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Silmo Prata

Silmo Prata Rio de Janeiro/RJ

O Assalto

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De repente ouviu-se um tiro e logo depois um corre-corre danado. Mais um acabava de ser assaltado naquela lúgubre rua. Uma jovem cambaleava em direção à multidão, com o pescoço arranhado e o rosto mais pálido do mundo. À sua volta, todos comentavam: – Coitada, foi assaltada! – Deve ter sido algum pivete! Outros, mais exagerados: – Eu vi correr uns três naquela direção. Alguém completou: – Tinha um até de escopeta. Nisso, a jovem desmaiou e foi amparada uns cinco palmos antes de bater no chão. Todos estavam revoltados, um baixinho de terno e gravata interveio: – Isso não pode continuar assim, temos que dar um jeito nisso; todos pararam de falar, era impressionante a maneira de falar daquele baixinho. Ele falava como se fosse um grande valente. – Vamos tomar uma providência! Disse ele. – E se ninguém tiver coragem de começar, eu começarei! Nesse momento a jovem recém assaltada veio a si e exclamou: – Isso mesmo! Alguém tem que tomar uma providência. Acabaram de levar o meu cordão de ouro; meu anel de ouro; meu relógio foleado a ouro e meu celular com capinha dourada e... Não terminou de falar porque um rapaz de um metro e oitenta de altura e cara de mal, olhou para ela e falou: – Você pediu para ser assaltada, numa rua como essa, se exibindo com ouro por aí. A jovem ficou pálida de novo e quase desmaiou novamente. O baixinho já dominava a multidão, todos ouviam atentamente o seu discurso. – Vamos nos proteger, vamos pedir segurança para a rua, vamos colocar câmeras nesta rua. A cada fala, todos apoiavam.

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– Vamos então arrecadar fundos para uma nova instituição, a ELSA (Exterminadores de Ladrões S. A.) O aplauso foi geral e o baixinho prosseguia: – Começarei por mim, colocarei nessa maleta preta que aqui está, uma nota de cem Reais e quem quiser se associar, que faça o mesmo. O povo parecia ter sido hipnotizado pelo baixinho que prometeu contratar os melhores seguranças, a melhor empresa de vigilância eletrônica. Todos colocaram a quantia que podiam, nunca menos que cinquenta Reais. A maleta estava cheia de dinheiro, o baixinho seriamente fechou a maleta e disse: – Abram alas que aqui vou eu! Todos atenderam prontamente e o baixinho cinicamente desandou a correr e entrou em um carro que já o esperava pronto para sair, do outro lado da rua. Nesse momento foi que todos perceberam o que havia acontecido, não só uma pessoa, mas uma multidão de pessoas acabava de ser assaltada naquela lúgubre rua.

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