ReVISTA
JUREMA
MAR⁄ABR ⁄MAIO 2013
ENTREVISTA
Cezzinha
ESTILO
Jazz INSTITUTO
Sérgio Lemos
O que é
visual
Lei
Maria Da Penha
neles!
CONCERTO
INTERNACIONAL
Duo Mozartiano
Salve a Cabidela
Merchandising?
Arte
terapia NA SAÚDE
MENTAL CARROS AO GOSTO FEMININO
Sá Maria
Editorial
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Índice
mar ⁄ abr ⁄ MAIO 2013 nº 02
05 CARTA DA EDITORA
07 JUREMA, A ÁRVORE SAGRADA
08 APRESENTAÇÃO
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CAPA: Fotografia: Roberto Portella Modelos: Raíza Lima (Amazing Model) Carla Araújo (DeboraDias Model Mgmt) Vestem Sá Maria Coordenação de Produção: Aleta Portella Styling: Irann Nascimento Beleza: Carlos Tascha Assistente de Fotografia: Roberto P. C. Filho Vinícios Araújo
NECESSIDADES AUTOMOTIVAS DA MULHER por Tarcisio Dias
LINGUAGEM JAZZ NA CANÇÃO REGIONAL por Wilde Portella
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EM PRETO E BRANCO Editorial
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HOJE, GALINHA DE CABIDELA
ECONOMIA CRIATIVA, O QUE É ISSO? por Roberto Azoubel
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A MODA E O FUTURO por Leopoldo Nóbrega
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS QUE AFETAM A MULHER por Fernando Portela Câmara
38 8 DE MARÇO, DIA INTERNACONAL DA MULHER! por Luciana Araújo
44 STORE DESIGN & VISUAL MERCHANDISING Por Lenora Alves
BIQUÍNI INSPIRADO NUMA BOMBA por Wilde Portella
58 Duo Mozartiano Daniel Auner e Bárbara Galante
62 A UNIÃO FAZ A FORÇA por Aleta Dantas
65 O TERRITÓRIO DESERTIFICADO DE NOSSA LITERATURA
66 O OPOSTO DA DEPRESSÃO É A EXPRESSÃO por Aleta Dantas
68 COPA DO MUNDO DE 2014 DEIXARÁ GRANDE HERANÇA PARA OS PERNAMBUCANOS por Roberto Portela Câmara Filho
16 INSTITUTO SÉRGIO LEMOS DE ARTE & CULTURA
70 DIGITAL ARTS
L U C I A N A A R A Ú J O Editora
com muita satisfação que redijo este editorial. Assumir a função de Editora–Chefe da Revista JUREMA, publicação pela qual tenho um apreço especial, é um desafio. A alegria de exercer tal atividade tem vários motivos. Primeiro porque se trata da materialização de um sonho pessoal, que vem sendo construído coletivamente desde a sua primeira edição. Em segundo, porque é uma publicação da Cel Editora, instituição com papel essencial na estruturação da história da literatura e do livro com o olhar no público leitor. Em terceiro porque, de um ponto de vista pessoal, a JUREMA foi importante na minha formação como produtora cultural, por ser uma referência na minha formação literária. A expressão que dá título ao editorial, costuma ser usado para expressar uma situação de contraste, e vem se difundindo no mundo da moda. Mas ela é também uma perfeita síntese para a obra do Fotógrafo e Diretor de Arte da JUREMA, Roberto Portella. Antigamente a moda apenas mudava duas vezes por ano. Em Paris, em outubro apareciam as pelúcias, os vestidos escuros, as fazendas de lã, os chapéus de veludo, e ao aproximar-se a Semana Santa ideavam–se novos toucados, vestuários ligeiros e de cores alegres. O que daí resultava para nós era o ridículo, visto como quem queria trajar no rigor da moda tinha forçosamente de morrer de calor em janeiro e constipar–se em junho. Hoje, felizmente, a moda, altera–se de dia a dia; constantemente aparecem novas criações, fornecendo novos elementos para que, aplicados com inteligência, possa-se aqui, trajar na última moda, fugindo do contra–senso. Tão bem apresentada por modelos que vestem a SÁ MARIA, jenuinamente nordestina. A JUREMA pretende apresentar não o tipo de heroína que pega em armas e vai para a guerra, como você vai ver na matéria com Maria da Penha, uma história de superação, (após sofrer violência doméstica pelo seu próprio companheiro, vira Lei de combate à violência), nem aquela que arrisca a vida em algum gesto espetacular. Somos heroínas nos desafios cotidianos, na imensa variedade de tarefas e decisões que temos que tomar administrando empresas e lares, família e sociedade, cardápios e linhas de montagem, finanças pessoais e folhas salariais. O nome JUREMA: a cultura religiosa popular paraibana, desde seus primórdios, recebeu forte influência das tradições indígenas, especialmente no que se refere ao culto da Jurema. O culto da Jurema é uma prática religiosa de tradição indígena, especialmente das tribos do Nordeste, vinculado à árvore do mesmo nome (Jurema), a qual possui seu habitat no agreste e caatinga nordestina. Durante os períodos de grande estiagem, a Jurema se destaca do resto da vegetação nativa pelo fato de manter–se exuberante, resistente à falta de água. Dentre os projetos editoriais dirigidos ao público feminino, a REVISTA JUREMA, pretende se destacar como um veículo de comunicação inovador, que prima pela conquista de grupo de leitoras, identificadas com o discurso que busca dialogar com a mulher culta, com ambições profissionais, e a exemplo da Jurema árvore, resistente, exuberante e segura de si e de sua feminilidade. Aos leitores e colaboradores desejo um excelente 2013, com muito trabalho e publicações de alta qualidade pela frente. Cordiais abraços!
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REVISTA
JUREMA DIREÇÃO E COORDENAÇÃO EDITORIAL Luciana Araújo JORNALISTA RESPONSÁVEL Fernando Portela (SP) PROJETO GRÁFICO &DIREÇÃO DE ARTE Roberto Portella REVISÃO/agente literária Vera Moreira (RS) COLUNISTAS Fernando Portela Câmara Paulo Azevedo Chaves Tarcisio Dias Roberto Azoubel COLABORADORES DA EDIÇÃO FOTOGRAFIA: Studio CEL, TEXTO: Wilde Portella, Roberto Portela Câmara Filho, Aleta Dantas, Scouter: André Delamare CORRESPONDÊNCIA CEL — Casa dos Escritores, Livros e Editora LTDA. CNPJ. 13.044.894/0001–63 Rua Engenheiro Álvaro Celso, 200 — Imbiribeira — Recife/PE – CEP.51.170–050 CONTATO–PE revistajurema@gmail.com (81) 3037 5762 / 9686 9299 Impressão: Gráfica FacForm Tiragem 3.000 exemplares A revista JUREMA é uma publicação trimestral da Editora CEL A editora não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos assinados É proibida a reprodução total ou parcial dos artigos publicados sem autorização da editora.
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JUREMA
Jurema,
a árvore sagrada
S
egundo Mário de Andrade, no século XVII, em Portugal, os feiticeiros curadores eram chamados de mestres. Nas cerimônias da jurema, também se denomina mestre o dirigente de uma sessão. Os mestres vivos incorporam os mestres mortos que habitam as cidades sagradas da jurema, ligando esses dois mundos por meio do transe. Os mestres seriam espíritos curadores que, em vida, conheceram os segredos das plantas curativas e que são convocados para trabalharem em uma sessão, a fim de aliviar os sofrimentos humanos. Cada um tem uma linha, que é representada pelo cântico entoado pelo dirigente da sessão e que precede sua visita a terra. O canto é uníssono e acompanhado pelo maracá. A linha resume a ação sobrenatural, as excelências do poder e a sua especialidade técnica. Com fisionomia própria, gestos, voz, manias, predileções, cada mestre narra as suas aventuras, conta o seu nome e a sua vida. Ele possui a semente, o sinal de sua legitimidade e autenticidade, eficácia e poder sobrenatural. Uma outra explicação mitológica apresenta uma visão cristã quanto às origens do culto ao afirmar que, antes do nascimento de Deus, a jurema era tida como uma árvore comum, mas, quando a virgem, fugindo de Herodes, no seu êxodo para o Egito, escondeu o menino Jesus num pé de jurema, que fez com que os soldados romanos não o vissem, imediatamente, a árvore encheu–se de poderes sagrados, justificando, assim, que a força da jurema não é material, mas espiritual, dos espíritos que passaram a habitá–la. A prática da jurema continua vivenciando processos de reelaborações, adquirindo outros elementos simbólicos, como na fase atual da umbandização do culto, o que significa, nessa dinâmica, a sua permanência enquanto expressão de grupos sociais subalternos. Mais que isso, no plano ritualístico significa resistência aos modelos de opressão socioeconômica, contribuindo em última instância para a manutenção de um referencial étnico e identitário, sejam nas comunidades indígenas ou nas religiões afro–brasileiras.
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Apresentação
FERNANDO PORTELA & VERA MOREIRA
Escritor e jornalista, vive intensamente os dois papéis há muitos anos. Um dos fundadores do Jornal da Tarde, de São Paulo, é autor de boa parte das grandes reportagens que marcaram aquele jornal. Como escritor de ficção, possui uma obra extensa, adulta, juvenil e até infantil, em conto e novela. Sempre escrevendo ficção, mantém o blog http://fernandoportela.wordpress.com/ e o blog http://fernandoportelablog.com.br que reúne toda a sua obra e noticia suas atividades literárias/jornalísticas, com atualizações de sua agente literária.
JUREMA: quando o regional ganha o mundo Brasil está voltado, hoje, para Pernambuco. Em especial, o sudeste e o sul. A primeira percepção é mais antiga: nosso estado é a vanguarda da cultura no Brasil. Tanto da cultura no sentido mais erudito do termo, quanto da cultura popular. É a “cabeça” do País. A segunda percepção é sócio–econômica. Nos últimos anos, Pernambuco deu um salto incrível na sua economia, inovando–a, complementando–a, atraindo interesses multinacionais e nacionais, a ponto do seu governador ter–se transformado no político mais popular do País. Enfim, é um point absolutamente diferenciado no mapa do Brasil e da América Latina. Mas como é mesmo esse estado? Como ele se comporta? O projeto Jurema, uma revista de comportamento, foi feito para contar como é o nosso estado em termos de cultura, variedades, moda, lazer. As grandes transformações dos últimos tempos serão retratadas pela publicação, sempre com o cuidado de apresentar, em paralelo, por meios de boxes comparativos, os temas equivalentes em outras partes do País. Ou seja, quando dermos matérias de gastronomia, vamos comparar a nossa com as similares de outros estados. O mesmo quando falarmos de moda, ou de música popular etc. Jurema é uma referência sofisticada da imprensa brasileira: regional, porém globalizante; pernambucana, mas brasileira e internacional. Seu público preferencial está no nosso País. Será lida em São Paulo e em Porte Alegre. No entanto, se editada em inglês, espanhol e outras línguas, ganhará dimensão internacional. O mundo, do turismo aos negócios, está sempre interessado no Brasil. E, mais ainda, nesse novo Brasil.
Fernando Portela
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JUREMA
Com especialização em gastronomia e literatura, escreve para revistas especializadas. Trabalha com assessoria de comunicação, produzindo textos, fotos digitais, criação de blogs e redes sociais. É agente literária dos escritores Fernando Portela (SP) e Sergio Faraco(POA)
JUREMA: leitura sem fronteiras
Vera Moreira
ma revista feminina não implica ser feita por mulheres e sim por um conjunto de pessoas sensíveis a uma obra de mulher, com perspectivas inúmeras que não fazem parte do universo masculino e suas conexões com este. Diferenças entre mulher e homem são naturais, biológicas e primitivas. Não tivessem sido as mulheres por tanto tempo alijadas de poder político, econômico e social, sendo diferenciadas culturalmente, e as “questões femininas” sequer existiriam. Mas hoje elas são realidade e significam oportunidade de uma nova ordem, com igualdade de direitos no respeito das diferenças, pois uniformidade é outra coisa, bem diferente, e nada desejável. Homens e mulheres sadios, inteligentes e produtivos só se beneficiam de suas diferenças e crescem na troca. É o que uma publicação feminina como a Revista Jurema busca. Assuntos variados, interessantes, instigantes, leves e densos, belos e feios, doces e amargos, com leitura sem fronteiras tanto de gênero como de conteúdo. A partir de Pernambuco para o mundo, uma revista feminina por conceito e sem preconceito por determinação. Uma revista pautada num estado brasileiro de grande efervescência cultural com foco direcionado para a aldeia global. Uma revista de visão feminina com interpretação multissexual, racial, social. A escritora Anaïs Nin disse: “não vemos as coisas como elas são, vemos as coisas como nós somos”. Interpretamos o mundo de acordo com nossas diferenças cerebrais, neurológicas e psicológicas, diferenças de gênero em nosso comportamento — nada mais do que nossas simples e atávicas e belas diferenças de sexo. Com a Jurema, o leitor se identifica em vários níveis.
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Entrevista
Cezzinha
O jovem instrumen‑ tista, cantor, compositor e produtor pernambucano Cezzinha, o Cezzar Thomaz Silveira, com o seu acordeon e sua voz grave e melodiosa, vem encantando plateias brasileiras e europeias. Requisitado por grandes nomes da Música Popular Brasileira, a exemplo de Milton Nascimento, Ivan Lins, Wagner Tiso e Elba Ramalho, o artista ficou famoso pelo seu estilo jazzístico de dedilhar a sanfona. Talentoso, ele já tem um bom tempo de carreira, pois começou a trajetória profissional pelos palcos da vida desde os seus 14 anos de idade. A sanfona apareceu por acaso na vida de Cezzinha, entre os 12 e 13 anos, quando seu pai para ajudar um amigo sanfoneiro, lhe deu o dinheiro que precisava para viajar, e em troca terminou ficando (ele não queria) com o instrumento por insistência do sanfoneiro. “Lá em casa era apenas o meu pai para sustentar oito pessoas — explica Cezzinha — por isso eu tive que começar a trabalhar muito cedo e não me arrependo, pois adoro a música e amo o que eu faço. Assim, eu sai do seio da minha família ainda um adolescente, não sabia o que iria encontrar pelo mundo”. Com uma carreira profissional de pleno sucesso, o artista afirma que passou a ter maior visibilidade no cenário artístico nacional ao percorrer o País fazendo shows ao lado da cantora paraibana Elba Ramalho. Inclusive ele é o produtor responsável pelos dois últimos discos de Elba e também do DVD com show da artista. Em janeiro de 2013 Cezzinha lança seu segundo disco e grava seu primeiro DVD.
Linguagem
jazz
na canção regional
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> Por: Wilde Portella
JUREMA
JUREMA: Como aconteceu o
lançou no mercado.
casamento entre você e sua sanfona? Foi influência dos nossos grandes forrozeiros? CEZZINHA:De fato.Narealidade fui criado escutando Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Além deles ouvia muito Alcides Gerardi,Altemar Dutra, Ângela Maria. Na verdade eu gostava muito dos arranjos das orquestras que acompanhavam esses cantores nas gravações dos discos. Naquele tempo se trabalhava muito nos arranjos das grandes orquestras, mas hoje em dia a coisa ficou mais descartável. Eu vim dessa escolaridade aí, principalmente na questão do timbre, que graças a Deus foi meu pai quem me ouviu. E a sanfona, veio na hora certa para que eu pudesse ajudar minha mãe e meu pai. Isso fez com que bem cedo eu saísse de casa para os shows. JUREMA: Quer dizer que essa sanfona foi a salvação para você e sua família? CEZZINHA: A verdade é que meu pai conseguiu essa sanfona para ajudar um senhor que estava de viagem para o interior e pediu ajuda para comprar as passagens. Ele ofereceu o instrumento em troca do favor. Meu velho não queria o instrumento, mas o amigo dele insistiu tanto que a sanfona terminou ficando lá em casa. Esse senhor que recebeu a ajuda do meu pai terminou deixando a “salvação” lá em casa. JUREMA: Você acha que você é um predestinado? CEZZINHA: Esse processo aconteceu, e hoje nem procuro entender. A sanfona foi uma coisa tão boa para mim que me fez uma pessoa feliz por poder ajudar minha família. Não sei se sou um predestinado, mas graças a Deus isso aconteceu. JUREMA: Como foi que você aprendeu a tocar o instrumento? CEZZINHA: No início foi como autodidata. Eu peguei a sanfona e fui tentando tirar as notas. Mas como Pernambuco é uma região onde existem muitos bons sanfoneiros, eu tive a oportunidade de vê-los tocar e aprender os segredos com eles. Foi aí que comecei a copiar esses artistas e aprender realmente a tocar, e contei também com os ensinamentos do Mestre Camarão. E tinha um senhor lá em Camaragibe, ele já faleceu, que era conhecido por tocar bem sua sanfona. Aprendi muito com ele e com o Beto Ortiz. Tempos depois, eu cheguei junto a Terezinha do Acordeom, que me ensinou muita coisa e me
J U REM A : Você teve exce-
lentes professores. Que idade você tinha nessa época? CEZZINHA: Eu tinha 13 anos quando subi num palco ao lado de Terezinha. Posso dizer que ela foi quem me deu o primeiro impulso. Na realidade foi ela quem me lançou no mercado artístico. J U R E M A : É verdade que seu primeiros show foi com Dominguinhos? CEZZINHA: Não.Meu primeiro show foi com Terezinha do Acordeon juntamente com a Orquestra Sinfônica. Só um ano depois, com os meus 14 anos, foi que Dominguinhos me convidou para um show dele à noite. E foi ele quem me batizou de Cezzinha. A turma me chamava de Cezzar, e o Dominguinhos me chamou no palco e disse: “Eu vou chamar aqui Cezzinha...”E meu nome artístico nasceu ali, naquele momento. JUREMA: Quer dizer que depois disso é que você foi estudar... CEZZINHA: (cortando) Não! Eu não tinha tempo para estudar música. Eu já sabia tocar e aquilo me bastava. Eu só pensava em trabalhar para ganhar dinheiro e ajudar minha família. Depois daquele dia passei a tocar com Maciel Mello. Foi trabalhando com Maciel que passei a conhecer os artistas, e pouco tempo depois estava tocando com eles. Participei até do programa Pé de Serra, cujo palco ficava em frente à TV Jornal e era transmitido para a televisão. Meus estudos de música foram ouvindo e vendo os grandes mestres tocarem, além dos meus ensaios quase que diários. JUREMA: Como você explica essa linguagem jazzística que tira do seu acordeon? CEZZINHA: Um forrozeiro convive com vários gêneros musicais, e eu passei a pesquisar. Com isso consegui me apresentar e a tocar em discos e concertos de vários artistas da MPB como Gilson Peranzzetta, Milton Nascimento, Ivan Lins, Wagner Tiso, e João Bosco. Mas o Dominguinhos já vem fazendo isso há muito tempo, e ele para mim é um espelho. Tocar com essa turma me fez sentir a necessidade de me aprofundar mais ainda nos estudos da música e a pesquisar mais amiúde. JUREMA: Você acha que essa sua visibilidade foi devido aos shows que fez ao lado de Elba Ramalho?
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Fotos: Divulgação
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CEZZINHA: Com toda a certeza, porque até então eu apenas acompanhava outros artistas. Com Elba tive a oportunidade de realmente mostrar meu trabalho. Com ela, além da gente se apresentar e gravar juntos, tivemos um chamego. Com um chamego o público gosta mais, não é? Também fui eu quem reaproximou Elba para o Nordeste, pois o público estava com saudades dela. A platéia sentia necessidade de rever Elba Ramalho cantando forró. Ela canta tudo porque é uma cantora versátil, mas ama a música nordestina. Então foi isso: juntamos o útil ao agradável. Vivíamos juntos e saíamos por aí nos apresentado pelo Brasil inteiro. Foi muito bom esse período da minha vida. Além disso, produzi dois CDs e um DVD com o show do Marco Zero (Recife). JUREMA: Como foi que aconteceu essa aproximação de você com Elba Ramalho? CEZZINHA: Foi o Dominguinhos. Ela ia fazer uma apresentação no Big Brother Brasil e estava precisando de um sanfoneiro. Eu viajei, me apresentei, e fiz mais quatro shows com ela. Depois voltei para o Recife. Nessa época eu tinha 16 anos de idade. A gente só voltou a se reencontrar uns cinco anos depois. Foi nesse período que passamos a nos olhar diferente...Eu estava mais cheinho. Do meu lado despertou o amor e do lado dela também. Aí não nos largamos mais. JUREMA: Você tem se apresentado no Exterior. CEZZINHA: Tenho sim, inclusive com shows solos. Estive em mais de doze países, e num dos concertos que fiz na França estava representando Pernambuco e o Brasil. Também fiz shows na Macedônia, Portugal e Alemanha. JUREMA: Qual a receptividade do público em relação a você e a música nordestina?
JUREMA
CEZZINHA: No Exterior o público gosta da música instrumental, e meus shows foram muito bem aceitos pela platéia estrangeira. Isso me deixou muito feliz com minha carreira. Em alguns países fiz somente apresentações instrumentais, mas em outros eu também cantei e fui muito bem aceito. O bom era quando se juntavam os artistas que estavam por lá, também apresentando seus concertos, e fazíamos jan sessions inesquecíveis. Foram verdadeiras viagens musicais. Um dos shows que eu guardo a maior e melhor recordação foi minha participação no Festival De Jazz de Montreaux, na Suiça. JUREMA: Tudo bem que você cresceu ouvindo gente de categoria como Alcides Gerardi, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga e Dominguinhos, mas você não gosta de rock? CEZZINHA: Claro! Gosto sim! Mas minha preferência é pela rainha do rock (Rita Lee), e pela querida Cássia Eller. Adoro essas duas grandes intérpretes. Se bem que a Cássia navegava por outras vertentes também, do mesmo jeito que eu navego quando me apresento apenas como instrumentista e toco forró, samba e frevo. Gosto de rock sim, e chego às vezes a tocar músicas de Rita e Cássia, que é uma ousadia de minha parte. JUREMA: Ousadia não. Você é um bom músico e tem é que tocar os gêneros que gosta. Mesmo porque você faz uma releitura das canções de Cássia Eller e Rita Lee. CEZZINHA: Claro! Com certeza! Mas acontece que não são todos que têm a mente aberta. É que alguns acham que a gente está querendo aparecer, e isso me incomoda. Mas acredito que, se você toca bem um instrumento, vai levá–lo a outros horizontes. JUREMA: Você é um músico que sabe tratar bem o acordeon e a música nordestina, dando uma linguagem universal ao seu trabalho. Mas, mudando de assunto, quem lhe deu a dica para também cantar? CEZZINHA: Como já falei antes, lá fora existe a música instrumental e ela é bem aceita pelo público amante da boa música. No Brasil não acontece isso. Então, quando eu comecei a me apresentar, não faltou quem chegasse junto de mim e dissesse que, se eu não cantasse morreria de fome. Então você já cresce com esse trauma de ter que cantar para poder sustentar a família dignamente. É por isso que está surgindo tanta gente cantando, até aqueles que não sabem cantar. Antes, há muitos anos, só gravava quem sabia realmente. Mas hoje a situação mudou, mesmo sem saber cantar, os “cantores” estão por aí. Para você ter uma ideia, naquela época do Nelson Gonçalves se exigia tanto que o mestre Luiz Gonzaga só conseguia tirar três ou quatro nas notas que lhes davam nos programas de calouros.
“Por t�do que vivi, pela intensidade que foi vivido e com todo meu amor à poesia de lá! Pra vocês, meu Coração Saudosiano!” Kelly Rosa
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FERNANDO PORTELA CÃMARA é psiquiatra, professor associado da UFRJ, pernambucano exilado no Rio de Janeiro há quase 40 dos seus pouco mais de 60 anos, cabra da peste por direito e dever.
Mental
PARTE I:
Transtornos
PSIQUIÁTRICOS que
MULHER
afetam a
A
A FAMOSA TPM (QUE AGORA É TDPM) 14
JUREMA
s doenças psiquiátricas que incidem no sexo feminino são motivos de sofrimento de todos e também em grande parte, incompreendidas, especialmente quando mistificadas como “coisa de mulher”. Veja–se o exemplo extremo da caça às bruxas na Idade Média (que em alguns países estendeu-se até o Iluminismo), ou a ideia de o útero ser um animal maligno que podia deslocar–se pelo corpo da mulher quando este não era “irrigado pelo esperma masculino” (ideia associada á etiologia da histeria até o século XIX), levando-a a cometer desatinos e crises diabólicas. Ainda hoje, essa associação de doenças próprias da mulher com sexualidade feminina “pecaminosa” é ponto alto na ideia machista, ainda existente em algumas culturas, de ser a mulher uma espécie de animal selvagem que precisa ser domesticado e controlado pela sociedade masculina, e cujo descontrole é causa de desordem e “pecado”. A fisiologia feminina, dentre outras coisas, prepara a mulher para a concepção e gestação, e isso é um longo ciclo que começa com a menarca e vai até a menopausa e climatério. Às peculiaridades desta fisiologia associam-se transtornos mentais específicos como o transtorno disfórico pré-menstrual (a famosa TPM, sigla da antiga denominação “transtorno pré-menstrual”), a depressão
perinatal (“depressão pós–parto”), frequentemente confundida com a psicose puerperal, a depressão perimenopáusica (do período da menopausa). Temos também os transtornos do humor e de ansiedade associados à infertilidade e aborto. É importante salientar também que as mulheres são muito vulneráveis à violências (abuso, estupro, assédio sexual, assédio moral) que permeia suas vidas desde a infância. Desse modo, a mulher está bem mais exposta a estressores psicossociais que o homem. Nos próximos artigos, veremos alguns dos transtornos psiquiátricos mais importantes para a mulher. Hoje, veremos o que é o transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM). Muitas mulheres em idade reprodutiva são afetadas pelo TDPM. Não se trata de “doença moderna”, pois Hipócrates (século V AC) já a conhecia e denominava de “doença das virgens”. O transtorno surge na semana anterior à menstruação e desaparece logo após, frequentemente na mulher jovem entre 25 e 35 anos. As queixas psíquicas são mais comuns que as físicas e causam sérios prejuízos à vida afetiva, laborativa e social da mulher. Não se sabe ainda exatamente a razão desse transtorno, mas sabe-se que nas mulheres que apresentam TDPM as oscilações hormonais afetam o sistema serotoninérgico cerebral, modificando o humor e o comportamento. Desse modo,
Fotos: Banco de Imagem
mais proximamente, bem como para suas atividades, negócios e disposição. Junto com essa condição geral, existem quatro sintomas típicos que, se estiver presente pelo menos um deles, já serve como pista para o diagnóstico, vejamos quais são: D E P R E S S Ã O , D E S E S P E R A N Ç A , AUTO–DEPRECIAÇÃO; MUITA ANSIEDADE, TENSÃO; I NSTABILIDADE AFETIVA (MUDA DE HUMOR RAPIDAMENTE, EXPLODE POR QUALQUER MOTIVO); R AIVA MANIFESTA, OU MUITA IRRITAÇÃO O TEMPO TODO, E POR ISSO ENTRA EM CONFLITO ABERTO COM AS PESSOAS.
Nas mulheres que apresentam TDPM as oscilações hormonais afetam o sistema serotoninérgico cerebral, modificando o humor e o comportamento.
os antidepressivos da classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são os mais importantes no tratamento do TDPM, tais como a fluoxetina e a sertralina, que se mostram os mais efetivos tanto para os sintomas físicos quanto para os psíquicos. Também apresentam bons resultados o uso de anticoncepcionais orais de forma contínua e outras formas de tratamento hormonal (implantes hormonais subcutâneos, adesivos transdérmicos, ou mesmo apresentações injetáveis), sendo a finalidade desse tratamento promover a amenorréia para evitar o ciclo de esteróides. Como reconhecer o TDPM? Em primeiro lugar, e isso é muito importante para o diagnóstico, devemos saber que a mulher que sofre de TDPM não é histérica e nem está fazendo pirraça ou — como se dizia antigamente no Nordeste — “pantim”, velhas expressões de discriminação sexual feminina. É doença séria que afeta globalmente a vida da mulher e o seu entorno. Em outras palavras: os sintomas do TDPM trazem prejuízos à mulher ao mesmo tempo no trabalho, na escola, nas suas atividades cotidianas e nos seus relacionamentos. Se o transtorno é apenas para uma dessas condições, então não se trata de TDPM, e por isso é importante enfatizar que é um transtorno global, um sofrimento tanto para mulher quanto para os que com ela convivem
O prejuízo global e pelo menos um desses sintomas já são fortes indícios de TDPM (o diagnostico final quem fará será o psiquiatra ou o clínico bem treinado em medicina da mulher). Entretanto, outros sintomas estão frequentemente associados, e eles são: sintomas psíquicos (mais frequentes): desinteresse, falta de energia, dificuldade de conc entr ação, apetite aumentado par a certos alimentos (ex., doce), insônia ou sono excessivo, sentimento de falta de equilíbrio emocional. s intomas físicos: sensibilidade, inchaço das ma mas, sensação d e “ g a n h o d e p e s o ”, d o r e s d e cabeça, dor es muscular es ou nas articulações.
O diagnóstico exige pericia e existem particularidades que só o psiquiatra poderá distinguir por experiência. Por isso é importante saber que há doenças que podem ser confundidas com TDPM, como a dismenorréia, endometriose, enxaquecas, certas doenças auto–imunes, hipotireoidismo, anemias, síndrome do colon irritável, abuso de álcool e drogas, e epilepsias. Também algumas doenças psiquiátricas são frequentemente confundidas como TDPM, como é o caso do transtorno do humor bipolar e de alguns transtornos de personalidade (personalidades histriônicas, sociopáticas e borderlines).
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Personagem
SÉRGIO LEMOS
Instituto
SÉRGIO LEMOS de Arte & Cultura “... a pintura é um marco histórico escrito com tinta...”
Fotos: STUDIO CEL ©2013
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JUREMA
Atelier do artista Sérgio Lemos.
oda cidade tem suas personagens inesquecíveis e suas referências. A cidade do Recife brilha pela sua diversidade cultural, seja na literatura, na musicalidade ou na pintura, e pode apontar a figura boêmia, artista plástico de grande talento e de bem com a vida chamada Sérgio Lemos. Esse recifense da “gema”, filho de pais pernambucanos com descendência européia, nasceu no dia 07 de março de 1950. Sempre viveu da sua arte e costuma dizer que vai morrer dela. Sérgio Lemos, entre tantos outros, deu continuidade a sua busca com razão e sensibilidade, indo buscar na cultura pernambucana, naquilo que tem de mais fascinante e próprio num dos seus temas mais populares — os papas angus, a via do seu caminhar estético e até lúdico da sua pintura. A fase atual de Sérgio Lemos, por enquanto é o coroamento de uma busca iniciada na década de 70 através das luzes e das cores das frutas tropicais pernambucanas e nordestinas dos seus exuberantes jogos frutais. Na sua linguagem atual vemos que a sensibilidade supera a razão da arte conceitual e a sua própria razão na fase anterior, circunscrita, um geometrismo que aprisionava o desenho, o tema e o autor dos seus jogos frutais. No momento atual, o artista incorporou definitivamente as raízes da cultura pernambucana a sua arte, tanto quanto o fizeram Lula Cardoso Ayres, José Cláudio Abelardo da Hora, Francisco Brennad, Vitalino, Capiba, Nelson Ferreira, Manoel Bandeira, Mauro Mota, entre tantos outros, nas diversas formas de Arte. A seguir, trechos de uma conversa bastante descontraída com o pintor Sérgio Diletiere Lemos: JUREMA: Gostaria de começar esta conversa com você me falando como foi pintar em Recife nas década de 70 e 80. SÉRGIO LEMOS: No começo foi muito difícil por causa do golpe militar e das diversas manifestações artísticas, que vivenciávamos. Tive que me ausentar. Fui para Europa e morei 5 anos em Portugal. Na minha volta trago uma série chamada “Jogos do Cotidiano”, expondo em Belo
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Tributo a Francis Bacon Tamanho: 1,80m x 1,32m | Técnica: Óleo S/ Juta
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Horizonte. Com o advento da ditadura, a exposição foi totalmente destruída. Parei tudo e voltei para Europa. Na minha volta para o Brasil, participei de alguns movimentos como o Dadaísmo. Mas a burguesia não entendia muito de arte e ia para exposição só tomar whisky, foi quando fizemos uma exposição só com moldura, sem quadro e repercutiu muito internacionalmente. Depois foram mudando os governos que foi deixando a pintura de lado. JUREMA: Sua arte sempre foi apresentada como arte engajada, política, como você vê tal afirmativa? SÉRGIO LEMOS: Na Escola de Belas Artes, havia um movimento contestador muito forte e eu fui perseguido sendo obrigado a me exilar, já que não estava disposto a ser assassinado por imbecis. Sempre gostei de temas fortes, que mostrasse a realidade de um povo através do meu desenho, da minha pintura. Porque eu acreditava e ainda acredito que a importância da arte não está só em enfeitar sofá, e decorar parede. Porque você vai embora mas a arte fica, para mim a pintura é um marco histórico escrito com tinta, isso é que ficou. JUREMA: Quais as suas principais influências e como você desenvolveu o seu estilo? SÉRGIO LEMOS: Primeiro eu fiz a Escola de Belas Artes, eu acho que todo artista tem que aprender a desenhar para depois ele fazer o que quiser da sua arte, ou abstrato ou geométrico, mas ele tem que fazer o desenho como Da Vinci, dizia. E, hoje qualquer um pinta
acima: Série Santo Oficio: Ossos do Ofício Tamanho: 1,40m x 2,00m | Técnica: Óleo S/ Juta abaixo: Paisagem de Interiores Tamanho: 1,20m x 1,00m | Óleo S/ Juta
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Série Voyer Tamanho: 1,40m x 1,40m Técnica: Óleo S/ Juta.
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e acha que é arte, até um montinho de areia. Então a grande decadência que há na cultura hoje é que muitos não lêem, e, muitos não sabem mesmo é pintar e procuram o mais fácil. Por exemplo, a grande maioria das instalações que falam que são contestatórias, são mesmo é um grande amontoado de mediocridade. E por isso, muita gente fala de decadência da cultura hoje, se comparada com os movimentos que fazíamos nas décadas de 70 e 80. Eu entendo que arte não é moda, arte é sentimento e esse sentimento tem que vir de dentro de sua alma, não pode ser brincadeira. JUREMA: Na Pop Art há um elogio ao simples mas também uma crítica à cultura de massa, você compartilha dessa ironia? SÉRGIO LEMOS: A Pop Art já foge do que eu tinha falado anteriormente, que era das instalações, ela vem da serigrafia, da arte que as pessoas faziam em casa. Quando os Estados Unidos absolve essa arte e faz um movimento, era um movimento sério de denúncia do consumismo. Mostrando a alienação do seu próprio povo. Uma arte popular que se comunicava diretamente com o público, foi um dos movimento que se recusavam a separação da arte–vida. JUREMA: É verdade que todo artista antes de atingir sua própria linguagem é um impressionista ou um surrealista juvenil?
SÉRGIO LEMOS: Isso é muito pessoal, depende de cada artista, de cada pessoa, pra mim toda arte é contemporânea, você não pode dizer que Caravaggio não é contemporâneo, que Morandi não seja contemporâneo, com o seu trabalho de metafísica. E um pouco menos Salvador Dali, ele soube fazer a publicidade, mas não em valores, mas tem seu valor. Então cada artista tem uma escola que ele se identifica, pelo seu modo lento, pela sua leitura e pelo seu sentimento. Porque a arte é sentimento. No expressionismo ele tem que pintar o que vem de dentro dele, é um processo lento de maturação. Um quadro não é feito de uma hora para outra, ele é pensado muito, como um poeta, na elaboração de uma poesia. JUREMA: O que você acha que falta atualmente para incentivar os jovens a gostarem de arte? SÉRGIO LEMOS: Primeiro a implantação de um Plano de Governo, porque não existe. Os Museus estão sucateados, não existe uma política educacional de visitação pública de estudantes aos museus. Não há mais investimentos em aquisição de obra de arte, em literatura. Não existe uma política de intercâmbio cultural entre a capital e o interior. Sem falar que as pessoas que dirigem os espaços de cultura não tem a menor formação na área, são indicadas por apadrinhamentos políticos. JUREMA: Na era da informática, alguns escritores aderiram a arte a digital, você já aderiu? SÉRGIO LEMOS: A minha informática são os meus olhos, a minha mente, dela é que parte todo meu conceito sobre arte e a pintura. Tudo está dentro da minha mente não pela mente de um computador. JUREMA: E o Instituto Sérgio Lemos de Arte e Cultura, qual a finalidade? SÉRGIO LEMOS: A base é a integração com os jovens na periferia para as questões das artes, desde o processo de criação até a comercialização da obra. Seja na literatura, na pintura ou em atividades de artes integradas. Para a partir daí, buscar apoio governamentais e da iniciativa privada para a realização de oficinas. Além de Mostras de Arte, intercâmbio cultural local e internacional, Saraus Literários, outros, tudo com renda revertida para execução do trabalho sócio cultural do Instituto.
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SÁ MARIA
A marca pernambucana Sá Maria, assinada pelos estilistas Fabio Alves, João Luis Battista e Otavio Azevedo, desenvolve um trabalho único dentro do cenário regional nordestino. Participante de três edições do Dragão Fashion Brasil (2010, 2011 e 2012), e de duas edições do Moda Recife (2010, 2011 e 2012), a marca apresenta um estilo que consegue unir o regional ao internacional. Inspirando–se em temas como a obra de Francisco Brennand, Nefertiti, Pré–história e homeless e o Último Unicórnio, os criadores da marca exalam talento com muita personalidade no expressionismo contemporâneo. A proposta da marca é principalmente a valorização da expressão do corpo feminino, conforme as tendências mundiais. Os estilistas ainda evidenciam a exuberância e propõem uma liberdade em primeiro plano. A Sá Maria busca em suas origens regionais estabelecer um diálogo com o panorama fashion mundial, para isso resgata técnicas antigas, trazendo–as para a atualidade, buscando assim em suas criações valorizar toda a tradição e a herança cultural brasileira, resultando em uma verdadeira linguagem fashion antropofágica. Otávio de Azevedo de Barros e Silva Neto
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Psicologicamente o preto encarna a profundeza da angústia infinita, em que o luto aparece como símbolo de perda irreparável. Neste sentido, em certa interpretação do Zoroastrismo, Adão e Eva se cobrem de preto ao serem expulsos do paraíso, numa representação do mal sem remédio. Evocando o caos, o nada, o céu noturno, as trevas terrestres, o mal, a angústia, a tristeza, o inconsciente e a morte, o preto é o símbolo maior da frustração e da impossibilidade.
Sobre o uso do branco observa Câmara Cascudo em Made in África:“Recordo do meu tempo de investigação popular a constatação da cor branca ter uma supremacia na ordem das cores. Nos candomblés da Bahia, Oxalá, Orixalá, Obatalá, o Pai dos Orixás, Deus Supremo, vestia branco totalmente de branco como nenhum outro entre os deuses nagôs, jejes ou angolanos.”
A Goeldi ...Ó Goeldi: pesquisador da noite moral sob a noite física... ...És metade sombra ou todo sombra? Tuas relações com a luz como se tecem? Amarias talvez, preto no preto, Fixar um novo sol, noturno” ... Carlos Drummond de Andrade
O branco intervirá quando houver uma intenção superior às funções visivelmente ornamentais e às expressões unicamente defensivas que os desenhos manifestam. Sempre que se ultrapassem as fronteiras do lúdico, recorre-se ao branco como um apelo ao antepassado, ao morto-protetor, às suas forças custodiantes.”
Nas gravuras em preto e branco, representa-se por um simples traço preto que delimita a área branca, assumindo a significação simbólica de pureza, inocência, verdade, esperança e felicidade.
Portinari costumava repetir uma frase de Batista da Costa: “O preto na luz é mais claro que o branco na sombra.”
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No Egito, uma pomba negra era o hieróglifo da mulher que sofre a viuvez até o fim de seus dias. Na antiga Grécia, a vela negra 29 içada ao mastro dos navios, revelando tragédia, simbolizava a fatalidade.
.Misturado ao branco, produz o cinza, cor neutra por excelência, o que levaria Kandinsky a afirmar: “Não é sem razão que o branco é o ornamento da alegria e da pureza sem mancha, e o preto o do luto, da aflição profunda, símbolo da morte. O equilíbrio destas duas cores, obtido por uma mistura mecânica, dá o cinza. É natural que uma cor assim produzida não tenha nem som exterior nem movimento.”
Modelos: Raíza Lima (Amazing Model) Carla Araújo (Debora Dias Model Mgmt) Vestem Sá Maria Coordenação de Produção: Aleta Portella Styling: Irann Nascimento Beleza: Carlos Tascha Assistente de Fotografia: Roberto P. C. Filho Vinícios Araújo Cenários: Fábrica Tacaruna
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Gastronomia
“...antes desse projeto, foram protegidos como Patrimônio da Culinária Pernambucana , o Bolo de Rolo, o Bolo Souza Leão.” Aluízio Lessa.
alinhas chegaram ao Brasil com Cabral. Os índios nunca tinham visto nada parecido, até 24 de abril de 1500. "Já de noite", segundo Caminha. Mas nunca fizeram sucesso, entre eles. Nem seus ovos, que continuaram a preferir os de jacaré ou tartaruga. Os escravos africanos faziam poucos pratos com galinha, como xinxim e muambo — usando a mesma técnica que depois empregaram na receita de vatapá. E ovos, para eles, era remédio. Galinha, por muito tempo, no Brasil, foi comida de branco. Mas só de alguns. Os que tinham posses. Aos poucos passou a ser, também, de mulher parida e doentes em geral. Garcia da Orta ("Colóquios") chegou a prescrever, para seus pacientes, "galinha gorda, tirando– lhe primeiro a gordura que tem e deitem–lhe dentre umas talhadas de marmelos". Valendo lembrar que, por ser considerada "comida de festa", jamais era consumida nos primeiros dias de luto. Não há consenso quanto à origem do nome. Segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, decorre de ser feito com miúdos e extremidades da ave – conhecidos em Portugal como "cabos". Embora o Lello Universal sugira que esse nome viria de um dos ingredientes da receita, o fígado – em árabe "kabed". De tão saborosa, mereceu fartas citações entre os escritores portugueses. De Camões (no auto "Filodemo"), que se refere a ela com palavras do personagem Vilardo — "Das lágrimas caldo faço,/ do coração escudela:/ esses olhos são panelas/ Que coze bofes e baço/ Com toda a mais cabidela"; até Eça de Queiroz ("O Crime do Padre Amaro"), que assim descreve os dotes culinários do Abade da Cortegaça — "Era um velho jovial, muito caridoso, que vivia há trinta anos naquela freguesia e passava por ser o melhor cozinheiro da diocese. Todo o clero das vizinhanças conhecia a sua famosa cabidela" Em Portugal, além de galinha (a mais utilizada), cabidela se faz também com outras aves — ganso, marreco, pato, peru. Em todos os casos, usando– se no molho o sangue da ave, obtido no momento do abate; misturado com um pouco de vinagre, para não coagular. Cada região tem sua receita própria. Na Beira
Alta, por exemplo, se faz "Arroz de Cabidela" primeiro cozinhando o arroz no caldo em que foi preparada a galinha, e depois acrescentando o sangue. Enquanto na região de Trás os Montes e Douro, a receita da cabidela de galinha (ou de peru) é servida com batatas cozidas e pão; ali se fazendo, ainda, uma "Cabidela de Miúdos" — com baço, bofes, esôfago, goela, traquéia, sangue e carnes do porco. No Brasil, para a Cabidela usamos apenas galinha, em receita que chegou com os primeiros colonizadores. Também sendo conhecido o prato como "galinha ao molho pardo" - por conta da cor escura desse molho. Mas a receita não nasceu em Portugal, como ensina Gilberto Freyre ("Açúcar"); que fala em "quitutes com aparência de brasileiros" mas que "são franceses, e refletem o francesismo que desde o século XVIII invadiu a cozinha portuguesa: a cabidela, por exemplo". A LEI: DECRETO No 30.691, DE 29 DE MARÇO DE 1952. Aprova o novo Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. O Presidente da República usando da atribuição que lhe confere o artigo 87, nº I. da Constituição e tendo em vista o que dispõe o artigo 14 da Lei nº 1.283, de 18 de dezembro de 1950, DECRETA: Art. 1º Fica aprovado o novo Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal que com êste baixa assinado pelo Ministro de Estados dos Negócios da Agricultura, a ser aplicado nos estabelecimentos que realizem comércio interestadual ou internacional nos têrmos do artigo 4º, alínea "a", da Lei nº 1.283, de 18 de dezembro de 1950. Art. 2º Este Decreto entrará, em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Rio de Janeiro, 29 de março de 1952; 131º da Independência e 64º da República. Getulio Vargas. João Cleofas. Resultado: Só se pode abater a galinha em local que atenda às especificações do Riispoa, certificado pelo Ministério da Agricultura, classificados como matadouros. Porém neles, o sangue não pode ser comercializado fresco — como pede
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Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press Foto: Sandro Vilar
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“A tradição secular do uso da Galinha de Cabidela na Gastronomia Nordestina pode receber a chancela de manifestação cultural, reconhecida oficialmente como patrimônio imaterial de Pernambuco.”
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a receita da galinha de cabidela. Não existe qualquer especificação do modo como o sangue poderia ser embalado e vendido. Assim, restaurantes não têm autorização de abater o animal e não encontram o sangue no mercado (só no paralelo) e ainda são notificados se servirem galinha de cabidela. FONTE: Jornal O Estado, de São Paulo. Em São Paulo, a tradição está ameaçada. Há pelo menos dois anos, os restaurantes paulistanos não podem preparar o frango ao molho pardo ou a galinha à cabidela, como é chamado o prato no Nordeste, se não houver sangue com certificação sanitária. Preocupados com a possibilidade de que haja restrição também em Pernambuco, representantes da Abrasel, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, procuraram o deputado Aluísio Lessa, do PSB, a fim de pedir apoio para proteger essa e outras comidas pernambucanas. A Galinha de Cabidela como Patrimônio Cultural —Veja a seguir a entrevista com o Deputado Estadual Aluísio Lessa. JUREMA: A tradição secular do uso da Galinha de Cabidela na Gastronomia Nordestina, pode receber a chancela de manifestação cultural reconhecida oficialmente como patrimônio imaterial de Pernambuco. Para isso, o primeiro passo é a criação de um dossiê que reúna documentos, entrevistas, imagens, dados técnicos e análises de especialistas para mostrar e comprovar a importância dessa manifestação cultural para o Estado. Qual vai ser o primeiro passo? DEPUTADO ESTADUAL ALUISIO LESSA: Estamos apresentando o Projeto de Lei, com a participação de diversos atores que trabalham na composição dessa Iguaria secular. Ela se inicia na ponta da Cadeia Produtiva, os avicultores e granjeiros, os abatedores de galinhas, a academia com os departamentos de Medicina veterinário e nutrição, vigilância sanitária, chefes de cozinha, Abrasel, Fundarpe, Empetur, Sebrae, SENAC, pesquisadores e historiadores, entidades sociais. JUREMA: Considerando que o bem cultural imaterial pode ser protegido pelos poderes públicos, sendo citado, inclusive, na Constituição Brasileira de 1988, no artigo 23, III. “O artigo faz ‘referência a identidade, a ação, a memória dos diferentes grupos formadores da sociedade’ características que são imprescindíveis a uma nação”. Essa discussão a respeito da Galinha de Cabidela, tem tido boa aceitação junto aos seus pares? O que está sendo encaminhado? DEPUTADO ESTADUAL ALUISIO LESSA: Esse não é o primeiro Projeto de Lei sobre bem Cultural e Imaterial apresentado na ALEPE, antes desse foram protegidos como Patrimônio da Culinária Pernambucana , o Bolo de Rolo, o Bolo Souza Leão, e o nosso tem sido bem acolhido por todos os Parlamentares, todos aguardam a aprovação final para juntos apreciarmos um almoço com a Galinha a Cabidela. O Projeto foi apresentado, mas estamos recebendo uma série de adequações e sugestões das várias entidades citadas na pergunta anterior. JUREMA: Qualquer pessoa pode solicitar o registro de um bem imaterial? DEPUTADO ESTADUAL ALUISIO LESSA: Como Projeto de Lei, precisam ter como autores o Poder Executivo ou o Poder Legislativo. Não tenho conhecido de registros de outra autoria. JUREMA: Qual a legislação que rege o registro de bens culturais intangíveis na Lei Estadual de Pernambuco? DEPUTADO ESTADUAL ALUISIO LESSA: As constituições Federal e Estadual, além do Regimento Interno da ALEPE.
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Moda
MUNDO
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> Por: Leopoldo Nóbrega
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futuro
um recente giro rápido pelo mundo, apressei–me em sincronizar a moda que vi nas ruas, vitrines e galerias de conceito em Paris, Amsterdam, Kassel, Berlim, Nova York, São Paulo e por fim Caruaru, onde exercito sempre que posso, meus estudos industriais e laboratório criativo de moda sustentável, todos conectados e alinhados pela contemporaneidade em tempo global. Parti em busca de novos olhares sobre o futuro das coisas, as relações humanas e a sustentabilidade estética. Diria que não se trata de um mero futurismo, mas, de um provável antevisionismo das tendências de comportamento que se apresentam para a nova era. Sempre tive interesse nos elos que aproximam a moda das pessoas e vice versa. A velocidade de consumo e a forma como satisfazemos nossos desejos materiais, expressam nossa visão de mundo e, por outro lado, são também, códigos estéticos que refletem a verdade de cada um e nos da pistas dos sinais dos tempos. Aos poucos, fui me dando conta de como seria ampla minha jornada, criando novos modelos mentais para decifrar o futuro e a moda simultaneamente. O primeiro destino foi Paris, cidade luz, que entre tantas opções de moda e arte destaco o acervo do Centro Pompidou, o Museu da Moda com exposição de Marc Jacobs e os cem anos da Luiz Vuitton e também a Fundation Cartier com fortes referencias Naif. Tive ali, a certeza de que para entender o futuro era fundamental preservar e entender o passado. E em busca do novo, continuei minha viagem seguindo para Amsterdam onde aterrisei no conhecido Red Light District. Afinal, todos merecem uma pausa para o café, não é mesmo? Um roteiro estratégico para as descobertas que aos poucos se revelavam. Passado alguns dias, peguei um trem que saía da Holanda, direto para Kassel na Alemanha, fui conferir de perto o Documenta (13), um mega encontro internacional que acontece de cinco em cinco anos, criado em 1955 na Alemanha, após o final do nazismo, com intuito de reascender as mentes pensantes, estimulando o design e a produção artística como referência para o mundo. Durante 100 dias de exposição, com obras espalhadas por toda a cidade, Kassel se transformou num cenário de peregrinos em busca da vanguarda, uma experiência única, aproximando arte, natureza e tecnologia num
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LEOPOLDO NÓBREGA É Consultor de Moda e Mercado.
mundo, New York que abriga espaços como: o Metropolitan Museum, o Guggenheim, galerias de arte e points famosos como o Soho, a Time Square e o antológico bairro Chinatown. E seguindo na trilha da vanguarda, destaco o acervo do MOMA — Museu de Arte Moderna, onde encontrei uma das mais expressivas exposições de Design Indaba do grupo Protofarm, com sede na África, preocupados com os problemas gerados pela superpopulação do mundo, apresentaram vários protótipos e soluções visionárias para o ano de 2.050, com equipamentos sofisticados e roupas capazes de transformar vegetação em alimento, no ensaio chamado Forrageiras, cujo link pode ser acessado pela internet*. Capacetes multifuncionais também estão em alta nas previsões de funcionalidade para o futuro próximo. Todos esses caminhos me dão a certeza de que precisamos buscar soluções mais inteligentes e menos poluentes. A reciclagem é uma das condições básicas para a convivência global e a grande moda será de conscientização e superação dos limites ambientais em níveis cada vez mais críticos que o designer, será o principal elo entre tecnologia, moda e mercado. No Brasil, essas preocupações globais ainda não são comuns no meio fashion. Afinal, vivemos debruçados em verdes mares, respirando o que ainda resta da floresta amazônica (pulmão do mundo), desperdiçando água e eufóricos com a democratização tardia dos ‘bens industriais’ pós–modernos disponíveis. Precisamos despertar o quanto antes, e até a próxima moda, responder quanto tempo ainda temos até o futuro?
Fotos: Leopoldo Nóbrega
“repensar valores” traçando os primeiros vieses do meu visionismo. Instalações conceituais quase sempre dedicadas às relações políticas do homem com o seu meio, sustentabilidade, a importância da água, e a reconstrução da vida, reforçam alguns destinos ainda pouco explorados no nosso cotidiano. Vale a pena destacar as pesquisas do grupo Takram Design Engineering que se dedicam a pesquisar soluções preventivas para os problemas do futuro, incluindo as roupas e acessórios com seus super poderes de transformação de energia, processamentos de resíduos e retenção de líquidos para re–hidratação do próprio corpo. Cápsulas tecnológicas e engenharias moleculares na verdade farão parte do mundo da moda. Que caminhos estamos trilhando agora? Em ritmo acelerado costumamos escrever o presente nos HDs e vivemos o futuro antecipadamente. Quase atropelando os ponteiros do relógio, chego a pensar no pós futurismo! Mas o futuro a Deus pertence! Cabe a nós, a imaginação e a transformação dos desafios em realidade, em busca de uma moda mais consciente e integrada com as necessidades dos novos tempos. Mais a frente, segui para Berlim onde encontrei a parcela mais lúdica das minhas pesquisas, os Pictoplasmas e os fashion Caracteres. Conceitos que transbordam as fronteiras da moda e da arte materializando nossas fantasias emocionais em construções ainda difíceis de codificar no mercado consumista. Mas, esse assunto fica para a próxima oportunidade. Segui então para um dos maiores centros econômicos e estratégicos do
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LEI MARIA DA PENHA
8 Mulher! de Março
> Por: Luciana Araújo
Dia Internacional da
Foto: G. A. Abbey
Homenagem
Jurema faz uma homenagem especial ao Dia Internacional da Mulher, começando pela história da violência com a mulher até a LEI MARIA DA PENHA.
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Foto: Divulgação
Fotos: Banco de Imagem
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história da humanidade é uma história de lutas pelo poder, pelo domínio. mitologia greco–romana nos oferece relatos dessas lutas em todos os níveis. Os homens disputam entre si, os deuses disputam entre si, os deuses disputam com os homens. Os mais fortes subjugam os mais fracos que devem ser servis, humildes e obedientes. As mulheres não ficam fora desse contexto. Muito são os relatos de sedução, de estupro e de violência contra a mulher. Os deuses se disfarçam e descem até os campos com o fim de seduzir as ninfas, enganado–as ou estuprando–as. Conta a mitologia grega, criação dos homens por Prometeu e da mulher pelos deuses do Olimpo que, sentindo–se ameaçados de perder seu poder, tiveram a brilhante idéia, criaram a mulher para levar os homens à perdição. Por esta razão, foi criada, a partir de uma estátua de bronze uma forma humana, capaz de sensibilizar e encantar o homem e que recebeu de cada deus um dom. Apolo lhe deu a voz macia, Mercúrio lhe deu a língua, Atena lhe ofertou um belíssimo vestido que permitia perceber suas formas suaves, Vênus lhe deu a beleza infinita e assim, recebendo dons que a deixavam cada vez mais formosa, foi criada
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Pandora. De Zeus, Pandora recebeu uma caixa que deveria entregar aos homens. Com a missão de destruir a raça humana, Pandora desceu a terra, encontrando Epimeteu, que se apaixonou perdidamente encantado com sua beleza e formosura. Esquecendo a promessa que havia feito ao seu irmão Prometeu, que nunca receberia nada que fosse dado por Zeus, Epimeteu recebe de Pandora, a caixa na qual foram colocados todos os males da humanidade, como o orgulho, a ambição, a crueldade, a traição, as doenças, as pestes... No fundo da caixa havia um único bem capaz de salvar a humanidade, a esperança. Mas a um gesto de Zeus, após saírem todos os males, Pandora fecha a caixa impedindo que a esperança seja recebida pelos homens. Assim, perdeu a raça humana, o paraíso e a felicidade que poderia conquistar com sua inteligência e seu trabalho. Culpa da mulher. O relato bíblico da perda do paraíso tem na mulher a grande vilã. Eva descumprindo ordem de Deus, toma do fruto proibido, tenta Adão levando–o a comer do fruto. O resultado é de todos conhecido. O pobre homem foi vítima da astuta mulher. A ideia de grandes pensadores do passado acerca da mulher, nada tem de lisonjeiro. Vejamos: Eurípedes considerava a mulher como “vítima de irremediável inferioridade mental”. Pitágoras, filósofo grego que deu grande impulso à matemática dizia: “existe o princípio bom que criou a ordem, a luz e o homem, e o princípio mau que criou o caos, a treva e a mulher”.
"A violência contra as mulheres é sofrida em todas as fases da vida. Muitas vezes ela se inicia ainda na infância e acontece em todas as classes sociais. A violência cometida contra mulheres no âmbito doméstico e a violência sexual são fenômenos sociais e culturais ainda cercados pelo silêncio e pela dor ".
Aristóteles expressava o pensamento comum da época da seguinte forma: “A mulher é mulher em virtude de uma deficiência, que devia viver fechada em sua casa e subordinada ao homem”. Shopenhauer, filósofo alemão, diria, muitos séculos depois: “A mulher é um animal de cabelos longos e ideias curtas”. Com Jesus, tem início o longo e penoso trabalho de resgatar a dignidade da mulher. Foi o grande revolucionário judeu que deixou claro que a mulher, da mesma forma que o homem, tinha uma alma e que poderia alcançar o reino dos céus. Jesus, rompendo com os preconceitos da época, dialogava com as mulheres, a exemplo da samaritana, de Joana de Cusa, de Marta e de Maria, irmãs de Lázaro. Jesus não apoiou o apedrejamento da mulher adúltera, e aqui abrimos um parêntese para lembrar que ao lado de uma mulher adúltera existe um homem adúltero. A prostituta de Magdala conversou com Jesus em público, numa demonstração inequívoca de que os preconceitos deveriam ser superados. No entanto, sob a forte influência do judaísmo, com Paulo de Tarso, o cristianismo se desenvolve considerando a mulher a perdição do homem, a responsável pela perda do paraíso. Eis porque grandes filósofos ligados à Igreja tinham uma visão nada cristã da mulher, assim expressando–se: Tertuliano: “Mulher és a porta do diabo. Persuadiste aquele que o diabo não ousava atacar de frente. É por tua causa que o filho de Deus teve de morrer; deverias andar sempre vestida de luto e de andrajos”. São João Crisóstomo: “Em meio a todos os animais selvagens não se encontra nenhum mais nocivo que a mulher”. São Tomás de Aquino: “A mulher é um ser “ocasional” e incompleto, uma espécie de homem falhado”. Santo Agostinho: “A mulher é um animal que não é seguro nem estável; é odienta para tormento do marido, é cheia de maldade e é o princípio de todas as demandas e disputas, via e caminho de todas as iniquidades”. Nada mais violento que as expressões desrespeitosas desses pensadores, a respaldar ações de igual teor. Eis os arquétipos predominantes em todas as sociedades da atualidade. A mulher é a causadora de toda desonra e de todo o mal, deve, pois sofrer. O homem se acha superior à mulher em inteligência, capaz de fazer com melhor qualidade as coisas relacionadas com as atividades intelectuais, que exigem raciocínio lógico, e que a mulher além de inferior intelectualmente deve ser submissa. É a predominância do jogo de poder do qual ainda não se liberou. Detentor de um profundo egoísmo, o homem quer ser servido e vê na mulher uma serviçal para as tarefas consideradas inferiores como cozinhar e lavar roupas, cuidar da casa e dos filhos, além de transformá–la em objeto de seus desejos e prazeres sexuais, desconsiderando os desejos, os prazeres e o bem estar dela.
O que é a Lei Maria da Penha? A Lei nº 11.340, foi batizada de Lei Maria da Penha em homenagem a Sra. Maria da Penha Maia Fernandes, a qual sofreu duas tentativas de homicídios por seu ex–marido Marco Antônio Heredia Viveiros, que foi investigado, processado e, após doze anos
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foi condenado a dez anos e seis meses de prisão. No entanto, insatisfeita com a morosidade do poder judiciário, bem como com o desinteresse do governo perante a violência doméstica e familiar com a mulher, existente no Brasil, a Sra. Penha, juntamente com o Centro pela Justiça e o Direito Internacional, e o Comitê Latino Americano de Defesa dos Direitos da Mulher, formalizou uma denúncia contra o Brasil à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos, sendo que esta última passou a receber e condenar nosso país, tornando público seu relatório sobre o caso Maria da Penha. Daí, a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, publicada no dia 22 de agosto de 2006, criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. A Lei Maria da Penha elimina todas as formas de discriminação contra a mulher; além de estabelecer medidas para prevenir, punir e erradicar a violência doméstica e familiar contra a mulher. Estabelecendo medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Até antes da Lei Maria da Penha, os casos de violência doméstica contra as mulheres eram julgados nos Juizados Especiais Criminais, onde cerca de 90% desses processos terminaram em arquivamento nas audiências de conciliação, sem que as mulheres encontrassem uma resposta efetiva do poder público à violência sofrida. Nos poucos casos em que ocorria a punição do agressor, este era geralmente condenado a entregar uma cesta básica a alguma instituição filantrópica não relacionada com a defesa da mulher, desvirtuando assim o caráter educativo da pena e gerando um sentimento cada vez maior de impunidade. Hoje a Lei Maria da Penha, trata o problema da violência contra as mulheres de maneira ampla, evidenciando a necessidade de uma resposta interdisciplinar. Nesse sentido, o legislador contemplou a criação de um juizado específico — Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher agredida, de sua família, bem como do agressor, inclusive, com a possibilidade de encaminhamento para Centros de Educação e Reabilitação de Agressores.
O que é violência contra a mulher? É qualquer ação ou conduta, baseada no gênero masculino e
JUREMA
feminino, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico a mulher, tanto no âmbito público como privado.
Quais os tipos mais freqUentes de violência contra a mulher? 1. Violência Física: entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal (lesão corporal grave, lesão seguida de morte, violência doméstica, injúria real). 2. Violência Psicológica: qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto–estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e a autodeterminação (injúria, constrangimento ilegal, ameaça, sequestro, cárcere privado, abandono material). 3. Violência Sexual: entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que force ao matrimônio, a gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite, anule o exercício de seus direitos sexuais reprodutivos; (constrangimento ilegal, estupro, atentado violento ao pudor). 4. Violência Patrimonial: entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades, por meio de furto, roubo, extorsão, dano, apropriação indébita, estelionato. 5. Violência Moral: entendida como conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Roberto Azoubel é antropólogo/pesquisador e atualmente trabalha como assessor técnico da Representação Regional Nordeste do Ministério da Cultura (RRNE/MinC).
Cultura
Economia Criativa o que é isso? leitora já ouviu falar em “Economia da Cultura”, não? Mais uma chance: e em “Economia Criativa”? Ou uma ou outra expressão certamente que sim. E o que significam? Aí entramos nos terrenos das nebulosidades conceituais... Pactuemos, pelo menos aqui nesse texto, que elas se referem à mesma coisa. E que coisa seria essa? Segundo o professor da City University e da Shanghai School of Creativity, o inglês John Howkins (autor do livro “The Creative Economy”, publicado em 2001), “Economia Criativa” (ou “Economia da Cultura”) se refere as atividades que advém dos indivíduos exercitando a sua imaginação e explorando seu valor econômico. Atividades que passam por processos que envolvem criação, produção e distribuição de produtos e serviços, usando o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos. Essa é apenas uma maneira de pensá-la, existem várias outras... É comum atribuir a origem da EC a outra terminologia, “Indústrias Criativas”, que foi inspirada no projeto Creative Nation, surgido na Austrália no ano de 1994. De acordo com o site Jornalirismo (http://www.jornalirismo.com.br), “a essência do projeto era demonstrar a importância da criatividade para a economia e o desenvolvimento de um país”. Voando da “terra dos cangurus” até a Inglaterra, três anos depois (1997), o ex–primeiro–ministro do Reino Unido Tony Blair convocou diversos representantes do governo e criou uma área multi–setorial para analisar tendências de mercado e vantagens competitivas e descobrir quais seriam os setores mais promissores para o século XXI. Foram identificados 13 setores de maior potencial econômico que logo foram chamados de indústrias criativas, sob o slogan Creative Britain, com a seguinte definição: “são indústrias que têm sua origem na criatividade, habilidade e talento individuais e apresentam um potencial para a criação de riqueza e empregos por meio da geração e exploração de propriedade intelectual”. Eis os setores convencionados nesse primeiro instante pelos ingleses: propaganda, arquitetura, mercados de arte e antiguidades, artesanato, design, moda, filme e vídeo, software de lazer, música, artes do espetáculo, edição, serviços de computação e software, rádio e TV.
No Brasil, o Ministério da Cultura (MinC) desde 2003 vem trabalhando com uma perspectiva tridimensional da cultura, tendo como um dos seus eixos a dimensão econômica (as outras duas são a simbólica e a cidadã). Por esse viés, o governo federal percebeu a necessidade de olhar para as várias maneiras de sustentabilidade do criador/artista nacional, seja este um artesão localizado no interior do país ou um empresário ligado a indústria cultural e morador de um dos nossos grandes centros urbanos. Hoje no Brasil, a cultura é vista como elemento estratégico da nova economia (ou economia do conhecimento) e como um conjunto de valores e práticas que têm como referência a identidade e a diversidade cultural dos povos, possibilitando compatibilizar modernização e desenvolvimento humano. Um dos grandes desdobramentos dessa visão se deu em 2011 com a criação da Secretaria de Economia Criativa (SEC), que passou a compor a estrutura do próprio MinC. Comandada pela sempre vibrante Cláudia Leitão (que já tinha passado pela experiência de gestora pública como secretária de cultura do estado do Ceará), a SEC possui muitos desafios pela frente. O maior deles será a implantação do Plano Brasil Criativo, verdadeiro guia de condução para a gestão que busca integrar políticas e programas de diferentes setores de governo (com mais de 10 ministérios envolvidos!), através de metas como: ampliar a formalização do trabalho cultural, dar ênfase à competitividade do produto criativo brasileiro no cenário internacional, qualificar o profissional dos setores culturais nacionais, aumentar as oportunidades de trabalho e geração de renda e, conseqüentemente, contribuir para a inclusão social no país. A Moda, universo constante nas páginas de Jurema, é um dos setores criativos que marcam presença no Plano Brasil Criativo. Ela está na categoria das Criações Funcionais, juntamente com o Design (interior, gráfico, jóias e brinquedos), Serviços Criativos (arquitetura, publicidade, P&D Criativos, lazer e entretenimento) e Novas Mídias (softwares, jogos eletrônicos e conteúdos criativos digitais). Por isso, meninas, toda atenção com as nossas políticas públicas culturais!
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Arquitetura
STORE DESIGN
Merchandisi g
Store
> Por: Lenora Alves
Lenora Alves é arquiteta formada pela Universidade Federal de Pernambuco (2001) e desde 2006 tem seu trabalho voltado para o store design e visual merchandising, com desenvolvimento e aplicação de conceitos. Tendo se aperfeiçoado com cursos de “Visual Merchandising para o varejo de moda”, no Senac São Paulo, e “Comunicação no Ponto de Venda”, ministrado por Heloisa Omine pelo PROVAR São Paulo. www.lenoravm.com.br,
https://www.facebook.com/LenoraAlvesVM.
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JUREMA
visual merchandising(VM) está presente na maioria dos lugares que frequentamos para compras, indo desde comerciantes ambulantes até grandes redes de varejo, mas nem sempre sabemos identificá–lo. O VM é um recurso utilizado para que o produto por si só seja capaz de se vender no próprio ponto de venda (PDV), atuando como um vendedor silencioso. Pensá–lo desta forma pode ser compreendido como algo didático, mas ele faz referência não só ao produto, mas ao trabalho desenvolvido pelo Store Design — de arquitetura, iluminação, layout, mobiliário e comunicação visual para valorizar esta mercadoria, agregando valor á marca. Como diz a especialista no assunto, Heloisa Omine, é preciso encontrar novas formas de expor os produtos em loja, o VM vai além da exposição em vitrine. A função do visual merchandising, segundo Tony Morgan em seu livro “Visual merchandising — Escaparates e interiores comerciales”, é incrementar as vendas, primeiro conseguindo que os consumidores entrem na loja atraídos pelas vitrines, e permaneçam em seu interior interessados pelos produtos de acordo com sua disposição. O cliente deve ser estimulado a permanecer no estabelecimento, a comprar e a desfrutar de uma experiência positiva que o faça retornar.
Visual
Design
Foto: Adriana Noya
Entrada de loja com exposição da linha feminina da Riachuelo.
Foto: Daniel Rozowykwiat
Foto: Adriana Noya
Decoração para linha jovem masculina da Riachuelo.
Display manequins e produtos, linha infantil da Riachuelo.
Foto: Adriana Noya
Focal Point e mesa de valorização de linha feminina da Riachuelo..
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Por isso, trabalhar com Store Design é realizar projetos dinâmicos, nos quais os recursos de visual merchandising estão em constante mutação, acompanhando o movimento da economia, os planos de expansão, o mercado onde está inserido, as campanhas de vendas já tradicionais como o Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais, Dia das Crianças e o Natal, entre outros pontos a serem analisados. O universo do VM traz para o dia a dia de um arquiteto uma atualização contínua. Uma rede de varejo, por exemplo, pode dar uma pausa na inauguração de novos pontos de venda, e assim o trabalho grosso de arquitetura não vai ser necessário, mas quando o assunto é visual merchandising os
JUREMA
trabalhos sempre vão continuar, pois a renovação é fundamental para afirmação de uma marca no mercado. Quando começamos um projeto em VM,o caminho usual é pensar em fazer uma loja da maneira mais atraente, bonita, vendedora e funcional. Mas antes de começar o desenho é preciso conhecer o processo logístico, de compras e operacional do estabelecimento comercial, só com essas informações é possível dimensionar a loja de acordo com suas estratégias de compra e venda. Há duas maneiras de se elaborar um projeto em visual merchandising, a primeira é quando o cliente é uma empresa que já tenha sua marca definida, neste caso o VM e o Store Design
Foto: Adriana Noya Foto: Daniel Rozowykwiat
Customização de piso, parede e teto para criar o ambiente, linha masculina da Riachuelo.
Hot Point de linha feminina da Riachuelo.
vão entrar para firmar esta marca no mercado, e no caso de empresas novas ou as que estão revendo a sua marca, o importante é discutir a identidade visual da empresa e a cara que ela quer ter, para só então definir o projeto que possa contribuir para a afirmação desta marca. Existem ferramentas de trabalho de visual merchandising e Store Design para ajudar na implantação de novas tendências de conceitos, como por exemplo, as lojas de conceptstore, que é um PDV inaugurado com o intuito de experimentação, a fim de diminuir erros e desperdícios na implantação de novos conceitos nas demais lojas de uma rede de varejo. Desta forma, a adesão ao conceito proposto já é executado com as correções necessárias.
Outra estratégia é a flagshipstore, que são lojas que se tornam atração turística, normalmente, implantadas em grandes centros comerciais. Nelas, as especificidades da marca são destacadas, sem necessariamente ter um alto poder de venda neste ponto. O principal intuito de uma flagshipstore é a divulgação e venda da marca. Temos também estratégias de marketing temporárias, como as lojas pop–up ou mesmo as lojas itinerantes, nesse caso a ideia é averiguar um mercado local num determinado período de tempo, como por exemplo, o caso da Chilli Beans, com o seu “Chilli Truck” como foi batizado pela própria empresa, que viaja de cidade em cidade visitando eventos e
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Foto: Daniel Rozowykwiat
avaliando o potencial de venda de pontos comerciais estratégicos. A tendência atual é que a terceirização, dos projetos de VM das redes de varejos de acordo com o plano de expansão visto a afirmação do setor no Brasil, um ramo da economia que se estabeleceu e que acompanhou o crescimento do consumo dos brasileiros. Outra mudança no comportamento do consumidor tem sido a procura do e –commerce para realizar suas compras. Diante deste cenário, as lojas têm como desafio manter o interesse do cliente pelo PDV, o que torna cada vez mais importante o trabalho de VM nas lojas físicas. Algumas estratégias de e–commerce firmam parceria com o PDV, ao dar a opção ao cliente de realizar as possíveis trocas na filial de sua preferência e divulgando os seus produtos.
Customização do ambiente de dormir, linha Moda Casa da Riachuelo.
Criação da artista Cristiane Mendes Alves (crispimentta. blogspot.com.br) para a campanha de marketing de redes sociais da arquiteta Lenora Alves. Foto: Cristiane Mendes Alves
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Atmosfera de compra O espaço de uma loja torna–se uma verdadeira atmosfera de compra para os olhos do consumidor. Iluminação, cores, músicas ambiente, aromas, vitrines, displays e toda a comunicação visual são elementos fundamentais para que a exibição do produto interaja com o consumidor. Hoje não pensamos mais em três dimensões quando projetamos um espaço, de acordo com os conceitos da marca, do VM e do Store Design, utilizamos também recursos sonoros e aromáticos para deixar o cliente confortável nesta atmosfera de compra. E isso vai além do conforto visual em alguns casos, temos também a oportunidade de oferecer ambientes que agreguem valor à marca e atraia o público, com pontos de apoio, um lounge, um café, entre outras tendências, como a de disponibilizar espaço com wireless e outras áreas de convivência dentro da loja. O Store Design estimula a vender a marca a partir de outros recursos além do próprio produto. Todos esses recursos descritos anteriormente são utilizados para alavancar as vendas, e os investimentos são feitos com o principal intuito de firmar a marca no mercado, dando segurança a empresa e aumentar os lucros.
novo conceito de loja
Rua da Mo eda , 13 3 — 1˚An dar — Recife Antigo | C ep 50 030–040 | Re cife – Pe | B rasil m odap e ople ar ts @ gmail .com — +5 5 81 32 24 4 5 4 8
Tarcisio Dias é Profissional e Técnico em Mecânica, além de Engenheiro Mecatrônico e Radialista, é gerente de conteúdo do Portal Mecânica Online® (www.mecanicaonline.com.br) e desenvolve a Coleção AutoMecânica. E-mail: redacao@mecanicaonline.com.br
C a r ro
N
ecessidades
automotivas
Itens de segurança e tecnologia que refletem no gosto feminino na hora de escolher o melhor automóvel
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Fotos: Divulgação
Uma preocupação cada vez maior da área de engenharia das fabricantes de veículos é como satisfazer o público feminino, oferecendo no modelo as funcionalidades por elas desejadas. Pesquisa recente, revelou que as mulheres não são leais a marcas e modelos e são muito mais racionais do que os homens na hora de escolher um automóvel. Aproximadamente 80% da decisão de compra em uma família é de responsabilidade da mulher, e não poderia ser diferente na escolha do carro. Dez em cada dez montadoras formaram equipes para ouvi–las. As empresas do setor automotivo sabem da importância dessa decisão e cada vez mais os modelos procuram satisfazer as necessidades desse crescente público. O foco feminino é sem dúvida nos detalhes funcionais. Enquanto os homens visualizam o veículo como uma questão de status, o público feminino procura um automóvel que ofereça soluções para o seu dia a dia. É aí que entram as soluções automotivas femininas, através de muitos recursos tecnológicos, agradando em cheio o gosto feminino e que vamos citar algumas das principais.
Novo Citroën
esign — Nada de carrinho feio por aí. O público feminino é exigente e busca um design refinado quando tem dois veículos em paralelo. O novo HB20 da Hyundai, Honda Fit, Novo Volkswagen Fusca e o Novo Citroën C3 são destaques nessa linha. O aspecto interior também conta muito. Adição de detalhes cromados, ampla área envidraçada, espelho com luz, espelho para visualizar o banco traseiro, câmera de ré, sensores de estacionamento e muitos, muitos porta objetos, podem ser detalhes determinantes nessa escolha. Segurança — Característica muito comum das mulheres, a segurança é item de série na escolha
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do automóvel. A sueca Volvo, marca tão inovadora na área da segurança destaca a importância do desenvolvimento de um veículo direcionado ao público feminino: “Mulheres e homens têm prioridades diferentes. Daí a razão de fazer um carro só com mãos femininas”, explica a engenheira Camilla Palmertz, uma das diretoras de novos projetos da Volvo. A equipe trabalha no projeto de veículo funcional e versátil, fácil de dirigir e de acomodar crianças — o sonho de consumo de qualquer mulher ao volante. A Volvo é pioneira no estudo das exigências femininas. A marca mantém um grupo de consumidoras para avaliar os produtos, numa ofensiva que tem dado resultados. Nos Estados Unidos, de cada dez unidades dos seus modelos utilitários, cinco são arrematadas
Volvo — Segurança
por mulheres. Um dos grandes atrativos do carro é um assento capaz de aproximar do motorista o banco de trás, projetado para crianças. A mudança de perfil do consumidor já fez os modelos da Volvo ganhar bancos completamente reguláveis, maior espaço entre o volante e os joelhos para tornar o uso de saltos mais confortável, marchas leves e pedais com maior precisão. “Nossos carros respeitam as diferenças físicas entre homens e mulheres”, afirma Helena Bergström Pilo, do Grupo de Referência de Consumidoras. A montadora desenvolve ainda um estudo inédito sobre o cinto de segurança mais apropriado para mulheres grávidas. “Além de conforto, buscamos automóveis mais seguros”, afirma Laura Thackray, engenheira biomecânica responsável pelo trabalho.
A presença feminina também é forte no quadro de funcionários: 25% dos trabalhadores da linha de montagem e 10% do time executivo da Volvo vestem saia. SistemaIsofix — Novo padrão de fixação na instalação de dispositivos de retenção de crianças (cadeirinhas), o qual está sendo adotado por fabricantes de veículos em vários países, especialmente na Europa Ocidental e Ásia, sendo que o seu uso está progressivamente aumentando também em outros países e continentes. Carro automático — É cada vez maior o gosto do brasileiro por veículos com sistema de transmissão automático, ou mesmo automatizado. Não ter que ficar passando marcha toda vez aumenta a atenção com o trânsito e permite maior agilidade.
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Economia — Lembra na hora de comprar a geladeira e você vai direto na etiqueta do Inmetro para analisar a eficiência energética? A tendência chegou no automóvel através do programa brasileiro de etiquetagem veicular (CONPET), também realizado pelo Inmetro, cujo objetivo é permitir que o consumidor compare a eficiência energética de veículos de uma mesma categoria, auxiliando–o a tomar uma decisão de compra consciente. O padrão A é sempre o mais recomendado. Silêncio interno — As mulheres são normalmente muito mais comunicativas e curtem uma boa conversa. Então, veículos que possuem um índice baixo de ruído interno com certeza são preferência. Estacionamento fácil — Novidade muito recente entre os automóveis, chegou a segunda geração do assistente de estacionamento, que também ajuda a parar perpendicularmente, em ângulo reto com a via de rolamento. O sistema é ativado em velocidades até 40 km/h pela pressão de um botão no console central. O motorista indica o lado da rua em que quer estacionar acionando o pisca pisca. Assim que o Park Assist detecta espaço suficiente, utilizando sensores ultrassônicos, a manobra de estacionamento pode começar: o motorista engata a ré e, a partir de então, só precisa acelerar e frear. O carro assume a direção. O motorista é orientado por avisos acústicos e visuais no mostrador multifuncional. EASY OPEN — O Volkswagen CC que conta com o sistema Keyless Access (sistema automático de fechamento das portas e partida do motor), permite através de um movimento específico do pé embaixo do porta–malas do carro a abertura da tampa do porta–malas. A interface entre o homem e a máquina é feita por um sensor de proximidade na área do para–choque, capaz de reconhecer uma rápida movimentação da perna. Obviamente, o porta–malas só é aberto para quem estiver levando a chave correta do CC. Nada de atender o celular enquanto dirige. Atualmente diversos modelos já disponibilizam sistemas via“Bluetooth” que ao tocar do celular permite atender e falar através do sistema de áudio do veículo, é quase como ter sua amiga ali, do seu lado. A indústria automotiva continua evoluindo, buscando soluções para ampliar a segurança e permitir uma condução confortável.
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Novo Fusca
Etiqueta Economia
HB20
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História
BIQUÍNI
iquíni inspirado numa
omba
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> Por: Wilde Portella
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Respectivamente: Michellini Bernardini e o primeiro biquini, Brigitte Bardot e um tipico modelo 50 s, o modelo de tricô que foi moda na década de 70 e o modelo asa–delta, popular nos anos 80.
O
biquíni foi imortalizado na música do cantor Sergio Murilo no final dos anos 1950, no rock Biquíni de Bolinha Amarelinha, e sempre foi um atrativo para os homens e principalmente para as mulheres. Já houve a moda da AsaDelta, do Fio Dental e também do Bigodinho, que deixava os pelos pubianos à mostra, isso só para encher os olhos dos marmanjos de prazer e os das mulheres por saberem que estavam sendo observadas por aquele detalhe na peça inferior. Mas, o importante é que hoje em dia, seja gorda ou magra, nova ou velha, o sexo feminino usa o biquíni de banho em piscinas, lagos e praias de todo o mundo, desde as criancinhas até às senhoras com os seus sessenta anos (ou mais) bem vividos. Quem não lembra Leila Diniz, que causou uma revolução quando usou biquíni mostrando seu barrigão enorme, quando esperava sua filha Janaína? Depois as grávidas perderam a vergonha e passaram a exibir seus belos barrigões nas praias do mundo inteiro. Dizem que o biquíni surgiu de uma catástrofe. Será verdade? Na realidade, no ano de 1946 os americanos retiraram do Atol de Bikini, nas Ilhas Marshall, Micronésia, dez mil moradores do local, pois ali seriam feitos testes nucleares. Foi aí que gerou a maior confusão. Uma parte foi para Chicago, nos EUA, a outra foi enviada para as ilhas do sul do Pacífico, onde sofreram os demoníacos efeitos colaterais da explosão radioativa. E, acredite se quiser, todos estavam nus em consequência da experiência americana. Os médicos foram chamados para examinar todos eles e checar o nível de radiação a que haviam se submetido. Os militares, para não deixarem os habitantes com as partes íntimas expostas, resolveram usar velhas folhas do jornal The New York Times. A notícia do evento chegou rapidamente na França, e como estilista não perde tempo nem a criatividade, Jacques Heim desenhou quatro triângulos numa folha de papel e os costurou num fino tecido de algodão. Desse modo criou uma nova roupa de banho. Um estilista sempre procura ter uma ideia melhor do que o seu concorrente, e Louis Réard pegou uma tesoura e rasgou um maiô ao meio, deixando apenas duas peças. E qual poderia ser o nome de batismo das duas peças? Você acertou em
cheio: Bikini. Esse nome vem justamente da região atingida pela bomba, e que na época a mulher ao usar as peças reduzidas que cobrem os seios e a parte inferior do tronco, causaria uma verdadeira explosão de admiração e desejo. No entanto, em mosaicos romanos do século IV aparecem mulheres de saiotes e bustiês reduzidos, mostrando assim que o traje vem de longas datas. No início dos anos 1950 as mulheres não encontraram uma boa aceitação por usarem apenas duas peças com o umbigo à mostra ao desfilar por uma praia. O conceito de moral da época proibiu o uso em muitos países, incluindo Portugal. Naquele período dos anos 1950, até que não havia muita ousadia na indumentária, pois a mesma era de tamanho grande com as cavas das calças bem baixas. Na década seguinte, a atriz Jayne Mansfield escandalizou Hollywood ao usar duas peças menores que o padrão estabelecido. Foi o primeiro passo para que o traje de banho preferido pelas mulheres fosse reduzindo seu tamanho. O biquíni chegou ao Brasil no final da década de 1950, a princípio usado por vedetes famosas como Carmen Verônica e Norma Tamar, que desfilavam nas praias do Rio de Janeiro atraindo os olhares dos banhistas. Não passou muito tempo e as sensuais mulheres brasileiras passaram a adotar as duas famosas peças de banho. Porém, foi no início da década de 1960, que o biquíni tomou impulso inimaginável quando a bela atriz Úrsula Andress apareceu com duas belíssimas e reduzidas peças saindo do mar numa espetacular cena do filme O Satânico Dr. No, da série do agente secreto britânico James Bond. Dois anos depois daquele notável acontecimento nas telas dos cinemas, o designer americano Rudi Gernreich resolveu radicalizar: “Para que esconder o que é belo? Vou tirar a parte de cima do biquíni”. Estava nascendo o topless para a alegria dos homens e exibição das mulheres mais ousadas. Foi com os anos 1980 que apareceram diversos estilos de biquínis, entre estes o Fio–Dental, que realçava o bumbum da mulher. Um dos mais bonitos que apareceram na moda das banhistas foi o biquíni Asa–Delta. Atualmente as duas peças vão mudando suas formas conforme as regras dos estilistas. Porém, o importante é que esse tipo de traje de banho chegou e ficou.
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Internacional
Concerto de Câmara
Mozartiano
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Daniel Auner e BĂĄrbara Galante JUREMA
Fotos: Nancy Horowitz
Duo
hamamos “Música de Câmara” a qualquer formação instrumental que se limite a poucos executantes. O termo vem da acepção da palavra ‘Câmara’ ou ‘Câmera’ (da mesma origem que ‘Câmera fotográfica’) como sinônimo de ‘sala’, ‘quarto’, genericamente ‘compartimento ou aposento de uma casa’. É, portanto, literalmente a música destinada a pequenos espaços, e por isso, a música escrita para pequenas formações. Sua história remonta a períodos imemoriais, já que era um tipo de música feito normalmente em casa, que por sua vez deram origem aos saraus, os madrigais e até ás serenatas, que no Brasil vieram a constituir uma forma específica através do Choro. A história da música registra principalmente a música executada nos palácios e residências nobres, mas que seguramente era praticada em ambiente caseiro desde
há muito tempo, talvez até mesmo na antiguidade clássica. Diversas formações caseiras ficaram famosas, principalmente no final do período barroco e início do classicismo. É digno de nota o exemplo clássico das peregrinações de amantes da música à casa de J. S. Bach, onde o abundante cultivo da música e o notório talento da família para esta arte, remontando de várias gerações anteriores, fizeram de seus famosos saraus verdadeiros concertos, sendo conhecidos por toda a Alemanha. Durante o classicismo, foi informalmente composto o mais nobre quarteto de cordas da história, quando Joseph Haydn visitava Viena. Ele reunia–se com seus amigos e costumavam tocar, tendo ele próprio como Primeiro violino, Karl Ditters von Dittersdorf ao Segundo violino, Wolfgang Amadeus Mozart à viola e Johann Baptist Vanhall ao violoncello. Daniel Auner nasceu em Viena em 1987. Recebeu suas primeiras lições com os professores Michael Salamon, Arkadi Vinokurov, Marina Sorokova e Christian Altemburger antes de ingressar na classe de Igor Ozim no Mozart e um Salzburg em 2010. Master–Classes com Friedemann Eichhorn, Midori Goto, e Rainer Kussmaul também suplementaram seus estudos. Daniel Auner é ganhador de várias competições, entre elas o Johannes Brahms international competition“ em 2007, Violine in Dresden“ em 2008 e Gradus ad Parnassum — KlassikPreis Österreich em 2010. Além de suas apresentações como solista, música de câmara tornou-se um aspecto importante de seu trabalho artístico. Daniel Auner não é apenas membro fixo do “Vienna Mozart Trio“ desde 2008 — ele é também frequentemente convidado para realizar festivais internacionais de música; como “Moritzburg Festival” e “Schwäbischer Frühling” na Alemanha. Além da Áustria e Alemanha, turnês o levaram ao Reino Unido, Irlanda, Itália, Portugal, Espanha, Brasil, Hungria, França e Ásia. Desde 2006 é convidado anualmente como professor no Musikseminar Wienerwald. Daniel Auner trabalhou com nomes importantes como Dennis Russel Davis, Andrés Orozco–Estrada, Markus Landerer, Patrick Demenga, Jan Vogler, Reinhard Latzko, Christian Altenburger, Melvyn Tan, Thomas Selditz, Avri Levitan e Chistoph Schiller. Em 2009, por convite da rádio alemã e da estação de televisão MDR gravou seu primeiro CD, apresentando
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Evento em Recife
Fotos: STUDIO CEL ©2013
Rio Mar Shopping — Internacional Concerto de Câmara Duo Mozartiano — Peças para violino solo e duo", com Daniel Auner e Bárbara Galante no auditório do Teatro Eva Herz da Livraria Cultura.
amplo repertório desde Eugène Ysaÿe até Fritz Kreisler. Juntamente, a violinista Barbara de Menezes Galante (violinista brasileira que estuda na Áustria e atual Spalla da Orquestra Sinfônica “Philharmonie Salzburg”), são convidados pela Embaixada da Áustria em Brasília para realizar concertos com um Duo de Violinos entre 01 e 09 de Fevereiro de 2013. Na bagagem, vieram com um programa com peças para Violino solo e duo, com um repertório misto de composições austríacas e sul–americanas. Em Pernambuco, sua estada se deu entre os dias 2 e 3 de fevereiro, com apresentações agendadas no Centro Cultural Correios, no auditório da Livraria Cultura do Shopping Rio Mar, e teve a Produção Cultural da Cel Editora e Lú Araújo Produções.
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Da esquerda para a direita: Daniel Auner, Luciana Araújo (Lu Araújo Produções), Emília, Bárbara Galante e Liz Portela.
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Comportamento
Pedala Olinda
ÃO UNI
faz a
FORÇA
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esde criança aprendemos a relacionar a bicicleta à superação, quando deixamos para trás as rodinhas laterais de apoio e aprendemos a nos equilibrar sozinhos. Os benefícios da prática do ciclismo para a saúde são inegáveis. Pedalando é possível fortalecer a musculatura, perder peso e ainda prevenir doenças como a hipertensão, diabetes e colesterol. E, é claro, pedalando é possível ainda relaxar a mente, afastar a ansiedade e as preocupações, e sentir prazer com o vento tocando no rosto e o doce gosto da liberdade. A bicicleta também é utilizada como meio de transporte não poluente e bem mais acessível. Por isso seu uso em nosso estado tem sido cada vez mais incentivado e discutido. Outro ponto é a atenção que vem sendo dada aos movimentos de ciclismo em grupo, que vem crescendo entre os pernambucanos, por isso a revista Jurema resolveu conhecer um desses grupos para compreender melhor como eles funcionam. > Por: Aleta Dantas
JUREMA
PEDALA OLINDA Segurança, persistência, disposição, profissionalismo, solidariedade e muita força de vontade, esses são os ingredientes que fazem hoje do Pedala Olinda um grupo forte e unido de ciclistas. É uma grande família que alia manutenção de saúde à solidariedade, sendo este um dos seus diferenciais. O grupo foi concebido em 12 de março de 2010, aniversário de Olinda. E foi com muita garra, determinação e fé que Zé Carlos, conhecido como Sardinha, professor de Educação Física, ex-atleta de remo e apaixonado pelo ciclismo há mais de 30 anos, criou e lidera o Pedala. Junto a ele existe uma comissão composta por dez membros, todos voluntários, que organiza e coordena o grupo. O Pedala conta com uma comissão preparada, responsável, engajada e principalmente disposta a correr atrás. Os seus integrantes fazem cursos de aperfeiçoamento, aprendem mais sobre como manusear o veículo, e principalmente sobre as leis de trânsito, já que a segurança é outro diferencial do grupo. Sardinha diz que tudo é discutido entre os dez integrantes: “A gente não tem dinheiro, mas tem disposição e coragem pra falar e ir buscar”. No Pedala não existe remuneração. Os ciclistas se engajam e vendo a necessidade de apoio, se disponibilizam e participam. O Pedala se mantém de parcerias e da contribuição voluntária dos próprios integrantes quando necessário. Tudo no Pedala é feito com muita boa vontade e raça. Sardinha deixa claro que o dinheiro não é a moeda corrente dentro do grupo e sim as parcerias. O grupo conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Olinda. Nas quintas-feiras, dia que o passeio acontece dentro de Olinda,
são três os parceiros fundamentais: O SEPLAMA (Secretaria de Transporte, Controle Urbano e Ambiental de Olinda) que cede alguns batedores para que o Pedala Olinda possa transitar sem problemas para os ciclistas; a Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude de Olinda, que doa o carro de apoio, e o Primeiro Batalhão de Policia Militar, que dispõe de uma viatura para acompanhar o grupo durante todo o percurso. Aos domingos é feito um pedala mais longo, durante o dia, para ciclistas avançados. O grupo já subiu até a Serra da Russa, seguindo para Gravatá. Com o crescimento do Pedala, Sardinha nos conta que surgiu a ideia do trabalho social. E o processo foi sendo amadurecido e enxugado, como ele mesmo diz, para que pudesse ser viável e posto em prática. O grupo optou pelas cestas básicas, e já no primeiro passeio ciclístico, foram arrecadados 350kg de alimentos. E assim o Pedala Solidário nasceu e se firmou. Além das cestas, no passeio ciclístico do Dia das Crianças, feito em 12 de outubro de 2012, aproximadamente 400 pessoas compareceram e foram arrecadados brinquedos que foram distribuídos no Natal. Hoje o Pedala é, antes de tudo, uma família, onde todos se envolvem e ficam muito unidos. “O Pedala é isso aí”, diz Sardinha, “a união de todos trabalhando com um objetivo: cuidar da saúde e cada vez mais agrupar as famílias.” Por isso o principal objetivo do Pedala
é criar a cultura de trazer as famílias para pedalar, de tirar os pais e as mães de casa, e também as crianças de frente do computador, unindo as famílias e fortalecendo os vínculos. “Nosso diferencial é a solidariedade”, afirma Sardinha, ressaltando que “a gente sai com 150 ciclistas, mas se uma bicicleta fura o pneu, e, isso faz todos os ciclistas interromperem a corrida e esperar o companheiro consertar o seu pneu”. O Pedala hoje tem cadastrado no seu site 225 membros. Mas a média de saída é entre 120 e 150 ciclistas por passeio, explica o seu gestor. Para a organização do Pedala, quando o ciclista se alia ao grupo ele naturalmente absorve como se
Pedala Solidário com caminhão cheio de doações a serem distribuídas pelo Pedala Olinda.
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DICAS DE SEGURANÇA DO PEDALA OLINDA
1. RESPEITE a SINALIZAÇÃO.
2. NUNCA pedale pela contramão. O risco de acidente grave pedalando na contramão é muito grande.
Fotos: STUDIO CEL ©2013
3. SINALIZE sempre suas intenções de manobra, evite surpreender os motoristas.
deve andar no trânsito. Tornando-se um ciclista consciente. E sardinha complementa: “O ciclista de grupo hoje sabe o seu posicionamento dentro do trânsito. Isso porque ele está acostumado a andar em grupo e cada grupo tem sua filosofia. A nossa é “segurança em primeiro lugar”. Outra forte característica do Pedala, além da união é a fé. No Pedala todas as religião e credos convivem em harmonia. Sardinha diz que antes de sair da concentração o grupo pede proteção e guarnição a Deus, e todos de mãos dadas rezam um Pai Nosso. Ele diz que independente da quantidade de participantes, todos se unem em oração de mãos dadas: “Sem oração o pedala não sai. Porque é Ele que nos protege”. O Pedala também está engajado em educação de trânsito e divulga em seu site algumas dicas de segurança. Compreendendo a necessidade de conscientizar o ciclista trabalhador, aquele que usa a bike como veículo, a ter a mesma consciência do ciclista de grupo. Disponibilizamos nessa matéria algumas dessas dicas do Pedala para aumentar a conscientização entre os ciclistas. E sendo a bicicleta hoje um meio de transporte muito utilizado como veículo, para usar a bicicleta torna–se necessário conhecer as leis de trânsito.
64 CONTATOS DO GRUPO: O Pedala Olinda sai todas as terças e quintas–feiras do Quiosque em frente ao bar Capitania (antigo bar do Zé Pequeno), Bairro Novo. Concentração às 19h30m, com saída às 20h00m. Na quinta feira, quem pedala conta com o apoio dos batedores do Seplana, Polícia Militar, carro auxiliar e mecânico. O domingo pela manhã é para os ciclistas avançados. A vantagem é que no Pedala não se cobra nada e para participar é totalmente gratuito, basta ter a bicicleta. A única ressalva: é aconselhável o uso de equipamentos de segurança. https://www.facebook.com/PedalaOlinda http://www.pedalaolinda.com/
4. Seja sempre BEM VISÍVEL, usando roupas claras e chamativas, assim você desperta a atenção dos motoristas mais distraídos.
5. Cuide bem da MANUTENÇÃO e verifique o ESTADO DECONSERVAÇÃO de sua bicicleta, evite acidentes por uma falha mecânica ou falta de revisão.
6. Cuidado com PORTAS DE VEÍCULOS se abrindo.
7. Preste atenção em BURACOS, VALETAS, LOMBADAS,BUEIROS e outros OBSTÁCULOS. Olhe sempre lá na frente.
8. Pedale à DIREITA da via, mantendo sempre 1 metro de distância dos obstáculos.
9. Verifique constantemente o funcionamento dos FREIOS de sua bicicleta.
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PAULO AZEVEDO CHAVES é Advogado, jornalista e poeta, assinou no Diário de Pernambuco, nos anos 70/80, a coluna cultural Poliedro, e de meados dos anos 80 até 1993, a coluna Artes e Artistas, especializada em artes plásticas. Seus livros em versão digital podem ser visualizados no site do ISSUU. http://www.issuu.com/paulo_chaves
Entrelinhas
O território desertificado de nossa literatura m Pernambuco, vivemos hoje um tempo de secura em termos de produção e veiculação literária. Nesse cenário de desertificação para nossos escritores de diferentes gerações, um evento como a Fliporto – Festa Literária Internacional de Pernambuco, aqui realizada em sua 8ª edição, surge como um oásis em meio à aridez reinante. Nos tempos áureos em que a literatura recebia atenção privilegiada em nossos jornais impressos, na segunda metade do século passado, o incentivo em alguns espaços jornalísticos resultava no surgimento de novos valores. Em contraposição a esses tempos de abertura, de democracia cultural, o que vemos hoje por aqui são os blogs, fechados em si mesmos, como se fossem clubes londrinos, em que apenas sócios de carteirinha têm entrada. Com efeito, os blogueiros locais se notabilizam sobretudo na promoção da mediocridade própria e dos escritos medíocres de seus amigos. Ainda outro dia, o escritor e blogueiro Raimundo de Moraes, meu dileto amigo, comentou que no universo literário pernambucano só havia duas pessoas escrevendo poemas na vertente homoerótica: ele e eu. Um verdadeiro pas–de–deux. E onde estão as outras dezenas de poetas gays deste estado onde se pratica, à abundância, sexo entre pessoas do mesmo gênero, homens com homens, mulheres com mulheres? Ora, ora, reprimidos, eles continuam trancados em seus armários de medo e vergonha. Afinal, isso aqui é terra de cabra macho e nossos blogueiros não abrem espaço para desmunhecamentos nem mesmo que essa vertente literária exiba méritos inegáveis em seus escritos. Portanto, fiquem em seus armários, companheiros, pois os vigilantes blogueiros em seus blogs dominicais ou de privilégios regionalistas, lhes vedarão entrada, caso
ousem aparecer às suas portas, solicitando acesso! Oh tempos! Oh costumes! Nessa ilha sem fantasia e de fechamento fascista às diferenças, como poderia a literatura prosperar, se diversificar? Nossos blogs — com honrosa exceção do Interpoética, espaço de abertura aos novos valores, sem preconceitos arcaicos — privilegiam os textos pasteurizados na forma e no conteúdo. Por exemplo, em minhas noites de insônia abro Domingo com Poesia em meu computador e a mediocridade cansativa de textos pseudo–eruditos logo me faz cair em sono profundo. Às vezes ali mesmo sobre a escrivaninha, onde repousa meu PC. É tiro e queda. Ler o tal blog é melhor para insônia do que qualquer sonífero da moda nos receituários médicos. Portanto, Deus salve o Rei! Tapete vermelho para a Fliporto! Afinal, ali os contrários se encontram sem restrições de ordem moral, sem carteirinhas de acesso privilegiado, a linguagem é livre e ninguém é induzido a escrever “pênis” ao invés do corriqueiro “cacete” (palavra bem comum nos escritos em prosa e verso do grande Jean Genet) ou “vulva” no lugar da ordinária , porém sonora “boceta”. Pois é, caros tiranos da espezinhada e maltratada cultura pernambucana neste início de século. A “waste land” (terra desertificada) de T.S. Eliot está aqui mesmo, sob nossos pés. Já fomos uma terra de prosperidade, em termos literários, mas hoje somos um território de mediocridades ululantes e disseminadas, sempre dispostas a arrancar, sem dó nem piedade, qualquer mudinha dissonante que ouse vicejar nas cercanias. E assim seque a pasteurização em curso em nossa produção literária, com escritores mais voltados para o passado do que para o futuro. Habitantes petrificados de uma waste land deplorável, em tudo semelhantes à descrição desses versos de Homens Ocos, do mesmo poeta inglês: “Aparência sem forma, sombra sem cor,/Força paralisada, gesto sem movimento”. Melhor descrição para nossa estagnação é impossível. Na verdade, nossos escritores são os próprios Homens Ocos, de T. S. Eliot.
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Arteterapia
Fotos: Banco de Imagem
Saテコde
Arte
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TERAPIA O OPOSTO da
DEPRESSテグ テゥ a EXPRESSテグ > Por: Aleta Dantas
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arteterapia é uma excelente aliada no tratamento da depressão e de outras doenças mentais, além de uma maravilhosa parceira no processo de autoconhecimento. Podemos simplificar e compreender a arteterapia como terapia através da arte, entendendo–se arte como processo expressivo. Portanto, os arterapeutas são profissionais com treinamento tanto em arte como em terapia. Para Cristina Pinto Lopes, mestra em criatividade, psicóloga e arteterapeuta, a arteterapia é um meio, sendo uma forma de ter acesso as nossas próprias histórias internas e de estimular a nossa vida criativa. Cristina nos diz que outra maneira de se pensar a depressão é como se tivesse uma energia psíquica parada, bloqueada e congelada. Por isso, quando se fala em depressão fala em imobilidade. Ela explica que durante a depressão é comum à criatividade ficar bloqueada, sendo preciso fazê-la fluir novamente. O processo criativo é capaz de devolver o movimento, por isso ela indica que além da medicação psiquiátrica, sejam propostas ações para recolocar a psique em movimento. Através da arte é possível levar o paciente a começar a se colocar em movimento novamente e o que estava em repouso começa a partir para a ação. Ela complementa que, através da produção plástica e expressiva com materiais diversos em arteterapia, torna– se possível partir do nada, de um espaço onde não havia cor, nem traço, nem linhas e criar outra história. Muitas vezes a depressão surge como sintoma dessas dores guardadas e desejos não vividos. Então podemos concluir que a arteterapia funciona como materializadora da emoção. É a arte através da expressividade materializando a emoção.
“A criatividade abre as portas para a restauração da vida saudável.” Cristina Pinto Lopes. Trazer a consciência não é suficiente, explica Cristina, é preciso restaurar o movimento, assim como o movimento sem a tomada de consciência não é tão eficaz. É preciso haver essa dança, esse casamento. Consciência e ação. Que não é tão simples, porque às vezes pode ser muito doloroso, chegar até histórias, com profundidades a respeito da nossa própria vida, mas é necessário. Ela esclarece que quando se fala em cura, se fala também em autoconhecimento e autoconscientização, “podemos aprender a conhecer o sintoma e se ele reincidir já saber como lidar com ele.” Cristina também reforça a necessidade do tratamento conjunto: “Uma pessoa bem medicada tem mais facilidade para colocar a vida em movimento”. Para manter a chama acesa, ensina Cristina, é preciso estar atento ao próprio movimento e ao tempo que tem dedicado a si mesmo. Já que hoje o cotidiano traz uma rapidez muito grande e uma série de cobranças. Sendo importante, além de resgatar as ações de prazer, mantê–las. Para que se possa ter uma melhora na qualidade de vida. CRISTINA PINTO LOPES É psicóloga (CRP 02/10545), Arteterapeuta pela CLINICA POMAR-RJ e mestre em Criatividade pela universidade Fernando Pessoa- PT. Autora de Memórias da pele – arteterapia como intervenção na depressão, pela Libertas editora. Ela atende no Lumen Novum. cpintolopes@hotmail.com Lumen Novum: 81 32663044
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Esportes
COPA 2014
2014 deixará grande herança para os
Foto :
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Copa do Mundo de
Perspectiva de como ficará a cidade da copa em 2025.
A Cidade da Copa e as obras de mobilidade urbana trarão muitas melhorias para a vida da população > Por: Roberto Portela Câmara Filho
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arena Pernambuco é apenas uma pequena parte da Cidade da Copa, que está sendo construída às margens da rodovia federal BR–408 em São Lourenço da Mata, na região metropolitana do Recife, para a Copa do Mundo de 2014. O terreno disponibilizado pelo governo do Estado de Pernambuco tem cerca de 240 hectares (equivalente a 300 campos oficiais de futebol). O projeto está dividido em quatro fases. Para a Copa do Mundo, apenas a primeira estará concluída. Nessa primeira etapa serão finalizados apenas a Arena Pernambuco, o estacionamento com seis mil vagas,um hotel com 300 quartos, centro de imprensa e, provavelmente, a primeira fase do centro de convenções. A previsão
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de conclusão de todas as etapas da Cidade da Copa é 2025. As obras na Arena Pernambuco alcançaram 83,6% em janeiro. “A obra está progredindo com celeridade e sendo executada sem qualquer pendência. Já há, inclusive, uma data para a inauguração da arena: o primeiro jogo será realizado no dia 14 de Abril de 2013, um domingo, às 17h, ou seja, dois meses antes do início da Copa das Confederações da FIFA”, garantiu Ricardo Leitão, Secretário Extraordinário da Copa de 2014 em Pernambuco.O estádio terá um perfil multiuso, adaptável para diversos eventos e capacidade para 46.000 pessoas. Além do futebol, ele receberá grandes shows, convenções e outras competições esportivas. Terá sistema de reaproveitamento de águas pluviais, células fotovoltaicas de captação de energia solar e até quatro turbinas eólicas para suprir o sistema de ar condicionado.
Foto: Glaucos Ribeiro
A Cidade da Copa foi projetada a partir do conceito de “Smart City” (cidade inteligente), que une a alta tecnologia com o planejamento sustentável. Ela será a primeira a ser construída nesses moldes na América Latina. Segundo Ricardo Leitão, o projeto integra, em um só local, moradia, trabalho, lazer e estudo. Lá residirão ou desenvolverão suas atividades cerca de 80 mil pessoas. Por isso, é denominado de “cidade”, embora, na verdade, Ricardo Leitão, Secretário Extraordinário seja um novo bairro de São Louda Copa de 2014 em Pernambuco. renço da Mata. Trata–se de um empreendimento privado, dentro de um contrato de parceria público-privada (PPP) com o Governo do Estado, que prevê a construção de 4,5 mil residências, um campus universitário, escolas, museu, teatro, um ginásio (arena indoor), hotéis, centro de convenções, shopping center e escritórios comerciais e empresariais. Terá ainda sistema de segurança com monitoramento 24 horas por dia. Quase metade do terreno será reservado para parques públicos, áreas verdes e abertas. Haverá incentivo ao transporte público e a presença de faixas exclusivas para ciclistas. Toda a área foi concebida para ser percorrida a pé ou de bicicleta — de sua região central aos diversos setores — em cerca de cinco minutos. Os motoristas também serão beneficiados pelo sistema de trânsito inteligente, que pode alterar os sentidos das vias e indicar os melhores caminhos. Uma das grandes preocupações dos responsáveis pelas obras é a chegada do torcedor ao local do evento. Com o intuito de resolver o problema, obras de mobilidade pública estão a todo vapor. “Já concluímos três obras viárias para a Copa das Confederações: o Terminal Integrado do Aeroporto, o viaduto da Pan Nordestina e a Estrada da Batalha. Para fevereiro de 2013, temos a conclusão da Estação Cosme e Damião do metrô, o Terminal Integrado do TIP, o Terminal Integrado Cosme e Damião e o Ramal Cidade da Copa, que é a principal via de acesso para a Arena Pernambuco. Ainda neste ano, haverá a entrega da passarela do aeroporto, em maio, e do viaduto de Ouro Preto, em Junho. Até a Copa do Mundo, mais cinco obras serão entregues à população: o Terminal Marítimo de Passageiros do Porto do Recife (fevereiro de 2013), o Corredor Norte–Sul e a Via Mangue (setembro de 2013), o Corredor Leste–Oeste (fevereiro de 2014) e a nova torre de controle do aeroporto (junho de 2014)”, assegurou Ricardo Leitão.
O corredor Leste–Oeste, com 12 km de extensão e 22 estações, ligará as zonas leste e oeste do Recife. A via fará o transporte de passageiros a partir da Praça do Derby até o Terminal Integrado de Camaragibe, atravessando a Avenida Caxangá. Ele terá capacidade para transportar 126 mil passageiros por dia. O Projeto inclui ainda a construção de três elevados, um túnel e um viaduto. O custo total aproximado da obra é de R$ 133,6 milhões. Além do Leste Oeste, outro corredor será construído, o Norte–Sul. Ele terá 43 quilômetros de extensão, com estações interligadas a quatro terminais integrados: Igarassu, Abreu e Lima, Pelópidas Silveira e PE –15. Na primeira etapa, ele sairá de Igarassu até o Recife. Depois de passar pela PE–15 e chegar à Agamenon Magalhães na altura do Tacaruna, irá se dividir em dois ramais: um continuando pela Agamenon até a Estação Joana Bezerra, e outro seguindo pela Avenida Cruz Cabugá até a Estação Central do metrô Recife. O Projeto inclui a construção de um viaduto e um elevado nos Bultrins e outro elevado em Ouro Preto. Custo total aproximado: R$ 300 milhões. Esses corredores serão vias exclusivas para ônibus no sistema de Transporte Rápido de Ônibus (TRO). Estarão equipados com ar–condicionado, sistema de segurança, contagem eletrônica de passageiros e GPS. A passagem será cobrada antes de os passageiros entrarem no ônibus, trazendo mais comodidade para os mesmos nos embarques. Os desembarques serão feitos em estações construídas no mesmo nível dos coletivos, minimizando o tempo de parada dos veículos. Curitiba é um exemplo bem sucedido desse sistema de transporte. O Terminal Integrado Cosme e Damião será construído numa área 7.625.74 m² ao lado da Estação do Metrô, em São Lourenço da Mata. Terá duas plataformas de embarque e desembarque, uma para os ônibus do BRT e outra para os ônibus convencionais. O custo total da obra é de aproximadamente R$ 18 milhões. O Ramal Cidade da Copa, com 6,3km de extensão, vai da Avenida Belmino Correia, em Camaragibe, até a Cidade da Copa. O percurso cruza a BR–408, que está sendo duplicada. Passando pelo Terminal Integrado Cosme Damião, terá um corredor exclusivo de TRO, duas pistas para carros, uma em cada sentido, uma ciclovia, uma ponte e um viaduto sobre o metrô. Custo total aproximado: R$ 138 milhões.“A população sentirá todos os efeitos positivos desses investimentos”, ressaltou o Governador Eduardo Campos, sobre a importância das obras para melhorar o trânsito no Grande Recife.
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Leopoldo N贸brega veste a modelo Edv芒nia Santos
Digital Arts ROBERTO PORTELLA
Leopoldo N贸brega veste a modelo Renata Ferraz
Digital Arts ROBERTO PORTELLA
Leopoldo Nóbrega : Coleção Vive Brasil
Digital Arts ROBERTO PORTELLA
ASSOCIAÇÃO comunitária
inajá mendes
JUNTOS PELO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE ITAQUITINGA Endereço: Av. Antônio Carlos Almeida, 111 | Itaquitinga – PE, | (81) 9429 8666
INDIGNAÇÃO E REVOLTA A primeira assembleia geral dos trabalhadores da rede estadual de ensino do ano aconteceu em clima de indignação e revolta. O reajuste no piso da categoria de apenas 7,97 %, não aponta nem de longe para uma recuperação salarial imprescindível para os professores. Além do irrisório percentual de reajuste, o Governo de Pernambuco não vem cumprindo o que determina a lei para a aplicação do novo valor do piso. Não será pago em março o que os docentes deveriam ter recebido em janeiro. O histórico desprezo imposto àqueles que trabalham na educação, vem mais uma vez confirmar que o ensino público só é prioridade durante as campanhas eleitorais. O Governo do Estado, “distribuidor de tablets e promotor de viagens ao exterior”, com a sua política educacional equivocada levou a educação pública estadual a um dos quatro piores desempenhos do país, acompanhado por Alagoas, Amapá e Roraima. O Movimento Todos pela Educação divulgou recentemente um relatório apontando que no ano de 2011, de cada 100 estudantes pernambucanos do 3º ano do ensino médio, somente 20 conseguiram aprender o que deveriam assimilar em português. A situação fica ainda mais complicada no aprendizado de matemática, onde o quantitativo foi de apenas sete. Os problemas estruturais na rede estadual de ensino surgem de todos os lados. As queixas se multiplicam e revelam mais dificuldades enfrentadas por professores e por estudantes no cotidiano escolar. Há pouco tempo, o Sintepe denunciou as situações precárias nas escolas: Miriam Seixas (Jaboatão dos Guararapes), Coronel Valeriano Eugênio de Melo (Olinda), Ginásio Pernambucano (Recife) e Professor Manoel Joaquim Leite (Cedro). O quadro educacional em Pernambuco é caótico. Um milhão cento e quarenta e dois mil jovens precisam ser alfabetizados. Mais de um milhão novecentos e trinta mil jovens, adultos e idosos são analfabetos funcionais. Duzentos e dezenove mil pernambucanos, dos quatro aos dezessete anos de idade, estão fora da escola. Cento e doze mil jovens e adultos aparecem nas estatísticas da evasão escolar no ensino fundamental e no ensino médio na rede estadual. O ensino médio no estado possui ainda uma taxa de distorção idade série de 49,1% e uma taxa bruta de matrículas de apenas 78,3%. As evidências são concretas e mostram de forma clara que a educação em Pernambuco enfrenta grandes dificuldades. O Governo, sem o necessário diálogo com a nossa categoria, tem adotado medidas que na prática não resolvem os problemas educacionais no Estado. São decisões unilaterais, muitas vezes aplicadas de forma arbitrária, provocando revolta e indignação em toda rede. O diálogo, quando acontece, é quase sempre improdutivo. Falta vontade ao Governo para agilizar os encaminhamentos e assim, resolver questões pendentes como os passivos financeiros (pagamentos atrasados) que se acumulam sem previsão para serem efetivados. Para os trabalhadores em educação é constrangedor e, ao mesmo tempo, revoltante receber o pior salário do país. Além disso, é um absurdo ter que enfrentar todos os dias, na grande maioria das escolas estaduais, em um clima de opressão e de ameaças, as exigências governamentais, quando as condições oferecidas são inversamente proporcionais ao que cobrado. A educação pública de qualidade, capaz de cumprir o seu papel social, somente se efetivará de verdade quando se encontrarem em salas de aulas estruturadas e decentes, profissionais em educação valorizados, estimulados e com boa formação inicial e continuada, com estudantes também estimulados e apoiados devidamente pelo poder público.