PUBLICAÇÃO IEME COMUNICAÇÃO distribuição dirigida e gratuita Curitiba/PR
_NÚMERO 01 mar/abr 2009
_revistainventa.com.br
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EDITORIAL
ESTA É A PRIMEIRA EDIÇÃO DA INVENTA, PROJETO QUE CONCRETIZA NOSSA IMENSA VONTADE DE NOS COMUNICAR COM O MERCADO. Dramaticamente, nossa proposta de conteúdo está apresentada na capa desta edição. Quando convidado para ilustrar a Inventa, Rafael Silveira buscou inspiração na sensação que ele tem quando abre um livro. “É como se as ideias registradas na obra literalmente alimentassem a minha mente e, ao serem colocadas no papel, alimentassem outras mentes”, afirma o artista a respeito da pintura em acrílico sobre papel antigo, criada especialmente para esta revista. Descobrir o que se passa pelas mais diversas mentes criativas a respeito dos mais diversos temas faz parte da Inventa. Alimentar outras mentes talvez seja o novo papel do comunicador e do educador, como acredita fielmente o jornalista Gilberto Dimenstein, nosso entrevistado principal. Alimentar outras mentes talvez seja, também, uma das maiores vantagens em explorar novas mídias. Estamos nós sabendo utilizá-las corretamente para conquistar os consumidores? Os portugueses da Ydreams estão. A arte de Silveira ilustra não apenas nossa capa, mas também nossa iniciativa. Alimentar outras mentes talvez seja, ainda, uma das maiores vantagens em aprender um 2º, 3º, 4º ou 5º idioma, ou lançar uma revista como esta. Boa leitura e até a próxima! Equipe Inventa
EXPEDIENTE // INVENTA // EDIÇÃO PARANÁ // MARÇO/ABRIL 2009 // NÚMERO 01 // TIRAGEM 5.000 EXEMPLARES A revista Inventa é uma publicação de caráter informativo com circulação gratuita e dirigida. Todos os direitos reservados. EDITADA POR
IEME Comunicação_ iemecomunicacao.com.br IEME - Integração em Marketing, Comunicação e Vendas Ltda. - CNPJ 05664381/0001-27
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ÍNDICE
colaboradores
09 10-11 12-13 14-18 19 20-21 _CHARGE
_RÁPIDAS
_A INVASÃO DOS COPAS
_SUPER-HOMEM MULTIMÍDIA
_...E FORAM FELIZES PARA SEMPRE.
_IDIOMAS DO FUTURO
_15 MINUTOS COM LENINE
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Entre uma soneca e outra, a arte de Luiz Antônio Solda ganha espaço. Com sua rotina blog, almoço, jornal, cama e charge, Solda procura retratar em seus trabalhos assuntos cotidianos de grande destaque. Da década de 70, quando iniciou seu trabalho, até os dias de hoje, o paulista de Itararé possui um relógio biológico desgovernado que o faz ter os horários mais alternativos da cidade. Em uma sortuda “gaveta”, Solda guarda as ideias que o tornaram conhecido nacionalmente e que, mais tarde, serão passadas a limpo. Publicitário e cartunista, já atuou em muitas agências e jornais de Curitiba e colaborou com importantes publicações como O Pasquim e a Revista Bundas. Fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico e taxidermista nas horas de folga, Solda afirma que tem os pés no chão. E completa: “os quatro!”.
_ENGENHEIROS DA PUBLICIDADE
_DESCULPE, FOI ENGANO
_PESQUISA INFORMAL _MANICURES
_QUE FAÇO COM MEU DESACORDO?
_O AMADORISMO DOS JORNAIS DE BLOGS
_QUER PERDER PESO? COMPRE UMA BALANÇA
Desde sua infância, na pequena cidade de Goianésia, Janara Lopes desenha. E muito. “Refugiada” em Curitiba há 10 anos, a publicitária, formada pela UFPR, hoje está à frente da revista digital IdeaFixa, publicação bimestral que tem como foco fotografia, design, ilustração e artes plásticas. Com 26 anos, a ilustradora vê inspiração em quase tudo: pessoas, anatomia, art nouveau, arte clássica, estilo vintage e, claro, design atual. Sem hora certa para trabalhar, Janara garante que, quando bate a vontade de pegar no lápis e rabiscar, a mão flui e pronto: o desenho aparece. Pósgraduada em Marketing, Janara é adepta de tecnologias, porém prefere desenhar no papel para, só depois, finalizar no computador.
Uma lauda é uma folha, certo? Foi assim, evidenciando que acordos não pasteurizam línguas, que começou o diálogo Brasil X Portugal entre a equipe Inventa e o jornalista Miguel Bruno Carvalho. Original do Porto, Miguel é editor e repórter especial da Revista Visão, publicação semanal de maior destaque em Portugal. Com seus simpáticos 38 anos, o português acumula, ainda, a função de comentarista da Revista de Imprensa da RTP-N e assina uma coluna de opinião, nomeada A Devida Comédia, no site da Visão. Em uma bela casa escondida entre as ruelas do centro do Porto, mora com seu gato e livros, sendo que, desses, dois são de sua autoria: Dentada em Orelha de Cão - Histórias do Mundo com Gente Dentro (Campo das Letras, 2004); Álvaro Cunhal - Íntimo e Pessoal (Campo das Letras, 2006). Publicou, ainda, trabalhos poéticos em duas coletâneas e, recentemente, ganhou o Prêmio Literário Orlando Gonçalves (modalidade jornalismo) da Câmara Municipal da Amadora, cidade da Grande Lisboa.
Blogueiro desde 2003, Tiago Dória aplica doses diárias de cultura web, tecnologia e mídia em seus leitores. Com muita opinião, o Tiago Dória Weblog é, hoje, referência no mundo virtual e fora dele. A ideia de blogar surgiu como uma forma de reunir e registrar as novidades que encontrava em suas navegações diárias. Jornalista e consultor de mídia, Tiago organiza anualmente, com a Faculdade Cásper Líbero, o seminário Tendências Conectadas nas Mídias Sociais e, em 2007, foi blogueiro oficial da Pop!Tech, uma das mais importantes conferências sobre ciência e tecnologia do mundo.
Depois de participar como colaborador da edição_zero da Inventa, convidamos Julio Sampaio para ser nosso primeiro colunista da revista. Ao longo de 2009, o carioca que reside em Curitiba dividirá suas opiniões e comentários com os leitores desta revista. Executivo com sólida formação nas áreas de marketing e gestão empresarial, atualmente, Sampaio é diretor da Resultado Consultoria e vice-presidente da ADVB-PR. Como consultor, já atuou em importantes projetos de reestruturação de empresas, visando incremento de vendas e rentabilidade. Como executivo, atuou na direção e gestão comercial em empresas como jornal O Globo, jornal Gazeta do Povo e Rede de Varejo Casa e Vídeo. É autor do livro O Espírito do Dinheiro e mestre em Organizações e Desenvolvimento.
Sócio da Brainbox Design Estratégico, professor, sócio-fundador do Clube de Criação do Paraná, colunista da revista abcDesign, ganhador de diversos prêmios regionais e nacionais. Acumulando diversas funções, Zé Henrique Rodrigues é, por formação e essência, designer. Bom de papo, Zeh defende com unhas e dentes o uso correto do termo “marca” e trabalha observando, através de uma janela gigante, a Praça Osório e seus passantes.
ILUSTRAÇÃO CAPA_RAFAEL SILVEIRA
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CHARGE_Solda
PONTOS DE
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GERAÇÃO DIGITAL
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RÁPIDAS
LEIA, REGISTRE E LIBERTE
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O desapego é um conceito complicado em tempos capitalistas. Não é
fácil abrir mão de coisas queridas como livros, certo? Errado. Com cerca de 6 mil usuários em Curitiba, o movimento BookCrossing, criado pelo norte-americano Ron Hornbaker, ganhou no final de janeiro sua primeira Zona Oficial na capital paranaense. A brincadeira, que já reúne mais de 740 mil pessoas em 130 países, incentiva a leitura e a troca de livros entre usuários que, normalmente, não se conhecem. No site oficial, bookcrossing.com, você pode acompanhar onde estão os livros pelo mundo e divulgar onde deixou o seu. No entanto, a criação de zonas oficiais é importante por evitar perdas e reunir os livros que não estão sendo lidos no momento. Se algum dia você encontrar, por aí, um livro aparentemente abandonado, leia, registre as informações e, depois, liberte-o para que outras pessoas possam brincar também. (IH)
Eduardo Recife_divulgação
+ PRIMEIRA ZONA OFICIAL DE BOOKCROSSING DE CURITIBA RESTAURANTE RICOTA, RUA SUÉCIA, 743 - TARUMÃ
Estima-se que os brasileiros são responsáveis por aproximadamente 3 milhões de blogs. Com informações rápidas,
BICHO DO PARANÁ
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O ano está só começando e foi dada a
largada para o calendário de prêmios destinados aos criativos de plantão. Apesar de algumas inscrições já terem sido encerradas em janeiro e fevereiro, ainda restam muitas oportunidades para os criativos se destacarem no mercado. Este ano, os publicitários paranaenses têm mais um prêmio à sua espera: o 1º Prêmio RPC de Criação, que promete aproximar e fortalecer o cenário local. O concurso vai selecionar as melhores peças publicitárias e institucionais veiculadas nos jornais, nas rádios, nas emissoras de televisão e no portal da Rede Paranaense de Comunicação, no período de 1º de julho de 2008 a 30 de setembro de 2009. As inscrições para o Prêmio RPC serão abertas em junho e a premiação será em setembro. (FF) + RPC.COM.BR/PREMIORPC
interatividade e muita criatividade, o conteúdo passado pelos blogs é intimista e deixa de ser privilégio de alguns. Precisando acompanhar esse dinamismo, outros meios de comunicação, como rádio, TV e jornal impresso, modificam sua linguagem e estabelecem uma relação mais próxima com seu público. Para debater essa revolução cultural, o Intercom 2009 terá como mote: Comunicação, Educação e Cultura na Era Digital. E, pela primeira vez em 32 anos, o evento acontece em Curitiba. Quando? De 4 a 7 de setembro. Maior congresso de comunicação da América Latina, o Intercom 2009 espera reunir cerca de 5 mil pessoas, entre profissionais e acadêmicos, brasileiros e estrangeiros. Voltado para profissionais das áreas de publicidade, jornalismo, relações públicas, rádio, TV e cinema, o evento será realizado na Universidade Positivo e conta com apoio da Universidade Federal do Paraná e da Universidade Estadual do Centro-Oeste, de Guarapuava. Com uma programação diversificada, que inclui palestras, apresentações de trabalhos (profissionais e acadêmicos), encontros focais, conferências, atividades culturais e sociais, o Intercom oferece a seus participantes uma troca de experiências capaz de evidenciar os rumos da comunicação no Brasil e no mundo. Fruto do trabalho da Sociedade Intercom, associação científica sem fins lucrativos, o congresso possui edições regionais, nacional e binacional. (IH)
CUMPLE AÑOS
+ INTERCOM.ORG.BR
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Nove galerias. Mais de 120 artistas. E um aniversário. Milão, Barcelona, Los Angeles, Madri, Viena, Copenhague, Rosário (Argentina), Londres e São Paulo comemoram juntas. Cada galeria conta com sua própria curadoria e cria um nome para sua exposição a partir da palavra Ocho. O motivo? É o 8º aniversário da revista ROJO®, publicação de Barcelona dedicada à promoção e sustentação das artes contemporâneas. As artes expostas serão publicadas em um livro comemorativo. No Brasil, a Livraria Pop, de São Paulo, é quem recebe o projeto, trazendo obras e artistas como Boris Hoppek, Bruno 9li, Apo Fousek, Tristan Rault, MWM, Wagner Pinto, Antonio Bokel, Elisa Sassi, Luciana Araújo, The Steak Zombies, Tony de Marco, Mulheres Barbadas, Rita Wainer, Visca, Flavio Colker, Eduardo Recife e Pedro Inoue. Ocho Indizível abre no dia 17 de março e se estende até 9 de maio na capital paulista. A entrada é gratuita. (TM) + LIVRARIAPOP.COM.BR / ROJO-MAGAZINE.COM _RÁPIDAS
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foto_divulgação
Pillow Fight
No dia 4 de abril, às 17 horas, pegue
foto_Jeffrey Pearce
seu travesseiro (de preferência de pena) e sua bermuda de cor primária. Para quê? É o Dia Internacional do Pillow Fight, uma luta de travesseiros coletiva. Com 14 regras, o jogo é surpresa e brincadeira: a batalha começa disfarçada, travesseiros guardados em sacos e a única identificação dos participantes são as bermudas. Na data definida, cidades do mundo inteiro serão sede para a realização do Pillow Fight, e Curitiba também terá o seu evento.
Surgida de um movimento mundial chamado Urban Playground Movement, a guerra de travesseiros tem seguidores pelo mundo. A brincadeira se baseia em uma aglomeração instantânea e pré-combinada em local público para fazer algo diferente e que acaba rapidinho, prática chamada de mob. Boston, Cape Town, Caracas, Nova York e Sydney são apenas algumas das cidades que já confirmaram participação. No Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Santos, Belo Horizonte, Campo Grande, Betim, Curitiba, Uberlândia, Vitória, Fortaleza e Porto Alegre participam. A ideia é formar uma comunidade global. O que vale é a diversão. (IH) AINDA SEM LOCAL DEFINIDO PARA A REALIZAÇÃO EM CURITIBA. ACOMPANHE O SITE PARA SABER MAIS: PILLOWFIGHTBRASIL.WORDPRESS.COM/CIDADES/CURITIBA
LADEIRA ABAIXO
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Somos tão acostumados ao linear, ao 90º, que o inclinado nos estranha. Mas não está na estranheza o valor de Peter Newell. Escritor e artista, o norte-americano costumava colaborar com as revistas New York Graphic e Harper’s Bazaar, porém também não foi o texto que o destacou para o mundo. Sua importância está em perceber o livro como um objeto. Para quem duvida de seu feito, é bom acrescentar que Newell recebeu menção honrosa na Feira Internacional do Livro Infantil de Bolonha de 2008. O detalhe é que sua obra de arte, o Livro Inclinado, foi lançado em 1910. Quase cem anos após a criação, o Livro Inclinado continua atual. Com tato para o design, Newell adaptou seu livro para acompanhar a simples história infantil que criou, em que um carrinho de bebê escapa da babá e desce ladeira abaixo causando muita confusão. Não é apenas um livro retangular, mas um paralelogramo capaz de tornar a história dinâmica para quem acompanha a corrida do bebê e seu carrinho. Traduzido para o português (Portugal) apenas em 2008, o Livro Inclinado chegou aos brasileiros pela editora Cosac Naify em novembro e, até o momento, continua complicado de encontrá-lo. Além dessa publicação, Newell é também autor de outros títulos para o público infantil que já estão programados para serem lançados no Brasil. (IH)
* Para quem gostou da ideia, há também um volume da coleção As Cidades Obscuras, do belga François Schuiten e do francês Benoît Peeters, chamado A Menina Inclinada, que discute a relação com outros ângulos. Mas, na história dos quadrinistas, apenas a protagonista é fora do eixo. Todo o restante, inclusive o livro, relaciona-se com ângulos retos. + COSACNAIFY.COM.BR
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A INVASÃO DOS C PAS por_ISADORA HOFSTAETTER foto_ITO CORNELSEN
No segundo andar do James Bar, em Curitiba, Luli e Alessandrinho decidem montar uma banda. Começava aí, em junho de 2007, a trilha de sucesso do Copacabana Club, com suas músicas fáceis e dançantes. Para março de 2010, está previsto o lançamento do longa Alice no País das Maravilhas, filmado agora por Tim Burton. Com seu realismo fantástico, Burton carrega novamente Johnny Deep, que já foi de Edward Mãos de Tesoura a Willy Wonka nas filmagens do aclamado diretor, e agora atua como o Chapeleiro Louco. O conto original de Lewis Carroll terá também, na refilmagem, a atriz Helena Bonham-Carter como a Rainha de Copas. Em Curitiba, um outro exército de copas se prepara. Apesar de nenhuma relação direta com a obra clássica da literatura inglesa, os copas curitibanos, como já estão sendo conhecidos os integrantes do Copacabana Club, têm uma mocinha meiga como Alice no comando. Ultrapassando a imaginação da famosa história, reescrevendo maravilhas com estilo festivo e, principalmente, bom de ver e ouvir, o Copacabana Club começa sua trajetória pelo começo, vivendo dia após dia intensamente. Até o Carnaval deste ano, foram 25 shows com aproximadamente duas horas de ensaio semanal. A banda, que já conquistou fãs de carteirinha, explora o indie rock e embala corpos com o hit Just Do It, a primeira música de trabalho. Com investimento saído do próprio bolso, o Copacabanco, a aparição na mídia surpreende: em um ano e meio, seis aparições na Folha de S. Paulo, uma no Jornal do Brasil, uma na revista Bravo, além de várias nos jornais locais do Paraná. O primeiro investimento externo do Copacabana Club veio do Levi’s Music - projeto que, no ano passado, lançou a até então desconhecida Mallu Magalhães. Com a verba, Just Do It foi regravada e um clipe para a faixa foi produzido. Em 2008, foram mais de 67 mil plays no MySpace. E as apenas quatro músicas gravadas da banda viraram letras conhecidas na boca
do público. Com shows animados e cheios de personalidade, o quinteto parece ter saído de um editorial de moda. A mistura de profissões e estilos combinou: engenheira de profissão e fotógrafa, Camila Cornelsen é a responsável pelo teclado e vocais, a arquiteta e DJ Claudinha fica na bateria, o dono de bar, Luli Frank, entra com a guitarra, ao lado do multinstrumentarista Alec Ventura - também conhecido como Alessandrinho - e o representante de medicamentos Tile Douglas garante as marcações do baixo. O recorde de público, 400 pessoas, deverá ser batido em breve. Para o lançamento do primeiro single, um show marca a fase de sucesso, e o Copacabana Club promete lotar, em março, o John Bull Music Hall, em Curitiba. No disco, a versão regravada de Just Do It, um remix produzido por Boss In Drama – aclamado nacional e internacionalmente como produtor das músicas mais divertidas do momento – e o videoclipe. Para a produção do clipe, foram 18 horas de gravação e mais 24 horas para a criação da animação em stop motion. Satisfação pessoal é o ideal do Copacabana e as músicas parecem uma festa. “Cada um de nós tem referências bem distintas. Procuramos sempre fazer o que nos soa bem. Não importa qual seja o estilo, o gênero. O que nos agradar é o suficiente!”, defende a tatuada e cheia de ginga – exercitada durante anos de sapateado – Camila. De Hitchcock, com seu célebre ataque de pássaros, passando por Beatles e Rolling Stones, Stanley Kubrick e seus malucos personagens de Laranja Mecânica, o trio Yeah Yeah Yeahs e até a bela história de jazz em Round Midnight, contada por Bertrand Tavernier, as referências e preferências da banda são muitas e mesclam músicas, filmes, imagens. Assim como Alice no País das Maravilhas, a banda faz brincadeiras, alusões e enigmas. De toda essa variedade, surge uma certeza: a invasão dos copas chegou. _RÁPIDAS
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Alice no País de Burton “Ah, eu tive um sonho tão esquisito!”. A famosa frase de Alice já foi dita inúmeras vezes e de variadas formas. Somente no cinema, Alice seguiu o coelho branco em, pelo menos, 18 filmes. Alice também já passeou no mundo da música ao lado de Pink Floyd, em diversos teatros e atrizes que a interpretaram pelo mundo, em uma quantidade infinita de livros, em games e até em uma obra de Salvador Dalí. Agora, chegou a vez de Tim Burton. A refilmagem de Alice no País das Maravilhas é um dos projetos atuais do descabelado diretor. A pedido dos estúdios Walt Disney, Burton dirige também para o estúdio o longa Frankenweenie, original de um curta-metragem criado por ele em 1984.
Para ambas as filmagens, novas técnicas prometem surpreender os espectadores. Frankenweenie ainda não começou a ser filmado, porém Burton já anunciou o uso de stop motion em 3D. A filmagem de Alice deu-se no começo de 2008 e também está sendo produzida com uma mescla interessante de técnicas: live action (atores reais, o contrário de animações) e 3D (filmes que exigem óculos especiais para serem assistidos). Enquanto Alice estiver no “nosso” mundo, live action. Quando descer pela toca do coelho, 3D. O filme Alice no País das Maravilhas é adaptação do conto de 1865, escrito por Lewis Carroll, e possui traços de realismo fantástico, estilo adotado por Tim Burton em seus contos e filmes. A história, já conhecida por muitos através do desenho animado também de Walt Disney, recebe novo tratamento no roteiro de Linda Woolverton. A estreia está prevista para março de 2010.
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ENTREVISTA
SUPER-HOMEMM _Gilberto Dimenstein
por_MARÍLIA BOBATO fotos_GUADALUPE PRESAS
GILBERTO DIMENSTEIN CONSIDERA CURITIBA UM NÚCLEO DE INTELIGÊNCIA URBANA. APOSTA NA IDENTIDADE METROPOLITANA E DEFENDE QUE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO POSSUEM UMA ÚNICA LINGUAGEM. ACREDITA QUE EDUCADORES E COMUNICADORES PRECISAM SE ADAPTAR À NOVA REALIDADE E APRENDER A TRABALHAR A INFORMAÇÃO.
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É um dos jornalistas brasileiros de maior renome internacional. Dimenstein tem 10 livros publicados e já foi agraciado com diversos prêmios como Child and Peace - Information, da UNICEF (1993), Maria Moors Cabot, Special Citation - Columbia University (1990), Prêmio Esso de Jornalismo (1988) e Prêmio Nacional de Direitos Humanos, com o Cardeal D. Paulo de Evaristo Arns (1995). Atualmente, é membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo, onde coordena um site de jornalismo comunitário. Na web, apresenta o programa Vila Dimenstein. É também um dos criadores da ONG Cidade Escola Aprendiz e um dos fundadores da Rede ANDI. Com o bolso da camisa manchado por uma caneta tinteira preta que havia acabado de estourar, o homem multimídia recebeu a equipe Inventa no Café do Aprendiz, na Vila Madalena, em São Paulo. Eram apenas dez horas da manhã e este já era o quarto encontro com ele naquele dia: Dimenstein amanheceu nas linhas da Folha de S. Paulo, entrou ao vivo na rádio CBN e atualizou seus espaços virtuais na internet. Organizado, principalmente na linha de raciocínio, ele parou para atender outros jornalistas, o telefone fixo e o celular, mas sempre voltava exatamente ao ponto polêmico que estava em debate. Didático, Dimenstein já sabia exatamente o que queria conversar com a Inventa, e foi assim... durante as quase três horas de entrevista.
MULTIMÍDIA
INVENTA - VOCÊ ACREDITA QUE A EDUCAÇÃO E A COMUNICAÇÃO POSSUEM UMA ÚNICA LINGUAGEM. A COMUNICAÇÃO É O CAMINHO PARA A EDUCAÇÃO, OU O CONTRÁRIO? Gilberto O meu olhar como jornalista mudou muito. Hoje, eu vejo a notícia como forma de educar. Trabalho como comunicador em rádio, televisão, jornal, internet, sempre muito voltado para a educação. Então isso já me dá um olhar mais crítico. Acho que fomos treinados por muito tempo para guardar informações úteis. Mas, hoje em dia, existe uma velocidade com a qual não fomos acostumados. E outro fator que a gente vê é uma enorme propagação de informação. Você não tinha isso antigamente. Você tinha alguns jornais, poucas revistas, poucos canais de televisão e só. As próprias empresas não se comunicavam, diretamente com os consumidores, como fazem agora, criando seus sites, blogs. Também não tinham os jovens criando isso tudo. Hoje, o processo de intermediação da notícia se desmontou. O jornalista era o intermediário, sentia-se defensor do interesse público, achava que tinha mais capacidade porque era jornalista. IVT - UM CERTO PODER TAMBÉM? G Um poder enorme de formar opinião. E esse poder também era usado por muitos picaretas. Isso é importante, mas o sujeito tem interesse político, econômico. IVT - VOCÊ ACHA QUE A IMPRENSA INFLUENCIOU AS PESSOAS NA ÉPOCA DO COLLOR, COM MUITO MENOS MÍDIA, E AGORA NA ELEIÇÃO DE OBAMA COM AS NOVAS MÍDIAS? G Não. Eu acho que é um processo sem mapa divisório. Se você for longe, começa com Gutenberg. Antigamente, você não tinha a chance de ter uma biblioteca, você tinha poucos livros. O que Gutenberg fez? Deu a possibilidade de propagar informação, imprimiu livros. A máquina de prensa de Gutenberg é uma das maiores invenções do milênio porque ela deu chance de isso tudo se propagar. Hoje, tem a educação pública, que não tinha antes, quando a escola era para poucos, para os filhos da aristocracia. A educação nasce junto dos livros, nas escolas públicas. Depois, o telégrafo e o telefone. Aí vem o rádio, a televisão, o satélite e a internet. Esse é um processo que faz parte da história da humanidade, o que tem de diferente hoje é que o processo acelerou. E acelerou por conta do aumento da educação pública, as pessoas ficaram mais alfabetizadas. E acelerou por conta da televisão e da internet. Mas, ao
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mesmo tempo, gerou um problema sério, que é a dificuldade que as pessoas têm de selecionar as coisas. Acaba por ter um excesso de informação, e informação não é igual a conhecimento. Não adianta ter informação e não saber como usar. As pessoas têm uma abundância de informação, mas não sabem como fazer com que isso seja útil para a vida delas. IVT - CABE AO JORNALISTA FAZER ESSA SELEÇÃO? G Nesse processo darwinista, quem vai sobrar? Vai sobrar quem souber dizer: “disso tudo, isso aqui é importante e aquilo não é”. Quem for mais adaptado nesse mundo digital é que vai sobreviver. Quando você vê marcas famosas em crise, você repara: “olha, tem coisas novas acontecendo”. Quando você vê o Google com essa força há 10 anos, pergunta como ele chegou a esse ponto. Essa marca começou com jovens e, em pouco tempo, tornou-se uma das maiores do mundo. Essa velocidade, esse grau de avanço globalizado, criou novos paradigmas de comunicação para todo mundo. Alguns se adaptam menos, outros se adaptam mais.
IVT - E VOCÊ ACHA QUE OS JORNALISTAS ESTÃO SABENDO LIDAR COM ISSO? G É um esforço. Voltando ao dilema da comunicação para chegar na educação, o papel, para chegar na sua mão, tem uma série de incômodos. Ele já foi madeira de árvore, pra ser entregue é difícil e emite gás carbônico. O jornal diário, além disso, já chega com a notícia que foi divulgada no dia anterior. E quem vai sobreviver? Por que você compraria uma coisa que é cara, queima árvore e é notícia velha? Joga isso para um jovem que já foi impregnado pela vida digital e o impresso não sobrevive. Para a mídia sobreviver, ela vai ter que falar assim: “como vou cobrar se a informação você já tem?”. A mídia deve te ajudar a entender as coisas, porque esse bem, de tomar decisões, não foi extinto, de escolher um bom restaurante, tomar um remédio, assistir a um filme.
Uma vez, o Jaime Lerner me falou: “As cidades já são temas do futuro”. Essa frase nunca me saiu da cabeça.
ENTREVISTA_Gilberto Dimenstein
17 preocupação ecológica. E me diz outra coisa: já que esse combustível não pode ser poluente, isso significa que o Brasil vai ter uma grande chance de exportar álcool? IVT - MAS A MÍDIA FAZ ISSO? G Faz pouco e não chega em todos os lugares. Por isso que eu acho que uma das funções da mídia é cobrir bairros, regiões. Aliás, essa é uma das tendências mais interessantes da mídia. Chama-se mídia hiperlocalidade, é a mídia cobrir sua localidade, descobrir quem são seus personagens, as escolas. Quanto mais você cobrir com várias mídias a questão local, mais entrosamento na sua comunidade. Os jornais têm que criar bons repórteres locais. E isso não é criado. IVT - EM UM PAÍS COM 14 MILHÕES DE ANALFABETOS, COMO OS BRASILEIROS TOMAM ESSA DECISÃO? G Aí é outro problema. Mas eu acredito que os jovens já não são mais tão analfabetos e estão ligados na internet. Só ver as lan houses, que viraram grandes telecentros. Então, você vai ter um tipo de mídia que informa no computador, no celular, e um tipo de mídia que forma, e esta vai ser mídia de elite. Aí o critério vai ser o seguinte: “quem me ajuda a entender melhor todas as informações que chegam até mim? E o que isso tem a ver com comunicação?”. Justamente o papel da educação é ajudar a selecionar. A educação às vezes faz mal porque ensina coisas sem sentido, como energia cinética, tabela periódica. Mas, cada vez mais, a educação está buscando se conectar ao cotidiano para melhorar a escola. Até porque as provas de vestibular exigem mistura de conteúdos que façam sentido. E, hoje, você não consegue mais educar sem comunicação porque você tem bibliotecas virtuais, blogs, sites, e tem a possibilidade de dar aulas à distância. Provavelmente, no futuro, você não vai mais pra escola para pegar conteúdo. IVT - ASSIM NÃO VAI MAIS PRECISAR DE PROFESSOR? G Precisa, sim, mas ele não vai mais trabalhar a questão de conteúdo e sim de junção e seleção dessas informações. Eu acho que a educação vai ter o papel de ajudar a pessoa a navegar na comunicação. Você não consegue aprender sem estar ligado a todo esse mundo da internet. E, ao mesmo tempo, na educação você vai ter que usar as pessoas para entender as coisas, para que as coisas façam sentido nessa velocidade. IVT - ENTÃO, QUANTO MAIS INFORMAÇÃO, MAIS... G Confusão! E mais gente capaz de tirar conclusão. Então, na hora de comprar um jornal, o que você vai querer? Você tem informação em tudo quanto é canto. Eu quero que uma pessoa me ajude a entender o que esse tal de Obama tem a ver com Curitiba. O Obama disse que uma das prioridades dele é salvar a indústria automobilística e quer que ela se vincule com as novas formas de energia. E Curitiba passa por uma expansão automobilística e
IVT - NÃO É A CULTURA DOS JORNAIS NEM DOS JORNALISTAS.... G Você vive na cidade, não vive no Brasil. As suas relações são com a cidade, o bairro, a escola, o cinema, o teatro. E a cobertura local é feita, às vezes, pelos jornalistas mais jovens. Sobre o que é a cidade, os personagens, a noite. É uma inversão que vai ter que ser mudada, com toda a certeza. Eu fiz esse projeto na minha vida. Comecei como repórter nacional em Brasília, depois internacional em Nova York, e fiz a opção de cobrir a cidade de São Paulo e pegar um tema que na época não estava tão na mídia, que é a educação. IVT - E POR QUE VOCÊ ESCOLHEU O TEMA EDUCAÇÃO? G Não sei o porquê, mas acho que me identifico com o assunto. Sempre achei que o papel da comunicação é, além de falar de educação, promover projetos de comunicação, com programas nas escolas, como o programa Escola Aprendiz. Acredito que isso gere menos assassinatos, menos prostituição, mais denúncias de corrupção. Nesse sentido, um aprendizado muito grande para mim foi em Curitiba. Devo muito a Curitiba. Como eu ia muito para lá, vi o que uma cidade pode fazer.
IVT - VOCÊ ACHA CURITIBA UMA CIDADE-MODELO? G Para qualquer cidade latino-americana, sim. Se comparada com outros estados brasileiros, também. Mora uns meses em São Paulo e vamos ver. Curitiba é um núcleo de inteligência urbana. IVT - E COMO VOCÊ ACHA QUE A EDUCAÇÃO BRASILEIRA É VISTA LÁ FORA? G Não é vista. IVT - ISSO É UM PROBLEMA? G Não. Olha só, o Brasil tem pouquíssimos cientistas, poucas referências mundiais no mundo acadêmico. O que o país tem um pouco mais, só que numa escala específica, são as experiências no terceiro setor. IVT - E ESSAS EXPERIÊNCIAS NO TERCEIRO SETOR NÃO SÃO VISTAS LÁ FORA GRAÇAS AO TRABALHO DE COMUNICAÇÃO? G Também. Existem várias entidades internacionais que se encontram e percebem que no Brasil tem um grande processo criativo. O Paraná é um exemplo. A Pastoral da Criança, que é do Paraná, é um exemplo mundial de como trabalhar a comunidade e o meio acadêmico para diminuir a mortalidade infantil, e tem reconhecimento mundial. Quando você vai discutir isso, vê que as pessoas estão repetindo o jeito de fazer mas, cada vez mais, a informação chega menos à comunidade.
Uma vez, o Jaime Lerner me falou: “As cidades já são temas do futuro”. Esta frase nunca me saiu da cabeça. Então, fui juntando minhas experiências com a vivência digital de Nova York. Teve todo o mundo da descoberta da cidade, o mundo da educação pública, de integrar a comunidade ao mundo da educação, de usar todos os recursos possíveis em volta dela, de que havia um problema sério da fragmentação dos recursos, da distância entre a família e a escola. E, também, que a internet fosse uma articulação imensa de junção das coisas.
_SUPER-HOMEM MULTIMÍDIA
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IVT - ISSO É PORQUE A INFORMAÇÃO PERDEU A CREDIBILIDADE? G Não. O que acontece é um excesso de informação. Aumentou o número de informação, mas o seu tempo não aumentou. O jeito de comunicar vai se parecer com o jeito de ensinar, e o jeito de ensinar vai se parecer com o jeito de comunicar. Eu acho que os jornais vão ter que ser cada vez mais didáticos, mais claro, buscar a integração da notícia com o indivíduo e orientar o leitor. IVT - E OS EDUCADORES? COMO ELES VÃO SE ADAPTAR A ESSA NOVA REALIDADE? G O professor também vai ter que saber como lidar com os meios de comunicação. O estudante já está submetido a esse meio tridimensional, já está bombardeado pela internet, tem informação em primeira mão. Eu acho que a escola vai ter que ser um grande centro de seleção. IVT - E O PROFESSOR TAMBÉM VAI TER QUE APRENDER ISSO? G Ele vai ter que aprender, senão não vai ser professor, não vai ter linguagem para se comunicar com os alunos. A escola vai ter que se adaptar a isso. IVT - VOCÊ, COMO JORNALISTA, ACHA QUE A SUA CONTRIBUIÇÃO FOI FAZER ESSA UNIÃO COM A MÍDIA, OU NÃO? O DIMENSTEIN É UM PORTA-VOZ DO APRENDIZ? G Eu tenho muito medo dessas coisas. Eu vejo tanta gente que não fez nada falando que fez tanta coisa. E eu, sinceramente, não sei. Muito do que eu fiz foi inspirado em muita gente. Minha contribuição foi trazer mais a temática da criança e do adolescente na mídia. Talvez, como comunicador, eu tenha ajudado um pouco a repercutir isso tudo na mídia.
IVT - E QUAL É O PAPEL DA COMUNICAÇÃO NUM PROJETO SOCIAL COMO A ONG CIDADE ESCOLA APRENDIZ? G A gente segmentou a comunicação por bairros, com uma série de elementos como centros de saúde, culturais, SESC, SESI. Como funciona? Você monta um serviço de comunicação, e nessa rede todos eles falam e jogam respostas. Assim, esses estudantes começam a ter mais acesso à biblioteca, aos jornais, ao cinema, teatro. E por que é comunicação? Porque ajuda a fazer com que as pessoas conversem. A partir da Vila Madalena, eu ofereci o projeto em algumas cidades e o governo federal decidiu aplicar em escala nacional. Agora tem um projeto chamado Mais Educação, que integra vários serviços da prefeitura. Os estudantes ficam integrados. Isso é uma tecnologia social. IVT - E COMO VOCÊ CHEGOU NESSE PROJETO? G Tem uma escola muito tradicional, em São Paulo, chamada Bandeirantes para qual eu montava cursos de internet aplicados à cidadania. Naquela época, eu morava em Nova York e tinha visto a explosão da internet, em 1994. Antes não tinha nem browse, você tinha que fazer 500 mil comandos para entrar na internet. Não tinha ainda a World Wide Web. Eu vi isso e criei um e-book, ou seja, você acessa o texto pela internet. Isso foi no meio da década de 90. Como eu tinha montado um e-book, precisava montar uma redação para fazer a página. Aí, coloquei os alunos para montar a página e fiz um site que virou uma rede digital.
IVT - VOCÊ TEM PREFERÊNCIA POR ALGUM FORMATO? JORNAL, REVISTA, RÁDIO? G Vou te falar uma coisa que pode até parecer estranho. Para mim, nasceu um novo veículo, que é a junção deles todos. Vou te dar um exemplo: eu escrevi uma coluna na Folha de S. Paulo hoje, aí eu coloquei na rádio, da rádio eu coloquei na internet. Então, eu consigo trabalhar a mesma notícia de formas variadas. IVT - E QUAL O PAPEL DA PUBLICIDADE NESSA NOVA REALIDADE? G Eu acredito na propaganda para a localidade. A TV digital também vai poder fazer isso. Por exemplo, a TV digital pode fazer uma propaganda exclusiva para a Vila Madalena. Ou uma publicidade especificamente para um cinema. E muita gente também acredita que não importa mais tanto onde você divulga, mas a força da sua marca. Na internet não importa se eu estou na Folha, na CBN, importa que tenha conteúdo interessante para ser apresentado. E outra, se você pegar um jornal do interior e um da capital, vê muita diferença, mas se for para a internet, não vai ver tanta. Se você tiver um blog interessante, ele vai ser bem acessado. Por exemplo, tem um menino na Cidade Escola Aprendiz que fez um blog que incentiva as pessoas a desenhar hipopótamos. Virou uma febre! Pessoas do mundo inteiro começaram a desenhar e mandar o desenho para ser publicado no blog. O ser humano, no decorrer das épocas, foi desmontado em várias ideias. Galileo Galilei derrubou a teoria de que a Terra era o centro do universo. Freud desmontou o conceito da razão, mostrou que o ser humano tinha força de consciência. O ser humano foi se reutilizando. Eu acho que a mídia e a internet também estão fazendo isso. E, por outro lado, abriu o mundo da comunicação.
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...e foram felizes para sempre.
10 E MEIA DA MANHÃ, TERÇA-FEIRA, 3 DE FEVEREIRO DE 2009. LIGA O COMPUTADOR, ACESSA O MSN E DISCUTE, COM UMA SÉRIE DE JORNALISTAS, PROJETOS QUE PODERÃO MUDAR A VIDA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE TODO O BRASIL.
por_ISADORA HOFSTAETTER
Foram os espanhóis Amparo Serrano de Haro e Manuel Hidalgo que permitiram que 15 histórias conhecidas tivessem um desfecho diferente. Peter Pan, Psicose e Casablanca estão entre os filmes modificados no livro Otro Final, ainda não editado em português. Coisas que nos parecem impossíveis, como a transformação da fada Sininho em mulher ou até mesmo a fuga de Marion antes de ser assassinada em umas das cenas mais conhecidas do cinema, são apenas agumas das possibilidades para diferentes finais. E é com esse conceito, de mudança, que atua a Rede ANDI Brasil, organização que utiliza ferramentas de comunicação para promover a defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. Criada em meio ao turbilhão das Diretas Já (1984) e do impeachment presidencial (1992), a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) trazia, em 1991, o sonho de uma geração de jornalistas acostumados a cobrir movimentos sociais. A ideia era pretensiosa: acompanhar as informações publicadas na mídia sobre as questões relacionadas à infância e à adolescência, além de orientar colegas de profissão a abordarem o tema de forma e com nomenclaturas corretas. O trabalho vingou. A ANDI cresceu e possibilitou o nascimento da Rede ANDI Brasil. O que antes era restrito a algumas capitais do país através da ANDI (agência sediada no Distrito Federal), hoje é a Rede ANDI Brasil, que conta com 10 agências estaduais espalhadas pelo Brasil, independentes uma da outra, porém parceiras e com objetivos próximos. Fundada em 2000, a Rede ANDI Brasil funciona como um catalisador de ideias, conceitos e métodos, alinhando os colaboradores e divulgando os resultados obtidos em cada agência estadual. Para a ANDI, a Rede ANDI Brasil é a fórmula para expandir sua missão e conhecimento adquirido em 18 anos. Para as outras nove agências estaduais, a Rede atua como um aval, aumentando sua credibilidade
e a possibilidade de novas parcerias, através do reconhecimento da marca ANDI. Segundo a publicação Da Árvore para a Floresta: a História da Rede ANDI Brasil (2005), cada agência estadual está comprometida a colocar em prática um conjunto de ações, que incluem: elaboração de pautas para as redações; clipping diário de notícias ligadas ao universo infanto-juvenil (116 jornais e revistas); produção de um boletim diário com as principais notícias do clipping; atendimento de comunicadores locais; realização de oficinas de comunicação; visitas a redações de jornais; disponibilização de um banco de dados online, com cerca de 2 mil fontes de informação para auxiliar na produção de reportagens que levantem a questão da infância e adolescência. Para entender a importância desse trabalho realizado pelas agências estaduais, a secretária executiva da Rede ANDI Brasil, Ciça Lessa, destaca que “uma boa cobertura jornalística das questões sociais precisa passar pela discussão de assuntos relacionados à infância e à adolescência”. Em um país em que, segundo dados do UNICEF/2008, 50,3% da população de até 17 anos vive em situação de pobreza, não há forma de dizer que os direitos infanto-juvenis não interessam à população. “Os profissionais estão, sim, aos poucos, reconhecendo a importância de produzir reportagens que não apenas denunciem os problemas, mas que apontem possíveis soluções. Embora a polícia e os executivos federal, estadual e municipal ainda figurem como as fontes mais ouvidas pelas matérias relacionadas ao universo infanto-juvenil, é cada vez mais frequente a presença de organismos internacionais, conselheiros tutelares e de direito e organizações da sociedade civil”, completa Ciça. E os resultados ultrapassam a barreira das fontes para entrevistas. As análises de mídia realizadas apontam que, nos estados onde existe uma instituição relacionada à Rede ANDI Brasil, a cobertura de assuntos associados à criança e ao adolescente traz à tona temas mais aprofundados.
“No mais recente ranking da ANDI, que mensura a quantidade de matérias com temas socialmente relevantes, dos cinco primeiros lugares, quatro são ocupados por estados em que o trabalho acontece”, observa Ciça. “É claro que, apesar dos avanços, há ainda muito trabalho a ser feito para que os veículos de comunicação de fato priorizem a cobertura das questões relativas à promoção e à defesa dos direitos da criança e do adolescente, em detrimento de outros temas”, diz. Para que as agências estaduais conversem seus objetivos e decisões, respeitando o elo que possuem com a Rede ANDI Brasil, alguns critérios devem ser seguidos. Todas as decisões são tomadas por um conselho gestor, formado por um líder de cada organização envolvida com a Rede. Cotidianamente, esses líderes conversam via internet e, duas vezes ao ano, reúnem-se presencialmente. Cada agência possui, no mínimo, um líder, um jornalista responsável, um jornalista assistente, um jornalista mobilizador e três estagiários. A equipe da secretaria executiva é formada por Ciça Lessa e cinco profissionais que organizam esses encontros interagências e apresentam as instituições e seus projetos a organizações internacionais. “A internet, hoje, é um instrumento fundamental para a realização do trabalho colaborativo em rede. Hoje mesmo (terça-feira), das 10 às 13h30 (horário de Brasília), fizemos a primeira reunião de 2009 com jornalistas responsáveis, via MSN, para acordar alguns pontos relativos aos projetos em andamento neste primeiro semestre”, conta a secretária executiva da Rede. A Rede ANDI Brasil, hoje, possui uma “prima” chamada Rede ANDI América Latina. Mesmo independentes, as Redes possuem propostas para um maior intercâmbio de informações entre suas atividades. Várias organizações, várias redes. No fundo, são pessoas que cuidam para que os direitos das crianças e dos adolescentes sejam cumpridos e, assim, haja a possibilidade de mudança, encaminhando todos para finais felizes.
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Idiomas do Futuro por_JÉSSICA AMARAL
Daqui a alguns anos, qual será o idioma mais falado? Falaremos todos um único
idioma? Business, free, backup e mouse são apenas algumas das muitas palavras que já fazem parte do dia a dia e ganharam, inclusive, lugar nos dicionários brasileiros. Mas, chúcran, xiè xiè, zài jiàn e mar-haba ainda soam estranho para você, certo? O jeito é acostumar o ouvido, porque o árabe e o mandarim são as promessas de idioma do futuro, além do inglês, que, sozinho, não deve mais garantir sua comunicação com o mundo. Existem mais de seis mil dialetos ao redor do mundo. Um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a UNESCO afirma que mais da metade dos idiomas do mundo estão condenados à extinção, e que a cada 15 dias um idioma é extinto. Segundo o mesmo estudo, fatores econômicos e sociais serão determinantes para que o idioma do futuro seja firmado, além, claro, da aceitação de cada nação. Hoje, as línguas mais faladas são mandarim (China), inglês (Inglaterra, Estados Unidos, Austrália, África do Sul, entre outros), híndi (Índia), espanhol (Espanha e em quase todos os países da América Latina) e bengali (Bangladesh e Índia, entre outros). Seja pelo número de habitantes ou pela disputa do poderio econômico, o mandarim e o árabe despertam, cada vez mais, os interesses das pessoas e aparecem, junto ao inglês, como as possíveis línguas do futuro. De acordo com a coordenadora de cultura da UNESCO, Jurema Machado, existe um estudo permanente de atualização das línguas e o processo de extinção é natural. “O que não é natural na extinção de um idioma é a aceleração desse processo, que vem sendo impulsionado pela globalização”, diz. Para ela, o mundo está experimentando novas tendências e, com isso, novas línguas devem ser adaptadas.
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Apenas no Centro de Línguas e Interculturalidade (Celin) de Curitiba, existem mais de cem estudantes matriculados nas aulas de mandarim. “Tenho interesse em aprender o mandarim, mas não é tão fácil, embora seja uma língua de negócios para ser aprendida a longo prazo”, comenta o coordenador de embarques de uma transportadora de carga internacional, Marcos Bueno, que já tem fluência em cinco idiomas (inglês, espanhol, francês, italiano e, claro, português). Bueno vai investir antes no alemão, já que para se tornar fluente em mandarim é preciso dez anos de muita dedicação e estudo. O professor de mandarim, Chang Yuan Chiang, explica que a língua possui mais de 80 mil caracteres, chamados de hanzis. “No colégio, os chineses aprendem cerca de sete mil caracteres, mas utilizam apenas três mil”, revela Chiang. Para se ter uma ideia, o inglês possui 56 mil vocábulos e quem se comunica por este idioma utiliza de 800 a 1000 palavras por dia. O fato é que a população da China representa 1,3 bilhão de pessoas e talvez você precise falar mandarim para comprar, vender ou apenas se comunicar. Com uma população que corresponde a 1/5 da mundial, a China tem como idioma oficial o mandarim (ou Putonghua, como é chamado na China) e o cantonês, pouco
falado. Economicamente aquecida, estima-se que, nos próximos anos, a China será uma das maiores potências do mundo, já que atualmente é a terceira maior economia, com PIB superior a 3,5 bilhões de dólares, atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão, nesta ordem. Todo esse crescimento está determinando uma nova tendência, principalmente nas empresas, que têm investido no aprendizado do mandarim para melhorar suas relações comerciais. “O mandarim está começando a ser ensinado como uma língua estrangeira”, afirma o professor Chiang. “É claro que o inglês continuará sendo uma língua comercial, porém quem conseguir cultivar contatos com os chineses em seu idioma oficial sairá na frente das negociações”. Falado por um número muito menor de pessoas, aproximadamente 150 milhões, o árabe é outro idioma cotado no universo dos negócios e promete estar na boca de muita gente no futuro. O motivo, segundo o linguista, Youssef Mousmar, são as ricas fontes de petróleo, que atraem a atenção do mundo para o Oriente Médio. “As grandes empresas têm procurado esses países para acordos econômicos, já que guardam um dos mais importantes commodities: a energia”,
LÍNGUAS PLANEJADAS A fatura havia atingido 200 mil dólares quando cientistas americanos, em 1955, depois de cinco anos de trabalho, resolveram um problema relacionado a sistemas elétricos de interruptores. Só então, eles descobriram que um jornal russo, cinco anos antes, tinha encontrado a resposta. Resumo: custou aos americanos 200 mil dólares não saber russo. Aprender inglês, espanhol, italiano, alemão e, agora, árabe e mandarim é tarefa para poucos. Exige tempo, dedicação e investimento. Mas considere a possibilidade de falar uma única língua que todos possam entender. É dessa forma que idiomas como o esperanto e a interlíngua ganharam adeptos em várias partes do mundo. A ideia de encontrar uma língua universal é antiga. Existem mais de 800 projetos, porém poucos tiveram destaque. O volapuque (volapük) foi o primeiro idioma artificial a ter sucesso, em 1879. Oito anos mais tarde, surgiu o esperanto. Criado por Ludwik Lejzer Zamenhof, o idioma virou filme em novembro de 2008, com o título Esperanto é... A produção é meio brasileira, meio eslava, o que mostra ser possível a comunicação em uma língua universal. O lançamento em DVD ocorreu em Roterdam (Holanda), na sede da Associação Universal de Esperanto. São basicamente 16 regras, sendo que a pronúncia e a ortografia são absolutamente fonéticas. Os advérbios terminam em E, os adjetivos em A e os substantivos em O. Para colocar a palavra no plural basta inserir um J no final. O que poucos sabem é que clássicos do cinema já utilizaram o esperanto. É o caso de O Grande Ditador, de Charles Chaplin, que apresenta imagens escritas no
completa Mousmar, autor do Dicionário Árabe/Português e Português/Árabe. A escrita do árabe é sempre da direita para a esquerda e os livros são lidos de trás para frente, o que faz com que, para os ocidentais, o alfabeto pareça isento de qualquer lógica. Para entender o que os árabes dizem e escrevem é necessário, no mínimo, dois anos e meio de estudo.
Fatores econômicos e sociais serão determinantes para que o idioma do futuro seja firmado, além, claro, da aceitação de cada nação.
idioma, Streetfighter II, com Jean-Claude Van Damme, e An Idiot’s Delight, com Clark Gable. E o mercado esperantista não para de crescer. Rádios, revistas, livros e sites também difundem o idioma. Outra língua que promete aproximar os falantes dos idiomas ocidentais é a interlíngua. Nascida em 1951, hoje conta com duas publicações oficiais: Interlingua–English Dictionary, com 27 mil palavras, e Interlingua Grammar. O idioma utiliza palavras baseadas, principalmente, no latim e na terminologia científica de origem grega. Para uma palavra ser adotada em interlíngua é preciso que ela seja comum a pelo menos três das línguas escolhidas como fonte: português, espanhol, italiano, francês e inglês; alemão e russo podem vir a ser considerados. Vale lembrar que na interlíngua não se usa acento gráfico, os adjetivos não se alteram e os verbos também não têm conjugação por pessoa. Seja o esperanto ou a interlíngua, órgãos representativos afirmam que bastam três meses para falar e escrever os idiomas com desenvoltura.
Ficou interessado? ESPERANTO: visite o site em português: esperanto.org.br/p/. Para assistir ao filme sobre o idioma, acesse: esperantoe.blogspot.com. No Orkut são mais de 264 comunidades sobre o tema. Para julho, também está marcado o 44º Congresso Brasileiro de Esperanto em de Juiz de Fora, Minas Gerais. INTERLÍNGUA: visite o site oficial interlingua.com, aproveite para fazer a tradução de palavras e também ouça a rádio Interlíngua. Em julho, acontece a 18º edição da Conferência Internacional de Interlíngua em Frankfurt, na Alemanha. A Union Mundial pro Interlingua (UMI) é a organização encarregada de divulgar a Interlíngua no mundo. No Brasil, sua representante é a União Brasileira pró Interlíngua (UBI), sediada em Brasília. (MB)
22 IVT - POR QUÊ? L Porque eu penso: “ah, se eu tive, todo mundo já foi por esse caminho”. Se ela veio tão rápido, eu desconfio dela. Às vezes, eu rodo, rodo e termino no mesmo lugar. E aí você confirma que não é o fato de ela ter sido a primeira, mas de ela ter sido única. E não efêmera, o que é uma diferença gritante.
15 MINUTOS
IVT - COM QUE MÚSICA ISSO ACONTECEU? COMEÇOU, FOI, FOI E VOLTOU? L Ah, com várias. São as músicas mais cerebrais, as que você precisa de um tempo para descobrir aquela ponte melódica, aquela coisa harmônica. IVT - E A ENGENHARIA QUÍMICA AJUDA NESSAS HORAS? L Ajuda o conceito. A descoberta... Se você quer ser homogêneo, tem que saber ser heterogêneo. Parece paradoxal, mas não é não. Se você quer uma mistura que tenha liga, você tem que saber quais são as características de cada elemento que você vai pôr na mistura. E é isso que eu faço na música. É intuir a química, é achar que Living Colors com Elmir Deodato vai dar pé. É achar que Iggor Cavalera com Cristina Braga, da harpa, vai dar pé. Muitas pessoas dizem que não dá, que não tem nada a ver. E eu insisto nisso e acho que dá. por_ TAÍS MAINARDES E THAISA CAROLINA MOREIRA fotos_GUADALUPE PRESAS
“O QUE É SER CRIATIVO? E O QUE NÃO É? O QUE ESTIMULA? E O QUE NÃO ESTIMULA?” FOI ASSIM, EM MEIO A
TANTAS QUESTÕES, QUE O CANTOR E COMPOSITOR, LENINE, 50 ANOS, COMEÇOU A CONVERSAR COM A INVENTA. FÃ DE LED ZEPPELIN, NOVOS BAIANOS E JACKSON DO PANDEIRO, LENINE SE SENTE EM CASA NA FRANÇA. MAS O QUE O PERNAMBUCO E A FRANÇA TÊM EM COMUM? ENGENHEIRO QUÍMICO DE FORMAÇÃO E COLECIONADOR DE ORQUÍDEAS, LENINE SE IDENTIFICA COM A SÉTIMA ARTE E ACHA QUE AINDA VAI FAZER CINEMA. QUANDO? FORAM APENAS 15 MINUTOS COM LENINE. NÃO CONSEGUIMOS TODAS AS RESPOSTAS, MAS JÁ DEU PRA DESCOBRIR UM POUQUINHO DO QUE SE PASSA NA CABEÇA DESSE PERNAMBUCANO PRA LÁ DE CRIATIVO. Lenine Acho que o momento de se falar sobre o que se faz é o momento mais delicado, portanto eu tenho não uma relutância, mas uma tentativa maluca de explicar o que não deve ser explicado. A música tem a ver com sentimento e uma tentativa de chegar numa beleza que só você sabe. E essa beleza está intimamente ligada com o que você conhece, com a sua formação. É uma loucura, né?
IVT - ZIRALDO AFIRMOU À INVENTA (EM ENTREVISTA CEDIDA NA EDIÇÃO_ ZERO) QUE A PALAVRA “CRIATIVO” NÃO EXISTE. A PALAVRA QUE EXISTE É “INVENTIVO”. ENTÃO ELE FALA QUE AS PESSOAS SÃO INVENTIVAS, QUE ELAS INVENTAM... L E criam ativamente!! (risos) IVT - ZIRALDO TAMBÉM AFIRMOU QUE A MÚSICA BRASILEIRA É ESPANTOSAMENTE COMPETENTE, UMA DAS EXPRESSÕES ARTÍSTICAS MAIS CRIATIVAS... L Ele está sendo generoso quando ele diz isso. Até porque ele deixa de dizer que essa música é uma das expressões que vêm de mãos dadas com teatro, cinema, poesia... Talvez por isso tenha uma profundidade diferente e revele uma criatividade maior. Mas eu vejo tanta criatividade em tantas áreas de expressão. Talvez a área da música tenha uma maior evidência, como no século passado tinha a poesia.
INVENTA - E A CRIATIVIDADE? L A gente percebe a criatividade. Será que a gente percebe quando o momento é mais criativo ou menos criativo? Eu transpondo isso pro meu universo de composição, geralmente a primeira idéia que vem eu sempre descarto. IVT - Sempre? L Sempre. 15 MINUTOS_Lenine
Tanto trabalho tem que valer a pena.
1º Prêmio de Criação RPC. A gente reconhece o seu talento.
Fique de olho: vem aí o 1º Prêmio de Criação RPC. As melhores peças de televisão, jornal, rádio e internet. Os melhores profissionais do Paraná. E um prêmio que comprova tudo isso. www.rpc.com.br/premiorpc
24 que estava perto jogando. A grande sacada era o esconderijo: se você não quisesse ser atacado, bastava ir até a FNAC mais próxima, para onde o jogo foi distribuído por uma operadora portuguesa. Foram diversos trabalhos na área de celulares, principalmente jogos. Depois, surgiu um mercado interessante que se expandiu nas áreas de publicidade, cultura, museus, exposições. “Agora demos mais um passo à frente, transformamos essas ações sortidas em produtos, e temos distribuidores em todo o mundo”, conta Remédio. Clientes como Adidas, Coca-Cola, Toyota e Unilever são algumas das empresas que já experimentaram as novidades da Ydreams. Para 2009, a grande aposta está na publicidade interativa nos cinemas. A empresa fez uma parceria e montou uma nova empresa que se chama YDreams Entertainment. “Queremos explorar essa publicidade de cinema a nível global. Evidente que quando nós envolvemos tecnologia, uma coisa muito importante é ter a propriedade intelectual”, esclarece Remédio. O diretor de operações internacionais da Ydreams acredita que o consumidor está saturado de imagens e que não tem mais paciência para a comunicação passiva da publicidade. “No fundo, eles estão pedindo uma razão para parar e jogar”, diz Remédio. E aí vai a receita da Ydreams: “Temos que dar gratificações, brincar, fazer as pessoas participarem; divertir, criar simpatia e empatia com a marca. Nós acreditamos que podemos condicionar o comportamento do consumidor com essas interações tecnológicas. E fazemos isso como? Primeiro: tudo o que desenvolvemos tem quatro segundos. Se você não captar a atenção do seu público em quatro segundos, já passou”. Pelo visto, a ideia pegou. Hoje, a Ydreams considera não ter concorrentes diretos, apenas setoriais. “Trabalhamos a criatividade. Este é nosso diferencial”, enfatiza Remédio. Hollywood que se prepare!
ENGENHEIROS DA PUBLICIDADE por_MARÍLIA BOBATO fotos_DIVULGAÇÃO
Eles descobriram o que eu estava pensando. Com a webcam ligada e minha
imagem na tela, meus pensamentos estavam lá, escritos bem em cima da minha cabeça, e todo mundo podia ler. Foi uma surpresa, fiquei boquiaberta. Em seguida, eu estava estourando bolinhas de sabão na tela do computador. Eu pude estourar cada uma delas sem tocá-las. O que foi aquilo? Mágica? Logo, imaginei aquela sensação com mais 300 pessoas em uma tela de cinema. Depois, foi a vez do tapete de água, sobre o qual foi possível andar sem me molhar. Em menos de três minutos, as experiências tinham sido as mais surpreendentes e interativas. O pai das invenções: os portugueses. Pensei: eles estão revolucionando a forma de comunicar. Então, são publicitários? Não, engenheiros. Com a mira na lua, cinco engenheiros lançaram a Ydreams, em Lisboa, Portugal, no ano 2000. O pensamento foi um só: uma empresa não pode fazer hoje o trabalho de ontem e continuar no mercado amanhã. Na época, o mercado de atuação ainda não estava definido, mas hoje existem basicamente duas divisões: projetos e produtos. Focados em tecnologia e interatividade, a empresa cresceu. São 180 funcionários espalhados por todo o mundo, 130 deles na sede em Portugal.
São especialistas em informática e software, designers industriais, artistas gráficos, entre outros. Publicitários representam menos de 5%. Grande parte deles trabalha no Ylab, onde se concentra o caos. “Porque acreditamos que do caos é que podem surgir coisas”, explica o diretor de operações internacionais da Ydreams, José Miguel Remédio, que esteve em Curitiba em fevereiro com o diretor de novos negócios do escritório do Rio de Janeiro, Marcelo Matos. A cultura da empresa é o trabalho em conjunto. Eles apostam no desenvolvimento de coisas, mesmo sem a certeza de que elas vão funcionar. “Vai haver um monte de coisas que não vão funcionar, mas muitas vão. E é aí que sai uma coisa boa, fantástica. E como somos muito inventivos, vão sair coisas boas o suficiente”, define Remédio. Uma dessas boas ideias foi lançada em 2003, quando a tecnologia 3G ainda estava engatinhando. Em Portugal, a Ydreams lançou um jogo de espionagem em que as pessoas “entravam” com seu celular e se alguém estivesse nas redondezas, ficavam ao alcance um do outro. Então, fisicamente, ela podia fugir para não ser atacada por essa pessoa que ela não sabia quem era, mas
Além da realidade
A Ydreams aposta na investigação e no desenvolvimento de tecnologias patenteadas em áreas como processamento de imagem, realidade aumentada e interfaces gestuais. Mas ela não está sozinha, ao menos no quesito realidade aumentada. A técnica é utilizada por outras empresas, como a Total Immersion, com sede na Europa e nos Estados Unidos. Em Curitiba, a empresa Go 2 and Play também oferece alguns projetos com a inovadora técnica.
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D sculpe, foi e gano por_MARÍLIA BOBATO ilustração_ ZEH HENRIQUE RODRIGUES
O número de pessoas com acesso à internet no Brasil já ultrapassa a barreira de 40 milhões. O país
faturou cerca de R$ 8,5 bilhões com o comércio eletrônico em 2008, segundo a E-bit Informação, empresa pioneira na realização de pesquisas sobre hábitos e tendências do e-commerce no Brasil. O ano que passou também registrou um crescimento expressivo nos investimentos em publicidade na internet que, pela primeira vez, superou os investimentos em TV paga no país. A internet configura um mercado bastante promissor, chegando a 3,2% do bolo publicitário. Paralelo a isso, o número de reclamações na Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON) relativas a compras pela internet tem aumentado a cada dia. O motivo alegado, na maioria das vezes, pelos consumidores do varejo são os casos de propaganda enganosa. Segundo o jurista René Dotti, do escritório de advocacia Dotti e Advogados, fundado em 1961 e que atende casos relacionados a crimes pela internet há mais de cinco anos, uma propaganda enganosa, conforme a circunstância, pode chegar até ao estelionato. “Na medida em que se faz uma propaganda enganosa de venda de terrenos, venda de automóveis, e há captação de recursos financeiros sem que haja o produto comprado, é caracterizado o crime de estelionato, muito mais grave que o crime previsto no código do consumidor de publicidade enganosa”, explica Dotti. Muito se tem discutido sobre a aplicabilidade das normas do Código de Defesa do Consumidor em relação ao comércio eletrônico. Mas, afinal, quando a publicidade na internet pode ser considerada enganosa? Independente do meio, é quando o fornecedor induz o consumidor ao erro a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço ou quaisquer outros dados do referido produto ou serviço. Dizeres chamativos, mas nem sempre verdadeiros, do tipo: “ganhe muito dinheiro sem qualquer esforço” ou “clique aqui e ganhe prêmios” são frequentes e, muitas vezes, chegam a lotar as caixas de entrada. Todavia, existem casos de publicidade enganosa peculiares à internet. O livro Comércio Eletrônico, de Ricardo Luis Lorenzetti, trata da denominada metatag, técnica que consiste na inclusão em uma página na internet de palavras-chaves que nada têm a ver com o conteúdo da mesma. Segundo Lorenzetti em seu livro, a inserção na página de palavras desvinculadas do conteúdo do site possui intuito publicitário e acaba induzindo o consumidor ao erro, já que ele só acessará aquela página na esperança de localizar um serviço relacionado à palavra pesquisada. Exemplo disso é uma primeira decisão no Brasil que o escritório de advocacia especializado em Direito Eletrônico, Opice Blum, obteve, condenando na esfera criminal uma empresa que se valeu da utilização de links patrocinados, resultando em crime de concorrência desleal.
27 Outra prática que levanta polêmica no meio virtual é a utilização dos chamados cookies, que, muito embora sejam comumente abordados sob o ponto de vista da proteção da privacidade, possuem aspectos que podem levantar dúvidas. O cookie é um arquivo de texto que, normalmente, é gravado no hard disk e utilizado pela memória RAM enquanto o internauta navega na web. As advogadas Paula Veloso Lemos e Juliana Gonçalves Pedreira, do escritório Opice Blum, explicam que os cookies não induzem o consumidor ao erro, por isso não configuram publicidade enganosa ou abusiva. Eventualmente, configuram prática de atos de concorrência desleal. Para René Dotti, a Justiça brasileira e os órgãos de defesa do consumidor vão se adequar aos casos relacionados ao mundo virtual. “A tendência é que a Justiça se especialize, cada vez mais, em relação a esses temas, e os juízes tenham maior conhecimento técnico”, diz o jurista. As especialistas do escritório Opice Blum explicam que, atualmente, 95% dos casos ilícitos na internet vêm sendo solucionados por meio da legislação existente. Porém, elas acreditam que a criação de varas especializadas no assunto certamente contribuiria na resolução de conflitos. “Novas varas se justificam pelo volume de decisões, que são aproximadamente 17 mil envolvendo questões pertinentes à internet”, comenta a advogada Paula Veloso Lemos.
De quem é a culpa? A publicidade ofertada na internet considerada enganosa na maioria das vezes não é feita por profissionais da área. Mas saber quem deve ser penalizado nesses casos surpreende: pode haver muitos culpados. De acordo com o livro Comércio Eletrônico, do doutor em Direito, Ricardo Luis Lorenzetti, o provedor de internet pode se encaixar em três situações distintas:
Publicidade online deve 500% Em 2013, a publicidade online na América Latina deve ter uma movimentação financeira quase 500% maior que o valor somado em 2008, segundo pesquisa encomendada pelo Google ao instituto Pyramid Research.
_são meros intermediários e equiparáveis ao titular de um cartão de crédito ou de uma linha telefônica, que dão provimento, mas não respondem pelos atos de quem os utilizam. Ou seja, o provedor concede uso e gozo de um site, mediante pagamento, não assumindo responsabilidade frente a terceiros;
De acordo com o levantamento, dentro de cinco anos as verbas movimentadas com ações e inserções publicitárias na web deverão passar de cerca de US$ 549 milhões (total gerado em 2008) para US$ 2,6 bilhões.
_além de suprir uso e gozo, é o organizador e criador do site, protegido por direitos autorais e, por isso, sua posição jurídica não é passiva, mas ativa. Em contraposição, alega-se que essa tese tende a transformar o provedor numa espécie de censor institucional;
A projeção calcula que, em 2013, a web será dona de 9% do total do bolo publicitário mundial. Atualmente, responde por apenas 2% do total dos investimentos em anúncios, considerando os demais canais de mídia.
_uma posição intermediária: em regra, o provedor de acesso não é responsável, mas pode ser imputado se teve a oportunidade de valorar a ilegalidade do conteúdo da informação (no caso da publicidade enganosa).
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PESQUISA INFORMAL
_salão de beleza
QUAL A MELHOR PROPAGANDA PRA VOCÊ? ___________________1
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É a poupança Bamerindus! Dus, dus, dus. Essa propaganda marcou! Sou hiperativa e quando chego em casa, ligo a TV, leio, cozinho, tudo ao mesmo tempo. Assim, os sons são fundamentais. Essa música é inesquecível.”
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Isso sim é Renovar! Adorava aquele cara. Muito engraçado o dono da empresa fazendo a propaganda... Outra que chama a atenção é o Quer pagar quanto? das Casas Bahia”.
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A propaganda que mais me chamou a atenção nos últimos tempos foi a do esmalte Risqué, com a Mariana Ximenes que, de esmalte vermelho, virou uma mulher fatal. Isso acontece muito com minhas clientes, a cor do esmalte reflete o estado de espírito de cada uma. Uma cor vibrante, por exemplo, dá ânimo, um “click” no humor”.
Aquela da Coca-Cola, que falava várias frases, mais ou menos assim: e o careca que raspou a cabeça só para dizer que era sexy!
Marisol de Oliveira
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Elenilce da Cruz
Soraia Moukaddem
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Ah, tem aquela também, do Guaraná com uma música: eu não vejo a hora de te encontrar, te ver mais uma vez saborear, meia mozarela, meia alice, calabresa, romana, quatro queijos, marguerita e portuguesa, como é bom te ver, você chegou na hora H, adoro pizza com guaraná”.
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Sandra Pussi da Silva
Eu lembro de uma promoção da Coca-Cola. Uns copos lindos! Tenho guardados até hoje em casa. Mas, se pensarmos em chamar a atenção, fico com as propagandas da Casas Bahia. Eles falam tanto e tantas vezes, que é impossível a gente não saber do que se trata e não lembrar que elas existem. Promoções sempre nos atraem, né?! Agora, se você falar de coisas bonitas... daí a primeira coisa que me vem na cabeça é a Marisa. Aqueles homens são muito bonitos!”
Ontem mesmo, falando com minha filha, lembrei da propaganda do Mc Donald’s. Ela dizia que nunca havia comido o Big Mac e, na hora, lembrei do jingle: Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles num pão com gergelim. Outra muito boa era a dos sirizinhos falando nã-nã-nã. Era da Skol ou da Kaiser?”
Esther Silva
Pricilla Maria Paes
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* Entrevistas cedidas para Isadora Hofstaetter, Flávia Ferreira, Thaisa Carolina Moreira e Thais Vargas. _PESQUISA INFORMAL
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ARTIGOS
_Miguel Carvalho ilustração_Janara Lopes
Que faço com o meu desacordo?
Sei, por norma, que os políticos metem a língua onde não devem. Às vezes, de forma pornográfica. E aí nem a gramática se salva. Não sei se o acordo ortográfico é bom ou mau, pois confesso a minha ignorância em matérias relacionadas com «estratégia e política». De facto (ou será fato?), tem sido esse o principal argumento desta uniformização (palavra feia) do português: estratégia e política. Afinal, dizem os políticos e suas ilhas adjacentes que o português precisa dar um ar mais crescidinho, adulto, na cena internacional. Mostrar que a língua está forte e unida. Juntinha como um exército de uma língua só. Se não estivessem políticos metidos no enredo, cultores da retórica e da violência doméstica sobre a língua, eu ficaria mudo neste tema. Como os políticos seguem manipulando a coisa, sou surdo.
Aliás, tenho uma teoria conspirativa sobre o tema. Habituais militantes do pensamento único e da higienização de costumes, alguns governantes pretendem agora formatar-nos a escrita. Está mal. Para aqueles que pensam que uma língua pode ser formatada e fabricada em série, o respeito pela gramática sentimental dos povos deve ser típico de um comportamento desviante. Ou seja, qualquer um como eu é sério candidato a fora da lei. É um fato (ou será facto?). Língua não é só matéria, estratégia, política, conveniência. Nem quando muito mais de 200 milhões de pessoas a falam e escrevem. O sentimento e a diversidade deveriam ser considerados valor acrescentado num tempo em que nos querem cada vez mais iguais. Desde que a gente se entenda, claro. Amado ou Saramago, não me interessa como escrevem. Interessa-me como me falam. Por dentro da língua. Fastfood com a minha…não! MIGUEL CARVALHO É JORNALISTA DA REVISTA VISÃO (PORTUGAL)
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_Tiago Dória
O amadorismo dos jornais de blogs Blog e jornal sempre foram duas coisas que, simbolicamente, nunca combinaram muito bem nos últimos anos. O primeiro sempre foi visto como baluarte das novas mídias, uma nova forma de publicar informação que veio substituir a relevância e a atenção do segundo. Além disso, são constantes os embates entre donos de jornais e blogueiros. Os primeiros acusam os blogueiros, autores de blogs, de serem relaxados, o que abriu espaço para que os mesmos ganhassem o apelido de “jornalistas de pijamas”. Por outro lado, os blogueiros sempre acusaram os donos de jornais de serem retrógrados e que o seu negócio estava com os dias contados à medida que a internet se popularizasse. Enfim, são dois formatos e visões de mundo que nunca se entenderam muito bem. Por isso, chama a atenção o fenômeno recente dos jornais de blogs. Ou seja, jornais feitos com conteúdo de blogs. São publicações impressas que são feitas quase que inteiramente com republicação de posts de blogs e que, na maioria das vezes, têm distribuição gratuita. Isso talvez não represente uma tendência na área de comunicação, mas uma microtendência, aquele 1% que o especialista Mark J. Penn explora tão bem em seu livro Microtendências. Um dos primeiros experimentos desse tipo talvez tenha sido o da rede de blogs italiana Blogo.it, que lançou, em meados de 2006, uma revista com conteúdo dos blogs da rede. Outro é o Vendredi, um jornal francês com 70 mil exemplares que republica um conteúdo selecionado do que saiu na internet, em sua maioria, textos de blogs. Mas o caso mais famoso é o The Printed Blog, projeto de Joshua Karp, empresário de Chicago, nos EUA, lançado no começo deste ano. A proposta é simples e não tem nada de inovadora. É um jornal gratuito feito com conteúdo de blogs e distribuído gratuitamente nas estações de metrô de Chicago e de São Francisco. A publicidade sustenta o jornal e a sua receita é divida com quem produz o conteúdo, no caso, blogueiros. Seu principal mote? É um jornal feito por blogueiros. Após muito alarde, o primeiro número já saiu e é decepcionante. Textos frios e diagramação muito simples, lembrando um jornal de iniciantes.
Talvez o projeto tenha se preocupado demais com quem produz o conteúdo do que o conteúdo em si (como se o fato de ser produzido por blogueiros, por si só, fosse atestado de qualidade). O projeto justifica seus investimentos e sua existência com o argumento de que, com a visibilidade no impresso, os blogueiros alcançariam novos leitores e ganhariam mais tráfego (visitas). Mas se esquecem de um dos aspectos mais interessantes dos blogs: eles informam e entretêm sem degradar o meio ambiente. Não utilizam papel, são ecológicos como jornais que utilizam a chamada tecnologia verde. Portanto, passar posts para o impresso seria dar um passo para frente e dois para trás. Não tenho nada contra projetos que fazem blogueiros ou textos de blogs passearem por várias mídias, mas acredito que eles deveriam ser feitos de forma menos amadora.
...passar posts para o impresso seria dar um passo para frente e dois para trás.
Um problema particular do The Printed Blog, por exemplo, é que ele republica posts no impresso, numa transposição grosseira entre mídias. Por esse motivo, o The Printed Blog parece mais um experimento do que um produto, mais amador e sem muitas preocupações com edição. Enfim, não leva em conta as diferenças de texto, ritmo e, principalmente, de estrutura de pensamento que existem entre blogs e mídia impressa. É a mesma coisa que querer transpor à força um programa de rádio na TV. Relaxado, no final das contas, é a mistura dos dois, o jornal com conteúdo de blogs. TIAGO DÓRIA É JORNALISTA, BLOGUEIRO E CONSULTOR DE MÍDIA
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COLUNA
_Julio Sampaio ilustração_Janara Lopes
QUER PERDER PESO? COMPRE UMA BALANÇA Neste início de ano, quando tantas metas e desafios nos são impos-
tos, podemos tomar uma decisão importante: escolher as nossas próprias batalhas e diversões, traduzidas nos objetivos para 2009. Priorizar as nossas escolhas representa liberdade e este é o campo onde a criatividade pode ser explorada em seu maior potencial. No campo pessoal ou profissional, sendo realmente o que queremos, elas podem ser ainda mais audaciosas do que aquelas que nos são cobradas. Charles Coonradt inicia seu livro O Jogo do Trabalho questionando porque as pessoas suam até dez vezes mais na diversão do que em sua vocação, quando estão sendo pagas para isso. Por exemplo, quando praticam o seu esporte favorito, enfrentam o sol ou frio, expõem-se a ferimentos e não raras vezes chegam às vias de fato, na disputa por um lance duvidoso. O próprio Coonradt faz diversos paralelos e fornece algumas explicações, como o fato de, na diversão, termos liberdade de escolha quanto às metas, que são claras, o campo de jogo bem definido, o feedback ser imediato, dentre outros fatores. Em alguns esportes, somos nós mesmos que registramos a nossa evolução, comparando com o nosso próprio desempenho anterior e não com marcas inatingíveis, que nos fariam desistir de imediato. Em outros, em que existe a disputa, na maioria das vezes, a prática costuma ocorrer entre competidores de nível técnico aproximado, o que mantém a graça do esporte. É claro que o mundo das empresas tem muito a aprender com os esportes na arte de lidar com as metas e manter os jogadores comprometidos com o seu resultado. A maior parte dos gestores tem dificuldades em estabelecer um processo em que as metas pertençam ao time e não apenas à empresa. É aceita a crença de que metas são definidas de cima para baixo e, no máximo, negociadas, o que já seria uma concessão. Na prática, o tal comprometimento é na maioria das vezes um discurso, sendo poucas as vezes em que a meta ultrapassa o nível de simples obrigação. Ir além disso é uma conquista de líderes e liderados, que raramente acontece. Esta talvez seja uma razão para que as pessoas sintam tanta aversão à palavra meta. Ela ganha uma conotação de um juiz implacável, que decide quem sobreviverá, quem é competente, quem vencerá. Ela não nos pertence, embora sejamos cobrados por ela.
Há, no entanto, outro tipo de meta, aquelas que são nossas, e que nos impulsionam passo a passo. São as que aplicamos na preparação para uma corrida ou para outros alvos práticos. Queremos perder peso? Fumar menos? Diminuir a bebida? Por que não ir passo a passo, com pequenas reduções? Que tal diminuir o número de vezes que nos irritamos em um dia? Ser mais tolerante no trânsito? Aumentar o tempo com os filhos? Com a mulher ou com o marido? Com os pais idosos? Os dias de exercício? A leitura de livros ou de jornais? O tempo para cuidar de nossa espiritualidade? Uma poupança financeira para o futuro ou para uma viagem? Sempre podemos dar um pequeno passo à frente. Pequenas conquistas nos impulsionam e nos fazem sentir vencedores.
Além disso, como é gostoso superar uma meta! Mas é preciso registrar e acompanhar, a única maneira de gerenciar metas e resultados. Isso pode ser fácil e divertido, e depende apenas de nós mesmos. Para quem quer perder peso, por exemplo, que tal uma balança no banheiro? Um excesso em um dia pode ser mais facilmente corrigido no dia seguinte, do que acumulado e tratado com um sofrido regime meses depois. Isto vale para o peso, para o tempo, para o dinheiro, para os esportes, para o trabalho, para a espiritualidade e para todas as demais metas, que assumimos como nossas. Metas que escolhemos, e que a única exigência básica é nos fazer crescer de maneira divertida. JULIO SAMPAIO É SÓCIO DA RESULTADO CONSULTORIA DE MARKETING E VENDAS
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