Editorial A regra é simples, já conhecida, mas adaptada por nós, da Revista Giropop: “é doando que se recebe”. Porque a palavra de ordem para a edição de julho é “doação”. Um grupo de amigos que se uniu para doar sangue e salvar vidas; uma escola que se doa para ensinar de forma lúdica; um grupo de voluntários pelo mundo todo que se doa para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas; mãe e filho que se doam ao explorar uma cultura totalmente desconhecida; uma atleta que se doa incansavelmente pelo esporte; uma artesã que se doa pelo seu trabalho e uma professora que se doa por um projeto social. Já parou para pensar que, ao final das contas, todos somos doadores? Todos nós, direta ou indiretamente, nos doamos por alguém, por uma ação, uma experiência, um projeto, um sentimento, um trabalho ou um sonho. Mas outra regra também é simples: não podemos nos doar esperando recompensas, pois os recompensados somos nós. Em outras palavras, se você doa, é você que deve agradecer, pois teve para doar.
ÍNDICE Projeto social promove conhecimento e cultura através da leitura Mãos sem Fronteiras: amor através da Meditação e da Estimulação Neural Anahi Riego, atleta de fisiculturismo, irá representar Itapoá em Campeonato Mãe e filho embarcam em uma aventura pela Tailândia, Singapura e Bali, na Indonésia O ensino superior no Brasil diante do crescimento dos cursos de graduação Grupo de amigos promove carona solidária e incentiva a doação de sangue Campanha alerta munícipes sobre o descarte adequado de pilhas e baterias Concurso Gastronômico já é tradição na Escola Euclides Emídio da Silva Social - 4º Rodeio Crioulo Nacional Agita Itapoá Social - Toca do Siri realiza 3ª Feijoada com Pagode Social - Beto Vieira - III Arraiá da Apae
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PROJETOS
Projeto social promove conhecimento e cultura através da leitura convidativos para despertar o interesse de crianças e, ainda, realizar contação de histórias. “Buscamos envolver cada vez mais leitores no universo prazeroso e lúdico da leitura e, assim, construir uma sociedade mais justa e humana, além de contribuir na formação de valores e cidadania”, acrescenta a idealizadora do projeto “Ler é Viajar Sem Sair do Lugar”.
Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Em um momento de dor e angústia, a professora Mariza Aparecida de Souza Schiochet, de Joinville (SC), buscou forças para levar esperança onde não há. Assim, nasceu o projeto social “Ler é Viajar Sem Sair do Lugar”, que espalha caixas de leitura em instituições sociais, comunidades carentes e hospitais de Joinville e região.
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ariza conta que seus pais sempre foram envolvidos com atividades religiosas e, também, que os livros sempre fizeram parte de sua vida. Foi, inclusive, o amor aos livros e às crianças que levou Mariza a formar-se em Letras e fazer pós-graduação em “Gestão Escolar” e “Inclusão e Teoria em Libras”. “Sempre acreditei que as crianças são bons motivos para exercitarmos o convívio humano, uma vez que elas não têm preconceito. E, caso tenham, temos o dever de direcioná-las ao caminho para o bom convívio em sociedade”, comenta a professora. Certas vez, enquanto Mariza levava sua mãe, diagnosticada com câncer, para o tratamento de quimioterapia, no Hospital Municipal São José, observou a ociosidade de pacientes e acompanhantes nos
Mariza no HEMOSC – Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina, também acredita que a leitura pode salvar vidas.
momentos de espera das consultas. Ela, então, encontrou a solução ideal em uma de suas paixões: os livros. No setor de Oncologia do hospital, disponibizou algumas obras literárias, a fim de entreter e enriquecer os pacientes e acompanhantes. Também, seus alunos levaram muita esperança e carinho aos pacientes do hospital escrevendo a eles cartinhas amorosas. A iniciativa deu tão certo que a apaixonada por leitura resolveu espalhar mais caixas em outros lugares. E foi assim que, há aproximadamente sete anos, nasceu o projeto “Ler é Viajar Sem Sair do Lugar”, da professora Mariza. Ler é Viajar Sem Sair do Lugar Com o objetivo de promover conhecimento e cultura através da leitura, o projeto (sem fins lucrativos) recebe as chamadas “Caixas de Leitura” do Movimento de Pessoas Me-
lhores (www.pessoasmelhores. com) e tem apoio do Tio Cid, pub de um ex-aluno de Mariza, que sempre que possível realiza a compra do material solicitado. “Tenho muitos anjos que, direta ou indiretamente, contribuem com o projeto. Sou muito grata a eles”, diz a professora. As Caixas de Leitura são especialmente decoradas por Mariza, com a ajuda de alunos e de seu marido. Então, as mesmas são abastecidas com livros doados por amigos, escritores, livrarias e simpatizantes do projeto. Entre os exemplares, estão romances, contos, gibis e histórias prazerosas que possam ser lidas em curto tempo. Em seguida, as caixas são espalhadas em instituições sociais, comunidades carentes e hospitais de Joinville e região. De acordo com Mariza, a ideia é distribuir livros onde não há, especialmente nos bairros mais carentes, criar ambientes
Depoimentos Conforme Giane Costa, recepcionista do CENEF – Centro de Estudos e Orientação da Família, o projeto permite que aqueles que estão na sala de espera desfrutem de uma boa leitura. Ela ainda conta que aqueles mais absortos na leitura levam o exemplar para casa, a fim de ‘devorar’ o livro. Para Maria Eduarda, recepcionista do LABCenter – Laboratório de Análises Clínicas, o projeto é um bom incentivo para que as pessoas substituam os celulares por livros. “Muitos de nossos pacientes, que ficam em curva de lactose por duas horas a fio, aproveitam este tempo para ler”, fala Maria Eduarda. Já no IGP (Instituto Geral de Perícia), uma pessoa pôde conhecer o projeto enquanto seu filho brincava no cantinho organizado com brinquedos e livros: “Atitudes como essa nos dão esperança de que o mundo pode ser melhor. Em uma Era Digital, onde muitos princípios estão se perdendo, é através do nosso exemplo que podemos ensinar nossas crianças que a leitura é, sim, muito importante”.
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Poder transformador O projeto, que nasceu da vontade de compartilhar com outras pessoas o poder transformador da leitura, acabou transformando a vida da própria idealizadora. Dentre tantas pessoas e histórias que lhe marcaram, Mariza fala sobre o “Espaço da Leitura”: “Certo dia, a convite de uma amiga, fui fazer uma contação de histórias em uma comunidade carente. Após a contação, veio o convite de colocar uma Caixa de Leitura ali. Relutei, pois o local era muito distante, não tínhamos apoio e gastaríamos com gasolina. Mas o apelo das crianças falou mais alto. A proprietária da casa, Miriam Padilha, conhece a realidade de cada uma daquelas crianças, que começaram a ler, emprestar e interessar-se por livros. Então, em sua garagem, iniciaram-se encontros semanais, com atividades lúdicas e de leitura. Sempre entusiasmada, Miriam foi recebendo cada vez mais crianças. Contudo, no inverno, o frio e a chuva atrapalhavam esses encontros. Portanto, eu e meu marido resolvemos unir nossas finanças para fechar uma parte da garagem. E o resultado foi uma alegria! O Espaço ficou muito aconchegante
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O IGP – Instituto Geral de Perícia também ganhou cantinho especial dedicado à leitura.
No Mercado Municipal de Joinville, a pintura da parede foi realizada pela artista plástica Viviane Krause, Matheus Schiochet (filho de Mariza), e Dieter (filho da artista Viviane).
Registro do Espaço Criativo e Literário Júlio Emílio Braz.
e uma vez ao mês levamos um escritor, um artista ou quem quer que possa contribuir com uma palavra de esperança, amor e cultura para as crianças da comunidade”. Além das páginas e da sala de aula, Mariza adora caminhar e pedalar na boa companhia de seu marido, seus filhos e de Debby, sua cachorrinha – daí a logomarca do projeto, criada pelo artista plástico Humberto Soares. O projeto “Ler é Viajar Sem Sair do Lugar” nasceu de um momento de sofrimento, mas a mãe de Mariza, felizmente, foi curada e, hoje, aos 90 anos de idade, ajuda a filha a carimbar os livros que serão dispostos nas Caixas de Leitura. Por sua vez, professora Mariza, transformadora e transformada, conclui: “Costumo falar que passei do cálvario até a ressureição, pois aprendi a colocar-me na dor do outro. Cada dia naquele setor de Oncologia com minha mãe foi sinônimo de aprendizagem e enriquecimento. Ali, aprendi a aceitar, conviver e buscar sempre motivos para levar um pouco de esperança ao próximo, seja através de uma cartinha (que seus alunos escrevem até hoje para os pacientes diagnosticados com câncer), uma leitura ou um sorriso”.
Na Delegada Regional, Tania Harada foi com sua equipe visitar as crianças do Espaço de Leitura. O momento mais empolgante foi poder conhecer o cão-farejador.
Pintura do artista plástico Luiz Arão, livros e uma brinquedoteca na delegacia que pode, também, ser um espaço cultural àqueles que estão na sala de espera.
Além da leitura, Mariza, a idealizadora do projeto, adora caminhar e pedalar na boa companhia de seu marido, seus filhos e de Debby, sua cachorrinha.
Fique atento aos pontos de distribuição de livros do projeto “Ler é Viajar Sem Sair do Lugar”: • Joinville (SC): Setor de Oncologia do Hospital Municipal São José; HEMOSC – Hemocentro de Santa Catarina; Casa Padre Pio; Hospital Regional Hans Dieter Schmidt; CENEF – Centro de Estudos e Orientação da Família; Mercado Municipal – voluntária Stella Maris de Carvalho; Maternidade Darcy Vargas; LABCenter – Laboratório de Análises Clínicas; Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso; IGP – Instituto Geral de Perícia; Casa de Acolhimento São Lázaro; Igreja Católica, no bairro Itinga – voluntária Cláudia Cidral; CIRETRAN Joinville; Espaço Criativo e Literário Júlio Emílio Braz. • São Francisco do Sul (SC): Posto de Saúde, na Praia da Enseada – voluntária Cláudia Cidral. • Piçarras (SC): RECREA – Atividades de Lazer e Esportivas.
As crianças do Espaço Criativo e Literário Júlio Emílio Braz vestiram a camisa (literalmente).
A Maternidade Darcy Vargas é mais um dos pontos de distribuição de livros do projeto.
Amigos, parceiros e amantes da leitura, entrem em contato com Mariza através do e-mail izaschiochet@gmail.com ou telefone (47) 99651-7701. Com a compra de uma camiseta do projeto “Ler é Viajar Sem Sair do Lugar”, no valor de R$ 30,00, você apoia essa iniciativa. Saiba mais em facebook.com/livroparatodos
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SOLIDARIEDADE
Mãos sem Fronteiras: amor através da Meditação e da Estimulação Neural Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
No dia 19 de julho é comemorado o Dia da Caridade. Pensando nisso, lembramos um movimento onde pessoas de diferentes nacionalidades, crenças e origens, se juntaram no esforço para compartilhar a técnica da Estimulação Neural, conscientes de que o futuro da nossa sociedade Entrevistamos Romeu Huczok, presidente do depende de cada um e nós. Mãos sem Fronteiras no Brasil. Na imagem, Romeu fazendo tratamento em um asilo. Estamos falando do Movimento Mãos sem Fronteiras (MSF) ou Manos sin Fronteras, uma ONG sem fins lucrativos e sem vínculos religiosos, ideológicos ou políticos. Para conhecer o movimento que nasceu na Espanha, no ano de 1985 e, hoje, atua em diversos países dos cinco continentes, entrevistamos Romeu Huczok, presidente do Os cursos do MSF acontecem no mundo todo. Nas imagens, um curso na Paróquia Santa Quitéria, em Curitiba MSF no Brasil.
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Revista Giropop: Qual o ideal do Movimento Mãos sem Fronteiras? Romeu Huczok: Nosso ideal é melhorar o bem-estar físico e emocional das pessoas, utilizando as técnicas de Meditação e Estimulação Neural. Revista Giropop: Por quais lugares do mundo o MSF está organizado? Romeu Huczok: Estamos presentes em diferentes países dos cinco continentes. Nossa sede física internacional está na França. Estamos em vários países da Europa, sendo o país mais atuante nesse continente a Itália; em quase todos os países da América Latina, sendo o que tem maior número de participantes o Brasil. Já realizamos cursos, nos Estados Unidos, bem como na Austrália. Temos interesse em estar presente em todos os países. Revista Giropop: Você mencionou anteriormente a Meditação. Esta é uma prática bem conhecida, baseada em respirações e disciplina mental, certo? Romeu Huczok: Sim, a Meditação é um exercício simples ao alcance de todos, que traz inúme-
Registros do curso em Itapoá, em fevereiro de 2018. ros benefícios cientificamente comprovados, como melhor concentração para as tarefas diárias, diminuição do estresse causado por pressões diárias, aumento da criatividade, melhoria da qualidade do sono, entre outros. Contudo, embora a Meditação seja conhecida, o que muitos não sabem é que é extremamente fácil incluí-la na rotina, em apenas 5 minutos você pode experimentar o bem-estar fornecido por essa disciplina. Inclusive, temos um aplicativo de celular em vários idiomas chamado 5 minutos eu medito, onde pode-se aprender facilmente a meditar. Revista Giropop: E a Estimulação Neural, do que se trata? Romeu Huczok: É uma técnica integrativa complementar
à medicina tradicional, que estimula a energia vital do organismo através do uso consciente das mãos em pontos específicos do corpo. É uma técnica rápida, natural, simples, eficaz e universalmente aplicável. Atua sobre os três pilares fundamentais do corpo (sistema imunológico, nervoso e sanguíneo), utilizando a energia bioelectromagnética do corpo. Dessa forma, a técnica acelera a atividade dos neurônios e regenera as células, promovendo um equilíbrio duradouro na saúde física, mental e emocional. Revista Giropop: E como isto é conseguido? Romeu Huczok: Isto é conseguido através da meditação e do uso consciente das mãos em pontos específicos do cor-
O MSF tem um aplicativo de celular em vários idiomas chamado 5 minutos eu medito, onde pode-se aprender facilmente a meditar. po. Uma vez que a técnica é aprendida, as pessoas podem se tratar e/ou tratar outras pessoas. Revista Giropop: Poderia nos falar mais sobre o uso consciente das mãos para benefício da saúde? Romeu Huczok: As mãos são a nossa única ferramenta, é nela que encontramos maior concentração de terminações nervosas. Os dedos, ao entrarem em contato com os centros vitais, originam uma reação bioeletromagnética no sistema nervoso e da ramificação dos nervos, conseguimos benefícios para todos os órgãos e sistemas do corpo humano, podendo tratar desde uma simples dor de cabeça à depressão e doenças graves, como câncer.
Revista Giropop: O conhecimento dessas práticas se dá através de cursos, certo? Quais são eles e como funcionam? Romeu Huczok: Sim. Os cursos principais da técnica que chamamos de Estimulação Neural são desenvolvidos em três níveis: I, II e III. No I, em cerca de 1h30m, ensinamos Meditação, o posicionamento dos centros vitais de energia em nosso corpo (chacras), o Sistema que cada um rege no corpo humano, a postura corporal, como se coloca as mãos, consciência e intenção, e a questão da respiração; esta etapa serve para aprender o autotratamento. No nível II, num tempo de 2 horas, aprende-se a fazer tratamento em outras pessoas, plantas e animais, incorpora-
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-se o tratamento de doenças mentais e a falta de memória. Aprende-se a tratar a grande maioria das enfermidades, em até 20 pessoas por dia. Já no nível III, que dura aproximadamente 4 horas, aprende-se a tratar as chamadas doenças graves, como câncer, AIDS, depressão profunda, dependências químicas, depuração de sangue e equilíbrio do sistema nervoso. Aprende-se também a tratar um grupo todo, até 200 pessoas, ao mesmo tempo. Revista Giropop: Quando concluído o curso, há limite de pessoas a serem tratadas? Romeu Huczok: Concluído o curso, após o nível III, não há limite de pessoas a serem tratadas. Os tratamentos normais são de 5 minutos por dia. Revista Giropop: Para os que querem continuar, há algum outro curso? Romeu Huczok: Há um curso em que se aprende tratamento à distância (sem usar as mãos), que chamamos Chacra 6. Tendo este curso você pode tratar pessoas em qualquer lugar do mundo e ajudar a natureza. Temos, também, os chamados cursos especiais, já realizados em locais como Machu Picchu, no Peru, Chichén Itzá, no México, Nepal, Grécia,
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Meditação com a Jardineira, em Curitiba. Marrocos e Granada. Levamos, todos os anos, um grupo à Terra Santa e temos feito o Caminho de Santiago de Compostela. Este ano, em outubro, vamos pela segunda vez a Bali, na Indonésia. Revista Giropop: O Movimento Mãos Sem Fronteira cobra pelos cursos e pelos tratamentos aplicados? Romeu Huczok: Cobramos pelos cursos, que são nossa fonte de recursos para mantermos a estrutura funcionando, como materiais, viagens, trazer mestres de outros países, etc. Todos os membros são voluntários, que estão integrados em inúmeras atividades: convidar pessoas, fazer inscrições para
cursos, organizar cadastros, dar palestras, cursos, atividades em hospitais, escolas, universidades, empresas. Temos um grupo de professores que se dedicam a capacitar outros professores a ensinar meditação para as crianças, com resultados bastante expressivos. E, por princípio filosófico, não se pode cobrar os tratamentos. Revista Giropop: Vi que vocês são muito atuantes em ações solidárias, como catástrofes e desastres ambientais. Como trabalham a técnica nestes casos? Romeu Huczok: Os membros do MSF ajudaram nos terremotos na Itália, recentemente na erupção de vulcões
na América Latina, e também quando do caso do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS). Temos atuado nas enchentes, por exemplo, capacitando membros da Polícia Militar de SC e fazendo tratamentos em corrente para as famílias abrigadas. Neste caso, com a técnica, uma pessoa pode, exemplificando, tratar um grande grupo em 5 minutos o sentimento emocional da perda, o estímulo a recomeçar, a parte digestiva das crianças, que muitas vezes têm diarreias proveniente da água. Afinal, pode-se tratar praticamente qualquer problema de saúde. Ainda, capacitamos pessoas a darem cursos para continuar. Revista Giropop: Como as pessoas podem participar do Mãos sem Fronteiras? Romeu Huczok: Inicialmente, fazendo os 3 níveis do curso para aprenderem a técnica. Depois, podem se integrar a trabalhos existentes, atuando como multiplicadores, trazendo mais pessoas, ajudando nos cursos e até mesmo aprendendo a dar o curso. Podem, ainda, abrir novas frentes de voluntariado onde queiram, sempre com nossa orientação: hospitais, escolas, empresas, asilos, creches, clubes de serviço como Rotary, etc.
Revista Giropop: E quais são os próximos eventos programados pelo Mãos sem Fronteiras, no Brasil e exterior? Romeu Huczok: Teremos nos dias 13 de julho os níveis I e II e dia 14 de julho o nível III, em Curitiba. É uma oportunidade de fazer o curso completo num fim de semana. No dia 27 de julho teremos uma Meditação Especial com La Jardinera, a fundadora do Mãos sem Fronteiras. Dias 28 e 29 de julho teremos o que chamamos de Curso Superior, que trata de explicar como funcionam os tratamentos, a energia, o campo magnético, de onde viemos, para onde vamos. E no exterior, de 19 a 26 de agosto teremos em nossa sede internacional, no sul da França, que é um hotel e restaurante que chamamos de Casa Templária, o Curso sobre Celtas e Druidas. De 23 a 30/09 também na França teremos o Curso sobre Cátaros e Templários. Essa região no sul da França é a chamada Região Cátara. Os cátaros eram desapegados de coisas materiais, se dedicavam a ajudar as pessoas, promoviam curas, conheciam muito de plantas. E de 17 a 24 de outubro teremos nosso Congresso em Bali, na Indonésia. Revista Giropop: Enquanto
Mãos sem Fronteiras em Itapoá
Projeto “Meditando na Escola” - Universidade Federal do Paraná e Mãos sem Fronteiras. presidente do MSF, qual você acredita ser o potencial desse trabalho? Romeu Huczok: Temos um programa de meditação pela paz, os minutos meditados utilizando o aplicativo de celular 5 minutos eu medito em vários idiomas são acumulados num site chamado eumedito.org. Temos, neste momento, mais de 11 milhões de minutos meditados acumulados. Os tratamentos com a técnica chamada Estimulação Neural podem melhorar a saúde da população e dos animais, a um custo baixíssimo. As histórias se repetem com todos os voluntários, que primeiramente se beneficiam da técnica para a própria saú-
de que melhora, ou de um parente ou amigo. Você não tem ideia da satisfação, do que significa, por exemplo, quando temos alguém com uma dor. Então, você coloca a mão e, em 5 minutos, essa dor desaparece e ela olha com um brilho de gratidão nos olhos... Ou, ainda, quando alguém informa que foi liberado de tomar medicamentos pelo médico, baseado nos exames, porque não precisa mais, obteve a cura... Considerando que a meditação ajuda na tomada de consciência com os grandes problemas dos países, e com os cuidados da natureza, o trabalho que o MSF desenvolve tem potencial para mudar o planeta.
Conforme Romeu, “pessoas que se interessarem em conhecer a técnica, professoras que queiram levar o trabalho de meditação para as crianças, empresas que queiram levar o programa aos colaboradores, que ajuda a melhorar a produtividade e o clima de trabalho, podem nos procurar, teremos satisfação em atendê-los e levar os cursos para os diversos locais”. Para reunir um grupo de interessados em outras cidades, basta escrever para contato@msfbrasil.org.br, já para inscrever-se em cursos, acesse cursos.msfbrasil.org.br Contato de Andrea Choma, líder do grupo MSF de Itapoá: 47 99972-1783. Site oficial:msfbrasil.org.br Página no Facebook: Mãos sem Fronteiras Brasil Para saber da Campanha de Meditação pela paz: eumedito.org
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ADOTE UM ATLETA
Anahi Riego, atleta de fisiculturismo, irá representar Itapoá em Campeonato Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
“Desistir” não faz parte do vocabulário da atleta de fisiculturismo, instrutora e personal trainer Anahi Riego (24), de Itapoá (SC). Ela, que sofreu bullying na adolescência e vendeu doces para conseguir pagar a mensalidade da faculdade, quase teve seus sonhos interrompidos por um grave acidente de trânsito. Com uma história pautada na superação e na disciplina, neste ano de 2018, Anahi tornou-se campeã brasileira na categoria Wellness Beach Model, pela NBBA (National Amateur Bodybuilders Association) e pela WFF (World Fitness Federation). Agora, a fisiculturista se prepara para representar o município de Itapoá no Campeonato Sul-Americano NABBA/WFF, que acontecerá no mês de setembro.
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ilha de pai paraguaio e mãe brasileira, Anahi nasceu na cidade de Curitiba (PR), e viveu seus seis primeiros anos no Paraguai, até que passou a residir no Brasil – mais precisamente no município de Itapoá. Desde pequena, foi incentivada por seu pai a praticar esportes, como muay thai e capoeira. “Sempre fui muito moleca e magricela, por isso, os colegas zombavam de mim. As lutas me ajudaram a ganhar autoestima, o que é muito importante no período da infância”, comenta Anahi que, no ano de 2010, foi graduada como professora de capoeira e já sonhava em cursar Bacharelado em Educação Física. Quando completou 16 anos de idade, pôde passar a treinar musculação – anseio que tinha desde pequena, por conta do bullying que passava. Contudo,
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A instrutora, personal trainer e atleta de fisiculturismo Anahi Riego, de Itapoá (SC).
no ano de 2011, a jovem sofreu um grave acidente de motocicleta, o que resultou na perda de seu seio direito, na perda do movimento integral do braço direito, em uma lesão na coluna e complicações no joelho direito. Na época do acidente, trabalhava como assistente administrativa e recebeu auxílio do INSS. “Eu tinha 17 anos, estava cheia de sonhos e me vi totalmente impotente e dependente”, recorda. Porém, os desafios deram ainda mais motivação a Anahi. Em suas palavras: “nunca fui de desistir fácil das coisas”. O sonho do Bacharelado em Educação Física foi adiado, pois custava muito caro. Destra, ela teve de desenvolver a escrita com a mão esquerda e foi assim que prestou vestibular para Licenciatura em Educação Física, sendo aprovada com êxito. Enquanto isso, passou por diversas cirurgias, sessões diá-
rias de fisioterapia e dava continuidade aos treinos de musculação, que eram adaptados às suas limitações. Contrariando o diagnóstico, três anos após o acidente recuperou os movimentos de seu braço. Enquanto cursava Licenciatura em Educação Física na Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE), Anahi lecionou capoeira no extinto projeto Ampliação de Jornada Escolar (AJE) e Educação Física em escolas municipais da rede pública. “Durante quatro anos, eu chegava da faculdade à meia-noite e ainda preparava minhas marmitas para o dia seguinte, quando teria que acordar às 6h para ir trabalhar. Os treinos aconteciam no intervalo entre o trabalho e a faculdade, seja em uma academia de Itapoá ou nas dependências da universidade, em Joinville. Era bastante cansativo conciliar tudo isso, mas sempre me mantive focada em mudar o meu
O “antes e depois” de Anahi, pautados em muitos treinos, dietas e disciplina.
corpo”, fala Anahi, que ainda vendia doces na universidade para contribuir no pagamento da mensalidade. Boa parte de sua evolução nos treinos, ela credita ao seu primeiro instrutor, Eri Cardozo dos Santos, da Academia Malhação Itapema, em Itapoá, e aos seus professores do curso de Licenciatura em Educação Física, que lhes ensinaram muito sobre nutrição, fisiologia e outros conhecimentos. Firme nos treinos e nas dietas, passou a participar de concursos de beleza e, consequentemente, surgiram os primeiros trabalhos como modelo fotográfica. Em 2012, durante um curso, realizou o sonho de conhecer as musas fitness Juju Salimeni e Gracyanne Barbosa. Ela recorda: “Fiquei fascinada com o corpo, a disciplina, a história e o estilo de vida delas. Decidi, então, que não ia mais treinar apenas para ficar bonita, pois queria um desafio ainda maior”. E foi no ano de 2013 que Anahi adentrou o universo do fisiculturismo. Fisiculturismo Conforme a atleta, treinar por motivos de saúde ou estética difere de treinar para competições. “O fisiculturista deve ter massa, volume, densidade muscular, baixa porcentagem de gordura e muitas outras características físicas. Este esporte é muito mais amplo do que o momento de subir ao palco para competir. Antes disso, há uma preparação árdua e rígida, chamada de pre-contest, que exige principalmente disciplina”, fala Anahi, que formou-se em Licenciatura em Educação Física pela UNIVILLE e, também, obteve o tão sonhado Bacharelado em Educação Física pela rede de educação Claretiano. Competitiva e perfeccionista, realizou diversos cursos com profissionais renomados e levou quatro anos para preparar-se para sua primeira competição de fisiculturismo. Logo em sua estreia, no Mister Blumenau, em 2017, foi campeã na sua categoria, Wellness Beach Model. Sendo assim, uma das pioneiras a obter resultados ex-
Após longa preparação, logo em sua estreia, no Mister Blumenau, em 2017, foi campeã na sua categoria.
Participantes do Brasil todo e as três finalistas, entre elas, Anahi Riego, campeã brasileira na categoria Wellness Beach Model, pela NBBA e pela WFF. pressivos no fisiculturismo no município de Itapoá. Depois de participar de outras competições, a atleta Anahi Riego chegou ainda mais longe. Em maio deste ano, foi campeã brasileira na categoria Wellness Beach Model, pela NBBA (National Amateur Bodybuilders Association) e pela WFF (World Fitness Federation). “Foi uma emoção muito grande ganhar de candidatas do Brasil todo. Essa sensação de estar sempre me desafiando é o que me mantém motivada”, fala. Parte do sucesso também credita ao seu namorado, Bruno M. Gustack. “Com muito carinho e paciência, ele me ajuda nas preparações, me incentiva no trabalho e nos treinos. Tem sido um grande parceiro para mim”, comenta Anahi. E os desafios não param por aí: agora, a fisiculturista se prepara para representar o município de Itapoá no Campe-
onato Sul-Americano NABBA/ WFF, que irá reunir fisiculturistas de toda a América do Sul e acontecerá no mês de setembro, na cidade de Curitiba (PR). Vale ressaltar que, caso a atleta obtenha boa colocação no Campeonato Sul-Americano, estará a um passo do Campeonato Pan-Americano, que reúne fisiculturistas de todas as Américas, e a dois passos do Mister Universo, com atletas do mundo todo. Para tanto, conta com a consultoria de Filipe Marins, atleta profissional da WBFF (World Beauty Fitness and Fashion), apoio de Dra. Corina Maia, Dra. Camille Broocke, e da Marmitix Fit, de Itapoá. Atualmente, Anahi trabalha como instrutora e personal trainer na Academia Body Fit, em Itapoá, e na Lefit Training Center e Academia GT Fitness, em Guaratuba (PR). Sempre se atualizando, a atleta vem cursando pós-graduação em Fisio-
Para a campeã, o melhor desafio é sempre aquele que está por vir. logia do Exercício e Treinamento na Musculação, pela rede de educação Claretiano. Em busca de seus sonhos, está à procura de pessoas e comércios que apoiem o esporte e acreditem no potencial da atleta local. Aos 24 anos de idade, com 68 kg e oito anos de muita malhação e persistência, Anahi Riego conclui: “sonhar é muito bom, mas esforçar-se e realizar o sonho é melhor ainda”. Para apoiar ou patrocinar a atleta de fisiculturismo Anahi Riego, de Itapoá, que está prestes a participar de um Campeonato Sul-Americano, entre em contato com a mesma através do número (47) 99603-0357. Siga a atleta nas redes sociais: Facebook – facebook.com/anahi.riego Instagram – @anahiriego
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POR AÍ
Mãe e filho embarcam em uma aventura pela Tailândia, Singapura e Bali, na Indonésia Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Tailândia + Singapura + Bali, na Indonésia, pode ser a combinação ideal para os apaixonados por roteiros exóticos e hipnotizantes. Foram, inclusive, tais motivos que levaram Hilda Cristina Cardoso e Alfeu Cardoso Gonsalves (mãe e filho), de Itapoá (SC), a experimentarem 22 dias de imersão a novos lugares, sabores e culturas.
E
m novembro de 2016, Alfeu havia realizado uma viagem com muitos destinos, passando pela Alemanha, Marrocos, França, Espanha e Grécia. Quando retornou, mal esperava para embarcar novamente. O roteiro, dessa vez, passaria pela Tailândia, Singapura e Indonésia – ro- A mãe, Hilda Cristina Cardoso, e o filho, Alfeu Cardoso Gonsalves, de Itapoá. Na teiros exóticos de encher os olhos de Alfeu, que é fotó- imagem, vestidos com roupas tradicionais tailandesas, em Ayutthaya. grafo. Ele, então, encontrou
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Loja conceito Stylenanda e Pink Pool Cafe da loja, em Bangkok.
a oportunidade ideal nas promoções da Black Friday, em novembro de 2017, quando comprou suas passagens. A convite de Alfeu, sua mãe, Hilda, topou a aventura e programou-se para viajar junto do filho – esta seria sua primeira viagem para o exterior. Já experimente, o fotógrafo pesquisou incansavelmente sobre os
destinos, suas atrações, principais curiosidades e preços de hotéis. “Utilizava frequentemente o Google Maps para conhecer os arredores dos hotéis, o que foi um fator decisivo na hora de escolher onde nos hospedar”, comenta. Mãe e filho economizaram, parcelaram, reservaram hotéis, pagaram o seguro da viagem e compraram todas as passagens (inclusive, os voos internos) com antecedência, a fim de economizar e
Wat Pho, o Templo do Buda Reclinado, decorado para o ano novo tailandês. evitar possíveis transtornos. Em abril de 2018, ambos tiraram férias do trabalho e embarcaram. Decolaram de São Paulo para a Etiópia, onde fizeram um voo de conexão e, somente então, seguiram rumo a Tailândia – o primeiro país a ser explorado. Já no avião, um fenômeno chamou-lhes a atenção: decolaram na madrugada, com céu escuro, uma hora depois observaram o sol nascendo e, de repente, escureceu novamente, graças ao fuso horário – os mais supersticiosos diriam que este seria o indício de que a viagem a caminho também seria incrível. Tailândia O primeiro destino a ser explorado foi Bangkok, capital do Reino da Tailândia, onde ficaram por cinco dias. Conforme os brasileiros, a cidade colorida
e viva mistura a modernidade dos shoppings centers, lojas de grife e arranha-céus dos dias de hoje com o tradicionalismo dos templos budistas de antigamente. Felizmente, Alfeu já havia conhecido um tailandês através do Instagram e, por lá, o amigo ajudou tanto quanto um guia turístico. Em Bangkok, visitaram o Hotel Lebua, cenário conhecido pelo filme Se Beber Não Case 2 e, como estava em seus planos, conheceram o Songkran, o ano novo tailandês, celebrado todo mês de abril. “O ano novo tailandês assemelha-se ao Carnaval do Brasil. Trata-se de um festival de três dias de muita diversão, barulho e água. Todos (incluindo crianças, adultos e idosos) vão às ruas celebrar e molhar uns aos outros com baldes e armas de brinquedos, pois acreditam que a água espan-
ta as más energias”, comenta Hilda. Ainda sobre o Songkran, contam que até mesmo os comerciantes posicionam seus tonéis de água pelas ruas para participar da brincadeira. Como ponto negativo de Bangkok, Alfeu e Hilda ressaltam o calor intenso e o cheiro das ruas, que acaba impregnando nas peças de roupa. Em seguida, os brasileiros voaram até Chiang Mai, para passar três dias na segunda maior cidade da Tailândia, situada em uma região montanhosa. “Em Chiang Mai, você encontra de tudo um pouco: culinária, bares, mercados de rua, casas de massagem, feiras, templos, florestas, montanhas, massagem tailandesa... Com preços baixos e muita variedade, também é um ótimo lugar para comprar souvenir”, conta Alfeu.
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Mãe e filho cuidando dos elefantes, no Elephant Jungle Sanctuary, de Phuket. De Chiang Mai, mãe e filho fizeram um bate-volta para Chiang Rai, local com aspecto bem menos comercial e, consequentemente, com uma atmosfera mais relax e interiorana. Na região, conheceram Wat Rong Khun ou The White Temple, o famoso Templo Branco – uma construção moderna, projetada para ser tanto um templo budista quanto um templo hindu, edificada na década de 90 por um artista local chamado Chalermchai Kositpipat. Também, visitaram Wat Rong Sear Tean ou The Blue Temple – o Templo Azul, aberto para visitação desde 2016 –, e o Baandam Museum ou Black House Museum
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– o Museu Casa Negra. Muito diferente do que os brasileiros entendem por museu, o Casa Negra possui construções pintadas de preto e fica localizado em meio à natureza. Alfeu e Hilda ansiavam conhecer a Ilha Maya Bay, localizada nas Ilhas Phi Phi, e famosa pelo filme A Praia, estrelado por Leonardo DiCaprio. Contudo, como não há voo direto para Phi Phi, fizeram parada em Phuket, a maior ilha da Tailândia. “Por ser uma ilha muito grande, é preciso estudar os locais a serem visitados em Phuket. Nós optamos por uma região mais tranquila, de águas cristalinas, mas também pega-
Famoso sorvete de coco tailandês.
Hilda posando ao lado do barco na famosa e paradisíaca Maya Bay.
mos um táxi até Patong, onde fomos surpreendidos com um centro urbano e muito badalado”, lembra Hilda. Ainda sobre Phuket, os brasileiros aproveitaram para conhecer os animais que são símbolos nacionais da Tailândia: os elefantes. Alfeu, que pesquisou muito a respeito, dá a dica: “Muitas pessoas colocam no roteiro as chamadas ‘fazendas’ e ‘santuários’ de elefantes, nos quais o único objetivo é explorar os animais para o entretenimento, através de atividades como pintura, futebol e talvez a pior de todas, montaria. Os elefantes não são como cavalos, a estrutura óssea é diferente
e, ao montar nesses animais, eles acabam adoecendo com o tempo. Outro motivo para não patrocinar este tipo de atividade é que, para permitir a montaria, o elefante é submetido a um treinamento de tortura desde filhote”. Por isso, antes de decidir qual santuário iriam visitar e cuidar de elefantes por um dia, Alfeu e Hilda pesquisaram bastante e optaram pelo
Elephant Jungle Sanctuary, que não permite a montaria e oferece programas variados, como banho de lama, alimentação e trabalho voluntário. Enfim, em Phi Phi, descobriram as duas ilhas principais, Ko Phi Phi Don e Ko Phi Phi Leh, situadas uma de frente para a outra. “A Ilha de Phi Phi Don é maior, sendo a única com infraestrutura para hotéis, resorts, bares e restaurantes, enquanto a Ilha de Phi Phi Leh comporta a famosa Maya Bay e, por ser uma reserva natural, não pos-
sui hotéis ou qualquer outra estrutura”, explicam. Visitando Maya Bay, Alfeu e Hilda contemplaram um inesquecível pôr-do-sol e compreenderam o porquê de tanta fama: a ilha é mesmo um absurdo de linda. Compostas de uma coleção de praias turquesa com cliffs de pedra calcária, esse cenário dá às Ilhas Phi Phi o posto de uma das paisagens mais lindas da Tailândia. Singapura “Uma gigante em um pequeno espaço”, assim que mui-
tos definem a moderna, dinâmica e futurista cidade-estado de Singapura, onde os brasileiros estiveram por dois dias após deixarem a Tailândia. Vale lembrar que, com burocracia reduzida, impostos baixos, corrupção que tende a zero, educação excelente, leis rígidas que são cumpridas (como não mascar chicletes, não comer nos metrôs, não atravessar fora da faixa de pedestres, etc.), o país tornou-se um dos mais limpos e ricos do mundo, com a maior concentração de milionários por metro quadrado.
Vista do píer chegando nas Ilhas Phi Phi.
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nas montanhas e cercada por charmosos arrozais, Ubud diferencia-se do agito do resto da ilha e é considerada um dos maiores centros de artes e cultura de Bali. Por lá, são muito comuns os passeios com motocicletas ou scooters (motonetas), mas os protagonistas desta pauta preferiram pagar um motorista particular por um bom preço, uma vez que o trânsito de Bali é bastante caótico e as ruas, muitas vezes, em más condições. Templo Branco ou Templo Azul, qual escolher? Alfeu optou por explorar os dois.
Lá, conheceram a luxuosa Clarke Quay, uma das regiões mais agitadas e iluminadas de Singapura, Chinatown, onde encontraram lojas de 1 dólar para comprar souvenir, exploraram o Gardens By The Bay(Jardins da Baía), considerado por muitos o complexo botânico mais famoso do mundo, exploram as instalações e o design contemporâneo do ArtScience Museum (Museu de Arte e Ciência), e encantaram-se com a vista do Marina Bay SandsHotel, monumento arquitetônico cujas três torres comungam um grande lobby e são unidas em seu topo por uma plataforma em forma de navio, que abriga a mais longa piscina de borda infinita e mais
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alta piscina aberta do mundo, além de ser considerado um dos empreendimentos hoteleiros mais caros do mundo. Ainda, há nas ruas o moderno sistema de compartilhamento Find,Scan and Cycle (Ache, Escaneie e Pedale), que permite que bicicletas sejam emprestadas gratuitamente, através do mapeamento de GPS e um QR code (gerador de código). Conforme a dupla, Singapura é “um lugar que faz nos sentirmos pobres e ricos ao mesmo tempo”. Afinal, lá, tudo é muito caro, inclusive os ingressos para os passeios, mas, em contrapartida, o alto valor é compensado com uma infraestrutura impecável (tudo funcio-
na e tudo é limpo) que serve de exemplo para o mundo todo. Bali, na Indonésia O terceiro país a ser visitado por Hilda e Alfeu foi a Indonésia, mais precisamente Bali, a mais famosa ilha do país e a que mais tem estrutura para o turismo. Em Bali, os brasileiros encontraram a mesma dificuldade que em Phuket, na Tailândia: um lugar muito grande e longas distâncias entre uma atração e outra. Portanto, optaram por hospedarem-se em um quarto decorado de Ubud, uma cidade da ilha indonésia de Bali, famosa pelo longa Comer, Rezar e Amar, estrelado por Julia Roberts. Longe da praia,
Refeição saudável e bem temperada em Bali, na Indonésia, local onde os brasileiros elegeram a melhor culinária da viagem.
Em Singapura, Hilda usufruiu do sistema de compartilhamento de bicicleta gratuita.
Na Ilha dos Deuses, conheceram o Sacred Monkey Forest Sanctuary (Santuário Sagrado da Floresta dos Macacos), que fica localizado em uma área de floresta nativa devidamente preservada, com macacos vivendo soltos por ali. Hilda comenta que é preciso ter certos cuidados na floresta, como: não carregar sacolas, não esconder comidas (pois os macacos vão procurar), cuidar com as bolsas e bens pessoais (já que os animais podem roubá-los) e ficar em estado de alerta, pois sua
Hilda curtindo a paisagem estonteante dos terraços de arroz, em Bali.
mordida pode transmitir raiva. “Mas, em suma, são animais curiosos e simpáticos. E, na floresta, há sempre guardas por perto”, complementa. Vestiram o sarong (uma espécie de saia indispensável para adentrar os templos) e conheceram templos hinduístas (religião predominante em Bali), como o fantástico Tanah Lot, uma formação rochosa junto à costa sul da ilha de Bali, que fica acessível somente quando a maré está baixa. Também em Ubud, foram ao
Merta Harum Agroo Plantation, onde puderam degustar gratuitamente diferentes tipos de café e acompanhar a produção do Kopi Luwak, o café mais raro e caro do mundo. Nos cinco dias em Bali, Alfeu e Hilda exploraram a cultura hinduísta e paisagens estonteantes, sem contar a alegria do povo que contagia e, segundo eles, lembra um pouco a boa energia brasileira. Contudo, a parte preferida de ambos foi a culinária balinesa: “tudo muito saudável e bem temperado”.
A experiência Os sites de viagem indicam e Alfeu e Hilda confirmam: na Tailândia e na Indonésia tudo é muito barato. Apesar dos dialetos locais, nos países visitados, o inglês predomina. E, para adaptarem-se às moedas locais, utilizaram o aplicativo de celular “Converter”. Sobretudo, antes mesmo de organizar um roteiro e comprar as passagens aéreas no período da Black Friday, para quem deseja visitar Tailândia, Singapura ou Indonésia, a principal dica dos brasileiros é: “Pesquisar e estudar muito sobre a cultura destes locais, pois a cultura asiática muito diferente da nossa. Eles têm vestes específicas para adentrar os templos e consideram certas coisas como desrespeito, como, por exemplo, comprar réplicas de Budas (existem várias placas na Tailândia alertando que Buda não é decoração)”, contam. A Ásia exige respeito e ética de seus turistas, seja aos templos, às leis, aos costumes ou aos animais sagrados. Após a imersão de 22 dias, mãe e filho guardam, com carinho, alguns artesanatos, centenas de registros fotográficos de paisagens estonteantes e, por último e não menos importante, a simpatia e a felicidade do povo asiático.
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INFORME PUBLICITÁRIO
O ensino superior no Brasil diante do crescimento dos cursos de graduação
O
Ensino Superior no Brasil vivencia momentos importantes em sua trajetória, marcada por maiores investimentos financeiros das instituições privadas, as quais se encontram em plena expansão, revelando que atualmente essas instituições representam aproximadamente75% das matrículas nas instituições de ensino superior. Ainda assim, indicativos apontam que há muito espaço para crescimento do ensino superior. Contudo, cabe-nos questionar se paralelo a essa expansão, essas instituições estão preparadas para oferecer ensino de qualidade? O desafio das instituições de ensino superior, tanto públicas quanto privadas, está em promover uma educação que seja capaz de formar sujeitos com capacidade para atuar no mercado de trabalho e ao mesmo tempo, tendo um olhar crítico frente aos segmentos e estruturas sociais de um país de múltiplas culturas e que territorialmente está entre as maiores nações do mundo.
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Os desafios para uma educação do século XXI estão lançados.
Promover e ampliar a qualidade de cursos e instituições e democratizar a relação com a sociedade é fundamental e exige desafios dos quais alguns destacamos: A democratização do acesso; a ampliação da rede pública superior e de vagas nas IES públicas; a redução das desigualdades regionais, quanto ao acesso e à permanência; a formação com qualidade; a diversificação da oferta de cursos e níveis de formação; a qualificação dos profissionais docentes; a garantia de financiamento; a relevância social dos programas oferecidos; e o estímulo à pesquisa científica e tecnológica. A expansão do número de instituições de ensino superior exige que se estabeleça padrões de funcionamento e investimento, que assegurem a qualidade necessária, tanto para o desenvolvimento do ensino propriamente dito, como no campo da pesquisa.
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SOLIDARIEDADE
Grupo de amigos promove carona solidária e incentiva a doação de sangue Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
No mês passado, iniciaram-se as ações do “Junho Vermelho”, campanha que acontece em todo o território nacional com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de doar sangue. A ação foi fundamental para os bancos de sangue que, além de já enfrentarem a baixa adesão de doadores nesta época do ano, estavam com seus estoques comprometidos por conta da greve dos caminhoneiros. Diante disso, no dia 27 de junho, um grupo de amigos de Itapoá (SC) ofereceu carona solidária e doou sangue no HEMOSC (Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina) de Joinville (SC), provando que ajudar o próximo está no sangue
C
onforme o HEMOSC, a doação de sangue é a retirada de, aproximadamente, 450 ml de sangue, através de inserção de uma agulha em um dos braços. A coleta é feita por profissionais capacitados e sob supervisão de um médico ou
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Sob incentivo da professora, os alunos da Escola Técnica de Enfermagem de Itapoá também doaram. Da esquerda para a direita: o aluno Eduardo Alexandre dos Santos, a professora Cintia Juliana da Silva Colotoni, as alunas Joicy Crisanto, Daniele Soares, Rosana de Freitas, e o aluno Rodrigo Pasquali. enfermeiro, garantindo o bem-estar do doador. O ambiente deve ser limpo e confortável e o material, descartável. Todo o processo da doação de sangue leva, em média, 55 minutos. E, desmistificando uma dúvida muito comum daqueles que ainda não aderiram à prática: doar sangue não dói tampouco prejudica a sua saúde. Mas,
afinal de contas, por que doar sangue? Essencial à vida, o sangue é um tecido vivo que circula pelo corpo. Tosos os dias acontecem centenas de cirurgias, acidentes e queimaduras violentas que exigem transfusão, bem como portadores de hemofilia, leucemia e anemias. Além disso, doar sangue é um ato sim-
Juliana Pereira encontrou na carona solidária a oportunidade ideal para doar pela primeira vez. ples, tranquilo e seguro, que não provoca riscos ou prejuízos à saúde. Ainda segundo o HEMOSC, “se cada pessoa saudável doasse sangue espontaneamente pelo menos duas vezes por ano, os Hemocentros teriam Hemocomponentes o suficiente para atender toda a população”. Além das informações citadas anteriormente, vale lembrar que: o sangue não tem substituto e não se fabrica artificialmente; o sangue doado não ultrapassa 10% do volume em circulação no corpo; a quantidade doada é reposta rapida-
Doador de sangue há cerca de 15 anos, Renato Batista da Costa abraça a causa.
mente; e você só doa novamente se quiser. Por isso, a doação espontânea e periódica é fundamental: porque uma única doação de sangue pode salvar várias vidas. Sendo assim, um grupo de amigos de Itapoá (SC) organizou-se para oferecer carona solidária e doar sangue no HEMOSC de Joinville. Ajudar está no sangue Assim como a maioria da população, Juliana Pereira sempre teve vontade de doar sangue. Encontrou a oportu-
Juliane Schuster também pegou carona nessa boa ação e doou sangue pela primeira vez.
nidade ideal para doar pela primeira vez com a carona solidária, organizada por itapoenses no último 27 de junho. “Eu estava muito ansiosa, pois tinha alguns medos e algumas dúvidas, mas me surpreendi, pois doar sangue foi muito fácil, rápido e gratificante”, comenta Juliana que, assim como os amigos, doou seu sangue para ajudar Samuel, um garoto de 8 anos, que há 4 anos trava uma luta contra a leucemia. O caso de Samuel mexeu com todos os amigos e, com certeza, deixou todos ainda mais encorajados
a praticarem o ato de amor. Já Renato Batista da Costa fez sua primeira doação de sangue há cerca de 15 anos, para ajudar sua esposa, com hemorragia. Ele também já doou plaquetas por aférese, procedimento que oferece a vantagem de coletar de um único doador plaquetas suficientes para transfusão de um adulto. Na ação entre amigos, Renato pôde praticar o bem novamente, ajudando quem precisa de sangue. Há, também, aqueles que não puderam doar dessa vez,
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mas incentivaram outras pessoas, como Cintia Juliana da Silva Colotoni, enfermeira responsável pela Vigilância Epidemiológica, de Itapoá. Ela, que já doou outras vezes, conta que é sempre motivada por saber da importância que essa ação representa na vida das pessoas que precisam. “Sou da área da enfermagem há 20 anos e, durante esse período, presenciei inúmeras situações de necessidades e o quanto a falta de sangue nos estoques pode ser decisivo para salvar uma vida”, comenta Cintia, que é também professora de enfermagem na Escola Técnica de Enfermagem de Itapoá. Ela, que acredita que para formar bons profissionais de enfermagem é preciso ter consciência do sofrimento e da necessidade do próximo, incentivou seus alunos a doarem sangue. “Eles gostaram muito e já anteciparam que voltarão no ano que vem. Só participando disso para saber o quão gratificante é poder ajudar com um ato tão simples, que pode ser a diferença entre salvar ou perder uma vida”, acrescenta Cintia. Assim como o caso de Juliana, citado anteriormente, Juliane Schuster também pegou carona nessa boa ação e doou sangue pela primeira vez. “Também doei para Samuel, pois perdi um
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O casal Kassia Rosana Bragnolo Cavalari e Hadryano Minatti Cavalari acredita na corrente do bem e, sempre que se encontra apto, se doa por alguém. grande amigo para a leucemia, e vi, então, a oportunidade de ajudar. Sei que onde o João estiver (este era o nome de seu saudoso amigo), estará orgulhoso de mim”, fala Juliane, que acredita que a prática do bem deve estar em nosso dia a dia. Entre os amigos, estavam também casais que uniram-se por esta boa causa, como Hadryano Minatti Cavalari e Kassia Rosana Bragnolo Cavalari. Ele doa sangue desde 1999, enquanto ela iniciou o hábito no ano de 2003. “Sempre que nos encontramos aptos, buscamos doar sangue. Também,
costumamos incentivar nossos amigos, pois esse é um ato de amor. Esse sangue não vai nos fazer falta, muito pelo contrário, vai nos fazer bem. E eu acredito muito na corrente do bem. Estou sendo frequentemente ajudada por amigos e, consequentemente, procuro ajudar outras pessoas, também”, comenta Kassia, que também ingressou no cadastro nacional de doadores de medula óssea. O casal Andréa Elizabeth Choma e Carlos Henrique Pedriali Nóbrega também fez a diferença na ação entre amigos. Em 27 de junho, ambos ofere-
ceram caronas solidárias até o HEMOSC, incentivaram pessoas a participarem, doaram sangue e, ainda, se cadastraram no banco nacional de doadores de medula óssea. Com base em sua experiência, eles afirmam: “É rápido, muito tranquilo e recompensador. Adoramos a experiência e pretendemos repeti-la sempre que possível”. Como lembra Cintia, o lema da Campanha Municipal de Incentivo à Doação de Sangue foi “Seja o Anjo da Guarda de Alguém” e, no dia 27 de junho, Juliana, Renato, os alunos de Cintia, Juliane, Hadryano, Kassia, Andréa, Carlos Henrique e outros munícipes foram os Anjos da Guarda de Samuel, a quem dedicaram sua doação. Nas palavras da doadora Kassia, “nesse instante em que este texto está sendo redigido, há milhares de pessoas, em diferentes lugares, dependendo de doação de sangue”. A enfermeira Cintia complementa: “A vida não espera e o momento oportuno é a gente que faz. Afinal, nunca saberemos quem de nós poderá precisar amanhã”. Por fim, mesmo sendo doadora de primeira viagem, Juliane descreveu bem a prática: “doar sangue é se dar em vida por quem precisa. É uma atitude necessária, de solidariedade, cidadania e amor”.
Mais um casal que fez a diferença na ação entre amigos: Andréa Elizabeth Choma (à esquerda) e Carlos Henrique Pedriali Nóbrega (à direita) ofereceram caronas solidárias até o HEMOSC, incentivaram pessoas a participarem, doaram sangue e, ainda, se cadastraram no banco nacional de doadores de medula óssea.
O que é necessário para doar? Conforme o HEMOSC, o doador pode candidata-se a doação de três formas: Doação Espontânea, feita de modo altruísta, como uma atitude solidária com o único interesse de ajudar o próximo; Doação Vinculada, feita vinculada a algum paciente (nesse caso, é necessário que o paciente tenha o cadastro no HEMOSC para possibilitar o vínculo da doação); e Doação Autóloga, ou seja, doar para si mesmo. Para doar sangue, é necessário:
- Ter entre 18 e 69 anos, 11 meses e 29 dias; - Doadores com idade de 16 e 17 anos de idade são aceitos para doação mediante a presença e autorização formal dos pais e/ou responsável legal; - O limite de idade para primeira doação é de 60 anos de idade; - O candidato à doação deve estar em boas condições de saúde, sem feridas ou machucados no corpo; - Pesar acima de 50 kg (com desconto de vestimentas);
- Apresentar documento de identidade com foto, emitido por órgão oficial, como RG, carteira profissional, carteira de motorista, etc.; - Ter repousado bem na noite que antecede a doação; - Evitar o jejum. Fazer refeições leves e não gordurosas durante as 4 horas que antecedem a doação; - Evitar uso de bebidas alcoólicas nas últimas 12 horas; - Evitar vir acompanhado de crianças.
Vale ressaltar: a campanha chama-se “Junho Vermelho”, mas doar sangue é tendência durante o ano todo. O HEMOSC (Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina) de Joinville está situado na Av. Getúlio Vargas, 198, bairro Anita Garibaldi. Saiba mais através do número (47) 3481-7400 ou acesse hemosc.org.br
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MEIO AMBIENTE | SEJA UM PARCEIRO
Campanha alerta munícipes sobre o descarte adequado de pilhas e baterias Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
As pilhas e baterias de uso doméstico apresentam um grande perigo à saúde humana quando descartadas incorretamente, ou seja, no lixo comum. Nesse sentido, a ASPLAMB, com apoio da Revista Giropop e de outras empresas, apresenta o projeto “Descarte Adequado de Pilhas e Baterias”. A campanha de educação ambiental visa sensibilizar a comunidade de Itapoá (SC) sobre a necessidade de dar destinação correta às pilhas e baterias usadas, reduzindo a quantidade de artefatos Darlene Cechin, responsável pelo setor administrativo e financeiro da Asplamb e Jéssica Holz, Bióloga, responsável técnica. lançados no meio ambiente.
O
município de Itapoá atrai cada vez mais moradores e turistas. Consequentemente, aumenta também a preocupação com relação aos resíduos perigosos, uma vez que muitos desconhecem os riscos oferecidos pelo descarte inadequado das pilhas e baterias ou, ainda, não sabem onde e como descartar tal material. No município, embora existam alguns pontos de coleta, nota-se que o descarte destes artefatos é muito inferior quando comparado àquilo que é consumido. Diante disso, a equipe da ASPLAMB preocupou-se em realizar uma campanha ambiental. Riscos à saúde Conforme Jéssica Holz, bióloga e responsável técnica pela ASPLAMB, “na composição desses artefatos são encontrados metais pesados, como, por exemplo, chumbo, mercúrio, cobre níquel e zinco, substâncias extremamente perigosas à saúde humana”. Dentre os males provocados pela contaminação com metais pesados está o câncer e mutações genéticas. A título de esclarecimento, a bióloga ressalta que as pilhas
e baterias novas ou usadas e em funcionamento não oferecem riscos, uma vez que o perigo está contido em seu interior. “O problema é quando elas são descartadas no lixo comum e as cápsulas que as envolvem passam por deformações, amassando, estourando e deixando vazar o líquido tóxico de seu interior. Esse líquido representa o lixo não biodegradável, ou seja, não é degradado com o passar dos anos e se acumula na natureza”, explica Jéssica. Tal lixo contamina o solo e o lençol freático e, consequentemente, os córregos, rios, lagunas e o mar, prejudicando a agricultura e a hidrografia. E é justamente por serem biocumulativos, ou seja, acumularem-se no meio ambiente poluindo-o, que não devemos descartar esses materiais no lixo comum. Sobre a campanha A campanha, destinada a todos os munícipes de Itapoá, é um projeto piloto elaborado pela iniciativa privada, executada através da ASPLAMB em parceria com outras empresas – entre elas, a Revista Giropop, que será responsável por todo o material visual.
Com lançamento previsto para o dia 10 de julho, o projeto “Descarte Adequado de Pilhas e Baterias” terá duração de 30 dias, encerrando-se no dia 10 de agosto. Durante esse período, serão deixados pontos de coleta identificados em locais estratégicos do município, onde as pessoas poderão levar o material gratuitamente nos devidos horários de atendimento. Em paralelo, serão realizadas palestras nas escolas e distribuídos folhetos informativos. Ao final da campanha, todo o material será levado para a ASPLAMB, onde será recolhido por empresa autorizada para o transporte de resíduos perigosos e, então, depositado em empresa autorizada para o tratamento e destinação adequada dos mesmos. Com essa iniciativa, a ASPLAMB, Revista Giropop, Imobiliária Besen, Fabianno Lima Arquitetura, Horizon Topografia, LMC Terraplenagem e Transportes Ltda, South Beach Loteamentos Ecológicos, JR Pavan Administradora de Bens Próprios, objetivam sensibilizar a comunidade local sobre a necessidade de dar destinação correta às pilhas e baterias usadas; promover cidadania e
bem-estar social; destinar adequadamente pilhas e baterias e, posteriormente, apresentar relatório posterior à campanha com a quantidade recolhida e seu destino. Esse feedback você poderá conferir na próxima edição da Revista Giropop. Expectativas A ASPLAMB sabe que todos têm direito ao ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida (Art. 225 da CF). Pensando nisso, preocupa-se em manter um meio adequado para o povo itapoaense. Jéssica ainda salienta que todos os colaboradores da ASPLAMB residem no município, além disso, buscam parceiros que atuam principalmente dentro de Itapoá. Garantindo, assim, qualidade de vida para as gerações atuais e futuras. Para a bióloga, pequenas ações mudam o mundo. Ela conclui: “Esperamos envolver um grande número de pessoas e temos certeza de que a campanha será muito positiva. Temos convicção de que esse material é jogado por muitas pessoas no lixo comum, então, se souberem que isso é inadequado e não o fizerem mais, já será um bom avanço”.
Seja um parceiro
Além dos munícipes, a campanha trará benefícios, também, aos seus colaboradores, que terão visibilidade e oportunidade de mostrar à comunidade que preocupam-se com o meio ambiente e com as questões socioambientais. Portanto, se você possui interesse em ajudar a realizar essa campanha, basta entrar em contato com a ASPLAMB e tornar-se um parceiro. Para maiores esclarecimentos, a ASPLAMB está situada na rua Caracaxá, número 194, no Jardim Pérola do Atlântico. Você também pode entrar em contato através do e-mail contato@asplambambiental.com.br ou telefone 47 3443-2905. Revista Giropop | Julho 2018 | 29
GIROPOP NA ESCOLA
Concurso Gastronômico já é tradição na Escola Euclides Emídio da Silva Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Quem estudou, trabalhou ou apenas acompanha as atividades da Escola Euclides Emídio da Silva, na Barra do Saí, sabe que, por lá, o Concurso Gastronômico já é tradição. Em conversa com a gestora da escola, Lucy Helena Wielewicki , falamos sobre o concurso que trabalha na prática conteúdos escolares, movimenta toda a comunidade e completou sua 10ª edição.
O
Concurso Gastronômico da Escola Euclides Emídio da Silva surgiu no ano de 2009, com a necessidade de trabalhar os verbos de forma mais lúdica, inicialmente na disciplina de Língua Portuguesa, estendendo posteriormente para outras disciplinas. A ação conta com a participação dos alunos dos 8ºs anos, devido aos conteúdos programáticos, encaixados no planejamento dos professores. De acordo com a gestora da escola, a proposta do concurso é trabalhar na prática conteúdos que devem ser ministrados no 2º bimestre, como, por exemplo: “Modo imperativo do verbo, textos instrucionais, poema e paródia em Língua Portuguesa; sistema digestório, nutrientes órgãos e fisiologia em Ciências; expressões algébricas com base nas receitas selecionadas para participar do concurso, monômios e polinômios em Matemática; decoração em caixas de pizzas com releituras das obras do Cubismo e Abstracionismo em Artes; conteúdos relacionados à alimentação saudável e qualidade de vida em Educação Física”. Ainda conforme Lucy, o Concurso Gastronômico, que acontece sempre entre os meses de maio e junho, oportuniza aos alunos mais integração, socialização, desinibição e, apesar de todos desejarem garantir uma boa classificação 30 | Julho 2018 | Revista Giropop
Como já é tradição, a 10ª edição do Concurso Gastronômico agitou a Escola Euclides Emídio da Silva, na Barra do Saí.
Na abertura do evento, os professores apresentam uma paródia dedicada aos alunos.
no grande dia, ele não tem conotação competitiva durante os ensaios, mas participativa, pois existe uma ajuda mútua. Funciona da seguinte forma: em duplas ou individualmente, os alunos apresentam no dia do concurso uma paródia, seu caderno de receitas e a pizza decorada de acordo com o tema – não há um tema específico, cada aluno/dupla escolhe como fazer, apenas na disciplina de Artes é que o professor escolhe com a turma o artista a ser trabalhado para inspirar a decoração. Para tanto, se caracterizam, ensaiam e têm um bimestre todo para trabalhar com dedicação. Para garantir a legitimidade do concurso, os jurados são profissionais da educação e que não tenham vínculo com quem se apresenta, valorizando, assim, o trabalho no seu conjunto total. Em certos momentos, o concurso acontece na escola
Como todos os anos, a comunidade participa ativamente.
Da esquerda para a direita, os jurados de 2018: Ana Claúdia Oliveira Jacinto, Maristela Franz Perrony Fontana, Maris Cristina Oliveira, Roberta Serednitzkei Lima e Sandra Devegili.
e também no salão da igreja católica, conforme disponibilidade. Os professores decoram grande parte do evento, a APP (Associação de Pais e Professores) da escola vende mini pizzas e refrigerantes, as famílias participam e concorrem também ao sorteio de brindes. “É uma noite agradável, de muito talento, e uma oportunidade
para que os alunos expressem suas habilidades, emoções e criatividade”, descreve Lucy. Para tal, a Escola Euclides Emídio da Silva recebe apoio da Secretaria Municipal de Educação na premiação dos alunos, garantindo uma ampla parceria. Os colaboradores mudam anualmente conforme a disponibilidade de cada um.
Caderno de receitas e pizza inspirada no tema tropical, pela aluna Gabriela Hamper Baptista (2º lugar).
Foto das vencedoras do concurso: Júlia e Gyovana (1º lugar), Gabriela (2º lugar), Joicy e Maria Eduarda (3º lugar).
Contudo, a equipe escolar conta que os parceiros da ação, em tese, são quase sempre os mesmos. Sobre a 10ª edição Provando sua idoneidade no calendário de eventos da Escola Euclides Emídio da Silva, o Concurso Gastronômico chegou, neste ano de 2018, à sua 10ª edição. A iniciativa contou com a colaboração de diversas pessoas e comércios na doação de brindes para o sorteio, tais como: APP da Escola Euclides Emídio da Silva, Peixaria Jene e Lucas, Tec-Poá, Cacau Show, Florarte, Müller Vigilância, Angela Stocco, Pepeluche Presentes Criativos, Panificadora Don Rodolpho, Monitoramento Escudo Garra, A Paulistinha, Conveniência Litorânea, Residencial Samoa, Peixaria JB, Profª M.a. Mariza Scholz, Hamburgueria Express, Lúcia Cordeiro, Top Imobiliária, Mônica Alvarenga, Equipe Escola Monteiro Lobato, Cia do Carro, Papelaria Central, Solange Nunes, Dalvane Pinturas, Tom Brasil, Fortefarma – Farmácia São José, Psicóloga Renata Morzele, NN Presentes, Cia da Mulher e quase todos os professores da unidade escolar. Como já mencionado anteriormente, os alunos são livres para escolher a música e o tema que desejarem. Para a decoração, as obras do Cubismo e Abstracionismo serviram de inspiração. Sob avaliação das juradas Maristela Franz Perrony Fontana, Sandra Devegili, Ana Claúdia Oliveira Jacinto, Maris Cristina Oliveira e Roberta Serednitzkei Lima, na noite de 25 de junho, 34 participantes dos 8ºs anos apresentaram uma paródia, seu caderno de receitas e a pizza decorada de acordo com o tema escolhido. O 1º lugar ficou com a dupla Júlia Balsanelli dos Santos
lha e Nauberth Fernandes da Silva.
Momento da entrega dos certificados.
Foto clássica dos jurados no Concurso Gastronômico da escola. Silva, de 13 anos, e Gyovana Luize França, de 12 anos. Inspirada em personagens do desenho animado Monstros S.A., a pizza vencedora tinha sabor de queijo e catupiry. Satisfeitas, Júlia e Gyovana comentam: “Nos surpreendemos com o resultado, pois os trabalhos de nossos colegas também estavam muito bons. Ao final das contas, vencemos nossa insegurança e timidez, e ficamos muito felizes”. Com o 2º lugar ficou a pizza doce, feita de chocolate, kiwi, morango e banana, inspirada em tema tropical, da aluna Gabriela Hamper Baptista, de
12 anos. “Gosto de cozinhar e fiquei muito feliz, pois foi a primeira vez que participei de um concurso assim. Adorei a experiência”, fala Gabriela. Já o 3º lugar foi para a dupla Joicy dos Santos Ludovino, de 14 anos, e Maria Eduarda Klens dos Santos, também de 14 anos. As meninas capricharam em uma pizza doce, inspirada no universo alegre e colorido do unicórnio, e afirmam: “Ficamos muito contentes ao ver que todo o esforço valeu a pena. Foi uma experiência nova e muito legal”. Também, a equipe escolar premiou a dupla que conquistou o 4º lugar: Alisson Lepeco Padi-
Aprender é uma delícia Muito mais que premiação, a gestora da escola conta que o foco principal do Concurso Gastronômico está na apresentação e na forma lúdica de aprender, na expressão corporal e na capacidade de persuasão, sendo a pizza um produto final do projeto, visando integração e socialização. Lucy garante que, entre os alunos, a ação é sucesso: “Conhecemos alunos que não queriam sair da escola antes do 8º ano para poder participar do concurso. Os alunos dos anos iniciais também nos questionam frequentemente quando será a vez deles (risos)”. Sem dúvida, a ludicidade (ainda mais aliada à pizza) é a forma mais gostosa para aprender. E se os alunos curtem a experiência, os professores também o fazem. “Costuma dar uma grande mão de obra, mas nós, professores, também curtimos cada etapa, tanto que na abertura do evento são os professores que apresentam sua paródia dedicada aos alunos. É pura diversão! E é importante frisar que é graças à união da equipe e dos professores que esse evento acontece”, conclui a gestora Lucy, em nome de toda a equipe escolar. Vale ressaltar que a Escola Euclides Emídio da Silva, situada na Barra do Saí, também tem outros projetos expressivos, como a FECITA – Feira de Cidadania e Temas Atuais, o Encontro da Infância e Adolescência, o Projeto Meu Diário, a Sacola de Leitura, o Projeto Conhecendo Itapoá, o Aluno Destaque e Superação, além de eventos tradicionais, como o Jantar da Família, realizado no mês de abril, e a Noite Italiana, realizada em novembro, no Restaurante Siri Cascudo. Revista Giropop | Julho 2018 | 31
Na tarde do último sábado, 9, aconteceu o 3º Arraiá da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Itapoá. Para a realização do evento os parceiros adotam as barracas e doam os produtos típicos a serem vendidos para a comunidade. O lucro é totalmente destinado à APAE, para ser revertido em melhorias em sua estrutura física, equipamentos e materiais diversos, necessários para melhor atender os alunos.
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ARTE SOLIDÁRIA
Papel reciclado é transformado em bonecas cheias de personalidade Ana Beatriz Machado Pereira da Costa
Reaproveitando jornais e revistas abandonadas, Sandra Correia, de Itapoá (SC), encontrou a solução ideal para obter renda extra, distrair-se e exercer suas habilidades manuais. Fazendo uso de papel reciclado, a artesã ‘dá vida’ às bonecas africanas estilizadas, que esbanjam personalidade e conceito.
Q
uando pequena, Sandra já gostava de criar vestidinhos e acessórios para as suas bonecas. Há 25 anos, quando chegou ao município de Itapoá com seu filho André (naquele tempo, com apenas três anos de idade), deparou-se com muitas dificuldades. “Na época, eu tinha apenas uma máquina de costura, que aprendi a manusear sozinha. Então, passei a criar artesanatos para ocupar o tempo e obter renda”, recorda. Das mãos de Sandra, muitas peças já foram criadas: chinelos customizados, bijuterias, móbiles, garrafas customizadas, bolsas jeans, belíssimas bonecas de pano, entre outras criações que guardava para si, vendia ou presentava aqueles que gostava. No ano de 2017, conheceu, através da internet, o trabalho de um artesão que confeccionava peças fazendo uso de canudos de papel. “Assisti aos vídeos dele e fiquei encantada. Pensei assim: ‘se ele conseguiu, eu também consigo’”, lembra. Reaproveitando alguns jornais e revistas abandonadas, Sandra inspirou-se nas bonecas africanas para criar suas bonecas de papel estilizadas, que diferem-se das africanas nas roupas. O primeiro protótipo deu certo e, a partir de então, experimentou outras técnicas, estilos e modelos. O processo de confecção das “bonecas africanas à la Sandra” consiste em montagem, colagem e pintura, levando, em média, três horas, mas a artesã confessa que costuma produzir mais de uma encomenda ao mesmo tempo. Ainda, conta que a base é feita com palitos de churrasco de diferentes tamanhos, enquanto a estrutura do corpo é criada com arame (no caso de bonecas que são representadas sentadas) e, principalmente, canudos de papel enrolados. A magia do acabamento acontece
O marido, Marcos, também colocou a mão na massa, ou melhor, no papel. Uma de suas criações foi o boneco baterista.
Sandra Correia é uma das artesãs cadastradas junto ao Departamento de Cultura, da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura.
Boneca africana confeccionada por Sandra para doar à campanha Arte Solidária.
com verniz, betume ou até mesmo cola glitter. Já os detalhes, como acessórios, são feitos com grãos de arroz, grãos de feijão, conchas, flores, miçangas, tecidos, entre outros materiais. Aos poucos, novas encomendas trouxeram novos desafios. Seguindo o estilo das bonecas africanas de canudinho de papel, a artesã já recriou os conhecidos Lampião e Maria Bonita, bonecos gaúchos, uma tricoteira, uma bruxa, uma bailarina e até mesmo bonecos de profissões, como advogada e economista. Ao observar a amada, Marcos, esposo de Sandra, que trabalha como motorista do Conselho Tutelar do município, também já colocou a mão na massa, ou melhor, no papel, e criou certos personagens, como o pescador, o sanfoneiro e o baterista. Ela ressalta: “meu marido é meu braço direito, peça-chave em minhas criações”. Através de Maria Taciana, uma amiga pernambucana que reside em Guaratuba (PR), grande incentivadora de seu trabalho e quem a artesã considera “uma irmã que nunca teve”, Sandra recebeu muitas encomendas durante a temporada. Ela também expôs seu trabalho no tradicional rodeio do CTG (Centro de Tradições Gaúchas) de Itapoá. Moradora antiga do município, foi na cidade litorânea que conheceu seu esposo Marcos, casou-se e teve mais dois filhos: Anderson e Andressa. “Já desejei ir embora daqui, mas, hoje, não me vejo em outro lugar. Dificuldade a gente encontra em qualquer lugar, e eu aprendi a amar essa cidade”, comenta Sandra, que trabalhou por vinte anos em escritório de contabilidade, mas sonha em poder sobreviver de seus artesanatos. No período da manhã, trabalha como secretária, já no período da tarde, dedica-se à casa, mas confessa: “a melhor parte do dia é quando estou concentrada em minhas bonecas; isso me distrai, me deixa relaxada e me dá prazer”. A principal característica do trabalho da artesã é a exclusividade, uma vez que, graças à mistura de tintas, materiais e tamanhos, nenhuma boneca fica igual a outra. Mesmo sendo suspeita para falar, Sandra afirma que é apaixonada pelo que faz. Ela finaliza: “Ainda estou me descobrindo, me revelando enquanto artesã, mas as bonecas africanas são meus xodós. É muito bom ver o resultado final e saber que aquilo foi criado por mim”. Campanha Arte Solidária Nesta edição de julho, foi a vez da artesã Sandra Correia doar uma peça de sua autoria para a campanha Arte Solidária, iniciativa da Revista Giropop em parceria com a Associação Mãos do Bem Itapoá. Para indicar artistas e artesãos locais que também queiram contribuir, envie um e-mail para redacao@giropop.com.br com um breve resumo sobre tal trabalho artístico, foto e telefone para contato. Para conhecer melhor a artesã Sandra e suas bonecas africanas, entre em contato com ela através do número 47 99729-3575. Revista Giropop | Julho 2018 | 37
Itapoá e sua história (parte XIV)
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altando três meses para completar a generosa marca dos 91 anos, dos 120 programados e tendo cumprido antecipadamente a missão que lhe fora designada, Anévio Paese obteve junto Grande Pai Comum de todos nós, o visto para a transposição da vida material para a espiritual. Como nada precisava levar, a não ser o balanço positivo das boas ações realizadas, como de hábito levantou-se cedo para bem aproveitar o dia, ajoelhou-se, olhou a folhinha nela constando a data de 8 de junho/ inverno de 2018, fez a sua costumeira prece e serenamente, no mais absoluto recolhimento, partiu para o outro plano de vida eterna e plena. Até chegar a esse ponto de ruptura e a consequente passagem, ainda inacessíveis ao conhecimento e domínio dos humanos, resta apenas exercitar a imaginação e como forma de compensar o inatingível, ater-se aos bons feitos individuais aqui vividos neste mundo corpóreo e acreditar que são facilitadores para chegar a outra ou outras herméticas dimensões. O imenso currículo vitae do cidadão Anevio Paese foi forjado ao longo das muitas décadas vividas no ambiente terráqueo e porta uma rica história carregada de coragem e desafios. E tudo começa lá na longínqua Itália quando seus avós paternos Santo Paese e Virginia Passarim, bem como os maternos, Jacob Brandalise e Virginia Gotardo, movidos pelas dificuldades a que estavam submetidos nas esplendorosas cidades de Verona, Vicensa, Pádua e Treviso embarcam numa longa viagem, sem volta, rumo ao Brasil, na esperança de dias melhores. Santo Paese e Virginia Passarim casaram-se em 1886 na Igreja de Santo Antonio em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. De Santo Paese e Virginia, nasce Serafim Paese e outros filhos. De Jacob Brandalise e Elvira Gotardo, nasce Maria Brandalise. Em 1924 casam-se Serafim Paese e Maria Brandalise e geram 14 filhos , dentre eles Anévio Paese. O patriarca Serafim inicialmente tropeiro, transportador de banha em carroções torna-se um comerciante próspero, até que uma inusitada enchente obriga a retirada
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História não é o que passou, mas o que ficou do que passou. das mercadorias do armazém, todavia o pânico gerado facilita o furto, especialmente aqueles de maior valor. Paralelamente apresenta-se a prolongada doença da mãe de Anévio. A associação desses infaustos acontecimentos fragiliza profundamente a saúde financeira da família. Cedo foram acordados para as dificuldades da vida vivenciando-as em toda sua extensão e angústia. Todavia Anévio e seus irmãos, ainda pequenino partem para a realização depequenos serviços visando suprir o essencial para manter a família. Amoldam-se às dificuldades e passam com fé e tenacidade, a vencê-las. Nessa constante luta por dias melhores uma mudança inesperada ocorre quando Waldemar um dos prestativos irmãos fazia companhia à mãe hospitalizada e é convidado pelo saudoso Dr. Enzo Fornarolli, para colaborar no dia-a-dia do hospital de Marcelino Ramos. Estabelece-se uma empatia e o médico que havia também cursado química industrial na Itália, ensina-o a produzir biter ou amargo digestivo, capilé ou framboesa, bem como aniz. Com a produção e venda dessas apreciadas bebidas o ânimo retorna à família. Essa nova e alvissareira fase da prole desperta no jovem Anévio o talento para o ‘‘marketing’’, vocábulo então desconhecido para ele. Juntamente com o pai e irmãos percebem que havia uma grande demanda pelas apreciadas frutas do vale do rio do peixe, cuja qualidade estava diretamente ligada no clima e acidez do solo. Aproveitando o transporte barato proporcionado pelo trem, associaram o comércio de bebidas a venda de frutas. Influenciado pela religiosidade da mãe e a presença constante de clérigos na família, parte para o Seminário de Nossa Senhora da Salete em Marcelino Ramos no Rio Grande do Sul onde agregou uma ótima formação cultural e educacional. Ao deixar o seminário ingressa no funcionalismo público na condição de agente estatístico. Aos 27 anos de idade torna-se sócio da S.I.A.P. - Socidade Imobiliária Agrícola e Pastoril Ltda, e juntamente com o pai, irmãos e
demais sócios passam a empreender. Loteamento Vista Alegre em Concórdia, Parque e Jardim Ouro em Capinzal, Chácaras Dona Francisca em Joinville e um ‘‘gran finale’’ com o ousado descortinar de Itapoá. Dos noventa anos e nove meses, 63 foram exclusivamente destinados para Itapoá e por Itapoá. A arrojada decisão de rasgar a Estrada Pioneira, denominada Serrinha e agora SC416, retirou Itapoá do anonimato e alçou Anévio e sócios da S.I.A.P. a condição de fundadores, pois até então só havia os rios, as picadas e o mar para acessar o local. Para gerar os recursos destinados às inumeras necessidades resultantes do empreendimento empregou toda a sua criatividade. Promoveu excursões, organizou caravanas, fundou clubes de rádio mirins, usou o avião para lançar panfletos, rodou documentários nos cinemas e empregou a mídia falada e escrita, tudo com o fim de divulgar Itapoá e atrair investidores. Nesse contínuo e incansável fazer, em sociedade com seu irmão Ambrósio implantam o Balneário Paese e em seguida um frigorífico de pescados denominado Frigomar. Com a facilidade de relacionamento que Deus lhe deu atraiu associações de profissionais liberais e trabalhadores para terem a praia de Itapoá como local de lazer. Além de ‘‘homen de marketing’’ era também um homem de fé e para tanto liderou a construção da capela de Nossa Senhora do Bom Parto no Balneário Paese. Homenageou Itapoá construindo o edifício Samara, o primeiro da localidade. Atuou idealisticamente, na política promovendo o bem comum e a cidadania como vereador e também presidente da Câmara de Garuva quando Itapoá ainda estava atrelada ao vizinho município. Preocupado com a saúde dos moradores e veranistas estimula a criação da Sociedade dos Amigos da Praia de Itapoá - Sapri, com a finalidade de proporcionar água tratada e saneamento em outubro de 1978. Para fechar a agenda implementou o surgimento do jornal ‘‘O Fundador’’ e obteve a concessão da Rádio Comunitária de Itapoá F.M. Enfim, com uma folha de serviços dessa magnitude, tão extensa quanto seus anos de vida, estava mais que qualificado para atuar nos páramos da luz.