Revista Giropop - Edição 38

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EDITORIAL Com um carro, uma mochila ou simplesmente ideias, a dica desta edição é “se jogar”. Histórias e depoimentos mostram como é fácil dar aquele primeiro passo, principalmente quando é para unir o útil ao agradável e, mais ainda, quando de quebra faz bem às outras pessoas ou ao ambiente. Casais, grupos de amigos ou mesmo uma pessoa sozinha, nos mostram como é fácil criar projetos, encarar e gerenciar empreendimentos, fazer música, ter um estilo próprio, viajar, ensinar, aprender coisas diferentes, fazer a diferença no mundo. A facilidade, sem dúvida, esconde muito planejamento, esforço, cansaço e até dores de cabeça, mas ultrapassa o medo, a acomodação ou até preguiça. É fácil sim mudar um pouquinho do mundo, é só começar a fazer, é só ter vontade. Das mais variadas formas de mudança, destacamos aqui a sustentabilidade. Entre tantos desastres e crimes afetando o meio ambiente, as culturas locais e pequenas comunidades, projetos nos mostram como é possível reverter este quadro de forma simples e colaborativa. Como um sopro de esperança, essas histórias visam sim instigar a mudança, a transformação. E desejamos que ela comece internamente: primeiro conheça suas vontades e dê a elas forma. Depois, com planejamento, descubra como elas podem ajudar a mudar o mundo e as transforme em ação. É fácil, é só se jogar!

6 | Março 2016 | Revista Giropop

Índice Projetos Sustentáveis Por que não? Unidos por amor e boas práticas Caracol inspirando mudanças Na rota da Sustentabilidade As peregrinas - Prancha, mochila e energia

10 14 18 20

Permacultura Sinônimo de saúde e qualidade de vida Por um mundo mais justo e sustentável

26 30

Estilo e Atitude Moda Sustentável: customizar é reciclar

34

Homenagem Lendário Michael Jackson

36

Artesanato A arte de modelar e dar vida ao personagem

40

Aqui tem novidade 45





Casais sustentáveis

Unidos por amor e boas práticas

Por que não?

Augusta Gern

Sustentabilidade, a palavra da vez. Hoje em dia, muito se fala em sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. O cuidado com a biodiversidade, a preservação das culturas locais, crescimento ordenado, qualidade de vida e outros tantos fatores que envolvem o meio ambiente entraram na pauta e agenda de discussões políticas, empresariais e sociais. Mas será que realmente contribuímos para isso? Como podemos fazer a diferença em nossa vida e colaborar para o futuro do planeta? Três casais mostram como isso é possível, ainda mais aliando o útil ao agradável e se aventurando em novas rotinas, trajetos e histórias todos os dias. Inspire-se e veja como é fácil fazer diferente, afinal, o mundo é de todos nós, não é mesmo?

10 | Março 2016 | Revista Giropop

Hoje, o carro se tornou a casa do casal, onde levam os equipamentos de camping, de filmagem e desejo por um mundo melhor.


Por que não mudar? “Por que não buscar e compartilhar conhecimentos a fim de repensarmos nosso modo de vida?”. Foi com esta pergunta que tudo mudou na vida de Viviane Noda, 24 anos, e Guto Zorello, 25, e um novo projeto ganhou forma. Há pouco mais de dois meses, o casal de São Paulo deixou a rotina de cidade grande para trás com o objetivo de difundir e incentivar alternativas que visam um futuro mais sustentável. Apenas com um carro, equipamentos de camping, equipamentos de filmagem e muita sede por um futuro mais sustentável é que eles seguem viagem para conhecer as práticas realizadas nas cinco regiões do Brasil. Coletam dados, vivem dentro de cada realidade, filmam, tiram fotos, documentam tudo e compartilham abertamente no site e redes sociais. Ela formada em administração e ele em artes visuais, antes não tinham contato com as questões ambientais e sustentáveis no dia a dia, até que a ideia surgiu a partir de alguns questionamentos. “É quase que impossível colocar um marco para esse despertar, é um con-

A mudança foi grande. Segundo o casal, o primeiro passo foi maturar a ideia: “Chegou um momento em que já sabíamos várias iniciativas pelo Brasil e então chegamos a conclusão que o pessoal deveria se conhecer, trocar experiências para que o movimento cresça”. Para isso, buscaram mais informações, fizeram contato com pessoas mais experientes no assunto e iniciaram uma pesquisa para conhecer mais iniciativas. “A maior dificuldade nesse período era desconstruir muitos hábitos e pensamentos que até então Guto e Vivi, mais do que documentar a vida por onde passam, eram nossa realidade”, conta vivenciam cada experiência e as divulgam, pessoalmente e na internet. Guto. Conforme eles, foi necesjunto de fatos”, conta Viviane, tendermos melhor o nosso tem- sário diminuir o consumo, paspo”, lembram. A partir disso é sar menos tempo no banho, usar mais conhecida como Vivi. que tiveram conhecimento sobre tudo de um jeito mais eficiente, A primeira curiosidade o termo e passaram a conhecer se colocar mais no lugar do ousurgiu em 2013 com o que acontecia com os povos tro e dar total importância para o documentário tradicionais, com as florestas, a sinceridade. Eles até se mu“Zeitgeist” e, a partir com a saúde e com a educação, daram para o interior, fizeram a dai, começaram a buscar por exemplo. “Assim que come- própria horta e pararam de coninformações para çamos a estudar e conhecer, fi- sumir carne e remédios. Com a ideia mais madura, entender o que acontece camos indignados. Estávamos foi hora de colocá-la em prátialém do que está no fim da faculdade e nunca tíimposto no mundo. nhamos ouvido falar em Perma- ca. Para o projeto, o casal juncultura, Educação Democrática, tou dinheiro por um bom tempo “Quase que imediatamen- o sumiço das abelhas, os agro- e conseguiu comprar o carro e te começamos a participar de tóxicos e outras tantas coisas”, equipamentos, mas o dinheiro cursos, conversar com pessoas contam. “Foi aí que sentimos um da viagem veio através do finane nos imergimos em inúmeros chamado para mudar este cená- ciamento coletivo - onde pessoas colaboram voluntariamente. documentários e filmes para en- rio”.

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“No começo, pensamos que seria mais difícil do que realmente foi. Vivemos para o financiamento durante dois meses, mas no final deu certo”, conta Vivi. Além de amigos e familiares, pessoas desconhecidas também colaboraram e o casal conseguiu conhecê-las e fazer novas amizades na entrega das recompensas. Com a ideia e o dinheiro em mãos, mapearam as iniciativas mais interessantes do país e traçaram um pré-roteiro. “Como nossa casa é uma barraca, pensamos bastante no clima de cada região, por isso começamos pela região sul para fugir do frio e, no meio do ano, no período da seca, pretendemos rodar a região central do Brasil”, explicam. Porém, mesmo com o trajeto em mãos, desejam ser flexíveis, pois ainda não sabem bem tudo que pode aparecer. Hoje, em viagem, contam que ainda não precisaram gastar com hospedagem, geralmente ficam na casa da comunidade local ou dormem no carro. “É importante mostrar para o Brasil – principalmente para o pessoal dos centros urbanos – que existe sim colaboração. Quando trabalhamos pelo mesmo propósito, sem nenhum interesse financeiro, temos a oportunidade de trocar conhecimentos e trabalhos de forma mais justa,

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Guto e o seu “rocket stove” forno estilo foguete, bioconstruído. Pedras para a estrutura, e massa (feita de barro, areia, bosta de vaca e palha) para tapar os buracos. Palha e gravetos para manter o calor.

motivando o trabalho de todos”, destaca Vivi. Com tanto tempo fora, junto com a vontade de conhecer e documentar todas as iniciativas, também foi necessário um processo de desapego. Além de se desapegar da convivência diária de algumas pessoas – onde o contato ficou maior através da internet -, eles também se desapegaram de muitos objetos materiais: “Antes de irmos embora de São Paulo, trocamos e vendemos praticamente tudo. Hoje, tudo que temos cabe dentro de uma fiorino, junto com todo equipamento de camping e filmagem, e ainda sobra espaço”. Segundo eles, este desapego é parte importante de toda história e aprendizado, pois passaram por desconstruções. “Tudo mudou a

Em seus acampamentos, além de idéias criativas na hora da alimentação, Guto e Vivi praticam outras ações sustentáveis, como recolher o lixo da praia em que passaram o dia. Este foi num raio de 150 metros.

partir do momento em que decidimos questionar tudo. Os relacionamentos, a forma como nos comunicamos, o que comemos, etc. No final, a sensação é de liberdade”, afirma Vivi. E assim, em um processo de desconstrução, conhecimento e liberdade é que seguem viagem.

Para o casal, o cenário ambiental ainda é muito desanimador, mas é da crise que surgem as boas ideias. “Na permacultura costumam dizer que o problema é a solução, e são essas soluções que buscamos. Existem muitas e cada vez mais pessoas conscientes e dispostas a se mover


Além de instigar a mudança através dos relatos de cada experiência, o casal vai além: divulga dicas fáceis para serem implantadas na vida de qualquer pessoa. A transformação de móveis, o cuidado com a horta, cosméticos naturais e receitas também estão disponíveis no site, na aba “Dicas da Vivi”. Segundo ela, são sugestões sobre como viver saudável, simples e sem desperdício.

Confira uma das dicas: PÃO DE INHAME SEM GLÚTEN Guto e Vivi na Cidade Escola Ayni - Educação e Sustentabilidade, com o idealizador Thiago Ami.

por outra realidade”, afirmam. Nesses primeiros meses, muitas boas práticas já foram encontradas. Em Santa Catarina, por exemplo, conheceram a Reserva do Ser, em Chapecó, um espaço de resistência que traz a permacultura como prática. Já no Paraná, destacam o Marfil, em Curitiba, que trabalha com alimentos agroecológicos e é um dos fundadores da Rede Ecovida – certificadora orgânica participativa. Todas essas iniciativas, bem como sugestões para uma vida mais sustentável, podem ser encontradas no site do projeto e nas redes sociais (www.porquenao.org). Enquanto isso, aos que desejam mudar e não sabem por onde começar, o casal sugere um bom “chá de realidade”. “Um bom início seria começar

a entender como funciona a sociedade e o sistema; quais são as relações e amarras, do micro ao macro, do indivíduo ao coletivo”, aconselham. Eles sugerem documentários como a triologia “Zeitgeist”, “Flow, for the love of water” (explora a questão da água), “Dirt! the movie” (sobre o solo) e “O Veneno está na Mesa” (sobre os agrotóxicos). “Não tenho dúvidas que, só com esta base, as pessoas se transformariam. Muito sofrimento pode acompanhar este processo, uma vez que começamos a perceber hábitos e reflexos desse sistema destrutivo em nós mesmos. Mas é aí e começa a transformação, pois começa a ficar feio continuarmos daquela forma”, diz Vivi. Então, por que não tentar? Por que não mudar?

INGREDIENTES – Meio quilo de inhame cru – 3 colheres (sopa) de sementes de linhaça – 3 colheres (sopa) de leite em pó (existem opções veganas :D) – 1 colher (chá) de açúcar – 10 gramas fermento biológico – 2 ovos – 3 colheres (sopa) de azeite – 1 colher (chá) de sal – 1 colher (chá) de vinagre – 300 gramas de farinha de arroz *Prefira sempre os orgânicos. Cuide de você e do planeta. MODO DE PREPARO Descasque e corte o inhame em pedaços pequenos. Coloque esses pedaços de inhame no liquidificador junto com as sementes de linhaça e bata com uma xícara de água quente (mas não é água fervente) Despeje a mistura em um recipiente fundo, acrescente o leite em pó e o açúcar e verifique se a massa está apenas morna, pois nesta

fase ela não pode estar quente demais. Coloque o fermente biológico seco, mexa bem, acrescente os ovos, o sal, o vinagre e o azeite. Misture bem e, aos poucos, jogue a farinha de arroz até virar uma massa de bolo consistente. Despeje em forma untada e deixe descansar por 1 hora. Preaqueça o forno por 10 minutos. Coloque a forma na parte alta do forno e asse por cerca de 1 hora.

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Projeto Caracol inspirando mudanças

O

utro casal inspirador para mudanças é Felipe Manfrini e Marina Donnini, também de São Paulo. A ideia é parecida: um carro, equipamentos e muito amor envolvido. A diferença é que além de documentar, são eles mesmo que promovem a

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mudança e a “mão na massa”. Baseados nos valores da permacultura, eles visitam espaços ecológicos, auxiliam nas suas necessidades e vivenciam o dia a dia, seja no plantio de uma nova área, na bioconstrução de alguma edificação, na organização de oficinas, vivências ou mesmo ações educativas; são prestadores de serviço itinerantes. Todas essas ações começaram antes do projeto, que depois só ganhou o nome de Caracol. O primeiro passo foi a compra da Kombi, chamada de Asa Branca. “Nós já trabalhávamos na área, porém, íamos e voltávamos dos locais, na maioria longe, de ônibus ou de carona, e sempre cheios de bagagem – barraca, saco de dormir, lona, mochilões – e ainda assim não levávamos todo o material que gostaríamos”, lembram. “Então conhecemos um amigo que tem uma Kombi com uma cama dentro, gostamos da ideia e fomos atrás da nossa Asa Branca”.


Com o carro em mãos, ou melhor, na estrada, o Projeto Caracol nasceu praticamente sozinho. “O que fizemos foi dar nome ao que já estava acontecendo em nossas vidas”, conta Marina. Assim, com uma bióloga e um técnico da informação, ambos amantes da natureza, o trabalho ficou muito mais fácil: era só colocar tudo no carro e viajar pelo Brasil afora. Porém, a Asa Branca proporcionou um pouco mais do que isso. No ano passado, o casal resolveu mandar um vídeo para a equipe do Programa Decora, do canal GNT, e tudo mudou. O programa consiste na reforma de determinado cômodo de uma casa e, neste caso, o cômodo foi a Kombi. “Isso foi algo estranho de se fazer, pois televisão é um universo bem distante de nós. O vídeo contava um pouco de nossa história e de nossa intenção em transformar a Asa Branca em uma Kombi-Casa”, lembra Felipe. O vídeo deu certo, conquistou o programa e a Asa Branca ganhou cor, conforto e até visibilidade nacional. “A partir daí o Projeto Caracol ganhou mais força e facilitou nossas vidas e trabalho. Deixamos São Paulo, pois agora a nossa casa é móvel, dormimos confortavelmente e nos locomovemos para onde quisermos”, afirma Marina.

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Com a Kombi-Casa, o casal vai rodar a América do Sul, trabalhando em espaços voltados à sustentabilidade. Neste ano, já passaram por diferentes projetos e praias catarinenses, como Bombinhas e Florianópolis.

Assim, a bordo da Kombi-Casa, não precisam voltar com frequência para São Paulo e, neste ano, irão rodar a América do Sul, trabalhando em espaços voltados à sustentabilidade.

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A primeira parada do projeto foi em Florianópolis, capital catarinense. Na Chácara Clara Noite de Sol, o casal organizou um curso de carnaval com oficinas de compostagem eficiente, pães artesanais, captação da chuva e forno de barro. Em Florianópolis também conheceram outros locais que trabalham com sistemas agroflorestais e alimentam cerca de 50 famílias com alimentos orgânicos, visitaram hortas comunitárias e pessoas que utilizam a energia solar ou lenha para aquecer a água. Além disso, os dois também já atuaram em Bombinhas,

nas Blitz Ambientais da Prefeitura, com oficinas gratuitas de educação ambiental nas praias e no horto municipal. Segundo eles, Santa Catarina tem muitos bons exemplos na área. E para o andamento do projeto, foi preciso planejamento, ou pelo menos um pouco dele. Para o casal, este foi o passo mais difícil: “Estamos acostumados com um modelo de planejar engessado, e nosso projeto é para ser flexível. Então precisamos quebrar alguns paradigmas para começar a entender e aceitar isso”. O projeto tem apenas os três primeiros


meses de roteiro planejados, pois a ideia, segundo eles, é estar abertos às oportunidades que surgem no caminho. Durante todo o trajeto Marina e Felipe irão documentar com vídeos e fotos o dia a dia, as trajetórias e os desafios que cada espaço enfrentou. “Toda essa experiência será registrada e compartilhada nas mídias sociais, para que sirva de aprendizado e encorajamento a tantos que vêm buscando um caminho semelhante”, afirmam. Aos que desejam mudar, o casal acredita que toda mudança começa internamente: “temos que entender como es-

Baseados nos valores da permacultura, Felipe e Mariana são prestadores de serviços itinerantes: realizam oficinas, vivências e ações educativas.

tamos alimentando nosso corpo e como isso influencia no nosso meio. Quais são nossos resíduos, para onde eles vão, de onde vem a água que consumimos e para onde ela vai... Sempre questionar, afinal, não é porque a maioria faz ou uso que é legal ou que faz bem”, afirmam. Segundo eles, a partir desses questionamentos fica mais fácil saber qual caminho seguir para encontrar suas respostas. “O que podemos adiantar é que as respostas estão disponíveis para quem quiser achar. E para tudo, ou quase tudo, tem uma solução que é surpreendentemente simples”, destacam. E com tanta simplicidade, não custa tentar e questionar, afinal, o meio em que vivemos pede isso. Para o casal, a questão ambiental é muito triste no Brasil e, para ajudar, o meio ambiente é o primeiro a ter recursos cortados. O caso do Rio Doce ou do complexo de hidroelétricas no Rio Tapajós são apenas alguns exemplos citados por eles pelo desrespeito ao rio, às florestas e aos povos do local. Porém, a esperança existe, novas atitudes estão sendo tomadas e, mais do que isso, projetos como esses buscam conscientizar, divulgar e ampliar essas atitudes.

‘‘ Temos que entender como estamos

alimentando

nosso corpo e como isso influencia no nosso meio.

‘‘

legenda 1:

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ECO TURISMO

Na rota da sustentabilidade

Projeto que faz pranchas de garrafa pet em Garopaba. Vôo livre em Balneário Camboriu. Sambaqui no Farol de Santa Marta. Augusta Gern

Outra iniciativa inspiradora que também tem sua origem em São Paulo e agora está presente em Santa Catarina é o projeto Na Rota da Sustentabilidade, do casal Nathalia e Thiago Cagna. Diferente dos outros dois, este alia a sustentabilidade ao turismo.

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D

e acordo com o casal, a sustentabilidade tem como base o social, o econômico e o ambiental, e através do turismo é possível trabalhar nas três bases de forma bem eficaz. Assim, nada melhor do que viajar ou receber os turistas de forma sustentável, aproveitando o lazer, garantindo a renda e colaborando para o meio ambiente. O objetivo do projeto é cair na estrada e disseminar as diversas opções de turismo sus-

tentável em todos os estados do Brasil, dando visibilidade a estes destinos e assim, consequentemente, gerar renda para estas comunidades através do fomento do turismo nestas regiões; incentivando que os destinos, pessoas e empreendimentos visitados, continuem desenvolvendo suas ações socioambientais. Para isso, o casal planeja uma viagem de 500 dias ininterruptos, passando por todos os estados brasileiros, sendo ao menos três cidades em cada estado. Tudo que for visitado será publi-

cado diariamente no site (www. narotadasustentabilidade.com. br) e nas redes sociais e, ao final, o casal ainda promete publicar um livro digital com textos e imagens fotográficas das diferentes manifestações socioambientais encontradas no percurso. Com tanta coisa boa é de até perder o fôlego, e tudo fica ainda melhor quando se descobre todo o planejamento por trás do projeto. A sustentabilidade surgiu na vida do casal durante a pós-graduação de Thiago, que realizou a pesquisa em torno do


Cavalgada nas Dunas do Ouvidor em Garopaba. Arvorismo em Blumenau. Rendeiras de Bilro em Florianópolis.

termo. Depois, durante uma viagem à Nova Zelândia, a sustentabilidade foi aliada ao turismo e conquistou de vez o casal, tanto o consultor, como a jornalista. Assim, o que era para ser uma viagem de estudos, tornou-se inspiração para um novo projeto. Na volta, em 2011, criaram o Portal Eco Hospedagem, um site dedicado exclusivamente ao turismo sustentável (www.ecohospedagem.com). Conforme Thiago, o portal nasceu para compartilhar todo o conteúdo produzido durante sua pesquisa e viagem e, primeiramente, teve como maior foco a hospedagem. “Nós mostrávamos, principalmente, dicas de como um hotel ou pousada poderia começar a ser sustentável”, conta. Com o tempo, os próprios turistas começaram a buscar opções de lazer sustentáveis e o casal agregou roteiros. Porém, a maioria deles eram montados a partir de pesquisas da internet.

“O portal nunca cobrou nada pelas divulgações, por isso não tínhamos como bancar todos os passeios”, explica Nathalia. Em meio a este trabalho, que não era o único, eles se mudaram para Santa Catarina e decidiram conhecer mais o estado. “Vimos a necessidade de visitar pessoalmente os destinos, para encontrar essas opções de turismo sustentável que vão além das que encontrávamos na internet”, contam. Assim, unindo o útil ao agradável, surgiu o Na Rota da Sustentabilidade. Em Santa Catarina, em alguns finais de semana do primeiro semestre de 2015, realizaram o projeto piloto e, de quebra conheceram o novo estado. “Visitamos as sete regiões mais turísticas do estado em busca dessas opções de turismo mais consciente, totalizando 12 cidades visitadas, 3.200km rodados, 40 roteiros e 36 empreendimentos com ações sustentáveis visitados”, fala Nathália. O piloto

deu certo, teve uma boa repercussão e, inclusive, foi bem reconhecido. Em dezembro do ano passado, ganharam o 1º lugar na categoria Parceiros do Trade do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2015, o maior prêmio de turismo sustentável do Brasil, que tem a chancela da Aliança Global para o Turismo Sustentável da ONU. Para o projeto no Brasil inteiro, o planejamento é muito maior. O casal já realizou alguns roteiros e teve o projeto aprovado na Lei Rouanet, agora estão atrás da captação de recursos. No site do projeto, inclusive, é possível visualizar uma animação que explica como todos podem ajudar com a iniciativa. O objetivo é sair de viagem em novembro desse ano, mas tudo depende exclusivamente de recursos. A viagem será realizada de carro e, apesar de receber algumas críticas, o casal afirma que é a única forma possível: “Não teríamos como

conhecer o país inteiro de bicicleta neste período e, ao final, vamos realizar a compensação da emissão de CO2”. Se o dinheiro for arrecadado, será então vida nova. Apesar do gosto de viajar e a vontade de conhecer diferentes práticas sustentáveis no turismo, eles afirmam que dá trabalho e que deixarão, aqui no sul, uma vida para trás. Imagino que a vontade de seguir viagem junto e se esconder na bagagem é grande, mas isso não será preciso. Como todo o material será compartilhado e documentado na internet, ficará fácil acompanhar e preparar a própria bagagem para os próximos roteiros. Além disso, ao acompanhar todo o trabalho, todo mundo sai ganhando nesta história: o empreendedor, com dicas para o seu próprio negócio, o turista, com inúmeros roteiros, as culturas locais, a comunidade e, claro, o meio ambiente.

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POR AÍ

Prancha, mochila e energia para transformação

Ana Beatriz

Movidas pela paixão por viagens, natureza e surfe, e almejando dias mais saudáveis e sustentáveis, as universitárias Ana Carolina Matuchewski, 27 anos, e Juliana de Paula, 25 anos, de Curitiba-PR, viveram uma grande aventura neste verão.

E

m dezembro de 2015 elas iniciaram o projeto “As Peregrinas”. Em sua estreia, o projeto consistiu em percorrer cerca de 200 quilômetros do litoral catarinense em um mês – tudo isso sem carro, hotel ou comida, apenas com uma mochila nas costas, uma prancha de surfe e muita energia para transformação. A aventura sempre foi um sonho para a dupla, e foi na amiza-

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Ana Carolina e Juliana são idealizadoras do projeto “As Peregrinas”. As amigas também se engajaram em ações sociais

de que ambas encontraram segurança e coragem para realiza-lo. A ideia do projeto foi de Juliana, mas Ana topou de imediato. Elas já haviam realizado uma viagem de surfe para Barbados (Caribe) em 2015, mas sem a qualidade técnica dos registros e sem os propósitos envolvidos no projeto “As Peregrinas”. Desde o surgimento da ideia até o início da viagem, a dupla teve três semanas para se organizar e fazer acontecer. Quando

estruturaram o projeto, desejaram compartilhar seu estilo de vida: “Simples, saudável, conectado com a natureza e as pessoas, e em busca do autoconhecimento” – tudo isso baseado no surfe. A partir daí, entraram em contato com algumas empresas que apoiaram o projeto com produtos ou serviços que lhes fossem úteis durante os 30 dias. A contribuição das empresas foi desde o preparo físico e ali-

mentação das duas no mês que antecedeu a viagem, até doação de roupas de borracha, biquínis, pranchas, equipamentos, óculos de sol, entre outros. Em paralelo, as idealizadoras de “As Peregrinas” criaram uma página no Facebook e um perfil no Instagram, com o intuito de mobilizar seus amigos. Já na primeira semana, a página obteve mais de mil curtidas, o que as surpreendeu e as motivou ainda mais. “Nosso intuito foi mostrar


para as pessoas que é possível conciliar as coisas que você gosta de fazer com as coisas que você precisa fazer, e sentir prazer e realização em ambos”, explica Juliana. Para realizar o sonho, tudo o que conseguiram foi através da colaboração, desde a logomarca até a alimentação, que foi custe-

Ana e Juliana são adeptas ao estilo de vida do surfe.

ada por amigos da dupla. Neste processo as redes sociais foram fundamentais, pois facilitaram na organização e execução do projeto. As peregrinas contaram com o auxílio de muitas pessoas que lhes indicaram quem poderiam procurar em cada lugar que estivessem, deram dicas de roteiro, ajudaram nas ações sociais e lhes ofereceram caronas. De Curitiba, elas saíram rumo ao ponto de partida do projeto, a cidade portuária de Itajaí e, 30

dias depois, encerraram a jornada no Farol de Santa Marta, em Laguna. Durante o percurso Ana e Juliana estiveram em inúmeras praias da costa catarinense, e a experiência lhes rendeu um repertório de dicas, experiências e vivências pelo litoral do estado. Para as meninas, tudo depende do propósito da viagem, seja ele conhecer pontos turísticos, histórias e celebridades locais, buscar contato com a natureza ou apenas fugir da rotina. “Algumas das coisas que mais gostamos de fazer foi assistir ao pôr do sol na Lagoa de Ibiraquera, fazer a trilha das praias do Ouvidor, Praia Vermelha e Rosa Norte, conhecer a Praia d’Água, visitar uma cachoeira no Canto da Lagoa em Florianópolis, praticar yoga na Praia da Ferrugem em uma casinha no alto do morro, e surfar na Praia do Matadeiro”, comenta Ana. Além de explorar lugares paradisíacos, a programação de “As Peregrinas” contou com um legado positivo: A participação em ações sociais ligadas ao meio ambiente e à preservação. Durante o Natal, as amigas contribuíram para o plantio de árvores e entrega de mudas de flores para moradores da Praia do Moçambique, em Florianópolis. Já na Guarda do Embaú,

participaram da ação de ensino e incentivo de cultivo de sua própria horta, enquanto na Praia do Rosa, em Imbituba, ajudaram na limpeza da areia da praia, logo após a virada do ano. O ponto alto de tudo o que viveram foi, para elas, o fato de estarem hospedadas na casa das pessoas. Mesmo na alta temporada, quando a maioria das pessoas vai à praia em busca de festas e folia, as amigas conseguiram enxergar a essência dos lugares, pois os anfitriões fizeram questão de lhes mostrar. “Fomos muito bem recebidas nas diferentes casas que estivemos. Ganhamos pai, mãe, avós, irmãos, e pudemos aprender e crescer observando o amor e a fragilidade de muitas dessas relações”, relatam as peregrinas. Ao todo, foram 17 empresas apoiadoras, mais de 40 praias visitadas, 13 casas para hospedagem, 12 caronas, quatro ônibus e muitos quilômetros a pé. Após a experiência, as amigas ressaltam que também tiveram momentos críticos durante o trajeto, porém, os banhos de mar, as vidas transformadas a cada encontro, a evolução no surfe e todos que acreditaram no projeto fizeram da viagem um grande marco para a busca espiritual e para a amizade entre as surfistas Ana Carolina e Juliana. Notando que o projeto tem influenciado as pessoas a viajar, se aventurar

e praticar boas ações, a dupla se diz feliz e realizada. “Muitos não acreditam que podem fazer a diferença e se deixam contagiar pelas energias negativas de tragédias e desastres mundanos. Vivem a vida no modo automático e tentam alcançar o que parece inatingível. Mas se olharmos com bons olhos, nós veremos que podemos, sim, confiar no próximo e que esses relacionamentos são o que dão sentido à vida”, diz Ana. Todos os 30 dias pelo litoral catarinense foram registrados através de fotos e vídeos, e o resultado final será estreado no dia 8 de março, no canal do YouTube “As Peregrinas”. Por conta do sucesso e boa repercussão, o projeto terá continuidade. A próxima viagem está marcada para o dia 15 de abril e o destino da vez é o litoral da Bahia. Assim como a primeira experiência, aqueles que se identificam com o projeto também poderão acompanhar cada detalhe nas redes sociais. Os propósitos de “As Peregrinas” seguem os mesmos: Uma vida mais consciente e plena, através do contato com a natureza e a prática do surfe. Entretanto, as amigas Ana Carolina e Juliana já não são mais as mesmas, e concluem: “Nossa ideia inicial era mobilizar as pessoas e fazer algo relevante, que as tocasse. Mal sabíamos nós que as maiores transformações aconteceriam conosco”.

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Permacultura

Sinônimo de saúde e qualidade de vida Ana Beatriz

Pouca gente conhece a permacultura, apesar de ela representar hoje uma espécie de rede socioambiental que já está presente em mais de 120 países, graças aos inúmeros cursos ministrados mundo afora em institutos e estações. Ela é um sistema integrado de design para criação de ambientes humanos sustentáveis. Nas palavras de Bill Mollison, considerado pai da permacultura, “é uma tentativa de se criar um Jardim do Éden”, organizando a vida de forma que seja abundante para todos, sem causar danos ao meio ambiente. Na cidade de Alpestre, no Rio Grande do Sul, a Estação Marcos Ninguém Permacultura

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atua como estação modelo, recebendo visitas guiadas e desenvolvendo cursos de extensão rural com agricultores e com o público em geral. O permacultor Marcos Ninguém, referência nacional e internacional na área e um dos idealizadores do projeto, afirma que viver a permacultura é sinônimo de saúde e qualidade de vida, e complementa: “Esta é a base de uma sociedade justa e feliz”.

Marcos Ninguém – referência na área de permacultura Neimar Marcos da Silva, mais conhecido por Marcos Ninguém, mora em Dom José, Alpestre-RS, e tem 32 anos. Marcos Ninguém é filho e neto de agricultores e nasceu em uma comunidade rural. Apaixonado pela natureza, cresceu tomando banho de rio e convivendo com plantas e animais. “Quando comecei a estudar xamanismo ficou ainda

mais evidente a relação com a natureza, que foi perdida pelas pessoas; e como recuperar essa ligação pode ajudar a curar muitas doenças e psicoses”, explica. Para Marcos, os grandes problemas da humanidade são reflexos da desconexão do homem com o meio ambiente e com a vida. Hoje, ele é licenciado em Filosofia, pela Universidade Federal de Pelotas, e tem Curso de Design em Permacultura. “Sinto que o sucesso nasce da deter-


vilas – comunidades urbanas ou rurais de pessoas que têm a intenção de integrar uma vida social harmônica a um estilo de vida sustentável. Marcos Ninguém, em seus projetos e programas pelo Brasil afora, trabalhou com financiamento privado e também em editais do Governo Federal e da Petrobrás Ambiental. Atualmente, desenvolve obras de bioconstrução em outras regiões do Brasil. Com a estratégia de desenvolver projetos pioneiros e inovadores, ele é hoje uma referência nacional e internacional na área de permacultura.

minação e do foco no trabalho e na carreira”, afirma. Marcos é workaholic, ou seja, uma pessoa que prioriza o trabalho e é motivada pelas conquistas profissionais. Ele trabalha de segunda a segunda e ama o que faz. “Este grau de dedicação me fez desenvolver muitos projetos ao mesmo tempo, e viajar o Brasil inteiro com consultorias e cur-

sos”, conta. Em 2012 Marcos foi trabalhar e morar em São Paulo, onde seu trabalho foi bem reconhecido e divulgado. Ele afirma que as redes sociais também foram essenciais para a visibilidade de seu trabalho. Depois do reconhecimento nacional surgiram os convites de outros países, e as redes de permacultura e eco-

Mas, afinal, o que é permacultura? Nas palavras de Marcos Ninguém, “permacultura é um sistema de design para a criação de ambientes humanos sustentáveis e produtivos, em equilíbrio e harmonia com a natureza”. O termo “Permanent Agriculture”, em inglês, surgiu na década de 1970, por Bill Mollison, ex-professor universitário australiano, considerado pai da permacultura junto com David Holmgren. No entanto, muitas pessoas confundem o termo permacultura com agroecologia. Marcos explica que o fato de nascer como uma proposta de sistema integrado de animais e plan-

tas perenes na busca de uma agricultura ecológica, não quer dizer que é a mesma coisa que agroecologia: “São movimentos diferentes, mas com a mesma finalidade. A permacultura é uma ciência e método de planejamento que vai além da produção de forma ecológica, incluindo também moradia, economia, cultura e afins”. O conceito de permacultura nasce como ciência ecologista, mas ganha dimensão social quando evolui no tempo. “Como é minha relação com meu vizinho? Como educo meus filhos? Como me relaciono com meu/ minha companheiro(a)? Estas são perguntas fundamentais na elaboração do Design de Permacultura de um projeto, sobretudo de uma ecovila ou agrupamento humano”, explica Marcos. Em outras palavras, isto é chamado de componente social e cultural de um projeto. No Brasil a permacultura chegou em 1992 através do primeiro Curso de Design em Permacultura ministrado por Bill Mollison, no Rio Grande do Sul. Com o passar dos anos, o conceito foi se espalhando para outros estados do país. Hoje, a permacultura vem sendo desenvolvida no Brasil através de institutos, estações e sítios permaculturais, que servem de

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modelo de planejamento e uso de tecnologias sociais. Marcos explica ainda que nestes institutos são ministrados cursos rápidos e cursos oficiais como o PDC (Permaculture Design Course). A principal motivação que levou Marcos Ninguém a desenvolver a permacultura foi o processo de vanguarda em que ela se encontra no Desenvolvimento Sustentável. “Esta é uma ciência nova e que realmente traz respostas aos paradigmas ambientais atuais”, afirma o permacultor. Por ser algo novo e pouco disseminado no país, para ele, trabalhar com permacultura é um grande desafio, causando estranheza e resistência inicial. O permacultor ainda afirma que, nos últimos anos, os investimentos nesta área têm sido pelo público mais consciente, que deseja morar em ecovilas ou quer transformar seus negócios atuais em negócios sustentáveis, bem como empresas e estados que possuem grandes desafios na área de planejamento ou em destino de resíduos, por exemplo. “Podemos dizer que este é um mercado amplo, mas que a iniciativa privada é a que mais tem investido na permacultura. Nossa meta é que ela se transforme em política pública, para atingir mais pessoas e tomar uma escala maior”, conclui Marcos.

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Estação Marcos Ninguém Permacultura Marcos Ninguém e seu irmão Clairton Jappa nasceram na cidade de Alpestre-RS. Há 16 anos Marcos não visitava o município. Na visita, ele recorda que teve um insight: Montar uma estação de permacultura e se aposentar no lugar. Em reunião com o poder público, solicitaram uma área para o empreendimento. “Em resposta foi nos ofertado a possibilidade de um comodato para ocuparmos uma escola rural que estava sendo fechada por falta de alunos, em uma comunidade rural que tinha sido atingida por uma barragem”, conta Marcos. Ele e Clairton adoraram a ideia, e assinaram o comodato por dez anos para transformar a escola em uma estação de permacultura. A marca registrada e utilizada foi o apelido “Marcos Ninguém”. “Há muitos anos este vem sendo símbolo de nossa credibilidade e honestidade, então é um nome que diz muito nesse meio de sustentabilidade”, afirma Marcos. No início, o principal desafio encontrado pelos irmãos idealizadores foi o choque cultural, já que o público da permacultura é, em suas palavras, excêntrico e cosmopolita. “Entender quem são essas pessoas que chegam de vários lugares para visitar um município que era muito pacato é sempre um choque inicial

para os moradores”, conta Marcos Ninguém. Mas através das redes sociais, as pessoas apresentaram melhor entendimento do que isso significa. O projeto da Estação Marcos Ninguém Permacultura é fruto de muitos anos de trabalho, pesquisas e entrevistas, sobretudo na região de implementação do projeto. Graças a ele, a cidade de Alpestre vem sendo conhecida nacionalmente, inclusive como destinos mais procurados em sites como Worldpackers e Catraca Livre. Segundo o permacultor, mensalmente dezenas de visitantes e consumidores visitam e trazem novas divisas ao município. De segunda a segunda, a estação funciona com atividades e aulas semanais de inglês, espanhol, violão, teatro, fitoterapia e alfabetização de adultos. “Estamos com o plantio de alimentos orgânicos

e do tabaco agroecológico, bem como uma fábrica artesanal de chocolate”, conta Marcos. A Estação Marcos Ninguém Permacultura trabalha como estação modelo, recebendo visitas guiadas e desenvolvendo cursos de extensão rural com agricultores e com o público em geral. Neste mês de março, iniciam o curso de extensão e de pós-graduação Diplomado em Permacultura, em conjunto com a Universidade Federal do Cariri. Os planos futuros para a estação incluem se tornar um polo de desenvolvimento sustentável, extensão rural, produção de alimentos agroecológicos e de ecovilas. “Estamos desenvolvendo uma metodologia para implantação de ecovilas. Atualmente, estamos na fase de implantação de duas ecovilas a 800m de distância de nossa sede”, diz Marcos. A meta é construir seis ecovilas


Ações realizadas na Estação Marcos Ninguém Permacultura.

até o final de 2018, ou seja, uma cidade ecológica. Aos interessados, a Estação Marcos Ninguém Permacultura recebe visitas agendadas e possui um programa de voluntariado. Além da página no Facebook “Estação Marcos Ninguém Permacultura”, o site oficial (www. marcosninguem.com.br) vai ao ar a partir do dia 10 de março, reunindo informações de todos os projetos.

As práticas sustentáveis no dia a dia A sustentabilidade é um tema que vem ganhando cada vez mais força. “A grande questão é que o sistema capitalista tenta mascarar e confundir o que realmente significa o conceito e as práticas sustentáveis e, infelizmente, esta visão distorcida é a que mais prevalece”, afirma Marcos. Para mudar este panorama da falsa sustentabili-

dade, ele acredita que a permacultura deva se tornar cada vez mais política pública e se fazer presente no cotidiano das pessoas através de projetos de lei, planos diretores e programas governamentais. Educação ambiental é uma das chaves para ampliar as percepções ambientais das pessoas. “Minha experiência diz que precisamos trazer as pessoas para o ambiente natural, para que reconectem não só do ponto de vista mental e racional, mas também instintivo. Afinal, somos animais e esta conexão já existe, só precisa ser estimulada”, explica Marcos Ninguém. Esta proposta de conexão trará mais sentido e significado nas práticas sustentáveis do dia a dia. Para ele, a permacultura se enquadra em qualquer realidade, mesmo em cidades litorâneas como Itapoá e Guaratuba,

pois o conjunto de práticas diárias depende muito mais de uma vontade e coerência do que de onde se está. Àqueles que desejam aprimorar o conhecimento sobre permacultura, o Marcos Ninguém sugere os livros de David Holmgren, co-criador do conceito de permacultura. “Meu livro predileto dele é ‘Permacultura: Caminhos para Além da Sustentabilidade’. Já na internet, muitos sites oferecem informações a respeito, mas meu predileto é o Holmgren Design (www.holmgren. com.br)”, fala. Para o permacultor, qualidade de vida é o principal motivo para se viver a permacultura. Uma boa alimentação, o uso racional da água e a reciclagem do lixo são exemplos de atitudes que oferecem mais saúde e qualidade de vida – a base para uma sociedade justa e feliz.

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Permacultura

Por um mundo mais justo e sustentável

Autoconhecimento, desenvolvimento pessoal, relações interpessoais e aprendizagem de conhecimentos teóricos e técnicas para o design em permacultura – estes são apenas alguns dos ganhos obtidos com o estudo do Permaculture Design Course (PDC). Ana Beatriz

D

e Joinville-SC, Diogo Kramel, 25 anos, e seus amigos realizaram o curso de permacultura com a pretensão de um mundo mais justo e sustentável. Hoje, ele questiona seus hábitos cotidianos e busca formas mais conscientes de viver. Nascido em Taió-SC, Diogo conta que seus pais, de forma natural, sempre levaram um estilo de vida saudável e consciente em relação à sustentabilidade e ao meio ambiente. Desde pequeno, suas refeições vinham da horta de casa e sempre hou-

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De Joinville, Diogo Kramel e seus amigos realizaram o curso de permacultura. Na foto: Guilherme Ritzman, Diogo, Bruno Fuentes e Gustavo Ritzman.

ve um entendimento claro sobre assuntos como reciclagem e consumismo. “Porém, a partir de certa idade sinto que fui engolido pela sociedade e adequei meu estilo de vida ao que o sistema econômico exigia: deixei de me preocupar com alimentação, me tornei consumista e despreocupado com questões ambientais”, conta. Felizmente, alguns anos depois, ele passou, aos poucos, a

retomar consciência sobre seu estilo de vida, refletindo como havia afetado a si mesmo e ao seu redor. A partir daí, passou a questionar seus hábitos cotidianos, procurando formas mais conscientes de viver. “Mudei minha alimentação, a forma como me desloco diariamente e passei a consumir de forma consciente”, afirma. Foi então que Diogo conheceu a permacultura.


Os amigos durante uma das sessões práticas do curso.

Atualmente ele reside em Joinville e é estudante de Engenharia Naval. “Motivado pelo descobrimento de novos estilos de vida e filosofias capazes de atender meus anseios por um

mundo mais justo e sustentável, decidi realizar o curso de permacultura. Tomei essa decisão pensando no meu desenvolvimento pessoal, e não exatamente profissional”, conta. O curso de permacultura concilia prática com teoria, e sua abordagem é simples. Diogo explica que cada uma das pétalas é desenvolvida de forma sequencial: “Dentro de cada pétala uma introdução teórica é dada, seguida de uma sessão prática, finalizando com uma reflexão em grupo sobre as atividades desenvolvidas”. Dentre os conteúdos abordados, os dois aspectos que mais impactaram o estudante foram o manejo da terra e a bioconstrução. Sobre o primeiro assunto, Diogo conta que muitos dos mitos que tinha sobre

Entre as atividades esta a bioconstrução.

as dificuldades de cultivar o próprio alimento foram desfeitos e pôde aprender um pouco mais sobre métodos práticos de cultivo e manutenção de hortas. O mesmo ocorreu com a bioconstrução, que mostrou a possibilidade de usar recursos tão abundantes como a própria terra para a construção civil. “O resultado foi impressionante, especialmente pelo toque orgânico que a geotinta deu ao ambiente e a ótima aparência do reboco ecológico, sem mencionar todas as vantagens desse tipo de construção que até então eu desconhecia”, conta. Apesar de conceitos como permacultura e sustentabilidade estarem em discussão frequentemente em diversos canais de comunicação de massa, estes assuntos não ganham

empatia de toda a população. “Acredito que o cidadão brasileiro não está disposto a repensar seu estilo de vida porque o seu modelo atual é confortável. Você não precisa se preocupar com o descarte do lixo, porque ele simplesmente desaparece toda semana de sua lixeira. Não é necessário repensar a cadeia de produção dos alimentos, porque eles estão simplesmente disponíveis nos mercados. O mesmo se aplica aos meios de transporte, consumo de água, entre outros”, explica Diogo. Na opinião do estudante, falta empoderamento da população, que não acredita ainda no poder que as mudanças de hábitos saudáveis têm para a sociedade e, principalmente, falta àqueles que abraçam essas mudanças.

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“Por isso, essas mudanças ocorrem muitas vezes através de um gatilho econômico, afinal, é em tempo de crise hídrica que a água é reaproveitada e de crise financeira que a alimentação e o meio de transporte mudam”, conclui. A permacultura é a ética do cuidado e possui três pilares básicos: O cuidado com o planeta, o cuidado com as pessoas e repartir os excedentes. Essas três regras básicas fazem desta ciência uma ética de cuidados e de preservação da vida. Para Diogo, atitudes mais sustentáveis e pautadas nestes três pilares são aplicáveis em qualquer âmbito, porém com diferentes escalas. Em centros urbanos, por exemplo, ele sugere algumas atitudes simples como: Fazer compostagem do lixo orgânico gerado na sua residência, criar

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Registros de algumas atividades coletivas realizadas no curso de permacultura.

um sistema de captação da água da chuva, cuidar com corpo e mente através de práticas que valorizem estes elementos (yoga, meditação, etc.), usar bicicleta como meio de transporte, desenvolver sua própria horta no jardim ou condomínio e repensar os produtos que são

consumidos e de que fonte eles são adquiridos. Porém, Diogo acredita que o mais importante seja entender o princípio de design da permacultura. “Ela não é um pacote de soluções prontas na forma de cartilha. Exige que o praticante tenha um olhar crítico e aten-

cioso sobre o sistema em que se encontra e, a partir desta interação, que seja capaz de identificar quais soluções podem ser implementadas dentro das restrições impostas”, explica. Àqueles que desejam aprimorar o conhecimento sobre permacultura, o estudante recomenda os documentários “Seeds of permaculture” e “El barro, las manos, la casa”. Em razão da amplitude da filosofia da permacultura, Diogo pretende se aprofundar mais em cada pétala, adquirindo mais conhecimento enquanto estes são aplicados no seu dia a dia, contribuindo para um mundo mais justo e sustentável. “Espero que, em breve, eu seja capaz de me retirar do meio urbano que vivo hoje e possa aplicar estes conceitos em uma área que me dê essa liberdade”, conclui o estudante.


Os 12 princípios da permacultura Princípio 8: Integrar em vez de segregar “Ao colocar as coisas certas no lugar certo, as relações se desenvolvem entre eles e apoiar uns aos outros”.

Conhecendo os 12 princípios básicos da permacultura, é possível ter um número sem fim de soluções sustentáveis. Para compreender melhor do que se trata este sistema, o estudante Diogo nos forneceu o material traduzido e desenvolvido por David Holmgren, co-criador do conceito de permacultura. Princípio 1: Observe e interaja “Ao tomar o tempo para se envolver com a natureza nós podemos projetar soluções que se adequam a nossa situação particular”. Princípio 2: Obtenha e armazene energia “Sistemas que coletam e desenvolvem recursos quando eles são abundantes para podermos usá-los em momentos de necessidade”. Princípio 3: Obtenha rendimento “Certifique-se de que você está recebendo recompensas verdadeiramente úteis como parte do trabalho que você está fazendo”. Princípio 4: Aplique a autorregulação e aceite feedback “Precisamos desencorajar atividades

impróprias para assegurar que os sistemas possam continuar a funcionar bem”. Princípio 5: Use e valorize recursos e serviços renováveis “Faça o melhor uso da abundância da natureza para reduzir o nosso comportamento de consumo e dependência de recursos não renováveis”. Princípio 6: Produza sem desperdício “Ao valorizar e fazer uso de todos os recursos que estão disponíveis para nós, nada vai para o lixo”. Princípio 7: Planeje dos padrões para os detalhes “Ao voltar atrás, podemos observar os padrões da natureza e da sociedade. Estes podem formar a espinha dorsal de nossos projetos, com os detalhes preenchidos à medida que avançamos”.

Princípio 9: Use soluções pequenas e lentas “Sistemas pequenos e lentos são mais fáceis de manter do que os grandes, uma melhor utilização dos recursos locais e produzem resultados mais sustentáveis”. Princípio 10: Use e valorize a diversidade “Diversidade reduz a vulnerabilidade de uma variedade de ameaças e tira vantagem da natureza única do meio ambiente no qual ele reside”. Princípio 11: Use as bordas e valorize as margens. “A interface entre as coisas é onde os eventos mais interessantes acontecem. Estes são muitas vezes os elementos mais valiosos, diversos e produtivos no sistema”. Princípio 12: Use e responda criativamente às mudanças “Nós podemos ter um impacto positivo na mudança inevitável por observando cuidadosamente, e depois intervir no momento certo”.

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Estilo e atitude

Moda sustentável: Customizar é reciclar Ana Beatriz

O estilo hippie, muito usado durante a década de 70, tem como principal característica o uso de técnicas artesanais, sempre estimulando a experimentação, a imaginação e a tendência “faça você mesmo”. Este conceito também caracteriza o estilo de Agnes Vitória Moura Cazura, de Itapoá. Com apenas 17 anos, ela procura transmitir sua personalidade através do estilo e é adepta à moda sustentável, customizando suas próprias peças de roupa.

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A

gnes nasceu em Curitiba-PR, mas sempre morou na praia, o que influenciou diretamente no seu estilo de vida, especialmente no que é acostumada a vestir. “Gosto de me sentir bem e à vontade, então assumi um estilo mais despojado com influência hippie”, conta. Para ela, o vestuário hippie não se trata apenas de moda, mas também de expressão, história e comunicação. No dia a dia, Agnes costuma se vestir um pouco mais básica, por conta da sua área de atuação, mas confessa a preferência por peças confortáveis e de modelagem ampla, como os vestidos e as saias longas, e acessórios diferenciados, como óculos redondos e turbantes. Sua estação favorita é o verão, inclusive para se vestir. “Não só pela leveza das peças e fluidez dos tecidos, mas tam-

bém pela quantidade de cores e estampas que a estação permite”, diz. Durante o verão, ela abusa de tops e croppeds feitos em crochê e os combina com suas peças-chave, como short hot pant e saia godê. “Também opto por blusinhas básicas e lisas, pois é preciso dosar a quantidade de cores e estampas para não abusar nas informações”, diz Agnes. O gosto recebe influências de seus avós, que viveram nos tempos de Woodstock e foram hippies. Após o casamento, os pais de Agnes criaram uma marca de roupas. “Cresci observando meus pais tingirem as roupas que minha mãe confeccionava. Adorava ver suas mãos coloridas e aguardar o resultado da peça”, recorda. Dessas lembranças nasceu a marca Hippie World, de Agnes. Sem um ponto físico, a loja funciona através de sua fan page no Facebook. Seguindo o conceito

despojado e estilo alternativo, a marca apresenta peças de roupas customizadas por Agnes, voltadas ao público feminino, além de acessórios. Em seu estilo pessoal, ela tem como referência a marca Yacamim. “Adoro as peças e composições dessa marca, porém, seu preço não é muito


acessível”, diz. Para comprar uma roupa, ela prioriza o preço, pois é a responsável pelo toque de exclusividade da customização. “Comecei customizando minhas próprias roupas e, logo em seguida, algumas amigas ficaram interessadas e pediram para que eu modificasse suas roupas também”, explica. Hoje, no campo da customização, Agnes é exploradora: Realiza aplicações com tachas e spikes, faz crochê e também destroyed – rasgos ou fios desfiados em peças jeans. Mas

sua técnica favorita é o tie-dye, que consiste basicamente em amarrar o tecido de diferentes formas e tingi-lo. A principal vantagem do tie-dye é a criatividade que a técnica permite, além de o resultado ser uma surpresa. “Este é um método simples e pode ser feito em casa mesmo. Uma das vantagens é que nunca se obterá um mesmo resultado. Isso torna o tie-dye exclusivo, motivo pelo qual é associado a um estilo único e singular”, explica Agnes. Para ela, qualquer peça pode ganhar uma nova aparência, pois permite algum tipo de customização. No caso do tingimento de tecidos, Agnes recomenda roupas cruas, mas afirma que há muitas peças legais em bazares físicos ou online que permitem aplicações, bordados e até mesmo desenhos. Customizar nunca é caro e exige poucos materiais. “Para customizar um short basta apenas uma faca para desfiar os fios e algumas tachas. Já para dar uma nova aparência a uma camiseta que enjoou, uma tesoura é o suficiente”, explica Agnes. Com o passar do tempo, as ideias e materiais aumentam, permitindo novas possiblidades à peça. Quando o assunto é estilo, as musas inspiradoras de Ag-

nes são a modelo e atriz Yasmin Brunet e a cantora Janis Joplin. No entanto, ela confessa não acompanhar blogs ou revistas de moda, pois é muito difícil encontrar alguma mídia voltada especificamente ao estilo hippie. “O que costumo realmente fazer é assistir vídeos relacionados à customização. São fáceis de encontrar e muito gostosos de assistir”, afirma. Apesar de aprender a técnica com seus pais, Agnes pôde aprimorar as diferentes formas de customização através da internet, onde são passadas dicas úteis para transformar e remontar peças novas ou usadas do vestuário, reutilizando elementos e adicionando componentes. Mais que baixo custo e exclusividade, customizar também é sinônimo de reciclar. Esta prática não faz apenas o usuário se sentir bem, mas contribui para o bolso, a comunidade e o planeta, pois quando customizamos estamos reaproveitando materiais, evitando assim que eles sejam jogados fora. “Se algo continua sendo útil e está bem conservado, por que ser descartado?”, questiona Agnes. Além de roupas, móveis e demais objetos também podem ser reaproveitados, basta o desejo de mudança e olhar criativo.

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Homenagem | Guaratuba

Lendário Michael Jackson Ana Beatriz

U

m homem negro, magro, de aparência saudável, normalmente vestindo um boné e acompanhado de seus quatro cachorros costumava interagir com aqueles que passavam pelas imediações da Praça Coronel Alexandre Mafra, em Guaratuba. Este comportamento ressaltava o carisma de Devarli Ordelice de Paula, mais conhecido por Michael Jackson. O popular morador de rua faleceu no dia 10 de fevereiro de 2016, aos 49 anos. De acordo com amigos – os quais não eram poucos –, o homem que adorava dançar e conversar vai deixar saudade entre moradores e turistas da cidade. Para contar a história deste homem, contamos com a ajuda de Edna Oliveira de Castro, do casal Carol Freitas e Wilson Costa, do casal Tatiane Costa de Oliveira Takeuche e Tomiaki Takeuche, entre outros. Vale ressaltar que estes são apenas cinco dos inúmeros amigos que Michael tinha pela cidade. Afinal, todos os guaratubanos têm, ao menos, uma lembrança, uma história, um fragmento da vida de Devarli, o Michael Jackson. Seu apelido surgiu e pegou porque adorava dançar as músicas e executar os passos do astro pop – o que é comprovado por gravações postadas em redes

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sociais e no YouTube. Certo dia, ele foi até a imobiliária de Edna, deixando com ela um álbum. “Ele pediu para que eu o guardasse, pois em sua casa estava molhando. Eu o fiz, mas nunca abri o álbum para ver do que se tratava”, conta Edna. O álbum foi aberto somente após o falecimento de Devarli. Nele, constavam fotos, recortes de jornais e sua carteira de trabalho. Pouco se sabe e muito se especula sobre sua história de vida antes de chegar à cidade. Sua carteira de trabalho comprova que ele foi filho de Antonio de Paula e Maria Amélia Moro, e nasceu na cidade de Lins-SP, no dia 10 de outubro de 1966. Muitos moradores comentam a história de que sua família era grande e seus pais eram descendentes de quilombolas. Então, por algum motivo, Devarli foi adotado por outra família, com boas condições e estudou durante muitos anos em colégio de freiras. A especulação segue contando que seu irmão de sangue estava morando nas ruas, o que fez com que Devarli abandonasse os pais adotivos para acompanhá-lo. Foi com o irmão mais velho que ele chegou à cidade de Guaratuba, há mais de 20 anos. No entanto, estas são apenas especulações, pois o famoso Michael Jackson não costumava falar sobre sua vida pessoal. Com o falecimento de

Maykon com seus ‘‘serzinhos’’ no dia do casamento de Carol Freitas e Wilson Costa.


seu irmão, passou a viver sozinho na cidade, tendo como companhia seus quatro cachorros. Ele não trabalhava e sua carteira de trabalho nunca havia sido registrada. No entanto, costumava fazer o serviço de pagar boletos para alguns comerciantes de Guaratuba. Estas pessoas afirmam que ele era um homem confiável e honesto e que, mesmo com boa quantia de dinheiro em mãos, ele pagava os boletos e sempre devolvia o troco exato. Os amigos também relatam que foram poucas as vezes em que Michael Jackson lhes pediu dinheiro. “Muito raramente ele pedia dois reais, mas se você lhe entregasse uma nota de cinco, ele trocava o dinheiro e lhe devolvia o troco, alegando que queria somente o que precisava. Era um homem excepcional, gentil e muito educado”, afirma Tomiaki. Durante boa parte do seu dia, Michael caminhava por Guaratuba com seus quatro cachorros, chamados Polaco, Neguinha, Sofia e Pastel. Apaixonado por animais, ele não admitia que as pessoas os chamassem de cães, cachorros ou cadelas, mas sim de “serzinhos”. O morador também não gostava que ofendessem os bichos, pois acreditava que eles ouviam e se sentiam ofendidos. Alguns proprietários de restaurantes e lanchonetes ofereciam almoço, lanche ou marmita a ele, que só aceitava se pudesse entrar com seus quatro companheiros no estabelecimento. Durante suas refeições, costumava dividir todo o alimento com os quatro cachorros e só se alimentava depois que os “serzinhos” o tivessem feito.

Michael Jackson de Guaratuba foi um homem religioso e emotivo, que costumava rezar e frequentar as missas de domingo, na Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso. “Nas missas, sentava no primeiro banco, ao lado dos ministros, e se emocionava muito”, recorda Edna. O homem também tinha boa relação com os padres da igreja, especialmente com o Padre Francisco, que brincava dizendo que ele era “Jesus Cristo vindo como Michael Jackson”. Ele também era vaidoso. Apesar de dormir em uma casa de condições extremamente simples, tinha uma aparência saudável, passava e lavava suas próprias roupas. Recentemente, a dentista Tatiane havia lhe presenteado com o conserto de sua dentição. “Arrumei seus dentes porque ele mereceu. Não tenho nenhum comentário negativo para fazer sobre o Michael, muito pelo contrário, era um homem bom”, afirma a doutora. Animado com a nova dentição, ele costumava ir até a sala de espera do consultório de Tatiane e sorrir para as câmeras, como forma de agradecimento. Outras vezes, sentava na sala de espera do consultório, tomava um copo de água, chorava e ia embora, sem dizer nada. “Ele costumava pegar uma folha de árvore e deixar na cadeira, sinalizando que esteve ali naquele dia”, recorda Tatiane. O cidadão tinha problema com bebidas. Segundo os amigos, quando não estava são, Michael andava de um jeito diferente, mais inclinado. Era muito comum o verem conversando e gesticulando com o poste, a

parede, o céu ou os cachorros. “Ainda assim, mesmo com seus problemas, ele levava a sua vida. Nunca brigou, incomodou ou desrespeitou alguém, sejam jovens, adultos, idosos, mulheres, homens ou crianças”, diz Tomiaki. Uma das coisas que Michael não tolerava era ouvir palavrão. Edna lembra que o morador não dizia um palavrão sequer. “A única vez em que soube que ele se envolveu em uma discussão foi quando uma pessoa proferiu um palavrão a um de seus amigos, e Michael prontamente a defendeu”, conta Edna. A vida pelas ruas guaratubanas rendeu boas amizades ao cidadão. Quando se casaram, Carol e Wilson fizeram questão de convidar Michael Jackson. “Ele era muito educado conosco e gostávamos muito dele, então o convidamos para a cerimônia e para a festa”, conta Carol. Bom amigo, ele costumava proteger as pessoas que gostava. Certo dia, Tatiane sofreu um acidente na escada de seu consultório. “Gritei, ele estava passando pela rua e imediatamente apareceu”, lembra a doutora. Então, Michael segurou a mão de sua amiga até o momento em que ela entrou na ambulância. Ele, que presenciava os acontecimentos da vida noturna, também costumava cuidar dos jovens, como dos filhos de Edna, alertando que era hora de irem embora de tal lugar. Além disso, fazia companhia e cuidava de um morador de rua com deficiência visual, na praça central. No dia 10 de fevereiro de 2016, quarta-feira de cinzas, a

cidade de Guaratuba parou. Em sua casa, Devarli foi encontrado vítima de morte súbita. Prontamente, amigos do cidadão guaratubano se mobilizaram, contribuindo para dar ao famoso Michael Jackson um funeral digno. “Pessoas de todas as idades, profissões e classes sociais foram se despedir dele. Era perceptível que não estavam lá por curiosidade, mas porque realmente tinham apreço por ele”, conta Edna. O público da noite, concentrado especialmente nos bares do beco, próximo à praça central, também lamentou a morte de Michael Jackson. Muitos jovens, sejam moradores ou turistas, afirmam que as noites guaratubanas não serão mais as mesmas sem a presença do lendário morador. Eles recordam que Michael tinha uma energia boa e sempre estava presente nos bares dançando, divertindo e entretendo grupos de amigos. Atualmente, Pastel, Neguinha e Sofia, três dos quatro “serzinhos” de Michael, estão nas ruas e realizam diariamente o trajeto que faziam com o falecido dono. Já o cão Polaco se encontra no pet shop São Camilo, sob os cuidados da equipe. Desconstruindo barreiras e preconceitos, Devarli, mais conhecido por Michael Jackson, foi um homem de coração bom, apaixonado e querido por toda Guaratuba. Perguntando aos seus amigos se estes fizeram a diferença na vida de Michael, eles respondem: “Michael, sim, fez a diferença em nossas vidas, pois nos relembrou valores como honestidade e gentileza, e nos ensinou que é possível, sim, ser feliz com pouco”.

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Educação Infantil

O

C

onforme as Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil, Creches e Pré-escolas fazem parte da primeira etapa da educação básica, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados, que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade podendo ser atendidas em jornada integral ou parcial. A Educação Infantil ela complementa a ação da família, Nem tudo pode ficar sob a responsabilidade das Instituições, por isso da importância de um bom relacionamento entre a família e a instituição, o respeito que devem existir entre ambos. Os pais devem acompanhar a vida escolar de seus filhos, participando das reuniões pedagógicas, das festividades da escola, sem essa participação não há como promover o desenvolvimento integral ( aspecto físico, cognitivo, motor, afetivo e social) da criança. É primordial que os pais participem ativamente deste processo de desenvolvimento. As instituições por sua vez devem: •Organizar um ambiente acolhedor e aconchegante visando à educação com qualidade no coletivo, porém respeitando as

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suas individualidades e ritmos de desenvolvimento de cada criança. •A interação entre crianças e entre educadores, a equipe em geral, assim também a integração da família; •A relação Instituição - família; •A inserção de crianças portadoras de dificuldades especiais; •A organização de rotinas, normas de funcionamento e propostas curriculares; •Formação continuada para os professores na própria Instituição; Esses fatores contribuem para nossas crianças se desenvolvam harmoniosamente, que dependem da sua família , da Instituição que está inserida e da comunidade. Fonte : Os Fazeres na educação Infantil DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

nome é o que menos importa. Com essa ou aquela denominação a ‘encantada’ estrada, mais uma vez, parou. Foi suspensa e as licenças ambientais anuladas. Manchete estampada em jornal local. O Tribunal Regional Federal em Porto Alegre anulou a licença ambiental para a construção da estrada, fundamental para o turismo no entorno da Babitonga. A decisão foi unanime em favor de ação do Ministério Público Federal. O empreendimento só poderá ser retomado se forem feitos o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA). Os estudos foram ou não foram feitos? Ao que se sabe, a obra estava em andamento, supondo-se estar licenciada e legalizada. A ação do Ministério Público Federal ingressou na justiça em 2011, há cinco anos, alegando ilegalidade na concessão do licenciamento ambiental pela Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (FATMA). Ancorada na Resolução nº 1/86 do Con-


Costa do Encanto ou Caminho dos Príncipes, não importa selho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que define quais empreendimentos necessitam de EAI/RIMA e, entre eles, estão às estradas com duas ou mais faixas. Alegou que as obras estavam sendo feitas em zona costeira, o que, segundo a Lei 7.661/88, necessita de EAI/RIMA. Que a competência para o licenciamento fosse transferida da FATMA para o IBAMA. Em primeira instancia na Vara Federal de Joinville, a ação foi considerada improcedente, razão pela qual o Ministério Público Federal recorreu ao Tribunal Regional em Porto Alegre, onde o desembargador federal Luis Alberto d’ Azevedo, a julgou parcialmente procedente. Reconheceu o magistrado que o projeto traria benefícios econômicos e sociais para a região, porém, “no confronto entre o direito ao desenvolvimento e os princípios do direito ambiental, deve receber solução em prol do último, haja vista a finalidade que este tem de preservar a qualidade da vida humana e proteger o patrimônio pertencente às presentes e futuras gerações”. Quanto à transferência da competência

de licenciar para o IBAMA, indeferiu por entender que a legislação prevê esse tipo de intervenção quando envolve impactos em âmbito nacional e regional, o que não considerou como tal. O procurador jurídico da Fatma pretende recorrer da decisão. No seu entendimento, a Resolução nº 1/86 do CONAMA está em debate para ser alterada e, em muitos Estados, não é exigido licenciamento para a construção de estradas. Em Santa Catarina, segundo ele, somente estradas de ‘grande porte’ exigem EIA/RIMA, Independente das questões jurídicas ou do mérito do licenciamento, o fato é que desde 2003, a partir do primeiro governo de Luiz Henrique da Silveira o projeto tramita e é considerado imprescindível para o desenvolvimento econômico, cultural e turístico da região que envolve oito municípios do Litoral Norte de Santa Catarina: Joinville, Araquari, Balneário Barra do Sul, Barra Velha, Garuva, São Francisco do Sul, São João do Itaperiu e Itapoá, integrantes da então Secretaria de Desenvolvimento Regional - Joinville, agora transformada em

Agencia de Desenvolvimento. Vital para o turismo em Itapoá, pois a incluiria em roteiro alternativo ligando a BR 116 na Serra da Graciosa, demandando por Morretes, Antonina, Paranaguá, Matinhos e Guaratuba no Paraná, e Joinville e São Francisco do Sul passando por Itapoá em Santa Catarina. Ao que tudo indica, também não acontecerá até o termino do segundo mandato do atual governador Raimundo Colombo. O episódio pode servir como alerta em relação à ampliação da área retroportuária de Itapoá, proposta na revisão do Plano Diretor, abrangendo as margens da estrada que interliga Itapoá com a Vila da Glória. Concebida inicialmente para tráfego de veículos leves e com finalidade turística e não como via para movimentação de cargas pesadas. O principio da precaução recomenda que seja analisada, antes de qualquer aprovação, as limitações e condicionantes existentes, pois querendo ou não, a relevância ambiental da região é fato inconteste. Prevenir é sempre melhor que remediar. Itapoá (verão), 2016.

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Famosa Riviera Francesa ou Cote D’ Azur

A

Riviera Francesa, sem dúvida, é famosa e tem um dos melhores trajetos à beira mar da Europa. Lugar dos astros do cinema e da música, de pessoas bonitas e prédios imponentes. Região privilegiada que traz à lembrança pessoas importantes, mulheres fazendo topless, iates, gente elegante sentada em cassinos e bares. Eventos internacionais como o Festival de Cinema de Cannes e o Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1 também acontecem nessa região. Entre os vinhedos de Provence e os Alpes Marítimos, a Cote d’Azur é o local de prazer, do consumismo e sinônimo do viver bem. Só se vê coisas bonitas e um mar azul de tirar o fôlego. São 180 quilômetros entre Toulon e a fronteira com a Itália, que valem a pena serem percorridos de carro, isto porque existem várias aldeias, cidades e praias, cujo acesso para ser visitado como turista nem sempre é fácil por outros meios de transporte. Começando por Nice, uma das mais belas e encantadoras cidades do sul da França, ela tem um charme peculiar, e parece muitas vezes fazer parte da França e Itália ao mesmo tempo. Passear pela Promenade des Anglais, ou Passeio dos Ingleses, é mui-

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Mônaco

to gostoso por ser a avenida beira mar, que se estende por toda a cidade e onde tudo acontece. Ao longo da avenida estão belos hotéis e na praia, bares com cadeiras de praia para se admirar, principalmente, o entardecer. Outro ponto turístico de Nice que não se pode perder é o porto onde se encontram barcos e iates deslumbrantes “ coisa de outro mundo”. Place Messena é outro local imperdível, parque muito original com seu piso quadri-

Monte Carlo vista de cima do Principado de Mônaco

culado e repleto de esculturas, não deixa de ser um dos pontos de partida para explorar o centro da cidade. Existe um hotel com cúpulas inconfundíveis cor de rosa, mostradas em diversos filmes clássicos de James Bond que é o Hotel Negresco onde você não precisa ficar hospedado, mas pode tomar um drinque e apreciar belos vitrais feitos por Gustave Eiffel, o da Torre Eiffel, em Paris. Próxima parada foi Cannes, muito próximo de Nice,cidade onde acontece o conhecido Festival de Cinema, o de Cannes.


Afrescos da Catedral de Mônaco

Jardins do Principado

Nice

Destino glamouroso para quem quer curtir edifícios bonitos e, é onde se concentram as lojas de grife mais famosas. Percorra a Rue d’Antibes, avenida agradável e vá até o mercado de frutas e alimentos. Local apropriado para saborear delícias da região da Provence e admirar o artesanato local, com certeza, preços acessíveis. Se tiver tempo visite duas aldeias muito interessantes Èze e Saint-Jean-Cap- Ferrat, vilarejos medievais. As ruelas são cheias de galerias de arte e existem muitas lojinhas com cafeteria. Em Èze as galerias e bares se encontram ao redor de um castelo em ruínas e uma igreja, cuja vista é maravilhosa, uma vez que o povoado é um dos pontos mais altos da região, lugar perfeito para meditar! Ainda em Cannes, passeie pelo Boulevard de la Croisette, calçadão à beira-mar e admire a majestosa construção do Hotel Carlton e Hotel Hilton. Apenas oito quilômetros separam Èze

praia de Larvotto, sempre lotada. O que vale mesmo visitar é o principado em si, suas ruelas históricas, suas galerias de arte, o palácio com sua ala aberta para o público durante todo o ano. Enfim, toda a região em volta do palácio nos seduz com seus jardins cultivados pela atriz e princesa Grace Kelly, morta em acidente automobilístico na região. Respire o ar do Mediterrâneo vagando pelas ruas do Principado e desfrute momentos inesquecíveis. A catedral de Mônaco com seus belos afrescos e o esplendor dos vitrais merecem uma visita. No interior existem várias capelas e o túmulo da família Grimaldi. Portanto, cada passo que você der nesse Principado, vai deixá-lo deslumbrado e você irá perceber como Mônaco, cidade moderna, soube administrar o espaço sobre as rochas proporcionando uma vista maravilhosa do Mediterrâneo.

Monte Carlo

de Mônaco, destino seguinte, um dos menores países do mundo. Muito tranquilo é visitar Mônaco e Monte Carlo, edifícios de luxo e iates são a paisagem da região, já o Principado de Mônaco fica encravado num rochedo na costa mediterrânea da França, onde reina a família Grimaldi desde 1297. O príncipe Albert ll está no poder desde 2005. Além de Monte Carlo ser famosa pelos eventos como GP de Fórmula l é também conhecido pelos seus cassinos.O Cassino de Monte Carlo é um complexo de lazer muito chique, inclui teatros, belos jardins,lojas que merecem uma visita. Praias? Existe uma aberta ao público, a

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artesanato

A arte de modelar e dar vida ao personagem Ana Beatriz

Q

ue criança não gosta de brincar com massinha de modelar? Artistas e educadores afirmam que esta é uma excelente atividade, pois ao brincar de massinha a criança se comunica, pergunta, imagina, cria hipóteses, testa suas ideias e busca aperfeiçoar suas criações. Na cidade de Guaratuba, Luiz Costa Neto foi uma criança que adorava esta prática e, a partir disso, encontrou uma arte. Hoje, com apenas 16 anos de idade, ele chama atenção por sua habilidade e técnica de esculpir bonecos de biscuit inspirados em celebridades. A história de Luiz é ditada desde a infância, quando já gostava de desenhar e criar seus próprios personagens de histórias em quadrinhos. Aos seis anos de idade, durante as aulas de recreação da escola, ele teve seu primeiro contato com a arte de esculpir. Com massinha de modelar fez um guará, ave sím-

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O artista Luiz Costa Neto,. bolo de Guaratuba, e sua habilidade de manuseio e cuidado com os detalhes chamou atenção da professora, que conversou com Marilza Terezinha Costa, mãe do guaratubano, e a orientou a incentivá-lo. Durante muito tempo Luiz morou em frente a uma papelaria. “Todos os dias pedia para minha mãe comprar massinha de modelar para eu brincar em

casa. Na maioria das vezes, deixava meus brinquedos de lado e passava horas modelando”, conta. Com a prática, começou a criar os primeiros bonecos. Porém, também percebeu que suas criações desmontavam no dia seguinte, por se tratar de um material pouco consistente. A solução foi encontrada pela mãe Marilza: A massa de biscuit. Com amido, vinagre, vaselina e cola, ela passou a produzir massa de biscuit caseira, contribuindo para a evolução artística do filho. Entretanto, até dominar a técnica em seus bonecos de biscuit, Luiz buscou ajuda de artistas plásticos do ramo. Neste processo, algumas experiências negativas o marcaram. “Algumas pessoas se negaram a ensinar ou, até mesmo, ensinaram do modo errado, acredito que por medo de concorrência, mesmo se tratando de uma criança”, conta. Mas com determinação, o jovem insistiu em aprender e recorreu à internet, meio de comunicação que lhe abriu muitas portas.


Luiz. Seu trabalho possui traços de caricaturas e, por se tratar de peças pequenas, surpreende com os detalhes realistas, como expressões faciais, sombras, detalhes do corpo humano e afins. Suas inspirações vêm de personagens e personalidades marcantes, como Papa Francisco, Turma do Chaves, Frozen, Carmen Miranda e Beyoncé. Entretanto, Luiz recebe muitas Nas redes sociais, Luiz entrou em contato com artistas plásticos renomados, em busca de dicas e aprimoramentos. “Tive muitos professores online”, brinca. O primeiro deles foi Evelyn Fonseca, que também realiza esculturas de personagens em biscuit. Evelyn forneceu dicas e até mesmo materiais a Luiz, como a esteca, ferramenta utilizada para esculpir detalhes. Porém, o principal incentivo veio da escultora brasileira Juliana LePine, a “madrinha” de Luiz na arte de esculpir. Quando tinha apenas 13 anos, também através da internet, ele se apresentou para a artista dizendo ser seu fã, e seu talento e paixão em esculpir conquistaram Juliana em pouco tempo. “Ao perceber que ele realmente estudava, se dedicava e fazia tudo com muito afinco, apesar das dificuldades, fiz dele meu pupilo, dando a ele bolsas de estudo em todos os meus cursos online. E essa regalia nunca, de maneira alguma, o

transformou em alguém menos estudioso, dedicado e agradecido”, comenta Juliana LePine. Depois de estudos e testes, Luiz desenvolveu sua própria identidade e técnicas. O esqueleto do boneco é feito de papel alumínio e esta estrutura é revestida com massa de biscuit, ganhando forma, cor, profundidade e detalhes. “Para criar o corpo humano e posições diferentes, é preciso conhecer um pouco de anatomia. Estudar este assunto é necessário para o colégio e contribui para minhas criações”, conta

encomendas para recriar noivos e aniversariantes, para lembranças, homenagens e topo de bolos. “Com no mínimo três fotos de uma pessoa, em ângulos diferentes, consigo esculpir o boneco inspirado nela”, conta o artista plástico, que já homenageou e criou bonecos de diversas personalidades da cidade, como os padres da igreja matriz Nossa Senhora de Bom Sucesso. Diferente da sua primeira experiência como aprendiz, em que lhe negaram ajuda, Luiz transmite seu conhecimento àqueles que

desejam iniciar na arte de modelar com biscuit. “Acredito que a arte oferece campo para todos, já que o trabalho de uma pessoa nunca sai igual ao de outra, pois carrega parte de sua identidade”, diz. Então, para compartilhar os aprendizados na criação de bonecos de biscuit, ele disponibiliza suas aulas com tutoriais, dúvidas e dicas em seu canal no YouTube “Luiz Costa” e em seu grupo no Facebook “Modelando com Luiz Costa”. A webcan utilizada para gravar as aulas virtuais também foi doada, fruto de uma campanha virtual criada pela artista Juliana LePine – mais uma prova de que quando há união, a arte não tem fronteiras. Para o futuro, o artista plástico deseja modelar um boneco em tamanho real, e também experimentar a técnica de massa natural com pasta americana, criando modelos de personagens comestíveis. “Modelar é um aprendizado constante, pois sempre existe algum detalhe que pode ser aperfeiçoado”, diz o artista. E assim, modelando e aperfeiçoando cada detalhe, Luiz dá vida aos personagens e contribui com um universo repleto de diversão, criação e imaginação. Quer conhecer um pouco mais sobre o trabalho de Luiz Costa? Entre em contato com o artista: (41) 9815-2448

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Itapoá e sua história (parte V)

História não é o que passou, mas o que ficou do que passou. Vimos nos artigos publicados nos números anteriores que foram tratados os seguintes assuntos: Os índios carijós, primitivos habitantes de Itapoá e Região; A expedição do francês Goneville no ano de 1504, levando a retornar o jovem índio Iça Mirim, talvez o primeiro turista brasileiro a viajar para a Europa; A comitiva comandada pelo espanhol Alvar Nuñes Cabeza de Vaca; A escravidão negra e agora sobre a experiência socialista Ainda como um só bloco territorial, São Francisco do Sul, Garuva e Itapoá viram acontecer em suas áreas uma das primeiras experiências socialistas práticas no mundo. Inspirado no fato de Dom Pedro II ter sido declarado maior em 23 de julho de 1840, aos 15 anos de idade, e então coroado como novo imperador, o francês, doutor Benoit Jules Mure, aproveitando-se da euforia lançou em 17 de dezembro de 1840 um artigo no jornal do Comércio do Rio de Janeiro. Nele depois de muitos elogios ao mandatário e ao restabelecimento do regime Imperial no Brasil, expõe em detalhes o projeto versando sobre a implantação de uma colônia industrial no sul do país. O empreendimento seguiria a doutrina de seu mestre e filósofo de Besançon, Charles Fourier, autor do livro Utopia Socialista. Essa doutrina fundamentava-se no associativismo, ou seja, não haveria empregados e sim sócios e sua

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expansão ocorreria naturalmente através da força do exemplo. Para tanto bastaria organizar uma comunidade bem sucedida aplicando os princípios de Fourier para que as comunidades vizinhas imitassem a organização. Constava do projeto a edificação do falanstério, isto é, a casa da comunidade, a qual serviria de escola, hospital, armazém e centro social. Tudo patrimônio dos colonos, porque a fórmula de socialismo de Fourier era substituir pelo trabalho associado a exploração e a injustiça que provém do trabalho assalariado. A idéia era alimentada pelas dificuldades econômicas que vivia a Europa, a época, com um grande contingente de pessoas em busca de novas e positivas perspectivas de vida. Pesava também o fato de haver um contínuo e crescente movimento pela libertação dos escravos. Outrossim, sendo o Brasil o país onde a economia estava lastreada na agricultura e na mão de obra escrava o plano do doutor Mure vinha de encontro as metas do imperador que fora preparado, desde criança, para administrar a nação e levá-la a pujança econômica. Na referida colônia industrial, além do falanstério seria ainda implantada uma fábrica de máquinas a vapor para atender ao governo e as companhias particulares, propiciando com isso a existência, enfim, de uma marinha a vapor no Brasil, a qual daria um

forte impulso comercial e supriria a falta de estradas e dos caminhos de ferro projetados. O visionário doutor Benoit Jules Mure era médico homeopata e foi também responsável pelo estabelecimento do primeiro consultório homeopático do Rio de Janeiro, transformado anos depois, na Escola e Instituto Homeopático. No próximo número abordaremos os motivos que levaram o médico empreendedor a escolher na região Sul a área física hoje integrada aos municípios de São Francisco do Sul, Itapoá e Garuva. Desponta nessa arrojada iniciativa o estupendo espírito de aventura que sempre prevaleceu no homem, de descortinar novos horizontes e novas formas de uma vida melhor tendo como norte não o verbo esperar... ‘‘espero que aconteça’’, ‘‘espero que de certo’’; mas sim o verbo esperançar... ‘‘de buscar’’, ‘‘de lutar pelo objetivo’’, ‘‘de não desistir’’. E ainda o extraordinário poeta lusitano Fernando Pessoa ao declinar num de seus poemas que o importante é que sejamos seres incompletos com sonhos, com desejos, com utopias, com horizontes perenes, com esperanças, enfim. Este artigo foi extraído do livro Memórias História de Itapoá e Garuva lançado em 2012 e que se encontra a venda na Livraria Oceano.


aqui tem novidade

Panos de prato estilosos também decoram a cozinha! Quase tão importantes quanto a pia ou o fogão, os panos de prato são itens imprescindíveis em qualquer cozinha que se preze. E de uns tempos pra cá, com essa história de ambientes integrados e espaços gourmet, parece que os coadjuvantes da limpeza finalmente ganharam a atenção que merecem. Saem as estampas clássicas (e tããão boring) de morangos, galinhas e verduras e entram frases engraçadas, formas estilizadas e elementos da cultura pop. E como bom humor é bem-vindo em praticamente todo lugar, esses paninhos criativos não demoraram muito para conquistar as donas de casa Acesse o site da Pano Style Design www.panodepratopersonalizado.com.br e confira panos com design diferenciados.

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Rifa de Páscoa da Asepi A Associação Esportiva Paradesportiva de Itapoá está sorteando essa deliciosa cesta recheada de chocolates, você concorre adquirindo um número a R$ 2,00. O sorteio será dia 28/03 e o nome do ganhador também será publicado aqui. Adquira seu número com um dos associados e boa sorte!

Mãos do Bem Itapoá A Associação Mãos do Bem Itapoá agradece as pessoas que se sensibilizaram com a causa, depositando a confiança no trabalho deste grupo. Graças a estas ajudas conseguiram atender as famílias mais carentes do seu cadastro. Infelizmente, a cada dia esta lista vem aumentando e, para conseguir minimizar estas dificuldades, continuam contando com sua colaboração. Maiores informações entre em contato pelo facebook Maos do Bem Itapoa ou pelos telefones 47 8415.5550 | 3443.1364 | 3443.3623

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Jantar convivial com os ciclistas Pedal na Estrada de Itapoá. Agradecimentos ao Rogério e à Edilene por nos ter recebido na chácara deles. Estava tudo ótimo e bem animado.

Olhem só quem estava na torcida do Triathlon de Itapoá. Nadando, correndo e pedalando, o pai e o filho, Luiz Ohde José Aurélio e Tiago Reis Correia, ambos e Luis Ohde. Na torcida a Cristina Bastos e a Leda do do Porto de Itapoá e agora triatletas Pedal na Estrada. confirmados. Parabéns. No dia 18 de fevereiro a Duda, filha da Vanda e do Paulo Luis Amaral do Aji Sushi, comemorou mais um aniversário. No dia 24 foi a vez do Paulo comemorar mais um aniversário. Parabéns e muitas felicidades aos dois. Na foto a família toda reunida. Duda com o seu irmão Dudu e pais, Paulo e Vanda.

Luna Maria Barbetta esteve de aniversário no dia 2502. Filha de Ananda Gonçalves e João Gilberto Silva. Parabéns Luna.

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Maykon, Júnior, David, Dyogo, Gabriella, Pedro, Matheus, dona Lourdes, Maria Eduarda, sr.Mário, Lucas. O Sr. Mário comemorou mais um ano de vida no último dia 4 de fevereiro. Os parabéns de toda a equipe da revista Giropop.

Marcelo e Jaqueline, do Hotel Mar Azul estiveram presentes na assistência do Triathlon de Itapoá. Mariane Matias com o seu pai, Marcos Matias durante a premiação do triatlhon de Itapoá. Parabéns para você Marcos, terminou a prova e ainda subiu no pódium.

Parabéns pela escolha Silvana Duarte, a equipe Itapema Motos agradece pela preferência. Honda Biz 125 es 0km




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