Revista Interação - Edição 13 - Ano 9 nº 2/2016

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Expediente INTERAÇÃO - EDIÇÃO 13 ANO 9 - N. 2016.2 Publicação semestral produzida pela Assessoria de Comunicação e pelo Setor de Produção de Material Didático do Centro de Educação Aberta e a Distância CEAD/UFPI

Editorial

Reitor da UFPI Prof. Dr. José Arimatéia Dantas Lopes Vice-reitora da UFPI Prof.ª Dr.ª Nadir do Nascimento Nogueira Diretor do Centro de Educação Aberta e a Distância/Coordenador da UAB na UFPI Prof. Dr. Gildásio Guedes Fernandes Vice-diretor do CEAD/UFPI Prof. Dr. Milton Batista da Silva Coordenadora Adjunta da UAB na UFPI Liana Rosa Brito Coordenadoras da Revista Fernanda Ito Ota da Purificação Indira Ilana Vanderlei do Vale Equipe Responsável Fernanda Ito Ota da Purificação Indira Ilana Vanderlei do Vale Francinaldo da Silva Soares Projeto Gráfico e Diagramação Nalton Luiz Silva Parente de Pinho Francinaldo da Silva Soares Fotografias Fernanda Ito Ota da Purificação Indira Ilana Vanderlei do Vale Arte e Capa Francisvaldo Sousa Revisão Maria da Conceição de Souza Santos Pareceristas Gustavo Fortes Said Isa de Jesus Coutinho Maria Teresa Ribeiro Pessoa Nilsângela Cardoso Lima Conselho Editorial Arnaldo Oliveira Souza Junior Gildásio Guedes Fernandes José Vanderlei Carneiro Leila Lima de Sousa Lívia Fernanda Nery da Silva

É com satisfação que lançamos mais uma edição da Revista Interação – periódico produzido pela Universidade Federal do Piauí, por meio do Centro de Educação a Distância. O objetivo da publicação é trazer reflexões sobre educação, novas tecnologias, informática, desafios e avanços que a interligação entre os campos proporciona. O espaço é aberto para troca de informações e de saberes, bem como para a exposição de exemplos que deram certo, gerando experiência e ampliando debates. A Interação, em sua décima terceira edição, expõe considerações e ideias acerca da cultura digital no âmbito da pesquisa em EaD. Nesse sentido, os ensaios acadêmicos apresentam discussões que vislumbram as interligações entre tecnologias, educação, comunicação e, é claro, os desafios de tais perspectivas para as pesquisas científicas. Dentro desse entendimento, também são destacados a realização do Simpósio Internacional de Comunicação, Educação e Tecnologias; o Primeiro Congresso Piauiense de Educação a Distância; e os quase dez anos do curso de Biologia e a importância do profissional formado na área. Também é possível fazer um “giro pelos polos” e acompanhar todas as atividades realizadas na capital e no interior do estado. Refletir sobre as novas plataformas e o diálogo com a educação é cada vez mais urgente e necessário. Assim, esta publicação é comprometida com a explanação e a divulgação de experiências que deram certo, bem como de reflexões teóricas que possibilitam ampliar visões sobre assuntos ligados à EaD. Seja bem-vindo e aprecie a leitura!


CAPA

18 UFPI lança maior

vestibular de Educação a Distância do Brasil

Ensaios

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O uso das novas tecnologias na educação: o Software Google Earth no ensino de Geografia Erika Maria da Silva Sousa / Maria Valdirene Araújo Rocha Moraes

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O uso do aplicativo Telegram no processo de educação em Ambiente Virtual de Aprendizagem

Seções

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Congresso

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Hermenêutica

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Entrevista

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Perfil do Aluno

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Fadex

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Simpósio Internacional

Naisis Castelo Branco Andrade Farias

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Blended Learning: os benefícios das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em uma sala de aula invertida, aplicados ao processo de Educação a Distância Aline Montenegro Leal Silva / Vinicius Ponte Machado

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A Educação a Distância no contexto da cibercultura Kairon Pereira de Araújo Sousa

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Dicas de Livros

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O aluno surdo e o uso de tecnologias assistivas na educação a distancia

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Giro nos Polos

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Desafios e Reflexões

Amanda Beatriz de Araújo Sousa / Andréia Alves Portela Neves / Clécio Francisco Vieira de Sousa


Congresso

Pesquisadores participam do I CONPED

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I Congresso Piauiense de Educação a Distância (I CONPED) reuniu alunos, professores e agentes EaD para apresentação de trabalhos de pesquisas que envolveram os seguintes eixos temáticos: Gestão Pública; Estudos em Ciências Biológicas; Estudos em Espanhol; Estudos Linguísticos e Literários; Estudos em Inglês; Pedagogia para EaD; Estudos em Sociologia e Filosofia; Língua Portuguesa; História e Cultura Afro; Matemática; e Estudos em EaD. A coordenadora do Polo de Simões, Maria do Socorro Bento Reis (Dudu), apresentou o trabalho intitulado “Polos UAB de Jaicós e Simões: um estudo sobre os motivos da Evasão e da permanência dos Alunos nos Cursos”, o trabalho foi realizado em parceria com os professores Raimundo Isídio de Sousa, Rosenilda Teixeira Leal e Maria dos Remédios Coelho Ferreira Aguiar. Para a professora Dudu, um dos pontos interessantes do seu trabalho é a dedicação à capacidade de adaptação do aluno que permanece nessa modalidade de ensino: “O aluno compatibiliza o horário de estudo, o horário de trabalho e o horário de lazer, além disso, grande parte das desistências se dá pelo desconhecimento da modalidade”. O coordenador do polo de Buriti dos Lopes, Gildásio Silva, apresentou o trabalho “Mercado de Revista Interação ● Edição 13

trabalho e a inserção dos egressos da EaD de um Polo da Universidade Aberta do Brasil”. Segundo a sua pesquisa, os egressos de EaD são bem recebidos no mercado de trabalho: “Os egressos estão tendo uma empregabilidade muito boa. Os empregadores estão avaliando muito bem esses egressos, uma vez que eles apresentam qualidades que são diferenciadas do aluno do ensino regular. Isso confirma a tendência que já está acontecendo na Europa, onde as grandes empresas estão preferindo alunos da EaD”. A coordenadora do polo de Piracurura, Alcionéa Brito, apresentou a pesquisa “O egresso de EaD do Polo de Piracuruca e a Assimilação pelo Mercado de Trabalho” juntamente com Paulo Thiago Fontenele Cardoso, Adelaide Vieira de Brito Neta e Ana Cristina Meneses de Carvalho. Segundo a investigação, 90%

dos egressos estão no mercado de trabalho dentro da sua área de formação, enquanto apenas 10% estão atuando fora da área de formação: “Então, para nós, é gratificante sabermos que o ensino a distância chegou a Piracuruca e consolidou-se, abrindo o leque de opções para quem não tinha alternativa de alcançar um curso superior. E o mais interessante é que vários de nossos egressos estão até fazendo mestrado, prova de que o ensino a distância é um diferencial na vida de uma pessoa e de uma comunidade”, exalta a coordenadora do polo de Piracuruca. A professora Luciane Lima Rodrigues apresentou o trabalho “A Formação de Profissionais da Educação como Disseminadores da igualdade e do respeito à diversidade” juntamente com a professora mestra Amada de Cássia Campos Reis, professora doutora Foto: Indira do Vale

Por Indira do Vale

Coordenador do polo de Buriti dos Lopes, Gildásio Silva

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Foto: Indira do Vale

Ana Beatriz Sousa Gomes e do professor doutor Baltazar Campos Cortez. “O trabalho é sobre o curso de Especialização de Gestão de Políticas Públicas de Gênero e Raça que foi ofertado em 2014-2015, com o objetivo de formar profissionais para atuarem na elaboração, no monitoramento e na avaliação de programas e de ações relacionados às temáticas de Gênero e Raça”, explica Rodrigues. João Paulo Ribeiro é tutor presencial do polo de Piripiri e realizou a pesquisa “Gestão democrática e as novas tecnologias da educação nas escolas públicas de Piripiri-PI”, juntamente com a coordenadora de polo de Piripiri, Auridete Mendes Ribeiro, e com o colaborador EaD Geilson Silva Pereira. “Segundo a nossa pesquisa, 100% dos diretores de escolas acreditam que o uso de tecnologias podem melhorar o desempenho dos alunos, mas, infelizmente, a grande maioria não coloca em prática o que acredita”, explica Ribeiro. A egressa do curso de pósgraduação de Gestão em Saúde, Ana Patrícia Lima, apresentou o trabalho “Importância da Alimentação para melhorias na aprendizagem de crianças em unidades públicas de ensino: revisão integrativa”, fruto do seu TCC de especialização. “A merenda escolar necessita ser de boa qualidade porque vai influenciar na vontade de o aluno permanecer naquela escola. Então, muitas vezes, essa alimentação é a única que ele tem no dia. Observando essa problemática, vemos que tem que existir uma boa qualidade nos serviços de alimentação escolar e que os gestores dessas unidades precisam gerir recursos para

João Paulo Ribeiro, tutor presencial, e a coordenadora do polo de Piripiri, Auridete Mendes

adquirir gêneros alimentícios para essas crianças”, expõe Ana Patrícia. O coordenador do polo de Castelo, Francisco Matos e as agentes EaD Antonina Maria da Silva e Gertrudes Ildec Pio Mendes apresentaram o trabalho “Reflexões sobre a importância do tutor na educação a distância”. “Realizamos uma análise bibliográfica para traçar mos o perf il do tutor presencial e do tutor a distância, que é um elemento importante na EaD. É a partir do tutor que a gente tem um trabalho positivo na educação a distância”, relata o coordenador do polo de Castelo. A apoio acadêmico, Nara Leyla dos Santos, e o aluno do

curso de Matemática/EaD/CEAD/ UFPI, Antônio Alves da Silva, apresentaram o trabalho “Olhares e percepções da Gestão Estratégica do Conhecimento no Processo de Midiatização no curso Técnico em Administração”, que versa sobre as práticas de midiatização inseridas na Gestão Estratégica no curso Técnico em Administração do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFPI). A professora mestra Mariane Goretti de Sá apresentou a pesquisa “Especializações na Modalidade a Distância na Universidade Federal do Piauí”, que retrata um panorama das especializações ofertadas pelo Centro de Educação Aberta e a Distância.

O I Congresso Piauiense de Educação a Distância foi realizado em agosto, entre os dias 1º e 03 O CONPED foi realizado pelo Núcleo de Educação a Distância (NEAD) da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) em parceria com a Universidade Federal do Piauí (UFPI), por meio do Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD), e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI), com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal da Educação Superior (CAPES). Revista Interação ● Edição 13


Coordenador do polo de Castelo, Francisco Matos

Ana Patrícia Lima, egressa da pós-graduação de Gestão em Saúde, ofertada pelo CEAD/UFPI

Coordenadora do Polo de Simões, Maria do Socorro Reis

Fotos: Indira do Vale

Adelaide Vieria, Ana Cristina Meneses e Alcionéa Brito (coordenadora do polo de Piracuruca)

Aluno do curso de Matemática, Antônio Alves, e Leyla dos Santos, apoio de coordenação

Revista Interação ● Edição 13

Professora do CEAD/UFPI, Luciane Lima Rodrigues

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O uso das novas tecnologias na educação: o Software Google Earth no ensino de Geografia

Prof.ª Dr.ª Maria Valdirene Araújo Rocha Moraes Professora de Geografia da Universidade Federal do Piauí

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valdirene@ufpi.edu.br

sociedade vive numa era tecnológica na qual as ferramentas digitais estão cada vez mais sendo inseridas no nosso cotidiano. A internet tornouse, em pouco tempo, o meio de comunicação mais utilizado e eficaz para obtenção de informações em tempo real. Para Silva e Correia (2014), a utilização de novas tecnologias e o uso de computadores conectados à internet estão presentes em todos os segmentos importantes das sociedades do mundo atual. E a escola tem o papel de se inserir nessa nova realidade tecnológica no processo de ensino-aprendizagem dos alunos. As tecnolog ia s têm interferido decisivamente na visão que os alunos têm da sociedade. Questões como a globalização, a cartografia, as relações entre o

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Erika Maria da Silva Sousa Graduanda de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Piauí Erikasousa123@yahoo.com.br

ambiente e o seu desenvolvimento sustentável, são hoje mais fáceis de compreender quando ligadas ao uso de uma ferramenta tecnológica. As transformações vão acontecendo de uma forma rápida e a escola necessita acompanhar e se modernizar de forma a atender às necessidades pessoais e sociais dos alunos. O papel do professor é fundamental nos projetos de inovações, ele deve ajudar o aluno a interpretar, a relacionar e a contextualizar as informações que são obtidas com essas tecnologias. Até porque a qualidade de um ambiente tecnológico de ensino depende muito mais de como ele é explorado didaticamente, do que as suas características técnicas. Para Stahl (1997), “[...] é preciso que os professores estabeleçam o quê, como, onde, como, por que, para

quê, a quem e para quem servem as novas tecnologias, e só então fazer uso delas, um uso consciente e responsável”. Uma das novas tecnologias que vem gan hando g rande destaque no processo de ensinoaprendizagem é o Google Earth. É um Software de distribuição gratuita que simula um globo interativo com integração de imagens de satélite, constr uções tridimensionais, mapas, fotografias e uma variedade de informação sobre as áreas selecionadas. Incorpora inúmeras funcionalidades, tais como o Street View, construção de percursos e perfis topográficos, cálculo de áreas e distâncias, análise temporal, etc. Permite, ainda, mapear o céu e observar a superfície da Lua (tal como a da Terra) e de Marte (SOARES, 2013). Tudo acontece por meio de imagens capturadas por satélites que, agrupadas, criam impressão de ser uma só. O que torna o Google Earth uma referência entre outros aplicativos do gênero são os seus recursos em tecnologia 3D. Quando visualizados, os lugares podem ser vistos de qualquer ângulo, como se o usuário estivesse no local observando a paisagem. Os alunos podem, por meio de observação de maneira tão real de paisagens distantes, fazer analogias com seu entorno, “ancorando” a nova paisagem àquelas que conhecem por vivência (MARIMAR, 2012).

O objetivo deste trabalho Revista Interação ● Edição 13


foi de mostrar aos alunos do 9º ano da escola CETI – Governador Freitas Neto, na cidade de TeresinaPI, as transformações antrópicas ocorridas no espaço geográfico em que a escola está inserida. Utilizando imagens retiradas do Google Earth, levantando também como essa ferramenta pode ser inserida no cotidiano escolar, levando os alunos a terem melhor compreensão do espaço geográfico. A metodologia adotada para alcançar o objetivo proposto foi analisar e perceber as transformações ocorridas entre 2009 e 2015 por meio das imagens de satélite do Google Earth. Inicialmente, foi explicado aos alunos como se dão as transformações antrópicas no meio ambiente urbano e como utilizar as ferramentas como o Google Earth para analisar as mudanças ocorridas numa determinada escala temporal. Resultados e Discussão A atividade desenvolvida tinha como objetivo a percepção por parte dos alunos das transformações antrópicas que aconteceram no espaço geográfico no qual a escola está inserida e suas consequências. Como a maioria dos alunos moram e estudam no mesmo bairro há muitos anos, foi levado a eles uma imagem de agosto de 2009 e outra de setembro de 2015, para tal análise. Primeiramente, foi pedido que cada grupo apontasse a escola nas duas imagens, em seguida, que cada aluno identificasse a sua casa e fizesse o traçado do caminho que percorre diariamente até a escola. Posteriormente, foi proposto que os discentes descrevessem as transformações ocorridas que podem ser percebidas dentro do recorte de tempo estabelecido. Sem nenhuma dificuldade, Revista Interação ● Edição 13

e com muita euforia, os alunos conseguiram identificar os pontos que foram pedidos. Porém, ao fazer a análise das transformações já mostraram um pouco de dificuldade, pois não conseguiam compreender que qualquer alteração feita pelo homem se configura como uma transformação antrópica no espaço geográfico. Depois de explicar novamente como se dão essas alterações, os grupos conseguiram citar os seguintes aspectos: o calçamento e o asfalto colocados em algumas ruas, casas construídas ao redor do campo localizado próximo a escola, árvores cortadas e a construção de uma lanchonete. E, por último, foi pedido que os alunos dissessem quais as consequências que as constantes intervenções do homem no espaço podem causar. Os alunos mostraramse pensativos, porém, afirmaram que não existem consequências nessas intervenções. O que é preocupante, pois mostra uma falta de senso crítico nesses alunos quanto às questões de cunho social e ambiental. É nesse momento que se faz importante o papel do professor, despertando a consciência espacial para a prática da cidadania, que é um dos objetivos da Geografia. Ao término da atividade proposta, os alunos questionaram sobre a utilização da ferramenta Google Earth, como poderiam fazer o download e suas formas de utilização, mostrando-se curiosos e ansiosos para o seu manuseio. Infelizmente, uma realidade encontrada nas escolas públicas em nossa cidade (e até mesmo no nosso país) é a depredação dos laboratórios de informática encontrados nas escolas e quando se apresentam em bom estado de uso não há permissão para

internet, o que acaba dificultando o acesso desses alunos a esse tipo de ferramenta. Conclusões Analisando-se os resultados obtidos, considera-se que a utilização de novas tecnologias, quando utilizadas de forma correta e com o intermédio de um professor qualificado, pode colaborar para a saída de uma metodologia arcaica, tornando a aula mais participativa e dinâmica. Isso pode ser constatado ao se observar a reação dos alunos ao receberem as imagens retiradas do Google Earth, em que todos se mostraram receptivos e entusiasmados ao fazer a análise de tais imagens. Mas também se mostra necessária a instigação de um senso crítico dos alunos em relação ao espaço geográfico no qual está inserido. E o Google Earth pode contribuir para a formação desse aluno crítico frente aos problemas sociais e ambientais. REFERÊNCIAS MARIMAR, M. Stahl. Magistério: Construção Cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1997. OLIVEIRA, Éder Geovani da Paz. A utilização do Google Earth e Google Maps como recurso didático para o ensino de Cartografia escolar. Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Educação, 2012. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998. SILVA, R. F.; CORREA, E. A.; Novas tecnologias e educação: a evolução do processo de ensino e aprendizagem na sociedade contemporânea. Educação & Linguagem, ano 1, n. 1, p. 23‐35, jun. 2014.

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Hermenêutica de Paul Ricoeur Por Indira do Vale

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Grupo de Estudos “Hermenêutica de Paul Ricoeur: Um pensamento em Movimento” tem como coordenador o professor doutor José Vanderlei Carneiro. Os encontros acontecem quinzenalmente, no CEAD/UFPI, e tem como objetivos: investigar os elementos constitutivos da Hermenêutica filosófica de Paul Ricoeur; e estudar a teoria da interpretação numa perspectiva histórica e sistemática como chave de leitura e de produção de textos simbólicos no pensamento contemporâneo. Segundo a mitologia grega, Hermes é um deus olímpico, filho de Zeus e Maia, o deus mensageiro, seu dever é traduzir as mensagens dos deuses aos homens. É do nome Hermes que surge a palavra grega hermeneia (no português, traduzir), da qual deriva a palavra Hermenêutica. Assim, hermenêutica significa teoria da interpretação. Durante muitos anos, a Hermenêutica trabalhou com textos sagrados (textos bíblicos), ajudando no seu entendimento por meio de uma metodologia de interpretação. Mas foi a partir dos estudos de Michel Montaigne, com sua filosofia contemporânea,

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que a Hermenêutica deixou de ser o estudo do texto sagrado e passou a ser uma reflexão metodológica de todo e qualquer texto (passando a interpretar leis, decretos, textos literários, textos filosóficos). “Paul Ricoeur é filósofo, teólogo e doutor em Letras. Para ele, o simbolismo é caracterizado pela palavra de duplo sentido. Então, hermenêutica é entendida como uma ferramenta reflexiva e metodológica que busca uma compreensão mais apropriada ao contexto dos leitores de textos”, explica o professor Vanderlei Carneiro. Segundo ele, “Ricoeur tem um conjunto de trabalhos que dialoga com linguistas, como Mikhail Bakhtin, Hannah

Ana Belisa Figueredo e Pablo da Silva Santana, alunos do curso de Especialização em Filosofia no Ensino Médio

Arendt, Ferdinand de Saussure, mas também tem trabalhos em hermenêutica bíblica. Foi por meio desses textos que eu conheci o Ricouer, mas o que despertou minha atenção foi os seus escritos filosóficos.” Ana Belisa Figueredo é aluna do curso de Especialização em Filosofia no Ensino Médio, ofertada pelo CEAD/UFPI, e explica que os estudos de Ricoeur afetam a comunidade “a partir do momento em que eu venho difundir o entendimento do autor, então, a partir do momento que você começa a estudar, um filosofo cujo foco dele de trabalho vem a ser a hermenêutica, qualquer outro filósofo que você venha a conhecer posterior a ele, você já vai lançar um olhar mais diferenciado, com maior subsídio para entender a obra daquele filósofo”, explica. Por ser um filósofo que dialoga com diversos campos, o Grupo de Estudos “Hermenêutica de Paul Ricoeur” é aberto não só à Filosofia, mas à Psicanálise, ao Direito, às Letras, à Comunicação. Os encontros do grupo começaram em abril deste ano, são quinzenais e costumam acontecer aos domingos. Hoje, o grupo contém dez integrantes das Revista Interação ● Edição 13


os fatos que estão por trás dos discursos, “socializar os estudos de Ricoeur significa diferenciar o conhecimento da informação e da notícia. Tem coisas que no discurso são meramente midiáticas, com o bombardeio de informações que recebemos, fica difícil a gente assimilar, com clareza, o que é válido daquilo que não é válido. Aquilo que é informação verdadeira, daquilo que é informação falsa. E Ricoeur contribui nessa dinâmica do saber entender o discurso”, conclui. A importância de estudar hermenêutica se dá pelo seu constitutivo teórico. “Nós vivemos hoje em um mundo que

tem produzido uma forma de pensar extremamente móvel. A hermenêutica pode ser uma boa ferramenta teórica e metodológica para que a gente encontre minimamente referenciais de produção de sentido. Estamos em uma guerra midiática das ideologias, por exemplo, e é impressionante como o que está em disputa é a interpretação da informação, da Lei, da Constituição, ou seja, a lei é a mesma, mas as interpretações são distintas, e como se faz isso? A Hermenêutica, nesse caso, deve ser uma reflexão segura de produção de sentido”, relata o professor José Vanderlei.

Foto: Arquivo pessoal

mais diversas áreas. A pretensão do grupo é discutir a Hermenêutica partindo dos ensinamentos de Ricoeur, e propagar esses estudos em debates de iniciação científica, eventos, congressos, seminários e publicações em revistas científicas. Pablo Andrey da Silva Santana, assim como Ana Belisa, participa do grupo de estudos, e é aluno da especialização de Ensino de Filosofia do Ensino Médio oferecido na modalidade EaD da UFPI. Ele acredita que a interpretação de Ricoeur contribui para o processo educacional, para entender melhor

Membros do grupo: Luciana Fonseca, Pablo Santana, Ana Belisa Figueredo, José Carneiro Vanderlei, Francisca Cardoso e Helena Ferreira

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O uso do aplicativo Telegram no processo de educação em Ambiente Virtual de Aprendizagem

Naisis Castelo Branco A. Farias Especialista em Gestão Educacional em Redes – UFPI Coordenadora do Curso de Pedagogia da FATESP naisis@bol.com.br

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iver a comunicação digital é uma necessidade atual no cotidiano do educador contemporâneo, cujo passar do tempo trouxe significativa evolução nos processos educacionais com o advento da tecnologia. Dessa evolução, surgiram os sites, os blogs, as comunidades online, os serviços de e-mail, os aplicativos, os sistemas de ensino a distância, entre outros. Some-se a isso, a ampliação dos sistemas de internet em banda larga e a popularização de

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smartphones e tablets. Essa conexão, em todos os níveis, tornou a comunicação mais interativa e reforçou o papel do educador na medida em que ele teve de se adaptar aos novos tempos. De acordo com Almeida (2003), os ambientes virtuais surgem como outra realidade na educação e se abrem para a criação de espaços diferentes, principalmente a distância. Nesse contexto, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) surgiram visando apoiar as atividades de educação a distância. Essa revolução digital na educação foi o embasamento para a elaboração do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Especialização em Gestão Educacional em Redes realizada pela Universidade Federal do Piauí. O trabalho de pesquisa objetivou compartilhar informações sobre o uso do aplicativo Telegram entre os alunos do curso de Especialização em Gestão Educacional em Redes da UFPI, como também apresentou os principais recursos possíveis do aplicativo e de como essas fer ramentas poderiam auxiliar no processo de educação em ambiente virtual. Para isso, foram utilizadas estratégias de captação de usuários, envio de postagens informativas para o

grupo, interatividade por meio de troca de mensagens e coleta de dados por meio da aplicação de questionário (Ferramenta Google Docs). Etapas do Projeto AVA/Ead O P r o j e t o AVA / E a d consistiu no uso em educação do comunicador instantâneo Teleg ram como apoio para aprendizagem colaborativa e interação entre grupos de estudo, visando mostrar as qualidades da ferramenta como um meio de comunicação virtual relevante para a construção do conhecimento na educação a distância. O Telegram é um serviço de mensagens instantâneas. Está disponível para smartphones ou tablets, computadores e também como Aplicação web. Os usuários podem enviar mensagens e trocar fotos, vídeos e arquivos de qualquer tipo. Apresenta inúmeras vantagens para grupos de estudo e para tarefas afins por ser rápido e por possuir ferramentas de interação ágeis e eficientes. O projeto foi executado em quatro etapas e com estratégias bem def inidas. Na primeira etapa, de captação de usuários, foi disponibilizado um link para acesso e instalação do aplicativo, Revista Interação ● Edição 13


junto com texto-convite, tendo como alvo principal alunos do próprio curso de Especialização em Gestão Educacional em Redes. Na segunda etapa, os textos e as imagens com conteúdos específicos sobre a utilização do aplicativo foram postados em tópicos que destacaram alguns dos principais recursos do Telegram, como a navegação indexada p or pa lav r a s - ch ave, bu sca específica por links de conteúdo, o agrupamento organizado de usuários citados nas mensagens, entre outros. Na t e rcei r a et apa , os participantes do grupo tornaram o projeto de aprendizagem mais colaborativo na medida em que interagiram em tempo real com o conteúdo postado. A quar t a et apa foi de avaliação do projeto, cuja coleta de dados foi executada utilizando o recurso virtual de formulário de pesquisa online do Google Docs. Nesse processo, foi possível comprovar o uso eficiente do aplicativo Telegram, que possui ferramentas adequadas à troca de informações entre os participantes do projeto, como, por exemplo, recursos que permitem o envio de documentos online nos formatos Word, PowerPoint, Excel, Imagem JPG, PNG, PDF e até o uso do link de vídeo da rede social YouTube, conforme as informações citadas no site oficial do aplicativo (http:// www.telegram.org). O aplicativo, que possui amplo destaque no site de tecnologia TechTudo (www. techtudo.com.br), proporciona a real interatividade e a socialização de conteúdo educativo como proposto no Projeto AVA/Ead. Revista Interação ● Edição 13

Conclusão Os resu lt a dos obt idos revelaram predisposição positiva de todos os participantes no sentido de concordarem com o principal objetivo de estudo do trabalho, que era demonstrar, na prática, o uso do Telegram como uma ferramenta adequada para um processo de ensino colaborativo de aprendizagem a distância. O conhecimento adquirido no grupo proporcionou nova dinâmica para aplicabilidade das atividades em sala de aula ou em a mbientes v i r t u ais. Dessa for ma, contribuiu, ao levar para esses educadores um amplo saber e uma ferramenta que pode tornar o ensino mais interativo, criativo e participativo, t r a n sfor m a ndo o a mbie nt e educacional numa relação que aproxima o aluno do professor, na medida em que proporciona t roca de con hecimentos, fixação de conteúdo e o uso adequado de metodologias e tecnologias associadas, obtendo mais autonomia, motivação e desempenho nas aulas. A conclusão, portanto, é de que o projeto obteve êxito em sua fundamentação teórica e execução. Os resu lt a dos foram amplamente atingidos e demonstraram o quão o aplicativo Telegram pode ser eficiente se aplicado com planejamento para melhor desempenho do ensino com o uso da tecnologia.

distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educ. Pesq. [online], v.29, n. 2, p.327-340, 2003. A R AU J O F R A N C O, M . ; COR DEI RO, Lu c i a n a M.; CASTILHO, Renata A.F. O ambiente virtual de apredizagem e suas incorporação na Unicamp. In: Educação e Pesquisa, São Paulo, FE/USP, v. 29, jul./dez. 2003. T EL EGR A M: veja c omo funciona o aplicativo mensageiro rival do WhatsApp. Veja dicas e aproveite as opções que o app oferece. Disponível em: <http:// www.techtudo.com.br/dicas-etutoriais/noticia/2015/04/confiracomo-configurar-o-telegram-eusar-o-aplicativo.html>. Acesso em: 17 fev. 2016. TELEGRAM MESSENGER. Disponível em: <https://telegram. org>. Acesso em: 10 fev. 2016.

Referências ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Educação a

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Entrevista

Jogos digitais para aprendizagem Por Fernanda Ito Ota

Isa de Jesus Coutinho Finalista do Prêmio Ideias Inovadoras com experiência de jogos digitais na educação infantil; gestora pública; diretora de uma creche; e professora do Ensino Médio; doutoranda em Educação e Contemporaneidade (UNEB); mestra em Medicina e Saúde Humana (EBMSP); especialista em Metodologia da Pesquisa e Extensão em Educação (UNEB) e em Gestão Educacional (UNIFACS); graduada em Terapia Ocupacional (EBMSP) e em Pedagogia (UNEB).

Nesta edição da Revista Interação, entrevistamos a pesquisadora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Jogos Digitais Comunidades Virtuais, Isa Coutinho, que elabora jogos digitais educativos e, atualmente, desenvolve sua pesquisa de doutorado na qual busca definir indicadores de qualidade para jogos digitais com finalidade educativa.

Revista Interação – Como iniciaram as pesquisas relacionadas a jogos? Isa - Em 2002, foi criado o Grupo de Pesquisa Comunidades Virtuais, vinculado à Universidade do Estado da Bahia, com o objetivo de realizar pesquisas na área de cultura digital. Lynn Alves foi a primeira pesquisadora brasileira da área. Em 2005, ela publicou o livro ‘Game Over’, que, na época, trouxe grandes contribuições quando os jogos digitais foram muito bombardeados pela questão da violência. Em 2006, o grupo participou da Chamada Pública MCT/FINEP/MEC – 02/2006 para o desenvolvimento de jogos eletrônicos educacionais. Hoje, esse grupo se transformou em 14

Centro de Pesquisa, sendo o único do Brasil com o objetivo de pesquisar jogos digitais, não apenas para computador, mas aplicativos e tudo o que diz respeito à cultura digital. Conseguimos boa abrangência, de tal forma que, no último relatório do Censo sobre a indústria de jogos, o Grupo de Pesquisa Comunidades Virtuais foi referenciado como o maior produtor de games educativos do Brasil, com 10 jogos desenvolvidos. Os jogos são gratuitos, desenvolvidos com recursos públicos com apoio do CNPQ [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], FAPESBI [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia] e FINEP [Financiadora de Estudos e Projetos]. Alguns desses jogos foram encomendados pela Secretaria de Educação da Bahia para rodar nas escolas. Todo esse contexto possibilitou que a gente fosse sentindo mais vontade de pesquisar essa área de conhecimento. Temos cerca de 30 pesquisadores, entre mestres e doutores, com uma equipe multi r referencial compost a por pedagogos, psicólogos, historiadores, artistas, atores, dentre vários profissionais. O último projeto que vai ser lançado agora é o game book, uma mídia

que possui elemento de jogo e livro com objetivo de contribuir para potencializar as funções executivas. Esse jogo também servirá como um protocolo para ser utilizado na avaliação de pessoas com TDH [Transtorno do déficit de atenção]. RI – Como vocês acreditam que esses jogos podem contribuir com a aprendizagem? Isa - O estudo dos jogos digitais de aprendizagem está em construção. O que se tem de evidência é que os jogos digitais, dentro da nossa proposta, são espaços de aprendizagem. O jogo é um espaço no qual o jogador pode satisfazer curiosidades e, ao mesmo tempo, ser mobilizado para novas descobertas. Nós aprendemos, a partir de problematizações, que é necessário acontecer um desafio para pensarmos a partir do que temos de conhecimentos anteriores e, assim, podermos avançar. O jogo proporciona isso, a capacidade de desenvolver o raciocínio lógico, a resolução de problemas. Nele, existe um processo exploratório, possibilita que o jogador faça descober tas. Mas deve ser considerada a importância da mediação do professor. O jogo, por si só, não possibilita esse processo de ensino-aprendizagem. É Revista Interação ● Edição 13


necessário que exista um mediador que faça a interlocução entre aquilo que a criança interagiu com o jogo e o que pode ser retirado para a vida cotidiana. Sobre esse processo de mediação, Vygotsky fala que somos seres sociais, aprendemos por meio da interação com o outro. Então, esse outro, no momento, pode ser o professor, pode ser o pai, questionando, perguntando. Assim, o jogo, por si só, é um meio, ele não é um fim. Às vezes, as pessoas comentam que o jogo vai substituir o professor, vai substituir a escola: nada vai substituir ninguém. O jogo é uma forma de linguagem contemporânea, no qual os processos de aprendizagem podem ser desenvolvidos e assimilados. RI – Muito se falou da violência nos jogos. Nesse processo de aprendizagem por meio dos jogos, o aluno pode sofrer algum prejuízo? Isa - Na verdade, o processo de violência é multifatorial. A violência não é canalizada só por um aspecto. Existe a violência simbólica, a violência urbana... Então, os jogos são mídias interativas que trazem diversos conteúdos, dentre eles, a violência. Se você for estudar a Idade Média, os filmes épicos são bastante violentos porque retratam a realidade. Nenhuma mídia é neutra. E o conteúdo da violência, apesar de não ser mais como aquele impacto que tinha antes, ele é um conteúdo que ainda existe. Nada pode ser em excesso, o ser humano é um ser de limite. Temos que ter limite para comer, para dormir e para jogar. Se eu disser que o jogo é maravilhoso e a criança tem que jogar o dia todo, isso não é saudável para ninguém. Revista Interação ● Edição 13

Cabe aos pais estabelecer o limite. Agora, o que tem ocorrido é que a maioria das crianças gosta dos dispositivos móveis, então, o que os pais têm feito: a criança está atrapalhando alguma atividade, eles dão o tablet para a criança; eles não conseguem almoçar, dão o tablet para a criança. Então, os próprios pais estão também jogando essa responsabilidade para a tecnologia. Uma coisa é você saber que existem possibilidades de aprendizagem por meio do jogo, outra coisa é você dar o jogo como uma forma para a criança se esquecer do mundo, ao invés de levá-la pra sair, ir à praia, ao parque. A criança não tem dinheiro para comprar um celular, são os pais que compram. É discutível essa questão dos prejuízos, mas considerando o que temos estudado, existem muito mais gratificações do que prejuízos. Nós temos jogos para trabalhar com obesidade, demência, Parkinson, problemas dentários, valores sociais, reabilitação neuropsicológica, News Game (trabalha com notícia), Advergames (jogos com publicidade), então o leque de abrangência dos jogos é amplo diante do que pode se pensar como malefícios. Cabe à família e à escola trazer os limites. RI – E quanto aos limites para os jogos de aprendizagem? I sa - Todos os jogos desenvolvidos pelo G r upo Comu nidades Vir t uais são educativos. A gente pode fazer uma diferenciação entre os educativos e os educacionais. Os jogos educativos são aqueles voltados para os conteúdos curriculares. Já os jogos educacionais são aqueles que foram elaborados não

com objetivo curricular, mas que podem ser utilizados na escola. Por exemplo, o jogo Call Of Duty foi indicado como um recurso para ser estudado para o ENEM. Eu acredito que os jogos digitais com finalidade educativa são jogos mobilizadores que possibilitam que as crianças, por meio deles, busquem informações externas e ampliem seu leque de conhecimento. Com relação aos jogos do Comunidades Virtuais, não existe uma classificação, são jogos livres. O que nós temos são indicações, por exemplo, qualquer criança pode jogar o ‘D.O.M.’. O jogo trabalha a função quadrática, mas o nível de complexidade dele é grande, então, é recomendado para alunos do 1º ano do Ensino Médio. O jogo ‘Guardiões da Floresta’ é mais fácil, então, é recomendado para crianças de 7 a 8 anos. Essas são recomendações, não são proibições. Já os jogos como GTA, e outros mais complicados, são proibidos de acordo com a faixa etária. RI – Há resistência muito grande para “aceitar” o jogo como forma de ensino-aprendizagem? I s a - Si m . Ex i s t e m experiências muito pontuais. Nós estamos fazendo um reestudo do currículo brasileiro, por meio da Base Nacional Comum. De acordo com o MEC, as tecnologias são vistas como suporte, por exemplo, o datashow e a máquina fotográfica. Não há uma concepção na perspectiva de rede de computadores, porque não existe wifi e banda larga em várias partes do Brasil. A infraestrutura também é um empecilho e uma grande dificuldade para as escolas. As escolas particulares, por sua vez, sentem vontade e interesse 15


em trabalhar, mas são resistentes, 18 questões, esse instrumento dizem que você pode aprender assim como a família. Eles acham o é baseado em três dimensões: jogando, fazendo jogos e observando jogo algo exótico. Como meu filho usabilidade, interação do usuário, outras pessoas jogarem. Isso já vem vai para a escola jogar e aprender? e princípios de aprendizagem. Essas acontecendo, muitos jovens passam Essa realidade de resistência das dimensões significam que um jogo horas observando outras pessoas escolas não é só brasileira. No ano com finalidade educativa dever jogando, criando uma interação passado, fiz um estágio na Espanha, ser interessante, divertido, fácil de conjunta. Quatro escolas de São em Madri e em Barcelona, e nós aprender – porque o mundo não Paulo estão utilizando no currículo o percebemos também que ainda é feito de jogadores, ele precisa tema de programação para ajudar as existe essa dificuldade de interagir ser compreendido e entendido crianças, pois melhora o raciocínio com jogos na escola como um –, ter interface interessante para lógico, a resolução de problemas, elemento, como um espaço de que o jogador se sinta motivado que são competências necessárias aprendizagem. Ao longo dos meus a avaliar e precisa ter princípios para o profissional do século XXI. 26 anos de docência, percebo que de aprendizagem: conteúdo e O mercado quer o jovem que traga a escola tem muita resistência conhecimento que seja significativo inovação, que traga a diferenciação, pelo que é novo, só que vivemos de acordo com a realidade do aluno e que possa estar imerso nesse um momento, um caminho sem para que ele compreenda o que mundo tecnológico. Muito embora volta. Não são o professor e o está sendo jogado e gerencie sua o que a gente entende por tecnologia diretor que irão levar o não é só o algoritmo do jogo, jogo para escola, o menino não é só a técnica, mas toda já levou, o jogo já está na Um jogo com finalidade a produção humana que o escola. Se você conversar homem desenvolveu. A educativa dever ser interessante, com adolescentes, eles partir dessa experiência divertido, fácil de aprender – sabem muitas coisas em de jogar, é que existem relação ao cotidiano por porque o mundo não é feito as possibilidades e as meio da mediação com Por isso é de jogadores, ele precisa ser aprendizagens. os jogos. Porém, a escola tão difícil avaliar o processo não sabe lidar com isso, compreendido e entendido de aprendizagem a partir porque os professores não do jogo, porque ele é arte, são jogadores, não têm o tecnologia, narrativa, som, hábito de jogar. Eles não conhecem própria aprendizagem. O professor estética, formas de linguagem. A e também precisam ser acolhidos. irá jogar o jogo e sinalizar, a partir mídia é rica. O jogo é a forma de dessas dimensões, quais são as interação mais completa que existe. O RI – Como sua pesquisa potencialidades. O total desse MEC [Ministério da Educação] tem contribui nesse contexto? instrumento é 90. Então, se ele comprado e referenciados projetos I sa - Minha pesquisa conseguiu até 80, significa que é um dessa área, mas os debates sobre faz a seguinte pergunta: o que, bom jogo para aprendizagem; se for aprendizagem escolar mediada pelos realmente, é um jogo de qualidade inferior a 45, já não é apropriado. jogos são muito mais acadêmicos do para finalidade educativa? Dessa que escolares. A gente imagina que maneira, eu estou elaborando RI – Como você vê, para os isso está mudando, mas ainda levará um instrumento para ajudar os próximos anos, a aceitação dos um tempo. É necessária uma política professores a identificar indicadores jogos na aprendizagem? de qualificação dos profissionais, de qualidade para jogos digitais com Isa - É um conhecimento para que eles possam compreender, finalidade educativa. Já desenvolvi em expansão. Existem escolas que e a primeira coisa que eles podem e o instrumento, testei com um grupo já estão introduzindo conteúdo de devem fazer é jogar, é interagir com de especialistas, de desenvolvedores, programação no currículo para a mídia, porque aí, sim, eles poderão e agora vou testar com um grupo que as crianças desenvolvam seus descobrir o que realmente contribui de professores. Composto de próprios jogos, pois há autores que para essa aprendizagem. 16

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Perfil do Aluno de EaD Por Indira do Vale

você investir em um curso a distância?’. O meu curso durou quatro anos e meio, foi um curso bem proveitoso, eu Cinthia Ferreira aprendi muita coisa, porque na EaD, é necessário ter autodisciplina, porque se você não tiver, você não Cinthia Milânia Cardoso consegue levar o curso adiante. O Fer reira, 29, é nat u ral do curso a distância se torna muito município de Angical do Piauí. mais difícil do que o presencial, Em 2006, iniciou seus estudos na Universidade Estadual do Piauí porque não tem ninguém para ficar te cobrando como na sala de aula (UESPI) na modalidade presencial, de um presencial. A gente tem que no curso de Licenciatura em parar, estudar, pesquisar, responder História, em Amarante, curso do as atividades nos prazos corretos, qual gostava, mas ainda não era acessar sempre o sistema com exatamente a carreira almejada. Em 2008, Cinthia ingressou no curso frequência. Durante o curso, eu não fiquei reprovada em nenhuma de Bacharelado em Administração disciplina, sempre fui muito na modalidade a distância, ofertada disciplinada”, explica Cinthia. pela Universidade Federal do Piauí Em 2010, Cinthia passou no (UFPI), por meio do Centro de Educação Aberta e a Distância Processo Seletivo para Professor Substituto da Secretaria da (CEAD), no polo de Água Branca. Educação do Estado do Piauí A partir daí, Cinthia dividia sua (SEDUC-PI) para lecionar a rotina entre os dois municípios e disciplina de História, durante as duas modalidades de ensino: durante a semana, estudava no três anos, o que, por um lado, lhe enriqueceu com a experiência em curso presencial de História em sala de aula, e, por outro, ampliou Amarante; e, nos finais de semana, a responsabilidade nos estudos. dedicava-se ao curso em EaD de Cinthia se mudou para Bacharelado em Administração em Água Branca. Teresina em 2012, onde exercia o e st ág io obr igat ór io e m “Quando descobriam que eu estava fazendo um curso a Administração na Secretaria de Administração e Recursos distância, as pessoas diziam: ‘Ah, tá fazendo um curso a distância?! Humanos de Teresina (SEMA). Paralelo ao estágio, atuou como Esses cursos nem têm qualidade. tutora pela SEDUC-MA, na cidade Será se realmente vale a pena Revista Interação ● Edição 13

de Timon (MA), em cursos técnicos na área de Administração. Cinthia acredita que a EaD é uma modalidade de ensino que tem superado os desafios e a discriminação: “A EaD é uma tendência, hoje há uma aceitação maior, a EaD rompe barreiras e também vem driblando a discriminação que antes sofria”. Depois de concluir o curso de Administração, Cinthia ingressou na especialização em Gestão Pública do Programa Nacional de Formação em Administração Pública (PNAP), ofer tado pelo CEA D/ U FPI. Atualmente, Cinthia é especialista em Administração Pública (PNAP/ CEAD/UFPI); especialista em História Cultural, pela UESPI, atua como tutora a distância do curso de Administração no polo de Água Branca, é apoio Logístico do curso de Licenciatura em História do CEAD/UFPI, é estudante de Bacharelado em Direito, na UESPI, e pretende seguir carreira na área da Administração Pública por meio de concursos públicos.

“A EaD é uma tendência, ela rompe barreiras e também vem driblando a discriminação que antes sofria” 17


UFPI lança maior vestibular de Educação a Distância do Brasil Por Ascom UFPI

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o dia 30 de setembro, foi realizada a solenidade de lançamento do edital EaD 2017 da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o maior vestibular de Educação a Distância do Brasil. O evento aconteceu no Salão Nobre da UFPI e teve a presença do reitor, professor doutor José Arimatéia Dantas Lopes; da vicereitora, professora doutora Nadir do Nascimento Nogueira; do governador Wellington Dias; da secretária Estadual de Educação, Rejane Dias; do diretor do Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFPI), professor doutor Gildásio Guedes Fernandes; e de coordenadores de polos de apoio presencial de ensino a distância.

Serão ofertadas 9.310 vagas para 14 cursos de Graduação, distribuídas em 39 polos no Piauí e dois polos na Bahia. As oportunidades de formação são para os cursos de Bacharelado em Administração, Administração Pública e Sistemas de Informação; e para as Licenciaturas em Computação, Filosofia, Geografia, Letras-Português, Matemática, Pedagogia, Física, Letras-Inglês, Química, Biologia e História. Para o Reitor da UFPI, professor doutor José Arimatéia Dantas Lopes, é muito importante a modalidade de ensino a distância para a sociedade: “Essa forma de educação dá oportunidade não apenas para os jovens que não têm condições de se deslocar para outra cidade para cursar o ensino

Membros do grupo: Luciana Fonseca; Pablo Santana; Ana Belisa Figueredo; José Carneiro Vanderlei; Francisca Cardoso e Helena Ferreira

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Reitor da UFPI fala sobre a importância da EaD

superior, mas àquelas pessoas que perderam a chance de fazer o ensino na juventude e agora têm a oportunidade de cursar a distância. Apesar do preconceito no começo, é preciso que se diga que a qualidade do ensino não depende da modalidade, mas da equipe que executa esse estilo de ensino, e a nossa equipe tem mostrado que é boa no que faz, então, a qualidade do ensino a distância tem a mesma qualificação do ensino presencial”, frisou. O governador Wellington Dias falou sobre os investimentos que vão melhorar as condições de acesso às novas tecnologias com a ampliação da conexão à internet e cobertura de eletricidade e de comunicação, com recursos do banco mundial: “Vamos garantir transformador e gerador em alguns municípios e ampliação Revista Interação ● Edição 13


do alcance e da velocidade da internet com algo entre dez e 30 mega para Parnaíba e Picos. São 100 milhões de recursos do Estado e 300 milhões do setor privado. A Secretaria Estadual de Educação vai trabalhar para garantir a reforma do espaço físico para que os estudantes possam ter mais conforto”, esclareceu.

Diretor do CEAD/UFPI, Gildásio Guedes; vice-reitora da UFPI, Nadir Nogueira e reitor, professor doutor José Arimatéia Dantas Lopes

a iniciativa é uma forma de oportunidade para aqueles que desejam ingressar na universidade. “Essa modalidade de ensino é importante, especialmente pela oportunidade àqueles que moram em cidades menores e não têm

condições de morar em outras cidades, assim, terão acesso a uma educação de ensino superior de qualidade, como é na UFPI. Por meio do vestibular a distância, os beneficiados serão os estudantes e os municípios”, afirmou.

Governador Wellington Dias participa da solenidade

O diretor do CEAD, professor doutor Gildásio Guedes Fernandes, explicou como irão funcionar os cursos: “Uma característica dessa modalidade é a possibilidade de ser totalmente a distância ou híbrida, sendo uma parte presencial e outra a distância. A nossa tecnologia é hibrida, tendo 20% da carga horária totalmente presencial com professores em sala de aula em vários polos e 80% da carga horária de forma a distância na plataforma ou em outro meio de comunicação”. Segundo o coordenador de tutoria do curso de Licenciatura em Química a distância, professor doutor Marinaldo Carvalho, Revista Interação ● Edição 13

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Blended Learning: Os benefícios das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em uma sala de aula invertida, aplicados ao processo de Educação a Distância

Prof. Vinícius Ponte Machado Doutor em Engenharia Elétrica e de Computação (UFRN) Membro do PPGCC/UFPI. vinicius@ufpi.edu.br

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ste ensaio apresenta uma discussão sobre os benefícios proporcionados pelo uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em uma sala de aula invertida, a qual combina encontros presenciais e a distância, mais conhecida como metodologia Blended de Educação a Distância (EaD), de maneira a facilitar o processo de ensino-aprendizagem, por meio do compartilhamento de informações e da interação entre alunos e professores e/ou tutores. Diversos conceitos de negócios foram criados e remodelados a partir da internet.

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Aline Montenegro Leal Silva Coord. de Tutoria do curso de Lic. em Computação do CEAD/UFPI Mestranda em Ciências da Computação (UFPI) alineleal5@yahoo.com.br

Expressões como e-commerce, e-business, e-book e I fazem parte do cotidiano das corporações. A essas expressões, juntou-se o termo e-learning (aprendizado eletrônico), que tem como meta prover a educação institucional de uma série de facilidades quando em conjunto com certa infraestrutura tecnológica (GUEDES, 2010). Já o blended learning, ou b-learning, é um derivado do e-learning e refere-se a um sistema de formação que combina atividades presenciais e atividades educacionais a

distância, realizadas por meio das TIC. Há diferentes maneiras de combinar as atividades presenciais e a distância, sendo a sala de aula invertida ou flipped classroom, uma delas. Segundo essa abordagem, o conteúdo e as instruções sobre um determinado assunto curricular não são transmitidos pelo professor em sala de aula. O aluno estuda o material antes de frequentar a sala de aula que passa a ser o lugar de aprender ativamente, realizando atividades de resolução de problemas ou projetos, discussões, atividades Revista Interação ● Edição 13


de laboratórios etc., com o apoio do professor e, colaborativamente, dos colegas (VALENTE, 2014). As TICs podem ser consideradas como um conjunto de recursos tecnológicos, os quais permitem maior facilidade no acesso e na disseminação de informações (FARIAS, 2013). As ferramentas tecnológicas são utilizadas na EaD com o propósito de facilitar os processos de comunicação e de interação em uma sala de aula invertida. Por exemplo, blog, chat, correio eletrônico, fórum de discussão, redes sociais, vídeo-aulas, videoconferência. Segundo Valente (2014), em uma sala de aula invertida, a grande colaboração entre alunos e a interação e o compartilhamento de informações entre aluno e professor/tutor, proporcionados pelas TICs, são aspectos fundamentais do processo de ensino-aprendizagem da EaD, tendo em vista que as salas de aula tradicionais não incentivam esses aspectos. Essa discussão favorece a compreensão de que, por meio

do blended learning, em uma sala de aula invertida, fazendo uso das ferramentas tecnológicas provenientes das TIC, a interação entre os estudantes e seus professores/tutores torna-se maior, assim como o compartilhamento de informações entre esses, contribuindo, assim, para a eficácia do processo ensinoaprendizagem na EaD. Referências FARIAS, Suelen Conceição. Os benefícios das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no processo de educação a distância (EaD). Rev. digit. bibliotecon. cienc. inf., Campinas, SP, v.11, n.3, p.15-29, set/dez. 2013. GUEDES, Gildásio. Introdução a Educação a Distância. Teresina: EdUFPI, 2010. VALENTE, J. A. Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da sala de aula invertida. In: Educar em Revista, Curitiba, Editora UFPR Edição Especial n. 4, p. 79-97, 2014.

Portal UAB - Universidade Aberta do Brasil www.uab.capes.gov.br Universidade Federal do Piauí www.ufpi.br CAPES www.capes.gov.br

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Fadex celebra acordo de parceria com Uespi e IFPI e articula atuação junto às Câmaras Setoriais do Estado Por Celina Honório

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Fundação Cultural e de Fomento à Pesquisa, Ensino, Extensão e Inovação (Fadex), além de apoiadora da Universidade Federal do Piauí (UFPI), será também fundação de apoio da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e do Instituto Federal do Piauí (IFPI). A parceria com as instituições foi formalizada no mês de setembro, por meio da assinatura de uma carta de intenções cujo objetivo foi instituir a Fadex como apoiadora das três entidades, oferecendo suporte técnico e administrativo nos projetos de ensino, pesquisa, extensão, inovação e desenvolvimento institucional. A reunião aconteceu no salão nobre da Reitoria da UFPI. De acordo com o superintendente da Fadex, Prof. Dr. Lívio Nunes, o processo que garante a parceria já foi encaminhado para registro e credenciamento junto ao Ministério da Educação e ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e a união entre as instituições vem para fortalecer o desenvolvimento

do estado. “A UFPI, a Uespi e o IFPI são as maiores instituições de pesquisa do Piauí. Com essa parceria, nós poderemos formar equipes de pesquisadores para tocar vários projetos que o estado precisa e merece para se desenvolver”, destacou o superintendente. Em seu pronunciamento, o reitor da UFPI, Prof. Dr. José Arimatéia Dantas Lopes, frisou que a nomeação do superintendente da Fadex foi importante para alavancar novos projetos de pesquisa. “As últimas mudanças da Fadex vieram para revolucionar a Fundação. Em pouco tempo já conseguimos a aprovação do Conselho Diretor para permitir que ela apoie outras instituições”, explicou Arimatéia Dantas. Lívio Nunes ressaltou que o seu trabalho à frente da Fundação e as ações que vem desenvolvendo como superintendente da Fadex representam a consolidação de um planejamento estratégico desenvolvido pela instituição. ”A Fadex conta com uma equipe

Assinatura da carta de intenções reuniu representantes da Fadex, da UFPI, da Uespi, do IFPI e do Governo do Estado.

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competente e preparada, coordenada pela diretora executiva, Dóris Amorim. A carta de intenções só pôde ser concretizada por conta da capacidade técnica da fundação. Nosso setor financeiro, contábil e jurídico está preparado para receber os projetos das três instituições de ensino”, garantiu o professor.

Com essa parceria, nós poderemos formar equipes de pesquisadores para tocar vários projetos que o estado precisa e merece para se desenvolver. O reitor da Uespi, Prof. Dr. Nouga Cardoso, enfatizou a importância dessa parceria interinstitucional para o fomento da pesquisa do Piauí. “É uma alegria ingressar nesta parceria como instituições que vão ser apoiadas pela Fadex. Essa oportunidade de unir os projetos das três instituições sob a gerência de uma instituição única, séria, oferece uma segurança muito grande, uma vez que a Fundação conta com know-how e expertise reconhecidos no Piauí”, declarou Nouga Cardoso.

Professores destacam a importância de ter a Fadex como apoiadora.

Segundo o reitor do IFPI, Prof Dr. Paulo Henrique Gomes, o desenvolvimento socioeconômico e sustentável do Piauí passa pelo incentivo à ciência, tecnologia e inovação. “Essa articulação entre as instituições certamente vai fortalecer as nossas capacidades operacionais e técnicas, a fim de fornecer soluções para os problemas sociais, ambientais e do setor produtivo”, avaliou o reitor. Outras parcerias

Além de celebrar a parceria com a Uespi e o IFPI, a Fadex avança mais um passo. Considerando o novo cenário que se configura em nível estadual para a formação de alianças estratégicas, a Fundação irá apoiar o Governo do Estado, por meio da integração entre os entes públicos, privados e a academia – por meio do Núcleo de Estudos Estratégicos (NEE) da UFPI. Presente ao ato de assinatura da carta de intenções, o representante das Câmaras Setoriais da Secretaria de Governo (Segov), Sergio Vilela, explicou que o Governo vem criando câmaras para apoiar e desenvolver diferentes setores econômicos no estado. “As Câmaras Setoriais visam o desenvolvimento econômico, social e sustentável do estado, promovendo ações conjuntas para o avanço da inovação e das tecnologias. A Fadex virá a somar, pois oferecerá os subsídios e o apoio técnico e científico para desenvolver ainda Fundação articula parcerias com instituições de ensino superior e com o Governo para a realização mais as câmaras”, explicou Vilela. de ações conjuntas de fomento à inovação.

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A Educação a Distância no contexto da Cibercultura

Kairon Pereira de Araújo Sousa Psicólogo, Especialista em Saúde da Família - CEAD/UFPI batepapo.psicologia@hotmail.com

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cibercultura1 é a cultura da contemporaneidade que se caracteriza pelo conjunto “[...] de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”2 (LÉVY, 2010, p. 17). Também chamada de cultura digital. O ciberespaço “[...] é o hipertexto mundial interativo, onde cada um pode adicionar, retirar e modificar partes dessa estrutura telemática, como um texto vivo, um organismo auto-organizante” (LEMOS, 2002, p. 131), ou seja, é “[...] ambiente de circulação de discussões pluralistas, reforçando competências diferenciadas e aproveitando o [...] conhecimento que é gerado dos laços comunitários, podendo potencializar a troca de competências, gerando a coletivização dos saberes” (LEMOS, 2002, p. 145). 1 2

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Em outras palavras, é a cultura que emerge com o advento da internet e a incorporação de novas mídias, promovendo novas formas de interação e de aprendizagem. Nesse contexto, podemos pensar, a partir da cultura digital, em um momento de reconstrução da própria conjuntura educacional no que diz respeito à EaD, pois, como aponta Pesce (2011, p. 10), “[...] a cibercultura traz vastas possibilidades para se repensar as hegemônicas práticas de Educação a Distância (EaD)”. Nesse ensaio, procuraremos discutir algumas mudanças na EaD provocadas pela introdução das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs). Para tanto, tomaremos como base as seguintes questões: o que mudou na EaD a partir da cibercultura? Quais as perspectivas para a EaD no cenário da cultura digital? Para tentarmos responder a essas perguntas, é importante realizarmos uma breve reflexão a respeito da educação a distância no Brasil. Como se sabe, a EaD inicia-se no país tendo como base um modelo de ensino no qual a relação entre os sujeitos da comunicação e/ou da aprendizagem, separados entre si pelas distâncias geográficas, ocorria por meio de recursos materiais e midiáticos, como apostilhas impressas, fitas

cassetes, rádio, TV, etc. Nessa fase, a mediação era realizada por meio de instrumentos de massa “[...] em que o aluno seguia seu percurso de formação, com o apoio dos materiais au­ toinstrucionais e, eventualmente, contava com algum tipo de interação com a equipe de formação, por carta ou telefone” (PESCE, 2011, p. 10). Como se pode observar, existiam limitações comunicativas entre os agentes do conhecimento, isto é, a interação entre eles era afetada pela ausência de mecanismos tecnológicos capazes de encurtar a distância geográfica que os separava. Contudo, a partir da cibercultura, de acordo com Lemos (2002, p. 11-12, grifo nosso), “[...] os espaços culturais multiplicaramse e enriqueceram-se. [...] Aprenderemos as regras sempre móveis da colaboração criativa e da inteligência coletiva em um universo onde se misturam fontes de sentido sempre mais heterogêneas”. Essas verificações de Lemos (2002) nos ajudam a perceber algumas das modificações produzidas na EaD a partir da cibercultura. Com o surgimento da internet e incorporação de ferramentas tecnológicas que passam a representar a base ou a estruturar a forma de se Revista Interação ● Edição 13


ensinar, aprender, relacionar e compartilhar, bem como as relações entre os professores e estudantes, a educação a distância ganha outros contornos que contribuem para sua ampliação e consolidação como modelo de ensino. Umas dessas mudanças se refere à própria mediação da educação que, agora, passa a incluir recursos tecnológicos (TICs) que reduzem a distância entre os atores educativos (professor e aluno), “[...] proporcionando encontros e diá­logos síncronos e assíncronos e instituindo novas possibilidades de presencialidade em redes educativas variadas” (SANTOS, 2011, p. 6). O que a autora pretende destacar é que, no âmbito da cibercultura – na qual existe uma rede que conecta os indivíduos entre si, permitindo um encontro social entre eles (mesmo estando em lugares dispersos) –, a terminologia educação a distância parece não ser mais tão apropriada, uma vez que, no mundo digital, as pessoas estão cada vez mais próximas. É, por isso, que muitos pesquisadores preferem adotar o termo educação online, em substituição a educação a distância. Outra mudança perceptível, a partir da cibercultura, diz respeito à aprendizagem dos participantes construída de maneira colaborativa. Essa é uma questão importante, uma vez que a aprendizagem não ocorre apenas pela mera assimilação de informações oriundas de uma única parte (normalmente, do professor formador), mas é formulada por todos os envolvidos, implicando em Revista Interação ● Edição 13

subjetividades diversas que atuam na produção de conhecimento. Dessa maneira, o ciberespaço é o locus que possibilita o diálogo e a troca de informações, ou seja, a construção compartilhada do saber, de modo que cada participante contribui para que ele seja tecido. A diferença que se nota é que o processo educativo deixa de ser algo com direção única, caracterizado por verticalidade na relação entre professores e alunos, para se tornar um espaço de interatividade, implicando em horizontalidade no contato entre eles. Destarte, a aprendizagem é formulada a partir de um modelo construtivista e interacionista. Nesse cenário da cultura digital, a EaD vivencia um momento de perspectivas no tocante à difusão do seu ensino no país, principalmente pela nova forma se de conceber a educação, com base na cibercultura. A partir dessa lógica, o espaço da aprendizagem deixa ser algo restrito ao ambiente físico tradicional das escolas ou mesmo das universidades, constituindose em ciberespaços de recepção, de produção e de difusão de informações, provocando um impacto na educação, possibilitando, assim, um repensar das práticas educativas conservadoras e ressignificando a educação. Ademais, no período da chamada geração dos nativos digitais, em que, desde a mais tenra idade, os sujeitos já têm contato com as mais diversas formas de tecnologias de informação e comunicação, relacionando-se virtualmente, a educação online surge como uma proposta de ensino que se ajusta perfeitamente

ao perfil destes indivíduos. Considerando a exposição acima, pode-se afirmar que a cibercultura contribuiu para o desenvolvimento, a atualização e/ou a ampliação da EaD. Por meio de dispositivos tecnológicos, permitiu a interação dos indivíduos, mesmo estando em espaços geográficos distintos, reconfigurando as práticas massivas tradicionais, com uma nova forma de se ensinar e de aprender, baseada na colaboração ativa entre os sujeitos participantes, na qual cada membro da comunidade virtual pode produzir e compartilhar conhecimentos com o outro (numa troca contínua de informações). Além disso, na cultura digital, não podemos mais pensar, como espaços da aprendizagem formal, apenas os ambientes físicos tradicionais das instituições de ensino, já que, na cibercultura, ela (aprendizagem) ocorre em ciberespaços abertos e dinâmicos. Referências LEMOS, A. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002. LÉVY, P. O que é virtual? São Paulo: Editora 34, 2010. PESCE, L. EAD: antes e depois da cibercultura. Boletim informativo da TV Escola/ salto para o futuro, n. 3, p. 32, abr. 2011. SANTOS, E. (2011, abril). Cibercultura: o que muda na educação (Introdução). Boletim informativo da TV escola/ salto para o futuro, n. 3, p. 32, abr. 2011.

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UFPI realiza Simpósio Internacional Por Fernanda Ito Ota

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Foto: Fernanda Ito Ota

iscutir o impacto das novas tecnologias na educação foi o objetivo do I Simpósio Internacional de Comunicação, Educação e Tecnologias, realizado nos dias 15 e 17 de junho. O primeiro dia do evento contou com mais de 300 participantes no auditório do Centro de Ciências da Educação (CCE) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina. Pela manhã, os melhores trabalhos de conclusão de curso dos alunos de Especialização em Gestão Educacional em Rede, ofertado pelo Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD/ UFPI), foram apresentados no hall do auditório do CCE. As pesquisas envolviam temas relaciona dos ao A mbiente Virtual de Aprendizagem (AVA),

juntamente com as tecnologias, as redes sociais e as ferramentas da Web. A especialização em Gestão Educacional em Rede teve início em 2014 sendo ofertada em 12 polos da Universidade Aberta no Piauí: Esperantina, Picos, Pio IX, Anísio de Abreu, Barras, Regeneração, Corrente, Piripiri, Luís Correia, Marcos Parente, Valença e Teresina. De acordo com o coordenador do curso, Gustavo Said, a especialização é referência na área porque visa alertar àqueles que trabalham com ensino para a necessidade de utilização das tecnologias de comunicação e de seus inúmeros suportes e plataformas. “Ninguém pode pensar mais em ensino apenas como ambiente em sala de aula. As coisas podem acontecer fora dela. Por que não utilizar o WhatsApp, por exemplo,

Prof.ª Dr.ª Lívia Fernanda Nery e Prof. Dr. Gustavo Said

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e demais redes sociais com propósitos pedagógicos? Talvez esse seja o grande alerta do curso. Cada vez mais o conhecimento é paut ado nessa lógica de interatividade e de coparticipação, tornando-se um empreendimento coletivo”, explica Said. Para a idealizadora da especialização, professora Lívia Nery Fernandes, o curso é voltado para diversos públicos, abrangendo a área de informática, material didático, pedagogos, gestores, professores de disciplina, em que cada um desenvolve sua habilidade dentro da gestão em rede. “Por meio de um edital da CAPES, que possibilitava a criação de novas perspectivas, tivemos a oportunidade de ofertar a especialização. Vi a necessidade dessa correlação no âmbito da educação mediada por tecnologias para que os profissionais envolvidos nos processos de for mação pudessem ter conhecimentos comu n icacionais. Podemos observar nos trabalhos apresentados no Simpósio que cada pesquisador vai puxando para sua habilidade, para sua área. Cada um desenvolve uma competência para melhor trabalhar essa sala de aula digital”, declara Lívia Nery Fernandes. Trabalhos Um a d a s alu n a s que apresentou trabalho foi Andréia Vitor i no, que coordena o laboratório de informática do Instituto Monsenhor Hipólito, Revista Interação ● Edição 13


Revista Interação ● Edição 13

Foto: Fernanda Ito Ota

em Picos. Segundo a pedagoga, a especialização serviu de guia para ela entender como é necessário o processo educomunicativo para chegar a uma pedagogia comunicativa. “A aprendizagem hoje não está presa apenas na escola. Ela é ampla e a internet possibilitou isso. Decidi fazer a especialização porque acredito que a tecnologia é um meio eficaz para contribuir no ensino-aprendizagem”, ressalta. Ut i l i z a r o Fa c e b o o k como um Ambiente Virtual de Aprendizagem foi o trabalho proposto por Samara Costa e Juvenal Oliveira. A ideia da dupla foi fazer com que as pessoas pudessem interagir sem que tivessem que sair da plataforma que estavam. Para Samara, a temática das redes sociais aliadas ao processo de ensino-aprendizagem sempre deve ser instigada: “Antigamente, os formadores de opinião eram os livros, a família, a escola, a igreja e o meio social onde você estava inserido. Hoje, os meios de comunicação são a principal fonte de informação, principalmente as redes sociais. O educador atual precisa trazer as redes sociais para dentro da sala de aula fazendo delas aliadas nessa construção do conhecimento”, afirma. Já a concludente Maria da Luz Oliveira teve como pesquisa a criação de um site para que as pessoas com necessidades educacionais especiais pudessem utilizar um Ambiente Virtual de Aprendizagem, contendo toda a estrutura do que eles viam em sala de aula. Maria da Luz é graduada em Licenciatura em Computação e acredita que os formados em sua área precisam utilizar

Aluna Andréia Vitorino

e desenvolver as ferramentas tecnológicas para a educação já que estão envolvidos diretamente na parte técnica. Visitantes Uma caravana veio do município de Pastos Bons – MA, cerca de 350 quilômetros de Teresina, com 43 alunos do Centro de Tecnologias Educacionais e Consultoria (CETEC) para pa r t icipa rem do Si mpósio Internacional. Segundo a coordenadora do CETEC, Laize Curcino, a caravana possui alunos das áreas de Pedagogia, Educação Física e dos cursos técnicos. “Nosso Centro oferta cursos semipresenciais, dessa forma, a ideia era trazer os alunos para que pudessem participar desta temática da educação e tecnologia e associar às suas áreas, analisando de que forma podem utilizar essas ferramentas digitais para ajudálos”, explica. Palestras Durante a tarde, para iniciar a série de palestras, formaram a mesa

de honra o diretor do CCE, José Augusto Sobrinho; representando a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí, Iolete Soares; representando o Programa de PósGraduação em Comunicação da UFPI, Paulo Fernando Lopes; o coordenador da especialização, Gustavo Said; e o diretor do CEAD, Gildásio Guedes. Em seguida, o professor estadunidense David Gunkel, de Illinois, Estados Unidos, ministrou a palestra “Alternando perspectivas: educação a distância e o futuro da universidade”. Gunkel defende a incorporação das ferramentas tecnológicas no aprendizado para ajudar nos modos de ensinar. Para ele, devemos abrir as possibilidades para os cursos online e tentar saber o que pode e o que será possível fazer. A professora Mabel Calderín, da Universidade Católica de Caracas, na Venezuela, ministrou a segunda palestra da tarde, intitulada “Cultura científica em matéria de gestão documental: estratégias de busca e recuperação de informação”, na qual deu dicas para auxiliar os pesquisadores na 27


Foto: Fernanda Ito Ota Mesa de honra dá início à série de palestras

Segundo dia O evento encerrou sua programação no dia 17, em Parnaíba, município localizado a 336 quilômetros ao norte da capital piauiense. As palestras e os debates aconteceram no auditório do Liceu Parnaibano e contaram com a presença do diretor do CEAD, Gildásio Guedes; do diretor do Campus da UFPI de Parnaíba, Alex Marinho; do coordenador do Curso de Especialização em Gestão Educacional em Rede, Gustavo Said;

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e da professora do curso de Psicologia da UFPI, Monalisa Xavier. Para o estudante do curso de Psicologia do Campus de Parnaíba, Jader Sales, os debates contribuíram também para sua área: “No grupo de estudos que participo, temos abordado muito a questão do sujeito contemporâneo que se revela através das redes sociais e da comunicação. Essa comunicação não só através de vias como a televisão, mas a partir da comunicação pessoal, visual e auditiva. Ouvir estes teóricos tem sido uma grande troca de experiências”, afirma Jader.

Foto: Fernanda Ito Ota

construção e no desenvolvimento de seus trabalhos. A professora doutora Lívia Fernanda Nery e o professor doutro Carlos Alberto Messeder, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foram os últimos palestrantes da noite. Nery apresentou sua pesquisa sobre a experiência da educação a distância no Piauí, demostrando dados quantitativos e identitários do perfil dos alunos do sertão piauiense. O professor Carlos Messeder finalizou o primeiro dia do evento palestrando sobre a comunicação em rede e seu impacto na educação.

Livro Ao f im das palest ras, foi realizado o lançamento do livro Tecnologias Midiáticas e Subjetividade, organizado pelo professor Gustavo Said, e que conta com a participação de professores como Ciro Marcondes Fil ho ( USP), I r v Gold ma n (Windsor University), Pedro Russi (UNB), Lauren Colvara (UNIFEI) e membros da UFPI. A obra contém nove artigos tratam dos modos de subjetivação na contemporaneidade a partir de abordagem interdisciplinar e transversal. O I Simpósio Internacional de Comunicação, Educação e Tecnologias teve realização da UFPI por meio do Grupo de Est udos e Pesquisas em Comunicação, Identidades e Subjetividades, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCom), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (FAPEPI) e o Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFPI).

Palestras lotaram o auditório do CCE

Revista Interação ● Edição 13


DICAS DE LIVROS

As 10 Faces da Inovação Tom Kelley

A obra trata do modo como as pessoas e as equipes colocam em prática métodos e técnicas que infundem no empreendimento o espírito contínuo da evolução criativa, captando e aproveitando as oportunidades. Apresentando as dez personalidades da inovação (colaboradores, diretores, contadores de histórias etc.), Tom Kelley revela a cultura organizacional que faz da Ideo uma das empresas de design mais reconhecidas do mundo. Este livro mostra casos recentes de inovação – como da Scotch Tape, da 3M e do cinto de segurança three-point da Volvo – que deram certo e transformaram a trajetória de grandes empresas.

Redes Sociais na Internet Raquel Recuero

O livro trata de um fenômeno que toca milhares de usuários ao redor do mundo, as redes sociais na Internet. Se você tem um perfil no Facebook, se lê ou produz um blog, se coloca seu quotidiano no Twitter, se lança fotos no Flickr ou em Fotologs ou vídeos no YouTube, se acessa redes profissionais no LinkedIn ou participa de fóruns ou grupos de discussão, a leitura deste livro é imprescindível. Com ele, vai aprender como os atores sociais criam conexões e aumentam o seu capital social, como as redes servem de metáfora para novos agrupamentos sociais, como as dinâmicas temporais das conexões na Internet evoluem em processos de cooperação, competição e conflito. O livro de Recuero ajuda a entender como as redes sociais na Internet são instrumentos de colaboração e de produção de conhecimento, e como devemos aprender a usá-los para ampliarmos a nossa ação sobre o mundo.

Revista Interação ● Edição 13

Jogos Digitais e Aprendizagem: Fundamentos para uma prática baseada em evidências Lynn Alves e Isa de Jesus Coutinho

Este livro tem como objetivo socializar as investigações que vêm sendo realizadas por pesquisadores brasileiros, portugueses e espanhóis em torno das distintas relações que as pessoas – desde as crianças até os idosos – estabelecem com os jogos digitais. São 15 capítulos, nos quais cada pesquisador traz um pouco da sua experiência com jogos, apresentando algumas evidências de estudos e revisões sistemáticas. A obra é um convite para que estudantes, pesquisadores, pais, legisladores e desenvolvedores possam dialogar e subsidiar novas práticas de avaliação de jogos digitais baseadas em evidências, bem como políticas que promovam a abertura de editais e linhas de financiamento que apoiem a produção de games voltados para os cenários escolares.

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O ALUNO SURDO E O USO DE TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA EDUCAÇÃO A DISTANCIA

Amanda Beatriz de Araújo Sousa Mestra em Letras (UFPI) Professora da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) amandabeatriz19@hotmail.com

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tualmente, vivenciamos tempos de facilidade de acesso à comunicação, devido ao desenvolvimento das novas tecnologias da informação. Isso também possibilita a capacitação de pessoas em seus mais diversos setores por meio do uso de tecnologias variadas. Dentro desse universo tecnológico, é possível utilizar aparelhos como notebooks, tablets, computadores pessoais, smartphones e aplicativos neles contidos como suporte das novas tecnologias educacionais para o aprendizado em ambiente virtual, por meio da Educação a Distancia (EaD), que é uma modalidade de

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Andréia Alves Portela Neves Especialista em Libras (NEAD/UESPI) Professora da Prefeitura Municipal de União andreiaapneves@gmail.com

ensino na qual o aluno e o professor não têm a exigência de estar em um determinado espaço físico para ter acesso ao ensino, pois a interação e o ensino acontecem no ambiente adequado denominado ambiente virtual de aprendizagem (AVA), o qual propicia aos discentes maior autonomia em sua aprendizagem. No que tange à formação pessoal do indivíduo para complementação do seu conhecimento científico, a EaD vem sendo bastante utilizada devido às várias vantagens que ela oferece. Então, sentimos a necessidade de questionar: essa modalidade de ensino, que surgiu como alternativa de ensino-aprendizagem, diante

Clécio Francisco Vieira de Sousa Especialista em Libras Professor no Colégio Técnico de Bom Jesus (UFPI) cleciodesousa@gmail.com

das dificuldades de acesso, pode vir a ser utilizada por um público que necessita romper barreiras educacionais e busca constantemente maior espaço no cenário educacional como o surdo? O aluno surdo tem grande afinidade com a EaD, visto que ela, em sua forma de apresentação, utiliza bastante a linguagem visual, que vai ao encontro da forma de comunicação do surdo (modalidade visual-espacial), bem como os benefícios, como baixo custo e a não necessidade de deslocamento também são itens que favorecem a inserção do surdo nessa modalidade educacional, surgindo, assim, como uma Revista Interação ● Edição 13


possibilidade de formação em que necessita apenas de recursos adicionais para adequar a EaD a primeira língua do surdo – Libras. EaD e o aluno surdo: possibilitando um aprendizado significativo. A EaD é capaz de atender às aspirações de universalização e inclusão do ensino, como também as necessidades de instrução do surdo com grande proveito e qualidade, e como meio para permanente atualização dos conhecimentos. Para o surdo, a acessibilidade à EaD se faz com o uso de tecnologias que intermedeiam a comunicação entre o objeto de estudo e o próprio. Os novos recursos tecnológicos, principalmente os equipamentos portáteis, como computadores, notebooks, tablets, smartphones e os dispositivos conhecidos como gadgets possuem vasta forma de uso e tornam possível o aprendizado do surdo em qualquer área do conhecimento, contribuindo com a aprendizagem e a participação desse aluno em cursos EaD. Dessa forma, o ensino dos surdos está permeado de contribuições provindas do desenvolvimento tecnológico voltado para a criação de diversos softwares que auxiliam sua integração social, especialmente programas baseados na corrente educacional bilíngue, visto que esses reconhecem a Libras como a língua materna dos surdos e também a língua da sociedade ouvinte, na qual os surdos a utilizam como a sua segunda língua. As maiores contribuições tecnológicas para a comunicação e a educação do surdo vêm da Revista Interação ● Edição 13

Tecnologia Assistivas (TA), que se refere a todo tipo de recursos e de serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades das pessoas com limitações e promover vida independente e inclusão dessas. Em relação ao surdo, essas contribuições são realizadas especialmente por meio da criação de aplicativos e de softwares que traduzem em tempo real uma palavra da língua portuguesa para Libras. Desse modo, com os recursos advindos das tecnologias assistivas, a EaD possui mais possibilidades metodológicas capazes de auxiliar a inserção dos alunos surdos nessa modalidade de ensino, assim como sua permanência e conclusão. Desse modo, o ensino a distância voltado para o público surdo deve ter sua plataforma adequada a eles, como, por exemplo, aulas capazes de atender suas necessidades especiais de aprendizagem, principalmente na relação entre a forma como os conteúdos serão apresentados e como os surdos vão participar do AVA. O acompanhamento do aluno online por tutores que compreendam a Libras e/ou a presença de intérpretes para intermediar essa comunicação, permitindo ao surdo autonomia em seu aprendizado, já que esta é umas das características primordiais da EaD. Contudo, para que se alcance êxito nessa modalidade de ensino com o público surdo, é essencial que, ao se definirem as bases pedagógicas que serão aliadas à tecnológica, haja a preocupação com a escolha das mídias que darão suporte aos cursos e que sejam priorizadas as que possibilitem a interação e promovam a interface nesse processo.

Referências CORRÊA, Juliane. Educação a distância: orientações metodológicas. Porto alegre: Artmed, 2007. GESSER, Audrei. LIBRAS?: Que língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. Prefácio de Pedro M. Garcez. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. HANSEN, Paulo. Adaptações de um modelo de ensino à distância para pessoas com necessidades especiais (paralisia cerebral). 2003. 128 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, 2003. MOURA, Maria Cecilia de; HARRISON, Kathryn M. Pacheco. A inclusão do surdo no ensino superior: mito ou realidade? Cadernos de Tradução, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, v. 2, n. 26 – 2010/2, p. 333 a 358. Publicação semestral da Pós-graduação em Estudos da Tradução - PGET Universidade Federal de Santa Catarina. PINHEIRO, J. M. S. O computador na escola. Disponível em: <www. projetoderedes.com.br/artigos/ artigo_computador_na_escola. php>. Acesso em: 12 ago. 2009. SANTOS. Edméa Oliveira. Ambientes virtuais de aprendizagem: por autorias livres, plurais e gratuitas. In: Revista FAEBA, v.12, n. 18, 2003. Disponível em: <http:// www.comunidadesvirtuais.pro. br/hipertexto/home/ava.pdf>. Acesso em: 12 set. 2016.

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Giro nos

POLOS

I MOSTRA CIENTÍFICA DE BIOLOGIA

A I Mostra Científica de Biologia & Ciências da Natureza (I MCBio&CN) aconteceu nos dias 23 e 25 de junho. Com 459 inscritos, o evento foi realizado nos Polos de Canto do Buriti, Gilbués, Inhuma e Buriti dos Lopes.

CAFÉ LITERÁRIO

Giro POL

O curso de Licenciatura em Letras Português do polo de Elesbão Veloso, localizado a 154 quilômetros de Teresina, realizou, no dia 25 de junho, o projeto Café Literário: a literatura brasileira contemporânea. O objetivo do projeto é possibilitar aos alunos a oportunidade de vivenciar experiências concretas sobre a literatura brasileira contemporânea. 32

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FESTIVAL FILOSÓFICO DE RITUAIS PAGÃOS

No dia 1º de julho, o polo UAB de Piracuruca realizou o Festival Filosófico: Rituais Pagãos. O evento foi organizado pelos alunos do curso de Filosofia e pelas tutoras presenciais Luciene Coutinho e Maria do Carmo, e teve como objetivo levar até o público presente o conhecimento dos Rituais Pagãos da Grécia Antiga.

o nos LOS

SEMINÁRIO TEMÁTICO: MIDIATIZAÇÃO, FORMAÇÃO PEDAGÓGICA E TECNOLOGIAS

O I Seminário Temático: Midiatização, Formação Pedagógica e Tecnologias atuais na Educação a Distância aconteceu nos finais de semana entre o período de 22 de julho e 12 de agosto, nos polos de Apoio Presencial de Inhuma, Campo Maior, Esperantina, Gilbués, Uruçuí, Paes Landim, Anísio de Abreu, Pio IX e Simões, polos nos quais é ofertado o curso de Especialização em Informática na Educação. O evento foi exclusivo aos alunos que participam da especialização e simbolizou o encerramento das atividades do curso. Revista Interação ● Edição 13

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Quase uma década formando professores de Ciências e de Biologia na modalidade EaD/UFPI: desafios e reflexões Maria da Conceição Prado de Oliveira1 Vanessa Castro2 Maria Matelícia de Moura Cortez2

S

abemos que formar professores não é uma tarefa fácil, e o desafio se torna maior quando é utilizada como ferramenta a modalidade a distância para a formação docente. Acreditamos que as reflexões acerca do desenvolvimento das metodologias e dos diferentes aspectos do planejamento didático proporcionam melhor aproveitamento da prática educativa nessa categoria de ensino. Por essa razão, é preciso que pensemos sobre o tipo de formação que está sendo oferecida na educação a distância e como está sendo realizada a formação dos profissionais que atuam nessa área. Estamos à frente da coordenação do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, ofertado pelo Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD), a partir da sua implementação. Desde então, realizamos pesquisas e reflexões sobre o referido Curso. Hoje, temos três professores efetivos e a coordenação do Curso é

conduzida por essa equipe (coordenadora e os professores efetivos). O curso de Licenciatura em Ciências Biológicas é ofertado em cinco polos de apoio presencial (localizados nos municípios de Buriti dos Lopes, Canto do Buriti, Simões, Gilbués e Inhuma), distribuídos de norte a sul do estado do Piauí. Já foram realizados quatro processos seletivos: em 2007, para o preenchimento de 200 vagas; em 2009, para 70 vagas; em 2012, foi realizado um terceiro processo seletivo em que foram preenchidas 250 vagas; em 2014, foi concretizado o quarto processo seletivo, com a ferta de 240 vagas; estamos planejando processo seletivo para 2016.2 para preenchimento de 120 vagas. Em 2012, tivemos a conclusão da primeira turma (UAB 1), que iniciou o curso em 2008; a segunda turma (UAB 2), iniciou em 2010 e concluiu o curso no final de 2014; a terceira turma (UAB 3), iniciou em 2013 e tem previsão para conclusão no final

de 2016 ou início de 2017. A metodologia de estudo do Curso combina material impresso, áudios, vídeos, equipamentos multimídia, internet e videoconferências, realizados na plataforma virtual de ensino e aprendizagem Moodle. Ressaltamos que, a partir do primeiro período de 2015, passamos a utilizar o Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA). Além das aulas virtuais, os alunos têm aulas presenciais, que correspondem a 20% da carga horária total da matriz curricular. São agentes facilitadores da aprendizagem: coordenador do curso; professores conteudistas (têm a função de elaborar o material didático); professores coordenadores de disciplina (com a função de planejar a condução da disciplina); orientadores acadêmicos (têm a função de introduzir o aluno nas atividades acadêmicas); tutores a distância e tutores presenciais (com a função de orientar os alunos nas atividades teóricas e/ou práticas);

1. Coordenadora do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, EaD 2.Técnicas em Assuntos Educacionais, Departamento de Biologia/Ensino presencial)

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Revista Interação ● Edição 13


e técnicos de laboratórios (têm a função de auxiliar o professor nas aulas práticas). As políticas e as ações da Universidade Federal do Piauí vinculam-se à formação de profissionais socialmente críticos, tecnicamente competentes e humanamente solidários, em sintonia com as necessidades da sociedade local e de seu entorno, comprometidos com valores éticos e com a construção de uma sociedade justa e democrática. Nessa intenção, nós que atuamos na coordenação, desenvolvemos um processo de avaliação do curso, com o objetivo de fomentar a autocrítica e garantir a qualidade das ações no âmbito da coordenação. Para tanto, aplicamos questionários e outros instrumentos (visitas aos polos/ entrevistas e outros) de avaliação com os alunos, os egressos, os agentes EaD do curso e os coordenadores dos polos. São essas avaliações sistemáticas que tomamos como base para fazermos nossas reflexões dos desafios encontrados de 2008 a 2016 na condução do Curso. Os nossos primeiros desafios encontrados foram a carência de docentes com habilidades para utilizar as ferramentas EaD; a evasão no Curso; a reprovação nas disciplinas causadas pela falta de conhecimentos básicos que os alunos deveriam ter adquirido durante a sua formação no ensino fundamental e médio; e a falta de tempo para estudar. Aliado a isso, a deficiência na qualificação Revista Interação ● Edição 13

de tutores presenciais dos conhecimentos específicos do Curso. Diante desses entraves, procuramos trabalhar com professores universitários, em sua maioria doutores, que, aos poucos, foram abandonando a posição tradicional de transmissor de conhecimento para se transformar em organizador, orientador e facilitador do processo ensinoaprendizagem. Nessa perspectiva, o aluno, em contrapartida, deixou de ser um agente passivo do processo e passou a desenvolver ações cooperativas que facilitam o crescimento individual/coletivo, e, ainda, ações que busquem a iniciativa, a flexibilidade e a autonomia. O aliciamento de professores universitários com as características desejadas pela equipe era o principal entrave do processo, muitos desses docentes não estavam acostumados com tantas ferramentas de comunicação. Hoje, essa dificuldade é, aos poucos, vencida, e tanto os professores como os alunos já manuseiam essas ferramentas sem muitas dificuldades. Com relação à evasão, no que diz respeito à primeira turma, logo no primeiro período tivemos uma evasão de 9,5%. Provavelmente, isso se deva à demora no início do curso, cujo vestibular ocorreu em maio de 2007 e as aulas tiveram início em marco de 2008. No intervalo do primeiro para o segundo período, o índice de evasão foi de 16%, o maior registrado entre os períodos.

As avaliações sistemática do Curso mostraram que, na maioria das vezes, a evasão foi causada por fatores extrínsecos, geralmente por problemas pessoais. A maior dificuldade citada pelos ex-alunos é a de conciliar suas atividades diárias com as atividades de estudante. No segundo semestre de 2009, recebemos quatro orientadores acadêmicos (selecionados pela CAPES), os quais passaram a residir nas cidades onde os polos de apoio presencial foram instalados. Desde o início da contratação desses agentes EaD, a CAPES evidenciou que “[...] os orientadores acadêmicos não foram contratados para substituir os tutores presenciais, mas, sim, para complemento necessário à garantia da qualidade da formação dos professores”. Na nossa coordenação, esses orientadores acadêmicos foram fundamentais como suporte na capacitação de tutores presenciais e nos ajudaram na difícil tarefa de orientar os alunos para que eles se tornassem autonomos na construção dos seus conhecimentos. Em 2010.2, dois dos orientadores acadêmicos solicitaram rescisão de contrato, porque foram aprovados pela UFPI como professores e antes do final de cinco anos os outros dois orientadores também solicitaram rescisão de contrato. Hoje, três deles são professores efetivos da UFPI e um é professor do Curso/ EaD e os outros dois são nossos professores colaboradores. De acordo com depoimento deles,

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a experiência como orientadores acadêmicos ajudou muito na tarefa de ser professor do curso. Outro grande problema em questão é que o número de alunos ingressantes é bem maior que o número de alunos concluintes, mas esse problema não parece ser apenas do curso de Ciências Biológicas na modalidade EaD/ UFPI. Na Tabela 1, abaixo, são apresentados os dados referentes aos alunos ingressantes e concluintes da Licenciatura em Ciências Biológicas na modalidade EaD e do da Licenciatura em Ciências Biológicas na modalidade presencial noturno e diurno da UFPI/Campos Ministro Petrônio Portella. Os dados relativos à quantidade de alunos ingressantes e concluintes do ensino presencial foram obtidos diretamente do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA), em agosto de 2016; e os dados relacionados à quantidade de alunos ingressantes e concluintes

EaD foram obtidos dos registros da Coordenação do Curso EaD/ CEAD. A leitura da Tabela 1 foi conduzida considerando-se o fluxo de entrada e de saída dos alunos nas duas modalidades de ensino e também acerca do que rezam os Projetos Pedagógicos dos Cursos. Na modalidade a distância, o Curso teve duração de cinco anos (para as turmas já concluídas); e na modalidade presencial, o Curso diurno tem duração de quatro anos, e o noturno, cinco anos. Na primeira turma do Curso, na modalidade a distância, em 2007, matricularam-se 200 alunos e, em 2012, 105 deles concluíram o Curso, o que corresponde a 52,5% de aproveitamento. Em contrapartida, temos, no Curso presencial diurno, em 2007, 46 alunos ingressantes para 30 concluintes; após quatro anos, o correspondente a 65,2%; no curso presencial noturno, em 2007, temos 40 alunos ingressantes

EAD Anos

Ingressantes

Diurno

Concluintes

2007 2008

200

2009 2010

70

2011 2012

250

105

2013 2014 2015

240

e, após cinco anos, seis alunos concluintes, o correspondente a 15% de aproveitamento. Vale ressaltar que os cursos presenciais têm fluxo continuo anual, enquanto o a distância tem fluxo bianual, sem acúmulo de alunos (demanda reprimida) de anos anteriores. Para finalizar, gostaríamos de responder ao seguinte questionamento: quais os destinos dos alunos EaD concluintes? Podemos dizer que a maioria dos egressos (52%) já atua na área como professores dos ensinos fundamental e médio ou como biólogo em empresas de consultorias para realizar estudos de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental dos complexos eólicos que foram implantados no Piauí. Dos egressos que já atuam na área (52%), 26% iniciaram a atividade antes de iniciar o curso, 56% começaram durante a graduação, 9% principiaram a desempenhar a atividade até um ano de formados e 9% iniciaram depois de 1 a 3 anos de formados.

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Noturno

Ingressantes

Concluintes

Ingressantes

Concluintes

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9

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7

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11

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Quadro 1 – Dados comparativos referentes à quantidade de alunos ingressantes e concluintes do ensino EaD x PRESENCIAL dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas/UFPI

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Revista Interação ● Edição 13




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