5 minute read

Gabriella de Sousa Tavares

Next Article
Valéria Barbosa

Valéria Barbosa

Gabriella de Sousa Tavares Valença/BA

As ciladas do diamante

Advertisement

Sonhos postos em viagens por estradas quase intermináveis de uma vida incansável em busca da satisfação pessoal e profissional. Essa é a realidade do jovem Diego de apenas vinte anos de idade.

Diego era moreno, possuía olho castanho claro e magro. Um típico mineiro. Criado pelos tios desde a morte dos seus pais alimentava consigo o sonho de crescer na vida, “ser alguém”, visto que, foi educado tendo ciência de que para ser importante era preciso ter dinheiro, seguindo carreiras promissoras, por isso, trabalhava na empresa da família. Queria agradar aos seus pais de criação.

Mesmo sendo grato aos seus tios pela educação que lhe ofereceram, o sonho do menino era ser cantor, viajar pela Inglaterra, país pelo qual tinha fascínio desde a infância, ensinar aos ingleses o melhor da música brasileira, porém, enquanto isso não acontecia, o jovem trabalhava como um assistente administrativo na loja de calçados, embora parecesse o dono, pois, era mais visto pelos funcionários do que o responsável pelo estabelecimento.

Inserido no mercado de trabalho desde os dezoito anos, Diego conseguiu ingressar na faculdade de música dois anos depois de ter se formado e começado a trabalhar. Era um menino esforçado, educado, gentil, estudou sempre nas melhores escolas tendo um bom desenvolvimento do seu lado humano. Isso se refletiu em um fato ocorrido em uma tarde de sexta-feira.

Ao voltar para casa, após um dia de trabalho, Diego deparou-se com uma idosa que acabara de ser assaltada por um estranho de camisa azul listrada com um nome que não era visível. Em um ímpeto de coragem e valentia foi atrás do bandido para recuperar o objeto roubado. O que o corajoso rapaz não percebeu é que o assaltante estava se encaminhando para um beco perigoso da cidade e entrou em uma sala escura. Enquanto isso, na casa dos seus tios, a preocupação era geral, pois, já estava muito tarde para permanecer na rua. Porém, o medo do tio tinha outra explicação. Ele não queria que Diego descobrisse algo muito importante: o seu verdadeiro trabalho.

Que ocupação era essa? Voltemos a sala escura. Este lugar era secreto, só entrava quem trabalhava para o AGD (Agrupamento de guardiões do diamante).

81

Aquele suposto assaltante era um espião em serviço e a idosa assaltada era uma isca para capturar Diego. A essa altura do campeonato não adiantava mais esconder a verdade.

Assim que se viu preso em uma sala escura e desconhecida o garoto iniciou a sessão de gritos e pedidos de socorro. Aos poucos foi percebendo que o seu desespero não teria nenhum resultado. Procurou descobrir o porquê estava ali. Notou a presença de um guarda. Então falou: — Ei, Você, poderia me dizer qual a razão de eu estar preso aqui? E quanto tempo pretende me deixar nesta sala? Questionou o garoto. — Você ficará preso até seu tio devolver o que é nosso. O diamante que ele roubou no tempo em que foi um de nós. Respondeu o guarda. — Meu tio trabalhar aqui, impossível. Ele é um grande empresário do ramo de calçados. Jamais seria espião. Não consegue matar nem um rato. Retrucou o rapaz. — Você nunca notou as ausências do seu tio? Retrucou o guarda. — Do que você está falando? Continuou o garoto. — Ora, menino. Ele te colocou para praticamente comandar uma loja com dezoito anos, nunca aparecia nessa empresa e sempre levava horas fora de casa até voltar sem dar uma explicação. Você nunca desconfiou?

Nesse momento, Diego parou para pensar e analisou que realmente o guarda tinha razão. O tio sempre foi como um pai, mas, sempre estava se ausentando constantemente sem nenhum motivo aparente. Entristeceu-se de repente, sentiu-se enganado pela pessoa que mais amava.

Diego pensou naquela conversa ao mesmo tempo em que o líder dos espiões falava ao telefone com o seu tio avisando-lhe do sequestro e do que queria em troca: o diamante e todas as fitas roubadas.

Essas fitas continham todas as aventuras e enrascadas que aquele grupo já havia se metido. Por isso era tão desesperador o sumiço, pois, se algum policial tivesse acesso, o trabalho deles estaria acabado.

Renato desesperou-se porque sabia do que aquele grupo era capaz de fazer com o seu sobrinho caso não aparecesse no local indicado. Ideias mirabolantes fazem parte do negócio, mas, desta vez não se atreveu a brincar com o perigo. Era arriscado demais. Poderia lhe custar a vida.

Pintar os arco-íris da estrada da vida para esconder os percalços é um erro comum entre as pessoas, porém, inventar um céu azul onde se tem um

82

penhasco pode ser perigoso. A altura pode oferecer uma queda mais alta do que o esperado.

Seguindo todas as orientações, Renato foi ao encontro do líder dos espiões. Antes, porém, como bom espião levou seus “armamentos”. Primeiro, aliviou-se ao ver Diego bem, ou melhor, vivo. Logo após ouviu o pedido final, ou seja, a entrega dos objetos roubados.

Assegurou-se da libertação do sobrinho e, em seguida, entregou os objetos enrolados dentro de uma caixa, pois, eram muitos. Feito isso, foram embora.

Quando deram as costas, os espiões abriram a caixa e perceberam que o principal armamento do ex-espião era a esperteza. O objeto entregue fora uma bomba cuidadosamente estourada na face dos sequestradores.

Ah, portanto, Renato cumpriu o combinado, entregou o “diamante”, que era uma dinamite. Quantos aos outros objetos mencionados pelos espiões, esses estão bem seguros na madeira mais encontrada do mundo: o Pau-Brasil da Amazônia.

Após certificar-se de que o seu plano havia dado certo, o tio de Diego o explicou todos os detalhes daquela história, suas motivações para ter escondido a verdade. Como se pode imaginar o medo de uma vingança o fez preferir a voz do silêncio.

Depois de escutar atentamente as explicações do tio, o garoto perguntou se não podia trabalhar como espião. A princípio, a resposta foi negativa, porém, o exemplo não o permitiu ficar contrário durante muito tempo.

Ah, quanto ao sonho de Diego, depois dessa aventura, a música tornou-se um atrativo perto das enrascadas em que se metia com o seu tio no: DDF (Diamante de Ferro).

Viva as ciladas do diamante!

This article is from: