Editorial Chegou 2018! E, neste mês de janeiro, comemoramos o dia dos nossos amigos de todos os dias: os carteiros do município de Itapoá. No clima de férias, preparamos uma série de pautas com dicas e histórias dos mais variados roteiros de viagem. Para iniciar o ano com o pé direito, também lançamos a campanha “Arte Solidária”, uma parceria entre artistas e artesãos locais, a Revista Giropop e a Associação Mãos do Bem Itapoá. Através de nossas páginas, desejamos que o seu novo ano se inicie com boas energias, inspirações, ações e sentimentos. Que possamos estar junto com vocês – leitores, colaboradores e anunciantes – por mais 365 dias, sempre fazendo e contando histórias.
ÍNDICE POR AÍ Alguns muitos sonhos, destinos e registros fotográficos Aventuras e desventuras de carro pelo Chile, Argentina e Uruguai Índia – uma explosão de contrastes, cores, sabores e crenças
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Dia do Carteiro | Um traçado pela profissão dos amigos de todos os dias Memórias | Passagens, tarrafas e memórias Pinschers – energia e felicidade em miniaturas De Paula Embalagens | Um negócio de sonhos, desafios e união em família Roteiros: Morro Pelado: variedade de árvores, rios e animais Itapoá Saneamento inaugura ETA e marca uma nova história no saneamento da cidade Doação | Campanha Arte Solidária Artesanato | Amigurumi: artesanato com personalidade e conceito Fisiopilates | Itapoá sedia 1º Festival de Natação Infantil Social | Antonio Alberto Vieira Social | Espetáculo Esmeraldas & Clássicos da Literatura Histórias com Vitorino Paese
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POR AÍ
Alguns muitos sonhos, destinos e registros fotográficos Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Para quem está de férias, janeiro é um mês bastante convidativo para carimbar o passaporte e voar por aí. Assim, selecionamos, em Itapoá (SC), alguns apaixonados por viagens que, com suas boas histórias, registros e dicas de roteiros, possam inspirar nossos leitores a planejar a tão esperada “viagem dos sonhos”. Dando início a esta série de pautas, está o fotógrafo Alfeu Cardoso Gonsalves, de 25 anos. Sonhador, busca referências em tudo aquilo que come, ouve, vê e vive. Foi por este motivo que embarcou em uma viagem com muitos destinos, passando pela Alemanha, Marrocos, França, Espanha e Grécia. Alfeu na sacada do “hotel” (onde cada quarto era uma casa individual), em Santorini, na Grécia.
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sta história começa quando dois amigos de Alfeu, que haviam deixado o emprego recentemente, estavam planejando uma viagem para Zurique, na Suíça, e convidaram-no para juntar-se a eles; Alfeu, é claro, aceitou. Pesquisando em sites, blogs e perfis no Instagram voltados a viagens, o trio de amigos percebeu que esta seria uma viagem um pouco cara. Então, optaram por mais de um destino que fossem mais acessíveis. Depois de muitas modificações, o roteiro final teve Berlim, na
Alemanha, depois Marraquexe, em Marrocos, passando por Paris, na França, por Barcelona, na Espanha e, por fim, Atenas e Santorini, na Grécia. O fotógrafo explica que, se observarmos o mapa, o roteiro pode parecer confuso, porém, este esquema fez com que os voos internos ficassem mais em conta. “Para que esta viagem fosse possível, economizei o ano todo, evitando qualquer gasto que não fosse com alimentação e contas fixas”, conta. Alfeu Cardoso Gonsalves (25) é fotógrafo, apaixonado por viagens e dono do Blog do Alf.
A arquitetura de Santorini é única: as construções são parecidas e pintadas dos mesmos tons.
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amigo extraviada, pois acabou indo com o voo que deveríamos ter embarcado”, recorda Alfeu. No final das contas, a companhia aérea realocou-os para outro voo sem custo adicional, porém, o amigo só recebeu a mala na volta ao Brasil. Portanto, o primeiro aprendizado de Alfeu foi: “descartar a opção de voos cujo tempo de conexão
Planejamento Destinos escolhidos, Alfeu pesquisou se seria necessários algum visto ou vacina, já que muitos países dispensam o visto para brasileiros, mas exigem a proteção contra a febre amarela. Também, verificou a validade do passaporte, pois em diversos locais é exigido o prazo mínimo de seis meses de vencimento. Ele e os amigos fizeram muitas planilhas com os custos médios de cada cidade, contrataram o seguro de viagem (obrigatório no continente europeu) e trocaram moeda em uma casa de câmbio. Para Alfeu, o planejamento é essencial, desde uma viagem até um estado vizinho até uma viagem a um país longínquo. A experiência A viagem iniciou em novembro de 2016 e durou cerca de quinze dias. Mesmo planejada com meses de antecedência, alguns imprevistos aconteceram. “Saímos do Brasil com destino a Berlim, mas paramos primeiro em Roma, porque era um voo com conexão. O problema foi que o tempo de espera era curto e a fila da imigração era bem grande, o que resultou em um voo perdido e a mala do meu
Momentos registrados para sempre no deserto de Zagora, no Marrocos, ao sul de Marraquexe.
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seja curto ou tenha necessidade de trocar de aeroporto”. Para ele, os melhores lugares são aqueles com culturas muito características, seja na culinária, vestimenta, arquitetura ou costumes. Dentre os destinos visitados, os que mais lhe emocionaram foram Marrocos e Santorini. O primeiro, por ser um local muito diferente do Brasil, com um choque cultural bem nítido, mas com pessoas atenciosas, boa culinária e pontos turísticos surpreendentes. “Ao contrário do que muitos imaginam, o Marrocos não é feito só de passeios de dromedário no deserto. Casablanca, por exemplo, é uma cidade cosmopolita e o centro financeiro do país, com vista para o mar”, conta Alfeu. Já Santorini, ele define como uma ilha
Tendas do acampamento do deserto de Zagora, no Marrocos.
Memorial Yves Saint Laurent, dedicado ao estilista que viveu durante anos no Marrocos. O memorial está situado no Jardim Majourelle, em Marraquexe, e é um oásis em meio ao caos da cidade.
bonita por si só. “Em todo canto, a arquitetura predominantemente branca com o azul do mar mediterrâneo formavam paisagens lindas”, recorda, “mesmo fora de temporada (ele foi em dezembro), Santorini ainda é um lugar ótimo a ser visitado, com restaurantes abertos e o melhor de tudo: sem aquelas centenas de pessoas disputando espaço para assistir ao pôr do sol mais famoso do mundo”. De acordo com Alfeu, o país onde teve mais dificuldade com a língua foi no Marrocos, onde falam árabe e francês, mas ele conta que muitos pontos turísticos têm infor-
mações em inglês. Sobre esta língua, Alfeu, que já conseguia traduzir textos em inglês, era um pouco inseguro quanto ao seu nível de domínio para falar e escutar, mas surpreendeu-se consigo mesmo em momentos da viagem. “Se eu precisava de alguma informação, era como se mudasse uma chave em meu cérebro e, então, conseguia obter a resposta ao que queria sem muito esforço. Acho que temos receio em nos comunicarmos por achar que vamos passar vergonha ou que seremos incompreendidos, mas ao superar isso e criar coragem, as coisas fluem
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A dica de Alfeu para furar a fila quilométrica da torre Eiffel, em Paris, é reservar com antecedência um almoço em um dos restaurantes da torre.
muito bem”, fala. Ler os mapas e interagir com os estrangeiros foram, para ele, bons métodos para evoluir o nível de inglês. Blog e fotografia Próximo à data da viagem, o viajante tinha consciência que retornaria desta experiência com os cartões de memória da máquina fotográfica e do celular lotados. Por isso, criou um blog para compartilhar cada registro com os amigos e familiares. No chamado Blog do Alf, divide relatos detalhados do que viveu em cada um dos destinos, dá dicas e inspira os navegantes de primeira viagem.
Formado em Design Gráfico, Alfeu estudou fotografia e apaixonou-se pela área. Seu trabalho é focado em editoriais com modelos ou ensaios com pessoas reais, sempre tentando fugir do óbvio e buscando cenários alternativos. Afinal, como ele mesmo diz: “já existe tanta coisa ruim no mundo, por que não mostrar o lado belo?”. Em sua opinião, o que não pode faltar na fotografia de viagem é o olhar e a paciência para capturar o momento certo. Alfeu também acredita que a melhor câmera é aquela que você carrega consigo no momento. “Muita gente me per-
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gunta qual câmera usei para as fotos da viagem, porém se surpreende quando respondo que a maioria foi capturada com o celular, um Moto X Play de 2015. Quando quero boas fotos, uso a câmera, uma Nikon D5100 com lente 50mm. Mas, seja utilizando a câmera ou celular, sempre procuro tirar diversas fotos em ângulos diferentes, tentando capturar a melhor luz do local, pois isso faz toda a diferença. Também dou uma atenção especial à edição, melhorando as cores e clareando a foto quando necessário”, explica. Para treinar o olhar fotográ-
fico, tudo é válido: desde pesquisar referências na internet e assistir a vídeos até observar o cotidiano das pessoas e das paisagens. Por isso, viajar é tão gratificante para um fotógrafo: pois aumenta seu repertório visual. Dicas Com base em sua experiência, Alfeu concluiu que o melhor roteiro é aquele que pode ser visitado e vivenciado com calma. Uma dica que dá é: se a viagem será curta, ou seja, com poucos dias, sempre conte o tempo de deslocamento, pois serão horas perdidas. Outro conselho é
tentar não levar tanta coisa na bagagem e, se possível, não despachá-la, já que o tempo esperando a esteira trazer a mala poderia ser utilizado para outras coisas, além da possibilidade de extravio. Ele também aconselha comprar passagens áreas durante a popular Black Friday, que acontece sempre na última sexta-feira do mês de novembro e oferece grandes descontos para diferentes lugares. Para aqueles que desejam aventurar-se por aí, mas estão presos à procrastinação ou medo, Alfeu orienta: “Planejamento é primordial, ainda mais se a grana estiver curta. Em relação ao medo, hoje existem agências com guias turísticos que falam português e também excursões com um grande número de turistas que vão aos pontos principais das cidades. Muita gente não se planeja por medo de ser barrada na imigração ou pela necessidade de vistos, mas, na realidade, o Brasil é um dos países que mais tem acesso liberado a outros lugares, bastando o passaporte e, ainda, acesso a países de fronteira em que só basta a carteira de identidade”. O viajante ressalta que nem sempre os destinos mais requisitados são os melhores e que, com um pouco de pesquisa, dá para substituir um roteiro por outro se preocupando menos. “Se você sonha em levar as
Para ele, a fotografia de viagem requer olhar e paciência para capturar o momento certo. crianças na Disney, mas não quer ter o transtorno de tirar o visto para os EUA, dá para trocar por Paris e ir a Eurodisney na cidade francesa gastando aproximadamente a mesma coisa e sem necessidade de visto”, fala. Planos futuros No topo da lista de lugares para conhecer, Alfeu destaca o
sudeste asiático, especialmente Tailândia e Singapura. “Sempre gostei de roteiros mais alternativos e estes me chamaram a atenção, pois são lugares que reúnem boa culinária, cenários marcados por praias e templos, além de opções baratas para compras – para aqueles que gostam de viajar com este objetivo”, diz. Além de viajar e fotografar,
o jovem também tem como outras paixões seus amigos e familiares. E, apesar do desejo constante de conhecer o mundo afora, Alfeu conta qual é o seu lugar favorito: “Nossa cidade, Itapoá. Você pode viajar e correr o mundo, ou até mesmo ir a Joinville ou Curitiba aos fins de semana, como costumo fazer, mas nada paga a tranquilidade e a beleza natural que temos aqui, que, infelizmente, muitos não valorizam”. Com as próximas férias daqui a um ano, por que não começar a planejar a sua viagem dos sonhos agora mesmo? Assim, quando a data da viagem chegar, você estará mais tranquilo e, com sorte e planejamento, com grande parte dos gastos já quitados. Ah, e você também pode tirar uma dúvida ou outra com Alfeu, que se considera sonhador e tem prazer em inspirar outras pessoas, seja com base em sua experiência ou seus belíssimos cliques. Para conferir as fotos de Alfeu, basta segui-lo no Instagram @alf_kun, já em seu blog, www.blogdoalf.com, estão dicas e relatos de suas viagens. Para acessar seu portfólio, no qual constam trabalhos de fotografia, acesse www. alfeucardoso.com ou a página “Alfeu Cardoso Fotografia”, no Facebook.
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POR AÍ
Aventuras e desventuras de carro pelo Chile, Argentina e Uruguai
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Viajar é bom. Mas, dizem por aí, que viajar de carro, ao comando de seu próprio volante, pode proporcionar experiências únicas. Com o objetivo de levar um amigo ao Chile e participar de um grande evento, os tatuadores André Luiz Pereira e Lorreine Brunet, da Excusa Mama Tatuaria, em Itapoá (SC), viveram dias de Chile, Argentina, Uruguai e boas histórias para contar.
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á aproximadamente sete anos, André e sua esposa Simone Cristine Cubas contam com os serviços de Luiz, um senhor chileno, que trabalha como carpinteiro e marceneiro por toda a Itapoá, tendo como principais referências de trabalho a escada da loja Laurita
Da esquerda para a direita, os tatuadores André e Lorreine, da Excusa Mama Tatuaria, e o chileno seu Luiz, em uma pausa para esticar as pernas até a fronteira.
Center e a vitrine da loja Tribo do Sol. “Quando concluiu a escada de nossa casa, em agosto de 2017, perguntei a ele como gostaria de receber o pagamento, e ele disse que queria uma passagem de ônibus para o Chile, pois há anos não via sua família”, recorda André, que sugeriu, então, leva-lo de carro – mais precisamente com o seu
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Os 3400 km que separam Itapoá de Santiago foram percorridos com o guerreiro Clio Campus 1.0, ano 2009.
Clio Campus 1.0, ano 2009. Naquela mesma semana de agosto, o tatuador soube que aconteceria em Santiago, capital do Chile, no mês seguinte, o renomado evento Panamericano de Tatuajes, reunindo artistas de todas as três Américas. “Em conversa com um amigo de longa data, o tatuador Sandro Chaves, mais conhecido
como Maga, de Joinville (SC), conseguimos um stand na convenção chilena para apresentar nosso estúdio Excusa Mama Tatuaria e, ao mesmo tempo, divulgar por lá a Convenção Internacional de Tatuagem de Joinville, que aconteceria no mês de novembro”, comenta André. Portanto, a viagem, que
Na Expo Piel – Tattoo Convention 2017, no Chile, a Excusa Mama Tatuaria, em parceria com Maga Tattoo (Joinville), apresentou a Convenção Internacional de Tatuagem de Joinville.
iniciou com o objetivo de levar um amigo de volta à sua terra, também se tornou um roteiro a trabalho. E, além de André, da Excusa Mama Tatuaria, e seu Luiz, contou com a companhia da tatuadora Lorreine Brunet, também de Itapoá. Na estrada Segundo o tatuador, a ideia de ir ao Chile de carro se deu em busca de economia, acessibilidade, autonomia e aventura. Porém, os 3.400 quilômetros que separam Itapoá de Santiago reservaram-lhe mais aventuras do que o esperado. “Éramos um grupo atípico de turistas brasileiros: um homem barbudo e tatuado dirigindo um carro, ao lado de uma mulher tatuada e um senhor barbudo no banco de trás”, fala André. Do estado do Rio Grande do Sul até a Argentina, principalmente entre as cidades de Córdoba
Alguns quilômetros percorridos em meio a este visual de tirar o fôlego, em Uspallata, Argentina.
e Entre Rios, o trio foi parado em seis postos policiais, o que resultou em muitas horas perdidas (somente em um dos postos, perderam mais de 5 horas) e uma boa quantia de dinheiro gasta em multas. Já em Mendoza, cidade localizada no oeste da Argentina, aos pés da Cordilheira dos Andes, o carro estragou e, apesar de o motorista ter o seguro do veículo, levou um dia inteiro para resolver os contratempos com a seguradora, decorrentes da falta de comunicação entre o Brasil e a Argentina. “Minha esposa, que havia ficado em Itapoá com nossos filhos, mesmo à distância, conseguiu me ajudar muito a solucionar estes problemas”, conta André. Um dia depois de o grupo de amigos passar pela Cordilheira dos Andes a passagem foi trancada por conta da neve intensa. Aliás, este trecho ficou inesquecí-
vel, pois foi a primeira vez que André viu neve – e, cá entre nós, ter a primeira experiência com neve na Cordilheira dos Andes torna esta descoberta ainda mais singular. Passando Los Caracoles e chegando à província de Los Andes, no Chile, restando cerca de 160 quilômetros para chegar a Santiago, os amigos, já cansados, optaram por passar a noite em um hostel. Contudo, coroando a série de imprevistos até o destino final, na manhã seguinte, tiveram a triste notícia de que todos os itens do jetbag do carro haviam sido roubados: barracas, sacos de dormir, maca para tatuagem e até uma mala de roupas. Dias em Santiago Finalmente, em Santiago, os tatuadores desfrutaram dois dos três dias de convenção. “Infelizmente, por conta do dia
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perdido na ida e do prejuízo do roubo de nossos materiais, não pude competir como tatuador da categoria de caligrafia, na qual havia me inscrito, mas prestigiar o evento nos engrandeceu enquanto profissionais, foi bom para ampliar nosso repertório visual, nossa rede de amigos e, também, para convidar aqueles que estavam no Chile para a convenção de Joinville”, relata André. Sobre o Panamericado de Tatuajes, os profissionais contam que o nível de tais tatuadores era bastante avançado, mas o público não possui a cultura de tatuagem tão forte quanto o Brasil. Após acompanhar a dupla de artistas durante os dias de evento e em passeios por Santiago, seu Luiz por lá ficou, na casa de sua irmã. Nos primeiros dias na capital do Chile, os tatuadores se hospedaram na casa de um chileno e uma brasileira, amiga de família de Lorreine. “Foi muito legal, pois em seu condomínio residencial há um lago artificial, uma tecnologia chamada Crystal Lagoons, que permite construir e manter lagoas cristalinas, tanto para banho quanto para prática de esportes aquáticos”, conta André. Nos dias seguintes, migraram de hostel em hostel e, por onde passaram, fizeram amizades – inclusive, com brasileiros. O Chile, que tem como prin-
cipais pratos típicos o Curanto (um grande cozido de mariscos e carnes, feito sobre pedras quentes e cobertos com camadas de folhas de nalca, uma planta local), o Congrio (peixe típico da imensa costa do Chile, presente em diversas receitas, seja grelhado ou assado) e as empanadas (que ganham no Chile uma popularidade e um toque diferente, e podem ser encontradas na feira da Plaza de Armas de Santiago), também é bastante conhecido por seus vinhos. “Estar no Chile é poder desfrutar de vinhos de qualidade a preços justos. Cada dia provamos um vinho diferente e todos são muito bons”, comentam. Como trabalham com criatividade, André e Lorreine buscaram roteiros relacionados à arte, visitando museus, exposições e feiras, e conhecendo o trabalho de artistas de rua. Também, ficaram admirados com uma passeata ciclística que os moradores locais de
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Santiago realizam uma vez ao mês para pedir respeito aos ciclistas e protestar contra a emissão de gases poluentes. Outro fato que lhes chamou muito a atenção foi que, no Chile, diversas comidas, como o lanche do McDonald’s, as saladas e as torradas, trazem o avocado – da mesma família que o abacate, mas não tão doce quanto ele, podendo ser temperado com condimentos mais fortes, como sal e pimenta. “Quando vimos aquilo nos lanches, achamos estranho. Mas, depois de provar, gostei muito do avocado chileno”, conta Lorreine. E é bom lembrar que o mesmo acontece quando os chilenos vêm ao Brasil: estranham quando misturamos o abacate com açúcar ou até mesmo fazemos vitaminas com a fruta. Vegetação típica na estrada do deserto e cenários interessantes na passagem pela Argentina.
Rolê pela Argentina e Uruguai Para aproveitar melhor a viagem e evitar a tensão da
Os tatuadores André e Lorreine desfrutando dos cenários da região.
Os artistas buscaram roteiros relacionados à arte, visitando museus, exposições e feiras. Nas fotos, arquivos históricos de San Luis, Argentina.
ida, o roteiro de volta ao Brasil sofreu alterações. Depois de Mendoza, ao invés de irem sentido Santa Fé, na Argentina, a dupla de tatuadores deu um pulo em Buenos Aires, capital e maior cidade da Argentina, além de ser a segunda maior área metropolitana da América do Sul (atrás apenas da grande São Paulo). Dentre os 900 quilômetros que separam Mendonza de Buenos Aires, pegaram cerca de 100 quilômetros de tempestade de areia. De passagem rápida pela capital da Argentina, André e Lorreine conheceram o centro da cidade e Puerto Madero, um bairro nobre e moderno da cidade de Buenos Aires, sendo um centro financeiro e gastronômico da capital. De última hora, decidiram pegar um buquebus – um ferry boat que transporta pessoas e carros e faz a travessia do Rio de La Plata, interligando as cidades de Buenos Aires (Argentina) às cidades de Montevidéo
ou Colonia del Sacramento (Uruguai). “Conversando com algumas pessoas, achamos mais interessante irmos para Colonia del Sacramento, já que a passagem era mais em conta, o trajeto mais rápido (durou cerca de uma hora) e as atrações iam de encontro com o que estávamos buscando”, contam. Na cidade uruguaia, ficaram encantados com seu centro histórico que, desde 1995, foi tombado como Patrimônio Mundial pela Unesco. “Os uruguaios são muito receptivos, os preços convidativos e as ruas charmosas, cheias de pedras e casas rústicas”, relatam Lorreine e André, que dirigiram por toda a costa litorânea do Uruguai (com pouco mais de 600 quilômetros), passando pela badalada Punta Del Leste, por La Paloma, conhecida por suas ondas propícias para a prática do surf, até chegar em território nacional, no Rio Grande do Sul.
Sobre a vivência Foram 6 dias para ir até Santiago, mais 5 dias pela capital chilena e 5 dias para retornar ao Brasil, totalizando 16 dias de experiência por três países e três moedas: os pesos chilenos, pesos argentinos e pesos uruguaios. André, o motorista de grande parte do roteiro, afirma: “o trânsito requer muita atenção, pois as estradas são má sinalizadas, apesar de muito boas”. Mesmo com o cansaço, ele diz que não se arrepende em ter optado por viajar de carro, pois este veículo permite um novo olhar e deixa a viagem ainda mais interessante, justificando a frase popular de que “o meio é mais interessante que o fim”. Se fosse para acontecer novamente, os tatuadores contam que se programariam um pouco melhor. “A distância de uma cidade para a outra parecia curta quando consultávamos o mapa, mas levávamos horas a fio no volante. Aconte-
ceu de chegarmos em cidades para procurar um hostel por volta das 3 horas da madrugada, o que poderia ser evitado se nos planejássemos melhor”, dizem. Lorreine também destaca a dificuldade com o espanhol e afirma que a língua não é tão fácil e similar com o português do Brasil como muitos imaginam. Hoje, um dos planos de André é levar sua família até o sul do Chile, na Cordilheira dos Andes, e parar em Bariloche, na Argentina – de carro, é claro. Além da parceira Lorreine, o tatuador também agradece a outras duas pessoas: “minha esposa Simone, que fez falta e me deu todo o suporte, e o seu Luiz, pois, sem ele, esta viagem não aconteceria”. Em poucas palavras, os tatuadores André e Lorreine definem como foi esta vivência única: “com um enfoque não tão turístico; mas profissional; sem muito planejamento, mas com um objetivo; com pouco tempo, porém intensidade”.
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Índia – uma explosão de contrastes, cores, sabores e crenças Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Com cores, contrastes, belezas e tradições tão peculiares, a Índia é um destino muito querido entre os amantes da fotografia. Para aprimorar seus conhecimentos profissionais, a fotógrafa Erika Bauer, de Itapoá (SC), embarcou nesta aventura cheia de maravilhas, descobertas e aprendizados.
E
ra janeiro de 2016 e Erika soube de um curso de fotografia que seria realizado na Índia, ministrado por um fotógrafo brasileiro especializado em retratos femininos, junto de dois brasileiros que residem no país. “Se tratava de uma imersão fotográfica de 10 dias baseada nos passos de Steve McCurry, um renomado fotógrafo estadunidense da National Geographic, cujas fotos mais impactantes foram feitas na região norte da Índia. O objetivo do curso era visitar algumas cidades pelas quais ele passou para estudar sua linguagem fotográfica, seu estilo de cor, textura, contraste, tema e enquadramento”, explica. O curso oferecia apenas 10 vagas, divididas em duas turmas. Em janeiro, Erika, que já tinha uma reserva de dinheiro na poupança e alguns trabalhos fotográficos engatilhados ao longo do ano, deu entrada e garantiu sua vaga.
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A fotógrafa Erika Bauer embarcou para a Índia, em uma aventura cheia de maravilhas, descobertas e aprendizados.
A imersão fotográfica estava para acontecer no mês de setembro, o que resultou em oito meses de planejamento e organização da viagem. “O curso cobria todo o roteiro e as estadias, exceto a passagem aérea, que era bastante cara. Então, passei a pesquisar promoções de passagens em diferentes sites e aplicativos, como Skyscanner, Passagens Imperdíveis e Melhores Destinos. Como tinha data marcada para ir e voltar, encontrar uma promoção foi ainda mais difícil”, conta Erika que, depois de muitas pesquisas, conseguiu comprar a passagem aérea na data almejada com um bom desconto.
O curso iniciou em 17 de setembro e a fotógrafa embarcou com dois dias de antecedência – o tempo médio para voar até lá. Depois de embarcar de Curitiba (PR) para São Paulo (SP) e fazer um voo de conexão em Doha, no Catar, Erika finalmente chegou a Deli, a segunda maior e mais importante cidade da Índia. Lá, conheceu os outros quatro colegas de curso, fotógrafos de diferentes cantos do Brasil. Ao todo, o roteiro incluiu três dias em Deli, dois em Agra (onde está situado o famoso Taj Mahal), três dias em Jaipur (conhecida como “A Cidade Rosa”, já que em 1876 o seu marajá mandou pintá-la dessa cor, para a visita do Príncipe de Gales) e, por fim, dois dias em Udaipur (conhecida como “A Cidade dos Lagos”).
Aglomeração,e vida noturna em Deli, a segunda maior e mais importante cidade da Índia.
Desmistificação Segundo Erika, a chegada certamente é um dos momentos mais difíceis, já que o choque cultural é bastante nítido. “De repente, você se vê em um lugar completamente diferente, com pessoas diferentes, comidas diferentes, ruas diferentes, letras, palavras e vestimentas diferentes, também”, fala. É bom ressaltar que nem tudo são flores na Índia, onde vive um terço dos pobres do mundo. Erika conta que nas ruas estreitas o trânsito é caótico, o cheiro é uma mistura de incensos com temperos e é necessário dar passagem para motos, vacas, cachorros, macacos e desviar constantemente de montanhas de lixo e até de fezes espalhadas pelo chão. “Antes de embarcar, tive a sorte de conversar com uma amiga que já havia conhecido a Índia, que desmistificou muitas coisas para mim. Ela foi muito franca ao dizer que existe muita sujeira e miséria por lá, mas, em contrapartida, muita beleza. E que até mesmo a parte ruim desperta emoções e reflexões em nós”, fala. Durante a viagem, a fotógrafa recorda que ela e seus colegas deram atenção a uma criança que estava pedindo dinheiro e, em um piscar de olhos, estavam cercados de várias crianças fazendo o mesmo. “Nosso guia turístico nos chamou a atenção por fazermos isso e disse que precisávamos
Tchai de rua.
Exercício de fotografia com uma modelo local.
Tchai na casa de um indiano e Chand Baori (reservatório de água), em Abhaneri.
ser indiferentes, caso contrário aquelas crianças deixariam a escola para viver de pedir dinheiro aos turistas. Ele disse ‘se você deseja ajudar a Índia, venha para cá fazer trabalho missionário e passar algum conhecimento a estas pessoas,
mas dar esmolas a elas não mudará esta situação”, relembra Erika. Bastaram algumas horas em solo indiano para que ela descobrisse o segredo para os próximos dias: desapegar-se da forma como aprendeu a vi-
ver. “A morte? Pode ter algo de alegre. Casamento arranjado? Quem disse que é necessariamente ruim e que as mulheres não querem? Garfo, faca e colher? Não. Para comer, bastam as mãos. Papel higiênico? Também não, basta uma canequi-
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Na Índia, comer com as mãos é tradição. Nas ruas, é muito comum encontrar crianças pedindo dinheiro e as vacas são sagradas.
nha com água”, comenta. Por estes e outros motivos, a brasileira constatou que a Índia não é para qualquer um e deve ser visitada sem grandes expectativas. Um dos maiores perigos para aqueles que estão a conhecer o país são as áreas de aglomerações, onde os criminosos aproveitam para furtar. Por isso, é indicado sempre andar em grupo e estar atento a sua volta. “Como sou loira e branca, os indianos chegavam muito perto de mim e me olhavam, curiosos. Por sermos brasileiros, alguns deles queriam tirar foto conosco, o que achávamos bem engraçado. Mas é muito importante a turista não deixar um indiano tocá-la, pois, por sinal de respeito, eles não tocam nem têm contato visual com mulheres indianas, que são raras de encontrarmos sozinhas pelas ruas”, explica Erika. Também sobre a diferença de gênero por lá, como
Na Índia, a fotógrafa explorou luzes, contrastes e venceu sua timidez ao ter de abordar desconhecidos que falam outra língua para fotografá-los.
as mulheres são intocáveis e dificilmente ocupam os espaços públicos, é muito comum observar amigos indianos abraçados ou de mãos dadas. A vestimenta é outro tabu do local: também por sinal de respeito, não deixam os joelhos e ombros à mostra. Quanto mais a fotógrafa estava cober-
ta, mais tinha abertura para aproximar-se do povo local, pois transmitia confiança a ele. A imersão A imersão fotográfica aconteceu. Sob o sol forte do norte da Índia, Erika e seus colegas fotógrafos estudaram, praticaram exercícios, fizeram ensaios
Erika andando de tuk tuk e, ao lado, o rickshaw – meios de transporte populares na região.
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com modelos e exploraram suas dificuldades. A fotógrafa de Itapoá, especificamente, conta que aprendeu muito em relação à luz e às fotografias em tempos curtos, além de trabalhar a timidez ao ter de abordar desconhecidos que falam outra língua para fotografá-los. Contudo, a prometida imersão foi muito além do profissional. Durante a viagem, Erika realmente viveu a Índia: teve suas mãos pintadas com henna; vestiu o sari (traje nacional das mulheres indianas); usou bindi vermelho (apetrecho utilizado no centro da testa, próximo às sobrancelhas, cujas cores têm significados diferentes; o bindi na cor vermelha significa que a pessoa é casada); arriscou algumas palavras no dialeto hindu (mas falou, mesmo, em inglês); comeu com as mãos; tirou os calçados para entrar nos templos de diversos deuses; também conheceu igrejas
e mesquitas; provou diferentes pratos típicos, como o dal (um creme de lentilhas apimentado) e o chapati (pão indiano sem fermentação, que vai à frigideira); provou e adorou o tchai (tradicional chá indiano); fez amizades com nativos; viu macacos, vacas e elefantes; barganhou e negociou em bazares, mercados de especiarias e lojas; encantou-se com os jardins e a arquitetura simétrica do Taj Mahal; andou de tuk-tuk (pequeno veículo de três rodas), rickshaw (pequena carruagem com duas rodas, puxada por uma pessoa) e de trem – o que considerou uma “viagem à parte dentro da viagem”. Em terras indianas, a brasileira descobriu algumas curiosidades do povo local: quando a noiva está prestes a casar, quem faz a henna em suas mãos é a sogra, e quanto maior e com mais detalhes for o desenho, maior a afinidade entre sogra e nora; também, quanto mais pulseiras a mulher casada carregar nos braços, é sinal
Além do desapego, na Índia, Erika sentiu-se impactada pela gratidão. “Pode fazer calor ou dar sede, você não vê um indiano reclamando. Quando algo dá errado, eles utilizam a filosofia de que ‘se tá vivo, tem conserto’. Compartilham o pouco que têm, estão sempre agradecendo, são pacientes se você não compreende seu sotaque rápido e, quando as coisas fogem ao combinado (como um trem atrasar, por exemplo), eles olham para você e dizem: ‘está tudo bem, você está na Índia’”, conta. O povo indiano é adepto à tecnologia, mas não estão sempre vidrados nos celulares ou televisões. Para eles, a vida acontece. “Lá, é tão difícil ver alguém no celular, que nós, turistas, automaticamente esquecemo-nos do mundo virtual, também”, fala Erika que, após a Índia, vem se policiando para reclamar menos, reservar menos tempo para as redes sociais e mais tempo para curtir o marido e o filho.
A arquitetura encantadora do Taj Mahal, situado em Agra.
Templo dos Macacos e o Hawa Mahal, em Jaipur, também conhecida como “A Cidade Rosa”.
Pôr do sol e vista para o hotel onde foram gravadas cenas do filme “007 Contra Octopussy”, na cidade de Udaipur.
de que está mais feliz no casamento. “Os indianos são muito hospitaleiros e humildes, e facilmente irão convidá-lo para conhecer sua casa. Lá, oferecem o que têm de melhor: a melhor comida, a melhor cadeira, o melhor chá ou o melhor copo de água. E, por mais que não tenham água potável, é sinal de educação aceitar o que eles estão lhe oferecendo”, conta. Dentre todas as características culturais da região, a que mais lhe marcou foi a culinária: “eles não costumam utilizar sal na comida, apenas os temperos locais e muita, muita pimenta; até quando você pede um prato sem pimenta, ele vem apimentado”, comenta Erika, que passou mal por quase um dia inteiro da viagem, por conta da água contaminada ou do forte tempero. Em Udaipur, onde foram gravadas algumas cenas de “007 Contra Octopussy”, outra curiosidade: todos os restaurantes da cidade, às 7h ou 7h30 da noite, exibem o filme estrelado por James Bond.
O que a Índia faz Àqueles que desejam conhecer o local, a brasileira afirma que, ao contrário da passagem aérea, a Índia tem preços bem convidativos e econômicos. “Acho que o principal segredo para ir para lá é desapegar-se e ter a mente aberta”, fala a fotógrafa, que ainda está digerindo a Índia – como ela mesma diz, e deseja voltar para lá o mais cedo possível, para “turistar” e explorar outras localidades do país na companhia do marido. O país é uma montanha russa de emoções: em minutos você vai do momento mais lindo ao mais triste que já viu. “Os perrengues e a tristeza ao deparar-se com a miséria são certos, mas a alegria e a humildade deste povo também despertam coisas inenarráveis dentro de nós”, conclui Erika que, na bagagem de volta ao Brasil, trouxe alguns conhecimentos acerca da fotografia, algumas peças artesanais, alguns sachês de tchai e, muita, muita gratidão.
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dia do carteiro
Um traçado pela profissão dos amigos de todos os dias Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Em 25 de janeiro comemora-se o dia daqueles que estão por toda a parte e conhecem Itapoá como a palma de suas mãos. Com seu tradicional uniforme azul e amarelo, enfrentam sol, chuva, trânsito e até cachorros. Mensageiros de boas e más notícias, são o principal elo entre as pessoas e, independentemente da distância, são, acima de tudo, admiráveis seres humanos. Se você ainda não sabe de quem estamos falando, abra a sua caixinha de correio e veja se algum carteiro já passou pela sua casa hoje. Ou melhor: leia esta reportagem especial que preparamos em homenagem a estes profissionais tão comprometidos com nossa Itapoá.
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empre que pensamos na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), a face mais visível da empresa são os agentes dos Correios, popularmente conhecidos como carteiros. Para atender a um país com dimensões continentais como o Brasil e fazer a entrega dos 8,3 bilhões de objetos por ano, a ECT possui em seus quadros mais de 56 mil carteiros – deste total, cerca de 10% são mulheres. Juntos, os carteiros do Brasil percorrem, por dia, cerca de 400 mil quilômetros, o equivalente a quase 10 voltas completas ao redor da Terra. Atualmente, a equipe da unidade dos Correios de Ita-
poá é composta por nove profissionais: um segurança, um gerente, três atendentes e quatro carteiros, sendo um deles Fabiano Ramos. Com 17 anos como agente dos Correios, foi um dos pioneiros na profissão no município. Ao lado do ex-carteiro Rodrigo Cechin, realizou o trabalho significativo de organização e regularização das ruas itapoaenses. Dentre os profissionais que passaram pelos Correios e deixaram sua contribuição, Fabiano também destaca Valdir Bacher (hoje, já aposentado) pelos seus 31 anos de serviços prestados junto aos Correios – 18 deles como chefe da unidade de Itapoá, e acrescenta: “costumo dizer que, em minha profissão, fui ‘vacinado’ pelo Seu Valdir, pois ele me ensinou e me motivou muito”. Há quase nove anos, os irmãos Acir da Silva Costa e Denilton da Silva Costa, nativos de Itapoá, também compõem o quadro de carteiros do município. Acir, o irmão mais velho, era pescador e realizou o concurso público por conta da estabilidade que a profissão oferecia. Já Denilton, optou pela profissão assim que concluiu os estudos. Por fim, Frederico de Oliveira Fernando, mais conhecido como Fred, é o “caçula” da turma: há pouco mais de quatro anos, por influência dos irmãos Acir e Denilton, seus amigos de infância, deixou de ter a pesca como ganha-pão e estudou para tornar-se um agente dos Correios. Apesar de apaixonados por Itapoá, foi em outras cidades que os protagonistas desta pauta tiveram suas primeiras experiências de trabalho nos Correios.
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Da esquerda para a direita: Denilton da Silva Costa, Fabiano Ramos, Acidar da Silva Costa e Frederico de Oliveira Fernando, mais conhecido como Fred. Juntos, eles compõe o quadro de carteiros do município de Itapoá.
Em períodos diferentes, Fabiano, Denilton e Fred trabalharam durante cerca de quatro anos como carteiros em Joinville (SC). Acir não ficou de fora, pois trabalhou como carteiro durante um ano na cidade de São Francisco do Sul (SC). Hoje, estabilizados no município que tanto amam, os quatro afirmam: “exercer esta profissão em Itapoá é algo especial”. Desde que iniciou nos Correios de Itapoá, Fabiano conta que muita coisa mudou: “regi-
ões que eram isoladas e abrigavam apenas uma casa com um destinatário, hoje estão desenvolvidas e são habitadas por diversas pessoas”. Também, as entregas que inicialmente eram feitas apenas no centro do município, hoje se expandiram por quase toda Itapoá (com exceção do Loteamento Príncipe, São José II e zona rural). Devido à chegada do porto e outras empresas, de dez anos para cá os serviços dos Correios de Itapoá aumen-
taram mais de 200%. Junto do desenvolvimento, a jornada dos carteiros também ficou ainda mais árdua. Rotina Diariamente, na unidade dos Correios de Itapoá, são recebidas de 3 a 4 mil correspondências e de 250 a 300 encomendas e Sedex. As correspondências vêm misturadas e são divididas entre três distritos, cada um deles correspondente a um agente motociclista: Fred (responsável pelas entregas no Rainha, Samambaial, Paese, Cambijú e Pérola Atlântico), Denilton (responsável pela Barra do Saí e Itapema do Norte) e Acir (responsável pelo Itapoá, Pontal e Figueira). Com o carro dos Correios está Fabiano, encarregado de entregar encomendas e Sedex para a cidade toda, incluindo as grandes empresas. O trabalho passa muito depressa e acontece de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h30, mas, vez ou outra, os agentes trabalham voluntariamente depois do horário, aos sábados e feriados – tudo isso, por amor ao trabalho e comprometimento à população. No último dia 12 de outubro, por exemplo, uma carga ficou retida por alguns dias em Palhoça (SC) e chegou a Itapoá apenas na véspera do feriado. Notando que se tratava de uma grande quantidade de encomendas e presentes para o Dia das Crianças, os carteiros utilizaram o dia que deveria ser de descanso para fazer entregas e arrancar sorrisos da criançada. Trabalho diferenciado Quem vem de fora logo repara e quem é daqui, também: os carteiros de Itapoá são especiais. Eles chamam a maioria de seus destinatários pelo nome, são amigos e até mesmo “psicólogos” deles. De acordo com o site da ECT, a profissão de carteiro, inclusive, é a segunda mais confiável no
Em suas entregas diárias com a motocicleta, o carteiro Acir tem muita história para contar.
país (atrás apenas dos bombeiros) e a quarta mais confiável no mundo (atrás dos médicos, bombeiros e professores). O carteiro Acir recorda uma das tantas histórias que lhe marcaram: “Tinha o hábito de realizar entregas na casa de um casal de idosos, até que o senhorzinho ficou viúvo. Quando retornei à sua casa, ele estava se sentindo carente e queria conversar. Aquilo me emocionou muito”. Não é à toa que dizem que o carteiro tem alma e coração, pois, quando necessário, disponibiliza seu ombro amigo e entende o espírito de seu semelhante. Mas nem só de elogios e histórias emocionantes é feito o seu trabalho. Eles também escutam desabafos e reclamações – especialmente quando a correspondência traz más notícias, como, por exemplo, multas de trânsito. “Neste caso, algumas pessoas tentam se justificar e até ficam bravas conosco, mas apesar de não sermos responsáveis pelo conteúdo do papel, sempre buscamos orientá-las da melhor forma possível”, completa Denilton. Entre uma entrega e outra, os agentes são convidados para um café, ganham frutas e até
lembranças em datas comemorativas. No entanto, é Fabiano que leva o título de “carteiro mais querido pela população”. Seus colegas de profissão alegam que isso é injusto, uma vez que Fabiano leva os objetos de maior interesse e tem contato direto com os destinatários, enquanto eles podem depositar más notícias nas caixinhas de correios e muitas vezes passam despercebidos. Brincadeiras e ciúmes à parte, os amigos reconhecem: “ele (Fabiano) é um profissional muito comprometido e apaixonado pelo que faz”. Tamanho é o amor pela profissão que Fabiano, também conhecido por “Barba”, gosta de vestir a camisa azul e amarela até nas férias. “Quando estou sem uniforme ou sem barba, algumas pessoas na rua não me reconhecem. Isso me deixa ‘doido’, porque adoro ser reconhecido e associado ao meu trabalho”, fala. Mas, vez ou outra, este reconhecimento se dá em lugares inusitados, como no banco, no ônibus e até na igreja: qualquer lugar é lugar para a população abordar os carteiros e perguntar a eles se há alguma encomenda ou correspon-
dência. Os profissionais dizem que não veem mal algum nisso, desde que sejam abordados com educação. O trabalho diferenciado dos carteiros de Itapoá nem sempre se dá no momento exato da entrega do objeto, mas na disposição para que tal entrega aconteça. “Algumas vezes, não encontramos o destinatário em sua casa, mas sabemos aonde ele trabalha e vamos até lá. Em outros casos, contamos com o auxílio de vizinhos de nossa confiança”, conta Fred. Quando o endereço do destinatário é inexistente, o procedimento indicado é fazer a devolução do objeto para o remetente, mas Denilton afirma que já insistiu e fez uso do famoso “boca a boca” até achar o endereço correto. É bom ressaltar que o sucesso do trabalho dos agentes dos Correios não é mérito de Fabiano, Fred, Denilton ou Acir, mas de todos os quatro. “Sempre que um profissional de fora vem trabalhar aqui, se impressiona com a nossa união e diz que isso é raro de se ver”, comenta Acir. Amigos dentro e fora do ambiente de trabalho, os quatro carteiros acreditam que cooperação é fundamental para realizar um serviço de qualidade em equipe. Vida pessoal Quando não estão trabalhando Itapoá afora, os carteiros desfrutam de atividades de lazer. Seja na água doce ou salgada, uma das coisas que Acir mais gosta de fazer é pescar. Nas horas vagas, Fred prefere surfar e realizar atividades sociais com o Clube de Desbravadores de Itapoá. Para Denilton, o negócio é o futebol: ele é atacante do time da Barra do Saí e orgulha-se ao dizer que seu time foi campeão de 2017. Já Fabiano, considera-se uma pessoa mais caseira, que gosta de muito de cozinhar, e revela que deseja, um dia, envolver-se com políticas públicas. Coincidentemente, os qua-
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Câmara de Vereadores homenageou o senhor Valdir Bacher com moção de aplausos pelos 31 anos de serviços prestados.
tro colegas de profissão são casados e cada um deles é pai de dois filhos. Eles se afirmam tão apaixonados pela família quanto pela profissão: “às vezes, estamos tão comprometidos com nosso trabalho que acabamos abdicando um pouco de nossa família, mas, felizmente, temos esposas que nos apoiam e filhos que se espelham em nós”. Curiosidades Com a popularidade das redes sociais, cada vez menos as pessoas fazem uso da comunicação por carta. Segundo os carteiros, a maioria das pessoas que mantém viva esta cultura são alunos de escolas (normalmente, incentivados
por projetos), detentos e pessoas da terceira idade. Fred afirma: “é nítido que as poucas pessoas que ainda recebem cartas manuscritas costumam dar muito valor a isso”. Os cartões postais, as assinaturas de revistas e coleções de selos também diminuíram consideravelmente em Itapoá, mas, felizmente, não deixaram de existir. Muitas vezes, quando o destinatário é analfabeto ou perdeu a visão, os carteiros têm de ler para ele o conteúdo do papel. Sem mapa ou GPS, Fred, Acir, Denilton e Fabiano conhecem cada uma das ruas do município como a palma de suas mãos. A invejável memó-
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ria geográfica dos carteiros é consultada por muitos comerciantes e até mesmo por moradores que não sabem o próprio endereço. Ser carteiro em Itapoá também é sinônimo de certas dificuldades, como as estradas irregulares, que fazem com que as estatísticas de veículos quebrados no município sejam muito maiores que nas demais cidades. Eles afirmam que muitas estradas melhoraram, mas que ainda há muito a ser feito. Porém, o maior obstáculo dos agentes dos Correios são os cachorros de rua – um problema cada vez mais frequente no município. “É muito comum
sermos mordidos ou sofrermos acidentes de trânsito por causa da agressividade de certos cachorros de rua. Já aconteceu de recebermos um carteiro de outra cidade e ele ser afastado logo em seu segundo dia de trabalho porque foi mordido”, conta Fabiano. Alguns casos são tão graves que resultam em pontos ou fraturas. Neste caso, vale lembrar que quando um carteiro sofre um acidente toda a população acaba sendo penalizada: “nem sempre recebemos um carteiro para substituir o profissional afastado e, cedo ou tarde, as entregas começam a atrasar por toda a cidade”, explica Fred. Seja mordendo, correndo
na frente ou atrás da motocicleta, os cachorros de rua dificultam a entrega em certas localidades. Por essas e outras tantas razões de conhecimento geral, o problema de abandono de animais em Itapoá necessita de conscientização e políticas públicas. De acordo com os carteiros, todos estes problemas se agravam durante o verão, período em que o trânsito aumenta e o serviço triplica. E os turistas não ficam de fora: estes também utilizam o serviço dos Correios durante as férias, especialmente para transportar chaves, cartões e outros objetos importantes que acabam esquecendo-se de trazer para o litoral. Comprometimento Quer saber o que “enlouquece” os carteiros? É quando chega o fim do expediente e ainda há entregas por fazer. Eles explicam: “Esforçamo-nos para entregar os objetos no dia em que eles chegam, pois não sabemos qual seu conteúdo. Pode ser que não seja nada muito importante, mas também pode ser que seja um medicamento de urgência, um diploma, um convite para um casamento que está prestes a acontecer ou uma conta que vence em breve”. Além da missão de entre-
Comprometidos com Itapoá, o quarteto trabalha em equipe e tem amizade dentro e fora do trabalho.
gar os objetos, não raramente os carteiros são líderes comunitários e responsáveis pela difusão da cidadania. Exemplo de ação de caráter social que envolve estes profissionais é o projeto “Papai Noel dos Correios”, que acontece anualmente em todas as agências do Brasil. Neste projeto, crianças de uma instituição de ensino pública escrevem cartas com pedidos de presentes, que são adotados por voluntários e, em seguida, entregues pelos carteiros. Durante quatro anos consecutivos a Escola Municipal João Monteiro Cabral foi a instituição participante do projeto em Itapoá. Por isso, os carteiros confessam carinho especial pela região do Pontal:
“são pessoas alegres, humildes e que sempre nos recebem muito bem”. Há cinco anos, Jean Michel de Camargo veio para Itapoá a fim de trabalhar como gerente da unidade dos Correios. “No começo, estranhei tudo: a cultura, as particularidades da região e até o sotaque. Hoje, há dias em que vou trabalhar ‘demais de feliz’, como os itapoaenses costumam dizer”, conta. Sobre a equipe operacional, Jean afirma: “Nossos carteiros são muito unidos e, por amarem tanto Itapoá, acabam por muitas vezes assumindo responsabilidades além do que deveriam. Felizmente, a maioria da população entende e valoriza este trabalho”.
Para o quarteto de carteiros, segurança, confiança, estabilidade, amizade e credibilidade são algumas das vantagens da profissão. Contudo, o que lhes deixa mais felizes é o reconhecimento das pessoas. “Assim como somos queridos pela população, ela também é querida por nós. Quando estacionamos o veículo, muitos vêm a nosso encontro e colaboram com a agilidade do nosso serviço, ou simplesmente sorriem e nos agradecem. Seja nas residências ou comércios, é este reconhecimento que nos motiva todos os dias”, falam. Os carteiros, estas figuras simpáticas que, por passarem todos os dias por nossas casas são adotados, involuntariamente, pela família, também são facilmente chamados de “o meu carteiro” ou “o carteiro lá de casa”. Por isso, por mais que estas linhas tentem definir, Fred, Acir, Fabiano e Denilton dizem que nada explica a paixão que têm pelo trabalho e o dever que têm com a sociedade, e que sonham que a profissão seja cada vez mais valorizada. Faça sol ou chuva, os nossos amigos de todos os dias sempre passarão pelas nossas portas com mensagens boas ou tristes, mas também com o sorriso e o brilho no olhar de quem faz o que gosta.
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MEMÓRIAS
Passagens, tarrafas e memórias Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
“Se eu lhes contasse toda a minha história de vida, faltariam páginas” – assim diz Ezequiel Domingos da Silva, de 67 anos. Nascido e criado na Barra do Saí, em Itapoá (SC), seu Ezequiel foi o primeiro motorista de um transporte coletivo do município. Apaixonado pelo local onde vive, coleciona memórias, saudades e tarrafas de pesca.
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ilho de Elisa Porfírio dos Santos, de 84 anos, e do falecido Álvaro Emídio da Silva, Ezequiel nasceu na colônia de Saí Guaçu, em Itapoá, foi registrado em Guaratuba (PR) e, com apenas três dias de vida, sua mãe trouxe-o em uma canoa para a Barra do Saí, também em Itapoá. Sua família, é bom lembrar, possui grande relevância na história do município, a começar por seu avô Euclides Emídio da Silva (já falecido), imigrante que chegou a Itapoá em 1922, sendo um dos primeiros homens a habitar a região da Barra do Saí – daí o nome da conhecida Escola Municipal Euclides Emídio da Silva. Uma das lembranças mais vivas da infância de Ezequiel vem de quando tinha apenas 6 anos de idade e percorreu todo o rio Saí Mirim de canoa com o tio, para comprar palmito ouro branco – uma preciosidade da época. “Lembro que, neste dia, minha mãe me deu uma bacia com peixe frito e um pedaço de
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Os blocos de passagem de ônibus carregam histórias, e seu Ezequiel guarda-os com carinho até hoje.
mandioca para me alimentar ao longo do dia”, diz. Desde criança, descobriu com o pai os fascínios do mar aberto. Juntos, pescavam camarão, tainha, robalo-flecha, entre outras espécies. A primeira profissão de Ezequiel foi, inclusive, como pescador profissional. Ele recorda que a Itapoá de antigamente era muito difícil: “quando precisávamos ir a Curitiba (PR), primeiramente tínhamos de pegar duas canoas durante 12 quilômetros até Guaratuba”. Mas, apesar das dificuldades, afirma guardar saudades e boas lembranças. Aos 16 anos, participou de um marco histórico para o município, trabalhando na construção da estrada Cornelsen. No decorrer da vida, também trabalhou como ajudante de mecânico, mas foi no ônibus que fez história. Profissão “Sempre que embarcava em um ônibus, ficava encantado com o veículo e com a amizade que o motorista tinha com as pessoas”, recorda. Mas, an-
Além de muitas memórias, o nativo da Barra do Saí orgulha-se da sua coleção de tarrafas de pesca.
tes de tornar-se um deles, em meados dos anos 70, Ezequiel trabalhou como cobrador de ônibus. Começou na empresa Autoviação Catarinense, passando para a empresa Guaratuba, depois para a Transtusa e, em seguida, para a Sul Brasil – totalizando 14 anos enquanto cobrador de ônibus das linhas que interligavam Itapoá, Guaratuba e Joinville. Em 1985, com a chegada da Escola de Educação Básica Nereu Ramos, foi escolhido para ser o motorista do primeiro transporte coletivo do município. No início, transportava apenas um aluno até a escola, mas, cinco anos depois, o ônibus dirigido por seu Ezequiel carregava diariamente mais de 100 alunos. “A criançada era muito ‘jaguara’ e, volta e meia, eu tinha de parar o veículo para apartar uma briga e acalmar os ânimos”, conta. Naquela época, a passagem do ônibus era um papel destacado de um bloco, que devia ser preenchido e cobrado pelo motorista; muitos destes blocos Ezequiel guarda até hoje com carinho. Também antigamente, o transporte coletivo era o meio de locomoção
de boa parte da população itapoaense, o que resultou em histórias curiosas e divertidas. “Meus passageiros utilizavam o ônibus para absolutamente tudo: desde transportar lenhas até 300 tainhas vivas, como aconteceu certa vez”, relembra. Em um tempo em que não havia redes sociais, o motorista de ônibus tinha outro papel importante: transmitir mensagens entre as pessoas. Depois que deixou o transporte coletivo de Itapoá, em 1990, seu Ezequiel passou a pilotar o ônibus que ia de Itapoá a Joinville. “As pessoas pediam para que eu intermediasse a comunicação com seus parentes e amigos. Alguns pediam para eu dar um recado ‘boca a boca’, outros escreviam um bilhete para eu entregar. E os assuntos eram de extrema importância, como um bebê que estava para nascer, por exemplo”, conta Ezequiel, que também comprava remédios em Joinville a pedido de itapoaenses. Além de desempenhar uma profissão admirável, o motorista conhecia seus passageiros pelo nome e era muito querido por eles. Em sua casa, mais precisa-
Dona Adelair, esposa de seu Valdir, depois de muitas vivências, hoje dedica-se à casa, à família e ao cultivo de sua horta.
mente em uma prateleira, Ezequiel exibe os “troféus” (como costuma dizer) ganhos ao longo de sua carreira: garrafas de vinhos, uísques e outros tantos mimos que ganhou de presente daqueles que embarcaram em um de seus ônibus. Orgulhoso, diz: “em meus quase 30 anos trabalhando no transporte coletivo como cobrador e motorista, foram raríssimos os dias tristes, pois a maioria deles vivi com prazer e alegria”. Vida pessoal Há 42 anos Ezequiel é casado com Adelair Maria da Silva. Com tantos anos de união, também colecionam histórias a dois. “Quando nos casamos, deixei Joinville para morar com ele, em Itapoá. No começo, sofri muito, pois o município ainda era precário. Vivemos durante anos sem rede elétrica, com os filhos pequenos e, por conta de sua profissão, Ezequiel passava muitas horas fora de casa. Felizmente, nos mantivemos por alguns anos com um comércio, sempre fortes e unidos”, comenta dona Adelair. Os filhos do casal são Sulmária Maria da Silva e Sidnei
Domingos da Silva. Como quase tudo na vida de seu Ezequiel, a história do nascimento dos dois também têm relação com o transporte coletivo. Ele conta: “tamanha era a importância do ônibus que, para sair de Itapoá e dar à luz aos nossos filhos, em Joinville, minha esposa utilizou o transporte que eu dirigia”. Por influência do pai, Sidnei, o filho mais novo do casal, também trabalhou como motorista de ônibus durante certo tempo. Hoje, aposentado, seu Ezequiel gosta de manter-se ocupado, pescando no rio e no mar, e roçando a grama da vizinhança. Ele ostenta sua coleção de tarrafas de pesca e edições da revista Giropop: todo mês, Sulmária leva um exemplar para o pai, que adora ler as histórias e curiosidades do município. Apaixonado por Itapoá, Ezequiel diz-se grato pela saúde que tem e pela história que fez. E nos revela o segredo: “acordar às 4h da manhã na Barra do Saí, tomar um copo d’água e ir até a praia, bem onde o rio desemboca no mar, para apreciar o nascer do sol é revigorante; é como se eu ganhasse uns quatro anos de vida a mais”.
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APAIXONADOS POR ANIMAIS
Pinschers – energia e felicidade em miniaturas
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Enérgicos, brincalhões e, apesar do tamanho, excelentes cães de guarda, os pinschers conquistam os corações de muitos apaixonados por animais. No município de Itapoá (SC), Leonete de Souza e sua filha Franciane da Silva Pereira estão inclusas neste grupo. Juntas, são donas de 10 cães da raça pinscher e afirmam: “há espaço e amor para todos eles”.
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esde criança, dona Leonete é apaixonada por cães, mais precisamente pinschers. Sua paixão foi transferida aos seus quatro filhos, que
Junto da filha Franciane, dona Leonete tem onze cachorros, mas um detalhe chama a atenção: dez dele são da raça pinscher.
também são apaixonados por cachorros. Mas é com a filha Franciane que Leonete divide 10 cães da raça pinscher em Itapoá. Mãe e filha são vizinhas e os cachorros compartilham o espaço das duas casas.
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Franciane conta como tudo começou: “Morávamos em Navegantes (SC) e tínhamos três cachorras, que foram dando cria. Somado a isso, compramos alguns cachorros, outros ganhamos de presente. Até
que hoje, em Itapoá, temos 10 pinschers ao todo”. Eles são os machos Bilú, Bob, Téo e Fred, e as fêmeas Lili, Ninha, Lila, Pitucha, Belinha e Meg. Mas, por que esta paixão por pinschers? Franciane expli-
Lila é a companheira fiel de Lucas, de seis anos.
Apesar de serem muitos, cada um dos pinschers tem sua peculiaridade e as donas reconhecem o latido de cada um.
ca: “são espertos, vivos, ágeis, dóceis e, embora sejam frágeis na aparência, nunca deixam de pular, saltar, tentar agradar seus donos e fazer companhia a eles”. O tamanho dos cãezinhos também agrada, pois podem se adaptar facilmente a
qualquer ambiente, como, por exemplo, um pequeno apartamento. A vivacidade e a personalidade marcante do pinscher são características desta raça valente e guardiã. Dona Leonete conta que já sofreu tentativa de roubo em sua casa, mas
que, graças aos cães, nada aconteceu. Além dos 10 pinschers, Leonete também tem uma cachorra chamada Sara, da raça Lulu da Pomerânia – presente que ganhou de um de seus filhos. “Foi minha primeira experiência enquanto dona de um cachorro que não fosse pinscher. É bastante engraçado, pois como ela convive com outros 10, aprendeu a latir com eles”, conta. Cuidar de 11 cachorros requer tempo, energia e, é claro, dinheiro. Por isso, mãe e filha costumam dar banho nos cachorros em casa e improvisar certas coisas. Em um espaço reservado só para os cães, cada um deles tem sua própria casinha, todas feitas com bacias e criadas por dona Leonete. Segundo Franciane, os pinschers são muito peraltas até os seis meses de vida, mas devido à sua inteligência, não demoram muito para obedecer ao dono. Temperamentais, cada um deles apresenta uma personalidade: Bilú é considerado o mais arisco, Téo é o mais velhinho (tem 20 anos) e já está debilitado, Lila é a companheira fiel de Lucas (filho de Franciane, de 6 anos de idade), e Fred é o mais brincalhão de todos. Em comum, os bichinhos
têm o ciúme das donas, disputando seu colo e carinho ao mesmo tempo, mas elas afirmam: “há espaço para todos eles em nosso coração”. O pinscher precisa de muitas atividades ao longo do dia, dentro ou fora de casa. Para acalmar os cães, Leonete e Franciane passeiam com eles pela quadra. Recentemente, um de seus cachorros foi atropelado e veio a falecer. “Foi muito triste, pois o motorista que o atropelou disse ‘não tem problema, você tem vários cachorros’. Mas cada um deles é único, especial e faz falta”, fala Franciane, que conhece o latido de cada um dos cachorros. Conviver com 10 cães da raça pinscher não é muito comum. Por isso, durante o verão, turistas param em frente à casa de dona Leonete para fotografar, pedir informações e matar curiosidades. Hoje, ela é conhecida na região próxima ao campo de futebol, em Itapema do Norte, como “a mulher dos cachorros”. Apesar da rotina cansativa, ela e a filha Franciane falam que não vivem sem os filhos de quatro patas: “eles fazem parte de nossas vidas, nossas histórias e são nossas fofuras em miniaturas, companheiros para todas as horas”.
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EMPREENDEDOR DO MÊS
De Paula Embalagens: Um negócio de sonhos, desafios e união em família Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
A história da De Paula Embalagens começou em Curitiba (PR), pelas mãos do falecido Altair de Paula Gemin. Hoje, sua esposa Cirene de Paula Ribas Gemin e seus filhos Luciana de Paula R. Gemin Schmidt e Natan de Paula Ribas Gemin dão continuidade ao sonho de empreender em família. Com 16 anos de atuação no município de Itapoá (SC), a De Paula Embalagens é referência no mercado de embalagens e alimentos em geral, e oferece excelência em preço e atendimento.
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m 1992, já aposentado, Altair desejou abrir uma loja com o objetivo de envolver os filhos no negócio. Após muitas ideias, sem qualquer experiência no
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ramo, a família optou por uma loja de embalagens. Já em 1996, foi inauguraram a primeira De Paula Embalagens, uma lojinha de 30m², em Curitiba. Luciana que, na época, fazia estágio em Cirene com o neto outra empresa, recorda: Guilherme “minha mãe ficava no (ao centro), período da manhã e meu ao lado irmão cuidava no período esquerdo da tarde, enquanto isso, a filha meu pai saía para panfleLuciana tar e fazer pequenas encom o tregas pela redondeza”. marido Dois anos depois, com Eduardo o aumento da clientela e a filha e da gama de produtos, Manoela, mudaram para uma loja ao lado direito o maior. filho Natan Já nos anos 2000, a e a esposa família De Paula concluiu Evelize a construção da casa e a filha própria em Itapoá, muMariana. nicípio litorâneo que os filhos frequentam desde que nasceram. Com o objetivo de ocupar o tempo livre, o casal Altair e Cirene decidiu abrir uma
filial no litoral. “Poucas pessoas acreditavam que poderia dar certo uma loja na realidade da Itapoá de 15 anos atrás. Mas nós sabíamos da carência de produtos, pois não havia nenhuma loja de embalagens no município”, comenta Luciana. A loja de Itapoá inaugurou em dezembro de 2001 e, inicialmente, a maior dificuldade era encontrar uma transportadora que realizasse entregas diretamente no estabelecimento. Dessa forma, Cirene e Altair utilizavam a loja de Curitiba para dar todo o suporte necessário e, semana após semana, desciam para o litoral com o carro cheio de mercadorias. Sempre com muito amor e união, a família foi acreditando e trabalhando para que o empreendimento fizesse parte da história de Itapoá. A filial do município, que começou apenas com um funcionário, com itens básicos de embalagem e abrindo de quarta-feira a sábado, hoje conta com seis funcionários, abrange os mais diversos tipos de segmentos e produtos, e funciona no horário comercial (durante a temporada, em um horário especial). Na De Paula Embalagens é possível encontrar produtos descartáveis, artigos de festa, toda a linha de
Os funcionários da De Paula Embalagens, Meri, André, Vanessa, Carlos, Regiane e Nelsi.
produtos naturais, produtos de papelaria, cestas de café da manhã, doces, produtos para sorveteria, confeitos em geral, entre outros. Além das melhores opões em embalagens e alimentos em geral, o sucesso do empreendimento também se deve à excelência em preço e bom atendimento. Atualmente, os sócios Cirene, Luciana e Natan residem na capital paranaense e conciliam seu tempo entre o grande movimento da loja em Curitiba e os afazeres diários da filial em Itapoá. Para eles, administrar um negócio à distância é um
desafio diário, porém prazeroso. “Isso não seria possível se não tivéssemos uma equipe tão competente, comprometida e que não faz parte somente da loja, mas também de nossa família, pois sempre buscamos um relacionamento de amizade e companheirismo com eles”, comentam. Por este motivo, a família De Paula agradece a todos que passaram por sua loja, deixaram sua contribuição e encararam este desafio com muito profissionalismo. Com uma trajetória de 16 anos no município litorâneo de Itapoá, a família é grata a tudo
que viveu e aprendeu: “Sempre acreditamos no município e principalmente nos munícipes, como, por exemplo, os pescadores que necessitavam de diversos produtos no decorrer do ano e não tinham onde encontra-los. E, hoje, colecionamos não somente clientes, mas também muitos amigos”. Para o futuro, Cirene e os filhos Luciana e Natan desejam continuar neste mesmo caminho, com clientes parceiros e amigos, e produtos a preços justos e de qualidade. Emocionada em relembrar a trajetória deste negócio de sucesso, Luciana conclui: “Meu pai, principal condutor desse barco, nos deixou um legado de humildade, paciência, honestidade e persistência. Com muito amor, pensou em cada detalhe, pintou e pregou muitas prateleiras para que chegássemos até aqui. Também, minha mãe merece toda admiração, pois aceitou este desafio e abraçou-o com muita garra, nos incentivando a trabalhar, crescer e nunca desistir dos nossos sonhos”. Seja entre eles, entre os funcionários, colaboradores, fornecedores ou clientes, Luciana, Cirene e Natan se dizem imensamente gratos a grande família De Paula que construíram.
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Roteiros
Morro Pelado: variedade de árvores, rios e animais
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
O formato peculiar do Morro Pelado instiga e atrai o observador a conhecê-lo e faz dessa montanha a mais misteriosa da região.
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e Joinville-SC, Luiz da Conceição é montanhista, escalador e sócio fundador da Associação Joinvilense de Montanhismo (AJM). O montanhista, que diz possuir uma relação de respeito e admiração por todos os ambientes de florestas e montanhas da região, fala sobre a relevância do Morro Pelado. “Ele (o Morro Pelado) faz parte de um grupo especial de montanhas que temos em nossa região e, por fazer parte das montanhas mais altas e mais distantes, seleciona bem os seus visitantes”, diz. Luiz conta que, no livro “Terra Oca”, o autor Reinold Berhnard conta uma lenda que acredita que a terra possui entradas para o seu centro, onde há outro mundo, diferente do mundo externo, e cita que uma das entradas para o centro da terra fica entre o Morro Pelado e o Castelo dos Bugres. Já o nome “Morro Pelado” provém de sua aparência que, por ser uma formação de conglomerado, tem algumas de suas faces descobertas, ou seja, desprovidas de vegetações. Segundo relatos de moradores locais, há muito tempo atrás, foram encontrados indí-
O formato peculiar do Morro Pelado instiga e atrai o observador a conhecê-lo (Foto: Discover Events).
Abrigo natural (mocó) do Pelado, que existe na base do monólito de conglomerado (Foto: Ramon Krüger).
cios de ocupações indígenas na localidade do Morro Pelado, como restos de cerâmicas, na gruta (mocó) existente no pé da montanha, fato que comprova que a mesma era frequentada antes dos colonizadores.
Escalada esportiva em rochas com alto grau de dificuldade, no Morro Pelado, uma demonstração pouco conhecida (Fotos: Luiz da Conceição e Alan Jacob da Rosa). 36 | Janeiro 2018 | Revista Giropop
Para o aventureiro que deseja ir ao Pelado, Luiz recomenda que vá acompanhado de uma pessoa que conheça as trilhas e tenha noções de caminhada em regiões de floresta, pois o local pode reservar algumas surpresas, como uma série de bifurcações que levam a lugares distintos. Esta é uma trilha longa, porém, não muito pesada, mas que requer um bom senso de orientação. A trilha percorre uma floresta com inúmeros exemplares de árvores e animais, atravessa diversos rios que formam a bacia hidrográfica do rio Piraí, há janelas (aberturas na floresta) que proporcionam vistas fantásticas do próprio Morro Pelado, do Castelo dos Bugres e Castelinho. No entorno do Pelado, existem poucos lugares para obter água, por isso, o visitante deve estar carregando água, além de outros mantimentos. O montanhista aconselha o visitante a dosar muito bem a quantidade de carga e possuir uma mochila adequada, com calçados
apropriados, equipamentos e repelente. “Lá tem muito carrapato e, em determinadas épocas do ano, chega a infestar, por isso, é bom ir preparado. O local também é frequentado por animais de várias espécies, servindo de reduto das serpentes que mais causam acidentes ofídicos na América do Sul, as jararacas. Portanto, olhar bem onde pisa também é uma boa dica”, recomenda Luiz. No cume, ele conta que o visual é muito bonito, “uma verdadeira ilha no imenso tapete verde”, destacando-se na paisagem os picos vizinhos Pico Jurapê, Castelo dos Bugres, Serra do Quriri, Joinville, Baía da Babitonga, entre outros. Uma vez que o lugar para acampar no cume é muito pequeno, os montanhistas recomendam ficar na gruta, na base da pedra. Para Luiz, o Morro Pelado é um grande e compensador desafio para seus conhecedores e para os montanhistas mais experientes. “Aos visitantes de primeira viagem, o Pelado oferece aventura e o contato com o novo. Já para aqueles que possuem outras vivências em meio à natureza, esse local impressiona pelo cheiro da mata, o abandono da rotina urbana e o barulho dos animais, como os bugios, possível de ouvir nos vales próximos ao morro. Estar no Morro Pelado e vivenciar sua riqueza de rios, árvores, animais e afins é uma sensação muito boa”, explica Luiz. Além dos equipamentos de segurança, ele alerta que a máquina fotográfica também é um item indispensável, pois, desses lugares, o melhor souvenir a ser levado são as fotografias. Mais informações sobre Morro Pelado Onde fica: Serra Dona Francisca, em Joinville – SC Primeira ascensão: Não há registro (provavelmente os índios) Altitude: 1044 m Desnível: 200 m Comprimento da trilha: 8 km Duração: De 2h a 4h30m Temporada ideal: O ano todo Como chegar: O início da caminhada se dá no km 36 da SC301, no mesmo ponto da trilha antiga do Castelo dos Bugres. Após o mirante, há uma placa sinalizando a primeira bifurcação: Castelo dos Bugres à direita e Morro Pelado à esquerda.
investimento
Itapoá Saneamento inaugura ETA e marca uma nova história no saneamento da cidade
Autoridades, diretores e colaboradores da Itapoá Saneamento presentes na inauguração da nova ETA. Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
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tapoá já pode comemorar mais uma conquista. Itapoá Saneamento inaugurou a ETA Maria Catarina, o que significa mais água de qualidade para a população. A nova Estação de Tratamento de Água (ETA) foi projetada para abastecer mais de cem mil pessoas. Até o momento, já foram investidos 28 milhões de reais. De acordo com diretor da Itapoá Saneamento, Luis Afonso Bazzo, o sis-
Uma nova captação foi construída as margens do Rio Saí Mirim.
Diretores da Paranaguá Saneamento participaram da inauguração, na foto com autoridades do município.
Nome da ETA homenageia pássaro símbolo da cidade de Itapoá
tema foi projetado para absorver o crescimento populacional e a alta demanda da temporada nos próximos 25 anos. “Itapoá pode se considerar uma cidade que não terá mais desabasteci-
mento de água nos períodos de maior movimento na temporada. Isso coloca a cidade numa posição em que pouquíssimos municípios do litoral catarinense estão”, conta.
A ETA Maria Catarina aumenta a capacidade de tratamento de água de 120 litros por segundo para até 350 litros por segunda. Uma obra desse porte oferece infraestrutura de qualidade no saneamento, leva saúde e dignidade para o moradores de Itapoá A obra foi inaugurada juntamente com a Prefeitura Municipal de Itapoá. O prefeito municipal, Marlon Roberto Neuber, destacou o comprometimento da empresa “A Itapoá Saneamento é uma empresa séria que presta serviço de qualidade, mas que também presta contas à sociedade participando de audiências públicas e trabalhando de forma transparente. Luis Afonso Bazzo, diretor da Itapoá Saneamento, destaca que na nova ETA ainda será construído um novo reservatório de água tratada, com capacidade para armazenar 2 milhões de litros. “Nossos investimentos não param.” Para esta temporada, a cidade ainda ganhou ações sustentáveis com a instalação de eco duchas em três pontos da praia de Itapoá e uma ação com cadeiras anfíbias, caiaque adaptado e outras ferramenta de inclusão para pessoas com limitações ou deficiências físicas.
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doação
Campanha Arte Solidária
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Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Revista Giropop, que sempre apoiou a arte e o artesanato local, lança, neste ano de 2018, a campanha “Arte Solidária”. A cada mês, os artistas e artesãos entrevistados doarão uma peça de sua autoria, que será entregue à Associação Mãos do Bem – grupo de pessoas que ajudam famílias carentes de Itapoá através de doações, orientações e carinho. O principal objetivo da ação é que uma peça criada pelas mãos do entrevistado possa transformar a vida de outras pessoas. Afinal, acreditamos em tudo aquilo que é feito com amor. Abrindo os caminhos da campanha “Arte Solidária”, neste mês, contamos a história do casal Mariana Biassio Rolim Vieira e Carlos Renato de Macedo Vieira, mais conhecido como Nato, de Itapoá (SC). Juntos, exploraram o universo da técnica japonesa “amigurumi” e, fazendo uso de fios de algodão, fios de malha, agulhas de crochê ou apenas dos dedos da mão, dão vida a belas esculturas de crochê.
Para indicar artistas e artesãos locais que queiram contribuir com a campanha, envie um e-mail para giropop@gmail.com com um breve resumo sobre o trabalho artístico, foto e telefone para contato.
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O casal Carlos Renato de Macedo Vieira ‘‘Nato’’ e Mariana Biassio Rolim Vieira com as primeiras peças doadas para campanha. Polvos de fio de malha e fio de algodão.
artesanato
Amigurumi: artesanato com personalidade e conceito
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e Curitiba (PR), Mariana e Nato sempre foram cativados por artesanato. Há cerca de 30 anos, antes mesmo de o macramê (uma forma de tecelagem manual) popularizar-se pelo sul do Brasil, Nato já confeccionava bijuterias com esta técnica. Também passou a criar peças de artesanato com búzios, conchas e durepox – sempre ensinando Mariana, sua esposa há 26 anos. “Criávamos algumas peças por hobby, mas depois que nos casamos, tivemos nossos dois filhos e passamos a exercer outras funções, deixamos o artesanato um pouco de lado”, recorda Mariana que, quando foi morar em Itapoá, há cerca de 20 anos, aprendeu a fazer crochê com agulha, no Clube de Mães da Barra do Saí, e ensinou ao marido. Por falta de tempo, o crochê aprendido por Mariana e Nato também foi deixado de lado, mas há cerca de cinco meses, quando ele sofreu um acidente
de moto e precisou ser afastado do trabalho por algum tempo, decidiu ocupar o tempo livre de uma forma diferente: Nato começou a criar cestas organi-
zadoras com fios de malha, utilizando somente os dedos da mão – técnica conhecida como maxi crochê. Aos poucos, ele e a amada descobriram o amigu-
rumi, que vêm do japonês amimono, que quer dizer crochê ou tricô, e nuigurumi, que significa brinquedo de pelúcia. Mariana explica: “também conhecidas
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como ‘esculturas de crochê’, as peças de amigurumi surgiram no Japão, e a técnica consiste em unir criatividade, fios e agulhas para formar bichos e personagens de crochê ou tricô”. Já familiarizados com a técnica, Mariana passou a criar peças pequenas com fios 100% algodão e agulhas, enquanto Nato decidiu inovar e criar peças grandes fazendo uso de fios de malha e dos dedos da mão. “Normalmente, o amigurumi é feito com fio de algodão, assim como a Mari faz, mas, na falta de material, eu improvisei cortando tiras de camiseta e enrolando-as. A experiência deu certo e, hoje, tra-
As peças de Mariana são criadas com agulhas e fios de algodão, enquanto Nato inova com fios de malha e os dedos da mão.
balho com fios de malha. É um pouco mais difícil, cansativo e complicado de fazer, especialmente porque os fios de malha
As inspirações vêm do mundo animal ou de personagens clássicos de desenhos animados, como Snoopy.
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são de tamanhos e espessuras diferentes, mas o resultado final vale a pena”, explica Nato. Além disso, o artesão complementa que a reciclagem de resíduos têxteis, além de resultar em um produto bonito, é benéfica para o meio ambiente. Com sucesso na repercussão das primeiras peças, criaram o “Ateliê Mari Nato”. Os amigurumis dos artesãos são constituídos de formas geométricas, geralmente com cabeça e tronco em forma de esfera e membros cilíndricos que, ao serem preenchidos com fibra siliconada, ganham o aspecto tridimensional característico do brinquedo. Para criar um amigurumi Mariana e Nato seguem receitas da internet, como uma receita de bolo. Eles contam que o formato 3D se dá com
aumentos e diminuições feitos na ordem certa seguindo o passo a passo da receita. “Porém, as receitas mais realistas e originais são de outros países e só estão disponíveis na internet para compra. Nós já compramos receitas dos Estados Unidos da América, da Alemanha e Rússia. Elas vêm por e-mail e traduzimos pouco a pouco para entender o processo de criação”, conta o casal, que utiliza a mesma receita para recriar a peça em tamanho pequeno ou grande. Polvos de crochê para prematuros Sendo uma técnica que permite infinitas possibilidades, pelas mãos de Mariana e Nato já foram criados animais e personagens clássicos de
bados, no Salum Speto Bar). Elas podem levar de 3 a 15 dias para serem confeccionadas, dependendo da complexidade e tamanho do modelo. Os planos futuros do casal, que têm o artesanato como fonte de renda extra, incluem montar um ateliê em sua casa, onde possam expor e vender suas peças, além de ministrar oficinas de amigurumi em Itapoá. Transformando resíduo têxtil em arte, os artesãos Mariana e Nato sentem prazer em ‘dar vida’ às esculturas de crochê e concluem que este processo, além de poder beneficiar o meio ambiente ou até mesmo a saúde de bebês, também é muito benéfiOs amigurumis têm estilo, personalidade, conceito e ainda podem ajudar bebês prematuros a crescer com co para a mente dos criatranquilidade e saúde (Fato comprovado cientificamente) como fazem os pequenos polvos de crochê. dores, que o fazem por amor. desenhos animados, como a na Dinamarca, com base em de crochê tiveram melhora no Para saber mais sobre o Pantera Cor de Rosa, Snoopy uma pesquisa que constatou sistema cardíaco e respiratório, e Pica-Pau. No entanto, a cria- que bebês prematuros, ao se além de aumentar o nível de trabalho de Mariana e Nato, acesse a página “Ateliê Mari ção de maior sucesso foram abraçarem nos polvos feitos oxigênio. Nato” (www.facebook.com/ os polvos pequenos de crochê. de crochê, remetem ao cordão Planos futuros ateliemarinato), no Facebook. Simples, eficientes, com medi- umbilical através dos macios As peças com muita criativi- Já para conhecer melhor o trada padrão e muito fofos, eles tentáculos dos polvos, e com ajudam bebês prematuros a isso retomam a segurança do dade, estilo e personalidade de balho da Associação Mãos do crescer com tranquilidade e útero materno”. Ainda segun- Mariana e Nato estão à venda bem, pesquise por “Mãos do saúde. O casal de artesãos con- do a pesquisa, os bebês que no Mercado Livre ou na Feira Bem Itapoá”, também no Fata melhor: “este projeto surgiu fizeram amizade com os polvos da Lua (que acontece aos sá- cebook.
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fisiopilates
Itapoá sedia 1º Festival de Natação Infantil
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Na Fisio Pilates – Escola de Natação Infantil e Hidroginástica, as novidades não param: a unidade aquática promoveu, no dia 25 de novembro de 2017, o primeiro Festival de Natação Infantil de Itapoá.
O
evento contou com a presença dos alunos e suas respectivas famílias, e do Corpo de Bombeiros Militar de Itapoá, representado pelo soldado João Paulo Abrantes, que ministrou uma palestra com o tema “Salvamento Aquático e Primeiros Socorros”. Além de disseminar noções sobre salvamento, o festival teve por objetivo incentivar o esporte e as demais práticas saudáveis. Com cinco ou seis meses de vida, assim que conseguem movimentar bem os braços e as pernas, as crianças já podem começar o seu envolvimento com o universo esportivo.
É bom lembrar que existem poucos esportes tão completos e ao alcance de tanta gente como a natação. Os profissionais da Fisio Pilates ressaltam que, qualquer pessoa, independentemente de idade, sexo ou profissão, pode nadar, uma vez que a água é um meio muito benéfico para o corpo, relaxa, não possui efeitos agressivos e favorece as funções orgânicas. Os diretores da Fisio Pilates Custódio Soares e Thayna Martins, Mery Assumpção (que também contribuiu com a organização do evento), a fisioterapeuta Jéssica Speck e os professores de natação Isabelle Virmond, Manuela Peres e Israel Montesuma garantem: “este, com certeza, foi o primeiro eventos de muitos que estão por vir, pois Itapoá merece iniciativas como essa, voltadas ao esporte e práticas saudáveis”. Ademais, a equipe parabeniza todos os seus alunos e familiares pelo empenho, dedicação e incentivo. E deseja que, cada vez mais, vidas de crianças sejam impactadas pelo esporte. A unidade aquática da Fisio Pilates fica na Rua Lindóia, próxima à agência dos Correios, em Itapema do Norte. Para maiores informações: (47) 3443-6797 ou (47) 99940-0614 (falar com Thayna).
Da esquerda para a direita, Joni, Elaine, Julio, Anadir, Marcelo, Naila, Nicollas, Neuri, Nira e Osnir. A Nira e o Osnir veem para o camping de Itapoá há 37 anos. Aos poucos foram trazendo amigos e familiares.
Exposição “Diferença”, num mundo onde o modelo padrão é mais valorizado, Diferente é “SER” humano por completo. Zilá, mãe do jovem Leonardo Freitas, Mahara, psicopedagoga que atende o jovem Leonardo, Ademar, Iwerson, Milena, Cris e a pequena Giovana, prima do Leonardo
O Osnir e o Nicollas. O mais antigo cliente do Camping de Itapoá ( 37 anos vindo para cá ). O Nicollas é o mais novo cliente do mesmo camping. Nicollas é o neto do Osnir e tem apenas 50 dias
Gustavo Rieke, com o seu sócio Romeu, sua esposa Heloiza, seu enteado Caio Augusto e a equipe de trabalho das duas farmácias. A Lanave promoveu a Aula Show com o Alexandre, (direita) chef de cozinha e professor da Univille, que esteve presente na loja para fazer doces com chocolate Selecta! Na foto o casal Herio e Mara com o filho Giovani Lanave.
O Gustavo Rieke inaugurando a segunda farmácia São Paulo, esta na Av. Celso Ramos, aqui ao lado da sua mâe, dona Ilma. 44 | Janeiro 2018 | Revista Giropop
O Chef Saulo Sfeir nos deliciando com os seus pratos. Recomendamos.
De todas as apresentações que foram feitas no palco em frente à prefeitura, a que mais me emocionou foi a atuação da Fanfarra sob o comando do Mestre Piasetta
Mariana, bióloga da Secretaria de Meio Ambiente, Mariana da Marimar Ambient Consulting; Ricardo, Secretário de Meio Ambiente; Carlos Henrique, vice-prefeito, Lívia, Engenheiro Florestal e Rodrigo, biólogo e diretor do departamento, na apresentação do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Itapoá. Itapoá presente na 93º edição da Corrida Internacional de São Silvestre, realizada anualmente na cidade de São Paulo, Renan e Geize, participaram pela primeira vez, enquanto Alencar já está na sua quinta edição e Ketlin e Marcelo, na segunda. Parabéns aos corredores!
O casal Andressa e Helio Oribi com os filhos Johnny, Johnnatan e Jehnnifer se despedindo de 2017 e do Brasil, em breve todos estarão embarcando para o Japão. Fica aqui, a saudade e os votos de felicidades de seus familiares e amigos nessa nova etapa que se inicia.
“Espetáculo - Esmeraldas & Clássicos da Literatura” Sua montagem como abertura trechos de renomados balés de repertório como Alice no País das Maravilhas, Cinderela, Lago dos Cisnes e dando ênfase em ‘’Esmeraldas’’ inspirado no ballet de repertório Esmeralda. As coreografias da Gala Cia Jasson Kerkhoven (Espetáculo) destacam o talento de cada um dos bailarinos, levando ao público o resultado do trabalho diário realizado pela instituição, contendo uma diversidade de estilos de dança como ballet clássico, contemporâneo, históricas, a caráter que proporcionam ao público diferentes tipos de emoções em uma mistura de ritmos contagiantes.
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Itapoá e sua história (parte XVI)
História não é o que passou, mas o que ficou do que passou.
A
almejada estrada Pioneira, serpenteando morros para evitar ao máximo os baixios que exigiam demorados serviços de estiva e com seu leito em base primária, foi inaugurada sob forte entusiasmo no ano de 1958, tornando-se um bálsamo para os até então isolados moradores e também para os futuros empreendedores. Em 2011 já com 53 anos recebe algumas retificações como suavização de várias curvas porém sem perder sua sinuosidade - cerca de 78 ao longo de trecho - eliminação dos pontos de alagamento, asfaltamento, registro junto ao Deinfra como SC 416 e por equívoco histórico e desagrado dos pioneiros que a margem rasgaram, denonimam-na oficialmente com o nome de um governador cuja maior contribuição foi indefirir o plebiscito de criação do município de Itapoá em 1987 obrigando a realização de um segundo referendum em 1988 que foi chancelado positivamente pelo novo ocupante do cargo, o governador Cacildo Maldaner, às 17:45 do dia 27 de abril de 1989.
Serve o Porto
Essa decantada e desbravadora estrada na qual atualmente rodam as cargas destinadas ao Porto e que deu vida a Itapoá despertando as potencialidades de Garuva, resultou da firme determinação dos integrantes da Sociedade Imobiliária, Agrícola e Pastoril Ltda - SIAP, liderados pelo seu indômito diretor Dórico Paese que não hesitou em capitanea-la até a sua conclusão e posteriores ações demandadas. A corroborar o desassombro dos desbravadores reproduzimos a seguir o texto do documento denominado ‘‘pública forma’’, formalizado no Tabelião Gilberto Alves de Carvalho na Comarca de São Francisco do Sul em 17 de março de 1969. ‘‘Estado de Santa Catarina - Prefeitura Municipal de São Francisco do Sul - Declaração: Alfred Darcy Addison, prefeito
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municipal de São Francisco do Sul, estado de Santa Catarina, em razão de seu cargo, etc, declara para os fins de direito, que a Sociedade Imobiliária, Agrícola e Pastorial Ltda - SIAP - vem realizando, há dois anos consecutivos, no Distrito do Saí, neste município, um trabalho constante, valioso e patriótico, com a finalidade de levar a cerca de 300 (trezentas) famílias, com mais de 400 crianças em idade escolar, progresso e conforto, garantindo-lhes meios de comunicação com centros mais adiantados, mediante desbravamento e abertura de estradas na referida região. A atividade da “SIAP”, pois antes os meios de comunicação eram nulos - existiam simples caminhos quase intransitáveis a precários na extensão, veio possibilitar o aproveitamento da população agrícola, que pode ser transportada para os centros consumidores, como Joinville, Curitiba, etc. Proprietária de grande extensão de terreno a SIAP iniciou e continua seu trabalho desbravador em uma luta insana comparável as aventuras dos bandeirantes de então. Os frutos dessa atividade aí estão a atestar as benéficas vantagens advindas; estradas ligando os lugares Assembléia, Barrancos, Sol Nascente, Bom Futuro, Braço do Norte, Saí, etc., cerca de 74 (setenta e quatro) quilômetros de extensão de rodovias, nas quais foram construídas 48 (quarenta e oito) boeiros de manilha e 10 (dez) pontes com vão de 6 (seis) metros. Hoje graças a esses trabalhos, pode-se percorrer de automóvel essas paragens. Para levar avante esse trabalho, a SIAP empregou vultuosas importâncias, ultrapassando a casa dos trinta milhões de cruzeiros, sem contar com qualquer auxílio dos poderes públicos. Levando-se em conta o magnífico trabalho desenvolvido pela SIAP no Distrito do Saí, desbravando terras então virgens, ramificando estradas, enfim, o progresso naquela região e possibilitando aos seus moradores, então esquecidos, maior conforto e recursos, afirma a ser a Sociedade
Imobiliária, Agrícola e Pastoril Ltda, digna do amparo e credora do auxílio dos poderes públicos, para que possa continuar, ampliando as benéficas atividades desenvolvidas em prol do progresso, bem estar e levantamento do nível de vida dos moradores do interior do referido distrito do Saí. Prefeitura Municipal de São Francisco do Sul, em 17 de março de 1959. (Assinado) Alfred Darcy Addison.
Opinião
Como pudemos constatar, no texto da pública-forma, Itapoá só aconteceu porque uma pessoa, Dórico Paese, acreditou e conseguiu transmitir ao grupo que o acompanhava a viabilidade do seu pensar. Tanto acreditava que em 1966 ao ser empossado prefeito de Garuva, conforme áudio da época preservado, vaticinou que dentro de 30 anos Garuva - Itapoá fazia parte de sua área territorial - teria um porto de abrangência internacional. A diferença do tempo entre o que previu e o início das obras do porto foi de apenas cinco anos. Vale então parafrasear como alerta e estímulo as gerações, atual e futura, José Américo de Almeida: ‘‘Ver bem não é ver tudo, é ver o que os outros não veem”. Portando, vamos dar razão a nossa capacidade criativa, voltando-nos para o passado, inspirando-nos na força realizadora dos bandeirantinos que nos antecederam e com parcos recursos aplainaram o terreno da magnífica Itapoá para que dela desfrutássemos e em resposta pensemos a Itapoá de 2040 ou 2050, através da exploração do enorme potencial turístico-portuário revertido em benefício de seus habitantes. O desafio é plenamente factível, pois basta, abrir a janela e observar a vizinha Jaraguá do Sul onde, segundo Gilmar Moretti, realizaram no passado projeções futuras que a colocaram entre os quatro maiores PIB de Santa Catarina com um índice de desenvolvimento humano e invejável.