘’procedesse o arrolamento de todas as propriedades e oficinas que houvessem na Colônia do Saí, a fim de indenizar-se de uma pequena parte das avultadas despesas feitas’’. Abro um parênteses ao final deste artigo para registrar um fato importante que, sem dúvida, é de vital valor para a história presente e futura de Itapoá. Trata-se do Plano Diretor do município de Itapoá. Para que possamos melhor avaliar, basta lembrar que Curitiba é uma cidade modelo graças a um bem elaborado plano de um arquiteto francês chamado Agache, seguido com as ne-
cessárias adaptações por todas as administrações posteriores. O plano diretor de Itapoá, após completar 10 anos em 2013 está passando pela revisão conforme o que determina a Lei. Já em 2013 empresa especializada no ramo, após muitas consultas realizadas em todos os bairros de Itapoá atualizou preliminarmente o plano, conforme pensamento das comunidades consultadas. Após esse primeiro passo foi encaminhado em 2015 para o Concidade - Conselho da Cidade - composto por advogados, engenheiros, arquitetos urbanistas, psicólogos, sociólogos, membros de órgãos públicos e pessoas conhecedoras da realidade local. Vale salientar que os membros do Concidade não recebem qualquer tipo de remuneração. Nesse processo de atualização os conselheiros realizaram 95 reuniões de trabalho num total de mais de 290 horas analisando, corrigindo e adaptando o plano atualizado pela empresa. Procedida essa exaustiva análise o Concidade encaminhou em janeiro de 2015 para uma segunda análise por parte da Comissão própria designada pela Câmara, a qual estando de acordo com o crivo do Concidade submete a apreciação e aprovação dos vereadores. Havendo de parte da Comissão da Câmara em sua análise, necessidade de correção, adaptação ou adição de algum item, devolve para o Concidade. Saliente-se que o Plano Diretor da Cidade de Itapoá, é fundamental não só para o crescimento sadio da cidade e seus munícipes, mas também para acessar recursos.
Empreendedor | wall lanches
Ana Beatriz
O sabor dos lanches feitos com amor
Escolhas são fundamentais em qualquer trajetória e, quando há paixão e entrega, resultam em sucesso. Há quatro anos, Daniela Gomes Batilana e Waldir Batilana escolheram o caminho de Itapoá, onde abriram o próprio negócio, o Wall Lanches. O casal, unido e munido de fé e pensamento positivo, acertou na escolha. Atualmente, os lanches fazem sucesso em todo o município. O casal, que veio de Maringá-PR, não possuía experiência na área alimentícia e nunca havia tido o próprio negócio. Em sua cidade, Waldir trabalhava como torneiro mecânico, enquanto Daniela era vendedora. “Sempre desejamos trabalhar para nós mesmos e juntos, mas não sabíamos exatamente em qual área iríamos tentar”, conta Daniela. A ideia surgiu através da madrinha de Waldir, que possui um trailer de lanches em Maringá. Segundo o casal, este tipo de serviço é muito comum em sua cidade natal. Em uma de suas férias em Itapoá, Waldir e Daniela notaram que não havia comércios que vendessem cachorro quente prensado como os de Maringá e, então, decidiram qual e onde
A família Wall Lanches, casal Waldir e Daniela e sua filha Heloisa.
seria o negócio do casal. Depois de muitas pesquisas, encontraram um ponto que atendesse às exigências e que fosse bem localizado. Com um trailer adaptado para a cozinha, trazido da cidade natal, eles montaram, em agosto de 2012, o Wall Lanches. “O apoio e a experiência de minha madrinha foi fundamental para o início de nossa história. Ela nos ensinou algumas receitas, deu dicas e nos disponibilizou o seu cardápio”, afirma Walter. No entanto, muitos dos segredos do sucesso da lanchonete o casal aprendeu somente na prática. Eles recordam que, na inauguração do Wall Lanches, não tinham muita noção da quantidade de produtos que deveria ser comprada, pois não
esperavam tanto movimento. “Felizmente, as pessoas gostaram de nossos lanches e, pouco a pouco, a clientela foi aumentando e se fidelizando”, diz Daniela. De acordo com a demanda e experiência adquirida, o casal acrescentou mais lanches no cardápio e realizou algumas mudanças na estrutura da lanchonete, como a troca por um trailer maior, para servir de cozinha, e a instalação de um toldo, visando o bem-estar e conforto dos clientes. Segundo os proprietários,
o principal diferencial do Wall Lanches é a qualidade do atendimento, assim como a qualidade dos produtos utilizados e o sabor dos lanches. “Nós fazemos nossa própria maionese e nossos hambúrgueres, pois prezamos pelo sabor caseiro”, fala Waldir. Outro ponto positivo foi incluir a entrega de lanches, serviço oferecido durante o horário de funcionamento do estabelecimento – de quarta à segunda-feira, das 18h à 00h. Os planos futuros para o Wall Lanches incluem melhorar, cada vez mais, o ambiente e inovar nos lanches oferecidos. Hoje, além de Waldir e Daniela, a pequena filha do casal também ajuda na lanchonete. “Sempre fomos guiados pelas mãos de Deus e em Itapoá não foi diferente. Ficamos felizes de escrevermos parte de nossa história aqui, onde fomos acolhidos e fizemos muitas amizades”, afirmam Daniela e Waldir. Para a família, a história do Wall Lanches aconteceu naturalmente, e é fruto de muita união e força de vontade. Assim como no sabor de seus lanches, eles acreditam que, na vida, as coisas dão certas quando se tem o amor como ingrediente principal.
Revista Giropop | Julho 2016 | 37
Aji Sushi informa que estará sem atendimento em Itapoá por dez dias a partir do dia 08/07. A Aji estará atendendo na Festa do Divino em Guaratuba-PR.
A família Aji Suhi Tayna, Paulo, Vanda, Alessa, Thiago e Robson, em mais uma noite de rodízio. Confira quem passou por lá!
O frio e a chuva não as impediu de irem prestigiar o 1º encontro de trilheiros do Saí Mirim na Trilha. Parabéns pelo apoio Edilene, Marta, Cristina, Leda e Semilda Cunha.
Elisandra Sperandio com seu filho Bruno e o afilhado Joaquim.
Jucilene, do Brechó da Ju e a Sônia, colunista na Revista Giropop.
Adenilson e Renata Do Realeza Materiais de Construção com o pequeno Leonardo ao colo e a amiga Isadora. Sabrina e Kalunga se deliciando com a sequência de fondues no Beach Bom, pelo dia dos namorados.
Adriana da Eletro Kessin com seus filhos Douglas e Camila mais a amiga Sheila no Aji Sushi.
38 | Julho 2016 | Revista Giropop
Colegas de profissão, amigos no dia a dia. Rodrigo Lopes e Júlio Cezar Calvo.