Revista Interação - Edição 12 - Ano 8 nº 2/2015

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UFPI em números: Entre as do país;

39 melhores

universidades

107 cursos de graduação, entre eles 15 do Ensino a Distância; Em 2002 eram oferecidos nove cursos de mestrado, hoje são 45 mestrados e 10 doutorados; Comunidade acadêmica com cerca de 47.000 pessoas , sendo 1.858 professores, 720 doutores, 771 mestres, 1.086 servidores técnicos, 41.452 alunos de graduação e 1.590 de programas de pós-graduação; Em 10 anos, o número de vagas para estudantes passou de 2.345 presenciais para mais de 6.304; O CEAD possui mais de 10 mil alunos matriculados, distribuídos em 33 polos no Piauí e dois na Bahia.

Universidade Federal do Piauí


Expediente INTERAÇÃO - EDIÇÃO 12 ANO 8 - N. 2015.2 Publicação semestral produzida pela Assessoria de Comunicação e pelo Setor de Produção de Material Didático do Centro de Educação Aberta e a Distância CEAD/UFPI

Editorial

Reitor da UFPI Prof. Dr. José Arimatéia Dantas Lopes Vice-reitora da UFPI Prof.ª Dr.ª Nadir do Nascimento Nogueira Diretor do Centro de Educação Aberta e a Distância/ Coordenador da UAB na UFPI Prof. Dr. Gildásio Guedes Fernandes Vice-diretor do CEAD/UFPI Prof. Dr. Milton Batista da Silva Coordenadora Adjunta da UAB na UFPI Liana Rosa Brito Coordenadoras da Revista Fernanda Ito Ota da Purificação Indira Ilana Vanderlei do Vale Equipe Responsável Fernanda Ito Ota da Purificação Indira Ilana Vanderlei do Vale Nalton Luiz Silva Parente de Pinho Projeto Gráfico e Diagramação Nalton Luiz Silva Parente de Pinho Fotografias Fernanda Ito Ota da Purificação Indira Ilana Vanderlei do Vale Arte e Capa Nalton Luiz Silva Parente de Pinho Revisão Maria da Conceição de Souza Santos Pareceristas Fábio Abreu dos Passos Luizir de Oliveira Maria Goreth de Sousa Varão Thamirys Dias Viana Conselho Editorial Arnaldo Oliveira Souza Junior Gildásio Guedes Fernandes José Vanderlei Carneiro Leila Lima de Sousa Lívia Fernanda Nery da Silva

É com alegria que o Centro de Educação Aberta e a Distância publica a Revista Interação, cujo objetivo é informar à comunidade acadêmica e à sociedade, de modo geral, acerca de Educação, Cultura, Informática, possibilitando a produção de conhecimento e a troca de saberes e experiências concretas realizadas por sujeitos participantes do processo de Educação mediada por tecnologias. Esta edição tem como tema os dez anos de Universidade Aberta do Brasil, comentados em diversas reportagens que objetivam traçar a memória dessa política pública no Brasil e no Piauí. Assim, é apresentado um conjunto de textos que se complementam ao narrar a implantação da EaD nas Universidades Públicas do país, bem como ao estabelecer a linha do tempo da trajetória da EaD no Brasil. No sentido de especificar essa implantação no Piauí e na UFPI, destaca-se o texto que aponta a história e o desenvolvimento da EaD no CEAD/UFPI, que se inclui na política maior logo nos primeiros movimentos da EaD no Brasil. É fato que a EaD vem evoluindo consideravelmente ao longo desses dez anos, e, como mudança paradigmática no contexto educacional, proporcionou a qualificação de milhares de cidadãos brasileiros, como as dos 155 alunos formados em Licenciatura em Filosofia no período 2015.2; as transformações que ocorrem nas vidas daqueles que ingressam em um curso superior. Tais evoluções podem ser percebidas por meio da coluna Perfil do Aluno, que destaca a história de uma discente do curso de Pedagogia. Assim, a comemoração deste aniversário necessita ser retratada em periódico para constituir-se em memória e história da Educação e da Comunicação do Estado brasileiro, já que essa é uma política que não retrocederá. Portanto, parabéns à UFPI e às demais instituições que compõem o sistema Universidade Aberta do Brasil, bem como a todos aqueles que têm sido beneficiados dessa modalidade de ensino. A todos desejamos uma leitura agradável e informativa.


POLO UAB

CAPA

20 Implantação da UAB nas universidades públicas do Piauí

Ensaios da aprendizagem e identidade de 06 Personalização aprendiz como instrumentos de promoção do êxito

05

Formaturas

10

Projeto De Mãos Dadas

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Perfil do Aluno

16

Entrevista

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Linha do Tempo EaD

Kairon Pereira de Araújo Sousa

25

Dicas de livros

Desafios formativos na EAD: uma reflexão sobre o tutor

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História do CEAD

Emanuele Alves de Sousa / Julysse Neuma Damasceno Gomes

31

Midiatização EaD

34

Pesquisa UFPI

36

Fadex

40

Giro nos Polos

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Crônica

acadêmico na educação a distância Algeless Milka Pereira Meireles da Silva / Frida Díaz Barriga Arceo / César Coll Salvador

para a aquisição do conhecimento: UAB e 14 Caminhos a educação a distância no Brasil José de Sousa Magalhães

18 Educação a distância: entre o ensinar e o aprender 26

da plataforma Moodle associada às 32 Qualidade dificuldades encontradas por alunos de um curso de especialização a distância Mirian Patrícia de Freitas

38

Seções

Universidade Aberta do Brasil e seus avanços no caminho do aprendizado Maria Dennizy Rocha Barroso


Formaturas

CEAD/UFPI forma 155 licenciados em Filosofia

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curso de Licenciatura em Filosofia oferecido pelo Centro de Educação Aberta e a Distância da Universidade Federal do Piauí (CEAD/UFPI) realizou, em fevereiro e em março, as solenidades de formatura em oito polos de Educação a Distância, referentes ao encerramento do período 2015.2. São 155 alunos que alcançam o tão sonhado diploma do curso superior e estão aptos para o mercado de trabalho. As formaturas aconteceram nos polos UaB de Avelino Lopes, Oeiras, Piripiri, União, Valença, Picos, Luzilândia e Jaicós. Além disso, a partir de setembro aconteceram solenidades de mais 10 turmas, cada uma com, em média, 35 alunos, referentes ao período 2016.1. Esses alunos têm um currículo diferente das turmas concludentes em 2015: a quantidade de períodos caiu de nove para oito; o Currículo II passa a ofertar as disciplinas de Seminário do Meio Ambiente e de Libras; e algumas disciplinas antes obrigatórias passaram a ser optativas. Em 2014, foram ofertadas 700 vagas. Hoje, o curso atende aos polos de Água Branca, Avelino Lopes, Barras, Buriti dos Lopes, Campo Maior, Canto do Buriti,

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Castelo do Piauí, Corrente, Elesbão Veloso, Inhuma, Luzilândia, Monsenhor Gil, Oeiras, Picos, Piracuruca, Piripiri, Regeneração, Simões, Simplício Mendes, Teresina, União, Uruçuí, Valença, Juazeiro (BA) e Campo Alegre de Lourdes (BA). Para a coordenadora do curso, professora doutora Elnora Gondim, a Filosofia tem o papel de ensinar o aluno a refletir e a repensar todas as disciplinas já existentes. “Na Grécia Antiga, todos eram considerados filósofos, pois não existia o médico, o matemático e o biólogo, por exemplo. Na Idade Moderna, surgiram as especializações e, consequentemente, essas profissões. Hoje, mesmo com essas

especializações, a Filosofia não deixou de aglutinar o conhecimento. Ela é um estudo que permeia todos os outros que existem”, explica a professora. Mercado de Trabalho Depois de instaurada a lei n° 11.684, de 2 de junho de 2008, que altera o art. 36 a lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, lei esta que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, foram incluídas as disciplinas Filosofia e Sociologia como obrigatórias nos currículos do ensino médio. Ampliando, assim, as possibilidades de emprego para os profissionais formados em Filosofia, que antes se restringiam a lecionar, apenas, no ensino superior. Foto: Cleanny Leão

Por Indira do Vale

Prof.ª Dr.ª Elnora Gondim, coordenadora do curso de Licenciatura em Filosofia

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Personalização da aprendizagem, identidade de aprendiz e êxito acadêmico na educação a distância

Prof. Dr. César Coll Salvador Catedrático do Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação da Faculdade de Psicologia da Universidade de Barcelona

fdba@unam.mx

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esde seu su rgimento no Brasil, por volta do início do século XX, a educação a distância (EaD) tem exercido um importante papel na democratização da educação e, na última década, a criação da Universidade Aberta do Brasil representou um grande avanço nesse âmbito, ampliando o acesso à formação universitária (ALVES, 2011). Apesar de todos os logros alcançados em nível nacional, a EaD ainda enfrenta muitos desafios em relação ao cumprimento dos referenciais de qualidade e, entre

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Prof.ª Dr.ª Frida Díaz Barriga Arceo Professora titular da Faculdade de Psicologia da Universidade Nacional Autônoma do México

ccoll@ub.edu

os problemas decorrentes disso, situam-se o elevado índice de fracasso escolar e o abandono nos cursos de formação universitária (ASSOCIAÇÃO..., 2014). Nesse contexto de desaf ios para a EaD no século XXI, o objetivo do presente ensaio é discutir estratégias de apoio a experiências de aprendizagem mediadas pelas tecnologias da informação e comunicação (TIC) a serviço do êxito acadêmico. Para tanto, enfocaremos a discussão em dois construtos teóricos que, desde uma perspectiva socioconstrutivista

Prof.ª Ma. Algeless Milka Pereira Meireles da Silva Professora assistente do curso de Psicologia da UFPI, doutoranda em Psicologia da Educação na Universidade de Barcelona

milkameireles@ufpi.edu.br

e situada (COLL, 2016; DÍAZBARRIGA, 2003), consideramos elementos- chave f rente aos processos educativos no marco da sociedade da informação: a personalização da aprendizagem e a identidade de aprendiz (IdA). Desenvolvimento A s r ef lexõ e s sob r e a personalização da aprendizagem e a IdA como instr umentos para melhoria dos processos de ensino-aprendizagem e promoção do êxito acadêmico na EaD são Revista Interação ● Edição 12


apresentadas por meio de três eixos de discussão. O primeiro eixo consiste em que, pela própria definição do termo e pelos recursos mediadores que envolve (BRASIL, 2005), a EaD reposiciona professor e aluno e a não presencialidade sugere a autonomia do estudante frente ao processo educativo. Desse modo, compreendemos que a EaD consiste em uma modalidade de ensino em que sua própria via de existência impele a uma ação educativa centrada no sujeito que aprende e, portanto, é possível promover experiências de êxito a partir de uma ajuda educativa que se ajuste às necessidades e aos interesses dos estudantes. Nos pro ce s sos de e n si no aprendizagem mediados pelas TIC, a ajuda educativa se encontra distribuída nas interações do estudante com docentes e os iguais, sendo fomentada, entre outros aspectos, por atividades de aprendizagem colaborativa (COLL et al., 2013). Além do suporte oferecido pelos docentes e colegas, é fundamental enfatizar a importância dos recursos que os estudantes dispõem para aprender nos diversos contextos e seu papel no processo de personalização da aprendizagem, confor me explanamos a seguir. No s e g u n d o e i xo d e discussão, abordamos a personalização da aprendizagem como um processo que parte dos interesses e das necessidades do aprendiz como base para o planejamento d as ajud as educativas, tendo em vist a diversificar as oportunidades e Revista Interação ● Edição 12

o uso de recursos para aprender (COLL, 2016). Nesse aspecto, mencionamos o aprendiz, ao invés de o estudante ou o aluno, tendo em vista que adotamos uma visão de aprendizagem que ocorre ao longo da vida e não apenas em cenários escolarizados. Dessa maneira, aprender envolve a participação ativa do aprendiz na tomada de decisão a respeito de sua aprendizagem, assim como a construção de sentido sobre o que se aprende e a possibilidade de definir trajetórias pessoais. Em efeito, a personalização cumpre importante papel para subsidiar a construção de trajetórias pessoais de aprendizagem no marco da nova ecologia da aprendizagem, caracterizada pelo amplo uso das TIC na educação dentro e fora dos contextos formais (COLL, 2013). Desde um ponto de vista prático, a ideia de personalizar a aprendizagem suscita muitas inquietudes a respeito de como viabilizá-la metodologicamente, principalmente considerando a sat u ração cu r r icula r que dificulta a f lexibilização dos conteúdos e a sobrecarga dos docentes no contexto acadêmico. Como resposta a esse desafio, pensamos que o tempo dispendido para conhecer os interesses e as necessidades dos alunos é recuperado à medida que as ajudas educativas os levam a desenvolver competências para exercer a autonomia e a autorregulação do próprio processo de aprendizagem. O terceiro e último eixo de discussão aborda a Id A como importante instrumento inter psicológico para

personalização da aprendizagem, tendo em vista que corresponde aos significados que o indivíduo possui sobre si mesmo como aprendiz e sua capacidade para aprender em deter m i na d a s condições (COLL; FALSAFI, 2010). Nesse aspecto, acreditamos que um processo de personalização da aprendizagem, teoricamente legítimo e metodologicamente v iável, deve envolve r a participação ativa das pessoas que aprendem, propiciando espaços para ref lexão acerca de si mesmo como aprendizes e oferecendo ajudas educativas que lhes instrumentalizem para desenvolver competências e aprender ao longo da vida, dentro e fora dos contextos formais de educação. A atividade reflexiva de alunos e professores, assim como as ações educativas que dela se derivam, pode ser realizada por meio de atividades autênticas que integram metodologias didáticopedagógicas mediadas pelas TIC, como os relatos digitais pessoais, portfólios eletrônicos, projetos WebQuest, aprendizagem baseado em problemas, soluções de caso, jogos sérios, etc. Tais metodologias didáticopedagógicas integram a prática ref lexiva aos demais passos que per m item personali za r a aprendizagem, incluindo a avaliação formativa e contínua de todo o processo, Para tanto, é fundamental que o aprendiz se envolva conscientemente no processo de reconstrução de sua IdA, o que lhe habilita a aprender em uma gama de situações e condições progressivamente

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mais amplas e a ser um aprendiz competente. Nesse processo de reconstrução de sua IdA, os agentes educativos cumprem a função de promover, apoiar, impulsionar e acompanhar o aprendiz, o que o ajuda a se desenvolver com f lexibilidade em ambientes educativos formais e não formais que privilegiem a indagação, a aprendizagem situada e experiencial.

DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. Censo EAD Brasil 2014: relatório analítico da educação a distância no Brasil. São Paulo: ABED, 2014. BRASIL. Decreto nº 5622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 dez. 2005.

Conclusões

COLL, C. El currículo escolar en el marco de la nueva ecología del aprendizaje. Aula de innovación educativa. Barcelona, n. 219, p. 31-36, fevereiro, 2013.

Considerando as ideias explanadas por meio dos três eixos de discussão, entendemos que a adoção de metodologias didático-pedagógicas para a personalização da aprendizagem no ensino superior, assim como a implementação de qualquer outra medida de promoção do êxito acadêmico, é fundamental contar com políticas de apoio à oferta de cursos de formação docente e com serviços de apoio psicopedagógico à comunidade universitária. Além disso, ressaltamos que diversos projetos de inovação educativa mediados pelas TIC podem ser propostos e desenvolvidos por meio de ações integradas no âmbito do ensino da pesquisa e da extensão. Referências ALVES, L. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, São Paulo, n. 10, p. 83-92, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

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_ _ _ _ _ _. La personálització de l´aprentatge escolar. El qué, el per qué y el com d´un repte indefugible. In: Vilalta, J. M. (Org.). Anuari d´Educació a Catalunya 2016. Barcelona: Fundació Bofill, no prelo. ______; BUSTOS, A.; ENGEL, A.; GISPERT, I.; ROCHERA, M. J. Distributed educational influence and computer-supported collaborative learning. Digital Education Review, Barcelona, n. 24, p. 23-42, dezembro, 2013. _ _ _ _ _ _ FALSAFI, L. Learner Identity: an educational and analy tical tool. Rev ista de Educación, Madrid, n. 353, p. 211-233, dezembro, 2010. DÍAZ-BARRIGA, F. Cognición situada y estrategias para el aprendizaje significativo. Revista Electrónica de Investigación Educativa, Mexicali, v. 2, n. 5, p. 105-117, outubro, 2003. Revista Interação ● Edição 12


Desde 2007 a Revista Interação debate e divulga as ações da EaD no Piauí

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Polo de Simões comemora 10 anos da UAB no Piauí Foto: ASCOM

Por Fernanda Ito Ota

Coordenadora do polo de Simões, Prof.ª Maria do Socorro, recebe homenagem das mãos de colaboradores UAB

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urante seis dias, de 7 a 12 de março, o Polo da Universidade Aberta em Simões realizou o Projeto De Mãos Dadas: Universidade parceira da comunidade, que comemora os 10 anos da Universidade Aberta do Brasil (UAB) no Piauí. O evento é uma parceria entre o Centro de Educação Aberta e a Distância da Universidade Federal do Piauí (CEAD/UFPI) e o Núcleo de Educação a Distância da Universidade Estadual do Piauí (NEAD/UESPI). De acordo com a coordenadora do polo, professora Maria do Socorro Carvalho, o projeto tem o objetivo de promover a interação entre universidade e comunidade. “É um momento ímpar para Simões. Tínhamos a necessidade de

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fortalecer a assistência em diversas áreas do conhecimento, como Empreendedorismo, Matemática, Língua Portuguesa, dentre outras. Dessa forma, incorporamos todos os cursos do polo para prestarmos serviços naquilo que a comunidade precisava”, explica. Professores e especialistas estiveram no polo ministrando of ici nas e palest ras sobre valorização da f lora local, legalização e crescimento de empresas, informática, vida e alimentação saudável, teatro, inclusão digital, xadrez, leitura, entre outras atividades para toda a comunidade. Foram promovidas campanhas de combate ao mosquito Aedes aegypti, atrações culturais e exames laboratoriais gratuitos. A coordenadora do polo

Coordenadora do polo agradece a todos pela organização e participação no projeto

É um momento ímpar para Simões. Tínhamos a necessidade de fortalecer a assistência em diversas áreas do conhecimento. Dessa forma, incorporamos todos os cursos do polo para prestarmos serviços naquilo que a comunidade precisava

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Foto: ASCOM

Projeto De Mãos Dadas


não teria condições de me deslocar da minha cidade para cursar em outra cidade”, conta Fabrícia. No sábado (12), o diretor do CEAD, professor doutor Gildásio Guedes, proferiu a palestra sobre a história da UAB no Brasil e no Piauí. “Nos últimos 12 anos, tivemos uma verdadeira revolução nas universidades, seja nos investimentos, na estrutura, na oferta de vestibular e na educação a distância. A expansão da universidade aberta é uma realidade. Saímos do zero para hoje termos mais de 10 mil alunos nos mais distantes municípios piauienses”, afirma o diretor. Na solenidade de encer ramento, realizada na Câmara Municipal, participaram da mesa de honra o reitor da UFPI, professor doutor José Arimatéia Dantas Lopes, o diretor do CEAD, professor doutor Gildásio Guedes, a coordenadora do polo de Simões, professora Maria do Socorro

Carvalho, o gerente pedagógico d a UA B, Flav ia no Mou r a (representando o governador do Estado e a secretária de Educação do Estado) o diretor do campus da UESPI de Picos, Evandro Alberto de Sousa (representando o reitor da UESPI), a primeira dama de Simões, Edilene Lima Pereira, o presidente da câmara, José Aparecido de Moraes, a coordenadora do polo de Picos, Maria das Graças Ferreira (representando os coordenadores de polo da UAB). Na ocasião, foram homenageados os profissionais que contribuíram com a EaD no Piauí, entre reitores, o diretor do CEAD, professores, tutores e colaboradores. Para o gerente pedagógico da UAB, Flaviano Moura, a EaD tem a vantagem de trazer as tecnologias para a educação. “De Teresina para este polo são cerca de seis horas de viagem. Como conseguiríamos t r a z e r e s se c on he ci me nt o acumulado que as Universidades Foto: Arquivo Pessoal

Foto: ASCOM

destaca, ainda, o envolvimento da comunidade na realização do projeto: “A força da parceria faz acontecer. O projeto foi literalmente construído de mãos dadas. O polo se uniu com a comunidade, com diversas instituições, Sebrae, Senai, as igrejas, os comerciantes locais e o poder público municipal para fazer acontecer”, enfatiza.

A estudante Fabrícia Xavier conta sua história na EaD

Fabrícia Xavier participou do evento relatando seu depoimento. A estudante formou-se em Pedagogia, no ano de 2014, pelo polo de Simões e hoje cursa Matemática pelo polo de Jaicós. “Meu sonho era Matemática, mas na época só eram ofertadas vagas para Pedagogia, então resolvi iniciar, me encantei pelo curso e o cursei até o fim. Agora, pelo polo de Jaicós, continuo meu sonho. A EaD significa tudo pra mim, a partir dela me tornei uma profissional e hoje sou coordenadora pedagógica de uma escola. Foi a oportunidade certa, no momento certo, pois eu Revista Interação ● Edição 12

Prof.ª Dr.ª Lívia Nery e Prof. Dr. Arnaldo Oliveira ministraram palestra no evento

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Foto: Arquivo Pessoal

têm para essas cidades distantes? A Universidade Aberta vem se expandindo, não só no número de polos, mas na quantidade de alunos por polo. Temos uma meta ambiciosa de expansão na SEDUC para que este crescimento continue”, ressalta Moura. Ao f i m do evento, o reit or d a U F PI, profe ssor doutor José Arimatéia Dantas Lopes, parabenizou a todos os colaboradores do Projeto De Mãos Dadas. “A qualidade da educação não depende da modalidade de ensino, mas de quem o faz. Temos, na UFPI, uma equipe competente, dedicada e que leva o ensino a distancia com a mesma qualidade do ensino presencial. Quero parabenizar a todos que constroem a EaD no Piauí e, em especial, a Simões, um dos melhores polos da nossa Universidade”, conclui o reitor. Foto: ASCOM

Foto: Arquivo Pessoal

Oficina de Saúde e Bem-Estar

Oficina de Inclusão Digital.com.br

Foto: ASCOM

Laboratório de Biologia a serviço da comunidade

Reitor da UFPI, diretor do CEAD, autoridades e profissionais que contribuem com a EaD no Piauí

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Josefa Costa, 51 anos, é natural de São Julião, município localizado a 386 quilômetros de Teresina. A estudante concluiu o ensino médio no período normal, mas para cuidar da família e dos filhos pequenos, teve que adiar o sonho de realizar um curso superior. Em 2001, na cidade de Fronteiras, formou-se no curso de Licenciatura em Letras Português, pela Universidade Estadual do Piauí, que era ofertado durante as férias letivas da rede pública, conhecido como período especial. “Naquela época, abriram alguns cursos, mas não tinha Pedagogia. Então, optei por cursar Letras. Assumi na rede estadual um cargo de gestão. Era necessário um curso de Pedagogia. Assim, em 2012, iniciei o curso no polo de Simões, por meio da Universidade Aberta”, explica a professora. Em 2014, Josefa foi selecionada como tutora a distância na área de Letras Português do

polo de Simões. Para ela, sua atuação prática na área de Letras era limitada, pois passou muito tempo gerindo uma escola. Dessa forma, a tutoria complementou sua experiência. Josefa concluirá o curso de Pedagogia em julho e, mesmo morando em São Julião, segue como estudante e tutora do polo de Simões. Para ela, a educação a distância consegue levar o aluno ao estudo, pois a maior responsabilidade é dele quanto à dedicação ao aprendizado, além de permitir maior flexibilidade para conciliar os horários durante a rotina. “Sou a aluna mais velha da turma. As pessoas em Simões são muito estudiosas e nos motivam; já na minha cidade, é mais complicado. Eu poderia me dedicar a outras coisas, mas prefiro o estudo. A vida é um aprendizado e o estudo nunca é perdido. Ele sempre foi um refúgio até de problemas mesmo, uma forma de satisfação pessoal”, relata Josefa.

Foto: Arquivo Pessoal

Perfil do Aluno de EaD

Josefa Costa

“Quando as pessoas perguntam: você ainda está estudando?, eu respondo: nunca vou parar de estudar!”

Educação a Distia Portal UAB - Universidade Aberta do Brasil www.uab.capes.gov.br Unirede - Universidade Virtual Pública do Brasil www.unirede.br UOL Educação educacao.uol.com.br

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Caminhos para a aquisição de conhecimento: UAB e a educação a distância no Brasil ensino no momento das aulas. Nessa perspectiva, a educação a distância surge como um momento oportuno para a qualificação. Assim, Nunes (1996) defende que:

José de Sousa Magalhães Pós-graduando em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Inglesa (UCAM) joses.magalhaes@hotmail.com

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educação a distância é hoje um dos meios mais eficazes para aqueles que almejam um curso superior. As oportunidades são diversas e proporcionam ao aluno a possibilidade de estudar em qualquer lugar e a qualquer hora. Essa modalidade de ensino é uma das melhores formas de atender a atual demanda por profissionais qualificados, demanda essa provocada pela globalização. Muitas pessoas desejam se qualificar, porém, quase todos não possuem tempo suficiente, ou não podem estar em uma instituição de 14

A EAD é um recurso de incalculável importância como modo apropriado para atender a grandes contingentes de alunos de forma mais efetiva que outras modalidades e sem riscos de reduzir a qualidade dos serviços oferecidos em decorrência da ampliação da clientela atendida. (NUNES, 1994, p. 97).

A busca por conhecimento e qualif icação efetiva para novos profissionais fez com que fosse repensada a forma como a educação poderia chegar até aqueles que, por não terem tempo disponível, deixavam de se qualificar adequadamente. Nesse sentido, o Governo brasileiro cria o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), por meio do qual as Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES) ofertam cursos superiores a distância ao público, nos chamados polos de apoio presencial distribuídos em todo país. Fu ndada em 2005, no âmbito do Fórum das Estatais pela educação, a UAB surge e é regulamentada pelo Decreto

nº 5.800, de junho de 2006, não como uma instituição tradicional de ensino, mas como um sistema educacional, cujo objetivo é levar a educação superior na modalidade a distância aos municípios nos polos de apoio presencial, priorizando, de início, a formação de professores da educação básica. Moran (2007, p. 10-14) ressalta: No Brasil muitas universidades estão se capacitando para trabalhar com a EAD. Considera que a implantação do Sistema Universidade aberta do Brasil se configura como uma etapa de amadurecimento da educação a distância, de legitimação e consolidação de instituições competentes. No entanto, ressalta a importância da aproximação entre os núcleos de EAD nas instituições com os demais departamentos e grupos para o desenvolvimento de experiências que integram o virtual e o presencial garantindo a aprendizagem significativa.

A modalidade a distância proporciona ao alu no u ma forma nova de aprender. Nessa perspectiva, ele será dono de seu próprio conhecimento bem como deve estar ciente que é detentor de muitas responsabilidades, mais do que no ensino presencial. O aluno deve desenvolver sua Revista Interação ● Edição 12


autonomia, o que implicará não somente em mudanças no sistema pessoal de valores e de prática, mas também mudanças nos “sistemas ensinantes”, para que eles se tornem “sistemas aprendentes” ou “comunidades aprendentes”. Maciel (2001, p. 20-21) defende: O exercício da autonomia envolve uma atividade permanente de observação dos atos e fatos, um movimento contínuo de autotransformação individual e social. A autonomia afirma-se quando o sujeito tem a liberdade de fazer perguntas sobre si, sobre o outro, sobre as significações envolvidas na informação ou no conhecimento científico, artístico e filosófico e busca transformar o que é adverso na realidade social [...] a autonomia torna-se, ao mesmo tempo, o fim e o meio.

O aprendiz deve se tornar autônomo, formador de seu saber, utilizando-se dos meios necessários para criar o conhecimento, assim, tornando-se professor e ensinando a si próprio. O aluno, na modalidade a distância, deve estar atento ao uso das tecnologias, da pedagogia certa para aprender, bem como de suas próprias experiências para formar seu saber. Para Papert (1985, p. 13), a construção do conhecimento se dá quando: Conseguimos ver as pessoas como construtores ativos de suas próprias estruturas intelectuais, ou do seu conhecimento. O que um indivíduo pode aprender e como ele aprende isso depende dos modelos que têm disponíveis. Isso propõe, recursivamente, a questão de como ele aprendeu esses modelos.

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O professor também possui um papel importante dentro dessa modalidade de ensino. Assim como no ensino presencial, esse personagem deve guiar seus alunos para uma forma correta de aprendizagem, o que pode se tornar mais difícil visto que aluno e professor não estarão próximos o tempo inteiro. Vale lembrar que o professor não perde lugar para os recursos tecnológicos, muito menos se torna obsoleto, pelo contrário, seu papel é fundamental para nortear como o aluno está recebendo e assimilando todo esse conhecimento. Nós entendemos, na universidade, que a tecnologia não é o diferencial, e sim o ser humano. Bons professores e conteúdo criado pelo conteudista resultam numa boa estrutura de curso. Quanto à tecnologia, sempre vai surgir algo novo e todos vão querer usar. O que prende a atenção do aluno em EaD, eu acredito, é a habilidade do professor me usar a tecnologia disponível em si. Do mesmo jeito que a tecnologia pode ajudar, se mal utilizada pode prejudicar. E aí você vira multiplicador de coisas ruins. (FACUNDES; ALVES, 2014, p. 47).

A eficácia da aprendizagem na educação a distância, portanto, depende da inter-relação entre aluno, professor e conhecimento, da forma como o aluno receberá este conhecimento e o utilizará em sua vida, fazendo uso dos recursos tecnológicos necessários para criálo. Da forma como o professor guia seu aluno a distância e faz com que ele atinja seus objetivos. E, por fim, da forma como ambos, professor

e aluno usam os mecanismos tecnológicos, pedagógicos e suas experiências de vida na construção do conhecimento. A Universidade Aberta do Brasil, em seus 10 anos de atuação, já contribuiu com a formação de milhares de profissionais espalhados pelo Brasil. Isso só mostra como a aquisição do conhecimento pode acontecer de diversas formas, e a educação a distância é uma oportunidade mais do que essencial para muitos que, sem tempo disponível para o ensino presencial, almejam fazer parte da sociedade qualificada para o mercado de trabalho atual. Referências FACUNDES, Leonildes Pessoa; ALVES, Shirlei Marly. Introdução a educação a distância. Teresina: FUESPI, 2014. MACIEL, Ira Maria. A questão da formação: tecendo caminhos para a construção da autonomia. In: PRETI, O reste (Org.). A autonomia do estudante na educação a distância: entre concepções, desejos, normatizações e práticas. Brasília: Líber Livro Editora, 2001. MORAN, José Manuel. Avaliação do Ensino Superior a Distância no Brasil. Disponível em: <http:// w w w.eca.usp.br/prof /moran / textosead.htm>. Acesso em: 10 abr. 2016. NUNES, Ivônio B. Educação a Distância e o Mundo do Trabalho. Tecnologia Educacional, Rio de Janeiro, v. 21, n. 107, jul./ago. 1992. PAPERT, Seymour M. Logo: Computadores e Educação. São Paulo, Editora, Brasiliense, 1985. (Edição original EUA 1980). 15


Entrevista

Educação a distância e Universidade Aberta do Brasil Nara Maria Pimentel Diretora de Ensino de Graduação a Distância (DEGD) junto ao Decanato de Ensino de Graduação a Distância (DEG) da Universidade de Brasília (UnB); coordenadora Geral do Sistema Universidade Aberta do Brasil na UnB (UAB/ UnB); coordenadora do Fórum Institucional de Formação Inicial e Continuada dos Profissionais da Educação Básica (ComFor/UnB).

Para falar sobre a Educação a distância e a Universidade Aberta do Brasil, a 12ª edição da Revista Interação entrevista a presidente do Fórum Nacional de Coordenadores UAB/DED/ CAPES, Nara Pimentel. Revista Interação - Você já trabalhou muito em coordenações relacionadas à educação a distância. Como vê o cenário atual dessa modalidade no Brasil? Nara Pimentel - Vejo como muito promissora. Hoje, os cenários político, econômico e social, nacional e internacional demandam outros modos de ensinar e de aprender. Isso envolve diretamente as instituições de ensino superior. No cenário educativo atual, a modalidade a distância e o uso das TICs [Tecnologias de Informação e Comunicação] na educação são soluções interessantes. No Brasil, tivemos a aprovação das diretrizes e normas para a oferta da EaD no ensino superior aprovada recentemente, o que aponta a perspectiva de evolução para que

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tenhamos projetos institucionais que contemplem o uso das TICs no ensino presencial e a distância. No entanto, esse é um processo que exigirá mudanças nos currículos e no planejamento educacional, o que demandará formação adequada de professores e usuários a fim de que o uso das TICs possa contribuir para a melhoria da qualidade da educação e da vida das pessoas. Mas, para isso, é preciso que a EaD e o uso pedagógico das TICs estejam inseridas nas políticas de educação como políticas de Estado e não de governo. RI - A educação a distância é

um processo anterior ao Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), pois já era realizada em outros formatos, seja pelo rádio ou pela televisão. Qual a responsabilidade e a importância da UAB no sistema de educação brasileiro? NP - Acredito que se não fosse pela UAB não teríamos a inserção das universidades públicas em ofertas de cursos a distância no Brasil. Além disso, não teríamos o alcance das políticas de formação docente materializadas em mais de 1000 ofertas de cursos com mais de 320 mil professores cursando-os, sendo que, em 2016, temos 160 mil professores ativos fazendo cursos

de formação inicial e continuada cer tif icados pelas melhores universidades públicas a distância do Brasil. Atualmente, a UAB contribui com 80% da pesquisa em EaD, o que tem elevado a qualidade das ofertas que, em muitos casos, já superam os cursos presenciais na mesma área. Portanto, isso eleva a qualidade e a importância desse sistema que deve ser fortalecido pelo MEC [Ministério da Educação], tendo em vista os excelentes resultados demonstrados no ENADE [Exame Nacional de Desempenho de Estudantes] e no INEP [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira], por exemplo. RI - Dez anos de existência da UAB significa que o Programa deu certo? Quais os erros e os acertos durante esse período? NP - Sim. Deu muito certo e deve ser ampliado e incluído nas políticas de formação docente do MEC. Mas, como toda a ação, é necessário acompanhamento e monitoramento, o que implica uma avaliação não só por parte das IES [Instituições de Ensino Superior] que integram o sistema, mas, principalmente, pelos órgãos de fomento. Hoje, somos conscientes de que o “modelo UAB” precisa de revisão, pois na aplicação do Revista Interação ● Edição 12


dia a dia, em função de nossas especificidades, nem tudo pode ser continuado e os critérios e padrões de financiamento precisam contemplar nossas especificidades enquanto instituições. Nesse sentido, é preciso revisar os parâmetros de qualidade e legislação pertinentes para a EaD e UAB no Brasil. É necessário melhorar o acesso à banda larga de toda a população para que ela, de fato, possa usufruir o melhor projeto a distância que pudermos lançar como professores e pesquisadores que atuam na EaD. Também é chegado o momento de reavaliar e regular a oferta de mestrados e doutorados a distância no Brasil, pois após 10 anos de práticas em IES renomadas, mostrase viável e necessária. RI - A modalidade a distância

ainda é vista como inferior se comparada ao ensino presencial. Como mudar esse conceito? NP - Oferecendo a melhor educação, o melhor curso, com os melhores professores, usando da melhor forma as TIC, revisando os currículos e os conteúdos. Enfim, oferendo educação de melhor qualidade. É necessário também parar de comparar com o presencial, pois há muita coisa ruim no presencial. Há evasão alta em muitos cursos, o que significa que não são apenas os cursos a distância que possuem este problema. Também temos, infelizmente, maus professores, tanto no presencial quanto nos cursos a distância. Temos que mostrar, com resultados, que podemos fazer educação presencial ou a distância de ótima qualidade. Assim, conquistamos docentes e alunos, bem como a comunidade Revista Interação ● Edição 12

em geral, para aderir e considerar a EaD como um processo educativo, o que independe da modalidade. Porém, para ofertarmos com qualidade, precisamos de condições humanas, tecnológicas e físicas adequadas. Precisamos estar inseridos nas políticas de ensino superior do Brasil, para podermos usufruir de tudo o que o ensino presencial já dispõe, a fim de que ocorra de forma satisfatória. Essa ainda é uma luta! RI - Entre 1994 e 1995 você

fez Especialização em Educação Continuada e a Distância. Para você, o que mudou na modalidade a distância da década de 1990 até hoje? NP - Nossa! Muita coisa mudou, principalmente em relação à evolução das TICs. Hoje, temos muito mais possibilidades com seu uso adequado na educação. Também há maior integração entre as IES que ofertam EaD, o que significa mais possibilidades de otimização e de uso dos conteúdos educacionais produzidos em rede nacional. Esse curso de especialização agregou fundamentos educacionais para o uso das TICs que fizeram e fazem a diferença na minha formação. Isso, no meu entendimento, faz falta atualmente. Há, em muitos casos, um foco muito tecnológico nas ofertas a distância, o que se sobrepõe aos aspectos pedagógicos. Acho que a grande “sacada” é conciliar as TICs com um projeto pedagógico inovador e revolucionário, no sentido de, efetivamente, ensinar e promover cidadania aos usuários. RI - Como Presidente do Fórum Nacional de Coordenadores

UAB, quais os principais obstáculos que os gestores deverão superar nos próximos anos? NP - Acho que rever o “modelo UAB”, que deve ser pensado em outras bases, não somente pedagógicas, como de financiamento, é, atualmente, o grande desafio a ser superado. Enquanto nos basearmos no modelo UAB em vigência, não vamos avançar. Infelizmente, tivemos a implementação de um modelo induzido pelo financiamento, que se configurou como frágil, pois bastou termos cortes orçamentários para que a gestão dos cursos apresentasse problemas na continuidade e na qualidade. Isso terá que ser repensado no interior de cada IES, que deverá encontrar seu próprio modelo e se perguntar como pode ofertar cursos a distância e/ ou disciplinas semipresenciais ou a distância? Com quais recursos humanos, físicos, tecnológicos? Como superar e discutir o esforço docente? Como superar a falta de profissionais para atuar na EaD, cujo quadro de servidores das nossas IES não contempla? Como financiar projetos pedagógicos inovadores? Quanto custará esse aluno para IES? Além disso, como podemos mudar o cenário educacional brasileiro incluindo o acesso, a permanência e o sucesso de estudantes, de modo a apoiar e a ampliar a educação superior inicial e continuada no Brasil? Acho que os desafios para a EaD e a UAB são os mesmos postos aos educadores de todo o Brasil, ou seja, oferecer educação com condições de melhorar nossa condição social, econômica e política para termos um país melhor e mais humano.

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Educação a distância: entre o ensinar e o aprender

Kairon Pereira de Araújo Sousa Psicólogo, especialista em saúde da família- CEAD/UFPI batepapo.psicologia@hotmail.com

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educação a distância não é uma modalidade nova no país. Esse modelo de ensino tem início no Brasil no ano 1900, por intermédio das aulas de datilografia oferecidas por educadores no Rio de Janeiro, ocorrendo por meio de correspondência. Uma das experiências marcantes, nesse primeiro momento, ocorreu em 1941, com a fundação do Instituto Universal Brasileiro, que também aplicava esse recurso comunicativo. Apesar de a correspondência ter representado a primeira forma de

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transmissão do ensino empregada em EaD no país, outros meios posteriormente foram surgindo, sendo adotados para realização do ensino a distância, como: rádio, televisão e, na atualidade, as tecnologias de informação e comunicação (TICs). Com a criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), em 2005, e a ampla oferta de cursos de formação superior, com prioridade para os cursos de licenciatura – visando à formação de professores da educação básica –, essa modalidade de ensino começou a ganhar cada vez mais espaço no cenário educativo nacional (CAMPOS et al., 2007). Tributária de uma aprendizagem mais envolvente (estímulo à autonomia do educando), a EaD tem mostrado resultados significativos, contrariando aos mais pessimistas em relação ao seu método de ensino. De acordo com Belloni (2002), o Brasil vive uma fase de expansão da educação a distância, com a disponibilização de cursos de graduação, pós-graduação, entre outros. Como mod alid ade em crescimento acentuado no país, a EaD mostra-se um recurso valioso de inclusão social, propiciando oportunidade de educação a pessoas antes excluídas pelo

processo educacional tradicional, principalmente pelo fato de estarem distantes dos grandes centros urbanos. Ademais, estimula o aprendizado contínuo (CAMPOS et al., 2007). Encurtando fronteiras e criando condições adequadas a aprendizagem por meio de fer ramentas ou de recursos p e d agóg ic os e i nt e r at ivos disponíveis, com ambientes digitais múltiplos desenvolvidos para otimizar a aprendizagem do educando – possibilitando maior interação e comunicação entre os participantes –, o ensino a distância tem contribuído para formação e qualificação profissional de diversas pessoas em todo território nacional ao longo dos anos. Conforme Alves (2011), a EaD permite que elas consigam frequentar um curso, programando suas rotinas diárias como estudantes. Os métodos adotados no EaD, de modo organizado e sistematizado, garantem ao estudante, monitorado e acompanhado por profissionais competentes e treinados para atuar nesse cenário educativo, formação satisfatória. Por meio do ambiente virtual, professor e aluno interagem, construindo de forma cooperativa o conhecimento, a partir de espaços para debates, exposição Revista Interação ● Edição 12


de vídeoaulas, fóruns, chats, etc., e sem comprometer a eficiência da aprendizagem. Pelo contrário, reforça o papel de cada um desses agentes. Em relação ao professor, ele assume o papel não de um dono do saber ou depositário do conhecimento no aluno, mas de um articulador de situações favoráveis a aprendizagem, com elaboração de situações-problema que desafiam e levam o estudante a sair da inércia intelectual. Nesse sentido, sua função na EaD é de um provocador e estimulador. Ele deixa de ser figura central, o portador das verdades, para se tornar um dos construtores do saber. O estudante, por sua vez, é convidado a assumir o protagonismo em relação à própria aprendizagem, desvinculando-se da dependência excessiva do professor (o que ocorre, em algumas ocasiões, no ensino regular), sendo assim, responsável maior pelo seu desenvolvimento acadêmico, já que precisa estudar, pesquisar, discutir e ir em busca do conhecimento. Destarte, para lograr êxito acadêmico nos cursos

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a distância, deve ter habilidade no manuseio das ferramentas tecnológicas. Desse modo, é preciso familiaridade com o uso do computador e com a navegação na internet, como também saber utilizar os recursos da sala virtual. Contudo, somente isso não é suficiente. Deve-se notar que os aspectos motivacionais são relevantes, pois o educando é o responsável por monitorar seu ritmo de estudo, tendo disciplina, organização e destinando tempo hábil para leitura e realização das atividades. Por essa forma, a EaD representa uma transformação não apenas no que diz respeito à metodologia adotada ou pelo seu aspecto inclusivo, mas também em relação à postura frente ao processo de ensino-aprendizagem dos atores envolvidos, reconfigurando seus papeis. Quanto ao professor, cumpre o papel de orientador, criador de situações de aprendizagem; e o aluno, de curioso, dedicado e comprometido com o próprio saber. Este, no EaD, é colocado novamente no centro da ação educativa,

tornando-se um aprendiz. Portanto, a EaD, antes vista como mero recurso alternativo, representa, hoje, uma forma de educação – a UAB é um exemplo - consolidada no país. Contudo, ainda existem alguns obstáculos a serem superados, como a questão de uma regulamentação adequada, por exemplo, para que a EaD alcance, em todos os níveis, o mesmo grau de destaque social conferido ao ensino presencial. Referências ALVES, L. Educação a Distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. Associação Brasileira de Educação a Distância, São Paulo, v. 10, p. 83-92, 2011. BELLONI, M. L. Ensaio sobre a Educação a Distância no Brasil. Educação & Sociedade, Campinas, n. 78, p. 117-142, abr. 2002. CA M POS, F. C. A. et al. Fundamentos da Educação a Distância, mídias e ambientes virtuais. Juiz de Fora: Editar, 2007.

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Implantação da UAB nas universidades públicas do Piauí Por Indira do Vale

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Foto: Francisvaldo da Silva Sousa

o dia 20 de dezembro de 2005, o Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria de Ensino a Distância, lança o edital número um, uma chamada pública para a seleção de polos municipais de apoio presencial e de cursos superiores de instituições federais de ensino superior, na modalidade a distância, para o Sistema Universidade Aberta do Brasil. Esse edital representa o início do processo de implantação da modalidade de ensino a distância nas universidades públicas no Piauí. O edital seria um modelo experimental da articulação e de integração de instituições de

ensino superior, com municípios e estados, visando à democratização, à expansão e à interiorização da oferta do ensino superior público e gratuito no País, bem como ao desenvolvimento de projetos de pesquisa e de metodologias inovadoras de ensino, preferencialmente para a área de formação inicial e continuada de professores da educação básica. A Universidade Federal do Piauí (UFPI) procurou a Universidade Estadual do Piauí (UESPI), o Centro Federal de Educação Tecnológica do Piauí (CEFET-PI) - hoje Instituto Federal do Piauí (IFPI), e o governo do Estado para a realização de uma parceria. Assim, as IES entrariam

Prof. Dr. Luiz de Sousa Santos Júnior

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com a parte pedagógica e o governo do Estado cuidaria da infraestrutura e da manutenção dos polos educacionais. “Nós tivemos a iniciativa de procurar o governador Wellington Dias, nossa equipe foi bem recebida por ele, mostramos para o governador a importância de implantar um consórcio. Ele ficou atento e surpreso com o tamanho do nosso projeto”, explica o professor doutor Luiz de Sousa Santos Júnior, na época, reitor da UFPI. A professora mestra Maria de Lourdes Salmito era uma das colaboradoras da UESPI, responsável por gerir o projetopiloto, ela conta como o tratado de cooperação entre as IES e o governo do Estado funcionava. “O governo federal estimulou a educação a distância. Então, firmamos esse acordo de cooperação com a Universidade Federal, o Instituto Federal e com o governo do Estado. Também tivemos a parceria do Banco do Brasil. Assim, o governo do Estado ficou responsável por estruturar os polos, e realizar a compra de livros e, nós, instituições de ensino superior, ficamos responsáveis pela parte pedagógica. Demos início ao plano-piloto, que era justamente voltado para a qualificação dos servidores públicos do Banco do Brasil”. Revista Interação ● Edição 12


Foto: Francisvaldo da Silva Sousa Prof.ª Ma. Maria de Lourdes Salmito

pais tinham que dispor de recursos financeiros para mandar seus filhos para Teresina, para terem um diploma de nível superior e o custo era muito alto”, acrescenta. O diretor do Centro de Educação Aberta e a Distância da Universidade Federal do Piauí (CEAD/UFPI), professor doutor Gildásio Guedes, um dos pioneiros na implantação da Universidade Aberta no Piauí, considera a EaD

o maior programa de alcance social instalado nas instituições de ensino superior públicas do estado. “Nós alcançamos o principal objetivo da UAB, que é de interiorizar e dar oportunidade de a juventude, dos municípios que não têm ensino superior presencial, fazer seus cursos.”

Foto: Francisvaldo da Silva Sousa

O curso escolhido para esse período experimental – projeto-piloto – foi o curso de bacharelado em Administração, para o qual foram ofertadas 500 vagas distribuídas em oito polos: Teresina, Parnaíba, Picos, Floriano, Bom Jesus, Esperantina, Piripiri e São Raimundo Nonato. Nessa primeira fase, o Banco do Brasil S/A destinou total apoio ao projeto, custeando um valor de R$ 1.800,00 por cada funcionário aprovado no primeiro vestibular de 2006. Naquele ano, funcionando a todo vapor, o projeto-piloto em Administração estava sob os cuidados do professor mestre Raimundo José Cunha. Para ele, a modalidade de educação a distância representava a oportunidade de inclusão educacional e, consequentemente, a inclusão social. “Quando tínhamos reuniões nos polos, os pais dos estudantes daquela região agradeciam a oportunidade de ter seus filhos fazendo um curso superior sem precisar se deslocar para a capital”, explica ele. “Na minha época, os

Prof. Me. Raimundo José Cunha

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Nós alcançamos o principal objetivo da UAB

A participação do CEFET, hoje IFPI, foi de fundamental importância para o desenvolvimento dessa modalidade de ensino. “A participação do IFPI no consórcio, é, especificamente, na atuação dos professores. Na época, nós tivemos muitos professores

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Foto: Francisvaldo da Silva Sousa Prof.ª Ma. Elanne Cristina Oliveira dos Santos

um vestibular de 500 vagas. De lá para cá, aumentamos o nosso capital de ofertas, e nós temos hoje 15 cursos de graduação e 15 cursos de especialização presentes em 33 cidades no estado do Piauí e duas no estado da Bahia (Campo Alegre de Lurdes e Juazeiro). Em 2014, ofertamos 6.825 vagas no vestibular, estamos crescendo. Somos a maior universidade de ensino a distância, ultrapassando um total de 10 mil alunos matriculados entre graduações e

pós-graduações. Temos alunos que terminaram a graduação e passaram em concursos, temos muitos resultados positivos, a avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) avaliou os cursos da EaD, tal como o presencial, e os resultados são muito semelhantes, o que mostra que a qualidade de ensino independe da modalidade, mas, sim, depende da dedicação e da competência daqueles que o fazem”. Foto: Francisvaldo da Silva Sousa

trabalhando como tutor, e também na administração pedagógica do curso-piloto de administração”, explica a professora mestra Elanne Cristina, coordenadora do E-TEC do Instituto Federal. “Nossa segunda experiência em EaD no IFPI se deu em meados de 2008, quando o MEC lançou o edital com ofertas exclusivas para cursos técnicos. Era o projeto E-TEC que estava começando a ser trabalhado no País”, conclui. Assim como o Instituto Federal, a UESPI também buscou sua autonomia. “Elaboramos e fundamos o curso de Letras Espanhol na modalidade EaD, inicialmente em quatro polos (Piripiri, Campo Maior, Oeiras, e Picos), somente depois que entraram mais polos e as 15 primeiras turmas foram formadas em 15 municípios. Ao final, formamos 587 alunos. A EaD mudou a vida dessas pessoas, das suas famílias, que, consequentemente, mudam a ‘cara’ do seu município. O que cada cidadão brasileiro precisa é de educação. E a EaD tem uma importância imensurável nesse aspecto”, declara a professora doutora Margarethe Torres de Alencar Costa, coordenadora do curso de Letras Espanhol do Núcleo de Ensino a Distância da Universidade Estadual do Piauí (NEAD/UESPI). Quase dez anos depois, do Edital n°1/2005 MEC, o professor doutor Gildásio Guedes avalia a EaD na UFPI. “No início, nós funcionávamos numa pequena sala, trabalhávamos apenas com oito polos, com o projeto-piloto de Administração, que ofertou

Prof. Dr. Gildásio Guedes Fernandes

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DICAS DE LIVROS

Educação a Distância: Midiatização, Formação e Saberes Arnaldo Souza, Naziozênio Lacerda e Sandra Suely Oliveira

A EaD oferta variedade de cursos de formação inicial, contínua e continuada de indivíduos que, normalmente, estão dispersos geograficamente, contribuindo, assim, para a formação profissional da pessoa humana, crítica e consciente de seu papel diante da sociedade neste século. Reunindo 10 textos, o livro aborda temas voltados à midiatização da educação a distância, a experiências de gestão de cursos no âmbito da EaD e a vivências de estudantes e de professores em cursos dessa modalidade de educação.

Gestão de Redes Educacionais na Cibercultura Lívia Fernanda Nery, Gustavo Said, Leila Sousa, Thamirys Viana

O livro debate sobre o uso das tecnologias no processo ensino-aprendizagem, por meio da reunião de 12 artigos produzidos por professores e pesquisadores que participaram do curso de Especialização em Gestão Educacional em Rede, ofertado pelo Centro de Educação Aberta e a Distância da Universidade Federal do Piauí, entre os anos de 2015 e 2016. Pensada de maneira continuada e interdependente, a relação entre docentes, discentes e os inúmeros ambientes de aprendizagem ─ físicos e/ou virtuais ─, gera um desconcertante número de opções individuais concernentes aos modelos pedagógicos, à formação profissional, ao trabalho, à sexualidade e, de maneira geral, aos modos de ser. A obra tem lançamento no I Simpósio Internacional de Comunicação, Educação e Tecnologias, realizado no mês de junho, em Parnaíba.

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Por uma Pedagogia do Ensino de Filosofia Maria da Conceição Carvalho e Carmen Lúcia Cabral A obra, publicada pela Editora da Universidade Federal do Piauí (EDUFPI), foi lançada no dia 24 de fevereiro de 2016 e conta com a organização da professora doutora Maria da Conceição Carvalho, e também da professora doutora Carmen Lúcia de Oliveira Cabral. Desde 2008, o ensino de Filosofia foi incluído como disciplina obrigatória no currículo das escolas do ensino médio. Esse fato impõe aos professores a difícil tarefa de tornar a Filosofia uma realidade nas salas de aula, para que ela não fique apenas como “Letra da Lei” e, ainda mais, de se ter estudo da Filosofia com qualidade. Dessa forma, tornase urgente pensar o ensino de Filosofia, produzir estratégias e materiais didáticopedagógicos que transformem em realidade aquilo que está definido legalmente. Nessa perspectiva, o livro conta com artigos de diversos pesquisadores da área do Ensino de Filosofia, de reconhecimento nacional e internacional, como Walter Kohan e Sílvio Gallo, além de professores da UFPI.

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DESAFIOS FORMATIVOS NA EAD: uma reflexão sobre o Tutor Emanuele Alves de Sousa Especialista em Docência do Ensino Superior, graduada em Pedagogia. manuca177@hotmail.com

Julysse Neuma Damasceno Gomes Graduada em Ciências Biológicas UAB/UFPI, tutora presencial UAB/UFPI jhulynema@hotmail.com

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om a globalização e o avanço tecnológico tem-se compreendido novos rumos para a educação e, consequentemente, novos desafios a professores, tutores e orientadores, assim como af ir ma Gregio (2014, p. 2): “As novas tecnologias trazem consigo muitas facilidades, mas também introduzem novas exigências e competências no paradigma educacional, impondo adaptações.” Constantemente, são lançados desaf ios ao t utor d a E duca çã o a Dist â ncia , de m a nd a ndo de s se age nt e educacional preparação técnica, pedagógica e intelectual, para

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que atinja função mediadora, isto é, preparar o educando para a autonomia e estudos posteriores. Para isso, apropriase de diversos meios e recursos da tecnologia da comunicação, assumindo compromisso com o sistema educacional, com práticas ref lexivas profundas e sistematizadas, cumprindo funções pedagógicas na atualidade e colaborando com um ambiente de aprendizagem. Este ensaio apresenta uma discussão sobre os desafios que o tutor enfrenta ao assumir esse papel reflexivo, além disso, relata a experiência da tutoria na Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade

Federal do Piauí – UFPI/ CEAD. Papel do tutor Considerando que o tutor é um agente operacionador do processo educacional, acredita-se na autoconsciência quanto à sua responsabilidade profissional na sociedade, assumindo a postura de um sujeito autônomo e colaborador no processo de ensino e de aprendizagem. O professor-tutor atua como mediador, facilitador, incentivador, investigador do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem individual e grupal (ALMEIDA, 2001). Sua função contempla a capacidade de transfor mar infor mações Revista Interação ● Edição 12


em conhecimento significativo, desenvolver com maestria a viabilização da aprendizagem e propiciar a formação de indivíduos autônomos e críticos: “[...] mais do que ensinar, trata-se de fazer aprender [...], concentrando-se na criação, na gestão e na regulação das situações de aprendizagem.” (PERRENOUD, 2000, p. 19). Por meio da popularização das novas mídias, percebemos a facilidade ao acesso da informação e o professor-formador tem opções metodológicas, com possibilidades de organizar sua comunicação com os alunos, de introduzir um tema, de trabalhar tanto de forma presencial quanto virtualmente, de avaliar (MORAN, 2002). Desse modo, aumenta as possibilidades de comunicação, nas quais as novas metodologias assumem o papel de dirimir as dúvidas dos discentes, para que, no momento presencial da avaliação não exista lacunas no repasse dos conteúdos didáticos exigidos. Relato de experiência O tutor tem como principal missão facilitar o entendimento do discente diante da sua proposta. Existem dois tipos de tutor: a distância e presencial, mas que trabalham em equipe para melhor acompanhar os discentes. A autora Julysse desempenha o papel de tutor presencial, que, seguindo as atribuições inerentes, é o agente que está em contato mais próximo com os discentes. Participar desse processo de educação a distância é instigante, pois o tutor deve estar atento Revista Interação ● Edição 12

às nov id ades tecnológ icas, que são peças fundamentais nessa modalidade de ensino. O professor-tutor sai de sua zona de comodidade e passar a atender os alunos individualmente e respeitando o tempo do discente, além de contribuir para a formação superior do indivíduo, formação que definirá os rumos da vida. Há dificuldades, mas que transformam essa nova profissão em mais desaf iadora. Como principal dificuldade, pode-se inferir a inexistência de horário fixo, uma vez que mesmo tendo horários definidos de atendimento presencial no polo, muitos dos discentes procuram o tutor por vias tecnológicas, que não requerem o encontro físico espacial e deve-se está apto a atendê-los, por que, nessa modalidade, o aluno faz o seu horário. Outro ponto a destacar é que precisa de internet de boa qualidade, que facilite o acesso ao ambiente virtual de aprendizagem (AVA), o que nem sempre condiz com a realidade; e contato com o material didático disponibilizado. Além da dificuldade de acesso aos discentes, pois alguns mudam com frequência os contatos e não informam, dificultando o papel de comunicar sobre os prazos de atividades, as avaliações e os encontros presenciais, pois os tutores devem estar sempre em contato com os discentes, aproximando-o do ambiente de aprendizagem. Conclusão Esta discussão fortalece a compreensão de que o

tutor de educação a distância deve ser autodisciplinado e automotivado para que supere os desafios e as dificuldades que surgirem durante o processo de ensino-aprendizagem, além de proporcionar a reflexão sobre as várias inquietações de sua prática, possibilitando uma intervenção na aprendizagem e na articulação teoria e prática do professorformador, cumprindo sua missão desafiadora e encantadora. Referências A LM EI DA, Fer nando José. et al. Educação a Distância: Formação de Professores em Ambientes Virtuais e Colaborativos de Aprendizagem. São Paulo, : Projeto NAVE, 2001. BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. 4. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. GR EGIO, Ber nadete Mar ia Andreazza. A Informática na Educação: As Representações Sociais e o Grande Desaf io do Professor frente ao Novo Paradig ma Educacional. Colabor@, – Revista Digital da CVA-RICESU, v. 2, n. 6, p. 2, mar. 2004. MORAN, José Manuel. Ensino e Aprendizagem Inovadores com Tecnologia. Disponível em: <htt p://w w w.eca.usp.br/prof/ moran/inov.htm>. Acesso em: 20 mar. 2016. PER R E NOU D, Ph i l ipp e. Construindo CompetênciasEntrevista concedida à seção Fala Mestre. Revista Nova Escola, São Paulo: ed Abril, edição 135, p 1921, set. 2000.

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CEAD em dados E

m dezembro de 2005 foi dada a largada para a seleção de polos municipais de apoio presencial, e de cursos superiores de instituições federais de ensino superior, na modalidade de educação a distância, para o sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). A UA B p r o p u n h a democratização, expansão e interiorização da oferta de ensino superior público e gratuito no país, bem como o desenvolvimento de projetos de pesquisa e de metodologias inovadoras de ensino, preferencialmente para a área de formação inicial e continuada de professores da educação básica. Pensando nisso, a Universidade Federal do Piauí propôs o consórcio Universidade Aberta do Piauí à Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e ao Instituto Federal de Educação e Tecnologia (IFPI), na época (Centro de Ensino Federal de Tecnologia – CEFET), para a oferta do curso de Bacharelado em Administração – Piloto. O processo seletivo para o Projeto Piloto foi realizado por meio de vestibular, que preencheu 408 vagas, das 500 oferecidas para o curso, distribuídos entre os polos de Teresina, Parnaíba, Picos, Floriano, Bom Jesus, Esperantina, Piripiri e São Raimundo Nonato. 28

Com o fomento do Governo Federal, a UFPI criou o Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFPI), em 24 de outubro de 2006, como os objetivos de oferecer educação gratuita e de qualidade à população piauiense, e de criar cursos que atendam às necessidades socioeconômicas de cada região. Em 2007, o CEAD/UFPI ofertou 2.550 vagas no vestibular específico, no qual foram inscritos 15.891 candidatos para oito cursos: Bacharelado em Administração, Bacharelado em Sistemas de Informação, Licenciatura em Filosof ia, Licenciat u ra em Pedagogia, Licenciatura em Física, Licenciatura em Ciências Biológicas, Licenciatura em Química e Licenciatura em Matemática. Os cursos tiveram ofertas em 15 polos de apoio

presencial: Água Branca, Alegrete do Piauí, Buriti dos Lopes, Canto do Buriti, Castelo do Piauí, Elesbão Veloso, Esperantina, Floriano, Gilbués, Inhuma, Piracuruca, São João do Piauí, Simões, Simplício Mendes e Uruçuí. O resultado do edital nº2 da UAB, em 2008, contemplou a Universidade Federal com 11 novos polos no Estado: Bom Jesus, Campo Maior, Corrente, Luzilândia, Marcos Parente, Monsenhor Gil, Oeiras, Picos, Piripiri, União e Valença do Piauí, além desses foram aprovados os polos de Avelino Lopes, Jaicós, Pio IX e Redenção de Gurguéia, no ano seguinte, totalizando 15 novos polos. Em 2009, foi realizado o segundo vestibular do CEAD, nele foram ofertadas um total de 2.681 vagas, sendo 1.641 para o Gráfico: ASCOM

Por Indira do Vale

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Inglês, Matemática, Sistemas de Informação, Química, LetrasPortuguês, Pedagogia, Ciências Biológicas, Física e Administração Pública, distribuídos entre os 16 polos de apoio presencial no Estado do Piauí (Água Branca, Buriti dos Lopes, Canto do Buriti, Castelo do Piauí, Elesbão Veloso, Floriano, Gilbués, Inhuma, Monsenhor Gil, Oeiras, Piracuruca, São João do Piauí, Simões, Simplício Mendes, Uruçuí e Valença). A lém do vest ibula r tradicional, o Programa Nacional de Administração Pública realizou a segunda oferta para cursos de especialização, contemplando 600 vagas para os cursos de Gestão Pública, Gestão Pública Municipal, Gestão em Saúde, sendo 200 vagas para cada especialização. Anísio de Abreu, Luís Correia, Paes Landim, Regeneração e Teresina ganharam polos de apoio presencial em 2014, juntamente aos municípios baianos de Juazeiro e Campo Alegre de Lourdes. O CEAD/UFPI trabalha em conjunto com a Secretaria da Educação do Estado da Bahia na oferta de cursos Gráfico: ASCOM

provimento dos 15 novos polos conquistados no ano anterior, e 1.040 vagas para abastecer os polos adquiridos em 2007. Com a adesão da UFPI ao P rog r a ma Na cional de Administração Pública (PNAP), vinculado à Universidade Aberta, em 2009, o CEAD passa a ofertar o curso de Bacharelado em Administração Pública, e as especializações em Gestão Pública, Gestão Pública Municipal e Gestão em Saúde. Com isso, o Centro de Educação Aberta e a Distância realizou um vestibular especifico para o PNAP, sendo destinadas 490 vagas para o curso de Bacharelado em Administração Pública e 230 vagas distribuídas entre as especializações, com um total de 720 vagas destinadas ao programa. Todos os cursos do PNAP foram atribuídos em cinco polos já existentes (Floriano, Picos, Simplício Mendes, Bom Jesus e Água Branca). O terceiro vestibular realizado para cursos do CEAD aconteceu em 2012, com oferta de 3.125 vagas para os seguintes cursos de graduação: Administração, Filosofia, Letras-

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nos polos de Juazeiro e Campo Alegre de Lourdes, valendo-se da premissa da democratização do acesso à educação superior pública, dando aos moradores do sertão da Bahia o acesso a cursos superiores gratuitos e de qualidade. Em março de 2014, foi lançado o Processo Seletivo Específico para o preenchimento de 6.825 vagas oferecidas em 15 cursos da Universidade Federal do Piauí, por meio do CEAD, em 33 polos da UAB, situados em 31 municípios do estado do Piauí e dois municípios do estado da Bahia. Os cursos de Bacharelado em Administração, Bacharelado em Administ ração Pública, Bacharelado em Sistemas de Informação, Licenciatura em Ciências Biológicas, Licenciatura em Ciências d a Nat u reza , Licenciatura em Computação, Licenciatura em Física, Licenciatura em Filosofia, Licenciatura em Geografia, Licenciatura em História, Licenciatura em Letras-Inglês, Licenciatura em Letras-Português, Licenciatura em Matemática, Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Química foram distribuídos pelos polos de Água Branca, Anísio de Abreu, Barras, Bom Jesus, Buriti dos Lopes, Campo Maior, Canto do Buriti, Campo Alegre de Lourdes (BA), Castelo do Piauí, Corrente, Esperantina, Gilbués, Inhuma, Jaicós, Juazeiro (BA), Luiz Correia, Luzilândia, Marcos Parente, Monsenhor Gil, Oeiras, Paes Landim, Picos, Pio IX, Piracuruca, Piripiri, Regeneração, São João do Piauí, Simões, Simplício Mendes, Teresina, União, Uruçuí e Valença.

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Convênio com o México Em novembro de 2014, a UFPI firmou um convênio com a Universidade Autónoma de Guerrero (UAGro), do México, com o objetivo de promover a cooperação cient íf ica , tecnológica e cultural por meio de intercâmbios. Essa cooperação só foi possível graças ao Hugo Andrade, egresso do curso de Administração da UFPI na modalidade a distância, que em 2013.2 realizou um intercâmbio na UAGro, por meio do Programa de Bolsas universitárias do Banco Santanter. Além das 6.825 vagas em cursos de graduação, o CEAD/ UFPI também realizou a oferta de 15 cursos de pós-graduação lato sensu: Alfabetização e Letramento, Ecologia, Educação Permanente para Estratégia Saúde da Família, Ensino de Química, Física, Gênero e Diversidade na Escola, Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, Gestão Educacional em Rede, Gestão em Saúde, Gestão Pública, Gestão Pública Municipal, História Social da Cultura, Informática na Educação, Língua Brasileira de Sinais e Política de Promoção da Igualdade Racial na Escola. No ano

seguinte, 2015, houve a oferta para mais três especializações, a saber: Ensino de Filosofia no Ensino Médio, Ensino de Matemática no Ensino Médio e Ensino de Sociologia no Ensino Médio. Cajazeiras e São José do Peixe Em ma rço, os polos de apoio presencial UAB dos municípios de Cajazeiras do Piauí e São Jose do Peixe foram aprovados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O Ministério da Educação, por intermédio do Programa Universidade Aberta, assegura, de maneira concisa, o art. 205 da Constituição Federal, que diz: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A UFPI, como instituição pública que visa a promoção da educação do ensino superior, dá ao CEAD todo o suporte para o empenho das atividades da modalidade a distância. Hoje, o Centro possui 33 polos ativos de apoio presencial em todo o

2010

2012

Gestão Pública

Gestão Pública

estado do Piauí e dois na Bahia, isso significa que já não se faz necessário o aluno do interior se deslocar para a capital para conseguir o 3º grau, e, consequentemente, qualificar-se para obter melhores oportunidades no mercado de trabalho. Assim como as graduações, o CEAD ainda dispõe de cursos de especialização gratuitos, o que gera benefício ainda maior a quem procura qualificação profissional por meio da UAB. Somente entre os anos de 2010 e 2015 o Centro de Educação Aberta e a Distância formou mais de 2.000 alunos nos cursos de graduação, promovendo aos egressos uma melhor qualidade de vida por meio da educação. 2014 Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça Gênero e Diversidade na Escola Política de Promoção da Igualdade Racial na Escola Gestão Pública Gestão em Saúde Gestão Pública Municipal Alfabetização e Letramento Ecologia Educação Permanente para Estratégia em Saúde da Família Ensino de Química Física Gestão Eduacional em Rede

2015

Ensino de Matemática Ensino de Informática na Educação Filosofia no Ensino Médio Ensino de Língua Brasileira de Sociologia no Sinais Ensino Médio História Social da Cultura

2008

2009

Gestão em Saúde

2011

Gestão em Saúde

2013

Docência do Ensino Superior

Mídias na Educação

Gestão Pública Municipal

Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça

Gestão Pública Municipal

Gestão Escolar

Especializações ofertadas pelo CEAD/UFPI

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Revista Interação ● Edição 12


A midiatização na Educação a Distância: afetações e práticas

A

Educação a Distância (EaD) assiste a mudanças epocais no âmbito de seu funcionamento, principalmente na esfera das práticas educativas de natureza sociotécnica, especificamente nos novos modos de se ensinar e de aprender, de comunicar e de se relacionar com o uso de tecnologias atuais. Essas mudanças ocorrem desde o fenômeno da midiatização, entendido como novo modo de organização caracterizada por novas formas de inteligibilidade, relações sociotécnicas, sociabilidade, colaboração, complexificação social e, principalmente, a partir de intensas tecnologias convertidas em meios de comunicação, como aponta Fausto Neto (2006). A midiatização afeta a EaD em suas práticas, à medida que possibilita aos professores e aos alunos, instituir ações e formas de comunicar e educar por meio de interações. Com a midiatização no âmbito da EaD, as demandas sociais ofertam novos dispositivos móveis, aplicativos de celulares e redes sociais, paralelo às plataformas digitais. Com a internet e seus dispositivos Prof. Dr. em Comunicação (Processos Midiáticos). Ministra disciplina Educação a Distância no Curso de Matemática, modalidade EaD. Coordenador do Núcleo de estudos e Pesquisa em Educação a Distancia (NEPEAD), bem como atua como Coordenador do Curso de Especialização em Informática na Educação do CEAD/UFPI/UAB. E-mail: arnado@ufpi.edu.br. 2 Aluno de Iniciação Científica Voluntária – ICV do Curso de Matemática, modalidade EaD. E-mail: antonioalves15mat@ gmail.com. 3 Aluna do Curso de Administração da Faculdade CESVALE. Bolsista do Curso de Especialização em Informática na Educação CEAD/UFPI/UAB. 1

Revista Interação ● Edição 12

Arnaldo Oliveira Souza Junior1 Antonio Alves da Silva2 Nara Leyla dos Santos Silva3

de comunicação web, o processo de comunicar e educar ocorre em outros circuitos, além da sala de aula presencial. Isso implica em afirmar, segundo Souza Junior, Lacerda e Oliveira (2016), que alunos e professores, por força das práticas de midiatização, saem das fronteiras da sala de aula presencial ou da plataforma digital, põem em circulação conteúdos de disciplinas e de outras temáticas em novos circuitos de conversação, de aprendizagem – a exemplo de redes sociais e de grupos de conversação que funcionam no âmbito do desktop e de celulares (smartphones). Portanto, o processo de midiatização na EaD enseja atorização do aluno em função de suas ofertas de informações, conhecimentos e dados que são instituídos e mobilizados por ele em função das práticas sociotécnicas educativas. Com efeito, a midiatização na EaD enseja a reconfiguração de novos processos comunicacionais e educativos que são acionados por alunos e professores por meio de suas práticas, a partir do uso de dispositivos de interação, além dos espaços formais de educação (sala de aula). Referências FAUSTO NETO, Antonio. Midiatização – prática social, prática de sentido. Paper. Encontro Rede Prosul – Comunicação, sociedade e sentido, no seminário sobre midiatização, Unisinos. PPGCC, São Leopoldo, 19/12/2005 e 06/01/2006 . SOUZA JUNIOR, Arnaldo Oliveira. Midiatização das práticas educativas no contexto da Educação a Distância. ______; Naziozenio A.; OLIVEIRA, S. S. Educação a Distância: Midiatização, Formação e Saberes. Curitiba-Pr: Editora CRV, 2016. p. ??-??. 31


Plataforma Moodle: Dificuldades e Soluções

Mirian Patrícia de Freitas Graduada em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas (UFPI/2014) Especialista em Gestão e Educação Ambiental (UESPI/2016) mirianfreitas79@gmail.com

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e acordo como decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, a educação a distância (EaD): [...] caracteriza-se como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologia de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

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Sendo assim, a EaD a cada dia ganha mais adeptos devido aos seus benefícios, dentre eles, o aluno não necessita de um ambiente físico para assistir as aulas podendo moldar seus horários de aula de acordo com seu tempo disponível. E, para isso, faz-se necessário o uso de tecnologias para facilitar essa interação aluno-professor, como os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) que são mídias organizadas para veicular conteúdos e permitir interação entre os atores do processo educativo (PEREIRA; MORAES, 2010), em que a platafor ma Moodle (Modular Object Oriented Dynamic Learning Environment) é largamente utilizada para d e s e nvolve r a mbie nt e s d e aprendizagem a distância, sendo usada nos cursos do Programa Universidade Aberta do Brasil (FACUNDES; ALVES, 2014). O presente trabalho é parte integrante de uma pesquisa maior, que teve o intuito de medir a qualidade da Plataforma Moodle, de acordo com a concepção dos alunos do curso de Especialização em Gestão e Educação Ambiental, ofertado pelo Núcleo de Educação a Distância (NEAD) juntamente com a Universidade Estadual do Piauí (UESPI), no ano de 2015.

Dessa forma, o objetivo geral deste ensaio é avaliar a plataforma Moodle no que diz respeito à facilidade de acesso e navegação; e, como objetivos específicos, ve r i f i c a r a s d i f i c u l d a d e s ocasionadas pela plataforma e apontadas pelos alunos, bem como propor soluções que visem atenuar tais dificuldades. E, para isso, foram aplicados formulários aos 20 alunos que compuseram o Curso, com perguntas objetivas e subjetivas. Os resultados estão expostos logo abaixo. Desenvolvimento A pr imeira perg u nt a questionava o aluno se o mesmo já havia utilizado a modalidade em EaD em sua carreira acadêmica. Dentre eles, 60% informaram que era a primeira vez que utilizaram a EaD para aquisição de algum grau acadêmico, e 40% afirmaram que já haviam utilizado e conheciam essa modalidade de ensino. Indagou-se também se a instituição ofertou alguma aula, antes do início do curso, para instruí-los sobre a utilização da plataforma de ensino, e 50% afirmaram que não, os outros 50% responderam que houve, sim, uma aula que os instruiu a utilizar os recursos presentes Revista Interação ● Edição 12


na plataforma, contudo, destes últimos, somente 5% concordaram que essa aula introdutória foi suficiente para esclarecer como se utiliza a plataforma. Dessa forma, pode-se perceber que as dificuldades existentes na EaD já estão presentes antes de o curso começar, pois a maioria dos alunos nunca teve contato com esse estilo de educação e a instituição ainda não conseguiu formular um método para que essa parte inicial do curso seja melhor assimilada pelo alunado. A consequência desse começo dificultoso implica tanto na evasão (que nesse curso, dos 36 matriculados, somente 20 chega ra m a conclu í-lo) como também na qualidade de aprendizado. Quis-se saber, com relação à plataforma Moodle de ensino, se era fácil de ser utilizada, e 15% classificaram-na como ruim/ insatisfatória, 70% como regular, e 15% como boa/satisfatória. Podese associar esse resultado com a falta ou a deficiência na formulação de uma aula introdutória que encaminhe o aluno de EaD a descobrir e usufruir dos recursos disponíveis no ambiente virtual. No aspecto da clareza da plataforma, 65% informou que a clareza do ambiente virtual era ruim/insatisfatório, 25% regular e 10% disse que a plataforma tinha uma boa/satisfatória clareza em seus recursos. No que diz respeito à navegabilidade, 50% pontuou-a como ruim/insatisfatória, 25% com regular e 25% como boa/ satisfatória. Sendo esses resultados reflexos de uma plataforma com Revista Interação ● Edição 12

um layout sem estruturação de fácil entendimento o que dificulta o aluno a encontrar alguns recursos, e isso implica no resultado final do ensino-aprendizagem. E no tocante à interação alunos-tutores, 40% confirmou que essa interação era ruim/ insatisfatória, 50% regular e 10% boa/satisfatória. Notouse a existência de problemas na comunicação entre os alunos e o corpo docente do curso, não por falta do recurso na plataforma, pois ela possui links para chats e fóruns, mas, sim, por falta de prontidão nas respostas direcionadas aos tutores/ professores, o que prejudicou a resolução das dúvidas que surgiam ao longo do curso. Conclusão Ficou evidente que o AVA utilizado no curso analisado, apesar de amplamente usado em cursos EaD, apresenta empecilhos que comprometem a qualidade da aprendizagem dos alunos, pois muitas informações inseridas na plataforma têm deficiência em relação à compreensão e à clareza. Percebeu-se, também, que a maioria dos obstáculos explicitados pelos alunos seriam sanados se existisse uma disciplina de int rodução à platafor ma Moodle que explicasse como seus recursos deveriam ser utilizados e se houvesse uma eficiente comunicação com o corpo docente do curso. Leite e Bertrand (2007) afirmam que a interação entre alunos e professores tem que ser eficiente, pois será o que propiciará

um ensino de qualidade. Dessa forma, nota-se a interligação entre a qualidade da plataforma utilizada em EaD e as complicações que surgem durante essa modalidade de ensino podem levar o aluno a evasão ou a um déficit no ensino e na aprendizagem. Referências BR ASIL. Decreto 5.622 de 19/12/2005. Regulamenta p art. 80 da lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 2005. Disponível em: <https://planalto.gov.br/ccivil_03/_ Ato2004-2006/2005/Decreto/ D5622.htm> . Acesso em: 13/04/ abr. 2016. FACUNDES, L. P.; ALVES, S. M. Introdução à Educação a Distância. Teresina: FUESPI/ NEAD, 2014. v.1. p. 72. LEITE, E.; BERTRAND, H. A importância da interação professor-aluno em um curso de educação a distância. Disponível em: <http://www.puc-rio.br/pibic/ relatorio_resumo2007/resumos/ ADM/elizabeth_leite.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2016. PEREIRA, E. W.; MORAES, R. A. História da educação a distância e os desaf ios na formação de professores no Brasil. In: SOUZA, A.M.; FIORENTINI, L. M. R.; RODRIGUES, M. A. M. (Org.). Educação superior a distância: Comunidade de Trabalho e Aprendizagem em Rede (CTAR). Brasília: Universidade de Brasília, Faculdade de Educação, 2010. p. 264.

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Professor da UFPI estuda potenciais agrícolas e nutricionais em espécie de feijão Por Edison Mineiro

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omumente utilizado em países do Oriente como China e Índia, o feijão da espécie Canavalia ensifolia têm potenciais para enriquecer a dieta humana e animal, além de favorecer nutricionalmente o solo com o aumento da taxa de nitrogênio, contribuindo para posteriores plantios. Iniciada recentemente, a pesquisa sobre o feijão é desenvolvida pelo Prof. Dr. Francisco Rodrigues Leal, coordenador do Núcleo de Plantas Aromáticas e Medicinais (NUPLAM), da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

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O feijão recebeu o apelido de “ feijão mat a-fome” em decorrência da alta produtividade e pouca necessidade de água, adequando-se aos ambientes áridos. A espécie chega a produzir em torno de sete mil quilos a mais por hectare em comparação ao feijão comum, Phaseolus vulgaris. O “feijão mata-fome” se diferencia pela vagem maior que a das outras espécies e caroço massivo. A planta pertence ao gênero Canavalia, que consiste e m veget a is leg u m i nosos , abrangendo em tor no de 75 espécies, entre elas a conhecida popularmente como feijão-deporco, Canavalia ensiformis.

A Pesquisa Seg u ndo o P rofe s sor Francisco Leal, a ideia de pesquisar a espécie de feijão surgiu em uma viagem realizada à cidade de Picos. “O tamanho da vagem me chamou atenção e, principalmente, a sua forma de cultivo. O plantio é feito como o feijão comum, ou seja, plantando diretamente na cova ou fazendo uma muda, que irá germinar em uma bandeja. Então, decidi trazer à universidade, e, por algum tempo, nós ficamos apenas em processo de observação. Do período de análise até o presente momento, foi possível notar que a cultura não demanda grande Revista Interação ● Edição 12


Revista Interação ● Edição 12

Coordenador do Núcleo de Plantas Aromáticas e Medicinais da UFPI, Prof. Dr. Francisco Leal

no solo proporciona o aumento da produção de biomassa vegetal. Após a etapa de observação, o Prof. Francisco Leal pretende desenvolver um projeto ao lado de estudantes. “Nós temos a intenção de estudar com maior profundidade o potencial alimentar da espécie. Nesse sentido, ver o aproveitamento da vagem nova, usando como feijão fava, também no momento em que o grão não está formado, e com o grão seco. Além de buscar a

realização de uma parceria com o nosso Núcleo de Estudos, Pesquisas e Processamento de Alimentos (NUEPPA), aqui da UFPI. A espécie estudada é muito resistente e pode ser uma possibilidade para o uso orgânico. A fava convencional demora a ser cultivada, requerendo um condutor, com isso aumenta o custo de mão de obra, já o Canavalia ensifolia seria uma alternativa, por não necessitar dessa demanda”, finalizou. Foto: ASCOM/UFPI

quantidade de água e possui um ciclo de reprodução longo, caracterizado como semiperene, com duração de um ano”, afirmou. Considerando o “feijão matafome” promissor, o professor do Programa Terceira Idade em Ação (PTIA-UFPI), Paulo Roberto Lima, encaminhou amostras do feijão para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). “O meu objetivo em levar as sementes para a equipe da EMBRAPA responsável por estudar feijão, foi trabalhar a possibilidade de enriquecer outras espécies, por meio de cruzamentos genéticos. A partir de então, quem sabe aumentar a resistência e a produtividade do nosso feijão comum”, destacou. Em decorrência da alta produtividade, o feijão poderia atender comunidades carentes assoladas pela seca, ou por outros problemas de ordem social. “Além de ser útil na alimentação humana, o feijão pode ser utilizado como fonte de nutrição animal, em especial, à criação bovina. “Nós chamamos esse incremento de banco de proteína. O feijão seria misturado com o capim, tendo em vista fortificar a alimentação, tornando o animal mais forte e sadio”, comentou o Prof. Me. Paulo Roberto. Por se tratar de uma planta leguminosa, o Canavalia ensifolia tem a alternativa de favorecer a prática agrícola de posteriores culturas a serem trabalhadas no mesmo solo. A adubação verde resulta na técnica de adicionar vegetais leguminosos no solo com a intenção de enriquecer com nitrogênio. A presença do minério

Foto: ASCOM/UFPI

Pesquisa UFPI

Professor do Programa Terceira Idade em Ação, Paulo Roberto Lima

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Fadex apoia e fortalece o setor de inovação da UFPI Formado em Farmácia com habilitação em indústria pela UFC; Mestrado e Doutorado em Ciências Farmacêuticas pela UFPE; e Pós-doutorado em tecnologia farmacêutica pela Universidade de Coimbra - Portugal. Professor do Curso de Farmácia e dos programas de pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Ciências dos Materiais e Biotecnologia da Universidade Federal do Piauí. Prof. Dr. Livio Cesar Cunha Nunes Superintendente FADEX

Por Celina Honório

A

Fundação Cultural e de Fomento à Pesquisa, Ensino e Extensão (Fadex) apoia programas e projetos de cultura, de pesquisa, de ensino, de extensão e de desenvolvimento institucional, científico e tecnológico da UFPI. A Fadex, agora, conta com mais um profissional compromissado com o avanço e o reconhecimento da instituição dentro e fora do ambiente acadêmico: tratase do professor doutor Lívio César Cunha Nunes, que assumiu a superintendência da Fundação, no dia 8 de abril deste ano. O novo superintendente é do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e já esteve na coordenação da graduação e da pós-graduação em Farmácia e na direção do Núcleo de Tecnologia Farmacêutica (NTF), com atuação na pesquisa e no desenvolvimento de produtos na área farmacêutica. A cerimônia da posse, realizada no salão nobre da reitoria, contou com a presença do reitor, professor doutor José Arimatéia Dantas Lopes, e da vice-reitora, professora doutora Nadir do Nascimento Nogueira, da UFPI e dos conselheiros da fundação. Na oportunidade, o novo superintendente destacou que seu objetivo à frente da Fadex é de fortalecer o setor de inovação da UFPI por meio do apoio da fundação aos projetos da universidade, e de ampliar as parcerias já existentes na fundação. “A intenção é fomentar as parcerias fora da universidade. Em épocas de crise, temos que nos apoiar em recursos além dos que são disponibilizados pelo Governo Federal, por isso, acredito que seja importante buscar parcerias com o Governo do Estado, prefeituras e a iniciativa privada bem como em organismos internacionais”, explicou o

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professor. A Fadex tem como objetivo apoiar programas e projetos culturais, de pesquisa, ensino, extensão e de desenvolvimento institucional, científico e tecnológico da Universidade Federal do Piauí, bem como de outras instituições, mediante a apresentação de contratos e de convênios por prazo determinado ou mediante outras ações obedientes às normas da UFPI, servindo-lhe de Fundação de Apoio. De acordo com a professora doutora Nadir Figueiredo, a UFPI está avançando nos quesitos pesquisa e pós-graduação e a inovação deve estar articulada a estes dois itens: “O professor Lívio César soma à Fadex, pois traz a sua experiência em ações voltadas à inovação e à transferência de tecnologia”, destacou a vice-reitora, acrescentando que o trabalho do professor com incubadoras e com a produção de produtos de várias aplicações será um diferencial para a fundação no que diz respeito à inovação tecnológica. Em seu discurso, o reitor, professor doutor José Arimatéia Lopes, destacou o papel da Fundação no crescimento da UFPI e a expectativa de mais avanços com a nova gestão. “A Fundação tem dado uma contribuição valorosa à universidade, apoiando nas ações, nos projetos de extensão, pesquisa e ensino. Acredito que a nova gestão irá ampliar essa contribuição. O perfil do novo superintendente é o adequado para fazer da Fadex uma instituição ainda mais importante para a UFPI e para elevar a Fundação ao patamar que ela merece estar, que é o de uma grande fundação de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão no estado do Piauí”, enfatizou. Revista Interação ● Edição 12


Foto: ASCOM/UFPI Solenidade de posse

Desde 2015, a Fundação de Apoio estava sob a coordenação da técnica Dóris Carvalho. “Assumi a gestão da Fadex após o falecimento do nosso antigo superintendente, o professor doutor Rivelilson Mendes, mas estávamos na expectativa da vinda de um novo superintendente para colaborar ainda mais com os projetos da academia”, explicou. Fundação já administrou mais de R$ 208 milhões

A Fadex foi instituída em maio de 2005, com a finalidade de apoiar planos, programas e projetos, científicos e tecnológicos, de Pesquisa, Ensino, Extensão e de Desenvolvimento Institucional da Universidade Federal do Piauí. A relação entre a universidade e a Fundação é regulamentada pela Resolução nº 055/11, do Conselho Universitário, sendo cumprida de forma legal e transparente. Todos os Relatórios de Gestão da FADEX foram aprovados pelo Conselho Curador da Fundação, pelo Conselho Superior da UFPI e pelo Ministério Público do Piauí. Desde a sua fundação até o ano de 2015, a fundação já administrou um volume de recursos financeiros de mais de R$ 200 milhões, o que corresponde a uma média anual em torno de R$ 19 milhões, distribuídos em seis grandes áreas: Ensino, Pesquisa, Extensão, Desenvolvimento Institucional, Prestação de Serviços e Pós-Graduação. Nesse período, foram executados 658 projetos, dos quais 90% não tem contrapartida financeira para a Fundação, e 95% do total de projetos é proveniente de Contratos/ Convênios diretos com a UFPI. Na área de Ensino, A Fadex já administrou 50 projetos com recursos na ordem aproximada de R$ Revista Interação ● Edição 12

40 milhões, com destaque para o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) e para o projeto da Universidade Aberta do Piauí (UAPI). A entidade já geriu, na área de Pesquisa, cerca de R$ 12 milhões s, distribuídos em 55 projetos desenvolvidos tanto no campus da capital como nos câmpus do interior. As pesquisas apoiadas promoveram inovação, desenvolvimento científico e tecnológico nas diversas áreas de conhecimento. A Extensão é outra área de grande atuação da fundação. Com 229 projetos administrados e recursos aproximados em R$ 24 milhões, a Fadex representa um elo entre a universidade e a comunidade. O Ciclo de Estudos em Medicina Veterinária é um grande exemplo de que, por meio de cursos e de estágios, prestou-se serviços laboratoriais, cirúrgicos e de atendimento hospitalar para grandes e pequenos animais, atendendo à UFPI e à sociedade. Essa relação de apoio foi fortalecida com a Resolução 216/10 do CEPEX, que regulamenta os eventos e os cursos de Extensão na Universidade Federal do Piauí. No setor do Desenvolvimento Institucional, a instituição apoiou a requalificação e a conclusão das obras do Hospital Universitário, fez a gestão administrativa e financeira do projeto de Expansão e Reestruturação da Universidade Federal do Piauí (Reuni) e apoia a Adequação e a Implantação da Infraestrutura de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPI – MCT/FINEP/CT-INFRA. Em parceria com a Petrobrás, atua na ampliação da infraestrutura analítica em Química, do grupo de Geoquímica Orgânica da UFPI, tendo como resultado o Laboratório de Análise Geoquímica e Orgânica da UFPI (LAGO). A Fadex é a responsável pela aquisição de equipamentos para laboratórios e reformas dos departamentos em geral, tanto no campus da capital como nos do interior, totalizando mais de 100 projetos com o montante de recursos aproximado de R$ 92 milhões. Outra área de grande atuação é a de prestação de serviços. A academia conta com a parceria da sua fundação de apoio para desenvolver o seu Laboratório de Imunogenética e Biologia Molecular (LIB), que realiza exames de alta complexidade em parceira com a Prefeitura Municipal de Teresina, e o Laboratório de Análise de combustíveis da UFPI (Lapetro), que presta um importante serviço à sociedade piauiense na área de monitoramento da qualidade dos combustíveis e biocombustíveis.

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Universidade Aberta do Brasil e seus avanços no caminho do aprendizado pelo Ministério da Educação no ano de 2005, em parceria com a ANDIFES e Empresas Estatais, no âmbito do Fórum das Estatais pela Educação com foco nas Políticas e a Gestão da Educação Superior. Trata-se de uma política pública de articulação entre a Secretaria de Educação a Distância - SEED/MEC e a Diretoria de Educação a Distância - DED/CAPES com vistas à expansão da educação superior, no âmbito do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE (CAPES, 2010). Maria Dennizy Rocha Barroso Graduada em Licenciatura em Pedagogia (FAIBRA) Especialista em Gestão e Supervisão Escolar com Habilitação em Docência do Ensino Superior (ISEPRO) Graduanda em Licenciatura Plena em Letras-Inglês (CEAD/UFPI) dennizyrocha@hotmail.com

O

presente ensaio apresenta como tema “Saberes, ensinantes e aprendizes: 10 anos da Universidade Aberta do Brasil”, e trata da relação entre saberes (pedagógicos, experienciais e técnico-tecnológicos), professores e alunos na modalidade de Educação a Distância no decorrer desses 10 anos de atuação da Universidade Aberta do Brasil (UAB). O Sistema UAB foi criado

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A Construção da Aprendizagem e os Caminhos na Busca do Conhecimento Um breve histórico sobre a UAB, de acordo com a CAPES: o primeiro edital do Sistema UAB conhecido como UAB1, publicado em 20 de dezembro de 2005, permitiu a concretização do Sistema UAB, por meio da seleção para integração e articulação das propostas de cursos, apresentadas exclusivamente por instituições federais de ensino superior, e as propostas de polos de apoio presencial, apresentadas por estados e municípios. O segundo edital, publicado em 18 de outubro de 2006, denominado UAB2, diferiu da primeira experiência por permitir a participação de todas as

instituições públicas, inclusive as estaduais e municipais. Em 2007, o sistema UAB repassou recursos às instituições de ensino superior para a ampliação do acervo bibliográfico dos polos de apoio presencial. Foram adquiridos livros contemplando as áreas dos cursos ofertados nos polos. A bibliografia básica foi indicada por coordenadores de cursos e corroborada por coordenadores UAB. Em 2008, merece destaque da atuação do Sistema UAB que fomentou a criação de cursos na área de Administração, de Gestão Pública e outras áreas técnicas. Atualmente, existem cerca de 95 instituições cadastradas com 646 polos oferecendo mais de mil cursos em todo o Brasil, entre universidades federais, universidades estaduais e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs). O Ministério da Educação, por meio do Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, esclareceu as diretrizes gerais da EaD, conforme o trecho a seguir: Art. 1º Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e co-

Revista Interação ● Edição 12


municação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005).

ter responsabilidade, dedicação, motivação e autonomia durante todo o percurso do seu curso.

A ampliação do acesso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) — em especial a internet, que se tornou a principal ferramenta de ensinoaprendizagem na modalidade de Educação a Distância —, possibilitou o acesso aos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), também conhecidos como salas virtuais que cumprem a função de estabelecer a comunicação entre professores, tutores e alunos, bem como dinamizar as aulas teóricas por meio de vídeoaulas, exercícios, chats e fóruns. O professor da EaD é o mediador dos processos de ensino e de aprendizagem e deve possuir, além do domínio do conteúdo ministrado, habilidades com a tecnologia. O papel do professor tutor vai além do processo de mediação de aprendizagem, atingindo também questões emocionais e motivacionais. Muitas vezes, é de responsabilidade do professor tutor criar um ambiente acolhedor ao aluno, por meio do uso das t e c n olog i a s , m i n i m i z a n d o distâncias, dando segurança ao aluno para que se envolva ao máximo no processo da construção da aprendizagem e na busca do conhecimento. O aluno da modalidade EaD é o principal responsável pela sua aprendizagem, de modo que ele é quem estabelece os horários e os locais mais adequados para estudar. Para isso, ele precisa

Conclui-se que a UAB, ao longo dos seus 10 anos de atuação, alcançou grandes avanços no caminho do aprendizado, pois ampliou o acesso a Educação Superior a Distância. A UAB visa expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior. Para isso, o sistema tem como base fortes parcerias entre as esferas federais, estaduais e municipais do governo. A utilização das TICs em ambientes virtuais é essencial, pois possibilita maior interação entre todos os envolvidos (professores, tutores e alunos) na modalidade EaD. Nessa perspectiva, a UAB, criada pelo Ministério da Educação por meio das suas parcerias e com a ampliação do acesso das tecnologias, possibilitou para os professores, os tutores e os alunos uma educação a distância de qualidade, além de proporcionar ao aluno a construção da aprendizagem e os caminhos na busca do conhecimento.

Revista Interação ● Edição 12

Conclusão

com.br/faculdades-a-distancia/ universidade-aberta-do-brasil-uab. html>. Acesso em: 31 mar. 2016. MANARA, Alecia Saldanha; FREITAS, Indiara. O Trabalho Docente do Professor Tutor na Educação a Distância. Disponível em: <http://www.unisc.br/portal/ upload/com_arquivo/o_trabalho_ docente_do_professor_tutor_na_ educaacaao_aa_distaancia.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2016. NEAD. Núcleo de Educação a Distância. O que é a UAB? <http:// www.nead.ufrr.br/index.php/sobrea-uab-na-ufrr/o-que-e-a-uab>. Acesso em: 12 abr. 2016. SILVA, Camila Gonçalves. FIGUEIREDO, Vítor Fonseca. Revista Aprendizagem em EAD – Portal Revistas UCB. Ambiente v ir t ual de aprend i zagem: c omu n ic a ç ã o, i nt e r a ç ã o e afetividade na EAD. Taguatinga– DF, v. 1, out. 2012. Disponível em: <http://portalrevistas.ucb.br/ index.php/raead>. Acesso em: 15 abr. 2016.

Referências BRASIL. CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Universidade Aberta do Brasil. Histórico. Disponível em: <http://www.uab. capes.gov.br/index.php/sobre-auab/historico>. Acesso em: 27 mar. 2016. EAD. Conheça a Universidade Aber ta do Brasi l ( UA B). Disponível em: <http://www.ead. 39


Giro nos

POLOS

CANTO DO BURITI

O curso de Letras Inglês do Polo UAB em Canto do Buriti realizou, no dia 21 de novembro de 2015, a Feira de Tradições Culturais, cujo tema foi Cultural Trip: from London to New York – “Viagem Cultural: de Londres a Nova York”, e teve a participação dos alunos do terceiro módulo do Curso expondo a história, a cultura, a gastronomia, o teatro, o cinema e o turismo de Londres e de Nova York.

Giro POLO

SIMPLÍCIO MENDES

O polo de apoio presencial UAB Antônio de Moura Fé, no município de Simplício Mendes, realizou a primeira edição da Semana de Química entre os dias 6 e 14 de novembro de 2015. Com o tema Humanidade e Sustentabilidade, o evento promoveu a interação entre alunos e sociedade realizando minicursos, palestras e workshops. 40

Revista Interação ● Edição 12


TERESINA

o nos LOS

Ensino, Pesquisa e Extensão: Desafios da Geografia no Piauí foi o tema do I Encontro de Geografia da Educação a Distância (I EGEAD), realizado nos dias 28 e 29 de novembro de 2015, no campus da Universidade Federal do Piauí em Teresina. O evento contou com um público de aproximadamente 300 pessoas, dentre professores e estudantes, que participaram das conferências, das mesas-redondas, dos minicursos, e apresentação de trabalhos e de atividades culturais.

JAICÓS E AVELINO LOPES

O curso de Licenciatura em Física formou as turmas “Maria da Conceição Dias Rodrigues”, do polo de Jaicós; e “Prof. Luciano Cabral Rios”, de Avelino Lopes. As solenidades de formatura aconteceram em fevereiro, nos dias 13 e 19, respectivamente, formando ao todo 27 alunos que haviam iniciado o curso em 2010. Revista Interação ● Edição 12

41


O Pé de Cajá e a Palavra Vazia José Vanderlei Carneiro

P

eço desculpa aos leitores, pois com a idade avançada, o velho já não tem mais as condições necessárias de demarcar a fronteira entre a ficção e a realidade. Sua memória se alimenta de seus fragmentos infantis, uma mistura de lucidez e fantasia. Assim como encontrei no livro que “a vida da gente vai em erros, como um relato sem pés nem cabeça, por falta de sisudez e alegria. Vida devia de ser como sala do teatro, cada um inteiro fazendo com forte gosto seu papel, desempenho.” Mas posso lhes assegurar que tudo que contarei, aqui, é verdade. Não sou o velho profeta do f ilósofo contemporâneo, somente porque não vou à igreja e não tenho a lanterna. Fico aqui debaixo do pé de cajá escutando estórias e vendo o mundo passar. Este pé de cajá é como o sertão do Guimarães, está em todo lugar. Podemos encontrá-lo próximo de tudo que existe: da igreja, do quartel, da universidade, da praça, da farmácia, da feira de roupas e de perfumes, do mercado, da rua asfaltada, da fazenda, do cabaré, do hospital ou do hospício. Este lugar tem muitas serventias. O senhor que estuda, sabe, as coisas inúteis moram no silêncio de Deus. O pé de cajá, este mesmo, serve como sombra para a pessoa fatigada respirar, para o bacana seu carro estacionar, para a moça se maquiar, para o homem almoçar, para a louca delirar, para o estudante se enganar, para o boêmio descansar, para o pássaro cantar, para o justo ordenar e para o guarda dormir. Enfim, como diz Drummond: “eta vida besta!” Uma vez, estava aqui, como todos os dias úteis e inúteis da semana, no meu lugar de trabalho, com o cajado na mão, chega uma professora e me faz uma pergunta: “- Senhor! O senhor acredita que toda palavra proferida é verdade?” Respondi: “- não sei. Eu não opero por meio da crença, pois já tive acesso a alguma leitura e minha consciência não tem tempo para alienação. Ela se nutre de suspeita. Tenho a desconfiança por princípio.” Mas chega Zé Grosso, homem que sabe todas as coisas, e diz: “- Não. Toda palavra dita não é verdade, a verdade está no uso que fazemos dela.” 42

E eu, indaguei: “- Como assim? A verdade para os senhores do saber é objeto de negociação, como as vestes do judeu que foram divididas em pedaços entre os operadores da lei.” Fiquei pensando. A pergunta da professora tem propósito de verdade. A minha resposta também é verdade. A intervenção do Zé Grosso só poderia ser a expressão da pragmática cultural. E, sendo assim, então, o pé de cajá é uma metáfora das nossas relações cotidianas. Falando nisso, estamos vivendo tempos estranhos. Escutei aqui o homem letrado comungando da mesma opinião do analfabeto. Deve existir uma escola de poder para formar homens e mulheres com leituras comuns sobre acontecimentos comuns. O pé de cajá é, pois, o lugar da catarse moral, pois há um vazio que se alastra sobre vários problemas da convivência humana: justiça, economia, política, gênero, configuração social e educação, ou seja, tudo tem a mesma semelhança e intensidade, uma estilizada banalidade do bem coletivo. São todos justos, honestos e verdadeiros com eles mesmos. Ou como dizia uma amiga mineira: “cada qual com seu cada qual”. Pois orientam suas obrigações e deveres públicos em torno do filho, da sogra, da amante, da mulher, do pai, do neto, da igreja, do bairrismo e dos amigos. Todos, menos eu, porque sou estrangeiro e velho. Vocês leitores já devem estar concluindo, que este texto, de fato, deve ter sido escrito por um velho, por tornar o pé de cajá numa espécie de pharmakon filosófico, descrevendo doenças da alma como se fossem o cotidiano da vida; receitando veneno para curar o ódio, pois quanto mais se aproxima da morte, mais necessitamos de amor. E disso sentimos falta, mas é falta que alimenta o desejo de viver. Adélia Prado meditava, na sua tarefa de provocadora do saber: “não quero a faca nem o queijo, quero a fome.” Educar é isso: fazer a pessoa sentir fome de conhecimento. Dessa forma, continuo minha sina de educador, com o cajado na mão, expondo como justeza da memória a infelicidade, e como memória feliz o esquecimento. Então, e a Palavra? Vazia. Revista Interação ● Edição 12




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