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LEANDRO EMANUEL PEREIRA - Portugal/ Matosinhos
LEANDRO EMANUEL PEREIRA - Portugal/ Matosinhos Formação universitária em psicologia do trabalho e das organizações. Membro sociedade Portuguesa de autores n.º 20913
A VERSIFICAÇÃO DO INTANGÍVEL
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Sempre afirmo que a poesia é a linguagem da alma. Na minha humilde opinião, a poesia pode ser materializada através de variadas formas, seja pela literatura; escultura; gastronomia ou pelo simples facto de se conseguir tocar o coração de alguém com as palavras e sensibilidade ajustadas. Em boa verdade, a arte é expressividade e o ser humano é pura expressividade.
Terá uma lagarta consciência, da resolução pictórica que a metamorfose comporta ao transformá-la em borboleta? Uma mãe ao amamentar o seu filho, completamente imbuída na sua graciosa tarefa, compreende o impacto semiótico da esperança que projeta? Quando um de nós contempla o pôr do sol, junto ao mar, sentindo a fragrância da maresia e o leve toque de uma brisa acalentadora, vislumbra a verdade dos sentidos? Sinto que a natureza nos acolhe, proporcionando-nos eventos ecléticos, onde nos é permitido palpar o lado poético da vida, que por sua vez nos possibilita observar e recriar a realidade que cada um de nós encerra na sua subjetiva percepção.
Haverá algo de jactante, na tentativa de amordaçar o grito do curso natural das coisas? Como versificar o contranatura? A artificialidade que tentamos impor no curso da história, não passa de uma mera ilusão. Primeiro, porque como poeira cósmica que somos, jamais desaparecemos, como matéria, simplesmente nos transformamos em diferentes componentes químicos, logo, com certeza, vaguearemos eternamente pelo universo. Chamemos-lhe poesia ontológica ou poesia metafísica.
Pela manhã, ao acordarmos, quando tivermos uma impactante experiência sinestésica, aquando da degustação do pequeno-almoço, talvez nos lembremos que simultaneamente existem pessoas a morrer de fome; outras a morrer de doenças ou até assassinadas. Mas esta dimensão é nossa, este horizonte temporal só a mim me pertence, pelo menos enquanto a minha memória existir, enquanto o meu cérebro for capaz de efetuar o processamento sináptico. Assim resplandece o lado poético da vida, corroborado pela sua
incomensurabilidade e intangibilidade...