QUEM BEBE PODE VOLTAR
DE CARONA, ÔNIBUS OU TÁXI. SÃO OPÇÕES BEM MELHORES
QUE AMBULÂNCIA OU VIATURA. O Governo de Goiás através do Detran e do Batalhão de Trânsito, está intensificando as blitzes da Balada Responsável. Colabore utilizando a sua consciência e valorize o que existe de mais importante:
a sua vida.
L ÁLCOOBINA M O C O Ã . N O Ã Ç E R I COM D PONSÁVEL. ES R A A D S A S E O BAL AÇ R B A U E IDEIA.
W W W .D D E T R A N . G O .G GOV.BR @Det etra traanG nGo Go / etranGo /D
2 | Hoje - Abril de 2012
SECRETARIA DAS CIDADES
Editorial
Ao leitor Fato excepcional, em termos de repercussão, as revelações sobre o empresário e contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, é assunto obrigatório. Daí ser a matéria de capa desta edição de HOJE. Sem alardes, nem exageros. A análise fria dos fatos, tão somente. Até porque bicheiros, corruptos e corruptores, inclusive corruptores empreiteiros e políticos por eles corrompidos, estão por aí, aos montes, muitos deles (os políticos) neste exato momento desempenhando o papel de moralistas. E os empreiteiros, cavando uma forma de ocupar os espaços da Delta Construções, uma construtora como tantas outras pelo Brasil afora. E muitos candidatos a bicheiros, ou bicheiros já estabelecidos, ou empresários de caça-níqueis ou jogos afins, candidatando-se aos espaços deixados por Cachoeira. Enfim, a vida continua e nada há de novo no Brasil, sempre à espera de uma moralização verdadeira.
A revista do Centro-Oeste e Tocantins
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Correspondente em Palmas Roberta Tum Sucursal de Brasília Adriana Ferraz (adriana@juridiconet.com.br) Sucursal de São Paulo (Capital) Maria de Fátima Vital (fatvital@gmail.com) Impressão
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Abril de 2012 - Hoje |
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índice Economia Os efeitos da queda dos juros bancários para a sociedade
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História Um passeio pelos centros que recuperam “os anos de chumbo” na América Latina
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Saúde Como prevenir o AVC, seus riscos e os novos medicamentos
Literatura A vida quer é coragem. Livro conta a trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil
Violência Relatório do Conem revela que número de agressões à mulher ainda é alto
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COLUNISTAS
06 12 bsbhoje Andréa Fassina Adriana Ferraz
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Cachoeira virou tsunami Uma análise sobre o maior escândalo político da atualidade
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48 GRC
Goiás sedia, em julho, uma das maiores convenções de tatuagem do Brasil
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Pedro Chaves, deputado federal
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Tattoo Rock Fest
Entrevista
Aventura Terceira edição do Rally da Solidariedade Amigos do Fred
Cultura Saiba como será o primeiro Festival Internacional de Dança de Goiás
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MAIS Cenários Artigo
15 40 Abril de 2012 - Hoje |
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PRIMEIRO PLANO
Só a Delta pecou? CPI do tipo desta para apurar as travessuras de Carlinhos Cachoeira são montadas para jogar para o público, fazer teatro. Por que mirar na Delta Construções? Por que não uma CPI para apurar as malandragens de todas? As demais grandes construtoras, que corromperam usando os mesmos métodos, ficam de fora? Isso não é sério.
Jovair vai em frente
Ademir X Maguito
Ademir Menezes
Maguito Vilela
6 | Hoje - Abril de 2012
A pesquisa Serpes sobre as tendências em Aparecida de Goiânia surpreenderam por dois motivos: os altos índices de eleitores que votam no deputado Ademir Menezes (PSD) e a baixa preferência pelo prefeito Maguito Vilela (PMDB). Ambos têm também alta rejeição. Para Ademir, a boa performance garante-lhe, de certa forma, facilidade para firmarse como o candidato das forças aglutinadas em torno do governo estadual. Dois fatores conspiram contra sua pretensão: a rejeição, que é alta, e a fragilidade eleitoral de seus apoiadores locais. Quanto a Maguito, que implantou muitos benefícios, sobretudo graças ao seu prestígio junto ao governo federal, que financiou vários projetos de interesse do município, a rejeição também surpreende. A explicação corrente é que, devido às muitas carências e aos poucos recursos (com 500 mil habitantes, Aparecida tem orçamento inferior ao do município de Senador Canedo, que tem pouco mais de 100 mil), qualquer que seja o prefeito os desgastes seriam inevitáveis.
Enganam-se os que imaginam estar o deputado federal e précandidato a prefeito de Goiânia, Jovair Arantes (PTB), tolhido nas suas pretensões devido aos grampos de uma conversa com o empresário Carlinhos Cachoeira. Ele não nega haver telefonado para Cachoeira, na condição de pré-candidato, em busca de apoio. Nada mais que isso. Tanto que não está entre os denunciados, seja pela Polícia Federal ou o Ministério Público. Detentor de mandatos há décadas, já tendo sido vereador e viceprefeito de Goiânia, deputado estadual e federal várias vezes, sem jamais haver perdido uma eleição, o deputado promete muito esforço para que a invencibilidade seja mantida.
Erro de Marconi Um atento observador da cena política disse-me que o governador Marconi Perillo teria, a seu ver, cometido um erro ao contratar, como seu defensor no caso relacionado à operação Monte Carlo, os serviços do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Em primeiro lugar porque Kakay é defensor do senador Demóstenes Torres, boa companhia caso convide para sorver uma taça de vinho (a adega do senador, dizem os jornais, é de primeira), mas má companhia em assuntos que digam respeito à polícia, ao Ministério Público e à Justiça. Aliás, a relação dos que integram o contencioso a cargo do ilustre causídico já é bem extensa, quando se fala de companhias pouco recomendáveis.
Ceres / Carmo do Rio Verde Este repórter percorreu a rodovia de uns 14 quilômetros ligando Ceres a Carmo do Rio Verde, cujo estado é precaríssimo. Não é caso para recuperação do tipo tapa-buracos. É necessário reconstruir todo o trecho. A região, fortemente produtora, merece e pede urgência.
Iris de novo? Ex- governador por duas vezes, ex-ministro de Estado por outras tantas, ex-prefeito três vezes de Goiânia, Iris Rezende Machado (PMDB), hoje aos 77 anos, poderá (embora a contra gosto), ter de disputar novamente o governo de Goiás em 2014. Em momentos difíceis para seu partido, como ocorreu em Goiânia em 2004 (quando Iris, depois de derrotas nas urnas em 1998 e em 2002), quando disputou e ganhou a prefeitura de
Dilma e os bancos Goiânia, Iris nunca recuou diante de desafios. Não é que faltem outros nomes. Aí estão, por exemplo, Sandro Mabel e Vanderlan Cardoso (PMDB), e estava (até surgir o caso Cachoeira), Rubens Ottoni (PT). Mas nenhum com histórico suficiente para empolgar. Mabel e Vanderlan, empresários bem sucedidos, seriam excelentes candidatos, por exemplo, à presidência da Associação Comercial e Industrial do Estado de Goiás.
À espera de um viaduto Quem vai ou volta de carro entre Goiânia e Nerópolis não tem como deixar de sentir a necessidade de implantação de um viaduto no cruzamento que liga o aeroporto ao setor Goiânia 2. O movimento de todo tipo de veículos (de automóveis a Carretas, de motos a ônibus) é tão intenso que a existência de sinaleiros não mais é suficiente. O problema de trânsito naquela altura só dará sossego aos usuários com a implantação de um moderno viaduto. Com a palavra o prefeito Paulo Garcia. Fotos: Divulgação
A presidente Dilma Rousseff está enquadrando os bancos privados na medida em que determina a redução de juros dos bancos oficiais. Tomara que ela não fique só aí, porque o sistema bancário brasileiro, desde a privataria adotada pelos tucanos e que teve prosseguimento com PT no poder, só vem piorando os serviços prestados à população. Os juros são a parte mais visível. Basta observar a divulgação dos lucros dos grandes bancos, como o Itaú e o Bradesco. Bilhões e mais bilhões. Que tal estimular a concorrência, facilitando a abertura de novos bancos? O estímulo ao monopólio, está claro, foi um erro. Outra coisa: por que permitir as negociatas em torno do pagamento ao funcionalismo? Que tal
colocar em prática um outro sistema, pelo qual o pagamento seja feito através do banco que maiores vantagens ofereça ao servidor, não cobrando, por exemplo, a manutenção da conta e reduzindo os juros sob os empréstimos?
Virado prá Vênus Há sortudos que, dizem alguns, nascem virados para Marte. O caso do prefeito Paulo Garcia, de Goiânia, parece um pouco diferente. Tendo ficado na condição de suplente de deputado estadual em 2006, ele foi eleito vice-prefeito de Goiânia em 2008. Há dois anos, o titular, Iris Rezende, renunciou para disputar a Governadoria. Paulo passou para o arreio e não parou mais de crescer. As
acusações, como no caso Mutirama, causavam, claro, muitos desgastes. Mas veio a operação Monte Carlo, que tanta dor de cabeça tem causado a muitos, mas aliviou a do prefeito. É que as gravações reveladas mostraram que por trás das denúncias estava ninguém menos que Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Resultado: o que era desgaste, virou fator positivo.
Como se não bastasse, o Tribunal de Contas dos Municípios descobriu que as licitações para as obras do Mutirama foram feitas pela administração anterior. Em decorrência disso, Garcia, de qualquer forma, nenhuma responsabilidade teria por elas. Conclusão: o prefeito virou vítima, ou mártir, de seus acusadores. Paulo Garcia nasceu para Vênus. Abril de 2012 - Hoje | 7
Entrevista I Pedro Chaves
Tarzan de Castro e Valterli Guedes
N
atural de São Domingos, na fronteira Goiás-Bahia, região pouco povoada e, portanto, de parcos eleitores, o deputado federal Pedro Chaves (PMDB) se acha no exercício de seu quarto mandato consecutivo junto à Câmara Federal. Antes, ocupou posições no executivo em Goiás, entre elas a de secretário de Transportes. Equilibrado,mas firme em sua atuação, é das vozes mais autorizadas e acolhidas da oposição goiana, sendo respeitado não só por seus parceiros, mas igualmente pelas forças governistas. HOJE o entrevistou durante visita que o parlamentar fez à nossa redação. Seguem os principais trechos da entrevista: Que análise o senhor faz do ano que passou no campo político e qual sua expectativa para este ano? No caso do PMDB, procuramos,
em 2011, fazer a reestruturação dos diretórios municipais. Realizamos novas filiações, justamente para que pudéssemos ter candidatos competitivos nas eleições de 2012, tanto para as prefeituras quanto para as câmaras municipais. Foi um trabalho feito com muito zelo pelo Diretório Estadual, o que proporcionou grandes filiações visando as eleições de 2012 e também de 2014. Portanto, o PMDB está bem estruturado e preparado para as próximas eleições. Fala-se muito que o PMDB perdeu grandes lideranças, deputados e tal. Mas também ganhou outras. Nesta avaliação de perdas e ganhos houve mais lucro do que perda? Sim, porque somos um partido de oposição e, normalmente, a tendência é perder filiados, enquanto o partido de governo ganha filiados. Em 2011, nós perdemos um deputado federal e um estadual e alguns prefeitos. Mas também recebemos filiações de deputado federal, que é o caso de Sandro Mabel; de vários pré-candidatos a prefeitos que são fortíssimos em suas cidades; tivemos a filiação de Vanderlan Cardoso, que foi candidato a governador e, portanto, uma conquista importante para o PMDB. Entre aqueles que saíram e que chegaram, o PMDB se fortaleceu nessas filiações em 2011. Nesse quadro, o senhor acha que 2012 será um ano bem sucedido? Será o partido que mais fará prefeitos? Trabalhamos pra isso. Na última eleição, nós fizemos 56 prefeitos e queremos aumentar esse número para uns 60 ou 70 prefeitos. Vejo que, com o
Junho 2010 8 | Hoje - Abril dede 2012
pluripartidarismo, acredito que sejam 29 partidos constituídos junto ao TSE, é difícil algum partido passar de cem prefeitos em função disso. Mas eu vejo que o PMDB vai disputar a cabeça para eleger o maior número de prefeitos. Vai disputar, obviamente, com o partido do governador, mas acredito que o PMDB vai surpreender, aumentando o número de prefeitos com relação à eleição anterior. Em relação ao governo Marconi Perillo, o PMDB está com qual expectativa? Bem, o governo Marconi assumiu vários compromissos durante a campanha e o PMDB, enquanto partido de oposição, está cobrando o cumprimento dessas promessas feitas durante o período eleitoral, como, por exemplo, um melhor tratamento para a Educação, principalmente para os professores, que a gente percebe, estão decepcionados com estas medidas tomadas; o setor rodoviário, que a gente percebe que a malha está muito danificada, trazendo graves prejuízos para a economia do Estado, principalmente, para os produtores rurais, e também pelas pessoas que trafegam diariamente pelas rodovias goianas. As reclamações são imensas. Citei esses dois assuntos, mas em vários setores existem muitas reclamações e o PMDB vai cobrar do governo estadual essa melhoria tanto para o funcionalismo como para o setor de infraestrutura. Então, a sua avaliação do governo estadual não é positiva? O governo, pelo que a gente tem acompanhado, focou seu trabalho, praticamente, na meta fiscal de ter um superávit, procurando apenas cortar despesas para equilibrar as suas finanças, compatibilizar receita com despesa. Mas na parte de investimento foi quase que insignificante. Você não vê grandes investimentos feitos pelo governo do Estado. O PMDB está atento a isso e vamos acompanhar o desempenho do governo nos próximos três anos. Com a negociação da Celg com a Eletrobrás, o governador disporia de recursos pra dar a volta por cima. Qual a sua avaliação sobre esta negociação?
O governo federal fez a sua parte, assinou o acordo com o governo de Goiás, colocou mais de 5 bilhões de recursos na recuperação da Celg, que é o nossa força motriz de crescimento. Sem ela, você não consegue trazer indústrias, nem investimentos. Sem energia, com confiabilidade e suficiente para atender essa demanda, não há desenvolvimento. Nos últimos anos, algumas indústrias deixaram de vir para Goiás justamente porque não tinha energia suficiente para atendê-las. E mesmo os grupos aqui instalados tiveram que buscar geradores para manter as
“Você não vê grandes investimentos feitos pelo governo do Estado. O PMDB está atento a isso e vamos acompanhar o desempenho do governo nos próximos três anos”
suas empresas funcionando. Se a Celg não fosse incorporada pela Eletrobrás, nós teríamos um grande prejuízo na economia goiana, inibindo o nosso crescimento econômico enquanto os outros estados estão andando em uma velocidade bem acima da média. Portanto, foi uma situação que foi criada e, graças a Deus, solucionada pela Eletrobrás. Agora, com a administração da Eletrobrás a gente espera que a Celg se fortaleça, obviamente a economia goiana deve voltar a crescer em um ritmo mais acelerado e isso vai ajudar o governo. Mas nós como goianos temos que pensar primeiro, antes da questão política, na questão do nosso estado.
Por isso vejo que a solução não era a ideal, mas na atual conjuntura não tinha outra saída. Portanto, a Eletrobrás está ajudando o governo de Goiás. Ao fazer esse acordo com a Celg. Na área federal, quais os aspectos positivos desse primeiro ano da presidente Dilma, e quais possíveis falhas apontaria? Acho que um fato positivo do governo Dilma foi manter o equilíbrio das contas públicas, mesmo com a crise da Europa. Sabemos que nesse mundo globalizado, qualquer problema que surja nas economias fortes, seja nos Estados Unidos, seja na Europa, se reflete na economia nacional. Mas o Brasil conseguiu se sair bem nesse ano, apesar da crise. O nosso crescimento foi positivo. Tivemos superávit na nossa balança e com isso o Brasil está credenciado para um crescimento ainda maior neste ano de 2012. Houve também aumento na geração de empregos. São fatores que mostram que a nossa economia está bem conduzida. O crescimento econômico com a responsabilidade econômica, vamos assim dizer, foram fundamentais nesse primeiro ano de governo da presidente Dilma. Agora, pela avaliação que a presidente desfruta hoje perante a opinião pública, eu não me atreveria a dizer qual é a parte negativa do governo. A atual aliança do PMDB com o PT nacionalmente está garantida para 2014? Acredito que sim. Na maioria dos estados existe uma aproximação muito grande entre PMDB e PT, inclusive aqui no Estado de Goiás, acredito que isso ajuda a manter a aliança para as eleições de 2014. O PMDB ocupa cinco ministérios importantes no governo Dilma, como o da Agricultura e de Minas e Energia que estão entre os mais importantes da República. O detalhe também é que a presidente Dilma tem sempre valorizado o PMDB a nível nacional e nos estados. Temos o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que tem recebido atenção bem especial da presidente Dilma. Cito o Rio de Janeiro porque é um dos estados expoentes da nossa Federação e que é governado por um peemdebista. Ele mesmo tem divulgado o bom relaJunho Abril de de 2010 2012 - Hoje |
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Entrevista I Pedro Chaves cionamento e o bom atendimento que tem recebido do governo federal. E nós, parlamentares, temos feito nossa parte em Brasília que é dar sustentação política para a administração do governo da presidente Dilma. Então, vejo que essa aliança entre o PT e o PMDB veio e será duradoura. O senhor disse que a aliança nacional ajuda a manter a aliança em Goiás. Essa aliança em Goiás vai realmente sobreviver aos resultados do pleito deste ano? Vai, sim, não tenho dúvida. O PMDB apoiou o presidente Lula em sua primeira eleição e ali foi dado o primeiro passo para essa aproximação. Nesta última eleição o PT compôs chapa conosco, por indicação do ex-deputado Pedro Wilson (PT). Vejo que essa aliança, que deve ser confirmada nas principais cidades, como Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia e na maioria das cidades do interior, é um indicador de que os dois partidos vão estar juntos em 2014. Aparecida de Goiânia, Goiânia e Anápolis. O deputado considera que a vitória nessas cidades é um fator decisivo para as eleições de 2014? São as três maiores cidades, com o maior número de eleitores. Praticamente um terço do eleitorado goiano está nestas três cidades. E se o PT e o PMDB obtiverem a vitória nessas três cidades será, sem dúvida, um grande passo para ganharmos o governo em 2014. Agora, eleição sempre é muito difícil. Não existe eleição fácil. Os três prefeitos, Maguito, em Aparecida de Goiânia; Paulo Garcia, em Goiânia; e Antônio Gomide, em Anápolis, estão bem avaliados. Acredito que todos três têm condições de vencer. Por isso acredito que, com a eleição dos três ,PMDB e PT dão um grande passo para a reconquista do governo em 2014. Um deputado no exercício do quarto mandato. Qual tem sido a sua principal bandeira defendida no Congresso? Bem, temos duas linhas de atuação. Uma na área parlamentar propriamente dita, onde a gente apresenta projeto de lei e participa dos debates Hoje -- Abril Junho 2010 10 | Hoje dede 2012
– já relatei também vários projetos de lei; e outra atuação mais junto aos ministérios da República, na busca por recursos para o Estado de Goiás e para os municípios da nossa representação política. Então, eu parto pra um lado, principalmente, de infraestrutura, do setor de transporte. Hoje, em Goiás, nós temos praticamente toda a malha rodoviária federal em ótimas condições de trafegabilidade. As rodovias federais foram todas recuperadas. Obviamente que, no período de chuva, surgiram problemas, mas em relação às rodovias federais podemos dizer que todas elas estão em ótimas condições de trafegabilidade. E nós conseguimos também – não estou dizendo que estou fazendo sozinho; é um trabalho da nossa bancada – a duplicação de rodovias. Hoje, temos a duplicação da rodovia para Itumbiara, que está finalizando; estamos numa fase bem adiantada da duplicação da BR-060 para Jataí; e vamos trabalhar em seguida na duplicação da BR-153 em direção à Porangatu. E tem também a ferrovia Norte-Sul que é um trabalho que a gente participou ativamente. Goiás quer dar um novo corredor de transporte que é justamente a ferrovia Norte-Sul, ligando o estado com o posto de Itaquí, em São Luís do Maranhão. Se você consegue colocar a logística de transporte, barateando os custos dos nossos fretes, vamos fortalecer a economia goiana, pois vamos conseguir colocar os nossos produtos com mais competitividade lá fora, a nível internacional. Inclusive, a ferrovia Norte-Sul vai ser um grande marco para a economia goiana. E ela já está finalizando, provavelmente esse ano. Em seguida ela será prolongada em direção à região Sudoeste do Estado. Tem uma outra etapa que é a ferrovia Leste-Oeste,que vai ligar o estado à Bahia, cortando com a Norte-Sul na cidade de Campinorte, ligando também com o Oeste brasileiro. Vejo então que na área de transporte a gente tem avançado muito, que é uma área que eu atuo com mais determinação e afinco. Volta e meia aparecem notícias de que as obras da ferrovia Norte-Sul estariam paralisadas, principalmente
depois da crise que envolvia o Ministério dos Transportes, a Valec. É verdade isso? Houve, sim. A Controladoria Geral da União, juntamente com o Tribunal de Contas da União, detectou problemas em trechos. A CGU e o TCU estão agindo da forma que está detectado no relatório feito pelo TCU. Mas nesta questão das correções, eles vão tomar as providências de acordo com o que foi detectado. Mas, independente disso, estamos trabalhando para que as obras, tanto do setor ferroviário quanto do setor rodoviário, sejam concluídas o mais rápido possível para o nosso estado. A questão das irregularidades fica por conta do Tribunal responsável e as medidas cabíveis serão tomadas por ele. Mas a nossa bancada trabalha para a busca dos recursos e conclusão dessas obras. Voltando para a questão partidária eleitoral, qual a sua sugestão de chapa para 2014 em Goiás, para governador, vice e Senado? O PMDB, como maior partido de oposição e melhor estruturado, deve lançar um cabeça de chapa. E o PT, como nosso parceiro preferencial aqui no Estado, terá oportunidade de escolher ou a vice ou a vaga do Senado. Tenho certeza que a chapa PMDB/PT vai se repetir nessa eleição de 2014. Acredito que o PMDB tem grandes nomes, como o próprio Vanderlan Cardoso, que já foi candidato ao governo de Goiás e que tem feito um trabalho muito interessante, visitando todas as cidades do Estado, levando a mensagem do nosso Partido, e é um nome forte para representar o PMDB em 2014. Mas como faltam dois anos ainda, é natural que surjam outras alternativas até lá. No momento vejo Vanderlan Cardoso como o nome mais atuante nessa direção da eleição majoritária de 2014. Quais são os seus projetos, as suas prioridades para o Brasil e Goiás para um desenvolvimento mais acelerado? Aqui em Goiás, volto na mesma tecla: acho que Goiás tem que investir muito ainda em infraestrutura, tanto viária
quanto energética. Óbvio que temos que investir também na Educação, na Saúde, na Segurança Pública, mas Goiás, por sua posição geográfica, como Estado que está localizado no coração do País – podíamos chamar Goiás de “O trevo do Brasil” –, por essas características e pela produção tanto de minérios quanto de grãos, de carne etc, precisa investir muito na infraestrutura viária (rodovias, ferrovias, hidrovias). Com essa logística de transporte bem montada poderemos ser um dos estados que vai ajudar muito no combate à fome no mundo. Sabemos que é grande a demanda por alimentos no mundo e a tendência é aumentar cada vez mais, e Goiás pode dar essa grande contribuição. A nível de Brasil, o nosso País tem, nos últimos anos, com a estabilidade econômica, dado passos importantes, principalmente, no setor de geração de empregos e riqueza. Se Goiás estiver bem sintonizado com o crescimento do País, tenderá a crescer mais e melhorar a qualidade de vida do nosso povo. Como o senhor vê, hoje, a região do Nordeste goiano, da qual tem uma representatividade relevante? A região Nordeste precisa de muito investimento, tanto da área estadual quanto da federal. Em Brasília, temos angariado recurso para o grande projeto de irrigação Flores de Goiás, que vai permitir a irrigação de 22 mil hectares de terra. Temos naquela região vários assentamentos do Incra. São milhares de famílias que já foram assentados nos municípios de Flores, Alvorada, São Domingos. Assim que o projeto estiver em pleno funcionamento, será o grande gerador de emprego, renda e de produção de alimentos. Por parte do governo do Estado, a gente espera investimentos na implantação de novas rodovias pavimentadas, como a de Jaciara a São Domingos; de Divinópolis de Goiás a Monte Alegre, que são fundamentais para a integração e o crescimento da região Nordeste. Além de investimentos em outras áreas, mas cito o setor de transporte como principal gargalo a ser resolvido, para o nosso crescimento econômico. Junho Abril de de 2010 2012 -- Hoje Hoje | 11
Resenha
Renato Dias | renatodias67@gmail.com
“Que o STF julgue logo o Mensalão” (De Luís Cesar Bueno, deputado estadual petista)
Redes sociais O blog do radialista Cleuber Carlos tem abastecido as redes sociais com informações quentes.
Guerrilha do Araguaia
O historiador Romualdo Pessoa lançou o livro Esquerda em Armas.
Em julho
O Palácio das Esmeraldas transfere a presidência do Ipasgo para entidades sindicais dos servidores públicos.
Educação
Entre mortos e feridos, saiu acordo Governo do Estado/ Sintego.
Economia de mercado
Com a bênção de Alexandre Baldy, sai, em junho, a abertura das inscrições para o Programa Minha Primeira Empresa.
12 | Hoje - Abril de 2012
Em tempo
Efetivado, Luiz Teófilo calcula que o PMDB poderá eleger até 11 vereadores, em Goiânia, em outubro.
PSD Decisão sobre tempo de TV sai em maio.
Outro lado
O PSDB, hoje com 4 vereadores, espera dobrar a sua bancada na capital, diz Maurício Beraldo.
Democrata
fará das tripas coração para eleger cinco, frisa Djalma Araújo
PT saudações
No PSOL, Elias Vaz lançará o engenheiro Martiniano Cavalcante e o sindicalista Washington Fraga.
O deputado federal Jovair Arantes (PTB) vê “ fogo amigo” nas denúncias que o atingem. O PT, hoje com 2 vereadores em Goiânia,
Largam na frente
Linha dura Prefeito, Paulo Garcia tem sido chamado de “guilhotina”.
Estratégia Pingue A Assembleia Legislativa instalou a CPI dos Jogos Ilegais.
Pongue Ela terá 5 integrantes: 3 da base aliada e 2 das oposições.
De Virmondes Cruvinel Filho: – O PSD, hoje com dois vereadores, pretende fazer quatro.
Preto no branco MP (GO)
Promotor, Alencar Vital promete processar Demóstenes Torres (Sem partido-GO).
Marconi Perillo quer ser o primeiro a depor.
50 mil páginas
É a Operação Monte Carlo, da PF e MPF.
Ex-bolachas
Raízes
Posse
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Fio direto
Iris Araújo (GO) foi indicada pelo PMDB para integrar a CPMI do Cachoeira.
Investigações
Ardem as orelhas de Jovair Arantes (PTB).
Anápolis
Prefeito, Antônio Roberto Gomide nega relação de negócios com Carlinhos Cachoeira.
É o que teria pedido o promotor e membro do CNMP Tito do Amaral, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.
O deputado estadual tucano Túlio Isac cobra explicações sobre supostas irregularidades na Comurg.
Kakay, advogado de Demóstenes Torres, é irmão do ex-presidente da Saneago, Marcos de Almeida Castro.
CPMI
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“Pena de morte para os procuradores que vazaram informações da Operação Monte Carlo”.
Linha direta
Até Sandro Mabel (PMDB) aparece em investigações da PF/MPF.
Comentário de Ronaldo Caiado em Brasília: - Doa a quem doer!
O que é isso?
DEM Pós-José Roberto Arruda, depois da criação do PSD e agora com o escândalo Cachoeira, Democratas corre risco de extinção.
Vermelhou geral
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O PC do B elegerá de três a quatro vereadores. É a previsão do vereador Fábio Tokarski. Os comunistas têm, hoje, dois representantes.
Versão Roberto Balestra não assinou o pedido da CPMI do Cachoeira.
Abril de 2012 - Hoje |
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Economia
Dilma X bancos Dilma pressiona e bancos são forçados a diminuir juros. Estímulo ao consumo já aquece a economia enquanto ações de bancos despencam em decorrência à reação nada boa de investidores
M
aio começou com ação de alto impacto do governo federal a fim de estimular a economia. Pressionados pela presidente Dilma Rousseff, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal fizeram redução agressiva nos juros e elevaram os limites de várias linhas de crédito para empresas e consumidores com o objetivo de acirrar a concorrência com instituições financeiras privadas, principalmente Itaú, Bradesco e Santander. O Banco do Brasil, por exemplo, prometeu – e está cumprindo – colocar no país R$ 43,1 bilhões em empréstimos, sendo R$ 26,8 bilhões
14 | Hoje - Abril de 2012
para micro e pequenas empresas e R$ 16,3 bilhões para pessoa física, segmentos que têm grande dificuldade de negociação com bancos privados. Para isso, baixou os juros do “crédito rotativo” do cartão, cujo teto era de 13,62%, para 3% ao mês para clientes de outros bancos que levarem sua conta-salário para o BB. Também caíram os juros para compra de veículos, que variavam entre 1,24% a 3,75% ao mês e, agora, giram entre 0,99% e 2,65%. O mesmo serve para o crediário para compra de bens de consumo que, de uma variação de 2,26% a 4%, passou para 1,6% a 1,98%.
O Brasil vai às compras Animada com a ação, a população foi às compras e comemora o crédito mais fácil e barato. Além disso, cresceu o poder de negociação com os bancos privados, estabelecendo uma boa hora para reavaliar dívidas junto a estas instituições. Alguns especialistas dizem que a ação de Dilma foi motivada pela fase ruim de desindustrialização por que passa o País, sendo necessárias as ações a fim de estimular a economia. Apesar de alguns investidores terem reagido mal, o que contribuiu para que as ações do BB, por exemplo, despencassem na Bolsa de Valores, a iniciativa da presidente está dando certo e este quadro poderá ser revertido em breve. No final de abril, ela já havia diminuído em até 21% as taxas nos financiamentos imobiliários. Na primeira semana de maio a presidente foi além e resolveu mexer na poupança. Com isso, o juro real caiu a 2,45%, o menor desde o Plano Real. O Brasil se anima.
Cenários
Negócios, Empreendedorismo e Agronegócio
Móveis sustentáveis Com 30 anos de mercado e lojas espalhadas em 16 cidades brasileiras, a Mac Móveis acaba de reforçar seu compromisso com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. A indústria de Uberaba (MG) é a mais nova integrante do Green Farm CO2 Free, um projeto que cuida do meio ambiente e trabalha a redução da emissão de CO2. Desde maio, para cada móvel de madeira produzido pela MAC, uma árvore é plantada numa área de preservação ambiental de 46.540.666,33 m2 com criatório conservacionista de animais silvestres, criação e cuidados de centenas de árvores, criação de peixes com soltura nos rios Amambaí e Paraná. A previsão da inústria é que só este ano sejam plantadas mais de 3.000 mudas. Localizada em Uberaba, a Mac Móveis é uma das principais referências no Brasil em móveis para áreas externas e internas, utilizando principalmente a madeira, alumínio e fibras sintéticas em seus móveis que exaltam o que há de mais moderno no segmento da alta decoração. Em Goiânia, a indústria conta com uma loja, localizada na Avenida Ricardo Paranhos.
Ofurô House
Uma verdadeira terapia, tanto física quanto mental. Um momento imerso em um ofurô pode ser a solução para para uma série de problemas musculares e ósseos e, também, um basta ao estresse. Nunca foi tão fácil ter um ofurô em casa. Goiânia conta, agora, com a Ofurô House. Localizada na Av. T-9, no Jardim América, a empresa que fabrica ofurôs sob medidas. Telefone: (62) 3274-1699.
Negócios à flor da pele Danilo Gonçalves e Pedro Henrique Brito estão confiantes com o 10º ano da Tattoo Rock Fest, uma das maiores convenções de tatuagem do Brasil. Pioneiros em Goiás no evento voltado para o gênero, os realizadores esperam proporcionar aos empresários do setor um momento com recorde de negócios. “A experiência que adquirimos ao longo desses anos e o sucesso das edições anteriores colocam o evento em uma posição de destaque no País. Temos a confiança do empresário que sabe das oportunidades de negócio e visibilidade que o Tattoo Rock Fest proporciona, gerando um intercâmbio com outros estados e países e sendo uma excelente ferramenta de divulgação de seus trabalhos”, conta Danilo. Sem amadorismos nem experimentalismo, a dupla que também lançou o concurso Miss
Tattoo em Goiás – uma das atrações do evento –, expande as oportunidades, com lançamento de um portal na internet sobre o mundo da tatuagem e de uma revista voltada para o segmento, a Tattoo Rock, que será lançada dias antes da convenção. “Durante estes anos, mais de 700 tatuadores participaram do Tattoo Rock Fest, realizando mais de seis mil tatuagens dentro da convenção. Não há melhor chancela do que esta para comprovar a seriedade do evento”, explica Pedro. O Tattoo Rock Fest vai além da tatuagem, abrindo espaço para suspensão e body-piercing. “Estamos trazendo um dos melhores profissionais de body-piercing, o Snoopy Sampaio”, revela Pedro. Além de fomentar o segmento de tatuagem e afins, Pedro e Danilo lembram que a qualidade artística do evento está em primeiro lugar. “Afinal, tatuagem é arte”, endossa DaniloW.
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bsbhoje Oprah em Abadiânia A apresentadora mais famosa da TV americana, Oprah Winfrey, mudou a rotina da pequena Abadiânia, cidade goiana a cerca de 150 km de Brasília. Tida como uma das mulheres mais influentes do mundo, ela veio ao Brasil para entrevistar o médium João de Deus, que há mais de 30 anos atua como cirurgião espiritual. Apesar de não ter revelado mais detalhes, Oprah teria se submetido a uma cirurgia mediúnica. O encontro dos dois foi na Casa de Dom Inácio de Loyola, onde João atende cerca de mil pacientes por semana, vindos de todas as regiões do planeta.
Tchau Agnelo A base do governo Agnelo agora não tem mais o PDT, que havia dado ultimato de expulsão ao deputado distrital Israel Batista, caso não deixasse os cargos no Governo do Distrito Federal. Resultado: o deputado saiu do governo e da base de apoio. Se ficasse, ainda teria a promessa do Senador Cristovam Buarque, que ameaçava se licenciar do partido. Já circula a informação que o PSB será o próximo a deixar o governo.
Capital da leitura Brasília também foi palco de uma das maiores feiras de literatura, a 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura. O evento trouxe um ingrediente diferenciado das outras: a divulgação da literatura de países da América Latina e da África. A mega estrutura instalada na Esplanada dos Ministérios homenageou o escritor nigeriano Wole Soyinka e o brasileiro Ziraldo. O distrital não só deixou o governo como assinou a instalação da CPI da Arapongagem que vai investigar escutas ilegais no GDF.
Mais Agnelo Além de ser alvo da CPI da Arapongagem, Agnelo também será investigado pelo Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel. Investigações da Polícia Federal mostram que o grupo de Cachoeira atuou como representante dos interesses da construtora Delta, que presta serviço de coleta de lixo para o GDF. Ligações telefônicas indicam conversa entre assessores de Agnelo e o integrantes do grupo do bicheiro discutindo nomeações e contratos de empresas privadas com o governo do petista.
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Andrea Fassina e Adriana Ferraz andreafassina@revistahoje.com.br
Balões de aniversário
Livros
Brasília comemorou seus 52 anos em meio a balões colorindo o céu da Esplanada dos Ministérios. Foram 18 balões representando vários estados brasileiros durante o 2º Festival Nacional de Balonismo do DF. Além da arquitetura plana, a capital federal tem pouco vento, clima seco e sol constante – ideais para a prática do esporte que enfeitou o aniversário, encantando o público que não parava de olhar para o céu. Fotos: Divulgação
Transporte reforçado Dilma vai dar R$ 2 bi para o transporte público do DF. Os recursos vêm do PAC da Mobilidade, programa que pretende melhorar o transporte e o trânsito nas cidades sedes da Copa 2014. O dinheiro vai servir para ampliar o metrô até a Asa Norte e concluir a construção de corredores exclusivos de ônibus, e que vão fazer a ligação entre Santa Maria, Gama e Plano Piltoto e Ceilância, Taguatinga e Centro da capital federal.
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Matéria de capa A Revista HOJE faz uma análise de um dos maiores escândalos políticos de Goiás e do Brasil, além de detalhes da influência do bicheiro Carlos Cachoeira nas várias esferas do poder público
Cach virou
Valterli Guedes
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Carlos Cachoeira
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m toda a História de Goiás, não há registro de algo que tenha repercutido tanto, nacionalmente. Numa avaliação dos últimos 100 anos, os três eventos que mereceram mais destaque da mídia nacional foram, pela ordem cronológica, a construção de Goiânia nos anos de 1930; a intervenção federal em Goiás, acontecida depois de longa crise, no dia 26 de novembro de 1964 e, agora, desde 29 de fevereiro último, quando foi deflagrada a operação Monte Carlo pela Polícia Federal, as revelações a conta-gotas da atuação do bicheiro-empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. As principais revistas com circulação em todo o País, os jornais de todas as unidades da Federação, rádios e TVs, trazem como o principal assunto, notícias dos grampos telefônicos. “O Popular” , mais tradicional jornal de Goiânia, dedicou ao tema quase todas as manchetes de primeira página desde que teve início a divulgação das conversas grampeadas. É o assunto de todas as rodas, dos restaurantes chiques aos botecos; dos templos de todas as religiões e seitas aos terreiros e encruzilhadas aonde são realizados despachos. As chamadas mídias sociais se acham abarrotadas deste tema. Carlinhos Cachoeira virou estrela e assim continuará. Até quando não se pode prever. Mas uma coisa
é certa: o contexto político nunca mais será o que foi até 29 de fevereiro (dia raro, de ano bissexto). O caso deflagrou alterações nas equipes de governo de duas unidades da Federação, até agora: no Distrito Federal e em Goiás. Também provocou desfalques na equipe do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT). Mais de 80 pessoas se acham indiciadas. Já foram criadas comissões de inquérito na Assembléia Legislativa de Goiás e no Congresso Nacional. Nas gravações divulgadas aparecem os nomes do governador Siqueira Campos (PSDB) e dos ex-governadores Marcelo Miranda e Carlos Gaguim (PMDB), do Tocantins. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), apontado como ligado ao dono da Delta Construções, ligado a Cachoeira, é instado a explicar-se. Centenas de outras pessoas vêm aparecendo nas gravações grampeadas. Por ser empresário também na legalidade e gozar de bom relacionamento em vastos círculos sociais, sabe-se de antemão que Cachoeira sempre conversou com muitos, foi fotografado e filmado em eventos. O que não se sabia, e aos poucos vem sendo revelado, é da amplitude de sua influencia na política e no mundo empresarial. O que mais surpreendeu e continua a surpreender é a ascendência de Carlinhos Cachoeira sobre o senador Demóstenes Torres (ex-PFL e DEM, agora sem partido). Pode-se dizer que o senador, de fato, era Carlinhos Cachoeira, porque Demóstenes atuava sob sua orientação. Foi através de Demóstenes, principalmente,
que Cachoeira fez várias indicações para a equipe do governador Marconi Perillo (PSDB), de quem o senador foi um dos principais aliados na campanha de 2010. As revelações que vêm sendo feitas têm provocado desgastes na imagem do Governo goiano, conforme pesquisas encomendadas pelo governador. Motivo: a população vê Demóstenes como amigo pessoal e aliado político do governador. Os desgastes chegaram ao ponto de o governador haver encomendado a auxiliares o que vem sendo denominado “agenda positiva”, que seria a colocação em prática de uma série de ações de governo visando direcionar o foco da população para algo capaz de levantar o astral do Governo. Marconi tomou a iniciativa de afastar auxiliares que apareceram nas gravações divulgadas ou que foram apontados como de alguma forma relacionados ao esquema Cachoeira. Cairam, por exemplo, o diretor geral do Detran, Edivaldo Cardoso; a chefe de gabinete do governador, Eliane Pinheiro, e o procurador geral do Estado, Ronald Bicca. Marconi, ao mesmo tempo, colocou-se à disposição da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) instituída pelo Congresso, e da Comissão Parlamentar de Inquérito criada pela Assembléia Legislativa do Estado para apuração das denúncias. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), sofreu desfalque em sua equipe de auxiliares que tiveram conversas telefônicas grampeadas. Muito comprometedoras. O surgimento de políticos do PT comprometidos
Fotos: Divulgação
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Demóstenes Torres Abril Abril de de 2012 2011- Hoje - Hoje|| 19 19
Matéria de capa
Fernando Cavendish
com o esquema Cachoeira desmente a versão segundo a qual o objetivo da operação Monte Carlo seria prejudicar políticos da oposição. As conseqüências da divulgação dessas gravações atingem políticos de vários partidos. Até mesmo jornalistas e magistrados. Em Goiás, foi deflagrada uma crise sem precedentes no Ministério Público estadual, cujo procurador geral é Benedito Torres, irmão do senador Demóstenes. O procurador geral já declarou, em entrevista, haver rompido “institucionalmente” com o irmão. Como, sob o aspecto institucional ninguém agora quer proximidade com Demóstenes, não se sabe das conseqüências práticas desse rompimento. O que se quer saber, conforme alguns integrantes do próprio Ministério Público já manifes-
taram, é se Benedito atendeu ou não algumas solicitações de Cachoeira, nos termos de gravações divulgadas. No campo dos negócios, o caso mais notório é o da empreiteira Delta, cujo crescimento em todo o País ocorreu rapidamente nos últimos anos. Trata-se da principal empreiteira das obras do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento. A maneira como essa empresa opera por certo não é muito diferente de todas as demais, em especial as de grande porte. A única diferença seria a proximidade da Delta com Carlinhos Cachoeira. O dono da Delta, Fernando Cavendish, já declarou que, no ritmo em que as denúncias estão sendo feitas, provocando a quebra unilateral de contratos, sua empresa não demora a falir.
O senador Demóstenes deve muitas explicações Desde 29 de fevereiro o senador Demóstenes Torres está a dever explicações e satisfações a seus eleitores, aos colegas da política e à sociedade em geral. Até àquele dia, Demóstenes vinha sendo avaliado por uma vasta corrente da sociedade como “um político diferente”. Desfrutava de imagem construída ao longo de sua vida profissional na condição de promotor de Justiça, chefe do Ministério Público e secretário de Segurança Pública de Goiás. Tais atividades alavancaram seu ingresso na política. Foi lançado candidato a senador na chapa encabeçada pelo governador Marconi Perillo, candidato à reeleição em 2002, e surpreendentemente sagrou-se o mais votado. Quatro anos depois, candidatou-se a governador à revelia de Marconi e sem fazer alianças e perdeu feio. Obteve pouco mais de 80 mil votos. Aprendeu a lição, tanto que tratou de se reaproximar de Marconi, de quem voltou à condição de aliado em 2010, agora como candidato à reeleição. Retornou à condição de fenômeno. A maior votação já recebida por um candidato em Goiás. Daí passou a ter o nome cogitado para candidato à prefeitura de Goiânia no pleito a ser realizado neste ano. Esteve na mídia como tal durante vários meses. Até reunir a imprensa para, numa entrevista, revelar aquilo que os bem infor-
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mados já sabiam: que não disputaria a Prefeitura. Razão alegada: seu partido, o DEM, precisava de seu prestigio em âmbito nacional para a disputa da presidência da República em 2014. Os bem informados mais uma vez sabiam que muito dificilmente essa candidatura se concretizaria. O DEM, quando PFL, teve o vice do PSDB em quase todos os pleitos presidenciais a partir de 1994. Mas agora, com a criação do PSD desfalcando substancialmente o DEM, estaria sem cacife para indicar o vice. Daí a estratégia de ameaçar o PSDB com a candidatura presidencial. Para Demóstenes, com mandato conquistado até 2018, seriam mais quatro anos de presença nos meios de comunicação. Como o 29 de fevereiro assinala o momento em que todos os sonhos, e a própria imagem do senador foram para o lixo, chega o momento de falar do depois e das explicações e satisfações devidas por Demóstenes. Essa dívida só tem crescido. Cresceu no momento mesmo em que o senador foi à tribuna do Senado para explicar-se diante de seus pares. Ouviu de mais de 40 deles expressões da mais absoluta confiança. Até porque, sobre Cachoeira, comentou ser realmente amigo, mas que de nada sabia sobre suas atividades clan-
destinas. Depois, na única entrevista concedida desde então, garantiu que os 298 telefonemas trocados com Carlinhos Cachoeira (fala-se aqui dos que foram gravados), teriam sido para confortá-lo, uma vez que estava de casamento novo. O senador estaria assumindo desta forma um papel que ficaria melhor a um psicólogo. Então, deve satisfações aos profissionais da Psicologia, pela usurpação de funções. E mais: curiosamente, ao invés de levar palavras de conforto ao que perdeu a mulher, como seria natural, estava na outra ponta. A menos que estivesse aconselhando fazer uma devolução.
Mas antes de tudo, o senador deve explicar ao público em geral o que teria acontecido, que química rolou para um secretário de Segurança Pública tornar-se amigo íntimo, aliado e serviçal de um contraventor. Depois, precisa apontar os nomes de deputados federais goianos que, segundo disse da tribuna do Senado, teriam recebido “bola”, ou seja, propinas, de empresas da área de telecomunicações. Em seu único discurso desde que conhecida a Monte Carlo, gabou-se o senador de não haver recebido propinas, embora tenha tido oportunidade, ao contrário do que teria se dado com deputados federais, “inclusive de Goiás”. Não apontando os nomes dos deputados ou deputadas beneficiários dessas propinas que disse ter rolado, deixa todos os 17 parlamentares goianos com assento na Câmara Federal na condição de suspeitos. E, mesmo apontando os nomes, só o fato de não haver feito isso antes já é suficiente para enquadrá-lo por prevaricação. Depois do curto discurso no Senado e da entrevista, o senador Demóstenes tem preferido cultivar o silêncio. Suas palavras levadas ao público tem sido as das conversas grampeadas, a
exemplo de uma em que Cachoeira pede sua interferência junto a um ministro do Supremo Tribunal Federal em favor do ex-governador tocantinense Marcelo Miranda, que batalha naquela corte em busca do mandato ora exercido por Vicentinho Alves (PR). O senador pergunta a seu patrão se “quer que ajude ou atrapalhe” Marcelo. Ao ouvir que o pedido era para ajudar, prometeu ajuda. Resumindo: depois que as gravações começaram a ser divulgadas o senador não mais oferece explicações. Porque estão aparecendo fatos inexplicáveis. Ou auto-explicáveis. Resta-lhe pessoalmente ou através de advogados, exercitar o chamado “direito de espernear”, uma vez que as gravações dos telefonemas de Carlinhos Cachoeira foram legais. Nelas. Quem apareceu, de enxerido ou atrevido, foi o senador Demóstenes Torres. Pretender a essa altura anular tais provas não sejam válidas seria o mesmo que alguém, autorizado legalmente a perfurar um poço harteziano, nele encontrasse petróleo, ao invés de água. Eventualmente, esse achado inesperado poderia até ser mais valioso.
Rubens Ottoni
Ottoni quer que acreditem nele O deputado federal Rubens Ottoni (PT), pré-candidato a governador com vistas ao pleito de 2014, foi dos primeiros a terem conversas com Cachoeira, filmadas e gravadas, divulgadas pela televisão. A filmagem, segundo foi divulgado, foi feita no já distante ano de 2004, tendo como cenário o escritório de Carlinhos Cachoeira. Como naquele ano os grampos da Polícia Federal, com autorização da Justiça, ainda não tinham sido iniciados, a conclusão é que se trata de filmagem programada pelo próprio bicheiro. Diz-se que ele teria esse hábito (gravar e filmar as próprias conversas, a exemplo do que fez com Valdomiro Diniz, assessor graduado do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu). Então, no escritório, Carlinhos diz a Ottoni, na época candidato a prefeito de Anápolis, que já lhe havia repassado uma ajuda de
100 mil reais e, naquele momento, fazia o compromisso de doar mais 100. E fez uma advertência: tais ajudas eram pelo chamado “caixa dois”, despesa não contabilizada e que Ottoni também não deveria contabilizar ou declarar. O deputado, conforme a filmagem, sabia perfeitamente do que Carlinhos Cachoeira estava falando. Não contestou a afirmação de Cachoeira de que já lhe havia repassado 100 mil. Tanto é verdade que, às observações do bicheiro, respondeu prontamente: - Claro, claro, claro”. Quando tomou conhecimento da divulgação, o parlamentar reagiu de forma inusitada. Declarou nunca haver recebido qualquer auxilio financeiro de Carlinhos Cachoeira, a quem considera inimigo. Sua reação faz lembrar a estória do
marido visto pela esposa num prostíbulo, em plena luz do dia. A esposa seguiu para casa sem ser vista pelo “conquistador” que, pouco depois chegava para o almoço e, consciência pesada, resolveu beijá-la, no que foi repelido. Surpreso, questionou-a: - Mas o que é isso, meu bem? - Seu safado, você estava lá na casa da Martinha. -Eu? Meu amor, você precisa deixar de acreditar em boato desse povo. Eu nunca pisei lá. - Não é boato: eu passei na rua e vi você lá. - Mas você acredita no que você vê ou no que eu falo”? O deputado Ottoni quer que os milhões de brasileiros que o viram com Carlinhos Cachoeira pela televisão prefiram acreditar no que ele fala. Abril Abril de de 2012 2011- Hoje - Hoje|| 21 21
Matéria de capa Paulo Garcia
O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), está radicalizando ou pelo menos quer distância dos assuntos que envolvem Carlinhos Cachoeira e a construtora Delta. Para começo de conversa, demitiu (ou aceitou sem resistência o pedido de exoneração), seu chefe de gabinete, Cairo de Freitas. Médico e administrador experiente, já tendo ocupado várias vezes as funções de secretário de Estado da Saúde de Goiás, guindado há poucos meses ao posto que vinha ocupando na prefeitura de Goiânia, afinal que relacionamento Cairo mantinha com Cachoeira. Que se saiba até agora, rigorosamente nenhum. Ele participou, conforme revelado pelos grampos legais realizados pela Polícia Federal, de uma reunião suprapartidária com vereadores da situação e da oposição ao prefeito Paulo Garcia, além de umas poucas outras pessoas. A estrela do encontro era ninguém menos que Carlinhos Cachoeira, elevado ali ao posto de conselheiro dos dois lados, acima do bem e do mal, alheio a disputas partidárias ou a interesses pessoais, querendo tão somente o bem da população. Aquela reunião, cujo assunto eram as obras ora em andamento no Parque Mutirama, vale observar, era o desdobramento de fatos outros, ocorridos anteriormente, entre os quais um telefonema havido entre Cachoeira e o delegado da Polícia Federal Fernando Byron. O delegado é um dos policiais que se colocaram a serviço de Cachoeira, num relaciona-
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Prefeito de Goiânia radicaliza mento sustentado pela troca recíproca de favores. Byron, no decorrer daquela conversa pediu um apoio financeiro, prontamente prometido, e recebeu a incumbência de criar problemas para o prefeito, já que realizava investigações sobre supostas irregularidades nas obras do Mutirama. “Farei o prefeito meter o pé na jaca”, diz Byron. Já no encontro com os vereadores, Cachoeira, investido na autoridade de conselheiro suprapartidário, revelava-se preocupado com Goiânia, seu progresso, a qualidade de vida da população. Pediu esforço conjunto, o esquecimento de diferenças partidárias, em favor da cidade. Conclui-se que o empresário-bicheiro primeiro criava dificuldades para, depois, vender facilidades. Era o que fazia no encontro suprapartidário, ao qual Cairo de Freitas compareceu, até prova em contrário, de boa fé, movido pelo mais puro desejo de facilitar a vida administrativa do chefe, o prefeito. Se há outros fatos e motivos, que sejam explicitados.
A demissão de Andrey
Outro auxiliar do prefeito Paulo Garcia que deixou as funções no contexto do caso Cachoeira, mas por motivos inexistentes, ou não revelados, foi Andrey Azaredo, que havia um mês tinha sido investido nas funções de secretário de Comunicação Social do Município, depois de passagens bem avaliadas por outros cargos. A respeito do motivo, foi dito somente que seria a gravação de um telefonema do ex-vereador e ex-secretário do Trabalho Wladimir Garcez, conforme os grampos da PF, pedindo a Azeredo proteção para uma funcionária. Um telefonema, diga-se, como centenas de outros no mundo político-administrativo. Ao que parece, Cairo de Freitas e Andrey Azeredo são apenas vítimas desse grande imbróglio decorrente da operação Monte Carlo.
Providências adotadas
Paulo Garcia resolveu suspender todos os contratos firmados com a Delta Construtora, decorrentes de licitações
vencidas pela empresa. Sem dúvidas, uma medida radical. O governador Marconi Perillo (PSDB) determinou uma auditoria sobre os contratos da Delta com o Governo de Goiás. Um reestudo, até porque esses contratos já foram auditados e cumpriram toda a burocracia prevista na legislação, inclusive já foram aprovados pelo Tribunal de Contas do Estado. O prefeito, até agora, parece ser o único a receber dividendos políticos do caso Cachoeira. Paulo Garcia, candidato declarado à reeleição, é visto como um político sortudo desde que assumiu há dois anos em decorrência da renúncia do titular, Iris Rezende (PMDB), que disputou em 2010 a Governadoria. Em 2008, quando foi indicado pelo PT para ser o vice de Iris, Garcia era suplente de deputado estadual (não conseguiu ser reeleito em 2006). Até o início deste ano, só despontava um nome considerado competitivo, além do de Paulo, na disputa: o do senador Demóstenes. Sem Demóstenes, mas supostamente com o apoio dele, as forças que se aglutinam em torno da liderança do governador Marconi Perillo vêm preparando o nome do deputado federal Leonardo Vilela (PSDB). Mas Vilela apareceu, embora tenha aparecido bem (queria somente um estágio de trabalho para uma filha universitária), nos famosos grampos. Uma coisa é certa: o deputado tinha consciência de que Cachoeira seria o caminho mais indicado para aproximar-se do senador Demóstenes.
Wladmir Garcez
Sérgio Cabral
Um goiano de prestígio
A contribuição de Carlinhos Cachoeira para Dilma chegar à Presidência A atuação de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que era pouco conhecida, e que vem sendo revelada através das conversas grampeadas pela Polícia Federal, é alguma coisa de fantástica. Cachoeira é o goiano que, ainda que o tenha feito sem essa intenção, maior influência exerceu na política. Existe uma linha de raciocínio que conclui haver sido Cachoeira, depois do ex-presidente Lula, quem mais influenciou para que Dilma Vana Rousseff viesse a ser indicada para a Presidência da República. É sabido que o presidente Lula, desde o seu primeiro mandato presidencial, nutria o propósito de lançar o nome do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, candidato à sucessão presidencial no pleito de 2010. Dirceu, dotado de grande talento, foi um dos construtores do Partido dos Trabalhadores e um dos principais artífices da construção das candidaturas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva. Nomeado ministro da Casa Civil, era, com certeza, o mais influente dos ministros. Até que surgiu a imagem de Waldomiro Diniz recebendo dinheiro de Cachoeira ao tempo em que dirigia a Loteria do Estado do Rio de Janeiro. Quando da divulgação, por
Ronaldo Bicca
Fernando Byron
iniciativa de Cachoeira, Waldomiro era o principal assessor de Dirceu. Foi implodido, claro, provocando desgastes ao ministro, que sucumbiu diante desta e de uma outra denúncia, a do chamado Mensalão do PT, que sucedeu a um outro, só então também divulgado nacionalmente, o Mensalão do PSDB de Minas Gerais. Com Dirceu defenestrado do governo Lula, o presidente cuidou de levar para o Ministério da Casa Civil a até então ministra de Minas e Energia, que virou “Mãe do PAC”, o Programa de Aceleração do Crescimento. O resto da história é bastante conhecido. O fato principal é que, sem as denúncias, José Dirceu sim, seria agora o presidente da Republica, depois naturalmente de haver sido o “Pai do PAC”.
Rumores e suspeitas
Em torno do intenso noticiário e da ampla cobertura da mídia, o caso Cachoeira tem gerado também muitos rumores, suspeitas e boatos. Cachoeiristas dizem que as revelações agora feitas em profusão visariam amenizar o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, dos acusados do Mensalão. Recentemente empossado, o novo presidente do STF, ministro Carlos Ayres
Eliane Pinheiro
Carlos Leréia
de Brito, manifestou esperança de que, quando de sua aposentadoria compulsória (completará 70 anos, a idade limite para servidores públicos na ativa), em novembro próximo, espera que o Mensalão tenha sido julgado. Os seguidores de Carlinhos Cachoeira, e até observadores independentes, dizem que a máxima exposição do contraventor agora preso contribuirá para o desgaste de alguém que, tendo detonado Waldomiro Diniz, na época assessor-mor de Dirceu, Cachoeira, sofrendo desgaste agora, poderá significar um trunfo. Wanessa Mendonça, mulher de Cachoeira, já o qualificou, durante uma entrevista, como “preso político”. Pelo seu raciocínio, a prisão do marido teria objetivos políticos (ajudar José Dirceu e companhia). Há rumores segundo os quais a prisão de Cachoeira teria acontecido a partir de informações repassadas à Polícia Federal brasileira pela sua congênere americana, o FBI que, por sua vez, teria recebido informações sobre a atuação de Carlinhos Cachoeira por contraventores americanos, incomodados com a concorrência.
Edvaldo Cardoso
Agnelo Queiroz
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Urubuservando
Carlos Brandão | carlosbrandao7@gmail.com
Safra artística Fotos: Divulgação
Boa ideia! Criatividade é um lance que, ou se tem, ou não se tem. Não adianta o cara cismar que é artista, se lhe falta talento. Veja o brazuca Henrique Oliveira, que faz “brotar” árvores dentro de galerias de arte. O artista imita cascas de madeira, enrola em tubos de PVC, pega madeiras que estão praticamente mortas e cria peças simplesmente surpreendentes. Suas obras parecem nascer do chão das galerias, invadem as paredes e mostram que arte é coisa pra gente grande.
Após a pedrada na cabeça do vocalista da colorida banda Restart, tem gente querendo começar um movimento para que novas pedras atinjam pessoas do mesmo nível de enjôo do cantor Pê Lanza. Candidatos e cabeças não faltam: Michel Teló, Vanessa Camargo, Marrone, Edir Macedo, Zé Sarney, Rafinha Bastos, Rodrigo Faro e muitos outros. Eu tô dentro desse movimento. E aviso: sou bão de pontaria, sô!
Mudanças no trânsito As calçadas do Centro de Gyn não são mais dos pedestres. O aviso é da prefeitura. Agora, só podem circular por elas bicicletas, motos, triciclos e coisas por aí. Quem for pedestre e quiser assumir essa postura, pode tentar disputar com os carros, nas ruas. Confesso que caminhar nas ruas é mais fácil e menos perigoso do que nas calçadas. Com a palavra, as autoridades sem palavra.
Aulas de sexo
Olha que notícia, gatinha! Foi criada na Áustria, a Escola Internacional do Sexo, a Austrian International School of Sex. A “diretora” da escola, que é atriz pornô, avisa que a grade tem aulas práticas de sedução, posições sexuais, técnicas, anatomia e como acariciar o parceiro. O colégio bacaninha tem um dormitório, onde os alunos se hospedam. E é ali que são instigados a fazer a parte prática do babado. O curso completo custa R$ 4 mil, em preços brazucas. Ah, podem se matricular, pessoas com 16 anos pra lá. Essa coluna vai dar uma bolsa free para seus leitores. Aguarde, cambada de tarados!
Mídia burra Tem coisa mais debilóide do que BBB? Não, fii, é muita babaquice reunida. A Globo inventa factóides e os bobos espalhados por esse
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brasilzão, repercutem. Na última edição do reality, a emissora criou um “estupro” e alavancou a audiência do enjoadíssimo reality show. Fico triste de ver que a nossa “mídia”
Tatuagem de tartaruga Amenizar o estrago feito pelo homem, na natureza, é tarefa do próprio homem. Agora que a vaca já tá atolada até o chifre, o jeito é tentar tirar a dita cuja do atoleiro, da melhor maneira possível. Na África, ambientalistas tentam preservar a Astrochelys yniphora, uma das espécies de tartarugas mais raras do mundo. Para isso, gravam números, uma espécie de tatuagem nos cascos dos animais,que somam me-
nos de mil adultos na natureza. Os números, segundo os ambientalistas, são uma marca permanente que demonstra para o mundo que esse é um animal roubado, caso ele seja encontrado fora de seu habitat. Mesmo achando que a “tatuagem” enfeia os animais, os responsáveis pelo projeto insistem que ela é um mal necessário.
Miudezas do meu
Goiás, parece, entrou na idade das trevas. Todos têm razão. Isso não é normal. Não é normal brigar para ter razão. “Eu não sou porta de cinema pra lhe dar cartaz”, como disse o compositor Luiz Souza. O Twitter serve pra tudo. Até pra gente que vê TV e conta aqui, pra quem não vê. Se eu ficar aqui uma hora, sei de cor até novelas.
Belezas do Brasil
O Twitter é um terreno minado por “comentaristas” de programas da Globo.
Olha que edificante: Narcisa Tamborindeguy e José Luiz Datena estão batendo boca. A socialite e o apresentador se estranharam, após ela ser entrevistada no programa Agora é tarde, do enjoadíssimo Danilo Gentili. Danilo perguntou: Você prefere acordar com uma tatuagem do Datena no rosto, ou sem um rim?
Narcisa se fez de sonsa: O que é Datena? O apresentador José Luiz, também enjoadíssimo, rebateu: Narcisa é louca, e o Danilo é um cara que se finge de caipira. O bate-boca foi parar no Twitter, desaguadouro natural de todas as questões edificantes desse País. É ou não é lindo?
embarca nesses absurdos e, com isso, colabora para a deseducação do povo.A televisão feita hoje no Brasil, é mais danosa pra cabeça do povão, do que anos de ditadura militar. Quem fiscaliza essas concessões públicas? Não gente, dá um jeito!
O que tem de “jornalista” cultural que nunca frequentou o terreiro da cultura é uma grandeza. E todos pagam de crítico. Uns otários. Li no Twitter uns bobos dizendo que Michel Teló é, sim, cultura. Claro! Da baixa cultura. Desse pop sem inteligência que assola o planeta. “Saudade desigual nunca termina no final. Saudade, eterno filme em cartaz”. Preciosidade literária de Paulinho Moska e Chico César. Esse negócio dos 10 melhores, no final do ano, é muito cafona. Coisa de imprensa velha e boba. A Veja lançou os 10 melhores do UFC. Pode? Meu Twitter: @carlosbrandao7 Abril de 2012 - Hoje |
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Matéria especial
Direito à memória Um passeio pelos centros que recuperam os “anos de chumbo” na América Latina Renato Dias De Santiago e Buenos Aires
E
le foi executado com quatro tiros na cabeça. Aos 13 anos de idade. O nome virou estatística. Ah, o seu crime? Ter participado das manifestações em defesa das reformas anunciadas pelo então presidente socialista de seu país, Salvador Allende, deposto por um golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet. A sua foto – a do menino - aparece em um painel com as quase 4 mil vítimas do 11 de setembro. Não o dos Estados Unidos, de 2001. Mas o do Chile, de 1973. As imagens compõem o acervo do Museo de La Memoria e los Derechos Humanos, instalado em Santiago. Com projeto arquitetônico moderno e 5.500 metros quadrados de instalações, 1.700 metros quadrados de espaços cobertos exteriores, além de 300 m2 de auditório, o museu da
Salvador Allende
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memória e dos direitos humanos, construído pelo governo chileno, possui três andares. O primeiro piso – 11 de setembro - contém imagens em vídeo, fotografias, jornais e revistas do golpe de Estado, e áudio. Com documentos até então reservados sobre a conspiração, a deposição de Allende, as prisões ilegais, torturas e violações dos direitos humanos ocorridas no País. O segundo andar – cujo título é Demanda de verdad e justicia – possui espaços de ausência e memória. Mais: da luta pelas liberdades democráticas e pela volta do Estado de Direito no Chile, o fim da ditadura civil e militar (10 de março de 1990) e uma área chamada de “nunca mais”. Um mural do artista plástico Jorge Tacla, inspirado em versos do último poema de Victor Jara, morto no Estádio Chile [onde foi preso e torturado o ex-deputado federal goiano Tarzan de Castro, que estava exilado no Chile], adorna a parede do centro. No hall de entrada, há um painel que ilustra a escalada civil e militar nas décadas de 1960, 1970 e 1980 na América Latina, aponta a participação dos EUA e, posteriormente, revela o
e à verdade Fotos: Divulgação
Casa de Pablo Neruda
Memorial dos desaparecidos
processo de criação de comissões da verdade para apurar os crimes de lesa-humanidade que ocorreram nesses países. O Brasil não aparece no mapa. Já que não há ainda o resultado da comissão da verdade. Não custa lembrar: a presidente da República, Dilma Rousseff, ex-presa política (1970-1973), ainda não nomeou os sete integrantes da instância que elucidará os crimes da recente ditatura brasileira. O Museu da Memória e dos Direitos Humanos de Santiago contém uma vitrine com informes da Comissão Nacional da Verdade e de Reconciliação (CNVR), de 1991, assim como da Corporação Nacional de Reparação e Reconciliação (CNRR), do ano de 1996, e da Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura (CNPPT), de 2004. Um levantamento oficial, apurou a Revista HOJE, registra que 28.459 pessoas teriam sido vítimas de prisão política e tortura [pós-11 de setembro de 1973 e até o ano de 1990]. Mais de um terço delas não tinha militância política,diz o documento. As comissões da verdade criadas, aponta o folder de apresentação do Museu da Memória e dos Direitos Humanos, identificaram 150 menores de 18 anos executados após prisões ou assassinados em manifestações de protestos, além de 39 presos políticos desa-
parecidos e mais 1.244 crianças presas e torturadas. Do total de 28.459 pessoas atingidas pela repressão política no País, 3.621 eram mulheres. A Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura teria também identificado 1.132 lugares de reclusão e tortura.
11 de setembro
O Museu da Memória e dos Direitos Humanos relata que em setembro de 1973, mês do golpe de Estado, morreram 587 pessoas, com 273 desaparecidos políticos e 12.737 presos políticos torturados. Com a deposição e morte do marxista Allende, o Estado de Direito é destruído. Não custa lembrar: é nomeada uma Junta Militar em 18 de setembro, o Estado de Sítio é decretado em todo o País, o Congresso Nacional é fechado, os partidos políticos são proibidos, os registros eleit orais acab am destruídos e a pena de morte é instituída. O documento de apresentação
Pablo Neruda Abril Abril de de 2012 2011- Hoje - Hoje|| 27 27
Matéria especial
do órgão que a Revista HOJE teve acesso conta também que as perseguições ultrapassavam as fronteiras do Chile. Atentados políticos foram realizados até fora do País. O ex-comandante-em-chefe do Exército, general Carlos Prats, morto na Argentina, e o ex-chanceler Orlando Letelier, que havia sido preso na Ilha Dawson 10, foi assassinado nos Estados Unidos, suposto bunker da democracia ocidental. Era a Operação Condor, organismo da repressão política na América Latina que o Brasil integrava. A partir de 1983 cresceram manifestações de rua contra o regime militar. Com a participação de trabalhadores da cidade e do campo e de estudantes. Em 1986 Augusto Pinochet escapa de um atentado organizado pela Frente Patriótica Manuel Rodriguez. Em 5 de outubro de 1988, no plebiscito que definiria se os militares continuariam no poder no Chile, o “não” vence com 54,71% dos votos. Em 30 de julho de 1989 é aprovada a reforma da constituição de 1980. Em 14 de dezembro de 1989 é eleito Patricio Aylwin, empossado em 11 de março de 1990. Ao contrário do Brasil, o Chile tem uma verdadeira obsessão pela preservação da memória e pelo direito à verdade histórica. A Fundação Salvador Allende, em Santiago, que possui em suas dependências uma sala em
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homenagem a Mário Pedrosa, trotskista e fundador do PT, guarda o acervo do presidente deposto. Já em Valparaíso funciona a Casa Museo La Sebastiana – Fundación Pablo Neruda. Trata-se da casa de cinco andares onde viveu o prêmio Nobel de Literatura e velho comunista Pablo Neruda. O Estádio do Chile chama-se, hoje, Victor Jara. Centro de prisão e tortura em 1973, o Estádio Nacional é o principal palco do futebol chileno
recidos e Detidos por Razões Políticas, assim como o Centro Clandestino de Detenção, Tortura e Extermínio; Espaço para a Memória sobre o Terrorismo de Estado. A ditadura militar na Argentina iniciou-se no ano de 1976. Ela acabou em 1983, após a Guerra das Malvinas, cujo desfecho trágico para “los hermanos” completa 30 anos em 2012.
Argentina
Em Buenos Aires, com a bênção dos Kirchners (Néstor e Cristina), foi criado o Espacio Memoria Y Derechos Humanos, onde funcionava a Escola de Mecânica Armada (Esma), principal centro de tortura pós-golpe de Estado de 1976, da Argentina. No local estão instalados a Iniciativa Latinoamericana de Identificação de Pessoas Desaparecidas; o Centro Cultural de Memória Haroldo Conti; Arquivo Nacional da Memória; Casa das Avós da Praça de Maio; Casa da Militância, filhos e filhas pela identidade e justiça contra o esquecimento e o silêncio. Mais: lá existe o Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul (Um organismo do Mercosul); o Centro Internacional para a Promoção dos Direitos Humanos; o Espaço para os Familiares dos Desapa-
Contato WWW.museodelamemoria.cl WWW.fundacionsalvadorallende.cl WWW.derhuman.jus.gov.ar/anm
Literatura
A vida quer é coragem Livro conta a vida de Dilma Rousseff, da luta armada ao Palácio do Planalto, cita revista HOJE e registra depoimento de Maria Cristina de Castro
Fotos: Divulgação
Dilma em foto de família
Renato Dias
B
elo Horizonte (MG), 17 de abril de 2009, sexta-feira. Auditório da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG). A então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, participava de um fórum com empresários. O seu celular vibra. Um assessor, Anderson Dornelles, atende. Ligação de São Paulo (SP). Urgente. Ela pede licença. Era do Hospital Sírio-Libanês. O médico cardiologista Roberto Kalil Filho lhe informa que os exames do seu check-up de rotina já estavam prontos. Mas o resultado da biópsia do carocinho retirado indicou um linfoma, câncer nos gânglios. A exguerrilheira permaneceu em silêncio, s������������������������������������ uspirou, despediu-se, desligou o celular e voltou para a sala de reuniões, não sem antes disparar:
A vida não é fácil. Nunca foi.
A cena está registrada em A vida quer é coragem – A trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil, editora Primeira Pessoa, 304 páginas, de autoria do jornalista Ricardo Batista Amaral. O livro relata a vida de Dilma Vana Rousseff, nascida em 14 de dezembro de 1947, na Maternidade
do Hospital São Lucas, da infância ao Palácio do Planalto. Seu pai, Pétar Russév (Pedro Rousseff), nascera na Bulgária e veio morar no Brasil em 1945. O acaso o conduziu a Minas Gerais, afirma o autor. Ele se casou, aos 46 anos de idade, com a professora primária Dilma Jane Coimbra da Silva, 26 anos mais jovem e nascida em Nova Friburgo (RJ), mas criada em Uberaba (MG). Segunda filha do casal, Dilma virou “Dilminha”. Aos sete anos ela teve de extrair as amígdalas. “Na convalescença da operação, tomou litros de sorvete e descobriu a companhia do rádio”. Aprendeu a ler na Cartilha da Sarita, no Colégio Sion. Aos 12 anos, celebrou acordo com o pai. Para ler Germinal, de Émile Zola. Uma
Livro A VIDA QUER É CORAGEM – A trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil
Editora: Primeira Pessoa Nº de páginas: 304
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Literatura
Dilma em três momentos: na infância, durante o período da ditadura e, agora, na Presidência da República
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segunda negociação veio em seguida: Humilhados e Ofendidos, de Dostoiévski, obra de temática social. Ricardo Amaral relata o dia em que Dilma rasgou ao meio uma nota de cruzeiros para dividir com uma criança pobre. – Onde já se viu rasgar uma nota? Que burrice! Essa menina não sabe o que é dinheiro – afligiu-se a mãe. Em 1962, devido a uma crise de angina, morreu, em casa, Pedro Rousseff, aos 62 anos de idade. Ele deixou uma dúzia de imóveis. “O suficiente para prover a família pelos anos seguintes”. Ela ingressou, em março de 1964, no Colégio Estadual Central, escola pública e centenária. Logo, logo entra em contato com as idéias de Karl Marx: “A acumulação primitiva”. Dilma começou a militar na Organização Marxista Revolucionária Política Operária (Polop). No ano de 1967, entrou para o curso de Economia, da Universidade Federal de Minas Gerais. Em 1967, ela se casa com Cláudio Galeno. Só no civil. Religioso, não. O que era fora dos padrões da época. Em 1968, a Polop racha e Dilma apóia a criação do Colina. O apartamento do “novo casal” virou um “aparelho” da Colina. Pós-AI-5, procurados pela repressão política, Dilma e Galeno se mudam para o Rio de Janeiro. No verão. A organização destacou Galeno para executar missão em Porto Alegre: preparar a fusão Colina e VPR. No meio do caminho, Dilma conheceu Carlos Franklin Paixão de Araújo. Codinome, Max. Os dois se apaixonaram No começo de 1969 ele tinha 31 anos. Era advogado e estava na clandestinidade.Dilma passou a chamar-se Estela, depois Vanda e até Luíza. Regras de segurança. Colina e VPR se fundiram e criaram a Vanguarda
Armada Revolucionária-Palmares. Essa organização protagonizou a mais espetacular expropriação: a do cofre do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. US$ 2,5 milhões. A VAR-Palmares racha: Dilma fica com os “massistas”. Capitão, Carlos Lamarca refunda a VPR. Ela é presa em 1970 e torturada barbaramente. Pau de arara. “Me fizeram choque, muito choque, mas muito choque. Nos primeiros dias eu tinha uma exaustão física, que eu queria desmaiar. Eu comecei a ter hemorragia”.No presídio Tiradentes, ficou na Torre das Donzelas. Mas “poucas pessoas chegaram ao Tiradentes em condições tão lastimáveis quanto Maria Cristina Uslendi, em outubro de 1971. Por ser uruguaia de forte sotaque, a polícia e as colegas a chamavam de Tupamara(...). Entrou na guerra dos brasileiros por amor a Tarzan de Castro, militante do PC do B treinado na China e (...) amigo de Carlos Araújo dos tempos das Ligas Camponesas”. Carlos Franklin cai meses depois. A vida quer é coragem – A trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil cita artigo de Maria Cristina de Castro publicado na Revista HOJE. Dilma sai da cadeia e muda-se para Porto Alegre. Tempos depois é a vez de Carlos Franklin deixar o cárcere. Ela retoma o curso de Economia e ingressa na Fundação de Economia do RS. Com a Anistia e a redemocratização, os dois fundam, com Leonel Brizola, o PDT no Rio Grande do Sul. Ele vira deputado estadual e chegou a disputar a Prefeitura de Porto Alegre, mas perde. Ela vira secretária municipal de Finanças de Porto Alegre. Depois, secretária de Estado de Minas e Energia. Troca o PDT pelo PT. Com a bênção de Olívio Dutra, assume o Ministério de Minas e Energia. Com o escândalo que abalou a República Petista, em 2005, o do Mensalão, Dilma vai para a Casa Civil e passa a controlar os projetos estratégicos do Governo Federal. Daí para ser a “mãe do PAC” [Programa de Aceleração do Crescimento] foi um pulo. Com o sucesso da era Lula, pavimenta o caminho à presidência da República, a primeira mulher a chegar lá.Com direito a reeleição.
Matéria especial
Violência contra mulher
O medo prossegue Organizado pelo Conem, Diagnóstico da Violência contra a Mulher no Estado de Goiás confirma que “mulheres são discriminadas na sociedade e sofrem violência apenas por terem nascido mulheres”. Mesmo com algumas conquistas, como a Lei Maria da Penha, índice de agressões ainda é muito alto. Documento aponta demandas femininas Janaina Gomes
D
epois de muitos debates e vinte meses tramitando no Congresso Nacional, a Lei Maria da Penha (11.340/2006) passou a vigorar no Brasil em 2006. É o instrumento legal que caracterizou a violência doméstica e familiar como violação dos Direitos Humanos e buscou garantir a proteção e atendimento humanizado às vítimas. Contudo, uma real mudança nos valores sociais e a desconstrução de padrões de supremacia masculina e subordinação feminina, até hoje aceitos pela sociedade, como preconiza a lei, ainda está longe de se tornar realidade. Praticamente todas as estatísticas que comparam as relações entre os gêneAbril de 2011 - Hoje |
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Matéria especial ros masculino e feminino refletem a desigualdade existente, apontando a mulher em condição de inferioridade. Em Goiás, o Diagnóstico da Violência contra a Mulher, organizado pelo Conselho Estadual de Mulher (Conem), apresentado em primeira mão para a Revista HOJE, traz os índices que comprovam esta realidade. “No contexto de uma sociedade capitalista – onde o ser humano está sobrecarregado, preocupado apenas com sua sobrevivência, com o ter em detrimento do ser, e tem menos tempo para as famílias –, percebemos o aumento generalizado da violência. As mulheres acabam sendo mais suscetíveis aos problemas sociais e às
situações de violência”, explica a presidenta do Conem, Ana Rita de Cássia.
Diferença que oprime e mata
Os números do Diagnóstico destacam que “as mulheres são discriminadas na sociedade e sofrem violência apenas por terem nascido mulheres, sendo a tradução real do poder e da força física masculina e da história de desigualdades culturais entre homens e mulheres”. A Fundação Perseu aponta que, a cada 25 segundos, uma mulher é espancada no Brasil. 70% destes casos registrados ocorrem dentro de casa. Situação idêntica é encontrada em Goiás: somente no ano de 2010, 9 mil e 162 ocorrências foram registradas. No ano
de 2011, até o mês de outubro, foram mais de 8 mil boletins, com aumento já constatados em tentativa de estupro e homicídio (conforme quadros 1 e 2). Essa siuação tem um agravante. O número de situações não denunciadas – e, portanto, não registradas – é alto. “Muitas mulheres passam 20 anos com o homem agressivo sem denunciar”, completa Ana Rita. A delegada Karla Fernandes, titular da Delegacia Especializa no Atendimento à Mulher (Deam) de Goiânia, há 7 anos, destaca que houve um aumento da conscientização da mulher, como consequência, do número de registros. “Também ocorreu uma mudança na figura do agressor, que deixou de ser
Quadro 1
Ocorrências nas Delegacias Estaduais da Mulher (DEAMs) – 2010 Principais registros Ameaça
Lesão dolosa
Maus tratos
Estupro
Tentativa de estupro
Homicídio doloso
Tentativa de homicídio
4795
2578
10
225
18
9
75
Total
9162
Fonte: Superintendência do Sistema de Execução Penal (SUSEPE)
Quadro 2
Ocorrências nas DEAMs do Estado de Goiás – 2011 (até outubro) Principais registros Ameaça
Lesão dolosa
Maus tratos
Estupro
Tentativa de estupro
Homicídio doloso
Tentativa de homicídio
4166
2509
17
143
24
17
39
Total
8109
Fonte: Superintendência do Sistema de Execução Penal (SUSEPE)
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o marido e passou a ser o filho/ filha. Muitos são filhos de mães solteiras, não trabalham, são dependentes químicos, e a grande maioria compõem as classes D e E; mas percebemos esta realidade em outras camadas sociais. São casos ainda mais complicados, pois é mais difícil a genitora ter coragem de denunciar. Quando as mulheres chegam a fazê-lo, querem mais que o agressor receba tratamento, do que fique necessariamente preso; desejam que ele mude”. As duas profissionais concordam que a violência doméstica é um dos crimes mais complicados de acompanhamento, em todos os níveis, porque lida com relação de afeto. “Em nossa sociedade o casamento é super valorizado, há uma pressão cultural para a sua manutenção. Precisamos avaliar os fatores psicológicos, culturais, econômicos e sociais para entender a violência doméstica; que é diferente, pois lida com relação de afeto: homem/marido, pais dos seus filhos, filhos, símbolos de realização pessoal”, confirma Ana Rita.
Vulnerabilidade
O Diagnóstico da Violência contra a Mulher no Estado de Goiás do Conem traz outros fatos que contribuem para a manutenção da desigualdade e das situações de violência. As mulheres,
mesmo com mais anos de estudo que os homens, inclusive as que estão em trabalhos informais, têm salários mais baixos que os dos homens. A diferença de salários entre homem e mulher em Goiás é de R$ 437,00, ou seja, maior que a média nacional de R$ 354,00. A falta de instituições de ensino (creches ou escolas) para crianças na idade de 4 a 6 é fator condicionante, revela o estudo: de um total de 276 mil e 922 crianças nessa faixa etária, 67 mil e 534 crianças goianas estão em casa com as mães, com as avós, com babás ou mesmo sozinhas enquanto suas mães trabalham. Se forem consideradas crianças em menor idade, mas que cuidam dos irmãos, esse número aumenta consideravelmente. Segundo Ana Rita, esta vulnerabilidade social tem levado ao aumento da violência e das mulheres em situação de prisão. “Para que esta mulher consiga prover seu sustento e dos seus filhos, é preciso um aparato estatal para proteção das crianças e encorajamento, pois, elas precisam saber que os filhos estão seguros, para buscar sua independência. Estes fatores influenciam as decisões das mulheres agredidas, que não conseguem romper com o agressor, por não terem independência financeira. Medo e dependência emocional fazem com as mulheres em situação de
Fotos: Divulgação
Karla Fernandes titular da Delegacia Especializa no Atendimento à Mulher (Deam)
violência silenciem seu drama para os amigos e família”. Desta maneira, apesar de instrumentos de reflexão e debate como a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará -1994), a Declaração e a Plataforma de Ação da IV Conferência Mundial sobre a mulher em Beijing (1998) terem conseguido aumentar a responsabilidade do país frente aos organismos internacionais, prevendo ações medidas punitivas ao agressor; prevenção e assistência social, psicológica e jurídica à vítima e sua família, e a reabilitação dos agressores, as mulheres continuam sendo coagidas, violentadas e mortas.
Motivação Mesmo com o avanço da participação da mulher no mercado de trabalho e de sua maior autonomia, Karla Fernandes lembra que a dependência emocional e financeira é fator condicionante para os altos índices de violência. “A cultura não permite que a mulher seja bem sucedida
sem a presença de um parceiro. Ela precisa ter um parceiro para ter respeito da sociedade”. As autoridades ligadas à segurança apontam que o aumento do número de óbitos de mulheres esteja ligado com o aumento da sua participação em crimes de tráfico de entorpecentes. “É um fato que existe, precisa ser preveni-
do, mas avaliamos que a violência doméstica ainda é o que mais tem contribuído para o aumento destes índices. A violência não está aumentando devido ao envolvimento das mulheres com o crime, mas devido ao machismo, sexismo, resquícios desta sociedade patriarcal”, repreende a presidenta do Conem.
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Matéria especial Mundo digital
A facilidade de comunicação, conquistada com as novas tecnologias, entre elas o telefone e a internet, que podem propiciar às mulheres maior acesso à informação, mas têm se tornado motivadores da violência. Fato revelado pela delegada da Mulher de Goiânia, Karla Fernandes. “As mulheres estão se expondo mais nas mídias digitais, se tornando alvo fácil de retaliações, deixando aproveitadores se aproximarem. Tivemos um caso de uma cidadã se relacionando com um terrorista da Al-Qaeda. Muitas vezes elas são carentes e acham que o mundo virtual é brincadeira, têm medo de sair de casa, devido à violência, mas acaba se expondo”.
Políticas
Para que as mulheres possam romper com o ciclo de submissão e violência o Conem pede urgência na implantação de Políticas Públicas para o atendimento as mulheres em situação de violência no Estado de Goiás. Segundo o levantamento,
“até o momento, as políticas implantadas tem dado respostas parciais aos problemas apresentados, sendo insuficientes para o enfrentamento a violência contra a mulher”. Confira, no box Demandas, algumas demandas listadas por mais de quinze organizações ligadas ao Conem.
Demandas
As aparências enganam
Os estudos apontam que o perfil do agressor é semelhante, na maioria dos casos. “É querido pelos vizinhos, amigos, trabalho, mas é temperamental e agressivo no âmbito familiar. Uma vida profissional bem sucedida não garante que o homem seja um bom parceiro. Importante mesmo é conhecer a vida pregressa, o histórico familiar e social da pessoa”, informa a delegada da Mulher de Goiânia. A jornalista, mestre em Comunicação e docente nas áreas de Comunicação Comunitária e Cinema da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia, da Universidade Federal de Goiás (UFG), Ceiça Ferreira avalia que a mídia colabora para a manutenção do machismo e da violência contra a mulher. “A medida que a mídia veicula e reforça uma visão de mundo ainda predominantemente patriarcal, e isso se expressa em estereótipos e reducionismos frequentemente utilizados para abordar temas relacionados à mulher, isso muitas vezes parece justificar a violência como consequência de uma conduta individual, e assim deixa de contextualizar e fazer uma reflexão sobre o lugar social e a condição de subalternidade da mulher”.
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Fonte: Diagnóstico da Violência contra a Mulher no Estado de Goiás (Conem 01/2011)
Ana Rita de Cássia, presidente do Conem
Diplomacia
Aumenta o interesse do brasileiro pela Diplomacia Oportunidade de conhecer outros países, línguas e cultura está entre as vantagens de ser diplomata. Além do glamour, a carreira vem ganhando evidência, depois da entrada do Brasil no cenário internacional. Foto: Curso Atlas
Andrea Fassina
A
melhora da posição do Brasil no cenário mundial vem alavancando negócios para o País, mas também destacando as relações internacionais. Prova disso é a grande procura pela carreira de diplomata. Este ano serão 30 vagas. O concurso para o Itamaraty é um dos mais difíceis. As inscrições e provas acontecem todo ano entre fevereiro e março. Todas as etapas são aplicadas simultaneamente em Brasília e 26 capitais. Para a inscrição é necessário ter idade mínima de 18 anos e diploma de conclusão de cursos de graduação de nível superior reconhecido pelo MEC. São 4 fases e 14 disciplinas, incluindo línguas estrangeiras como inglês, francês e espanhol. A decisão da primeira etapa vem das provas de português e inglês que representam 25 das 65 questões. Mesmo assim, o desafio atrai os candidatos pelo “glamour” e ainda pelo salário inicial que é de R$ 12.962,12. Tanta dificuldade pede preparação. Entre os cursos em destaque estão o Clio criado em 2003 e o Curso Atlas. No Atlas, por exemplo, 90 por cento dos professores são diplomatas e tem alto índice de aprovação, com quase 100 por cento no último concurso. Além
Alunos se preparam para concurso do Itamaraty: salário inicial é um grande atrativo, quase R$ 13 mil Abril Junho dede 2011 2010- Hoje - Hoje|| 35 35
Foto: Divulgação
Diplomacia Barão do Rio Branco
Este ano se comemora o centenário da morte do patrono da diplomacia brasileira, o Barão do Rio Branco (1845-1912). O trabalho desse diplomata, advogado, geógrafo e historiador brasileiro foi importante para a fixação definitiva dos limites do território nacional. José Maria Paranhos Junior era um homem apaixonado por carnaval e pela cultura brasileira. O Barão do Rio Branco atuou ativamente nas questões das fronteiras: em 1894 defendeu os interesses brasileiros entre Santa Catarina e Paraná contra a Argentina e em 1900 resolveu a pendência entre o Brasil e a Guiana Francesa sobre a região do Amapá, recebendo o título de Barão pela causa. Em 1902 esteve a frente das negociações entre o Acre e a Bolívia. Por causa do centenário, o Ministério das Relações Exteriores e a Fundação Alexandre de Gusmão programaram várias atividades no Rio de Janeiro e em Brasília, entre elas, o lançamento de um selo comemorativo e a inauguração da exposição “Rio Branco - 100 anos de memória”, que mostra a trajetória de vida do Barão. Outras exposições também estão programadas como “O Barão e a caricatura”, no Instituto Rio Branco, em Brasília e várias outras homenagens.
Conquista possível
Para Maurício Costa, do Curso Atlas, o concurso é difícil, é disputado, mas é tangível e quanto maior for o interesse, quanto maior for a disputa na seleção, melhores serão os diplomatas selecionados. Isso, explica, manterá o altíssimo nível da carreira e de seus servidores. Segundo ele, qualquer candidato que reúna esforço, dedicação e disciplina pode alcançar o objetivo. Manter a tranquilidade e acreditar na própria capacidade são “ingredientes” essenciais no processo de preparação, aconselha Costa. E por falar em tranquilidade, a candidata Rosane tem feito acupuntura para relaxar e não ter insônia por causa do estresse. E aposta: “independente do resultado, vou continuar tentando até passar, pois minha meta é ser diplomata e não vou desistir!”
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das salas lotadas em Brasília, mantém aulas telepresenciais com alunos de todo o Brasil e exterior.
Preparação
O concurso é tão difícil que muitos largam o trabalho para se dedicar aos estudos. Foi o caso da jornalista Rosane Rodrigues, que começou a estudar há 2 anos, parou de trabalhar só pra se concentrar na preparação para a prova. “O concurso para o Itamaraty exige muito conhecimento e necessidade de foco”, afirma. Rosane explica que sempre adorou conhecer novas culturas, paixão que vem desde criança, mas que só despertou a vontade de seguir a diplomacia após concluir o mestrado em Relações Internacionais. Ela acha fundamental um curso preparatório pra não ficar perdido nos estudos sem focar no que realmente interessa. Hoje, estuda 10 horas por dia, sem domingo, nem feriado. E ainda ganha apoio e incentivo da família, que lhe presenteia com livros da bibliografia indicada para o concurso.
Mulher na diplomacia
Assim como Rosane, que é mulher e está querendo ingressar na carreira, outras tantas mulheres também estão buscando a diplomacia. Houve crescimento significativo de mulheres na carreira. O diplomata Maurício Costa atribui a procura especialmente no período de expansão de vagas (entre 2006 e 2010) e destaca a presença de grandes embaixadoras em evidência na Organização das Nações Unidas. Segundo Maurício, no geral, o número de diplomatas brasileiros é muito pequeno, se comparado a países como França, Reino Unido e Alemanha. Em comparação aos EUA, por exemplo, a proporção é ainda menor. Para ele, um país com a relevância política e econômica internacional do Brasil atual certamente precisa reforçar seu
Dicas O diplomata Maurício Costa dá dicas para os candidatos
É de extrema importância intensificar o ritmo de leituras de revisão, que pode contribuir para a melhororientaç ão do candidato, mas é preciso ressaltar que o resultado depende fundamentalmente do esforço próprio e do sacrifício que cada cand idato é capaz de fazer.
Os candidatos não devem, de forma nenhuma, subestimar nenhuma disciplina. Português e inglês correspon dem a 25 das questões de um total de 65, e os desempenhos nessas discip linas devem decidir o destino do candidato na primeira etapa. O conselho mais importante é garantir desempenho de alto nível em portu guês e inglês, semabdicar do estudo das demais disciplinas.
Diplomacia: carreira cobiçada desde os tempos do Barão do Rio Branco Foto: Curso Atlas
Pela primeira vez, a nota da primeira etapa será somada ao resultado final, o que deverá afetar a classificação final do concurso. Não se deixar abater pelos resultados negativos dos anos anteriores, e, por outro lado, não se colocar em posição de superioridade, como se sua vaga na primeira etapa estivesse garantida. Acompanhamento de cursos presenciais ou telepresenciais de exercícios avançados pode contribuir significati vamente para a melhor preparação do candidato. Os candidatos que fazem a prova pela prim eira vez, devem fazer a revisão e a resolução das provas anteriores , além de cumprir um intenso, porém factível, cronograma de leitur as básicas em todas as disciplinas
serviço exterior. Principalmente com a entrada no circuito internacional como membro do Conselho de Segurança da ONU. A democracia, a estabilidade política e o crescimento econômico das últimas duas décadas favoreceram a elevação do perfil internacional do Brasil. Maurício Costa é diplomata e dono do Curso Atlas, que atualmente tem 400 alunos nos cursos presenciais e telepresenciais espalhados pelo Brasil. Segundo ele, o crescimento das matrículas reflete o interesse pela car-
reira e, ao contrário do que se pensa, vai além da população das grandes metrópoles nacionais.
O concurso
Costa explica que o CACD Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata exige conhecimentos desde microeconomia à cultura brasileira e três línguas estrangeiras (inglês, francês e espanhol), além de testar a capacidade de raciocínio e análise, a objetividade e a clareza do candidato na formulação das respostas.
Rosane Rodrigues em busca do sonho de representar o país lá fora Abril Junho dede 2011 2010- Hoje - Hoje|| 37 37
Saúde
AVC: Prevenção pode reduzir número de casos no Brasil
Em entrevista a Revista HOJE, especialista tira dúvidas e esclarece como prevenir o derrame e quais os avanços no tratamento Andréa Fassina
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o passado, o Acidente Vascular Cerebral era atribuído à velhice e com risco de morte certa. Hoje, com a prevenção, é possível diminuir a incidência. Segundo o Ministério da Saúde, são 500 mil casos por ano no Brasil. A cada 5 minutos, uma pessoa é acometida por AVC no País. A cardiologista e Coordenadora da Cardiologia da Secretaria Estadual de Saúde do Distrito Federal, Edna Maria Marques de Oliveira, conversou com a Revista HOJE sobre o assunto. Qual a eficácia do tratamento com anticoagulantes na prevenção do AVC? Dra Edna: Uma das principais causas de AVC é a Fibrilação Atrial (FA), e a anticoagulação oral pode prevenir o AVC. A FA aumenta em cinco vezes o risco de AVC e afeta um em cada 25 adultos de 60 anos e um em cada adulto
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de 80 anos. O risco de ter FA em algum momento da vida é passível para cada indivíduo. Uma em cada seis pessoas no mundo terá um AVC em sua vida, e esta pessoa pode ser você. O tratamento é recomendado para cardíacos? Dra Edna: Principalmente para os pacientes que tenham fatores de riscos para fenômenos tromboembólicos, como arritmias cardíacas, HAS (hipertensão), Tabagismo, Diabetis Mellitus, Obesidade, Dislipidemia (colesterol alto), Alcoolismo, uso de anti-concepcionais orais, drogas ilícitas e Apnéia do sono. Hoje, há açores que usamos para calcular o risco de cada paciente em relação a chance de se ter um evento tromboembólico, como o AVC, e a partir daí ter evidência do benefício individual.
Por que muitos pacientes ainda estão temerosos quanto a utilização desse tipo de medicação? Dra Edna: Os anticoagulantes também têm efeitos adversos e colaterais, sendo necessária a monitorização dos níveis sanguíneos para evitar os efeitos colaterais, principalmente os sangramentos, entre eles a hemorragia cerebral. Atualmente, temos novos anticoagulantes orais, os quais apresentam menor risco de efeitos adversos, como a já citada hemorragia cerebral, e dispensam a monitorização dos fatores de coagulação, evitando assim a necessidade de realização frequente de exames de sangue, como o RNI e o TAP. No Brasil, o Dabigatrana já foi liberado pela Anvisa e encontra-se no comércio. Quais os verdadeiros riscos e contraindicações? Dra Edna: Há a necessidade de avaliar o risco em cada paciente e observar alguns fatores pré-existentes que possam elevar o risco do indivíduo apresentar complicações/ sangramentos com o uso dos anticoagulantes. Como é feita a prevenção na rede pública? Dra Edna: Na rede pública, a prevenção é realizada por meio de campanhas de esclarecimento sobre a importância dos “fatores de riscos cardiovasculares” na imprensa e nos Programas de Assistência aos Pacientes. Temos Programas do Ministério da Saúde para o combate ao tabagismo, controle da HAS (hipertensão arterial), da Obesidade, incentivo à prática de atividades físicas, entre outros. Há necessidade de Programas de Educação Médica para atualização de toda equipe de Saúde, médicos, enfermeiros, nutricionistas etc.
Quais são os resultados positivos daqueles que já estão fazendo uso dos anticoagulantes? Dra Edna: A redução do número de AVC e outros eventos tromboembólicos. Nao há outra maneira de se prevenir o Acidente Vascular ? Dra Edna: Sim, através do controles dos fatores de riscos e dos tratamentos das doenças que podem aumentar as chances de se ter um AVC. Qual é o grupo de risco do AVC ? Dra Edna: Idade avançada, insuficiência cardíaca, Diabetes Mellitus, HAS (hipertensão), doença vascular prévia e AVC prévio, dentre outros. Existem mais avanços no tratamento do Acidente Vascular? Dra Edna: Além do uso dos anticoagulantes orais, existem dispositivos que podem ser implantados na auriculeta esquerda do coração (parte do coração onde há maior propensão à formação de troncos) para evitar a migração do trombo para a circulação sanguínea. Há também a ablação das arritmias, principalmente da FA (Fibrilação Atrial), na qual, por meio de cateteres, é realizada a “cauterização“ nos locais de origem da arritmia, levando à cura definitiva da FA.
Eletrofisiologista, Arritmologista do Ritmocárdio, Médica cardiologista do HBDF, Coordenadora da Cardiologia da SES ‘- DF
Dra. Edna Maria Marques de Oliveira
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Artigo Foto: Arquivo
Homero Flesch
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Cuidado: o dinheiro sua conta corrente
uitas vezes nos deparamos com decisões judiciais que inovam o entendimento sobre determinada matéria ou assunto. Isto decorre do que chamamos de “dinâmica das relações sociais a que se sujeita o direito”. Em outras palavras, a evolução das relações sociais exige que o Judiciário, na aplicação do direito, venha mudar entendimento sobre determinada matéria ou assunto regulando e ajustando as relações entre as pessoas. Assim aconteceu com a penhora de dinheiro encontrado em conta corrente ou aplicação financeira, o que denominamos modernamente de penhora on-line. Sem se prender no formalismo exacerbado do Código de Processo Civil, lei que regula o andamento do processo, desde muito restou estabelecido uma ordem de preferência para a realização da penhora (Art. 655, CPC). A primeira preferência estabelecida pela Lei processual diz respeito a penhora de dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira. Já a segunda, prende-se a veículo, depois bens móveis, imóveis, navios e aeronaves, ações ou quotas de sociedades empresárias, percentual do faturamento de empresa devedora, dentre os destacados, porém nesta sequência. Para dar maior efetividade a satisfação do crédito cobrado judicialmente, o legislador, já no ano de 2006, lançou a Lei 11.382/2006 que veio
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conferir mais racionalidade e celeridade no processo de cobrança de créditos através do mecanismo processual judicial chamado de processo de execução. Entretanto, a mudança viabilizada pela Lei encontrou certa resistência no meio jurídico, havendo o entendimento de que só se poderia fazer penhora de valores em conta
“Sempre houve, por parte dos juízes, o pensamento que determinar a penhora em conta corrente (penhora on-line) seria invadir o resguardo do sigilo bancário. Entretanto, este pensamento está sendo modificado” corrente, ou aplicação financeira, esgotada a tentativa de penhora de outros bens. Esta tendência começou a dissipar somente no ano de 2010. Entendia-se, como referido, que a penhora em dinheiro depositado em conta corrente ou aplicação financeira via bloqueio judicial só poderia
acontecer se esgotado a ordem de preferência de penhora estabelecida no referido artigo 655, do Código de Processo Civil. Assim, se comprovado pelo credor que foram esgotadas as tentativas de penhora em bens arrolados no referido dispositivo legal (Art. 655, CPC) dar-se-ia acolhida à possibilidade de penhora online. Sempre houve, por parte dos juízes, o pensamento de que determinar a penhora em conta corrente(penhora on-line) seria invadir o resguardo do sigilo bancário. Entretanto, este pensamento está sendo modificado. E forte neste entendimento e nas razões de mudança objetivando tornar a cobrança de crédito via processo de execução efetivamente positiva, nasceu a ação da ministra Nancy Andrigui em apreciar a questão da necessidade ou não de comprovação de esgotamento de vias extrajudiciais de busca de bens a serem penhorados para a realização de penhora on-line, objeto de julgamento de recurso especial (tombado sob no 1.112.943). Interessante destacar deste julgamento que a ministra Nancy An-
que está em pode ser penhorado drigui lavrou despacho de afetação onde destaca que, considerando a quantidade (multiplicidade) de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, determinou o julgamento do recurso (que aborda esta matéria) à Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, objetivando pacificar o entendimento. Pois bem, o entendimento que restou pacificado é que, com o advento da Lei no 11.382/2006, é desnecessário o exaurimento da busca por bens passíveis de penhora para se processar a penhora em conta corrente do devedor, conhecida por penhora on-line. Diz mais a decisão: que de acordo com a alteração do Art. 655 por força desta nova lei, entende-se que o dinheiro depositado ou aplicado em instituição bancária é considerado dinheiro em espécie, passível portanto a penhora, colocando-o em primeiro lugar na ordem preferencial. O Julgado referenciado ensina que esta nova lei representou alteração importante do processo, na busca por mais agilidade e eficiência na execução, pois há possibilidade do juiz, a requerimento da parte, requisitar à autoridade supervisora do sistema
“Não há obrigação ou vinculação a ordem de penhora estabelecida em Lei, onde o dinheiro está em primeiro plano, porém, havendo este mecanismo de penhora de dinheiro encontrado em conta corrente ou aplicação financeira e o interesse em dar efetividade a cobrança, parece que este caminho – da penhora on-line – deverá ser o trilhado pela Justiça, na busca da satisfação do crédito cobrado”
bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução. Neste ponto é importante destacar que os atos de penhora de valores em conta corrente não agridem a questão do sigilo bancário de sorte que “as informações limitar-se-ão à existência ou não de depósito ou aplicação até o valor indicado na execução (Art. 655-A, CPC)”, afastando qualquer alegação de violação dos dados pessoais do executado. Não se pode perder de vista que não há obrigação ou vinculação a ordem de penhora estabelecida em Lei, onde o dinheiro está em primeiro plano, porém, havendo este mecanismo de penhora de dinheiro encontrado
em conta corrente ou aplicação financeira conhecido como penhora on-line e o interesse em dar efetividade a cobrança, parece que este caminho – da penhora on-line – deverá ser o trilhado pela Justiça, na busca da satisfação do crédito cobrado. “Em relação à fase de execução, se é certo que a expropriação de bens deve obedecer à forma menos gravosa ao devedor, também é correto afirmar que atuação judicial existe para satisfação da obrigação inadimplida”, considerou o ministro Luiz Felipe Salomão, ao julgar o recurso especial 299.439, em 2008. Homero Flesch – Advogado OAB/SC5707
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Aventura
Revista HOJE no Ral Caravana leva ajuda à Montalvânia e Minas Gerais, na terceira edição do rally. Alimentos, roupas, sapatos e brinquedos foram distribuídos
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ontalvânia e outras comunidades do Norte de Minas Gerais receberam pela terceira vez os integrantes do Rally da Solidariedade Amigos do Fred, liderado pelo empresário Fredson França, o Fred, e que tem por objetivo a confraternização entre os integrantes da caravana que parte a cada ano de Goiânia e as populações visitadas. Alimentos, brinquedos para as crianças, roupas, kits de higiene bucal, calçados, kits escolares, bicicletas e goloseimas foram distribuídos a milhares de pessoas carentes. Houve competições esportivas e o clima, o tempo todo, foi de fraternidade. A exemplo das edições anteriores, a Revista HOJE participou do Rally da Solidariedade.
A caravana, composta por 33 veículos, todos caracterizados e levando carga de produtos, partiu de Goiânia na manhã do dia 18 de fevereiro e voltou de Montalvânia no dia 21. O evento constituiu, para os que dele participaram, um carnaval diferente. No primeiro dia, o almoço foi na cidade de Arinos, já em Minas Gerais. O pernoite, na zona rural de Bonito de Minas, onde a recepção foi calorosa. Centenas de pessoas aguardavam, à noite, a grande caravana. Artistas da região fizeram bonita apresentação antes do jantar. Depois, houve a distribuição de gêneros alimentícios e de todos os demais produtos. No dia seguinte, nova distribuição em outra
comunidade, no horário de almoço. No início da noite do dia 19, ocorreu a chegada apoteótica a Montalvânia, com desfile dos veículos, inclusive caminhões que levaram mercadorias, pelas ruas de Montalvânia. No Clube local, por iniciativa do empresário Jordão Medrado, de Montalvânia, foi oferecido um coquetel-jantar aos caravaneiros . Os produtos distribuídos pelo Rally foram, entre outros, os seguintes: 15 mil toneladas de alimentos, 5.000 brinquedos, 10 mil peças de roupas, 1.500 kits de higiene bucal, 2.500 pares de calçados, bíblias, kits escolares, bicicletas, bolas para futebol, entre outros. A distribuição foi feita às populações carentes de Chapada Gaúcha, regiões rurais de Bonito de Minas (Barra da Ema, Lagoa Bonita,Veredinha, Cachoeira do Gibão); regiões rurais e povoados de Montalvânia: Novo Horizonte, Janaína,São José, vila Capitânia e bairros de Montalvânia).
Participantes
140 pessoas participaram da caravana, composta por 33 veículos. O Rally da Solidariedade contou com apoio da Polícia Militar de Goiás, Polícia Militar de Minas Gerais, Polícia Rodoviária Federal, LBV, Agecom, Rádio e TV Brasil Central, TV UFG e Revista HOJE, além das empresas mostradas na página ao lado.
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lly da Solidariedade
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Moda
Personal Stylist: Jordana Rodrigues / jordanarodrigues@hotmail.com.br
O bom e velho jeans! Há 159 anos, o jeans nascia para se tornar peça praticamente obrigatória no armário de pessoas do mundo interio. Já foi símbolo de rebeldia e ícone fashion. Saiba mais sobre a história do jeans, década a década Foto:s Divulgação
Anos 1950: O jeans tornou-se o símbolo da rebeldia juvenil e as calças jeans se popularizaram imensamente entre os jovens, tanto que algumas escolas nos Estados Unidos proibiram seu uso. Anos 1957: Cowboys do asfalto com suas Harley-Davidsons aterrorizavam a Califórnia. Elvis Presley, em 1957, já usava seu jeans, e desde então rock e jeans são inseparáveis. Anos 1960: Os jeans eram feitos para acompanhar o movimento hippie (pintados, bordados, psicodélicos etc.).
A
nos 1853: A corrida pelo ouro da Califórnia. Os mineradores precisavam de roupas fortes e duráveis, e Leo Strauss (que depois mudou o nome para Levi) procurando outra forma de aplicação para a lona, passou a produzir roupas e iniciou um negócio de vendas no atacado para suprir essa demanda. Anos 1889: Henry David Lee criou a H.D Lee Mercantile Company, em Kansas, Estados Unidos. Com o intuito de inovar, criou uma peça que fosse mais confortável e que transmitisse uma maior segurança para os traba-
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lhadores, já que até então as calças eram menos resistentes que o jeans. Anos 1926: É criada a calça Lee 101, o primeiro jeans com zíper da história. Um jeans resistente , que atendia às necessidades dessa época, onde a calça jeans era usada tanto para o trabalho pesado como para o uso cotidiano. Anos 1930: As calças jeans ganharam notoriedade quando os atores começaram a usà-las em todos os filmes populares de Cawboy. Anos 1940: Os soldados norte-americanos apresentaram o jeans ao mundo ao usá-los nos dias de folga.
Anos 1980: A peça entrou na alta moda e estilistas famosos começaram a fazer modelos com as próprias marcas. Anos 1990: As vendas caíram quando os adolescentes passaram a trocá-las por calças caquis, de combate e de carpinteiro. Se optassem por calças jeans, compravam antigos modelos nos brechós. Onze fábricas norte-americanas da Levi Strauss fecharam. Anos 2000: As calças jeans voltaram com tudo, na passarela, em todas as lojas, em todas as revistas de moda. Atualmente, há inúmeras marcas para escolher e, de alguma forma, a humilde calça jeans tornou-se um símbolo de status.
“Brasil terra de samba, futebol e jeans” Agora jeans é também sinônimo de Brasil! Lá fora nosso jeans está sendo chamado de “milagroso” pelas revistas de moda. Esse milagre se dá, segundo admiradores internacionais, porque além de um bem cortado ele arrebita o bumbum. A explosão do nosso jeans se deve às famosas que procuram a sensualidade, a valorização do corpo e o ajuste perfeito das calças aqui produzidas. Artistas como Alanis Morissette, Christina Aguilera, Jennifer Lopez, Meg Ryan e Britney Spears foram as primeiras a circular com marcas de jeans brasileiras.
O jeans brasileiro ficou reconhecido pela invenção da cintura baixa e pelo índigo com tactel, que deixa a calça 30% mais leve. O corte que arrebita o bumbum tem um caimento produzido só por nós. Mas não são somente as peças prontas que fazem sucesso lá fora.O Brasil já é o maior produtor de tecido jeans do mundo, em média 25 milhões de metros por mês. Não é a toa que grandes empresas nacionais estão investindo forte em inovação, produção e exportação. Junto a isso, a criatividade dos estilistas brasileiros e a já consagrada sensualidade brasileira, o Brasil é referência internacional em jeanswear.
Todo esse investimento deu às empresas brasileiras o status de fornecedora das grifes mais famosas do mundo. “Uniforme” de todos os dias, o jeans é também usado como termômetro para medir o crescimento econômico da população brasileira, pois o aumento do consumo de roupas jeans é reflexo do crescimento do País. Se o nosso denim já tinha orgulho de ser brasileiro, agora a terra dos Tupiniquins também pode afirmar que é o país do samba, do futebol e do jeans!
Elegante e prático!
O jeans só chegou a conquistar toda a população após a proliferação social do seu conceito como roupa despojada e do cotidiano, sem perder seu charme e elegância. Observa-se uma proliferação cada vez maior do conceito jeanswear em se vestir, devido principalmente à comodidade e à praticidade, aliadas à fácil manutenção – fundamental, em uma época em que estamos cada vez mais sem tempo livre e qualquer facilidade proporciona da torna-se fundamental. Percebe-se também a introdução do jeans em ambientes de trabalho mais formais, em escritórios, como grandes empresas e instituições financeiras e, muitas vezes, a abolição total da obrigatoriedade do uso de terno e gravata.
Sustentabilidade Apoio:
SAN MARTIN Rua 3, no 901 – Centro.
Não deixe certo esnobismo se apoderar de nossa simples calça jeans. Nada de modismos que mudam todos os dias. Escolha um bom jeans tradicional. Ele te acompanhará por anos, te deixando sempre bem vestido. Pense sustentável, invista bem; invista em qualidade.
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Turismo
Nas entranhas Dormir sob um manto estrelado, ver uma bola de fogo nascendo e, no silêncio do deserto, descobrir que se pode viver e ser feliz assim: entre o céu e a areia, no meio do nada, com muito pouco... Izabel Todeschini izabelace@yahoo.com.br
A
quela noite seria mais do que especial. Afinal, realizaria o sonho de dormir em uma “bivouac” – uma tenda armada aos pés do Saara – sob o céu estrelado, ouvindo apenas o suave sopro do vento. É incrível o impacto da solidão e do silêncio no deserto africano. Considerado o maior do mundo, ele ocupa um pedaço do Marrocos e estende-se por mais 12 países e territórios, onde o frio pode chegar a 5O C negativos à noite, e o calor a mais de 50O C durante o dia. A paz reina ali. Mesmo com o cheiro de querosene do lampião e um pouco de desconforto entre tapetes e sacos de dormir, você acaba adormecendo como um anjo. Sem imaginar o que está programado para o dia seguinte. São 5 horas da manhã e essa é
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a parte essencial da “experiência do deserto”: ver o sol nascer. Mas para assistir ao espetáculo, é necessário chegar lá no alto. E haja perna para escalar uma duna de uns 100 metros de altura! Caminhar na areia fofa e ainda por cima meio “dormindo” não é fácil. Quando estava quase desistindo, chegamos ao topo. Ali estava ele, esparramado: o deserto do Saara. O sol nascia sobre os montes de areia que se sucediam como as dobras de um imenso lençol. Ao fundo, a bola de fogo. Maravilhoso! O dia todo seria uma aventura. A começar pelo mini rali a bordo de um Land Rover. Estávamos vestidos com uma “kachaba” (túnica até os pés) e um “razah” (turbante) para encarar o sol do deserto. Com uma geladeira
portátil cheia de água mineral no carro, ultrapassamos um beduíno que viajava no lombo de um camelo. Depois, passamos por um jipão do exército marroquino que patrulhava a região, já que a quilômetros dali estava a conturbada fronteira da Argélia. Estávamos indo a um acampamento tuareg. Por trás das dunas, eis que surge uma grande tenda, onde somos recebidos por um simpático grupo, com cumprimentos, olhares curiosos e o tradicional chá de hortelã. O almoço logo seria servido: salada de pepino, azeitonas e queijo de cabra, pão, cuscuz feito de sêmola de trigo e espetinhos de carne assada. Um bom muçulmano faz suas orações cinco vezes ao dia, como manda o Alcorão, por isso não nos surpreendíamos mais quando tudo parava
do Saara
Fotos: Arquivo de família
Ao redor do Bivouac (tenda armada aos pés do Saara), pessoas vestidas com Kachaba (túnica) e Razah (turbante), indumentária obrigatória para encarar o sol do deserto
de repente, e todos à volta saíam ou se ajoelhavam aonde estavam para rezar. Com a aventura chegando ao fim, voltamos à porta de entrada do Saara, Merzouga, uma vila com 50 famílias, alguns pequenos hotéis e um oásis. De lá, tomamos uma estrada pontilhada de vales. Paramos nas gargantas de
Dades, onde montanhistas escalavam paredões de pedra enquanto cabras passeavam logo abaixo, entre os riachos. Fomos cercados por garotas que vendiam bonecas de pano e crianças que pediam esmolas. Acabaram ficando até com a minha caneta. Um menino berbere nos ofereceu “cristais exóticos
do monte Atlas”, pedras de cores lindas, que decidi levar como lembrança. A medida em que o calor aumentava, minhas mãos iam ficando mais suadas... E coloridas! Eram os falsos cristais feitos de cimento, perdendo a anilina. Tivemos que dar risada. Estávamos de volta à civilização.
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Entretenimento
Tattoo Rock Fest Uma das maiores convenções de tatuagem do País é realizada na capital do Estado de Goiás há dez anos. Em 2012, o evento promete superar todas as expectativas, com atrações nacionais e internacionais
E
stá programado para os dias 6,7 e 8 de julho, no Sol Music Hall, em Goiânia, o Tattoo Rock Fest, um dos mais importantes eventos de tatuagem do Brasil. “O Tattoo Rock Fest é mais do que uma convenção de tatuagem. É arte em todas as instâncias; é tattoo, rock e manifestação cultural”, explica um dos produtores do evento, Pedro Henrique Barroso Brito. O festival, que reúne centenas de tatuadores de todo o País, mantém a tradição que o consolidou como um evento de grande importância para a categoria nesses dez anos de realização, com workshops, apresentações musicais, esportes radicais, arte urbana, concurso entre os tatuadores Fotos: Fredox
e premiação. “A convenção, além de ser um espaço valioso de negócios, divulgação de trabalhos, aprendizado e troca de experiência, se tornou uma grande festa, um momento de confraternização ímpar para tatuadores”, diz Danilo Gonçalves, idealizador e também produtor da convenção.
Dez anos de sucesso
O Tattoo Rock Fest teve sua primeira edição em 2002. De lá para cá, foram milhares de tatuagens realizadas durante o evento, por meio da expertise de centenas de tatuadores, além de dezenas de workshops, premiações e muito rock’n’roll. Mais de 25 mil pessoas já prestigiaram o evento – um público este, cada vez mais fiel. Dentre as os profissionais que já compartilharam seu conhecimento na convenção, estão: Polaco, Javier Obregon, André Tenório, Akemi Higashi, Ronaldo Sampaio (Snoopy), Beicinho, Alexandre Dallier, Inácio da Glória, Alemão, Caxa, Fábio Ribeiro, Neneco, Marcelo Marzari, Monkey e muitos outros. Na música, muitas bandas do cenário alternativo/ underground já subiram aos palcos do Tattoo Rock O Tattoo Rock Fest se estabeleceu como o melhor espaço de negócios para o setor graças à seriedade dos organizadores Pedro Brito e Danilo Gonçalves
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Fest – foram mais de 140! Entre elas, alguns ícones já consagrados como Ratos de Porão, Raimundos, Dr. Sin, Garage Fuzz, Crazy Legs, Mombojó, Dead Fish Endrah (USA) e Hangar.
Competição entre tatuadores e suspensão: algumas das atrações da convenção
Premiando os melhores
Em todas as edições da convenção de tatuagem é realizada uma competição entre os tatuadores, em diversas categorias, com distribuição de prêmios ao final do evento. Este ano, o Tattoo Rock Fest premiará com uma moto zero km o melhor profissional do evento. Também dentro do Tattoo Rock Fest o concurso Miss Tattoo, que escolherá a garota tatuada mais bonita de todo o evento. A edição de 2012 promete entrar para a história, em todos os aspectos. “Desde a escolha do local, aos cuidando com os estandes e a programação cultural, tudo foi pensando para fazer desta edição a melhor de todos os tempos”, adianta Danilo. Pedro Henrique arremata: “O Tattoo Rock Fest se consolidou como um encontro cultural, um momento de diversidade, uma celebração a um estilo de vida que flutua entre vários universos, como o rock, o grafite, o skate e toda a cultura urbana. E em 2012 queremos superar todas as expectativas. Quem participar, verá!”.
Durante todos os dias, o grande público é brindado com bandas de renome do cenário nacional, como o Matanza, que se apresenta este ano
Miss Tattoo: concurso para garotas tatuadas e de muita atitude
Tattoo Rock Fest Realização e produção: Hiccup7 Produções
Data: 6,7 e 8 de julho Local: Sol Music Hall – Goiânia, Goiás
Atrações confirmadas para 2012: Matanza, BNegão e Os Seletores de Frequência, Pavilhão 9, Garotos Podres.
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Cultura
Festival Internacional Primeira edição será realizada entre os dias 6 e 10 de junho, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia. Inscrições para oficinas estão abertas Letícia Marina
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ela primeira vez na história, Goiânia sediará um festival internacional de dança. O evento vai reunir bailarinos, coreógrafos, profissionais e amantes de dança durante os cinco dias de programação no Centro Cultural Oscar Niemeyer. O festival é uma realização do Governo do Estado de Goiás em parceria com a Goiás Turismo e tem entre seus principais objetivos projetar Goiânia entre as principais capitais incentivadoras da cultura e arte do País. Outra meta é fixar o festival no calendário dos grandes eventos do Estado e, desta forma, ajudar a desenvolver a economia e o turismo na região.
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Para bailarinos, o incentivo não poderia ser melhor. Além de dar a chance de mostrar o seu talento, os profissionais que mais se destacarem poderão ganhar prêmios em dinheiro. As categorias analisadas serão de: Melhor Bailarina, Melhor Bailarino, Bailarino (a) Revelação, Melhor Grupo e Coreógrafo (a) Destaque. O valor dos prêmios vai de R$ 3 mil a R$ 10 mil. Os melhores também poderão ser contemplados com bolsas de estudo. O evento será uma boa forma de promover o intercâmbio entre bailarinos estrangeiros e brasileiros, os quais terão a chance de fazer audições para bolsas de estudos para escolas consagradas, como o Miami Ballet, dos Estados Unidos. Os testes serão feitos no dia 10 de junho, a partir das 10 horas.
Dança para todos
O festival também tem como intuito popularizar a dança, por meio da apreciação, educação e prática dos mais variados estilos. Desta forma, trabalhará ações que estimulem a criação de novas linguagens. Além disso, promoverá apresentações gratuitas em palco aberto e oferecerá toda a renda arrecadada nas mostras competitivas, em forma de alimetos não perecíveis, para instituições carentes.
Panorama da Dança
O Clube da Dança foi idealizado especialmente para bailarinos, professores e coreógrafos interessados em novidades sobre esse cenário artístico. Com ele, é possível divulgar cursos, workshops, espetáculos, oportunidades de emprego e audições. Quem se inscrever ganhará uma carteirinha que dará direito a descontos em estabelecimentos de dança, espetáculos, festivais e também a um site com informações atualizadas de interesse desse público.
Mostras competitivas
Quatro companhias de dança estão confirmadas para as noites de abertura das mostras competitivas. São Paulo Companhia de Dança, Texas Ballet, Balé do Estado de Goiás e Mimulus Cia de Dança prometem abrilhantar ainda mais o espetáculo. “O nível dos particpantes da Mostra Competitiva está muito bom”, adianta Gisela Vaz, diretora do Balé do Estado de Goiás e organizadora do evento ao lado da irmã Ariadna Vaz. Os participantes foram selecionados após análise de material videográfico, enviado por bailarinos de várias partes do Brasil. Outro ponto que dá peso ao evento é a participação de todos os integrantes do Conselho Brasileiro de Dança, que terá, ainda, sua presidente Mariza Estrella entre o júri da Mostra Competitiva.
de Dança
Audições, workshops e debates Mostra competitiva, workshops, palestras, debate, palcos abertos ao público, audições para bolsas de estudos nas escolas do exterior, seminários, mostra de fotografias de dança e feira de artigos fazem parte da vasta programação do Festival. O público poderá
conferir palestras e debates com grandes nomes nacionais e internacionais. Já estão confirmados os brasileiros Cecília Kerche, Rodrigo Pederneiras e Paulo Caldas. Quanto ao elenco de estrelas internacionais, Edward Villella e Eddy Tovar marcam presença no evento.
Fotos: Divulgação
Rodrigo Pederneiras
Edwar Villella
Cecília Kerche
Gisela Vaz e Stephen Pier Mimulus
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Cultura
Goiás será palco de apresentações premiadas e inéditas das mais importantes companhias do Brasil Os goianos terão a oportunidade de ver de perto apresentações das melhores escolas de dança do País. São Paulo Companhia de Dança e a Mimulus estão entre elas.
A primeira está programada para fazer a abertura do I Festival Internacional de Dança de Goiás, com a apresentação de coreografia inédita no Brasil. Já a Mimulus Cia de Dança promete
São Paulo Companhia de Dança
encantar o público com o espetáculo “Por um fio”, que será apresentado no dia 10 de junho. A companhia tem uma forte referência no cenário da dança brasileira, sendo conhecida por criar um novo e exemplar conceito de dança contemporânea. Durante o espetáculo, a dança transcende o seu significado. Tudo consegue se comunicar com o público. A coreografia, o cenário e até a iluminação são extremamente explorados durante as cenas. Inspirados nos textos de Arthur Bispo do Rosário, “Por um fio”, arrematou vários prêmios no Sinparc/Usiminas: Melhor Espetáculo, Melhor Coreografia, Melhor Iluminação, Melhor Cenário, Melhor Bailarino. E, também, os títulos de Melhor Espetáculo, Melhor Coreógrafo, Melhor Baila-rino, no Sesc/ Sated Minas Gerais de 2010.
Bailarinos convidados: um hall de estrelas O Festival Internacional de Dança de Goiás convidou os melhores professores do mundo para proferir os workshops do evento. No time de estrelas da dança nacional, Alice Arja, Caio Nunes (coreógrafo da Rede Globo), Nathalia Arja e Renan Cerdeiro. Quanto aos convidados internacionais, Buddha Stretch, Derek Mitchell, Eddy Tovar, Sidra Leigh Bell e Stephen Pier serão as grandes atrações. Todos os participantes convidados para o Festival possuem currículos e experiências impressionantes. Derek Mitchell, por exemplo, foi coreógrafo de Michael Jackson; Stephen Pier, foi coreógrafo das principais companhias americanas, assim como Sidra Bell. As inscrições para os workshops ficam abertas enquanto houver vagas.
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Buddha Stretch
Sidra Bell Derek Mitchell
Goiânia Rock City
Alessandro Ferro I uploader@gmail.com
BBB: sigla para Bang Bang Babes, uma das bandas que contribuíram para divulgar o nome de Goiânia Rock city Brasil afora. É, também, uma das bandas goianas que mais tocaram fora da terrinha em 2011. Danilo Gonçalves, idealizador e produtor do Tattoo Rock Fest, faz frente ao apresentador do Contradição Show, Calefi, em balada da cena rocker goiana.
Camila Carneiro, Gustavo Ogro, Léo Pinheiro e Fridinho foram algumas das pessoas que fizeram acontecer o projeto Palco Aberto, na Taberna do Ogro. Foi bom demais!
O tatuador Adrien Dome está com um senhor estúdio novo no Jardim América. Ele também participa, em julho, do Tattoo Rock Fest.
Mathias, artista plástico, Dj e empresário (lêse, Rabiscaria), com o gás todo, arrebentando nas baladas. É isso aí, Mathias!!Manda bala, fii!
Pessoal do Clube do design, agencia de web de nossa capital, está detonando a concorrência com criatividade e competência. Nelson Vierira, Pedro Naves e Luciano Lima. Gravem, estes nomes.
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Culturamix Foto: Eduardo Jacob
Relações na berlinda O grupo de Dança Neka revela a crudeza das relações contemporâneas ao explorar as intersecções entre dança e arquitetura, no espetáculo que apresenta nos dias 17, 18 e 19 de maio, no Centro Cultural da UFG, em Goiânia. A apresentação torna possível diferentes espacialidades em cena, o que faz com que os intérpretes criem uma poética diretamente relacionada aos “corpos edificados” nos “espaços dançantes”. À medida que a narrativa se estabelece e o espaço influencia a cena, fica claro que o espetáculo Madam explora a temática eixo conjugalidade, entendida como o compromisso matrimonial, onde o matrimônio tem um sentido ampliado, significando as várias formas de união possíveis na sociedade atual. O espetáculo tem, ainda, características de intervenção urbana, ficando a plateia livre para caminhar entre as instalações criadas. Com Adriano Bittar, Erica Bianco, Nilo Martins, como Intérpretes-Criadores; Erica Bianco e Adriano Bittar, na Preparação Corporal; Nilo Martins e Paola Antonacio, na Ambientação/Arquitetura; e Alexandre Ferreira na Direção da Poética Corporal. Assina a produção, a competente Claudinha Fernandes. Imperdível!
Foto: Kiran Federico León
Festival do Teatro Brasileiro
56 | Hoje - Abril de 2012
Depois de passar por Goiânia, Hidrolândia, Anápolis e Cidade de Goiás, o Festival do Teatro Brasileiro (FTB) Cena Gaúcha segue, entre os dias 15 de maio a 3 de junho para sua etapa no Distrito Federal. Idealizado pelo maravilhoso produtor cultural Sérgio Bacelar, o festival propõe um valioso intercâmbio entre os estados, apresentando, de certa forma, “o Brasil para os brasileiros”, como gosta de dizer a atriz e produtora Marta Aguiar. Em sua 12ª edição, o FTB, conta com o patrocínio da Petrobras e Caixa, co-patrocínio dos Correios, incentivo do Ministério da Cultura/ Lei Federal de
Incentivo à Cultura e Governo Federal. Na programação, 15 espetáculos dos mais variados gêneros, seleciona-
dos dentro de um universo de 109, que contabilizarão ao final, 68 apresentações. Para saber mais, acesse: www.alecrim.art.br. Foto: Fábio Zambom
F. Filho | culturamix@gmail.com / www.tecnocibernetico.wordpress.com
Bang Bang Babies
Belas letras
Fotos: Divulgação
Goiânia tem se destacado no cenário do rock nacional. Depois do sucesso de Black Drawing Chalks, surge uma nova banda , Bang Bang Babies, que deve assumir, muito em breve, o posto de a mais nova sensação do rock. Os Bang Bang Babies – Pintim (Baixo), Pedro (Guitarra/ Voz), Vital (Guitarra) e Hélio Jairo Zancopé Neto (Bateria) – não negam as influências explícitas de Garage Rock, Proto punk e Surf Music.
Sem frescura Os Bang Bang Babies fazem um rock sem frescuras. No melhor estilo de Stooges, de Iggy Pop, e de Blues Explosion, Oblivians e Hang the Superstars, outro grande nome da cena rock de Goiânia, talvez a mais cultuada. No início de 2006, Bang Bang Babies ficaram internados no Estúdio Manicomial de onde saiu um EP com cinco músicas. Já em 2009, lançaram seu primeiro disco cheio, Love and Bullets e, em 2011, saiu o primeiro compacto em vinil.
Nascida em 11 de dezembro de 1968, em Goiânia, a escritora Adriane Sarmento lançou seu primeiro romance em 1992, editado pela Universidade Católica de Goiás, intitulado Últimos Momentos, pelo qual recebeu, em 1998, a Menção Honrosa no Concurso Nacional Master de Literatura. Em 2000, foi lançado o dicionário com Biografia de Adriane Teixeira Sarmento Costa, publicado por Mário Ribeiro Martins.
Sucesso editorial – Em 2009, foi aprovada no projeto da Lei de Incentivo da Prefeitura de Goiânia e publicou Da Fama Para a Solidão, que alcançou boa acolhida pelo público leitor e e por parte da crítica, que a coloca como um dos grandes nomes da literatura feita em Goiás. – Em 2011, o seu romance Meninos Perdidos foi contemplado pela Lei de Incentivo e lançado pela Editora Kelps. Dentro do romance vem um CD encartado com uma música chamada Meninos Perdidos, que tem letra de Adriane Sarmento, música de Delciony Magalhães e Delson Mendes e produção musical
de Dênio de Paula. A música é tema do livro. – Esse ano, Adriane deve lançar seu quarto romance, cujo título é O Orfão.
Na rota da cultura Vem aí... Dicas desta coluna para você por na agenda: De 6 a 10 de junho: Festival Internacional de Dança de Goiás, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia. De 6 a 8 de julho: Tattoo Rock Fest, no Sol Music Hall, em Goiânia.
Programa novo da TBC News, o Rota Cultural chega para suprir uma lacuna, e possibilitar um espaço de prestígio para a cena artística e produtores culturais de Goiás. O programa traz como enfoque principal a cultura popular, mostrando ao grande público os talentos do Estado. O Rota Cultural tem idealização de Antônio Almeida, da Editora Kelps; coordenação geral de Dorizan Ribeiro, apresentação de Karla Rady, editora da Revista HOJE; reportagem de Mayara Carvalho, edição de Priscilla Santos, direção de fotografia de Washington Kalango, direção de imagens de Paulo Prudente e produção a cargo da Casa de Produção. O Rota Cultural vai ao ar todos os sábados, às 11 horas. Não perca! Abril de 2012 - Hoje |
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Registro
Maria Paula Bueno / marpaulabueno@hotmail.com Fotos: Arquivo de família
Darlan de Castro - talento revelado Darlan de Castro, aos setenta anos, resolveu abandonar a vida de fazendeiro e tornar-se pintor. Sempre teve interesse e ação no campo das Artes Plásticas. Na juventude, viveu como artesão. Na década de 70, fez curso de fotografia na Universidade Católica de Goiás. Sempre manteve um laboratório fotográfico em sua fazenda em Arenópolis (Goiás). Em Goiânia, frequentou cursos de pintura no Centro Livre de Artes da Secretaria Municipal de Cultura, no Bosque dos Buritis, sob responsabilidade do professor Alexandre Oliveira, atualmente na Secretaria de Cultura no Grande Hotel. No Bosque, continua com a orientação dos professores César Rodrigues e Cacilda Vitória. Darlan especializa-se em pintar e restaurar, em especial, retratos. Um exemplo é a reprodução do retrato (foto) que fez de Silva Iara Saltonelli de Castro. Todos, professores, alunos e admiradores de suas obras, veem nele muito talento a ser mostrado ainda.
Bodas Antônio Cassiano Filho e Llyvia Dornelles felizes da vida no dia do sim, e com os pais Denis Rocha e Anario Marciano (pais da noiva) e Antônio Cassiano e Rosemary Cassiano (pais do noivo).
Rota Cultural
Leandro Almeida, Paulo Vargas, Antônio Almeida (Kelps), Vilmar Rocha e Dorizan Ribeiro, felizes no concorrido lançamento do programa Rota Cultural, de Antônio, no Palácio das Esmeraldas.
58 | Hoje - Abril de 2012
Maria do Rosário A Academia Goiana de Letras elegeu 2012 como o “Ano Cultural Maria do Rosário Cassimiro”. A homenageada, que já presidiu a entidade, é ocupante da cadeira 38 e seus méritos destacaram-na nos meios educacional e intelectual de Goiás e do País. São 61 anos dedicados à Educação e 27 à AGL.
Abril de 2011 - Hoje |
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