Revista Giropop - Edição 37

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EDITORIAL Nas batidas da bateria, samba no pé e muita cor é que, nesta edição, damos boas-vindas em clima de Carnaval. A rotina diária já voltou à tona para a maioria das pessoas, mas o sol ainda reina, a temporada permanece e as festas não terminaram: o Carnaval chega por aí. Assim, como as escolas de samba entram na avenida, nos apresentamos por aqui: com muita alegria, criatividade e inspiração. E entre tanto entusiasmo, o samba-enredo não poderia ser diferente: arte. Percorremos diferentes alegorias em Itapoá e Guaratuba, conhecemos diferentes histórias e, aqui, como de costume, apresentamos curiosidades e peculiaridades de cada ritmo de vida. Artistas de rua, de casa, de salas de aula, de salões de beleza, de praia ou mesmo de Carnaval. Diferentes histórias expõem parte da arte presente nas duas cidades e que ultrapassam os limites municipais. Junto a isso, uma novidade. Em cada edição estilos e atitudes diferentes da “terra” também serão pauta. Exemplos e dicas das mais variadas tribos e personalidades prometem garantir a afirmação de que “o legal é ser diferente”.

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Índice

Carnaval

Unidos por Amor ao Carnaval e á cidade Tipioca e o início da escola de samba O poder do apito de Modesto Casal que samba unido permanece unido Família e Tradição: Hortência Margarida Flora

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Pintura e voluntariado, uma combinação para todos 22 Arte com soluções criativas e sustentáveis 24 Um pouco de arte, um pouco de praia 26 Experiência artística, projetos e sala de aula 30 Homenagem: 25 de Janeiro - Dia do Carteiro 32 Empreendedor Itapoá: Gilson César Abraão 38 Estilo: A importância de estar bem consigo mesma 40 Música: Os poderes da música eletrônica 42 Rotas do Peixe Fresco 44 Vitorino Paese: Itapoá e suas Histórias 46 Empreendedor de Guaratuba: Rocco 48 Werney Serafini: Renda para toda vida 52 Rocio Bevervanso: A história da Banda de Guaratuba 54 Prestigie o artesanato local 56 Sonia Charlotte Heeren: A beleza do Sul da França 58 Margot Helena de Sá Ribeiro: Adaptação das crianças 60


Carnaval | Guaratuba

Unidos por amor ao Carnaval e à cidade Ana Beatriz

O Carnaval vem aí, suspendendo a rotina diária com suas cores, brilhos e batuques. Nesta explosão de alegria que envolve as pessoas, a cidade de Guaratuba oferece aos apaixonados pela festa um verdadeiro espetáculo nas ruas, marcado, especialmente, por trios elétricos, pela Banda de Guaratuba e pelas batidas da Escola de Samba Unidos de Guaratuba – considerada por muitos foliões como “a essência do carnaval guaratubano”.

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tualmente, a escola de samba é composta por cerca de 50 pessoas, entre elas, instrumentistas, mestre de bateria e porta-bandeira. Abraçando a diversidade, característica marcante do Carnaval, dela fazem parte homens e mulheres, da infância

à terceira idade – mais precisamente dos 9 aos 78 anos de idade. A cada ano, uma empresa da cidade patrocina os uniformes aos integrantes da escola, e os instrumentos musicais são cedidos pela Prefeitura. Sem um samba enredo oficial, a Unidos de Guaratuba agita a avenida apenas com as batucadas, en-

tretanto, segundo os integrantes, é este o diferencial de suas apresentações. “Mesmo em um século forte em tecnologia e novidades, o que o povo realmente aguarda é a escola entrar na avenida, como nos velhos tempos”, afirma Carlos Apolinário Nunes, mais conhecido por Tipioca, o presidente da escola.

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Desde sua fundação, em 1990, a Unidos de Guaratuba vem realizando seus desfiles oficiais às segundas-feiras do Carnaval. Além do próprio município, a escola já levou suas batidas para cidades próximas, como Itapoá e Matinhos. Neste ano, os integrantes também se apresentarão no município de

Garuva, no domingo do Carnaval. Mas os compromissos dos participantes com a escola de samba vão muito além dos quatro dias de festa. Desde o início de janeiro até o Carnaval acontecem reuniões e ensaios no Largo da Carioca (próximo a Praça Central), às quartas-feiras e aos sábados. “Exceto

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nos dias de chuva forte, pois a estrutura do largo não oferece cobertura”, conta Tipioca. Já durante o Carnaval, não importa o tempo. Com um único ritmo combinado entre diversos instrumentos, a Escola de Samba Unidos de Guaratuba desfila desde a Avenida Ponta Grossa até a Praça Central, mesmo com

chuva ou vento. Todo o trabalho construído para o grande espetáculo não gera fins lucrativos e orgulha qualquer um dos envolvidos. “Está em nosso sangue. Fazemos por prazer e amor a Guaratuba e ao samba. É emocionante”, confessa Tipioca, que diz ficar arrepiado ao falar deste assunto.


Carnaval | Guaratuba

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Carnaval | guaratuba

Tipioca e o início da escola de samba

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uando o assunto é a escola de samba de Guaratuba, é impossível não lembrar Tipioca. Aos 78 anos, o guaratubano é fundador e presidente da escola, e o membro mais velho da mesma. “Sou do tempo em que as pessoas matavam lagartos para fazer tamborim com o couro”, lembra. “Tipioca” foi o apelido herdado de seu pai e, segundo o filho, se trata de uma goma que sai da farinha. Nascido em um sítio de Cabaraquara, Tipioca vem de uma família pioneira dos bailes na região. “Meu pai derrubava as paredes de casa para organizar festas em Cabaraquara, como Carnaval e Cantoria de Reis”, conta. E assim aconteceu durante mais de dez anos, até que Tipioca se mudou para a região central de Guaratuba. Sua história com a escola iniciou em 1970, quando ainda era reconhecida como um grupo, denominado Unidos das Caieiras. “Pensavam que eu só sabia roçar quintal, mas

O casal Libania da Costa Nunes e Tipioca, fundador e presidente da escola e o membro mais velho da mesma com a bandeira da Escola de Samba e tocando seu instrumento.

surpreendi na caxetinha (um instrumento musical também chamado de tamborim)” brinca Tipioca, que depois de certo tempo, ficou responsável pelo grupo. Sua esposa, Libania da Costa Nunes, recorda a folia dos instrumentos musicais guardados em sua casa: “Casei com ele e com a batucada”. Com a ajuda dos demais integrantes, Tipioca, no dia 1º de dezembro de 1990, registrou o grupo como escola de samba, passando a chamar então Esco-

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la de Samba Unidos de Guaratuba. Hoje, na sala de estar de sua casa, estão diversos troféus da escola, por reconhecimento, desfiles e apresentações, datados por diferentes carnavais. “Cada um destes troféus carrega suor, trabalho e dedicação, mas especialmente, união, raça e paixão”, afirma Tipioca. Pai de três filhos, avô de dez netos e bisavô de quatro bisnetos, o presidente da escola conta que muitos dos integrantes

são seus sobrinhos. “Gostamos de incentivar os jovens a participarem, para que nosso trabalho não se perca e tenha continuidade”, diz. Se pudesse resumir a sua trajetória vivenciada no Carnaval de Guaratuba, a palavra escolhida por ele seria “saudade” – especialmente dos amigos foliões e instrumentistas que já se foram. Mas afirma: “Nossa escola de samba é nosso sonho e, enquanto tiver forças, vou lutar por ele”.


Carnaval | guaratuba

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O poder do apito de Modesto

alar com as mãos e dar o recado com um apito. Por trás do batuque ritmado e contínuo apresentado na avenida pela escola, há muito ensaios, treinos e, é claro, um bom professor. Evaldo Modesto dos Santos, mais conhecido por Modesto, tem 65 anos e é mestre de bateria da Escola de Samba Unidos de Guaratuba. Junto de Tipioca, a figura de Modesto também remete à história da escola e representa o amor ao Carnaval. Natural de Porto Amazonas – PR, Modesto chegou a Guaratuba no ano de 1968. Por influência de seu falecido irmão, João Modesto, ele conta que se apaixonou pelo Carnaval e continuou sua história na escola de samba. “Aprendi a tocar os instrumentos musicais com meu irmão, que também foi mestre de bateria da escola”, diz Modesto. Bastam alguns minutos assistidos do ensaio para entender a autoridade e o respeito da figura do mestre para a bateria. Mesmo com tantos inte-

Evaldo Modesto dos Santos, mais conhecido por Modesto.

grantes tocando simultaneamente, Modesto faz com que seu apito se sobressaia quando necessário. Assim como um maestro rege a orquestra com sua batuta, o mestre de bateria rege a escola com seu apito e, com ele, dá o pontapé inicial na música, controla o ritmo e avisa os integrantes quando se deve parar. Ser um bom mestre de bateria não se limita a apenas ter um bom ouvido. “Temos que estar presentes em todos os momentos, até mesmo na preocupação se todos os instrumentos estão em condições de serem usados no dia do

desfile”, explica. Surdos, repiques, chocalhos, tamborins, reco-reco, caxetas... São muitos os instrumentos musicais utilizados na bateria da escola, e todos dominados por Modesto. Mais que o mestre dos integrantes, ele atua também como uma espécie de professor dos novos integrantes. É responsável por convidar as pessoas, as acolher e as ensinar determinado instrumento musical. Em poucas palavras, Modesto resume que ser mestre de bateria da escola de samba Unidos de Guaratuba é carregar a responsabilidade de coordenar cerca de cinquenta pessoas no mesmo ritmo. “Minha satisfação é ouvir as batidas do samba e o soar dos instrumentos criarem força, ritmo e volume. Basta ver a expressão do nosso rosto. É uma sensação única”, afirma. Para ele, todos podem participar, ensaiar e tocar, de crianças a idosos, moradores de Guaratuba ou não. Durante a batucada, a regra de Modesto é única e clara: “Só não vale atravessar a música”.

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Carnaval | guaratuba

Casal que samba unido, permanece unido Ana Beatriz

No Carnaval de Guaratuba, a união faz a força. Nesta época do ano, muitas pessoas são unidas e envolvidas pelo espírito carnavalesco de festa, alegria e tradição. Na Escola de Samba Unidos de Guaratuba não é diferente: cerca de 50 pessoas se abraçam, por prazer e amor aos quatros dias de folia, e fazem a batucada ecoar na avenida.

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o entanto, alguns mantêm o coração no ritmo do samba durante o ano todo, como o casal Sueli Rodrigues Silva e Celino Antonio Silva. Ele toca tamborim, enquanto ela é madrinha de bateria e, para eles, é

Carnaval a vida toda. De São Paulo-SP, Sueli e Celino são casados há 25 anos e afirmam que uma das receitas dessa relação duradoura é união e alegria. “No Carnaval de São Paulo, vestimos a camisa e vibramos pela Escola de Samba Mocidade Alegre”, conta o casal

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O casal Sueli Rodrigues da Silva e Celino Antonio da Silva.


que, inclusive, desfilou na ala de Lampião e Maria Bonita no ano de 2008, quando a escola foi vice-campeã. “Se já é emocionante e bonito assistido da tela de televisão, quando integramos este espetáculo, ele se torna ainda maior. É uma sensação indescritível, que todos os apaixonados pelo Carnaval deveriam experimentar”, diz Sueli. Ainda em São Paulo, recordam que pularam diversos carnavais em grandes clubes, como o Ilha Porchat. Durante a preparação para a época mais esperada do ano, Sueli sempre confeccionou suas próprias fantasias, com incentivo e ajuda do marido. O casal, que já possuía familiares na cidade de Guaratuba, passou a residir no litoral paranaense em 2005. “Nos enturmamos com as pessoas e nos habituamos ao ritmo da cidade facilmente”, contam os dois, que se dizem festeiros e apaixonados por viagens. De lado social ativo, Sueli e Celino prestigiam e colaboram com diversos eventos e festividades da cidade, como a Festa do Divino e o grupo de dança gaúcha Raízes da Tradição. Por volta de 2007, ao convite de um neto de Tipioca, presidente da Escola de Samba Unidos de Guaratuba, o casal

soube da existência da mesma. “Ficamos surpresos e felizes pela existência de uma escola de samba na cidade, pois estávamos sentindo falta dessa explosão de emoções que é o Carnaval”, conta Celino. Durante os primeiros ensaios, ele recorda que tocava tamborim, enquanto Sueli sambava. Porém, em um momento delicado em que a escola de samba estava sem porta-bandeira, o estilo, vaidade e desenvoltura de Sueli chamaram a atenção de alguns integrantes. “Eles costumavam brincar que eu seria madrinha da escola, por usar roupas brilhosas e diferentes, até que o convite se oficializou”, recorda Sueli, que prontamente o aceitou. Entre plumas, pedrarias, bordados, arranjo de cabeça e costeiro (a peça das costas, semelhante a asas), Sueli exerce há quatro anos o papel de madrinha de bateria com orgulho, e diz se emocionar ao falar do tema. Com muito cuidado e pesquisas, ela e o esposo compram os materiais da fantasia, que é confeccionada por um profissional da cidade. Além de uma bela fantasia, simpatia e sensualidade, uma boa madrinha precisa ter samba nos pés, ou melhor, nos saltos. Afinal de contas, nas palavras de Sueli, “uma verdadei-

ra madrinha de bateria jamais desce do salto”. Diferente das grandes escolas de samba de carnavais como Rio de Janeiro e São Paulo, a de Guaratuba é pequena, não participa de competições e, consequentemente, não segue regras à risca. “Apesar de a escola ser pequena, todos os integrantes são criativos, apaixonados pelo que fazem e têm muita força de vontade”, diz Celino. Sueli, além de madrinha de bateria, atua também como porta-bandeira e passista. Seus inúmeros carnavais a fazem explicar a diferença dessas funções: “A madrinha é uma figura festejada e de trajes ousados que desfila a frente da bateria, enquanto a porta-bandeira leva o estandarte da escola usando fantasias pesadas e luxuosas. Já os passistas são responsáveis por preencher os espaços vazios, sambando com muito charme”, explica. Desse modo “três em um”, Sueli reverencia a bateria, enquanto carrega a bandeira e samba. Já o marido Celino integra o número de instrumentistas, dando som ao tamborim. Quando questionado sobre a possibilidade de ciúme de sua esposa, que samba para milhares de pessoas vestidas em trajes ousados, ele responde: “Nosso respeito e confiança é maior

que tudo, e desde sempre enxergamos o Carnaval como uma verdadeira arte. Mas procuro não olhar muito para ela, se não me desconcentro”, brinca o instrumentista. Para o casal, integrar a Escola de Samba de Guaratuba é mais do que se fazer presente durante os quatro dias de festa. “Participamos, sempre que possível, de reuniões, eventos, ensaios e compromissos da escola, a fim de contribuir para seu crescimento e melhorias”, diz a madrinha de bateria. Além dos desfiles de carnaval, a escola se apresenta em outras datas festivas, como nos Jogos da Terceira Idade, Festa do Divino e aniversário da cidade. Vivendo uma relação pautada na parceria, cumplicidade, união e respeito, os carnavalescos Sueli e Celino acreditam que, apesar das dificuldades, ainda há muita cor e vida no cotidiano. “Descobrimos que Guaratuba oferece bons amigos, histórias e vivências àqueles que aqui residem com carinho, respeito e que confiam no seu potencial”, acreditam os paulistanos, que já se consideram guaratubanos de coração. Para o casal, a execução dos passos e as batidas do tamborim são exemplos fiéis de que, juntos, todos podem mais.

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Carnaval | guaratuba

Família e tradição “Tradição” significa o conjunto de bens culturais que se transmite de geração em geração e é, para muitos, a palavra que melhor define o carnaval guaratubano. Em um gesto de passado que indica respeito, dona Hortência Margarida Flora foi uma foliã de personalidade marcante que, assim como tantos outros foliões guaratubanos, já se foi, no entanto, sua figura é reconhecida por muitos como parte da história do Carnaval de Guaratuba. Ana Beatriz

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ais do que na memória da Escola de Samba da cidade, a eterna foliã se faz presente em muitas tradições da data e, no ano passado, foi homenageada na avenida. “Podemos passar horas lembrando quem foi ela, mas

somente quem a conheceu compreende sua importância para o carnaval de Guaratuba, assim como esta época do ano era importante para ela”, diz Mario Luiz Flora, filho de Hortência. Para os moradores da cidade, ela era uma senhora sociável, que convivia, inclusive, com os jovens, e os incentivava a

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sonhar. Era conhecida por ser uma pessoa muito positiva, carismática, festeira e ter muitos amigos. “Ela era muito vaidosa e adorava frequentar bailes”, recorda o filho. Antes mesmo da criação da banda da cidade, Hortência passou a participar da escola de samba Unidos de Guaratuba

como porta-bandeira, ao lado do filho Mario, que entrou como mestre de bateria durante um ano e, em seguida, passou a ser mestre-sala, acompanhando sua mãe na linha de frente da escola. Juntos, mãe e filho escreveram história na escola. “Minha mãe aguardava o ano todo an-


Dulce e Mario em homenagem a dona Hortência Margarida Flora, com Algacyr Tulio ao centro.

siosa pelo Carnaval. Ela quem costurava sua própria roupa e insistia para que ensaiássemos juntos, em casa. Já na avenida, ela desfilava, sambava, gritava e depois ainda ia para o baile dançar mais”, recorda Mario. Seu entusiasmo e disposição fizeram de dona Hortência uma foliã destacada dos demais.

Em 2012, ela insistiu aos familiares para sair na avenida. Nesse ano, por conta do estado agravante de sua saúde, a porta-bandeira desfilou em cima de uma caminhonete. “Poucas coisas a deixavam mais feliz que desfilar. Por isso, ela não media esforços para representar a escola, mesmo com chuva ou ven-

to”, diz Mario. Contudo, esse foi o último Carnaval abrilhantado pela presença de dona Hortência, que veio a falecer aos 84 anos de idade, deixando saudade e boas lembranças a amigos e familiares. Os anos seguintes foram difíceis para o filho, principalmente na época de Carnaval. A

avenida lotada, a batucada, as roupas, as músicas... Em cada detalhe o filho enxergava a mãe, sua parceira de tantos carnavais. Durante dois anos seguidos Mario não desfilou pela escola de samba. “Sempre que me aproximava da avenida, sentia um misto de dor e emoção”, lembra.

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Porém, em 2015 foi diferente. Mario diz que passou a compreender melhor o falecimento de Hortência e, reconhecendo sua referência no Carnaval de Guaratuba, preparou uma homenagem a ela. “Passei a procurar alguém que pudesse representar minha mãe como porta-bandeira da escola, para desfilar ao meu lado” diz o mestre-sala. Assim, sua amiga Dulcinéia da Fonseca, mais conhecida por Dulce, foi convidada. Nas palavras de Mario, assim como dona Hortência foi, Dulce é animada, desinibida e apaixonada pelo Carnaval. “Emocionada e surpresa, prontamente aceitei o convite de ‘interpretar’ Hortência na avenida”, diz Dulce, que como todo bom carnavalesco, tem boas histórias com carnavais. Natural de Curitiba-PR, já na infância Dulce foi rainha de bateria mirim e, em seguida, passou a participar ativamente de carnavais na parte de produção e confecção de fantasias. “Meu pai era presidente da associação do bairro e um dos responsáveis pela organização dos bailes de carnaval”, conta ela, que desfilou pela escola de samba Mocidade Azul, de Curitiba, até residir em Guaratuba, há 22 anos. Representar Hortência, uma

das figuras mais marcantes e simpáticas da cidade foi, para Dulce, um grande desafio e responsabilidade. Portanto, tudo teve que ser pensado nos mínimos detalhes. “Analisamos algumas fotos para que fosse feito um traje similar aos trajes que minha mãe usava como porta-

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-bandeira”, conta Mario. Acostumada a cair no samba com os dedos sujos de cola quente devido às fantasias de Carnaval que criava, esta foi a primeira vez que Dulce desfilou com um traje pronto e feito por outras mãos. “Foi uma novidade, uma sensação estranha, mas ao

mesmo tempo encantadora. Me senti uma estrela”, comenta. O vestido confeccionado para Dulce foi um modelo tomara-que-caia bordado com hortênsias, em homenagem a porta-bandeira. Pensando na figura marcante que viria a representar, Dulce


Dulce e Mario com Rocio Bevervanso.

utilizou acessórios, como anéis, pulseiras, colares e o turbante – marca registrada de Hortência. Já a bandeira foi a mesma carregada pela porta-bandeira durante seus mais de 30 anos. Dando mais ênfase à homenagem, a imagem de dona Hortência foi estampada na bandeira. “Foi uma sensação única. Mesmo debaixo de chuva e vento, os moradores e turistas prestigiaram o desfile com emoção, e muitos correram para

beijar a bandeira com a imagem de Hortência, percussora disso tudo”, diz Dulce. Com a sensação de dever cumprido, Mario diz: “Acredito que minha mãe estava lá, nos abençoando e vibrando com a gente durante todo o percurso”. Para eles, a escola de samba representa a alma do carnaval. “Mesmo com a chegada de novas tecnologias, como trio elétrico e músicas remixadas, o povo gosta mesmo é da batu-

Mario, durante exposição na antiga Casa da Cultura.

cada da escola de samba, das tradicionais marchinhas e do samba no pé”, afirma Mario. Na opinião dele, um bom carnaval não se faz com glamour e coisas grandiosas, e sim com simplicidade, união e boa vontade. “Gente criativa, que gosta, sabe realizar um trabalho bem feito e vive o espírito do carnaval nós temos, mas ainda falta apoio e reconhecimento de muita gente”, diz Dulce. O desejo de Hortência, ícone

do carnaval da cidade, se faz presente nos corações de muitos foliões: Um carnaval para todos, que ofereça atrativos e segurança para um público que vai desde crianças aos idosos. Ao exemplo da família Flora e de tantas outras famílias da escola de samba Unidos de Guaratuba, aprendemos que para sambar não existe idade e que, apesar de tudo, esta data festiva ainda representa muitas famílias e tradições.

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Arte

Pintura e voluntariado,

uma combinação para todos Ana Beatriz

Mais do que batuques e folia, a raiz do Carnaval representa uma manifestação cultural. Músicas, danças, fantasias, máscaras, carros alegóricos e bonecos gigantes provam que é tempo de cores e de um despertar artístico. Em ritmo de festa, nesta edição, a Revista Giropop também contempla a arte, que assim como o verdadeiro espírito carnavalesco, celebra a vida, a fim de levar cores e significados peculiares a milhares de pessoas.

T

oda atividade artística tem um sentido único, e a prática se torna ainda mais especial quan-

do bem intencionada, ou seja, quando a atividade se torna uma atitude do bem, como fez a artista e artesã Everci Dalla Vecchia, mais conhecida por Sissa, de Guaratuba. Apaixonada pela arte e suas formas de expressão, a pintura a proporcionou– além de prazer, ocupação e geração de renda – um meio de ajudar o próximo. Através do trabalho voluntário realizado em duas entidades da cidade, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV – Criança e Adolescente) e a Associação de Pais, Amigos e Deficientes Visuais de Guaratuba (APADVG), ela está mostrando como é fácil e prazeroso fazer a diferença. Sissa, que já desenvolvia trabalhos como artesã, conheceu a pintura há cerca de quatro anos. “Costumava levar meu filho para fazer aula de pintura, então, aproveitei o momento para fazer aulas também”, conta. Já nas primeiras pinceladas, ela recorda que se surpreendeu com sua

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Sissa presta trabalho voluntário em duas entidades de Guaratuba.

facilidade, domínio das técnicas e com o prazer que encontrou na pintura. “O prazer de quem pinta existe desde o preparo de materiais até o prazer da criação em si e de seus retoques finais”, afirma. Em suas obras, costuma

retratar flores e paisagens de Guaratuba, no estilo realista. Recentemente, Sissa tem engajado projetos artísticos além de seu ateliê e da Casa do Artesão de Guaratuba, onde é artesã e colaboradora, iniciou também


Artista e artesã Everci Dalla Vecchia, mais conhecida por Sissa, de Guaratuba.

trabalhos voluntários. “Sempre senti a necessidade de ajudar o próximo e transmitir meus conhecimentos”, conta. A oportunidade surgiu através do programa “Paraná em Ação”, onde ela percorreu todo o estado durante

três temporadas oferecendo oficinas manuais de confecção de “biojoias” – bijuterias feitas com sementes, conchas e afins. A partir daí, o trabalho voluntário da artesã ganhou visibilidade, a levando para outros rumos e projetos. Do artesanato, o voluntariado também passou para a pintura. O convite para lecionar oficinas de pintura na SCFC – Criança e Adolescente surgiu há dois anos, através de uma amiga. “A Unidade atende crianças e adolescentes carentes na faixa de 7 a 15 anos de idade, no contra turno da escola”, explica. As oficinas da artesã acontecem em determinados dias da semana aos alunos interessados. Durante as aulas, crianças e adolescentes produzem pinturas em telas, com as mais diversas técnicas. “Alguns destes alunos trazem consigo vivências nada agradáveis”, conta Sissa, “este turbilhão de emoções e sentimentos pode se transformar em arte, gerando resultados surpreendentes”, complementa. Além da pintura, na SCFV também são realizadas outras atividades, como futebol, coral e dança. Esta também é uma oportunidade de profissionalizar o trabalho dos alunos, dando o devido reconhecimento à arte e sua profissionalização. “Minha missão é, acima de tudo, mostrar às crianças e

adolescentes que eles podem sonhar”, afirma Sissa. Há aproximadamente um ano, ela também passou a realizar trabalhos esporádicos na APADVG, através do convite de uma cliente da Casa do Artesão. Na Associação, Sissa ensina pintura para cerca de 30 alunos com necessidades especiais, entre eles deficientes auditivos, visuais e cadeirantes. Nas aulas, paciência e carinho são tão importantes como o conteúdo. “Tem pessoas com cegueira parcial, mas que querem pintar e têm força de vontade”, diz Sissa. As técnicas são ensinadas dentro das possibilidades de cada um, e as pinceladas já têm demonstrado resultados positivos, seja nas telas ou na saúde dos alunos. Embora a arte não seja capaz de devolver totalmente os sentidos, regenerar membros ou curar problemas mentais, oferece às pessoas com necessidades especiais a possibilidade de ressocialização e superação, através de uma atividade prazerosa. Os benefícios da pintura são reconhecidos por pais e amigos dos alunos da APDVG. “Muitos alunos pintam pensando em presentear seus familiares com as telas”, conta Sissa. Isso prova que o estímulo da família é fundamental, uma vez que a arte trabalha diretamente

com a autoestima. Assim, enquanto de um lado está a atenção, do outro está a superação. “A pintura é uma atividade simples e íntima, mas de valores e prazeres imensuráveis”, diz a artesã, que para este ano de 2016 já fechou uma turma de alunos para oficina de biojoias – completando o ciclo e as técnicas no voluntariado. Com o sentimento de compartilhar com os outros a sua paixão e acreditando na filosofia de que “com arte o mundo é melhor”, Sissa, bem como seus colegas artistas, artesãos e alunos, comprova a quem quiser que a pintura é, sim, coisa para todos. E se a ajuda é importante para quem a recebe, para quem a faz não é diferente: Quem realiza o trabalho voluntário é tão ou mais enriquecido quanto. “Acredito que todo mundo inicia fazendo caridade porque acredita que tem que retribuir algo para a sociedade, mas depois percebe que quem precisa disso somos nós mesmos”, diz Sissa. A recompensa, para ela, é dada por meio de ensinamentos técnicos, emocionais ou mesmo sociais. A combinação de pintura, artesanato e voluntariado constatada por Sissa, mostra que a arte, quando usada como instrumento de bem e amor ao próximo, se torna ainda mais nobre e valiosa.

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Arte

Arte com soluções criativas e sustentáveis Juninho com seu filho Caíque e algumas das suas telas.

Ana Beatriz

O campo da arte, quanto mais se conhece, mais amplo se torna. A partir de uma sensibilidade desenvolvida, é possível descobrir que basicamente tudo à nossa volta é arte, ou pode ser tornar parte dela – este é o ponto de vista compartilhado por Ozias de Oliveira Freitas Junior, mais conhecido por Juninho, de Itapoá.

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rtista, artesão, curioso, experimentador: Juninho é um pouco de tudo, e segue buscando novos estilos e técnicas artísticas para suas telas e demais trabalhos. Para ele, fazer arte não implica em investir nos grandes materiais, mas sim, en-

xergar a vida sob um ponto de vista sustentável e criativo. Nascido no interior do Paraná, Ozias mora em Itapoá desde os sete anos de idade. Seu primeiro contato com as tintas e suas cores se deu através de seu pai, que pintava casas. Na escola, a disciplina de artes era a sua favorita, já que ado-

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rava desenhar. “Meus cadernos eram cheios de esboços e rabiscos, especialmente de praias e ondas”, conta Juninho, que surfa desde os 12 anos. Da infância, Ozias seguiu desenhando de forma amadora até os 21 anos, quando passou a morar na beira da praia, o que significou, para ele, uma

época de boas inspirações. “Nosso verdadeiro quintal era a areia, de frente para o mar. A gente tinha um barco e nossos passeios até a Ilha de Itapeva eram frequentes”, recorda ele, que aproveitava a oportunidade para recolher ouriços, conchas e outros materiais. Certo dia, o artista encon-


Ozias tem se engajado em esculturas de pequenas ondas decorativas, com estrutura feita de materiais recicláveis,

trou algumas telas abandonadas, experiência que não foi à toa. Então, no quintal de sua casa, com tintas e matérias-primas da natureza, fez seu primeiro quadro. “O resultado foi positivo, e muitos amigos gos-

taram, então passei a procurar materiais e divulgar os trabalhos nas redes sociais”, conta. A fim de explorar novas culturas e conhecer novos lugares, Ozias deixou Itapoá e se aventurou a conhecer Porto de Galinhas – PE, onde acabou morando por dois anos. Em seguida, passou duas temporadas no Chile. “Durante este período de viagem eu trabalhei muito e tive pouco tempo para me dedicar à arte”, conta. Entretanto, ele ressalta que as viagens foram essenciais para sua bagagem e repertório visual. “Viajando a gente vê muitas coisas que nos inspiram”, conta Juninho, que destaca o artesanato local de Porto de Galinhas, e a forte presença dos grafites e tatuagens no Chile. Em 2015, de volta a Itapoá, retomou seu processo com as telas, com ainda mais identidade. Desenhos abstratos, releituras de rostos, paisagens... Inúmeros são os estilos de seus desenhos. Suas telas são marcadas por cores vibrantes e misturas de várias técnicas, como o stencil, tinta acrílica sobre tela, madeiras, conchas e esculturas. “Cada um dos estilos e técnicas são únicos. Gosto de variar, misturar e aprender um pouco de tudo. Acredito que isso torna o trabalho mais rico”, diz Ozias.

Na procura por novos estilos artísticos, ele conta que a internet e a televisão são fundamentais. “Estes meios de comunicação, quando bem utilizados, nos oferecem muitas informações e ideias, de modo a nos inspirar e facilitar o processo artístico”, afirma. Já para iniciar um projeto ou aprender uma nova técnica, Juninho diz que é fundamental estar se sentindo bem. “Transpassamos nossos sentimentos para tudo o que fazemos, e com a arte não é diferente. Se estiver se sentindo bem, a tela vai ficar bonita. Se estiver se sentindo mal, vai ficar feia. É simples”, explica. Com soluções criativas e sustentáveis, Juninho desmistifica a ideia de que para produzir arte é preciso gastar dinheiro na compra de materiais com preços exorbitantes. Para ele, muito do lixo que produzimos pode ser reutilizado, assim como algumas matérias-primas oferecidas pela natureza. “Costumo visitar um ferro velho na procura por materiais, e sempre saio com alguma coisa, sejam telas ou objetos que possam ser reaproveitados”, conta. Nas suas palavras, arte está em tudo, basta reconhecer e decidir o que fazer com ela: “Podemos jogar embalagens no lixo ou transformar em uma escultura de um boneco e presentear uma

criança, por exemplo”, afirma. Recentemente, Ozias tem se engajado em esculturas de pequenas ondas decorativas, com estrutura feita de materiais recicláveis, como pote de salgadinhos e isopor. Em sua casa, Ozias não é o único envolvido com a arte e seus orifícios. Sua esposa, a chilena Catalina Navarro, é apaixonada por música, tendo cantado algumas vezes em bares do município. Já o pequeno Caíque, filho do casal, é sua fonte de inspiração. Juninho conta que, inclusive no dia do seu nascimento, pintou um quadro para o filho. “Tenho desenvolvido diversos trabalhos inspirados nele, como telas com personagens de desenhos animados e de uma linguagem mais infantil”, explica. Juntos, uma das atividades realizadas entre pai e filho são pinturas com tinta guache. Os planos futuros de Juninho incluem explorar novas técnicas artísticas com materiais inusitados. “Pretendemos desenvolver projetos em família, fazendo arte e vendendo Brasil afora”, conta. Seja criando, inventando ou viajando, Ozias acredita que a vida é sempre mais do que parece ser e que, quanto mais descobrimos e conhecemos, maiores nos tornamos.

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Arte

Um pouco de arte, um pouco de praia Sereias, âncoras, hibiscos e ondas: Tudo o que remete ao universo praiano do município de Itapoá serve de fonte de inspiração para a arte de Juliane Bittencourt. Apesar de jovem e de a pintura ser uma prática recente, suas telas – marcadas por elementos marítimos e cores vibrantes –vêm conquistando cada vez mais os apreciadores da arte e apaixonados por praia. Juliane Bittencourt, de Itapoá-SC, e algumas de suas produções. Ana Beatriz

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arte sempre esteve enraizada na família de Juliane. Ela se recorda de momentos da infância desenhando com a avó, porém, sua mãe foi a principal motivadora a despertar seu lado artístico: “Ela sempre desenhou muito bem e possui

habilidades para artesanato e decoração”. Além disso, Juliane era frequentemente presenteada com cadernos de desenho na infância e, na escola, se destacava nas aulas de artes por conta da sua habilidade e criatividade nos desenhos. Este dom a motivou iniciar o curso de Arquitetura e Urbanismo e, durante a faculdade teve o primeiro contato com as téc-

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nicas, através da disciplina de Desenho Técnico e workshops. Esses conhecimentos permitiram que Juliane fosse além dos tradicionais desenhos feitos com grafite e lápis de cor, passando a dominar técnicas, como aquarela e giz pastel, e estudos, como proporção e perspectiva. Aliado à faculdade, Juliane realizou um curso de tatuagem em um estúdio onde trabalhou

– o que também contribuiu para seu repertório artístico, especialmente no quesito de pesquisas e referências. “Passei, então a desenhar em papéis específicos para aquarela e criar desenhos mais estilizados”, explica. A experiência no estúdio de tatuagem também serviu de incentivo para que suas pinceladas fossem do papel à tela. “Pintei minha primeira tela em


Para pintar, Juliane se inspira na praia e seus elementos.

2012 e, de início, me identifiquei e tive retorno positivo de amigos”, conta Juliane. Para ela, as redes sociais foram essenciais, pois serviram de motivação para cada tela que viria a seguir e também como meio de divulgação dos trabalhos. Foi em um cantinho de seu quarto que a arte nasceu e acontece. Ali, em meio a tintas, lápis, canetas, pincéis, papéis e telas, Juliane passou a pintar e desenhar não somente para si, mas também para os outros, deixando seus trabalhos à venda e até mesmo criando através de encomendas. A cada pincelada, ela conta que ganha mais confiança, e suas telas, mais identidade.

“Com a prática, perdi o medo de pintar, as ideias não ficam limitadas e têm mais personalidade, pois consigo expor minhas vontades com mais facilidade”, explica. Moradora do litoral desde 2000, a inspiração não poderia vir de lugar melhor: A praia. Cores vibrantes, elementos do mar, como conchas, peixes e águas-vivas, e composições com mandalas e pontilhismo são características marcantes de seus trabalhos. Sempre em busca de referências e novas técnicas, ela também se aventura a pintar outros estilos. “Meu maior desafio, até hoje, foi uma tela no estilo realista de um personagem, a pedido de uma

amiga”, conta Juliane, “mas ao fim, me superei e ela gostou do resultado”, complementa. Ela explica que, assim como os próprios desenhos, o tempo de criação também varia de acordo com seu tamanho e complexidade. “Uma tela pode levar horas, enquanto outra pode levar dias”, conta. Sua habilidade com os desenhos já lhe rendeu pequenas exposições, como em uma convenção de tatuagem em Joinville, e Juliane já vivenciou a experiência da troca de aprendizados, como convidada para ensinar pintura às crianças de uma escola do município, durante aulas de artes. Além do universo de tintas e

pincéis, Juliane tem uma segunda paixão: A fotografia. Apaixonada pelo município onde vive, ela costuma explorar as praias de Itapoá para capturar registros e usufruir da natureza. “Apesar de a minha relação com a fotografia ser amadora, é algo muito especial, pois Itapoá sempre surpreende, oferecendo novas percepções, muito mais do que estamos habituados a ver”, conta. Em três anos de pinceladas e divulgação, seus quadros, telas e desenhos já são sucesso no município de Itapoá, porém, o caminho é longo. Juliane acredita que, quando se trata de arte, os desafios e aprendizados são infinitos. “Sempre podemos evoluir um traço, criar uma nova cor ou repensar um novo elemento”, diz. E nessa filosofia, suas paixões – arte e praia – se assemelham, pois ambas são dignas de inúmeras interpretações e são, para Juliane, o segredo de uma vida mais feliz. De Curitiba-PR, ela conta que sua família costumava frequentar o município de Itapoá antes mesmo de seu nascimento, até se mudarem, no ano de 2000. Na escola, Juliane era um dos destaques nas aulas de artes, por conta da sua habilidade e criatividade nos desenhos.

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Giropop na Escola

Experiência artística, projetos e sala de aula Ana Beatriz

No clima de cores, brilhos e batuques trazidos pelo Carnaval, nesta edição do Giropop na Escola a arte também se faz presente. De Itapoá, a professora Cíntia Beatriz Machado Pereira resiste à imagem do professor de artes que desenha e pinta muito bem, faz lembranças e decora a escola. “Essa imagem está defasada há muito tempo, e precisa mudar”, diz. Para Cíntia, que teve dois de seus projetos finalistas no prêmio Arte na Escola, um projeto de sucesso deve conciliar interesses reais e significativos, aprendizados, discussões entre professor e alunos e a participação da equipe gestora.

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ascida em Joinville-SC, a primeira experiência de Cíntia como professora surgiu há 14 anos. “Sempre gostei de trabalhos manuais. Quando criança, aprendi crochê com minha avó. Depois, fiz um curso de tapeçaria. Já em Itapoá, eu e meu marido trabalhamos com pintura em cerâmica até chegarmos ao mosaico, que é uma de minhas paixões”, conta. Iniciou o curso de Artes Visuais e, desde então, vem trabalhando como professora de artes contratada na rede municipal de Itapoá. Desde que iniciou a faculdade, Cíntia conta que passou a ter um novo olhar sobre a arte e seu ensino. Ela ressalta que a disciplina é tão importante quanto às demais: “A experiência artística é um exercício de sensibilidade, onde as vivências têm significados e conteúdos, e pode ser estimulada por meio de práticas pedagógicas, que se constroem com as interações entre o ‘fazer’, ‘conhecer’ e ‘exprimir’”. Dentro da proposta curricular, em sala de aula Cíntia conta que sempre procurou traba-

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Professora Cíntia Machado Pereira e seus alunos da Pré-Escola Palhacinho Feliz, acompanhados do artista joinvilense Amandos Sell.

lhar com projetos. “Desenvolver projetos é melhor para que os alunos compreendam todo o processo e entendam como acontece com o artista que pesquisa e experimenta até chegar ao produto final”, afirma a professora. Em 2015, Cíntia lecionou na Escola Municipal Euclides Emídio da Silva, com alunos do 1º ao

9º ano, e na Pré-Escola Palhacinho Feliz, com crianças do Pré I e II. Na escola, desenvolveu um projeto de revitalização de espaço, mobilizando todos os alunos e a comunidade para arrecadar doações de sucatas, pneus, embalagens plásticas, antena parabólica e até uma canoa. Já na pré-escola, trabalhou com o projeto de experimentação que,


Roda de discussão entre professor e alunos é uma das etapas do projeto.

Crianças experimentando e vivenciando a experiência artística.

segundo ela, é muito importante para a criança que não tem acesso aos materiais de pintura, modelagem ou colagem. “Neste projeto elas experimentam todo o tempo, para que estejam aptas a produzir qualquer linguagem artística, sem medo de se sujar, ou de colocar muita tinta, cola, enfim, sem nenhum bloqueio”, explica Cíntia. Outro projeto desenvolvido na pré-escola foi o estudo do artista joinvilense Amandos Sell, onde as crianças participaram de todas as etapas e, ao final, o artista visitou a escola. De acordo com Cíntia, todo projeto deve seguir algumas etapas: “Primeiro, vem a socialização para a equipe gestora e demais professores, pais, comunidade e alunos. Depois, pesquisamos muitas coisas relacionadas ao tema e, em seguida, vem a fruição, onde se aproveita o que foi pesquisado e faz-

-se a compreensão para a produção final”, explica. Para a professora, o resultado final é trabalhoso e pode custar algumas horas a mais de trabalho, dias e até mesmo finais de semana, entretanto, é gratificante e compensador. Através de sua experiência, Cíntia afirma que a abordagem de ensino deve ser diferente conforme a idade dos alunos. “Quando trabalhamos com os pequenos devemos buscar subsídios atrativos conforme a idade, para que haja compreensão e encantamento”, diz a professora, “já com os maiores, é mais difícil, pois eles estão cada vez mais conectados e ligados às tecnologias, com fácil acesso a informações do mundo todo”, complementa. Portanto, é este seu maior desafio enquanto professora, fazer com que a aula de artes seja atrativa. Desse modo, Cíntia costuma dosar um pouco de

tudo: Nem muita tecnologia, nem muita teoria, nem muita prática. Ela também desmistifica a ideia de que artes se resume em produção. Na falta de materiais, Cíntia sugere materiais alternativos, onde podem ser trabalhados conceitos de meio ambiente, ecologia, arte e sustentabilidade. “Gosto que o aluno reflita a respeito da arte, por isso adoto o portfólio há um tempo, para que o aluno escreva o que sente e, através das suas reflexões, perceba a sua evolução”, diz. Muito do sucesso de um projeto está, para Cíntia, na equipe gestora e pedagógica da instituição de ensino. “Se estes profissionais tiverem pensamentos de uma educação tradicional, fica difícil fazer com que a disciplina de artes seja compreendida. Mas se forem pessoas que estão sempre atualizadas e buscam uma educação inovadora, estarão à frente e atuarão participativos e colaboradores”, explica. Para 2016, a professora Cíntia pretende colocar em prática um projeto pessoal, de oferecer oficinas para crianças no seu atelier com parceria de outros professores. Tudo isso, sempre objetivando sensibilizar o olhar das pessoas para que a arte e suas práticas sejam vistas com bons olhos e recebam o devido reconhecimento.

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homenagem

25 de janeiro – Dia do Carteiro

Laura, homenageando o papai Fabiano.

Da esquerda para direita, os carteiros Frederico Fernando, Denilton da Silva Costa, Fabiano Ramos (e a filha Laura) e Acir da Silva Costa, de Itapoá-SC.

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“Oi, pessoal! O meu nome é Laura Aparecida Benkendorf Ramos e estou aqui, com essa roupinha de carteiro, para homenagear meu papai Fabiano Ramos, de 35 anos. Minha mamãe Estela e eu preparamos esta surpresa, pois dia 25 de janeiro foi comemorado o Dia do Carteiro, profissão que meu papai escolheu e vive há quinze anos com tanto orgulho, em Itapoá. Todos os dias, ele veste seu uniforme azul e amarelo e vai trabalhar ‘feliz da vida’. Sua simpatia que conquista a todos e sua organização admirável fazem de seu trabalho, prazeroso, e nós, da família, orgulhosos. E, cá entre nós, vou contar um segredinho: Papai não gosta quando, ao fim do dia, chega da agência com alguma entrega por fazer, pois sua satisfação é deixar seus remetentes felizes. Papai Fabiano, você é o meu herói. Parabéns a você e a todos estes profissionais que agem discretamente pelas ruas de todo o Brasil – mesmo com chuva, frio ou calor. Mais que um elo entre as pessoas, independente da distância, você, carteiro, é também um admirável ser humano. Um beijo da Laura para o papai Fabiano, e parabéns também a Acir da Silva Costa, Denilton da Silva Costa e Frederico Fernando, carteiros do nosso município de Itapoá, que são muito dedicados e esforçados com seu trabalho. Vocês merecem toda a nossa admiração e respeito!”.





EMPREENDEDOR ITAPOÁ

O cenário visto de cima e registrado

O fotógrafo Gilson César Abraão e o piloto Rafael Veiga. Augusta Gern

A

pesar de cada pessoa ter um olhar diferente sobre as coisas, os cenários paisagísticos de Itapoá e Guaratuba são vistos pelos mesmos ângulos pela maioria das pessoas: do continente para o mar, quando se está em terra firme, ou do mar para o continente, em um passeio de barco ou prática de esporte náutico. É difícil imaginar que também podemos ver eles de cima, como se estivéssemos entre as nuvens, mas é possível. Através das imagens de Gilson César Abraão podemos acompanhar lá de cima as belezas e o desenvolvimento das cidades. Conhecido pelas fotos aéreas, Gilson conhece muito bem este outro ângulo de Itapoá e Guaratuba. Morador de Itapoá desde 2006, ele trabalha com fotos aéreas há quase 20 anos e,

há cerca de uma década, acompanha as cidades de Itapoá e Guaratuba de cima. Este ofício começou quase por acaso, quando foi morar em União da Vitória, depois de alguns anos que passou na Bahia. “Logo que cheguei a minha mãe arrumou um emprego com o vizinho, que trabalhava neste ramo. Assim, foram dez anos como vendedor de uma empresa especializada em fotos áreas”, lembra. Como vendedor tomou gosto e passou para empreendedor do próprio negócio. Como não se dava muito bem com altura, iniciou com um fotógrafo contratado, mas logo na primeira necessidade, perdeu o medo e se apaixonou pelos voos. “Hoje os perigos de voar são menores do que andar de carro neste trânsito maluco, adoro voar”, afirma. Junto com o gosto pelos voos, vem a admiração pelas paisagens. Gilson confessa a

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paixão por alguns cenários específicos da região, em Itapoá, por exemplo, entre suas preferências estão as três pedras no balneário Itapema do Norte, a região da Barra do Saí e a região do Pontal, bem próximo ao Trapiche. A Baía da Babitonga e a Baía de Guaratuba também entram nesta lista. Além de apreciar as belezas, lá do alto ele consegue observar o crescimento como ninguém. Conforme Gilson, em Itapoá é possível perceber a evolução a cada seis meses, principalmente na região do balneário Itapema do Norte. “Quem mora aqui não consegue imaginar o quanto está crescendo”, afirma. Segundo ele, além do número de moradias, é notório o aumento de empresas também. Já em Guaratuba, a maior mudança se deu, principalmente, na estrutura e revitalização dos bairros e da orla que, para ele, ganharam muitas melhorias nos últi-

mos anos. Também é com suas fotos que conseguimos ter ideia do movimento na temporada. O colorido dos guarda-sóis preenchem as praias e afirmam a preferência dos turistas por algumas regiões. Quando o tempo está bom, são garantidos voos todos os dias entre o Natal e o dia 5 de janeiro. “Sem dúvida o verão é a melhor época para fazer fotos, principalmente pelo movimento na praia e nas ruas”, ressalta. Junto às imagens paisagísticas, seu trabalho também está muito voltado à questão comercial: “os principais objetivos de minhas fotos são dar a oportunidade às pessoas terem outra visão de seus imóveis e também acompanharem a evolução de seus empreendimentos”. Conforme Gilson, qualquer pessoa pode contar com o seu serviço e encontrar um novo ângulo para o olhar. Renascer Fotos Aéreas 47 9956.2899 41 9845.1649



Estilo

A importância de estar bem consigo mesma Ana Beatriz

Tem novidade na Revista Giropop! Nesta edição, estreia uma nova pauta, chamada “estilo”. Sempre favorecendo o que Itapoá e Guaratuba têm de melhor, dessa vez, nosso alvo está nas ruas, no dia a dia, e que não passa despercebido. São as pessoas consideradas “estilosas”, “autênticas” ou até mesmo “diferentes”, por fatores que vão desde as roupas até tatuagens e cortes de cabelo. A intenção é que estas pessoas inspirem outras pessoas, com dicas de moda e beleza. E tudo isso de forma natural, respeitando todos os gostos e preferências. Afinal, o estilo (que está do lado de fora) é decorrente da atitude (que vem de dentro), e vale lembrar que, felizmente, ninguém é igual a ninguém. Boas inspirações a vocês, leitores!

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Emanueli Halaiko Carvalho, mais conhecida por Manu


“Diferente”

– esta palavra soa simpática para Emanueli Halaiko Carvalho, mais conhecida por Manu, e seria, talvez, a melhor definição de seu estilo. Com 21 anos de idade, é técnica em química capilar, área que envolve alisamentos e colorimetria, e trabalha há três anos no salão de beleza G’CabeloArt, em Itapoá. Criar moda e reinventar são desafios prazerosos para ela não somente enquanto profissional, mas também no seu estilo pessoal. Os anos de trabalho e estudo com beleza influenciaram diretamente no estilo de Emanueli. “Adoro me olhar no espelho e acompanhar as mudanças, ouvir as opiniões das pessoas e suas expressões, cada vez que me encontram diferente”, diz. No seu processo de construção de identidade e estilo, a gravidez foi fundamental. Ela, que se tornou mãe aos 16 anos, na fase em que estava se descobrindo como mulher, conta que sofreu depressão pós-parto e ficou abatida com a rotina cheia de novidades que desconhecia. “Na rotina de cuidar de um bebê, esqueci de mim por um bom tempo”,

conta Manu, “mas quando me dei conta de que gerei algo lindo, me reergui, me sentindo melhor comigo mesma, me tornando mais madura, mais mulher e até mesmo mais bonita”, complementa. E com o sentimento de dar a volta por cima, retomou sua autoestima, se sentindo bem com a vida que lhe foi escolhida. Além de suas tatuagens e maquiagens, uma de suas características mais marcantes é o cabelo, ou melhor, as fases de seus cabelos. “Sempre que vejo cabelos diferentes em clientes ou em cursos, já quero aderir”, conta Manu. Adepta às mudanças e experimentações, ela recorda que já teve cabelo longo e curto, foi loira, ruiva, morena e platinada, e seus cabelos já tiveram pontas azuis, rosas e roxas. “No momento, estou deixando meu cabelo lembrar quem ele é”, brinca ela, que assumiu seu tom natural de castanho escuro, e desfruta o momento com seu cabelo curto de um lado e raspado de outro. Já quando se trata de roupa, Emanueli prioriza estilo e preço. Ela conta que não compra peças com preços exorbitantes, uma vez que encontra roupas tão lindas quanto, por valores mais acessíveis. “Reconheço que a qualidade do tecido e costura não são as mesmas, mas esta escolha me possibilita ter, por exemplo, três peças de R$ 50, ao invés de uma peça de R$ 150,o que significam duas combinações a mais para meu guarda-

-roupa”, explica Manu. Nas lojas Renner, Riachuello, C&A e Marisa, ela conta que encontra peças de seu gosto, diferentes e com preços acessíveis. Os brechós também são paixões de Manu, que adora restaurar, customizar e dar novo aspecto para as roupas junto de sua mãe, uma costureira “de mão cheia”. “Gosto de criar cortes diferentes, aplicar paetês ou até mesmo recortar um molde e pintar com tinta de tecido na roupa e, então, minha mãe finaliza a peça com todo o capricho”, diz. As vantagens de garimpar peças no brechó e de customizá-las são, para Manu, o ganho de uma peça nova e exclusiva. Para a noite, gosta de usar saltos discretos e delicados, que valorizem o look escolhido. “Porém, calçados baixos e confortáveis também são boas opções, dependendo da roupa”, explica. A peça-chave de seu guarda roupa é o famoso “pretinho básico”, como, por exemplo, uma blusinha preta e lisa, para combinar facilmente com outras peças. Manu conta que, no dia a dia, opta pelo básico para trabalhar. “Sempre com acessório ou fazendo maquiagem mais forte, para descontrair”, complementa. Acessórios, para ela, são indispensáveis – especialmente os brincos – e maquiagem é quase sempre. “Acredito que uma pele preparada muda totalmente o aspecto da pessoa, mas costumo tirar uns dias para deixar a pele respirar”, conta.

Sempre conectada, Manu acompanha diversos blogs de moda e dicas de profissionais de cabelo e maquiagem, a fim de se inspirar no estilo pessoal e profissional. Os principais blogs de moda visitados são Naná Loleto, Mariah Bernardes, Lalá Rudge, “Garotas Estúpidas”, de Camila Coutinho e “Hoje vou assim”, de Cris Guerra. “Para make-up, indico os perfis no Instagram das profissionais Bruna Malheiros (@brumalheirosmakeup) e Mari Maria (@marimariamakeup), e para dicas de cabelo, Marco Antônio de Biaggi (@mbiaggi)”, conta Emanueli. Para ela, todas as pessoas, direta ou indiretamente, seguem tendências, já que tendência significa inclinação, preferência por determinadas coisas, ou até mesmo orientação. “Se não seguimos as tendências de moda, seguimos as tendências que nos foram empregadas pelos pais, amigos e afins”, diz Manu, que, atualmente, está adorando a volta do estilo retrô. Atraída por tudo que lhe é diferente e aberta às mudanças, Emanueli tem atitude e é dona de um estilo autêntico. De acordo com ela, a autenticidade se reflete não somente na maneira de se vestir, mas também na maneira de agir e tratar as pessoas: “Recebo críticas e elogios, mas acredito que estes dois lados sempre irão existir, independente de estilos”. Afinal, para ela, “no fim das contas, o que realmente importa é estar bem consigo mesma”.

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Música

Os poderes da música eletrônica

Ana Beatriz

Cada vez mais, a cena da música eletrônica cresce no Brasil. Entre os diversos fatores que contribuem para esta expansão, está a qualidade de clubes, a presença de grandes festivais e o surgimento de bons DJs e produtores no país. No município de Itapoá este cenário também está ganhando força, seja através dos apaixonados por música, ou daqueles dispostos a estudar e se dedicar a ela, como Daniel Martins, DJ especializado em Techno, mas que permeia por todos os estilos da música eletrônica.

D

aniel, mais conhecido por Danica, nasceu em Guaratuba, mas sempre morou em Itapoá. Sua história com a música eletrônica se confunde com outra paixão, o surfe. Ele recorda que seu primeiro contato com o gênero musical foi aos 15 anos de idade, durante um campeonato de surfe. “Eu costumava viajar com amigos para surfar e, nas pousadas, a música eletrônica era a preferência de todos”, conta. Já aos 18 anos, Daniel passou a frequentar festas e observar os DJs, almejando, um dia, estudar a música eletrônica e se tornar um DJ. O momento oportuno foi no ano de 2012, quando ele realizou o curso no Centro Europeu, em Curitiba-PR, através da Academia In-

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ternacional de Música Eletrônica (AIMEC) – a maior rede de Escolas de DJs do Brasil. Com duração de seis meses, ele conta que o curso possui disciplinas como Produção Musical, História da Música e Mixagem, com aulas ministradas por DJs renomados. Mas Daniel afirma: “Mesmo formado, o DJ não está pronto e o conhecimento não acaba, pois muito dos ensinamentos, como mixagens e efeitos, vêm na prática”. Provando sua grandiosidade, a música eletrônica se divide em inúmeros estilos e nomenclaturas, como Minimal, Deep, House, Electro, Psy Trance, entre outros. O estilo favorito de Daniel é o Progressive, também conhecido


como Prog, segundo ele, um ritmo mais melódico e psicodélico. Entretanto, não se especializou neste estilo, pois ele atinge, normalmente, o chamado “público raiz” da música eletrônica, ainda pouco presente no município de Itapoá e região. “Então segui no Techno, um estilo essencialmente dançante, de ritmo acelerado, com poucos elementos musicais e batidas bem marcantes”, explica. Ainda em 2012, por intermédio de um amigo, o DJ realizou sua primeira apresentação na Muvee Music Box, em Itapoá, e recorda: “Foi emocionante, especialmente por estar na minha cidade e ver todos os amigos prestigiando a música”. Logo em seguida, Daniel permaneceu por um tempo como DJ residente, ou seja, o DJ que trabalha fixo em todas as festas da casa noturna. Para ele, trabalhar como residente tem suas vantagens e desvantagens: “Por um lado tem responsabilidades e cria vínculo com a casa e seu público, mas, por outro, é impedido de tocar em outros lugares, ficando limitado na divulgação de seu trabalho”.

Acompanhado de dois CDJs – aparelho onde tocam as músicas – e um mixer – equipamento principal onde as músicas são mixadas e sofrem efeitos –, o DJ passou a se apresentar em outras casas noturnas da região, como Porto Iguana em Guaratuba, e também em outras cidades de Santa Catarina, como São Bento do Sul, Rio Negrinho, Brusque, Itajaí, Garuva, Joinville e Corupá. Entre suas apresentações, a que mais lhe marcou foi em Itapoá, em um festival na Reserva Volta Velha. “Neste dia eu toquei depois de DJs muito bons e de estilos mais acelerados, e imaginei que o público não se animaria com o Techno da minha apresentação”, mas Daniel se surpreendeu, “os que estavam sentados se levantaram e todos ficaram realmente animados com a minha música, foi mágico”, conta. A apresentação épica de Daniel Martins também rendeu elogios do Plastic Robots, duo de DJs renomados de música eletrônica. Além de seus sets (conjuntos de músicas gravadas em uma determinada ordem), Daniel vem trabalhando com produção

musical e já possui duas músicas próprias. Neste processo, os amigos são fundamentais: “É muito importante a opinião de quem aprecia música eletrônica e me acompanha desde o início”, conta. E a família também faz parte da trajetória. Daniel conta que sua mãe é a primeira a ouvir seu trabalho, durante os treinos e testes realizados em casa, e seu filho Petherson, de apenas sete anos de idade, demonstra gosto pelo estilo musical e já domina o Traktor, um programa para DJs. “Trabalho, dedicação, humildade e respeito com

todos os estilos musicais e profissionais, sejam eles novos ou antigos” – esta é, segundo Daniel, a combinação ideal para ingressar nesta carreira. Apesar de alcançar o objetivo de se tornar um DJ de música eletrônica, ele confessa o sonho de tocar no Universo Paralello, renomado festival da Bahia. “Hoje, me considero um profissional realizado e pretendo continuar a aperfeiçoar e divulgar meu trabalho”, afirma ele que, com os melhores ritmos, batidas e elementos, pretende levar alegria e energia ao público, afinal de contas, segundo o DJ, são estes os poderes da música eletrônica.

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FRUTOS DO MAR

Rotas do peixe fresco Augusta Gern

Q

uando se fala em cidade litorânea, logo vem à mente aquele gostinho de peixe, camarão ou outros frutos do mar fresquinhos. A boa notícia é que é muito fácil encontrar tudo isso todos os dias, o ano inteiro, pertinho de você. É dessa forma que funcionam os mercados do peixe em Itapoá e Guaratuba: diariamente as bancas abrem com opções para todos os gostos e bolsos. Além dos mercados, peixarias são espalhadas em diferentes regiões da cidade e, com o peixe comprado, o segredo da história é só a receita de família mesmo. Mas vale lembrar todo o trabalho que existe para se chegar à etapa da receita, um trabalho de sol a sol. Eles acordam de madrugada, colocam o barco na água e o rumo é a imensidão azul. Na embarcação são poucos tripulantes, alguns metros de rede e muita disposição. Em determinado ponto marcado pela experiência, vento e maré,

Mercado do Peixe - Itapema do Norte em Itapoá - SC.

deixam a rede sinalizada com uma boia. De lá seguem para a rede que adormeceu no mar e já está repleta de sustento. Recolhem, seguem para a costa, limpam e vendem. Para alguns o rumo é a casa, para outros a venda em mercados de peixe; não importa: no próximo sol tudo se repete. É a partir desse trabalho diário que aquela vontade com gostinho de praia pode ser saciada: do mar para os mercados

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do peixe e, dos mercados para casa. Confira onde e como comprar o prato principal de suas receitas.

À procura de peixe em Itapoá

Na beira de um ponto turístico é que se encontra o mercado do peixe em Itapoá: ao final da beira mar que abrange as três pedras, ou melhor, mais especificamente em frente à segunda

pedra é que o comércio de peixes acontece há quase duas décadas. Conforme os moradores da região, o mercado foi construído em 1996 pelos próprios pescadores. Neste mercado, a variedade de peixes é grande, e o modo como as barracas funcionam também: algumas são de próprios pescadores, outras de comerciantes que apenas revendem o pescado. Além do peixe,


Mercado Municipal - Piçarras

que é o grande chamariz, o mercado também vende camarão e outros frutos do mar. Além do mercado do peixe, Itapoá conta com muitas outras vendas de peixe, as tradicionais peixarias. Boa parte delas ficam próximas às tradicionais comunidades pesqueiras, que são, principalmente, a região do Pontal, Itapema do Norte e Barra do Saí. Na Barra, por exemplo, a maior concentração está quase na beira do rio.

À procura de peixe em Guaratuba

Em Guaratuba, o número de mercados é maior. O principal deles, conhecido como Mercado Municipal, está localizado

no balneário Piçarras, próximo à rodoviária. Diferente do que em Itapoá, este mercado é muito maior e conta com espaços diferentes para cada peixaria, mas também abre diariamente e no verão conta com maior movimentação. Outro bom ponto de venda é na beira mar da praia central, próximo ao Morro do Cristo. Do outro lado da rua onde as canoas descarregam e são estacionadas, as comerciantes são encarregadas de limpar, cortar o peixe e atender com simpatia a clientela. Este mercado foi construído em 1982 e também abre diariamente. Além disso, Guaratuba conta com outros pequenos mer-

cados na Praia de Caieiras e na Barra do Saí. Apesar de não abrirem todos os dias, nestes pontos também são comercializados, principalmente no verão, os peixes dos pescadores das próprias comunidades. Porém, mais do que a pesca artesanal, Guaratuba também é marcada pela pesca industrial, onde o barco se torna lar e o oceano o quintal por semanas. Com barcos maiores, a produção é mais significativa e o percurso aumenta: geralmente a rota abrange o Rio Grande do Sul até São Paulo. Assim, o comércio de peixes e camarão é muito maior do que podemos imaginar. Um exemplo é uma das indústrias pesqueiras de

Guaratuba, que só trabalha com camarão: têm os barcos, os pescadores, limpeza dos crustáceos, armazenamento, fábrica de gelo e até embalagem. No mesmo lugar em que os barcos chegam e descarregam o camarão, eles saem prontos para o mercado. ........................ A dica é fazer compras no período da manhã, quando os peixes chegam e há mais opções. Porém, quando o movimento é grande, principalmente durante a alta temporada, os mercados geralmente são abastecidos mais de uma vez por dia.

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Itapoá e sua história (parte IV)

História não é o que passou, mas o que ficou do que passou.

C

onforme o prometido e para orientação do leitor já foram publicados nos números anteriores desta revista os seguintes assuntos extraídos do livro Memórias Históricas de Itapoá e Garuva, lançado em 2012: Os índios carijós, primitivos habitantes de Itapoá e região. A expedição do francês Goneville no ano de 1504, levando ao retornar o jovem índio Içá-Mirim, talvez o primeiro turista brasileiro a viajar para a Europa. A comitiva comandada pelo espanhol Alvar Nuñes Cabeza de Vaca que após o desembarque na margem direita da Baía da Babitonga, provavelmente no Bairro Pontal do Norte, no ano de 1541, empreendeu uma caminhada de 130 dias na companhia de 250 espanhóis, um número não registrado de índios e os primeiros 26 cavalos trazidos para a América do Sul, percorrendo o Caminho do Peabiru e chegando em Assunción, no Paraguai, em março de 1542. Na sequência para sermos fiéis a história, também é necessário registrarmos os fatos indesejados, como foi a escravidão negra, sempre na expectativa de que jamais voltem a acontecer. Essa força de trabalho, empregada de forma tão detestável também esteve presente em Itapoá auxiliando a fortalecer a economia de São Francisco do Sul, um dos quatro municípios mais antigos do Brasil, ao qual juntamente com Garuva estava territorialmente atrelada. Situação que perdurou até 1964 quando foi criado o município de Garuva abrangendo em sua área Itapoá, que por sua vez conquistou autonomia em 26 de abril de 1989 ao separar-se de Garuva. Como testemunha viva desse triste capítulo Tereza Rosa do Nascimento, filha de escravos e moradora do Bairro Pontal do Norte. Nos idos de 1970, com mais de 100 anos, a vimos muitas vezes ir até o mato próximo buscar um galho seco para alimentar o fogo e na pequena trelha colocar os paratis doados por pescadores que todos os dias apanhavam em suas tarrafas. A curiosidade ficava por conta do fato de retirar as visceras só depois de assados. Com a paciência e delicadeza que a experiência de vida lhe ensinara, contou-nos surpreendentes histórias sobre o que viu, ouviu e vivenciou, especialmente a alegria de seus pais nos últimos momentos que

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antecederam a Abolição em 13 de maio de 1888. Dona Teresa, sempre com o lenço branco amarrado na cabeça para esconder a calvície e proteger-se do sol, lembrava de histórias terríveis ligadas ao açoite dos escravos que cometiam pequenas faltas ou tentavam fugir. Eram levados ao tronco e ali amarrados recebiam as chibatadas que dilaceravam a pele. Ao duro castigo e ali deixados por muitas horas, seguia-se a batida de latinhas para atrair mais mosquitos e aumentar o sofrimento. Felizmente, dizia ele, Deus e a Princesa Isabel nos libertaram e as lembranças amargas aos poucos apagadas. Em Itapoá restaram as ruínas tomadas pelo mato, os objetos e os relatos de moradores antigos, bem como dois pontos localizados por Wilson Garcia denominados de Quilombo de Baixo e Quilombo de Cima. Provavelmente, pelas dificuldades de acesso, locais em que se refugiavam os escravos fugitivos. Motivada pela atenção e afeição que sempre dispensávamos a ela quando estávamos em Itapoá, nos presentou com uma linda caneca gigante na qual seus pais tomavam um reforçado café matinal que lhes garantia força muscular para enfrentar as duras jornadas a que eram submetidos. Ao contar que embarcações fundeavam no Pontal e dali as mercadorias eram transportadas no lombo de mulas, antecipou-se na descoberta realizada algumas décadas depois pelo Professor Raul Quandt, de que um dos ramais do Caminho do Peabiru tinha seu início na margem direita da Baía da Babitonga, possivelmente na área em que atualmente se encontra o Porto de Itapoá. Vale recordar que essa instituição servil era aceita pela moral da época dos descobrimentos portugueses, tanto que o escravo negro entrou no Brasil, logo que se iniciou uma atividade regular na colônia. A prática do regime era justificada pela falta de adaptação do índio ao rigor das tarefas exigidas e o orgulho do branco, para quem o trabalho braçal era indigno, pois se julgava de raça superior. Segundo a tese de Bartolomeu de Las Casas, o jesuíta que saiu a campo para defender a liberdade do índio para facilidade da obra de catequese, aconselhou a escravização do negro que, submetido geralmente ao regime de servidão por seus

‘’sobas’’, teria ao menos o conforto duma instituição mais branda, na América, numa civilização cristã que lhe proporcionaria o conhecimento do verdadeiro Deus e salvação de sua alma. Outrossim, viviam pouco, pois para aumentar o rendimento de seus senhores a mão-de-obra escrava era submetida a um regime de exaustão, sem contar que muitos se inutilizavam prematuramente, especialmente no ciclo do açúcar, ao derramar sobre o corpo, por inexperiência, as caldas que ferviam a alta temperatura. Outro fator de estímulo ao regima escravocrata, era o empírico sistema financeiro da colônia onde faltavam bancos a quem confiassem os agricultores as suas reservas, invertiam os fazendeiros os seus lucros em novos escravos que lhes garantiam a multiplicação do dinheiro numa terra em que o valor da propriedade era insignificante. Verdade seja dita, a escravidão negra, como agente de produção por excelência, acompanhou a atividade econômica do Brasil em todos os seus ciclos, começando pelo açúcar, passando pelo ouro e finalmente pelo café, quando a força do braço africano derrubou as matas, preparou a terra, lançou as sementes, velou pela planta, colheu, beneficiou e transportou ‘’ouro verde’’. Para os poucos que ainda persistem na discriminação é oportuno dizer que aos negros devemos muito mais do que as abomináveis cotas raciais, mas sim a merecida dignidade, pois na realidade, como diz o inspirado poeta, somos todos negros nascidos em terras africanas em suas florestas e savanas em era bem remota. Na longa caminhada por outros continentes de climas diferentes, mudei a pele, a cara, a fala e o jeito. Mas sou o mesmo sujeito do grande começo. De minha parte agradeço o privilégio de ter recebido do negro Bentinho, que era parte de nossa família, ensinamentos de bondade e lhaneza no trato com as pessoas. Nesse ano que se encerra, juntamo-nos a todos aqueles que ao comemorar mais um aniversário do nosso maior e melhor amigo conseguem extrair do ambiente festivo os ingredientes necessários para preparar um 2016 de mais paz, saúde e prosperidade.



Empreendedor de Guaratuba

A contabilidade além dos números

Ana Beatriz

Muita gente pensa que a contabilidade é apenas um conjunto de números que identifica o balanço financeiro de uma empresa, porém, a Rocco Contabilidade, atuante na cidade de Guaratuba há aproximadamente 15 anos, prova que esta área é muito mais ampla do que parece.

O

casal de empreendedores, Angela Ascencio Rocco e Haroldo Rocco, conta que ao se conhecer os números financeiros de uma empresa é possível traçar estratégias e planejamentos com muito mais segurança.

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O casal Angela e Haroldo, a esquerda sua filha Jessica e a direita Anderson, Fabricio e Diego.


Muito antes de a empresa ser fundada e se tornar referência, a história de trabalho e dedicação já existia. Tudo começou em 1985, em Guaratuba, quando Angela, aos 16 anos de idade, teve seu primeiro emprego, em um escritório de contabilidade. Assim, a história continuou no norte do Paraná. “A partir de então, me identifiquei com a profissão e me mantive na área contábil”, lembra ela, que cursou Ciências Contábeis e constituiu família com Haroldo, também profissional da área. O casal já possuía amigos e familiares na cidade de Guaratuba, o que contribuiu para a nova residência no litoral e a abertura do próprio negócio, em 2001. “O escritório nasceu dentro de nossa casa e cresceu de forma paralela aos comércios de Guaratuba”, conta Haroldo. Nos primeiros anos da Rocco Contabilidade, eles recordam ter enfrentado algumas dificuldades, entretanto, foram superadas com planejamento e responsabilidade, fruto dos anos de experiência na área. Ao longo do tempo, a Rocco Contabilidade pôde aprimorar seus conhecimentos, ganhar nova instalação, ampliar seus serviços e aumentar o quadro

de funcionários. Jéssica Rocco, filha do casal, cresceu em meio à profissão, hoje é formada em Contábeis e também atua na empresa. Atualmente, além de Haroldo, Angela e Jéssica, o escritório conta com mais quatro funcionários especializados e direcionados por setores. Os serviços prestados pela Rocco Contabilidade são: Assessoria e Consultoria Contábil; Assessoria Trabalhista (como folha de pagamento, fundo de garantia, INSS e todo o fluxo de registro de funcionários); Assessoria Fiscal (escrituração de notas fiscais, apuração de impostos, entrega de declarações, entre outros) e Legalização Empresarial (abertura de empresa, transferência e encerramento, baixa de CNPJ, alterações e afins). O escritório também atua como correspondente da Caixa Econômica Federal. Aos clientes e contribuintes, a equipe destaca que o prazo para entregar à Receita Federal as declarações do Imposto de Renda referentes aos rendimentos obtidos em 2015 terá início em 1º de março deste ano e terminará em 29 de abril. “O ideal é não esperar até o último momento para fazer a declaração, pois pode ocorrer lentidão

nos sistemas de atendimento da Receita Federal, devido ao grande volume de contribuintes que deixam a declaração para a última hora”, explica Haroldo. Segundo a família Rocco, o forte da empresa é a organização. “Quando a atividade contábil é feita de maneira correta, justa e organizada, o empreendedor pode ter uma previsão bem minuciosa do financeiro, o que permite mais segurança para investir ou fazer cortes nas áreas necessárias”, explica Haroldo. A organização é mantida e respeitada por funcionários e clientes do escritório e, como exemplo, as quartas-feiras são destinadas aos cadastramentos de MEI (Microempreendedor Individual). Diferente do que muitos pensam, para ingressar na área contábil não basta o apreço por números e contas. “É preciso também gostar de ler, interpretar, se instruir, conhecer a legislação e ser uma pessoa muito positiva”, conta Jéssica. Por se tratar de um campo repleto de novidades e atualizações diárias, os profissionais da empresa buscam cursos de especialização e informações através da assinatura de jornais contábeis. Além disso, quando realizadas alterações drásticas

na legislação, toda a equipe realiza cursos através do Conselho de Contabilidade ou até mesmo cursos online. “A era digital e a modernização tecnológica dos órgãos governamentais permitiu o cruzamento de informações, tornando certos processos contábeis mais ágeis”, explica Angela. De acordo com a equipe, os contadores são profissionais que vêm sendo mais valorizados e reconhecidos, entretanto, muitos clientes ainda desconhecem informações acerca da própria empresa, o que facilitaria o andamento de muitos serviços. Assim, entre dedicação e atualização, “trabalhar com honestidade” é a filosofia seguida pela família Rocco e os demais funcionários da empresa. Os planos futuros para o escritório incluem incrementar auditoria contábil em seus serviços e instruir e especializar cada vez mais seus funcionários, para sempre manter a empresa organizada e com bons resultados. Afinal, a Rocco Contabilidade acredita que o balanço contábil é mais decisivo do que parece e vai muito além dos números, porque para um empreendimento sério, a contabilidade deve ser encarada da mesma maneira.

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os anos 50, quando o mundo gravitava em dois regimes antagônicos, Erich Fromm* sugeriu a introdução de uma “renda anual garantida” para todas as pessoas. Renda que faria os males do capitalismo e do comunismo desaparecerem. Em seu entendimento, todas as pessoas, empregadas ou não, teriam direito incondicional a alimentação e abrigo. E, para isso, deveriam receber o necessário para se manter, nunca menos do que isso. Conceito totalmente novo, muito embora fosse sugerido pelo cristianismo, além de conhecido e praticado por comunidades primitivas. Todos os seres humanos têm o direito incondicional de viver, seja qual for o “seu dever para com a sociedade”, dizia Fromm. A renda garantida ampliaria a liberdade pessoal, pois ninguém estaria economicamente dependente de outra pessoa, seja parente, cônjuge ou patrão e não seria submetido ao medo de uma velhice na pobreza. Seria garantia para uma verdadeira liberdade e independência. Sociedades voltadas ao bem-estar adotam o conceito, senão totalmente, quase, afirmava Erich Fromm. Quase, porque mantêm uma espécie de ‘burocracia’ que administra e controla programas sociais que, às vezes, humilham as pessoas na busca dos benefícios. A renda garantida não exigiria ‘atestado de pobreza’ para obter um simples alojamento ou refeição mínima diária. A ‘burocracia’ seria desne-

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Renda para toda vida cessária para administrar os programas sociais que, muitas vezes, têm desperdícios, objetivos políticos e violações da dignidade humana. Considerando os custos administrativos da ‘burocracia’ do bem-estar, os gastos com tratamento de doenças físicas e psicossomáticas, a criminalidade, e as drogas, - geralmente formas de rebeldia contra a coerção e o tédio - o custo da renda garantida, seria menor que a manutenção dos atuais sistemas de compensações sociais. A ideia é discutida em diversos países. Na Suíça, por exemplo, estuda-se projeto para estabelecer renda garantida equivalente a dois mil e quinhentos francos, a todos os cidadãos suíços. O objetivo transcende o combate à pobreza e tem como foco expandir a liberdade de todos os suíços. Permitir que decidam livremente os seus projetos de vida, sem preocupações com o futuro financeiro. Os efeitos da globalização mundial, da crescente concentração da renda e do aumento das desigualdades, indicam a necessidade de uma nova ordem mundial. A renda para toda a vida, concedida universalmente a pobres e ricos, eliminando o desemprego, resolveria uma grave questão social, causa de muita ansiedade e insegurança. Concebida em conjunto com serviços públicos e seguros sociais, seria paga a cada individuo, do nascimento até a morte, sem qualquer exigência, condição ou contrapartida e acumularia com os rendimen-

tos de trabalho eventualmente realizado. Cada pessoa teria autonomia para escolher o que deseja fazer da sua vida: continuar trabalhando, ou desfrutar o tempo contentando-se com um padrão de consumo modesto, ou ainda, alternar os dois. O fato de estar desempregado, não seria mais considerado ‘suspeito’, pois o trabalho remunerado não seria a única forma reconhecida de ocupação social. Poderia, também, estimular a atividade econômica em países menos desenvolvidos, ou reduzi-la nos mais desenvolvidos, atendendo a objetivos sociais e ecológicos. Proporcionaria a eliminação do desemprego, do trabalho precário, das más condições de habitação e, principalmente, da miséria. Mas também, preservaria a livre iniciativa que, mesmo associada a um projeto de renda máxima, não eliminaria totalmente as desigualdades. Poderia ser o inicio de uma nova ordem econômica e social, compatível com as necessidades atuais. Numa metáfora, envolvendo a figura da ‘cigarra perdulária’ e da ‘formiga trabalhadora’, surgiria uma terceira, representada pela ‘abelha polinizadora’ que com o seu trabalho, mesmo não agregando valor direto, certamente nenhuma produção existiria sem ela. Assim, as pessoas individualmente, cada qual com a sua atividade, desde a mais simples, estariam contribuindo com a economia e com o bem estar geral. *“Psicanálise da Sociedade Contemporânea (1955)” Erich Fromm (1900 – 1980), psicanalista, filósofo e sociólogo alemão. Itapoá (verão), 2016.


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A história da Banda de Guaratuba (Relato de uma fiel foliã)

D

urante minha permanência frente a Casa da Cultura de Guaratuba realizei grandes e inesquecíveis entrevistas com pessoas que me relataram informações valiozíssimas a respeito dos fatos que fizeram e fazem história nesta cidade. Numa tarde ensolarada de fevereiro de 2010 entre um saboroso suco gelado e algumas delícias doces servidas recebi a primeira Porta Bandeira da Banda de Guaratuba “Aimara Riva de Almeida”. Alegre, disposta e gesticulando muito, me contou que a Banda nasceu de uma brincadeira durante um churrasco na residência do empresário Renato Trombini. Cerca de 70 ou 80 pessoas entre famílias, inclusive a sua, e os amigos dos Trombini, saíram às ruas na segunda

feira de Carnaval, desfilando pela Av. 29 de Abril. No sábado aconteciam os desfiles dos carros alegóricos e os foliões de Caiobá vinham

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para Guaratuba participando de uma saudável competição carnavalesca, o que frisando Aimara, dava maior garra e disposição para mostrar que

em Guaratuba é que existia um Carnaval de verdade. Naquela ocasião, contou ela , o Trombini que era o presidente da Banda, reuniu-se com os irmãos Gil e


Nelson Justus, Arthur Leme, Abílio Abreu, José Luiz Muniz de Souza e Tobias de Macedo e o publicitário João José Werzbitzki - Diretor da J.J. Comunicações, juntos com demais membros das famílias, e no final daquela mesma tarde, surgiu a idéia da realização do carnaval de rua em Guaratuba. Todos concordaram dividindo as tarefas imediatamente para o primeiro desfile que aconteceu em 1981. E assim foi feito. Saindo da frente da casa dos Trombini com três músicos sendo um deles cantor, utilizaram um Jeep do Luizito Malucelli e as camisetas doadas pelo Banestado. Aimara foi a primeira Porta Bandeira participando assiduamente por muitos anos,

com alegria e disposição carnavalesca. Lembrou que o Edmar da Tip Top fazia o serviço de apoio, trazendo água e lanche para todos, que não ultrapassavam 100 foliões. Logo que o grupo saiu pela primeira vez, caiu uma chuva torrencial e todos acreditaram que a Banda iria morrer antes mesmo de ter começado. No entanto quando entraram na avenida, o grupo foi aumentando rapidamente, pois era uma brincadeira saudável. Todos saiam de suas casas, não apenas para ver a banda passar, mas para dançar, pular, cantar e acompanhar a Banda. Com o sucesso do primeiro ano, os organizadores tiveram que ano após ano melhorarem

a estrutura. Naquela ocasião o Pelé (in memoriam) pediu ajuda para a compra e reparos de alguns instrumentos, sendo prontamente atendido, passando então a saírem juntos com a Banda, em um caminhão que transportava toda a bateria. 4 Conhecida e esperada pelos foliões, a Banda de Guaratuba ficou famosa. Ganhou um hino criado por Heitor Valente e Cesar Costa Filho, foi convidada para aparecer no Jornal Nacional , e com isto os Blocos dos Dalmora “Ala Dalas” e outros, juntaram-se a Banda tornando-a cada vez melhor e mais conhecida. No final da entrevista perguntei a Aimara qual mensagem deixaria para os foliões? Ela então se posicionou com

classe de Porta Bandeira, sustentou seu primeiro estandarte “Ai...Ai...Ai...” e disse: “ Quem cai a gente segura, quem não cai a gente derruba, sai da frente que vai passar “Ai...Ai...Ai...a Aimara da Banda de Guaratuba”. Congratulei-me com a foliã e para que todos conhecessem a história da Banda de Guaratuba e do Carnaval em nossa cidade, organizei em fevereiro de 2010 juntamente com minha equipe de trabalho uma bela exposição com fotos, fatos, documentários, estandartes, fantasias, música da Banda, todas as camisetas, na Casa da Cultura de Guaratuba, que nos dias atuais infelizmente foi desativada. Um saudável Carnaval a todos!

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Artesanato

Ana Beatriz

O Brasil é constituído por um rico conjunto de produtos, desenhos e tons. Saber estimular a identidade de cada região, por meio do artesanato, é fundamental para a cultura da cidade. E para felicidade dos apaixonados por arte, Itapoá e Guaratuba possuem uma rica e vasta cultura que varia em cores, traços, formas, texturas e efeitos. Encontrar algo que se encaixe dentro do seu gosto não é difícil.

Quando o assunto é artesanato, as cidades vizinhas surpreendem pela variedade de técnicas e materiais utilizados pelas mãos dos artesãos, pessoas que carregam histórias e muito amor pela arte. Do tecido à madeira, e das conchas ao crochê, uma variedade de matérias-primas são utilizadas na produção das peças. Na hora de comprar um presente ou uma lembrança, opte pela cultura local. Quem compra, apoia diretamente o trabalho de um artista ou artesão, e quem ganha, recebe um produto exclusivo, feito com carinho e atenção. Nas cidades de Itapoá e Guaratuba, confira onde você pode encontrar o trabalho de alguns artesãos.

Em Itapoá

Além das próprias residências e bazar realizados por alguns artesãos, haverá feirinha de artesanato durante todo o verão. De acordo com Dante Luís Puchta, diretor da Casa da Cultura de Itapoá, a princi-

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www.tribunadeitapoa.com.br

Prestigie o artesanato local

Feira da beira mar em Itapema do Norte, Itapoá - SC.

pal feira de artesanato do município ficará na Avenida Beira Mar, no balneário de Itapema do Norte, além de estandes nos shoppings de verão e lojas que comercializam artesanatos pela cidade, algumas com produtos produzidos na mesma e outras com produtos de fora.

Feira da beira mar – balneário Itapema do Norte

Segundo Dante, as barraquinhas da feira estarão dispostas ao longo do calçadão durante todos os dias do verão, exceto nos dias de chuva, nas proximidades do Hotel e Restaurante


Casa do Artesão, região central de Guaratuba - PR

Pérola. Neste espaço, são reunidas todas as peculiaridades culturais e matérias-primas do município, como o couro de peixe. Já próximo ao Correio, haverá a exposição de poucos artesãos do município. Maiores informações são encontradas na página da Casa da Cultura de Itapoá.

Em Guaratuba

A cidade de Guaratuba também surpreende seus visitantes pela presença do artesanato. Nesta temporada, serão realizadas duas feiras municipais e

dois pontos da Casa do Artesão. Além disso, também é possível encontrar em shoppings de verão e nas residências de alguns artesãos. Segundo Everci Dalla Vecchia, mais conhecida por Sissa, artesã e colaboradora da Casa do Artesão, todos estes lugares serão abastecidos com produtos feitos pelos artesãos da cidade e suas peças de alta qualidade.

de Guaratuba, e é aberta para todas as cidades do litoral paranaense. Os artesãos fazem o seu trabalho em casa e vendem na Casa do Artesão, que é gerenciada pelos próprios associados. Aberto o ano todo, das 9h às 12h e das 13h30 às 19h, o espaço reúne trabalhos artísticos das mais diversas técnicas e matérias-primas.

Casa do Artesão – região central

Casa do Artesão – Morro do Cristo

A Casa do Artesão é de uma das associações de artesãos

No segundo ponto de vendas, localizado no Mirante do

Morro do Cristo, o horário de funcionamento é das 9h às 19h, diariamente.

Feirinha da Praça Central

Em frente à igreja matriz será realizada a tradicional Feirinha da Praça Central, com venda e exposição de artesanatos diariamente, das 16h às 23h.

Feirinha da beira da praia

Próxima ao Morro do Cristo, no Largo Dr. Bezede, na feirinha da praia também é possível apreciar a cultural local diariamente, das 9h às 19h.

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O charme, a elegância e beleza do sul da França!

V

amos começar por Saint Tropez!! Cidade à beira mar com apenas cinco mil habitantes, mas de grande charme e valor histórico. Foi em Saint Tropez que ocorreu um fato de grande repercussão, o topless da atriz Brigitte Bardot, em 1950. Ser do contra sempre foi o ponto forte desta cidade balneária no sul da França. Mania de ir contra o poder estabelecido, seja ele político, artístico, moral ou ideológico são características primordiais. Ao conhecer Saint Tropez, durante suas filmagens,Brigitte Bardot, decidiu morar no balneário e viver de forma mais livre, quebrando tabus e convivendo com o comportamento avançado da Riviera Francesa. Todas essas características fizeram com que Saint Tropez se tornasse famosa e influenciando até na forma das pessoas se

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Vieux - Port

vestirem, calças Saint Tropez, biquinis minúsculos e o famoso topless começaram a fazer parte do dia a dia de muitas gerações de vanguarda. A cidade é pequena e fácil de ser explorada.Vale a pena conhecer as ruas estreitas, seus bares agradáveis e gente bonita

Baia de Pampelonne

circulando por todos os lados. Quando estiver na França, visitar Saint Tropez deve fazer parte da viagem. A energia que existe no ar é contagiante. Visite a Vieille Ville, centro histórico, labirinto de ruas estreitas com casinhas de cor ocre, venezianas azuis e verdes, repleta de bares,


Vista panorâmica de Saint Tropez.

Um exemplo de casa de famosos

Cais próximo à Citadelle

Pampelonne, vista a partir das lojas locais e bares.

lojinhas e muitas galerias de arte.Subindo uma ladeira chega-se num local chamado Citadelle, um forte do século XVI, cuja vista da cidade é fabulosa. No Vieux - Port iates de todo tipo e tamanho estão ancorados. Nesta localidade pode-se pegar um barco para um belo passeio por Saint Tropez avistando as belas mansões de artistas e pessoas famosas, como Alan Delon, Romy Schneider, a mansão do proprietário da L’oreal, casa da Brigitte Bardot e mansões onde grandes pintores se reuniam e pintavam seus quadros como Paul Gauguin, Renoir, Henri Matisse, entre outros. Destino de astros e estrelas, a cidade é a perdição para os adeptos da moda, não apenas para grifes, mas também para lojas pequenas, estabelecimentos locais de muito bom gosto.

Cenário magnífico de praias de águas calmas, na Baia de Pampelonne, são nove quilômetros de costa cheia de curvas, belos penhascos e desfiladeiros que adentram o Mediterrâneo. A infra estrutura na região é excelente, você sempre encontrará bares, lojas, serviços de windsurf, equipamentos de mergulho, cadeiras de praia, guarda- sol, jet ski entre outras coisas importantes para quem está passando uns dias em Saint Tropez. A vida noturna é show, até parece que você mudou de cidade. Bares lotados, pintores trabalhando com uma taça de vinho ao lado, gente por todos os lados expondo seu belo bronzeado e seu comportamento alegre. Cidade diferente das demais pelo seu aspecto alegre e pitoresco exibindo um jeito alternativo de viver, moderno e revolucionário no que tange à cultura e comportamento.

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Adaptação das crianças na Educação Infantil O início das aulas está chegando e, como todos os anos, é nesta época que muitas crianças têm a primeira experiência de entrar emuma sala de aula. A experiência nova, tanto para os pais, como para os filhos, pode assustar um pouco, e por isso trazemos dicas que contribuiram com esse processo de adaptação.

O

s primeiros dias na Escola de Educação Infantil (creches e pré- escolas) não costumam ser fáceis, nem para as crianças, nem para os pais. As mães ou responsáveis, ao deixarem seus pupilos na escola, ficam com o coração na mão e até choram discretamente, muitas vezes se sentindo culpadas pela atitude. Do outro lado, as crianças, como são espertas e sensíveis, percebem a reação de insegurança dos pais e também acabam chorando ao se despedirem dos mesmos. Assim, é muito importante que os pais apresentem confiança. Confira algumas dicas que podem contribuir para este processo de adaptação: 1. Antes que a criança ingresse na Escola, é importante que os pais visitem a instituição para conhecer melhor o ambiente, que deve ser acolhedor e com boa higiene. Uma boa sugestão é conversar com a gestora e professora sobre suas dúvidas e inseguranças, solicitando orientações para este período de adaptação.

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2. Os pais devem preparar seus filhos antes de iniciar o ano letivo, falando sobre a importância de irem à Escola. É importante sempre falar a verdade, sem rodeios, mas de forma afetuosa. Deve-se explicar que vai levá-lo e buscá-lo, e que lá fará novos amiguinhos. 3. Deixar as crianças mais independentes e autônomas contribui para a adaptação escolar. Isso pode ser estimulado pelos pais durante o período de férias. 4. Quando a criança ingressa na Escola, para adaptação é importante cumprir com os horários estipulados. A criança precisa criar vínculos afetivos, afinal, para ela é tudo novidade. Mesmo que seja uma criança bastante comunicativa, não esqueça que os professores, a equipe escolar e os amiguinhos são desconhecidos. 5. Nos primeiros dias, ou até que a criança crie vínculos, é interessante que ela leve algo que lhe de segurança, como um cheirinho, bichinho de pelúcia, travesseirinho, boneca, carrinho, etc.

6. Os pais ou responsáveis, ao se despedirem da criança, devem fazer isso de forma segura. É importante elencar os pontos positivos e a importância da Escola. Não se deve infantilizar ou fantasiar a Escola, para que as crianças não criem expectativas. É necessário que seja sincero em suas palavras e que demonstre afeição pela instituição. 7. Os pais não devem falar de suas inseguranças ou de algo que não gostem em relação à instituição perto da criança. O ideal é procurar a gestora ou professora para sanar as dúvidas e expor o que está afligindo. 8. Neste processo de adaptação a criança ficará mais sensível, procurando mais o colo, exigindo mais a presença dos pais. É normal que o comportamento também mude, a criança pode ficar mais chorosa e irritada. Nesta hora, o carinho é essencial. 9. Ao buscar a criança na Escola, os pais podem fazer pequenos passeios na rua ou mesmo na praia, pois contribuem para a criança relaxar. 10.Em todos os casos, a instituição e a família devem falar a mesma linguagem.


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