Revista Inventa_02

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PUBLICAÇÃO IEME COMUNICAÇÃO distribuição dirigida e gratuita

Curitiba/PR

_NÚMERO 02 mai/jun 2009

_revistainventa.com.br




SUA S ESCOLHA Escolhas podem definir um momento, mudar um caminho ou transformar a sua vida. A Claro valoriza seu poder de escolha. Afinal, ela sabe que você faz suas escolhas, e são elas que fazem você.


AS FA ZEM VOCĂŠ.

Saiba mais em www.claro.com.br ou ligue1052.


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EDITORIAL Cá estamos na edição_dois da Inventa que traz como entrevistado principal Elifas Andreato, autorretratado em nossa capa. Autor das mais históricas capas de discos brasileiras, poucas delas reproduzidas nesta edição, o paranaense aborda aqui desde seus projetos em relação às crianças até sua relação com os clientes artistas e a substituição dos LPs pelos CDs. Seria o CD uma daquelas modernidades do futuro que Hanna-Barbera nos apresentava em Os Jetsons? Resolvemos comparar a fantástica visão do século 21 da série com os dias de hoje. Dias onde novos profissionais surgem, começam a se destacar e podem, inclusive, tornar-se indispensáveis para quem deseja que seu site esteja entre os primeiros nas buscas online ou precisa viajar atrás de “dados exclusivos e preciosos” sem sair do lugar. Dias onde o futuro dos jornais é debatido frequentemente e o questionável papel reciclado se transformou em propaganda verde para diversas empresas. Dias onde se tornam novidades ideias antigas que simplesmente só são novas na internet. Simplesmente por acaso, a edição_dois da Inventa resgata e compara alguns temas. Mas não paramos por aí. Trazemos a opinião de Caco Barcellos e o projeto novo de Luis Melo. Trazemos agora também a sua opinião, agradecendo as dezenas de e-mails recebidos e esperando, sempre, atender e superar as suas expectativas com esta publicação.

Auto-retrato para minha filha Laura

Boa leitura e até a próxima! Equipe Inventa

ILUSTRAÇÃO CAPA_ ELIFAS ANDREATO

EXPEDIENTE // INVENTA // EDIÇÃO PARANÁ // MAIO/JUNHO 2009 // NÚMERO 02 // TIRAGEM 5.000 EXEMPLARES A revista Inventa é uma publicação de caráter informativo com circulação gratuita e dirigida. Todos os direitos reservados. EDITADA POR

IEME Comunicação_ iemecomunicacao.com.br IEME - Integração em Marketing, Comunicação e Vendas Ltda. - Rua Heitor Stockler de França, 356 – 1o andar – Centro Cívico – Curitiba PR // 41 3253-0053 - CNPJ 05664381/0001-27

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Taís Mainardes_ tais@iemecomunicacao.com.br Marília Bobato_ marilia@iemecomunicacao.com.br Bruno Reis_ ieme5@iemecomunicacao.com.br Isadora Hofstaetter_ isa@iemecomunicacao.com.br Jéssica Amaral_ ieme2@iemecomunicacao.com.br Lyane Martinelli_ ieme8@iemecomunicacao.com.br Mariana Hillbrecht _ ieme6@iemecomunicacao.com.br Flávia Ferreira, Geísa Borrelli, Paula Batista Ana Amaral_ ana@iemecomunicacao.com.br IEME_ comercial@iemecomunicacao.com.br PARCERIA COMERCIAL_SALTORI_ saltori@saltori.com.br _(41) 3016-9094

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Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos autores e não refletem a opinião desta revista.

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COLABORADORES

ÍNDICE

10-13 14 16-17 18-23 24 26-28 30 32-33 34 35 36 37 38 _RÁPIDAS

_DAILY MUGSHOTS

_BEM-VINDO AO SÉCULO 21

_EMBALADOR DE IDEIAS

_RUMO ÀS ARTES!

_VELHO NOVO PAPEL

_15 MINUTOS COM CACO BARCELLOS

Ela gosta de banho de rio, mas foi outro Rio que despertou seu interesse. Responsável pela base antropológica do estudo Retrato Carioca, Simone Terra desenvolveu, e continua aprofundando, o Jeito de Ser Carioca e demonstra como as interseções culturais influenciam no comportamento de compra desse consumidor. Diretora da empresa que leva seu nome, é graduada em Teatro e Ciências Sociais, pósgraduada em Pesquisa de Mercado e Marketing Estratégico na França e possui especialização em Varejo e Comportamento de Compra. Natural de Cambuci, mora em Niterói. É presidente do Comitê de Promoção, Trade e Varejo da Associação Brasileira de Anunciantes e consultora associada ao SENAC Rio e à Fecomércio. Nos 17 anos de carreira, já trabalhou com grandes grupos e marcas no Brasil e no exterior: Bompreço, Coca-Cola, Danone, Extra, FGV, FNAC, Gerdau, Gillette, Infoglobo, Les Galeries Lafayette, L’oréal, Pão de Açúcar, Procter&Gamble, Souza Cruz, Unilever, entre outros. + sterra.com.br

Non-stop! Assim é Andrea Greca Krueger, jornalista e professora. Aos 28 anos, a coolhunter, ou melhor, investigadora de tendências garante: “não gosto de ficar sem fazer nada, me sentir meio inútil, ver o tempo passar sem produzir”. Não produzir? Realmente, impossível. Pós-graduada em Coolhunting e Investigação Qualitativa de Tendências na Universitat Ramón Llull, em Barcelona, é especialista em Mídia de Moda e Jornalismo de Moda (ambas cursadas em Londres). Seguidora de novidades, ávida por observação. Desde pequena, era a mais observadora da turma, o que já demonstrava a atração da garota pela profissão que exerce há dois anos. Além de viajar, ler, pesquisar e observar (muito!), Andrea não vive sem redes sociais, defende o aprofundamento da pesquisa de tendências e ainda encontra tempo para curtir música eletrônica e manter seu blog atualizado. Colabora com o canal virtual espanhol tendencias.tv. + somainkinderland.wordpress.com

Quando foi registrar seu domínio no mundo virtual, seu nome não estava disponível. E foi em uma conversa misturada com um debate sobre filmes classe B com seu mentor, Guilherme Caldas, que Diego Corrêa virou Diego The Kid. O nome era sonoro e estava disponível na web. Pôsters “gringos” de concertos de rock fazem parte de suas referências que, ao longo desses seis anos trabalhando na área, foram sendo aprimoradas, encontraram novas vertentes e geraram experimentos interessantes. Já trabalhou em agências de publicidade e frequentemente freela com seu mentor, com quem, inclusive, ilustrou o livro 1968 Ditadura Abaixo (Teresa Urban e Guilherme Caldas, Editora Arte & Letra). Aos 22 anos, prestes a se formar em Design Gráfico na UTFPR, o ilustrador se destaca no cenário alternativo local: ainda este mês, participa de uma exposição com outros quatro artistas na A Casa Espaço de Arte. + diegothekid.com.br

_DE QUE COR É SEU CHAPÉU?

_PESQUISA INFORMAL COBRADORES DE ÔNIBUS

_HOMEMADE BLOCKBUSTER

_COOLHUNTING

_COMPORTAMENTO DE COMPRA

_DO CARDÁPIO DA CRISE, DE QUE SERVE A PREOCUPAÇÃO?

Há cinco anos, João Paulo Esmanhoto Bertol largou sua bem-sucedida profissão de redator publicitário em Curitiba para se arriscar no cinema canadense: mudou-se para Vancouver em busca de especialização na 7a arte e uma melhor qualidade de vida. Hoje, com 30 anos, atua como assistente de direção no filme Mordecai e já participou de diversos filmes e shows de televisão, como Wolverine, 2012, Tron 2.0, Supernatural, Psych, Harper’s Island e assume: morre de saudades do Brasil. “Morando fora a gente aprende que a nossa casa vai ser sempre a nossa casa, não importa quanto tempo você passe longe”.

Beto Shibata , 34, paranaense formado pela PUC-PR, foi editor de arte da revista Trip e teve ilustrações publicadas em conceituados projetos e publicações como PEEL (USA), Theme (USA), S/Nº (BR) Playboy (BR), Vice (USA), Graniph (JPN),Simples (BR), Rojo (ES), Shift Calendar (JPN) e Sushi Book (GER). Atualmente mora em São Paulo e trabalha como diretor de arte da MTV. + www.fpuo.org

Rafael Camargo, ou Rafa Camargo, é ilustrador profissional desde 2001. Atua como chargista esportivo do Jornal Tribuna do Paraná e já colaborou com as revistas Superinteressante, Mundo Estranho, Encore Magazine (Munique/Alemanha), entre outras. Com trabalhos selecionados em salões nacionais e internacionais, obteve em março deste ano, o 1o lugar no XVII Salão Internacional de Imprensa de Porto Alegre, com a charge Nature Song. Participou de três edições da exposição Ilustra Brasil!, sendo membro da Sociedade dos Ilustradores do Brasil – SIB. Desde 2004, está à frente da Mamute Estúdio Gráfico, onde desenvolve projetos de design e ilustração, e envia, semanalmente, uma charge para os e-mails cadastrados no site da agência. Mantém um blog, veículo em que divulga textos e criações diversas. Lava a louça de domingo e casou antes de comprar sua bicicleta! + rafacamargo.com.br


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CHARGE_Rafael Camargo

PONTOS DE DISTRIBUIÇÃO_INVENTA

TODAS AS EDIÇÕES DA REVISTA INVENTA ESTÃO DISPONÍVEIS NA ÍNTEGRA NA INTERNET

_ revistainventa.com.br ASSINATURAS E EDIÇÕES ANTERIORES

_ inventa@iemecomunicacao.com.br

CURITIBA/PR

_ARAD - Rua Vicente Machado, 664 - Centro _CLUBE DE CRIAÇÃO DO PARANÁ (CCPR) - Rua Mateus Leme, 4700 - Parque São Lourenço _D-LAB - Rua Rio de Janeiro, 1271 - Água Verde _IEME COMUNICAÇÃO - Rua Heitor Stockler de França, 356 / 1º andar - Centro Cívico _JACOBINA - Rua Almirante Tamandaré, 1365 - Alto da XV _ORIGINAL BETO BATATA - Rua Professor Brandão, 678 - Alto da XV _PIOLA - Al. Dom Pedro II, 105 - Batel _PRESTINARIA - Rua Euclides da Cunha, 669C - Bigorrilho _REALEJO CULINÁRIA ACÚSTICA - Rua Cel. Dulcídio, 1860 - Água Verde _SANTILLANA LOUNGE BAR - Av. República Argentina, 1649 - Água Verde _TIENDA - Rua Fernando Simas, 27, Praça Espanha - Batel


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RÁPIDAS

_CARTAS SUA OPINIÃO É SEMPRE MUITO BEM-VINDA _ inventa@iemecomunicacao.com.br “Parabéns pela revista, adorei!!!” Deayse Madruga Porto Coordenação de marketing FGV - ISAE

“Meus parabéns a todas vocês que criaram esta revista deliciosa de se ver e obrigado por alimentarem nossa mente”. João Vinícius Revista Piauí

“Está uma barbaridade, como diriam os meus compatriotas catarinas, desde o conteúdo inteligente e diversificado até o agradável projeto gráfico. Sucesso!”

homem chocolate precisa de uma decisão rápida: arrancar seus dedos e conseguir andar mais meia quadra ou perder um braço rapidamente? Decidido, deixa seu minguinho para trás, prepara a armadilha e consegue escapar de mais uma bela*.

“Muito obrigado pelo envio da revista. Fiquei particularmente impressionado pelo cuidado na direção de arte, qualidade de impressão e conteúdo. Destaque especial para a entrevista com o Gilberto Dimenstein. Realmente brilhante”.

Nos últimos anos, a indústria responsável pela diversão garantida nos intervalos do trabalho e quando chega o tédio do computador cresceu mais que os conhecidos gigantes do entretenimento como o cinema e a música, faturando, em 2008, US$ 21,3 bilhões.

Mauricio Pacheco Publisher - Revista Supermercado Moderno

Em razão de espaço ou compreensão, seu e-mail pode ser resumido, editado ou não publicado.

Guilherme Tarachuka Gerente de Marketing - Hardness

“Que baita projeto. Antes de tudo pela sintonia com essa missão na qual acredito inteiramente – cabe à comunicaçao assim como à edução semear ou fazer florescer ou despertar conhecimento. Prazer tanto por ler a entrevista com Gilberto Dimenstein como por assistir à percepção de propaganda de pessoas descoladas em “Qual a melhor propaganda para você?” e por ouvir lendo esse coladíssimo na cultura brasileira, “meu ídalo”, Lenine. Inventa certamente reinventa-se juntando todo o fazer criativo, misturando tudo no mesmo cadinho, permitindo que a comunicação estimule-nos por Solda ou por Zéh Henrique, por Peter Newell ou por Luli e Alessandrinho. Bem legal. Parabéns a todos de Inventa”. José Oliva Nova Comunicação

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Correndo de mulheres desesperadas, o

Manoel Coelho Arquiteto

“Eu e minha equipe gostamos muito do conteúdo da revista, especialmente as matérias sobre Idiomas do Futuro e Desculpe, foi engano”.

O mundo dos games invadiu a publicidade. Ou foi o contrário?

“A revista está bem formatada, o conteúdo é bem interessante e espero que vocês continuem alimentando muitas mentes com a continuidade das edições. Parabéns”. Mara Fontoura Gramofone Produtora Cultural

“Li a revista de vocês ontem na sala de espera de um consultório e adorei!” Fernanda Nudelman Trugilho Pto de Contato

“Quero parabenizá-los pela Revista Inventa e colocar-me à disposição para “inventar moda”. Contem comigo. É muito importante termos mais bons veículos de mídia impressa na cidade. Parabéns!” Victor Sálvaro Produtor

A publicidade almeja, a todo custo, a interação e imersão do usuário no universo do produto. Quando essa experiência do consumidor com a marca é divertida, torna-se a menina dos olhos. Unindo o avanço no mercado, as tecnologias disponíveis e a possibilidade de interação com os usuários, bingo! Chegamos aos advergames. As marcas podem estar nos games de, basicamente, três formas: nos advergames, que são games customizados para marcas e produtos; em anúncios nos cenários virtuais, chamados de in-games advertising; ou ainda pela inserção de produtos no contexto do jogo, products placement – quase um merchandising. Atualmente, os advergames são os preferidos. Marcas como Unilever, Chevrolet e Brasil Telecom são apenas alguns dos muitos exemplos de como anunciantes estão brincando direto com seu público. De acordo com pesquisas, a tendência é um pouco óbvia: a cada ano deve aumentar ainda mais o número de jogos online com diferentes inserções de marcas e produtos. (IH) + *SE VOCÊ AINDA NÃO CONHECE O JOGO DO HOMEM CHOCOLATE, ACESSE: AXE.COM.BR/DARK/SITE

“Que super a nova revista! Achei genial e gostaria de continuar no mailing”. Cleide Fiorucci Cultura Inglesa _RÁPIDAS


A nona arte e sua senhora história

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Capaz de brigar com o espelho ao chegar à cidade grande, Nhô-Quim é considerado o pri-

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meiro personagem fixo de uma graphic novel no mundo. Zé Caipora e sua complexa personalidade foram os primeiros a ter uma revista para contar suas aventuras. Dois personagens tipicamente brasileiros, criações do ítalo-brasileiro Ângelo Agostini, Nhô-Quim e Zé Caipora marcam o surgimento das histórias em quadrinhos e comemoram, em 2009, 140 anos.

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Para as gerações atuais, esses senhores personagens deixaram, além da história, muita referência. Já em 1869, Agostini e seus fiéis escudeiros defendiam uma linha dura contra injustiças da sociedade e do governo. Durante o reinado de Dom Pedro II, Nhô-Quim levantou a bandeira da república e agia contra a escravidão.

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FÁCIL, FÁCIL

Até mesmo xixi no banho. Hoje vale tudo para não agredir (ou agredir me-

nos) o meio ambiente, como mostra a campanha Xixi no Banho, criada recentemente pela SOS Mata Atlântica, organização não governamental que busca a conscientização quanto à preservação da natureza. A campanha aponta o banho como uma solução de economia, já que o xixi é composto basicamente por água (95%) e cerca de 80% da água utilizada por pessoa/dia é proveniente do banheiro. Simples assim. (IH e TM)

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+ PARA SE CONVENCER, ACESSE: XIXINOBANHO.COM.BR

bAZAR DESMOBILIA

Algumas das histórias dos heróis tupiniquins podem ser encontradas na coletânea As Aventuras de Nhô-Quim & Zé Caipora: Os Primeiros Quadrinhos Brasileiros, editada pelo Conselho Editorial do Senado Federal. (IH) + LIVRARIA DO SENADO FEDERAL: LIVRARIASENADO.COM

Móveis exclusivos, clássicos, vintage, livros, artigos de arte e decoração. Mais de 2.500 produtos únicos, cheios de estilo (e história!) com

até 70% de desconto. A 10ª edição do Bazar Desmobilia acontece nos dias 6 e 7 de junho em Curitiba, 13 e 14 na loja virtual e 20 e 21 em São Paulo, e promete repetir o sucesso das edições anteriores: em 2008, mais de 3 mil pessoas compareceram ao evento na capital paranaense. (TM) + Mais informações: desmobilia.com.br

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Lixo que não é lixo

Pegar recados amassados, fotos comprometedoras e objetos que, para

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muitos, já não têm mais valor e publicar em uma revista. Acha que ninguém vai querer comprar? Errou. Essas ações fazem parte do cotidiano da revista Found, que, desde 2001, conquista leitores em todo o mundo. Lançada em Chicago por Jason Bittner e Dave Robarth, a publicação reúne bizarrices e divertidos objetos pessoais e reveladores. Um mosaico (quase) saído do lixo, a Found é anual e começou com 700 cópias. Sua colagem punk ganhou o mundo e, hoje, seus 70 mil exemplares chegam a qualquer cidade do planeta através de solicitações no site por apenas US$ 5. Além de “lixo”, o outro diferencial da Found é a participação ativa de seus leitores: 70% do que é publicado chega via correio, apenas com a descrição de onde foi encontrado. Antes de serem impressas, as peças ganham um ar de “antiguidade”, o que deixa as páginas da revista com aspecto entre o cult e o retrô. Há também uma segunda publicação, a Dirty Found, mais apimentada que a primeira e com tiragem de 25 mil exemplares. (IH) + ACESSE ESSE “LIXO”: FOUNDMAGAZINE.COM


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RÁPIDAS

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DESTINO: BRASIL

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BIENAL DO LIVRO Já são pelo menos nove as bienais do livro no Brasil. E cada uma dessas nove já faz

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um sucesso do tamanho da Bíblia. Apenas para se ter uma ideia, só a Bienal do Livro de São Paulo, que aconteceu no ano passado, constatou que cerca de 75% dos visitantes compraram livro, sendo que, na média, cada visitante comprou cinco livros! Sem dúvida, um grande sucesso econômico para as editoras. Sucesso também se considerarmos que a média de leitura no Brasil é de menos de dois livros por ano, sendo que, se tirarmos os livros didáticos, a média cai para menos de um.

75 produtos brasileiros foram selecionados para inaugurar a coleção Destino:

Curitiba terá, em breve, a sua bienal. Prevista para ocorrer de 27 de agosto a 4 de setembro, no Expo Unimed Curitiba, a 1ª Bienal Internacional do Livro de Curitiba promete movimentar a capital curitibana. Com curadoria do mineiro Alcione Araújo, escritor, diretor e ator, que trabalha atualmente como roteirista e já elaborou 13 para o cinema brasileiro, entre eles Pátria Amada e Policarpo Quaresma, a Bienal promete divulgar novos autores, novas publicações e novas edições, incitar crianças, jovens e adultos a ler mais e ajudar instituições de ensino a desenvolverem o importante gosto pela leitura. (TM e BR)

Brasil. Desde maio, os produtos estão disponíveis por tempo limitado na MoMA Store, que fica dentro do o Museu de Arte Moderna de Nova York, uma das lojas mais emblemáticas de design. A iniciativa faz parte do projeto Destino: Design, que mostra o melhor do design mundial. A série já mostrou produtos da Finlândia, Dinamarca, Buenos Aires, Berlim, Japão e Seul. A coleção apresenta produtos famosos dos Irmãos Campana, trabalho de designers da atualidade como Sabrina Arini, Alberto Pretel, além de clássicos, como o copo americano feito por Nadir Figueiredo em 1947. (MB) + Confira os itens no site: MoMA.org

“That’s such good news, because it’s all about ME!”

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Foi dessa forma que Tiny recebeu a

notícia de que seu trabalho como diretora de criação seria publicado em um livro. Com apenas quatro anos de idade, a linda garotinha é responsável por avaliar as ilustrações de seu pai, Bill Zeman, e dar o veredicto: aprovado ou reprovado. Na próxima primavera americana, pertinho da comemoração do Dia dos Pais naquele país, o resultado de três anos de blog ganha novo formato e reconhecimento. Publicado pela editora Chronicle, o livro terá capa dura e uma série de materiais inéditos, além de algumas peças que já fazem parte do blog. Moradores do Brooklyn, pai e filha trabalham e se divertem juntos há três anos: Bill, desenhando; Tiny, avaliando. Tiny adora crocodilos e dinossauros, e o pai explica que esse gosto vem da excitação – quase medo – que esses animais causam na menina. “Hoje ela já gosta da minha arte, mas continua tendo uma visão interessante sobre as ilustrações”. Com comentários engraçados, e muitas vezes cruéis, Tiny surpreende pela sinceridade. E Bill avisa que, mesmo muito crítica, Tiny é uma menina fofa e bem comportada. (IH) + ENQUANTO O LIVRO NÃO CHEGA, ACESSE: TINYARTDIRECTOR.BLOGSPOT.COM _RÁPIDAS


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Made in Brazil Há quem diga que o 2o lugar é o 1o perdedor. Mas, nem sempre ser o

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vice é ruim. Orgulhosamente, somos agora o segundo país em produção de embalagens. Isso mesmo! De acordo com uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Monitoramento Global de Embalagem da ESPM, o Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos no quesito lançamento de embalagens. Ao longo do ano, foram apresentadas 20 mil novas embalagens Made in Brazil.

Para a merecida valorização dos responsáveis criativos por tantas embalagens, o Prêmio ABRE de Design & Embalagem chega em sua 9ª edição e mantém-se como o mais importante prêmio do segmento. Para quem quiser participar da categoria Júri Popular, as inscrições vão até o dia 29 de maio. Já para o Júri Técnico, o prazo é um pouquinho maior: inscrições até o dia 26 de junho. O vencedor participa do International World Star Awards da Organização Mundial da Embalagem – WPO. (IH) + SAIBA MAIS EM: ABRE.ORG.BR

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NOVA PAUTA: JORNALISMO

Empurrãozinho

Estudantes, maiores de 18 anos e matriculados em alguma instituição de ensino superior de 30 países têm até às 17 horas do dia 5 de junho para fazer a inscrição para o Prêmio Adobe® Design Achievement. São 12 categorias em três mídias diferentes para participar enviando trabalhos criados com produtos da Adobe. Os vencedores ganham viagens, software da Adobe e prêmios em dinheiro, além, é claro, do “reconhecimento e um empurrãozinho nas futuras carreiras”, como afirma o regulamento do prêmio no site adaaentry.com/br. (TM)

foto_Cris Campos

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O simples fato de você estar lendo agora a Inventa já diz muito sobre o futuro do jornalismo. E, na verdade,

hoje existem poucos assuntos mais quentes do que o destino do jornalismo no rápido e dinâmico mundo da informação. Com tantos novos veículos circulando, sejam eles impressos ou online, sejam eles novos ou tradicionais, surge agora uma oportunidade única para reformular o relacionamento entre o jornalismo e o público. A crise dos jornais é, na verdade, uma crise do jornalismo em si, que precisa buscar um novo espaço entre as tantas novas mídias disponíveis. E é nessa busca que dois congressos mundiais acontecem este ano, juntando os mais importantes jornais do mundo para debater o futuro. De 13 a 15 de maio, a International Newsmedia Marketing Association realiza em Miami seu 79º INMA World Congress. O grande ponto de interrogação será o plano de recuperação para compensar as baixas expressivas com as receitas em publicidade. Ou seja: como salvar os grandes jornais impressos do mundo, e como utilizar as já consolidadas marcas para a tarefa simples de vender mais edições? Como salvar gigantes como o The New York Times e o The Washington Post que recentemente anunciaram seus planos de demissão? A resposta talvez esteja na Índia, aposta a Associação Mundial de Jornais, WAN (na sigla em inglês), que realiza lá seu 62º congresso. O país, maior democracia do mundo, tem uma imprensa local que apresenta um crescimento extraordinário. E já é o 2o mercado mundial, atrás apenas da China. Comprando mais de 99 milhões de cópias de jornais diariamente, os indianos são 200 milhões de leitores e representam um mercado com potencial ainda grande. Tratando-se de um dos países líderes em tecno-

logia e em acesso à internet, a Índia é a prova que há espaço sim para a permanência dos veículos tradicionais. E qual o segredo? Milhares de empresários do setor estarão lá no início de dezembro para discutir a resposta. O que é muito claro, no entanto, é que o objetivo do evento é definir o novo posicionamento dos grandes jornais nesse novo cenário mundial, com as novas mídias já consolidadas como fontes de informação. A crise do jornalismo veio tarde e era mesmo inevitável. O novo jornalismo se integra agora a uma rede e os veículos tradicionais ocupam um novo espaço menos central para um público que não mais apenas busca informação, mas, em muitos casos, também a produz. Inevitavelmente, eles venderão menos exemplares. Fato é que os leitores já não querem só o factual, querem jornalistas ativos, veículos novos. Querem notícias que interessam e querem se aprofundar no que se interessam. Terminou a era do velho jornal que reunia todos os assuntos. A notícia agora chega mais rápida e vai direta ao leitor. Chega também cada vez mais pelas novas mídias, sejam fotos e vídeos de celular ou mesmo blogs, twitter, facebook, etc. (BR)


14 The Cage Piece

DAILY MUGSHOTS por_Bruno Reis fotos_DANIEL MAZER

Talvez o primeiro com a ideia tenha sido Tehching Hsieh, em 1978. Tinha

sob o seu domínio o tempo e para concretizála foram necessários a paciência e o rigor que aprendera durante um treinamento de três anos no exército de Taiwan. Com 10 mil dólares, doados pela mãe (“não seja um criminoso” foi a única exigência), construiu em seu loft na TriBeCa uma cela de pouco menos de 10 m2, e a decorou com uma pequena cama, uma pia e um balde. No dia 28 de setembro de 1978, datilografou com seu limitado inglês: “Não deverei conversar, ler, escrever, escutar rádio ou ver televisão até que eu me liberte no dia 29 de setembro de 1979”. A única ajuda seria um amigo compatriota que limparia seus resíduos e tiraria uma foto por dia, todos os dias. O artista Hsieh em frente a sua obra no MOMA/NY (abril 2009).

Hoje, em alguns minutos pode-se acompanhar a exposição do trabalho que foi chamado de The Cage Piece. O artista Hsieh (pronuncia-se Shei) começou sem cabelos, terminou cabeludo. Sua expressão também está indelével nas fotografias. Um ano preso com nada, a não ser seus pensamentos, pode mesmo alterar o olhar de um rosto. E o interessante da exposição, que esteve no MoMA, em Nova York, de janeiro a maio de 2009, é justamente observar a distorção do tempo. Moldado em uma sala de exposições, o ano da vida do artista. Artista que não perdeu tempo e, no ano seguinte, 1980, iniciou um 2o experimento: durante um ano, bateu um cartão no ponto todas as horas, registrou tudo e fez um filme, que também esteve exposto recentemente em Nova York , desta vez, no Guggenhein. Hsieh fez isso tudo mais de 20 anos antes da tecnologia digital ter tornado possível o trabalho de Noah Kalina. Ainda estudante de artes visuais, com 19 anos, Noah começou a tirar um autorretrato por dia. Não sabia muito bem o que faria com o material, mas a ideia logo veio à cabeça depois de ter visto um experimento similar no YouTube. Em menos de quatro horas, já havia baixado suas 2.356 fotos no Windows Movie Maker e feito um vídeo de três minutos dos seis últimos anos da sua vida. O sucesso deste projeto, denominado “Everyday”, foi enorme. Pouco depois de seu lançamento, Noah já estava palestrando mundo afora sobre uma nova área na fotografia, o “por-

traiture”, que correu o mundo na mão de novos aspirantes a retratistas, produzindo verdadeiros daguerreótipos do século XXI. Hoje, com uma rápida passada pelo Orkut, Facebook ou MySpace, já se vê como são estilizados os novos autorretratos. A câmera, num ângulo inclinado, e a luz preenchendo e contornando quase sempre de uma maneira diferente. Autorretratos em formatos que antes, com o filme, não eram comuns. Detalhes das vantagens tecnológicas à parte, fazer registro diariamente parece ter despertado vontade em muita gente, e basta acessar qualquer um dos links de relacionamentos para se impressionar. Existe ainda o site Daily MugShot, onde milhares de pessoas levam o registro diário religiosamente a sério e outras milhares acabam desistindo (ou esquecendo) logo após a primeira semana. A proposta do www.dailymugshot.com é ajudar os interessados a acompanhar suas “transformações” ao longo dos anos. Gratuito e bastante simples: o usuário tira uma foto por dia através da webcam (ou câmera digital), as imagens vão para o site, e depois de um tempo já se pode assistir ao vídeo produzido automaticamente e compartilhar a evolução (sua, do seu bebê ou até mesmo do animal de estimação) nos mil e outros sites de relacionamentos que não param de surgir. Divertido? Com certeza. Difícil é encontrar na web registros diários dignos de serem expostos mundo afora.



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por_Marília Bobato ilustração_BETO SHIBATA


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Quem não lembra da série Os Jetsons, que apresentava as aventuras de uma

família comum em uma fantástica visão do século 21? A produção de Hanna-Barbera foi criada em 1962 e introduziu no imaginário das pessoas o que seria o futuro da humanidade: carros voadores, cidades suspensas, trabalho automatizado, aparelhos eletrodomésticos multifuncionais e robôs como empregadas domésticas. Parece que o visionário HannaBarbera antecipou o que estava por vir. Você recorda as longas esteiras rolantes que George, Jane, Judy, Elroy e todos os seus amigos usavam para chegar ao destino desejado? Aeroportos e shoppings já aderiram ao sedentarismo da vida moderna. Acostumados, sequer achamos que seja um benefício ou novidade. Falar e ver as pessoas através de um telefone sem fio, de qualquer lugar, parecia coisa do futuro. Desde 2008, muitas operadoras passaram a oferecer o serviço de videochamada no Brasil aos clientes da tecnologia 3G. Bater papo ao vivo, com vídeo e voz, é realidade. E quem nunca imaginou uma robô serviçal como a Rosie, que colocava os ingredientes na barriga e o prato saía pronto? As tentativas da engenharia robótica não chegaram a tanto, mas diversas universidades ao redor do mundo desenvolveram protótipos animadores. A Universidade Chiao Tung de Taiwan anunciou, em 2007, o desenvolvimento de um robô capaz de reconhecer o seu dono e oferecer serviços segundo seus gestos, circunstâncias que permitem seu uso no cuidado de idosos e no serviço doméstico. O Japão também está avançando no campo de desenvolvimento de “cérebros mecânicos”. Pesquisadores trabalham para tornar realidade uma sociedade na qual os robôs convivam com os seres humanos e realizem tarefas simples no lar, como acender a luz, carregar as compras e fazer a limpeza. No Brasil, um humanóide fez sua primeira aparição em janeiro deste ano. Trata-se de uma demonstração desenvolvida por uma equipe de pesquisadores da Unesp e do ITA, e montado na área de Robótica da Campus Party Brasil. O robô CP01 é do tamanho aproximado de uma pessoa, tem diversos sensores e uma câmera na cabeça que detecta rostos de pessoas que estejam olhando para ele. Levou quatro meses para ser idealizado e é um projeto de longo prazo, que pode levar uma década para ser concluído. É o primeiro robô construído no Brasil com arquitetura aberta - o que em linguagem de

computação seria chamado de “open source”. Quem garante que, em breve, nós não tenhamos nossa própria Rosie? Um único papel para visualizar todas as notícias do dia. Se George Jetson tinha algo como o Kindle a gente não sabe, mas o leitor de livro eletrônico já virou moda, pelo menos na Europa, e está na mão de muita gente. Equipado com conexão Wi-Fi (sem fio), o Kindle inclui um dispositivo que permite aos usuários baixar edições digitais de publicações com o The New York Times e o The Wall Street Journal toda manhã. Outro sonho de consumo são os carros voadores. Chegar ao destino desejado pelos ares, sem enfrentar ruas emburacadas, trânsito caótico e se livrar de vez da cobrança de pedágios parece bastante animador. Eis que... em março deste ano, o protótipo híbrido de carro e avião, nomeado Terrafugia Transition, fez seu primeiro voo, no Aeroporto Internacional de Plattsburgh, nos Estados Unidos. Com capacidade de transformar-se em avião em apenas 30 segundos, o veículo de dois lugares tem tração dianteira para circular pelas ruas e um propulsor à hélice para voar. O preço estimado no mercado norte-americano deve aproximar-se dos R$ 460 mil e, apenas para reservar um exemplar, você deverá desembolsar cerca de R$ 23 mil. Já a proposta da empresa israelense Urban Aeronautics é outra. O X-Hawk é um veículo com capacidade de pouso e decolagem verticais sem os perigosos rotores aparentes que impedem helicópteros de monobrar em áreas urbanas. Entre as funcionalidades, poderá desempenhar o papel de ambulância aérea, transporte de passageiros e carga, veículo para evacuação de pessoas em situações perigosas e para a manutenção de linhas de transmissão. A promessa é que ele chegue ao mercado já em 2010. Há 20 anos, as cidades suspensas também pareciam coisa de outro mundo. Se a ideia é viável ou puro realismo fantástico, ainda não se sabe, mas o arquiteto francês Vincent Callebaut desenhou uma cidade flutuante que pode abrigar cerca de 50 mil moradores. A criação funcionaria como um iceberg e é, sem dúvida alguma, uma ideia louvável: a preocupação de Callebaut é abrigar os refugiados do clima com o aquecimento global. Os Lilypads, como são chamadas as cidades, foram inspirados no formato das vitórias-régias, muito comuns na

região amazônica, que são grandes, pesadas, mas se mantêm na superfície da água. E o transporte direto da moderníssima família? Lembra quando Elroy, filho de George e Jane, entrava naquele tubo para sair do colégio? E se existisse uma maneira de ir de casa ao supermercado sem ter que usar o carro ou, melhor ainda, transformar o próprio quintal em uma estação espacial internacional? Não, ainda não chegamos a esse tempo. Mas, já existem cientistas trabalhando nessa viagem. No final de 1997, um grupo da Universidade de Innsbruck, na Áustria, teletransportou um fóton – uma energia luminosa. O que acontece é que para teletransportar pessoas, aparentemente, ainda estamos na teoria. Especialistas acreditam que essa missão ainda pode levar alguns séculos. O jeito é continuar sonhando e, enquanto isso, assistimos a desenhos animados.


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ENTREVISTA


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EMBALADOR DE IDEIAS

_Elifas Andreato

por_MARÍLIA BOBATO fotos_GUADALUPE PRESAS

Elifas Andreato acredita que tinha tudo para dar errado. Nasceu pobre, no norte do Paraná, com cinco irmãos mais novos para criar. Foi alfabetizado apenas aos 15 anos e perseguido pela ditadura durante muito tempo, na época que tinha alguns companheiros militantes da ação popular. A repressão e a censura fizeram parte de sua vida quando trabalhou no jornal Opinião. Mesmo sem instrução formal, tornou-se referência no meio intelectual e artístico do país. Com a vida, aprendeu a se preocupar com o direito das crianças. Apesar de afirmar que não cria nada, aos 63 anos, Elifas não deu errado. Contabiliza mais de 500 capas de LPs que lhe renderam amizades com músicos de Pixinguinha a Zeca Pagodinho. Reinventou-se, passando da criação de capas de LPs para os encartes em CDs. Criou cenários para programas de televisão e esculturas para grandes prêmios, entre eles o Colunistas, principal da publicidade brasileira: “É um Alex Periscinoto esculpido por mim, que nunca fui publicitário”. No final de maio, ele lança o segundo livro de sua carreira. Faz o lançamento também da compilação dos 10 anos do Almanaque, a revista de bordo da TAM e a “menina dos olhos” de Elifas. Polêmico e de muita opinião, o artista, escultor e editor é um homem que, acima de tudo, preza o que é justo. Em seu escritório, em São Paulo, “um lugar descente para trabalhar”, ele abriu parte de sua história para a Inventa.

Inventa - Em seu trabalho, você já realizou muito em relação à música, literatura, teatro e outras atividades. Sempre existiu essa relação de trabalho e amizade com os artistas? Elifas Dei sorte. Sou de uma geração extraordinária de criadores em todas as áreas e, por isso, sempre misturei muito trabalho com amizade. Primeiro pela natureza do meu trabalho... eu seria o fazedor de convites, se fosse pra ver a peça de teatro, pra ler o livro, pra ler um texto ou pra comprar o disco. Muito cedo percebi isso e o que veio junto com essa consciência foi a responsabilidade que eu tinha. Eu tinha de ser fiel e jamais seria mais importante do que as obras que eu ia convidar o cidadão a ver, ler ou ouvir. Isso exigia uma convivência não apenas com a obra, mas com o artista. Significava jogar futebol com o Chico (Buarque), sinuca com o Paulinho (da Viola), com o João Bosco... enfim, almoçar na casa da (Maria) Bethânia, da Clara Nunes. E isso era o que me dava inspiração e segurança para fazer o trabalho. Poucas vezes errei no trabalho. E, quando errei, tive tempo de corrigir.


20 IVT - EsSas amizades permanecem até hoje? E Fiz muitos amigos e as amizades permanecem. Por exemplo, estou dirigindo o show do Martinho (da Vila) em diversas cidades. Eu era amigo mesmo, continuei sendo como sou até hoje. Todos me respeitam, não há uma pessoa com quem trabalhei que eu tenha tido problema. Me envaidece o tratamento que me dão, de respeito, admiração. Mas, não ligo muito pra isso, porque a gente não pode ficar muito ligado nas coisas elogiosas. Às vezes, encontro essa gente e vejo o carinho. Para a inauguração do Centro de Referência da Música Carioca, o meu genro, João, fez um documentário. Num certo momento, numa das entrevistas, o Sergio Cabral (historiador e intelectual), disse uma frase que eu nunca tinha pensado: “As pessoas queriam saber como o Elifas via aquele artista”.

IVT - E foi em um desses muitos encontros que houve um pedido especial do Vinícius de Moraes pelo seu filho Bento? E Foi um pedido durante uma conversa. Essa coisa de ter vivido com essa gente, Pixinguinha, Cartola, Nelson Cavaquinho, me deixou muito atrevido e queria muito estar próximo deles porque me enriquecia. Sempre aprendi muito observando, ouvindo. E, aí, veio a história do Vinícius. Eu tinha decidido não ter filhos. Tive uma infância péssima, uma péssima relação com o meu pai. Quando ouvi a música O Filho que Eu Quero Ter, de Vinícius e Toquinho, fiquei atrapalhado. Pensei: “será que essa decisão de não ter filhos é certa?”. E, em uma conversa com Vinícius, ele me disse claramente: “se você não tiver um filho, não vai compreender seu pai nem a vida completamente”. Ah! Ele tem poemas lindos sobre pai e filho, fora os infantis. E eu resolvi ter filho. IVT - E o que mudou com a chegada do Bento? E Mudou tudo. Chegou o Bento, logo depois veio a Laura e o mundo passou a ter outro sentido. Tanto que a Declaração dos Direitos da Criança - que eu comecei a escrever já fazendo as letras que só muito depois eu entreguei pro Toquinho musicar - era o resultado da convivência com o Bento, molequinho, querendo saber tudo, e a reflexão sobre a comparação com a minha infância e a de tantas crianças brasileiras que ainda padecem muito. É muita gente pobre, criança desassistida. Isso sempre me preocupou. A questão da infância sempre foi um tema presente na minha vida, no meu cotidiano. IVT - Quais são seus projetos em relação às crianças? E Então, nós estamos comemorando 50 anos da Declaração Universal dos Direitos da Criança e 30 do nosso trabalho sobre a declaração. O que mais me impressiona é que pouca gente conhece esse trabalho. A ONU (Organização das Nações Unidas) nos deu uma carta de reconhecimento de contribuição à humanidade e adoção do disco no mundo inteiro...

E o Brasil insiste em ouvir a Xuxa. O que essa mulher causou de desgraça para essa piazada, a gente vai precisar de mais de três décadas para consertar. Porque é a exploração da criança, sexualização precoce, isso é uma tragédia. O que mais me espanta é que a TV Globo acha que ela é a nossa rainha. Sempre que posso, pergunto: “rainha de quê, de quem?”. Mas, enfim, estou contando isso porque minha proposta é tratar de direitos da criança e valores humanos na rede pública de ensino para a criança pensar sobre esses assuntos. IVT - Quem contratava você eram os músicos? E Eram. Raramente fiz qualquer coisa que fosse para editora ou gravadora. Sempre foi para os artistas. Eles falavam: “vou fazer com o Elifas”. E as gravadoras rebatiam: “ah, mas o cara é um problema, sempre atrasa, é caro”. É tudo mentira. Muitas gravadoras usavam esses argumentos para não trabalhar comigo.

Em uma conversa com Vinícius, ele me disse claramente: “se você não tiver um filho, não vai compreender seu pai nem a vida completamente”. ENTREVISTA_ Elifas Andreato


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IVT - E como você se sentiu quando os LPs foram substituídos pelos CDs? E Quando encerrei minha participação na música brasileira, não faz muito tempo, foi com a capa do Zeca Pagodinho, quando finalmente ele tinha status pra me chamar. Isso é conversa dele (risos). Enfim, quando ele começou a vender muito, a gravadora começou a me aborrecer, vinha com umas conversas meio idiotas. Comecei a perceber que tudo havia mudado. Não era só a história que contam, da mudança do LP pro CD. Tinha mudado o mundo, as gravadoras, os diretores de arte já não eram bons e nem lutavam por algo que acreditavam. IVT - Você ficou desiludido? E Fiquei aborrecido porque eu comecei a fazer as capas com fotos do Zeca. Um dia o Zeca Pagodinho me deu uma bronca: “pô, eu esperei 35 anos pra chamar esse cara para fazer uma capa pra mim e vem aqui todo ano com fotógrafo.” Falou meio brincando, mas era uma provocação. Ele queria que eu o desenhasse. Tudo bem. Fiz Água da Minha Sede, que é um desenho bonitinho até. Ele ficou muito contente, embora existam outras melhores. Por exemplo, acho que Hoje é Dia de Festa, onde eu misturei ele sambando com os desenhos do J. Carlos (chargista) é uma das melhores coisas que eu fiz em toda a minha carreira. Se você pegar aquela minha capa, no encarte, com aquela graça do J. Carlos, que é o maior ilustrador de todos os tempos, você entende qual foi a decepção. A decepção maior mesmo foi quando eu liguei pro G. Alves Pinto na gravadora e disse pra ele: “olha, nós estamos fazendo uma homenagem ao J. Carlos. E a única coisa que um dos filhos pediu foi um dinheirinho, porque eles não estão bem de vida”. Era coisa de mil reais. Aí o G. disse pra mim: “mas essa homenagem quem está fazendo é você, não é a gravadora”. E eu fiquei pensando: “caramba, ele sabe da importância do J. Carlos, e de colocálo na capa do Zeca Pagodinho, que vende um milhão de discos”? Aí, não tive dúvida, liguei para o Zeca e falei: “olha, nós vamos ter uma despesa com essa capa, porque vamos ter que dar mil reais para os filhos do J. Carlos”. Quando a gravadora ficou sabendo que nós, eu e o Zeca Pagodinho, íamos pagar os filhos, a gravadora disse: “calma lá, não é bem assim”. Mas, fiquei muito decepcionado. Rompi definitivamente quando a gravadora me ligou no dia seguinte e disse: “o disco do Zeca está pronto, precisa de

uma capa”. Eu liguei pro G. e ele disse: “preciso te avisar que precisa ter uma foto do Zeca na capa”. E eu disse: “se precisa da foto, não precisa de mim. Você chama o fotógrafo e está resolvido”. Então, continuo fazendo as capas pros meus amigos e pra quem está começando. Faço por prazer mesmo porque às vezes nem há muitos recursos. Mas, se tem qualidade, faço até de graça. IVT - Aquelas capas de época, que são as históricas, não foram mais feitas? E Era outro tempo... Quando o CD começou a ganhar mais espaço na música em geral, comecei a pensar no que iria fazer para continuar inventando coisas. Aí fui chamado para fazer um disco e bolei um articulado, um bonequinho, que ficava preso no acrílico. Não conseguia achar nenhum ilhós que pudesse ser usado. Não existia, então não dava para fazer. Aí fiz uma capa mais convencional. Depois, o Martinho (da Vila) gravou um disco chamado Ao Rio de Janeiro, dedicado ao Rio, e eu bolei uma capa, que era uma caixinha em formato de coração, e até escrevi um texto como se fosse ele. E todo pimpão, fui pra gravadora, coloquei o coração lá e pensei: “ah, vou fazer uma capa bem diferente”. Era uma caixinha. Aí eu ouvi do diretor comercial uma pergunta que acho que foram poucas vezes que passei tanta vergonha como essa. Ele disse assim: “como é que a empilhadeira pega esse negócio? E a empacotadeira?”. Comecei, então, a perceber o ridículo daquilo. Tudo é montado para a caixinha, essa maldita caixinha plástica. Qualquer coisa que você colocar na caixinha custa três vezes o preço dela, mesmo que seja uma luva de papel. E com um agravante: as gráficas. Algumas gravadoras têm gráfica, têm um tipo de dobra, e você fica amarrado naquele formato ou encarecesse o produto final.

IVT - Você se sentiu decepcionado quando viu sua função de ilustrador mudar? E Não. Com a experiência que eu tinha, fui fazer a série MPB Compositores para a Editora Globo, uma coleção de 40 fascículos e CDs. Depois, fiz a história do samba, para a Globo também, que é uma obra de referência. Eu já era editor, fazia do jeito que queria fazer e pronto. Quando me afastei desse mundo em mudança, já tinha outros projetos, não estava mais interessado em capa de disco, de livro ou de desenho na imprensa. Já vai fazer 20 anos que estou editando, fazendo projetos especiais com música, literatura e livros especiais. IVT - O Almanaque (revista de bordo da TAM) parece ser sua “menina dos olhos”. É um desses projetos especiais? E Sim, mas a gente nem pensa em ganhar dinheiro. Porque nós temos um problema sério com a manutenção do Almanaque. Primeiro, tem crise que serve de desculpa para qualquer coisa. Segundo, nós não temos um departamento comercial que viabilize anúncios. Fora essa história de custo gráfico ser muito alto, a gente está falando em 120 mil exemplares... IVT - Que acabam muito rápido... E Esse é um problema que a TAM tem. A reclamação é que em 15, 20 dias desaparece completamente.

Dá para fazer coisas muito legais, e tenho feito, mas são projetos especiais. Por exemplo, aquele disco que fiz do Toquinho para o Dia do Professor do Positivo. É dessa forma que a gente encontra possibilidades. Pago, distribuído.

_EMBALADOR DE IDEIAS


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IVT - E ainda é colecionável, não? Com o Almanaque é assim: O Almanaque é meu, você pega emprestado e me devolve. E É colecionável. Mas existem outros caminhos para ele. Agora em maio, estamos fazendo com a Editora Ediouro uma compilação dos 10 anos do Almanaque, um livrão. Mas, é aquela história, né? Nada disso dá dinheiro. Para ganhar dinheiro com livro lançado tem que vender muito. A gente faz o que pode. IVT - Mas, se rodasse mais, o problema seria o custo? E Muito caro. Veja o Rolim (Rolim Adolfo Amaro – presidente da TAM até 2001), a visão que ele tinha dessas coisas. Quando levei o projeto para ele, ele transportava 700 mil passageiros por mês. Quando falei que a tiragem seria 100 mil, lembro que estava saindo da sala e ele virou para mim: “mas eu estou comprando um problema, porque 100 mil é pouco”. E hoje a TAM transporta mais de 2 milhões de pessoas por mês para 120 mil exemplares. Não dá pra nada. E as pessoas levam embora, levam mais de um. Conheço gente que encomenda para quem vai viajar. IVT - As pessoas pedem? E Pedem. E pedem muito. E você não pode negar, tem gente que pede oito. Então, as comissárias adotaram aquilo de esconder alguns para os mais briguentos. Porque às vezes dá confusão, o sujeito pede e não tem, e aí fica bravo. (risos) Ivt - Mas o Almanaque é posicionado, não tem concorrente, tem uma leitura diferenciada, é como se fosse um livrinho... E A gente tem sempre a preocupação de buscar as coisas na história. Em todos os números você vai encontrar algumas coisas que a história brasileira ainda não contou. Então esse papel é importante. Acho que a gente construiu o prestígio graças à qualidade das pesquisas. Nossa luta, em todo começo de ano, é por anúncio, pagar a conta. A gente nem pensa em ganhar dinheiro.

O que me atrapalha muito é que as pessoas não dão muita importância para isso. A TAM paga fortunas para contratar a Ivete Sangalo para cantar alguns números e lançar uma nova marca e não põe um tostão a mais no Almanaque, diz que não tem dinheiro. Você vai entender como a TAM não tem dinheiro para colocar no Almanaque? IVT - E a TAM é a patrocinadora oficial da Madonna... E Do Cirque de Soleil também. Mas, nós vamos correr atrás. Eles alegam que já é muito caro. De fato, é, mas nós estamos correndo atrás de anunciantes. IVT - Dentre esses projetos especiais que você faz hoje, você chegou a criar até um troféu de futebol... E Eu comecei a fazer coisas variadas, comecei a esculpir. A única coisa que saiu dessa linha foi o troféu do Brasileirão que fiz pra Nestlé. (pausa) Já tem 30 anos que fiz um Vlado, troféu Vladimir Herzog (Prêmio Jornalístico de Anistia e Direitos Humanos, em 1981). Com o Herzog, com quem eu trabalhei, eu fiz duas coisas: o troféu, aquele desenho dele na câmera de tortura, e um retrato bem grande que está na sede do sindicato dos jornalistas em São Paulo. E agora a ONU me chama para fazer o desenho do prêmio que celebra os 60 anos dos Direitos Humanos. E eu finalmente pude fazer a imagem vitoriosa dele contra aquela imagem divulgada pela ditadura do Vlado enforcado de joelhos numa cela.

Eu acho que desenhar é muito bom, pintar também, mas só faço por encomenda. Não sei trabalhar se não for por encomenda. Sou incapaz de fazer algo que não tenha sido encomendado.

Estou contando isso porque todas as outras esculturas também são políticas: Diocese São Paulo, Luta Contra o Trabalho Escravo, SOS Mulher. E tem uma curiosidade que é o prêmio Colunistas, principal prêmio da publicidade brasileira, um Alex Periscinoto (primeiro brasileiro a representar o país no Festival de Cannes e no Clio Awards, realizado em Nova York). Ele foi um grande escultor. Já parou, mas esculpia cavalos e cavalinhos de carrossel que era uma beleza. E eu tive a honra de ser o artista escolhido para esculpi-lo. IVT - Como você faz suas esculturas? E Geralmente, faço um protótipo. Por exemplo, a da ONU, fiz em gesso. E a gente ia quebrar a matriz para que nunca mais fosse feito. Mas, resolvi dar para a Alice Herzog (esposa do jornalista Vladimir Herzog). Fizemos uma caixa em acrílico e entreguei para ela. Aquilo nunca mais vai ser reproduzido. A matriz, o original, geralmente, faço em argila. Eu sou, na verdade, um escultor frustrado. Eu acho que desenhar é muito bom, pintar também, mas só faço por encomenda. Não sei trabalhar se não for por encomenda. Sou incapaz de fazer algo que não tenha sido encomendado. IVT - Você não cria? E Eu não crio nada. Mas, se me pedem uma escultura, um desenho, aí tudo bem, é muito fácil. Meu psiquiatra vive insistindo para eu criar, ele fala: “faz pra você mesmo, sem compromisso”. Mas, eu fico lá horas no estúdio em casa e não sai nada. Mas, se alguém pede alguma coisa, eu vou e faço. IVT - Trabalha sob pressão? E O Ziraldo tem uma frase ótima que é: “a musa é o prazo”. E a gente aprende a viver com isso. Chega uma hora que você precisa entregar, então tem que fazer. E faz. Às vezes sai bem, às vezes não sai. IVT - Eu li algumas críticas que citavam que a sua arte é comercial. O que é arte comercial e o que não é? E Já fui acusado de várias coisas. Essa é uma delas. Ela é um ato comercial? Claro que é, porque sempre esteve ligada a produtos. Se você faz um cartaz de teatro, você está vendendo um produto. A peça de teatro é um produto. Discos, livros, jornais, tudo isso é comercial. Também fui acusado de pieguice, comunista engajado. Já tive alguns rótulos, mas, no balanço final, saí ganhando. Eu tô aí, vivo, trabalhando, fazendo meu Almanaque, que todo mundo gosta. E ser artista gráfico é fazer arte comercial.

ENTREVISTA_ Elifas Andreato


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IVT - Então alguma coisa mudou! Há 10 anos você só falava ser desenhista, agora você usa o termo artista gráfico. E É... eu continuo sendo desenhista. Mas, a ajuda do psiquiatra, às vezes, chama para alguma coisa: a autoestima. Se você olhar para trás, para a tua obra, você tem que se dar um pouco mais de respeito. Você não pode ficar o tempo todo minimizando o que você mesmo construiu e isso é importante para todo mundo, não só para você. Eu tinha tudo para dar errado. Nasci pobre lá no norte do Paraná com a família pobre pra caramba, com cinco irmãos mais novos para criar. Só fui me alfabetizar com 15 anos, num curso de alfabetização para adultos e, mesmo assim, fiz isso tudo. Será que não dá para se valorizar um pouco? Se dê pelo menos o nome de artista. Você fez uma obra, você tem uma arte aí, reconhecida, né? IVT - Designer ainda não? E Não, eu não cheguei a tanto (risos). Designer é uma palavra que eu não gosto. E não gosto porque nós estamos cheios de palavras americanas e sou contra, algumas não dá. Enquanto houver possibilidade de me definir como desenhista, prefiro. Embora hoje eu tenha um pouco mais de orgulho do trabalho feito, já me chamo de artista gráfico porque eu não sou só um desenhista. Desenhista tem muito a ver com aquele sujeito que desenha o que as pessoas querem. Já o artista, não. Tem opinião própria em tudo que faz. E é isso que eu faço. Até hoje não abro mão disso. Daí o fato de eu fazer uma arte comercial, mas uma arte que tem que ser respeitada, porque é uma decisão. IVT - Você acha que a arte gráfica tem que fazer pensar? E Tem que fazer pensar. E tem que atrair as pessoas. Meu pensamento sempre foi esse. Se a pessoa for desconhecida, tem que chamar a atenção ainda mais. Primeiro: tem que traduzir corretamente, mas tem que ter impacto, tem que ser atrativo. Você pega Morte Sem Sepultura, do Sartre, no auge da ditadura militar, eu ponho o sujeito num pau de arara... Aquilo sim era uma denúncia das torturas, tanto que a polícia foi recolher o cartaz. E nem aquele nazista atrás deu pra enganar, porque os caras disseram que pau de arara não é uma invenção nossa, tinham orgulho disso. Mas, sempre foi o meu pensamento.

Nesse livro novo que lanço em maio, que é um portfólio, vocês vão ver uma coisa surpreendente, porque eu fiz uma releitura de Michelangelo a partir de um livro técnico para executivos. E o que eu criei? Eu criei, a partir da obra de Michelangelo, desenhos de tremendo impacto para ilustrar regras básicas da gerência ou da gestão empresarial. E isso foi um impacto quando as pessoas viram pela primeira vez. IVT - O designer talvez não faça com esse intuito, o designer resolve graficamente? E O meu trabalho está mais pra isso mesmo. Aquela história de aproveitar as oportunidades de fazer coisas relevantes. Acho que essa responsabilidade social que hoje está muito na moda foi uma coisa que eu sempre tive. Sempre que me ofereceram alguma oportunidade, pagando ou não, nunca desenhei por dinheiro, nunca fiz nada em troca de dinheiro. E muita coisa eu deixei de fazer porque não tinha relevância nenhuma para mim. Talvez isso tenha sido um erro. Talvez! Vamos esperar mais alguns anos. Porque se eu continuar pobre assim, lutando com esse Almanaquinho aí, e não conseguir viabilizar o trabalho desses moleques... Não quero quadro para ficar na parede de uma pessoa. Pode até, eventualmente, acontecer. A necessidade, muitas vezes, me obrigou a vender o único patrimônio que eu tinha, meus originais, para poder continuar trabalhando, fazer as minhas maluquices. Como eu não tenho aposentadoria, vou ter que trabalhar pra caramba. Vou ter que colocar essa coisa de pé pra molecada pagar a minha aposentadoria! Tudo isso é um esforço pra deixar um lugar decente para eles trabalharem. Porque não tem mais lugar decente pra trabalhar, é muito raro. Muita gente saiu daqui e foi pra Folha de S. Paulo, Estadão, Editora Abril e foi um desastre. Ganha experiência, mas vira um bagaço. Aqui não, aqui tem espaço... IVT - Qualidade de vida? E Tem. As coisas aqui são bacanas. O Brasil que nos interessa é o país de causas justas que a gente batalha e sempre está se envolvendo. Esse é meu projeto, não tem outro.

Quando decidi ser um artista gráfico, um embalador de ideias, tinha que fazer a tradução certa, porque a pessoa ia ver, ouvir. E aconteceu com a literatura o mesmo que aconteceu com a música. Muitos escritores queriam que eu interpretasse as coisas que eles escreveram. E eu fiz isso pra muita gente. _EMBALADOR DE IDEIAS


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Rumo às Artes! por_Jéssica Amaral fotos_GUADALUPE PRESAS

No século XVII, São Luiz do Purunã fazia parte do caminho dos tropeiros que saíam do Rio Grande do Sul rumo ao sudeste do Brasil. O caminho que levava gado e mercadorias para serem comercializados em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro começa, nos próximos meses, a ser percorrido por intelectuais e artistas. Na paisagem bucólica dos Campos Gerais surge um projeto inusitado e inovador que, aos poucos, vai tomando forma. Quem vê de longe pode até pensar que mais uma pousada está chegando ao distrito de Balsa Nova, localizado a menos de 50 Km de Curitiba. Mas o confortável chalé com um mosaico de janelas de demolição de tamanhos variados e o alojamento elaborado com dois contêineres é, na verdade, o início de um ousado projeto: o Campo das Artes. Com o intuito de incentivar a troca de experiências entre artistas, críticos e pesquisadores de diferentes localidades e áreas de atuação, o Campo das Artes é um espaço multicultural com residências artísticas que reúne artes plásticas, literatura, artes visuais, design, gastronomia, moda e outras manifestações. Projeto de vida do ator curitibano Luis Melo, consagrado pelo seu trabalho no cinema, no teatro e na teledramaturgia, o local vem sendo idealizado desde 2007 e a primeira fase da construção está quase finalizada. Quase, quase! Em breve, começam oficinas. Com recursos próprios, Melo vem construindo seu sonho. “É um projeto pioneiro no Paraná, tanto no tamanho quanto na forma e na prática”, conta. “No Brasil, espaços como este geralmente são públicos. Minha intenção é que o Campo das Artes fique para a comunidade. Futuramente, desejo ainda que seja um centro de pesquisa”.

Residências artísticas existem em várias partes do mundo. São programas que não seguem um padrão, têm objetivos próprios e tempo de duração variáveis: alguns focam em apenas uma linguagem artística enquanto outros estimulam todas as disciplinas e, até mesmo, a interação entre elas. Há diferenças também quanto às condições de financiamento, alojamento, infraestrutura, seleção, acompanhamento e exposição do projeto desenvolvido. Detalhes à parte, o objetivo, como o próprio nome já diz, é o mesmo: propiciar uma estadia em que os artistas fiquem realmente imersos no mundo das artes. A iniciativa de Melo quer produzir cultura não comercial. Oferece oportunidade para as comunidades intelectual, artística e local criarem sem se deslocar do local de pesquisa. Para isso, a infraestrutura é completa. São mais de 4 mil m2 e o projeto engloba Teatro de Arena, Parque das Esculturas, cinco ateliês de criação, dormitórios (chalés e alojamentos), camping, refeitório, estacionamento e uma área de convivência com biblioteca, videoteca, sala de leitura e até brinquedoteca. Algumas estruturas já estão finalizadas. No final de abril, quando a equipe Inventa conheceu o espaço, um chalé e um alojamento estavam prontos. Os ateliês, refeitório, lounge, café, sala multiuso e o local de exposição estavam em construção. No Campo das Artes, os programas terão duração de três meses a um ano. “O desafio é mudar a perspectiva do artista. E a minha parte é fazer esse papel existir e a comunidade artística tomar posse disso”, diz o ator. Os artistas desfrutarão de uma confortável e amigável hospedagem, com direito a TV e internet. Decoradas por designers e apoiadores do projeto, equipadas com sala de estar,

banheiro, cozinha e quarto, as residências artísticas têm um toque de decoração contemporânea com o conforto rústico de uma casa de campo. Este ano, o Campo das Artes já abre para a comunidade com o antigo Bazar do ACT (Ateliê de Criação Teatral). Depois de cinco edições em Curitiba, o bazar passa a se chamar Rural Contemporâneo e acontece nos Campos Gerais. “Para incentivar o público a conhecer, consumir e valorizar a arte brasileira e os produtos rurais. Serão expostos desde pão caseiro até produtos de design desenvolvidos no projeto”, explica. Paralelo ao bazar, outro projeto acontece ainda este ano: O Pequeno Jardineiro, oficina de capacitação de produção rural para a comunidade. Para a inauguração, um espetáculo da obra de Guimarães Rosa está sendo preparado. Apesar de a data e o nome da peça ainda serem segredo, Luis Melo adianta que será uma brincadeira com diversos elementos (sons, silêncio, ruído das aves, imaginário da vida), marcada pela influência de falas populares e regionais, encaixando-se com a proposta do projeto. “As pessoas vão se apaixonar. Estou formando um público que gosta de presentear com cultura. O objetivo final é realizar um Festival de Artes Anual”.


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Velho novo papel por_Isadora Hofstaetter ilustração_ D-LAB

CERCA DE 5 MIL ANOS ANTES DE CRISTO, EGÍPCIOS JÁ POSSUÍAM SUPORTE SEMELHANTE AO PAPEL. MESMO COM TANTA EXPERIÊNCIA DE VIDA, O PROTAGONISTA DAS ATIVIDADES GRÁFICAS PASSA POR SÉRIOS PROBLEMAS DE RELACIONAMENTO COM COMUNICADORES E, PRINCIPALMENTE, CONSUMIDORES. Ele está presente no enxugar mãos, anotar telefones, ler, vender. Está lá quando criamos, defendemos um direito, ensinamos, listamos coisas, atestamos. O papel é item de primeira necessidade na sociedade. Pensava-se que com a tecnologia digital, o consumo de papel iria diminuir. Ninguém calculou, porém, que onde existisse um computador haveria também uma impressora. Alguns defendem que, além do fácil acesso à impressão, o aumento do acesso à informação gerou a maior demanda de papéis. Apenas nos Estados Unidos, com o uso do e-mail popularizado, o consumo aumentou 40% em poucos anos. Muitos desses papéis nunca foram (nem serão) lidos ou reutilizados. Em 6o lugar no ranking mundial de produção de celulose e 12º na produção de papel, o Brasil tem um consumo relativamente baixo: 42,2 Kg de papel por habitante/ano, nada perto de países como Alemanha, que consome 368,8 Kg per capita, e Canadá, entre 210 Kg e 290 Kg. E mesmo sendo a base da comunicação, educação e documentação de qualquer país, todo o processo no qual o papel está envolvido é prejudicial à sociedade. “A plantação de eucalipto ou pinus, a extração, o transporte, a produção, o transporte para a gráfica, a aplicação de tinta, o refile, o consumo, todas as etapas do ciclo de vida do papel são agressivas”, explica Nelson Smythe Júnior, consultor em design gráfico sustentável e pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), apontando um passado pior. “Até algum tempo atrás, o branqueamento do papel era feito à base de cloro, extremamente prejudicial desde a aplicação até o final do processo, quando contaminava os solos na decomposição do papel. Hoje, o braqueamento é feito à base de ozônio. As tintas também deram um passo importante, já que agora têm como base óleos vegetais e não mais minerais”. Mesmo com avanços, o ciclo continua nocivo e pode ser amenizado através da conscientização a respeito do uso do papel reciclado, o “ecologicamente correto”, que representa 10% do consumo de papéis no Brasil.

consumo de papEL


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Mas não se anime. Nem tudo é tão simples assim. O papel reciclado é produzido, basicamente, com aparas pré e pós-uso. Envolvendo toda uma cadeia produtiva, há os aparistas – que compram aparas das gráficas – e, novamente, o transporte, os produtores, a gráfica, a tinta, o refile e o consumidor. Sem dúvida, o papel reciclado é menos impactante do que o papel virgem. Mas apenas no quesito ambiental. O que muitos esquecem é que para que algo seja considerado sustentável, é necessário que pontos econômicos e sociais também sejam avaliados. E é aí que o problema começa. A questão econômica do papel reciclado, no Brasil, é a importação. “O ponto principal é que o país ainda não produz um grande volume de aparas. Tem muito potencial, mas não tem um sistema de coleta e seleção, com empresas organizadas e estruturadas nessa função – atualmente o mercado brasileiro é controlado por dois ou três aparistas. Então, como não há coleta e seleção corretas, não temos as aparas corretas e, por isso, o Brasil precisa importar”, explica Geraldo Ferreira, gerente geral da APP Brasil, grande fabricante de papel e celulose. Já a questão social escapa ainda mais aos olhos do consumidor: está relacionada à postura das empresas envolvidas (fabricantes, gráficas, transportadoras) com as comunidades onde estão inseridas. Smythe aponta que a questão social ultrapassa os programas criados para a população e a geração de empregos. “Todo o relacionamento com o funcionário também é uma questão social. Eles pagam adequadamente? Estão envolvidos em processos trabalhistas?”. Pensar o ciclo de vida, envolvendo aspectos ambientais, sociais e econômicos, tanto do papel quanto de tudo que é produzido e consumido, não é uma tarefa fácil. “É um sistema caro e ficaria inviável nos projetos realizados cotidianamente em uma agência de comunicação, por exemplo. Porém, deve ser pensado.

consumo de papéis no Brasil

Fazemos escolhas empíricas. É necessário ter uma postura crítica, que, ao menos, possa indicar qual seriam as melhores opções, as que geram menor impacto no ambiente e na sociedade”, explica o consultor. “Não adianta utilizar o papel reciclado vindo de Manaus, em Curitiba, por exemplo, já que o transporte é um dos fatores menos sustentáveis que temos disponível no Brasil. Também não adianta produzir um cartão de visita em reciclado, se o objetivo do material é a durabilidade. Hoje, temos opções até quanto a acabamentos, sempre tão impactantes no meio ambiente. É possível utilizar um verniz à base de água, agradar o cliente e diminuir os prejuízos à sociedade. Todas as variáveis devem fazer parte de um planejamento sustentável, apesar do termo ser utópico. Ele atua mais como um norteador das ações do que como meta a ser alcançada”. Toda a discussão que ocorre hoje sobre a qualidade - ou não - dos papéis reciclados que existem no mercado brasileiro aponta a desconfiança de quem lida com essas escolhas diariamente. Grandes empresas, reconhecidas pelo reciclado em seus materiais impressos, começam a repensar o uso do papel. A Natura, por exemplo, substituiu o reciclado por papel couché e afirma que o diferencial mercadológico que existia não existe mais, apontando a redução de custos e critérios ambientais como a causa da troca. Selos como o FSC - Forest Stewardship Council - são a nova tendência. O FSC é hoje o mais reconhecido no mundo quanto ao manejo florestal. Presente em 75 países, atua certificando empresas que possuem um desenvolvimento mais próximo possível do sustentável, com o diferencial que só é cedido a empresas que trabalham com outras que também tenham o selo, gerando uma cadeia de custódia. Essa cadeia é tão importante no processo que a Suzano Papel e Celulose, quando recebeu a certificação em 2008, investiu R$ 480 mil para ajudar na certificação de outras empresas e possibilitar que seus produtos chegassem ao consumidor final ainda certificados.

Também não adianta produzir um cartão de visita em reciclado, se o objetivo do material é a durabilidade. Consumo verde?! Não é Natal, Páscoa, nem Dia das Crianças, mas o rapaz está lá, fazendo trabalho voluntário com meninos de rua, vestindo sua camiseta de marca produzida com fibra de bambu. No pulso, um relógio com tecnologia de ponta, e no saldo bancário, muito dinheiro. Segundo o vocabulário atual, esse rapaz é um scuppie. Ricos, bem-sucedidos, consumistas e preocupados com o futuro do mundo. Consumistas e preocupados com o futuro do mundo? Isso mesmo. Dizem os scuppies que essa aparente contradição é possível. Misto de hippie com yuppie, o scuppie – socially conscious upwardly-mobile person, algo como pessoa em ascensão financeira e consciente socialmente – é um movimento cheio de adeptos e que já tem, inclusive, manual. O termo, criado por Chuck Failla, empresário do setor financeiro de Nova York, gerou adeptos: os scuppies carregam o ideal de salvar o mundo sem abrir mão do estilo e do conforto da vida moderna. Alvo de muitas críticas, o movimento procura colocar no mesmo patamar a preocupação com o meio ambiente e o luxo, tentando zerar a equação entre benefício e dano. Um exemplo? Angelina Jolie e Brad Pitt. Quem é contra define o movimento como superficial e acredita que o cotidiano de um scuppie é tão perverso e vermelho quanto o de qualquer indústria de extração. “Criadores de novo nicho de mercado” podem dizer alguns; “compradores compulsivos do falso verde”. A verdade é que, sim, eles são um novo nicho de mercado. E esse nicho cresce a cada dia. Se eles são bons para o mundo? Não se sabe. Mas que eles estão se preparando para distinguir o falso do verdadeiro, estão. + SAIBA MAIS EM: SCUPPIE.COM


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SACOLAS, PRESSA E MARKETING Todos acompanharam a manifestação dos Não é Natal, Páscoa, supermercados em nem buscaDia dosdas “bioplásticos” Crianças, falso do verdadeiro, em 2007, mas certo? Substituir o plástico vindo estão. do petróleo por outro produzido a partir de plantas parecia (e parece!) ser uma ótima solução para essa questão ambiental. Mas essa questão também não é tão simples assim. As sacolas oxibiodegradáveis não são a solução, mas sim uma etapa para fazer a sociedade pensar no consumo. Lei em Curitiba desde agosto de 2007, o uso dos “bioplásticos” geram, entre os problemas, o aumento da emissão de gases causadores do efeito estufa em ambientes de aterros sanitários. Também é comum o uso de corantes tóxicos na composição desses plásticos, o que, depois da decomposição, gera poluição em terrenos e rios próximos ao local. Entre as soluções do produto: a possibilidade de decomposição 66 vezes mais rápida que a do plástico vindo do petróleo e a movimentação da sociedade a favor das questões ambientais. Independente de ser oxibiodegradável ou não, a questão principal é o consumo de sacolas plásticas, para o qual a solução ideal seria a abolição e substituição das mesmas por sacolas retornáveis, de tecido. No site da Fundaverde – organização não governamental focada em projetos de cunho ecológico – os dados assustam: o mundo consome 1 milhão de sacos plásticos por minuto, o que significa quase 1,5 bilhão por dia e mais de 500 bilhões por ano. Só no Brasil, os supermercados distribuem, a cada mês, 1 bilhão de sacos plásticos. Você deve lembrar também que muitos comerciantes utilizaram toda essa questão das sacolas oxibiodegradável como um selo de “empresa amiga do meio ambiente”. Essa forma de ação é chamada no marketing de greenwashing, e as sacolas são só um exemplo. Greenwashing é enfatizar pequenas ações ditas sustentáveis para promover a empresa, sendo que, na realidade, a maior parte de suas ações e produções é danosa

ao meio ambiente e à sociedade. A lógica é clara: a empresa supervaloriza uma ocasião ecológica que, geralmente, é benéfica para ela em termos de custo (e que, no caso das sacolas plásticas, era lei) e divulga isso como sendo uma atitude responsável. O consumidor, por sua vez, querendo tirar o peso do consumo da sua consciência, compra sem questionar a qualidade e procedência dos produtos “verdes” e adere ao movimento. Vale ressaltar que toda essa manifestação verde-amarelada não ocorreu, necessariamente, de má fé. Especialistas indicam que houve uma cobrança grande da sociedade antes das empresas estarem preparadas para agir sustentavelmente, e o marketing, por sua vez, apressado, tomou partido e levantou a bandeira sem ter base na produção. Vendo o quanto estavam pressionadas, as empresas valeram-se de pequenos feitos para mostrar preocupação com a escassez de recursos, com as gerações futuras. Revendo esse histórico, entendem-se os resultados das pesquisas que mostram que, atualmente, o consumidor está desconfiado e sem interesse a respeito das empresas sustentáveis. Agora, o jeito é reverter o quadro e buscar, novamente, a confiança dos consumidores. + ACESSE: GREENWASHINGINDEX.COM E VEJA COMO OS CONSUMIDORES ESTÃO AVALIANDO AS PROPAGANDAS _VELHO NOVO PAPEL



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15 MINUTOS boca de cocaína. Escrevi um livro porque a imprensa não fala disso. Pesquisei durante cinco anos, fiz um livro de 600 páginas e falei muito pouco. E as pessoas compraram muito o livro porque são histórias que não estão no dia a dia das coberturas, que é uma cobertura vista de um lado só.

CACO BARCELLOS _

por_ Lyane Martinelli e Marília Bobato foto_HUMBERTO Michaltchuk

Cidade de Deus, Orfeu, Carandiru, Tropa de Elite. Filmes

brasileiros que trazem à tona a situação das favelas, o tráfico de drogas e a corrupção da polícia no Brasil. Temas árduos que fazem parte da rotina do jornalista investigativo, Caco Barcellos, muito antes de ganhar as telas de cinema.

Autor de três livros - Nicarágua: A Revolução das Crianças, Rota 66, Abusado, O Dono do Morro Dona Marta -, Barcellos acredita que a sociedade não discute drogas. Foi assim que decidiu escrever suas obras e já prepara o 4o título. Sobre este, prefere manter sigilo. “Sou muito perverso comigo mesmo, então prefiro não falar, para não complicar a caminhada”.

Inventa - Você acha que virou moda falar de tráfico e favelas no Brasil? O tráfico quer lugar na mídia? Caco Barcellos Não, nunca são eles os provocadores dessas histórias. Vejo inclusive que o cinema está ocupando um espaço que na verdade deveria ser da imprensa. Se a imprensa estivesse falando com profundidade sobre esse tema, talvez não existisse a necessidade de filmes sobre o assunto. Ivt - Por que o Brasil vende esSa imagem, já que no exterior também existe tráfico? CB Porque a nossa imprensa tem uma tendência a seguir as neuroses americanas. Os americanos são preocupados com o consumo de cocaína porque eles têm um consumo muito alto lá. A gente não devia seguir esse exemplo porque o nosso grande problema não é a droga ilegal. É, sim, a droga legal, é o cigarro, é o álcool. Esta é a tragédia nacional. A cachaça, principalmente, é a que mais mata no Brasil. É uma droga que precisaria ser tratada com a devida ênfase, e a gente trata com o aspecto mais banal e superficial que é pela via da repressão. Aliás, a imprensa fala do papel do Estado no combate às drogas e não sobre drogas, efetivamente. A sociedade não discute drogas, não fala com traficante, por exemplo. Não conhece a realidade de uma

Ivt - A mídia não aprendeu a fazer a cobertura de temas como drogas? CB Não só a imprensa, mas a gente tende a ver o mundo com o viés da nossa condição muito particular. As pessoas tendem a retratar mais o universo onde estão representadas, e aí essa realidade de moradores de periferia... A imprensa, hoje e sempre, é um veículo das elites brasileiras. Ivt - Você pensa em continuar seu trabalho discutindo drogas, favelas e corrupção? CB Enquanto for uma temática que preocupe a sociedade, que diga respeito à vida de todo mundo - e eu acho que drogas é, assim com a violência, o salário indigno, a educação de má qualidade, a privatização do ensino ineficaz, escolas caríssimas - a gente tem que debater e discutir todos os dias. Ainda são temas de primeira linha, infelizmente. Ivt - Quais são seus projetos futuros? CB Tem um livro. Estou bem envolvido nele. Ivt - Já tem o título? CB Te conto daqui a quatro anos. Em detalhes, tudo. Ou melhor, só daqui a cinco anos, porque quatro vai ser pouco. Ivt - E outros projetos? CB Não tenho a menor ideia. Estou começando um projeto que tem seis meses, que é um programa semanal na TV. E estou muito envolvido com isso também. Não está dando tempo pra nada, queria ter mais tempo para o livro e não estou conseguindo. Gosto de fazer uma coisa por vez e estou fazendo duas.

15 MINUTOS_Caco Barcellos



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De que cor é seu chapéu?

por_Ana Amaral ilustração_ D-LAB


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A primeira lista telefônica do Brasil é datada de 1881, quando foi instalada na rua da Quitanda, no Rio de Janeiro. A Telephone Company of Brazil veio dos Estados Unidos para trazer a invenção de Graham Bell para terras tupiniquins. Dois anos depois, o Rio já contava com 5 mil assinantes distribuídos em cinco estações telefônicas. A partir daí, veio a necessidade de se criar uma lista telefônica com mais conteúdo e mais organizada. Um das soluções foi a inclusão de anúncios que, além de facilitar a consulta, fornecia dados sobre os estabelecimentos, produtos e serviços oferecidos. As boas e velhas listas telefônicas ficaram para trás com a chegada da internet. Sites como Google, Yahoo e MSN Search revolucionaram a forma de trabalhar com as informações. Em aproximadamente cinco segundos, é possível ter não só o telefone e o endereço completo desejado, como informações sobre serviços, horário de atendimento, preços, mapas e instruções de como chegar, além de zilhões de dados de menor relevância. Com toda essa informação, uma busca na internet pode acabar sendo uma armadilha. Diferente do que acontecia nos primórdios dos sites de busca, quando o Cadê? apresentava os resultados em ordem alfabética, hoje, os sistemas de busca vão atrás de palavraschave que identifiquem o tipo de serviço ou o produto que o usuário está procurando. Uma pequena falha na hora de montar o site pode acabar fazendo com que ele role ladeira abaixo nas buscas. “Se você não está nas três primeiras páginas do Google, você é invisível”, afirma Paulo Teixeira, professor de marketing digital, especialista em SEO de sites e autor do livro SEO Otimização de Sites. SEO. Não entendeu? Para alcançar esses primeiros lugares, surgiu um novo nicho profissional: SEO, iniciais de Search Engine Optimization, em português, Otimização de Sites. Analisar as páginas e criar estratégias é o que resume, basicamente, o trabalho de um SEO. Tudo começa com a análise de todos os elementos de um site e termina com algumas alterações para tornar

a página mais relevante. Uma das ações mais comuns no meio desse caminho é trocar títulos ou reescrever o texto para facilitar o entendimento. “É preciso bolar ideias para melhorar a quantidade de links para o site atendido. Para isso, é importante a criação de uma estratégia forte e criativa”, explica Teixeira. Especialistas afirmam que 40% dos cliques vêm de links patrocinados e que os outros 60% são decorrentes da busca orgânica, que é o resultado “gratuito” que as ferramentas exibem. Partindo do princípio do SEO, blogueiros e pequenas empresas disputam os primeiros lugares, de igual para igual, com as grandes empresas e suas verbas milionárias. Os sites de busca pontuam os sites de acordo com a relevância, e blogs costumam linkar e ser linkados. Assim, os buscadores entendem esses links como votos de confiança e, então, passam a colocá-los nos TOP10. Já as pequenas empresas que escrevem bons textos em seus sites e interagem com seus clientes tendem a ser relevantes pela troca de informações, e a empresa ainda pode criar um blog para facilitar essa troca. De acordo com Teixeira, existem diversas técnicas de SEO. O que acontece é que algumas delas, mesmo melhorando o posicionamento, são consideradas desonestas e podem sofrer punições, isto é, perder posições nos buscadores, ou ainda ser excluídas. O conjunto das técnicas “desonestas” é chamado Black Hat SEO. Do outro lado, estão os White Hat SEO, aqueles que praticam o SEO honesto. “Um dos casos mais conhecidos de Black Hat SEO é o da BMW alemã. A empresa decidiu apresentar páginas diferentes. Os visitantes recebiam uma página cheia de animações e recursos visuais enquanto o Google recebia uma página cheia de códigos. O único objetivo era melhorar o posicionamento de sua página”, exemplifica Teixeira. Outra tática muito usada pelos chapéus pretos, além do uso de códigos ocultos, é invadir sites ou blogs usando SQL injection, que nada mais é do que entrar no banco de dados de site e roubar as informações, ou inserir algum código malicioso, para ganhar links. No meio termo ficam os Grey

Hat SEO, na tradução literal, os chapéus cinza. Estes não utilizam técnicas consideradas desonestas aos olhos dos sites de busca, mas as que usam não são unânimes do ponto de vista ético. Mas, afinal de contas, por que chapéu? O adorno é quase sempre utilizado para destacar algum atributo e criar uma beleza que chame a atenção. Daí a terminologia. O mercado dos SEOs já está em rápido crescimento, no Brasil e no mundo. No entanto, os profissionais do ramo já começam a se preocupar com uma novidade que vem por aí. É coisa grande, e muitos especialistas dizem se tratar da terceira revolução da web e, por isso, a designam de web 3.0. A diferença é que hoje os usuários tem que se moldar para achar o que procuram nos buscadores. Se uma das palavras-chave da busca não for encontrada em um site, o Google não o exibe na lista de resultados. Mas agora com a busca semântica, a forçada economia de palavras-chave, que limita os resultados, está com os dias contados. O processo deve fluir mais naturalmente. Alguns dizem até de forma mais humana. Com a busca semântica, o buscador vai “entender” o que é perguntado e, então, apresentar os resultados. Um exemplo: devido a essa nova associação de palavras o Google poderá saber se a palavra “Pit” é um poço (em inglês) ou um ator de cinema ao ler a página e cruzar referências com seu banco de dados. Em um futuro próximo, da web 3.0, ele inclusive saberá qual o gosto do usuário, e se seria mais provável que ele estivesse buscando poço ou cinema. Embora possa ter passado despercebido por muita gente, desde abril o Google já utiliza uma primeira versão da tecnologia. A Microsoft também planeja entrar, em breve, na novidade com um novo buscador, o Kumo.com, já que seu Live Search nunca conseguiu desbancar o Yahoo! do 2o lugar. Resta saber como os profissionais do SEO irão se encaixar nesse novo contexto. Uma coisa é certa: sites com conteúdo único e original continuarão a ser premiados.

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PESQUISA INFORMAL

_cobradores de ônibus

QUAL A MELHOR PROPAGANDA PRA VOCÊ? ___________________1

O baixinho da Kaiser foi sensacional, a melhor que vi até hoje. Chamou minha atenção por causa do jeito que ele interpreta!! O baixinho é muito bom para fazer este tipo de propaganda. Foi a propaganda que eu mais gostei”. Carlos Roberto de Quadros, 63 anos, 12 anos na profissão

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Muitas propagandas marcaram minha vida, em especial a do futebol da Copa. Marcaram também as de cerveja e refrigerante. Na Copa de 2002, fiquei trabalhando durante o torneio e, no dia da decisão, assisti e o Brasil foi campeão. Para mim marcou bastante. Inclusive, tenho todos os jogos gravados e o comercial da Coca-Cola, da tartaruguinha, sempre salvei”. José Francisco de Oliveira Neto 47 anos, 12 anos na profissão

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A propaganda que mais me marcou até hoje foi a do Bombril, que o senhor cantava assim: ‘compre Bombril se não vai ficar pobre e sem emprego’. Gostei muito da propaganda... o apresentador é sensacional e o produto, todas as mulheres usam no dia a dia”. Neusa Alves dos Santos, 38 anos, 15 anos na profissão

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Aquela da Juliana Paes, da Antarctica, que ela tomava e ficava um restinho no canto da boca e ela puxava com a língua, sabe? Muito sexy aquele comercial. Ela é um símbolo sexual” . Reginaldo Crispim, 28 anos, 1 ano e 5 meses na profissão

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Como não assisto televisão, o veículo é a rádio. Sou evangélica e escuto mais esses produtos evangélicos e as propagandas que vendem esses produtos... algumas promoções das Livrarias Canaã”.

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Simone Lopes dos Santos, 44 anos, 3 anos na profissão

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A mais conhecida é da Brahma. A propaganda do caranguejo, do siri dançando que depois veio com o Ronaldo. Foi bem chamativo e bem demonstrado por eles. Ainda mais porque tem o apelo e o pedido para tomar cerveja na época do verão”. Gerson Pereira Barbosa, 38 anos, 5 meses na profissão

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* Entrevistas cedidas para Jéssica Amaral e Mariana Hillbrecht _PESQUISA INFORMAL


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ARTIGOS

_João Paulo Bertol ilustração_Diego The Kid

Homemade Blockbuster

Leve brincadeira que já conquistou Hollywood para dentro da sua casa. Você tem tesoura, cartolina, cola, papel e imaginação? Então você tem

tudo o que precisa para fazer um filme. Com a caixa Homemade Blockbuster, você não precisa de mais nada para ser um diretor. É simples, você só precisa de uma câmera, criatividade e uma boa dose de coragem. Aliás, a caixa vem vazia para estimular sua cabeça a imaginar o que gostaria que estivesse ali dentro.Vale até acreditar que não existe nada na caixa. Afinal, Lars Von Trier não fez um filme de três horas sem quase nenhum cenário?! Michel Gondry experimentou e garante os resultados. Já fez dois filmes que usam e abusam da imaginação, com efeitos quase caseiros. Sem falar em uma infinidade de comerciais e videoclipes que provam que boas ideias valem mais do que duas horas de explosões e tiros de raios lazer sem alvo e sentido. Afinal, depois de um tempo, você cansa de carros que viram robôs e quer algo que estimule sua criatividade, que maravilhe seus olhos e a criança dentro de você. Por isso, o kit Homemade Blockbuster. Quer outra prova do sucesso dessa fórmula? Spike Jonze fez um vídeo em que seus amigos brincavam de polícia e ladrão. Como seus amigos tinham uma banda de hip-hop, a brincadeira virou um videoclipe, aliás um dos mais famosos da história da MTV. Não parou mais, seus melhores trabalhos não têm super

produção, não parecem videogame. São boas ideias, desafiadoras, daquelas que você não tinha vergonha de ter aos doze anos de idade. Até o Oscar já se rendeu. Hugh Jackman ficou fascinado brincando com pedaços de cartolina na frente das câmeras para o mundo todo. Dançou com a cabeça enfiada naquelas painéis que você encontra em qualquer cidadezinha de Santa Catarina, e tem um casal de alemães pintados na frente. E as pessoas assistiam maravilhadas com as ideias velhas, mas esquecidas há muito e muito tempo, afinal a gente passa mais e mais tempo na frente do computador a cada dia. O Homemade Blockbuster está conquistando o mundo. No Brasil, já teve abertura de novela das oito com favela feita de material reciclável, aqui leia-se aquilo que sem o uso da imaginação ou com o uso de muito pouca, é só lixo. E se você ficar acordado até um pouco mais tarde, ainda pode ver um outro criativo, Luis Fernando Carvalho. Seus trabalhos brincam com todos os tipos de linguagem e faz de suas minisséries um caleidoscópio de ideias que, quanto mais simples, mais geniais. Se você já está convencido de que o Homemade Blockbuster é uma ideia fenomenal, espere até saber o preço. Com esse revolucionário método/produto, você pode fazer verdadeiras obras-primas gastando muito pouco. Quentim Tarantino filmou a história de gangsters com or-

çamento baixíssimo. Cristopher Nolan, que hoje faz Batmans, começou filmando com amigos aos finais de semana e com uma equipe que cabia em um táxi. Robert Rodriguez contou a história de seu Mariacchi com um orçamento do tamanho do seu carro 1.0. A única coisa que ele tinha embaixo da manga, ou dentro do case do violão, era uma metralhadora de ideias – desculpem o trocadilho. Aliás, não se preocupar com julgamentos é outra regra básica do Homemade Blockbuster. Senão, você acaba ficando com vergonha das coisas que tira da caixa e nunca vai fazer um videoclipe mostrando os seus passos de dança especiais como os usados para uma música do Moby, ou ainda, para uma do Fat Boy Slim, aliás, dirigido pelo Spike Jonze, usuário assíduo do Homemade Blockbuster. Agora que você já sabe como funciona, mãos à obra. Pegue uma boa ideia, vale reciclar aquelas do seu tempo de criança. Aliás, pegue várias e junte-as em uma história. Lembre-se da regra básica do começo-meio-e-fim e lembre-se também que regras não combinam nada com criatividade e faça um meio-fim-e-começo. Crie, invente, cole, descole, inverta e esqueça do conceito preguiçoso de que tudo precisa de um orçamento gigantesco para ser bem feito. Uma boa ideia vence qualquer adversidade, transforma obstáculos em uma nova linguagem. Em Hollywood, eles já perceberam que um Blockbuster também pode ser feito de papelão, um Slumdog Millionaire.


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ARTIGOS

_Andrea Greca Krueger ilustração_Diego The Kid

Coolhunting Coolhunting já não é um conceito dos mais misteriosos, convenhamos. Quem tem uma noção básica de inglês e uma mente que não decifra apenas enigmas de natureza exata pode entender que a disciplina em questão é, literalmente, uma caça a coisas legais, havendo, contudo, controvérsias na segunda parte da definição. Prefiro chamar de investigação de tendências – coolhunting, além de ter uma incômoda pitada de arrogância, parece designar um hobby. “Sou coolhunter” soa como “estou acima do bem e do mal, sou bem-informado, vivo viajando e, por isso, sei de TUDO e conheço TODOS. Ah, e nas horas vagas sou o descolado da turma.” Não, não, não. Um investigador de tendências tem que ser, antes de qualquer coisa, humilde e tolerante, ter intuição e olhar para todos os lados, exceto para o próprio umbigo. De onde vem a moeda com que esse profissional trabalha senão justamente da vida dos outros? Depois de muito dito sobre a profissão em plano introdutório, entramos em um segundo patamar de análise. A possibilidade de aprender a ser um coolhunter já foi discutida (há técnicas poderosas de pesquisa, há cursos e pós-graduações. Se um indivíduo vai atrás dessa carreria, é bem capaz que já tenha a centelha inicial. O que não se aprende é a ser intuitivo); a capacidade de previsão de um fenômeno que pode virar uma febre também (pode ser monitorada, mas não exatamente prevista); muitos já sabem de onde vêm as tendências (simples: da situação socialeconômica-ambiental-espiritual das pessoas) e já está claro que rotina não é um tour fotográfico e bem remunerado pelos pontos mais bacanas do planeta. A subjetividade do termo e a novidade da disciplina geraram algumas discussões e muitas controvérsias. Ótimo. Passada a fase da apresentação e do deslumbre inicial com o falso glamour que permeia a profissão, agora é importante analisar o que se faz com as tais tendências que caçamos, com as informações que colhemos, com os relatórios que entregamos aos clientes, com toda a informação filtrada, tratada e entregue mais mastigada que papinha de neném a quem contrata um trabalho de investigação de tendências.

Conhecimento é poder. Mais do que nunca, a informação atual, nova, dirigida, e, principalmente, com credibilidade tem peso de ouro. O que se vê, no entanto, são empresas que buscam esse serviço e depois não sabem exatamente como lidar e o que fazer com o que recebem. Nesse trabalho minucioso, estão ideias, imagens, sugestões de ações inspiradas em iniciativas criativas e de sucesso de outras corporações; tudo, é claro, adaptado ao mercado e à realidade do contratante. Esse quadro de estagnação é frustrante, assim como ver o resultado parado por falta do que quer que seja: às vezes, não há quem execute; em outras, falta um dedinho de atitude; há ainda casos graves de conservadorismo agudo, os que considero os mais terríveis. Não há mais lugar para caretice no mercado de hoje, não importa a área de atuação. E isto, pode anotar, é uma macro tendência. A realidade, por outro lado, pode ser animadora. Segundo uma pesquisa feita pela revista Exame sobre o futuro do consumo na crise, as áreas que sofrerão menos cortes nas empresas de grande porte serão as de pesquisa e inovação. Um dado positivo que demonstra a importância de ter um olho no presente e o outro atento ao que vem pela frente. A vontade de contratar um coolhunter (ok, ok…) deve ir além do status imaginário que é ter um profissional à caça de novidades ao seu dispor. É um trabalho árduo, de pesquisa minuciosa, em que um networking global é acionado em busca de dados preciosos e exclusivos. É muito mais que uma simples busca no Google. Isso, sim, qualquer um pode fazer. Interpretar esses dados, entretanto, requer outras habilidades. A informação contida em um boletim de tendências vem da fonte, é original, é buscada, percebida, trabalhada e endereçada com muito cuidado. O resultado positivo depende totalmente da sinergia e boa vontade de ambas as partes. Um relatório de nova ideias pode salvar negócios que estão à beira do abismo, trazer um respiro de ar fesco àqueles que estão no caminho cinza da estagnação e agregar aos que vão de vento em popa. Esses, provavelmente, não padecem de tradicionalismo crônico.


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_Simone Terra ilustração_Diego The Kid

ComportamentO de compra

O Shopper define suas vendas!

A partir da década de 90 consolidaram-

se no mercado os estudos que investigavam a relação e a interação do consumidor no Ponto de Venda (PDV), pois os profissionais de marketing começavam a perceber que existia algo além dos critérios construídos e predeterminados para a compra de suas marcas, aqueles que o consumidor traz definido quando chega ao PDV e que geralmente estão ligados à imagem e à experiência vivida com as marcas. Eles começavam a perceber que nem sempre os esforços e investimentos realizados na comunicação das marcas resultavam em vendas, pois as decisões de compra sofriam influências diretas de estímulos que aconteciam no ato de compra. Desde então, muito se desenvolveu a ciência que estuda a relação do consumidor com as categorias, produtos e marcas no ato da compra. O consumidor passa a ser estudado em seu momento Shopper e começamos a entender o que realmente determina sua escolha para eleger um PDV para compra, desenvolvendo estratégias para atraí-lo ao PDV, que o estudioso francês Georges Chetochine chama de marketing de entrada, e como se desenvolvem suas escolhas dentro do PDV e como podemos lhes impactar no momento da compra, que denomina marketing de saída. Assim, compreendemos que o índice de conversão de compras é o termômetro para determinar se uma marca, categoria ou PDV é mais ou menos atrativa. Percebemos que o grau de impacto dos produtos está diretamente relacionado a como e onde eles estão expostos, e realizamos uma série de aprendizados como, por exemplo, que para algumas categorias é mais interessante investir em ações dentro da seção em que ela está inserida do que nos pontos extras, pois, nesses casos, o consumidor precisa comparar os produtos para tomar sua decisão e não abrirá mão de ir até a seção ver o que está acontecendo, por mais atrativa que seja a exposição extra do produto no PDV. Esses produtos geralmente estão inseridos em categorias de produtos tecnológicos, provedores de saúde, cuidados com os filhos, higiene íntima, alto valor agregado etc, ou seja, categorias em que o consumidor precisa se

assegurar de suas escolhas. Certamente isso não acontece quando ele entra no PDV decidido do produto e marca, devido à pesquisa que realizou antes da compra ou ao fato de já conhecer o produto, mas o que vai assegurar a decisão de investimento no PDV, além do tipo de categoria, é o índice de decisão da marca, ou seja, se ele é alto, vale estar em Ponto Extra e, inclusive, essa será uma boa maneira de fazer com que o consumidor compre e nem entre na seção para conhecer outros produtos. Mas se o índice de decisão da marca é baixo e a categoria é de “chave de entrada comparativa”, melhor fazer seu show na seção ou no corredor onde a categoria está inserida. Outra coisa que percebemos é que a decisão de compra do consumidor varia em função do tipo de PDV em que ele está comprando. Por exemplo, na categoria de cerveja, o consumidor, sobretudo os homens, são apegados às suas marcas e gostam de deixar claro sua preferência, pois a marca é a expressão de sua projeção perante o grupo. Então, quando ele está no bar, é a sua marca, se ela estiver gelada, que vai determinar sua escolha, senão o que os amigos vão pensar dele, que ele é um “Maria vai com as outras”? Entretanto, quando esse mesmo consumidor está no supermercado, percebemos que ele tem um rol de marcas aceitáveis e, dependendo do preço, promoção ou novidade na categoria, ele escolhe a marca que vai levar para casa, mas atenção, pois se a cerveja for para festa de seu filho, que vai aquela garotada sem limites, a cerveja será a mais barata e não importa nem a marca! Outra coisa que percebemos, relacionada ao tipo de compra em função do PDV, é que quando o consumidor está fazendo compras maiores, sobretudo em hipermercados, ele está predisposto a fazer economia e levar as melhores oportunidades para casa. Sendo assim, muitas vezes ele compra algumas unidades de sua marca preferida e muitas unidades da marca mais barata ou da promoção. O consumidor que está em um hipermercado já sabe que vai levar um tempo grande para comprar ali e a maior justificativa para essa compra é a recompensa econômica que estará levando desse tipo de PDV.

Podíamos contar vários exemplos, mais ou menos curiosos, de como o Shopper se comporta no PDV, mas esta matéria viraria um livro e não poderia deixar de fechar este texto alertando os desenvolvedores de marca e comunicação que o consumidor vem mudando seu comportamento numa velocidade estonteante e qualquer coisa que afirmarmos como verdade hoje pode não ser mais daqui a um ano, assim como não podemos deixar de considerar em nossos estudos que o consumidor brasileiro é tão diverso em seu comportamento quanto em sua cultura. Assim, se desejamos impactar cariocas, paulistas, curitibanos, pernambucanos, precisamos compreender quais são e como se constróem essas diferenças no comportamento de compra e, nesse caso, escreveremos uma outra matéria sobre as influências culturais no hábito de consumo e no modo de compra, e estaremos falando de Antropologia do Consumo. Boas vendas!


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COLUNA

_Julio Sampaio

Diretor da Resultado Consultoria e vice-presidente da ADVB-PR, autor do livro O Espírito do Dinheiro e mestre em Organizações e Desenvolvimento.

ilustração_Diego The Kid

juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

DO CARDÁPIO DA CRISE, DE QUE SERVE A PREOCUPAÇÃO? É interessante perceber como as pessoas reagem de forma tão diferente diante das incertezas. O ser humano faz tudo para eliminá-las e nesta tentativa produz certezas tão absolutas quanto questionáveis. As estatísticas mostram que a crise econômica mundial chegou ao Brasil, para alguns de forma indiscutível. Os otimistas afirmam que ela já está indo embora e que no segundo semestre do ano já estaremos crescendo. Já para os pessimistas, a crise nem chegou e o pior ainda está por vir. Há notícias e fatos que servem para comprovar qualquer destas posições. Diante de um cardápio, faça a sua escolha. De concreto, existe a incerteza, e como é difícil lidar com ela! Concreto também é o fato de pessoas terem sido atingidas pela crise, até o momento, de maneiras diferentes, havendo aquelas que perderam boa parte de suas economias, os que ficaram desempregados ou os que sofrem por perdas de amigos ou familiares. Alguns veem na crise oportunidades, e parecem ser os que lidam melhor com ela. Há muitos, no entanto, que foram atingidos apenas pela iminência de serem atingidos, e que sofrem por isto. Quando perguntados sobre como andam os negócios, sua resposta: “é... mais ou menos... sabe como é... a crise”. Estas pessoas leem tudo sobre a crise. Colecionam todas as notícias ruins e têm até certo prazer em propagá-las. Se for um empresário, talvez já tenha demitido pessoas e suspendido projetos por conta da crise, que “se não chegou, vai chegar”. Se é um vendedor, ele já reduziu o valor das propostas aos clientes e tenta negociar a redução das metas com a empresa, por antecipação. Em casa, já cancelou a viagem de férias, a ida a restaurantes, além de ter adotado um austero pacote econômico para toda a família. Anda nervoso, dorme mal e está mais preocupado do que nunca com o futuro. Estas pessoas sofrem por antecipação e isto constitui uma forma sutil de apego, o apego à preocupação. Sabemos o quanto o apego é prejudicial e o quanto ele nos distancia da felicidade. Há apegos de vários tipos. Há pessoas que são extremamente apegadas aos bens materiais, ao dinheiro, ao patrimônio, muitas vezes conquistados com tanto esforço e sacrifício. Para estas pessoas, a queda das bolsas e a deterioração do valor de suas ações podem ser comparadas a um punhal no seu peito (expressão literal de um conhecido).

Mas há outras formas de apego. Há pessoas que são apegadas ao passado, outras ao futuro. Há pessoas que são apegadas a outras pessoas, como ao marido, mulher ou filhos. Outras são apegadas a posições, fama, títulos, ou aos seus próprios pontos de vista. O interessante é perceber que quanto mais apegados, mais perdemos o que queremos controlar. A preocupação é uma forma de apego. E é uma forma de prisão. Como exemplo oposto, Nelson Mandela, depois de estar preso por 27 anos, quando questionado, afirmou com tranquilidade: “eu sempre fui livre”. O mestre japonês Mokiti Okada desafia a tentar os efeitos contrários, pois é soltando que as coisas retornam. Ele aconselha cada um a fazer a sua parte, envidando todos os esforços que estão ao seu alcance e, a partir daí, soltar, deixar que as coisas fluam naturalmente. Os resultados, segundo ensina, costumam superar as expectativas. Diante de tantas incertezas, é preciso apenas fazer o que precisa ser feito. Evitar preocupações inúteis, que aprisionam, tolhem a criatividade e a ousadia necessárias. Elas apenas antecipam um sofrimento, que pode nem acontecer. Assim, evitar as preocupações desnecessárias pode ser entendido como um ato de responsabilidade. Ao contrário do que pode parecer, responsabilidade não tem nada a ver com preocupação. Do cardápio, a ação acompanhada de desapego parece ser uma melhor pedida.




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