Editorial
Todo mundo já foi um curioso. Nem que seja por um segundo. Se, durante um trajeto trivial do seu ônibus acontecer algo extraordinário, muitos vão esticar o pescoço pra ver o que houve. Os mais animados vão mudar de lugar na procura por um ângulo melhor. Se for acidente, o veículo poderá até desequilibra-se tamanha a movimentação. Esse é apenas um dos muitos exemplos que atestam: o ser humano gosta de ver, ainda que seu ponto de partida sejam janelas em movimento ou paradas, de vidro, de cristal líquido.
Expediente direção | direction Renato Loose
capa | cover Mário Júnior
coluna legenda subtitle column Karla Monteiro de Moraes
Everybody was already a curious. Even though for a while. If you’re in the bus and something strange happens outside, lots of people will raise their necks to check what’s going on. The most exciting ones are going to change their positions looking for a best way to view all. If it was an accident, the bus can be unbalanced because of movement. This is only one of exemples that means: human being likes watching, although his starting-point be windows in move or still, made by glass or liquid crystal.
trilha sonora | soundtrack Théllius Zamprogno
imagens | images
Bruno Dellani, Carolina Manfredi, Clarice Lima, Cupid Leung, Emiliano Domicini, Juan Vanegas, Leonardo Soares, Marcelo Batista, Marcelo Carreiro, Simon So, Vitor Martins
Instantâneo Quem disse que a fotografia digital acabaria com a utilização de filmes? Indo na contra mão dos megapixels, a revista Five To Nine celebra os recursos “lowfi” com a sua quinta edição, dedicada exclusivamente às Polaroids. São mais de 78 cliques - entre eles, a imagem que ilustra essa página - feitos por fotógrafos, designers ou aficionados pela estética da imagem instantânea. A revista é um arquivo PDF e pode ser baixada gratuitamente no site. Conheça a Five To Nine: www.fivetoninemagazine.com
Instamatic
Who tell you the digital photography would kill the film shots? Against the megapixel’s evolution, Five To Nine magazine celebrates low-fi with your fifth edition: Polaroids only. There are more than 78 clicks – including the one at this page – made by photographers, designers or crazies about the instamatic esthetics. The mag is a PDF file and can be downloaded for free at website. Know Five To Nine: www.fivetoninemagazine.com
Trailer é o espaço para a divulgação de outras revistas Trailer is the place for divulgue another mags
Capa
Mário Júnior Mário Júnior, ou Mariogogh, tem 23 anos e, há dois, trabalha com ilustrações. A inspiração vem do cinema, da música e da literatura. Em suas artes, também há elementos vintage misturados ao design dos dias de hoje. Mário não se prende a nenhum estilo ou artista em voga atualmente e seus trabalhos representam diálogos e situações diversas do cotidiano. Sua série de desenhos chamada “Café Paris” ganhou as ruas por meio de duas exposições em bares de Brasília. Para fazê-los, usou um material inusitado, porém pertinente: café. Além disso, também já ilustrou para a revista Capricho. Ele acredita no “ócio criativo”, afinal, um bom ilustrador precisa ter a mente sempre trabalhando, mesmo em momentos de descontração. E se essa característica deve ser essencial, perder a identidade está do outro lado da balança como o maior dos sacrilégios. “Jamais se prostitua!”, dispara. www.flickr.com/photos/mariogogh
Cover Mário Júnior Mário Júnior, a.k.a Mariogogh is 23 years old and, since 2005, work as an illustrator. He is inspired by cinema, music an literature. His art has a vintage touch mixed with nowadays design. Mário doesn’t look at any style or artist in season, and his things represents dialogs and lots of day by day’s situations. The “Café Paris” serie goes to streets thereby two expositions at Brasilia, Brazil’s capital. To make it, he used a different material, but suitable: coffee. Moreover, he had already illustrated for Capricho, a Brazilian magazine for teens. He believes at “creative idleness”, because a good illustrator must have the mind always working, although having fun. If this quality is essential, on the other side, lost identity is the worse thing ever. “Never sell yourself!”, he says. www.flickr.com/photos/mariogogh
“Raça de
xeretas” “Viramos uma raça de xeretas. As pessoas deveriam sair de casa e olhar para si mesmas”. A frase soa como um diagnóstico da sociedade em que vivemos, constituída por sujeitos pouco dispostos a relacionarem-se diretamente com os demais ou a repensarem suas próprias vidas e valores.
Muita gente opta pelo comodismo de estirar-se em um sofá e espiar a vida acontecer, o que hoje é muito fácil: basta ligar a TV e assistir aos reality shows da vez. Com esse simples click, a humanidade tem acesso ao que sempre sonhou – ser como um deus onisciente, onipresente e onipotente, que assiste, julga, condena e premia, sem culpa, todo tipo de gente – de aspirantes a ‘aprendizes’ a gordinhos em busca da magreza. O que essas pessoas guardam em comum entre si e com o telespectador é o fato de serem mais algumas na multidão em busca de algo que preencha suas vidas. Apesar de retratar tão bem esse cenário, contudo, a frase que inicia o texto não foi criada por alguém de nossa geração. Ela foi retirada do Readers Digest de abril de 1939 e citada por Stella (Thelma Ritter), personagem do filme Janela Indiscreta (Rear Window, 1954), dirigido por Alfred Hitchcock.
Karla Monteiro de Moraes
Enredos
descortinados
Baseado no conto It Had to be Murder, escrito em 1942 pelo americano Cornell Woolrich, o filme se passa no quarto de L. B. Jeffries, ou Jeff (James Stewart), um fotógrafo com espírito aventureiro que está de molho após quebrar a perna. Sem muito o que fazer, Jeff começa a observar os vizinhos cujas janelas ficam de frente para o edifício onde mora. Por trás de cada ambiente descortinado, o protagonista depara-se com uma história diferente e, numa época em que os reality shows ainda não faziam parte da grade de programação dos canais televisivos, o voyeur deleitava-se com seu próprio espetáculo. É bastante clara a metáfora que o diretor faz entre o quarto e a sala de cinema; entre as janelas e a tela; o voyeur e o espectador. Nessa obra extremamente visual, em que as imagens por si só dão sentido ao filme, Hitchcock coloca em xeque o voyeurismo de todo aficionado pela sétima arte que, na verdade, é reflexo da curiosidade intrínseca a qualquer ser humano. Sentado em sua cadeira (de rodas) – da qual já não queria levantar-se sequer para ir deitar e dormir – o fotógrafo observa o desenrolar dos enredos alheios e abstrai-se dos incômodos próprios a seu dia-a-dia, assim como fazemos de frente para a telona (ou para a telinha). Um dos principais pontos dos quais precisa desligar-se é o rumo de sua relação com a belíssima modelo e dedicada namorada Lisa Fremont (Grace Kelly), que teima em casar-se com ele.
Mas o cinema – ou mesmo a TV com seus pacotes de realidade – não nos levam apenas a transcender nosso próprio cotidiano. Eles sempre nos remetem a algo íntimo, o que nos faz reagir, repensar ou mesmo mudar algo em nossas vidas. Não muito tarde, Jeff começa a perceber nos “fotogramas” que se desenvolvem a sua frente, algo particular.
Caindo na real
As várias janelas preparadas pela Paramount – que configuram um dos maiores cenários construídos por ela até então – mostram pequenas subtramas que, juntas, formam um contexto coeso com o fio da história, conduzido pelo protagonista. A indesejada solidão de uma vizinha, em constante busca pelo amor, contrapõe-se à fuga de Jeffries de seu relacionamento quase perfeito; o exibicionismo e a popularidade da bailarina bonitona evidenciam o inadmitido ciúme que ele sente por Lisa; o casal que leva uma rotina desgastada traz à tona seu medo de dividir a intimidade com alguém, mas a felicidade dos vizinhos recém-casados atrai novamente seu olhar para a questão, e assim por diante. Tanto é que seu modo de enxergar a amada e sua própria vida começam a mudar gradativamente. O ponto alto dessa transformação se dá quando a moça resolve ajudar o namorado a desvendar as provas de um suposto assassinato em um dos apartamentos espiados. Arriscando sua própria vida nessa empreitada, Lisa mostra que também tem parte no mundo apreciado por Jeff, dando um novo rumo à relação. Karla Monteiro de Moraes é jornalista, pós-graduada em História e Literatura e fanática por cinema. karlademoraes@gmail.com Colagens Renato Loose
Ask english version: kinomag@gmail.com
Trilha Sonora é mais uma nova seção da Kino. Este espaço será preenchido pela arte e por uma lista musical feitas por um convidado. Nesta edição, o arquiteto e designer Théllius Zamprogno selecionou suas melhores músicas para bisbilhotar a vizinhança. Veja na próxima página!
Soundtrack is one of the brand new Kino’s sections. This place will be filled by art and music list made by a guest. This edition, the architect and designer Théllius Zamprogno show us his best songs to spy the neighborhood. Check next page!
SebastiAn – Dolami Moloko – Fun for me Massive Attack – Teardrop A Place To Bury Strangers – Ocean She Wants Revenge –Tear you apart Peter Bjorn and John – Young Folks Beck – Devil’s Haircut Echo and The Bunnymen – The Killing Moon Bjork – It’s Oh So Quiet John Barry & Orchestra – 007 Theme “Miss Torso” Bonus Track Groove Armada – I see you baby
Théllius Zamprogno thellius@yahoo.com
Sua sala vai ficar
fabulosa
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Cupid Leung - Hong Kong - www.doublewood-workshop.com
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Juan Vanegas - Col么mbia - www.flickr.com/photos/juegas
Carolina Manfredi - Brasil - www.flickr.com/photos/enjoymalaguetta
Leonardo Soares - Brasil - www.flickr.com/photos/leonardohss
Simon So - Hong Kong - www.vectorbros.com
Bruno Dellani - Brasil - www.dellani-designer.blogger.com.br
Marcelo Batista - Brasil - www.marcelobatista.com.br
Vitor Martins - Brasil - vlm.design@gmail.com
Vitor Martins - Brasil - vlm.design@gmail.com
Marcelo Carreiro - Brasil - mrcarreiro@gmail.com
Clarice Lima - Brasil - www.flickr.com/photos/claricelima
Clarice Lima - Brasil - www.flickr.com/photos/claricelima
Emiliano Dominici - Itรกlia - www.flickr.com/photos/loungerie
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pr贸ximo tema prazo: 15 de novembro next issue deadline: november 15th
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