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Na trilha, na praia e no museu: você conhece a Escola do Mar?

Com atividades que incluem a limpeza de praias e visitas a locais históricos, o projeto atende crianças e adolescentes da rede municipal

O que você vai encontrar por aqui: ações da Escola do Mar contemplam a educação ambiental e patrimonial em Florianópolis.

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Tempo de leitura: 6 minutos

POR ANA CAROLINE ARJONAS

Criada com o objetivo de ser referência em educação ambiental marinha, costeira e patrimonial, a Escola do Mar é um projeto complementar da Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis. Com início em 2008, diversas atividades e abordagens foram modificadas nos últimos anos, atendendo às necessidades de crianças, adolescentes e estudantes da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA).

Com foco em ações que buscam a sensibilização e a conscientização, os encontros e atividades são pensados a partir de problemas ambientais, levando em consideração também os patrimônios materiais e imateriais da cidade. Atualmente, existem 16 roteiros disponíveis, incluindo visitações em fortalezas, ranchos de pescadores e museus, além de caminhadas, trilhas e navegações. Além dos roteiros, a Escola do Mar também desenvolve ações contínuas de limpeza de praias próximas à sede, no Norte da Ilha, em parceria com unidades educativas.

“A importância da participação dos estudantes na ação e no processo de separação de resíduos é desenvolver novos hábitos para a mudança do atual cenário que vivemos, por menos plásticos e mais consciência ambiental”, comenta a coordenadora da Escola do Mar, Rosangela Teixeira Garcia.

Como funciona a limpeza das praias?

Quando a ação envolve a limpeza das praias, existe um passo a passo que deve ser seguido. O intuito é que os participantes compreendam a importância de manter o local limpo, descartando o lixo nos locais adequados. Tudo começa com uma conversa sobre consumo e conscientização.

Em seguida, os estudantes são separados em duplas e recebem luvas de limpeza e sacos para recolher os resíduos — as bitucas de cigarro são descartadas separadamente. “O local de recolhimento é demarcado entre um ponto e outro e eles podem circular em torno de um quilômetro na praia. As duplas são divididas e direcionadas para ambos os lados do ponto de encontro. Após uma hora de coleta, as duplas se dirigem ao centro de triagem, onde fazem a pesagem e a seleção de resíduos secos recicláveis e rejeitos. Os recicláveis são recolhidos pela Cooperativa Renascer, e os rejeitos ficam no contentor da Comcap para serem encaminhados para a destinação final”, explica Rosangela.

Em 2022, foram recolhidos 150 quilos de resíduos, sendo 115 quilos nas praias de Canasvieiras e Cachoeira do Bom Jesus e 35 quilos na Praia dos Ingleses. Neste ano já foram recolhidos 57 quilos na Praia de Canasvieiras.

Experiência na EBM Virgílio dos Reis Várzea

Contemplando os nonos anos da Escola Básica Municipal (EBM) Virgílio dos Reis Várzea, os estudantes participaram da limpeza da Praia de Canasvieiras junto com os profissionais da Escola do Mar. No segundo ano de parceria, a vivência foi enriquecedora.

“Tivemos a oportunidade de observar de perto a quantidade surpreendente de lixo que é deixado para trás e, com isso, gerar um sentimento de conscientização coletiva sobre como podemos preservar o estado natural de nossas belas praias”, conta a professora de ciências Bruna Damasco de Oliveira.

Durante a atividade, foram recolhidas quase 70 bitucas de cigarro na areia. Diante do cenário, mais do que o espanto com o número, há uma chance de repensar os atos. “Colocar a mão na massa oferece aos estudantes uma percepção única do problema e os coloca como protagonistas no papel de agentes da transformação. A repercussão gerada com os colegas e familiares pode incentivar novas atitudes visando à proteção do meio ambiente”, finaliza a professora.

Áreas de atuação da Escola do Mar

A rede municipal é atendida pelo projeto por meio de três eixos:

1. Formações continuadas para os professores;

2. Projetos para serem aplicados em conjunto com unidades educativas, incluindo o Projeto Rios e Mar e o Projeto Ciências Atmosféricas;

3. Saídas de estudos, complemento aos projetos desenvolvidos nas escolas.

O que você vai encontrar por aqui: professora ensina turma a reciclar papel em sala de aula.

POR ANA CAROLINE ARJONAS

Tempo de leitura: 10 minutos

Mais do que observar as paisagens, as praias e aproveitar o fim de tarde nos parques, o cuidado e a proximidade com a natureza precisa estar presente em outros momentos do cotidiano, desde a escolha das embalagens até o descarte correto daquilo que é produzido em casa ou na escola. Entre os plásticos e itens que podem poluir o meio ambiente, existe um personagem que faz parte da rotina, mas que, por muitas vezes, deixamos de mencionar.

Presença garantida na hora dos estudos e até mesmo nas provas, as folhas de papel também existem por conta do meio ambiente — é da árvore que sai a celulose, matéria-prima para produzir os cadernos e até mesmo o sulfite. Mas você já parou para pensar na quantidade de papel que é produzida por aqui? Segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em 2022 o país passou a ser o maior exportador de celulose do mundo, chegando a 25 milhões de toneladas — estima-se que a produção de folhas tenha sido de 11 milhões de toneladas.

E quando jogamos as folhas no lixo, o que acontece com o papel que foi utilizado nas atividades ou brincadeiras? Qual é o descarte correto? A turma da Escola Básica Municipal (EBM) Batista Pereira já sabe o que fazer com cada folha: por lá, aquilo que foi utilizado em sala, ou até mesmo em casa, ganha nova vida por meio da reciclagem, trabalho que é feito na própria unidade.

A responsável pelo desafio é a professora auxiliar de ensino Adriana Dagmar Batista Maia. O processo de fabricação começa com as caixas que são deixadas nas salas, recipiente adequado para depositar aquele papel que não será mais utilizado. Mas se engana quem pensa que apenas uma turma fica responsável por conhecer o processo. Na verdade, a proximidade com a natureza é uma característica da educadora que ela leva para todos com quem ela trabalha. “Se eu não tiver outra turma, se eu não tiver um projeto na escola para trabalhar, eu vou trabalhar com a turma que eu estou, então, todo ano eu propicio para alguma turma essa atividade. Quem passou por mim vai fazer sabão, vai fazer compostagem; quem passar por mim vai plantar, vai semear”, conta Adriana.

Colocando o meio ambiente em foco desde 2015, a professora também gosta de aproveitar os espaços da cidade e as oportunidades para mostrar que o ensino pode ir além da carteira. Na parceria firmada com outros professores, os estudantes acabam aprendendo sobre a natureza em diversos componentes curriculares, interação que ajuda a desenvolver a consciência — quesito que também é trabalhado no momento em que estão com as mãos mergulhadas entre a água e os papéis. “A criatividade deles flui, porque o material é novo, e eu não trago nada pronto, eu levo para eles como que vai ficar o papel, apresento o material, o que nós vamos fazer, então eles vão fazendo, por isso que nenhuma turma faz igual”, diz a professora.

Por mais que o termo sustentabilidade às vezes pareça distante, é aprendendo a mudar a realidade que os estudantes compreendem a relação com o meio ambiente e o que precisam mudar para cultivar um futuro mais saudável. “Acho que teremos um mundo melhor se as nossas crianças crescerem com a consciência de que precisamos cuidar do planeta. Então eu vou pensar no que eu vou comprar, no material que eu vou produzir, se eu vou poder reaproveitar. Eles vão diminuir essa coisa do consumo desenfreado”, explica Adriana.

E no processo entre rasgar as folhas usadas e esperar as novas secarem, diversas habilidades são transformadas. “Acho que essa coisa do pensar, do eu posso, de enxergar o mundo além. Eles circulam parece que mais leve. Então eu acho que essa habilidade do pensar mesmo, do questionar, eles questionam mais, eles querem saber mais das coisas”, finaliza a professora, que agora aproveitou as novas folhas para criar um caderno de experiência, material que será utilizado após as interações com a natureza, dentro e fora da escola.

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