LiteraLivre Vl. 4 - nº 23 – Set./Out. de 2020
Silmo Prata Rio de Janeiro/RJ
O Assalto De repente ouviu-se um tiro e logo depois um corre-corre danado. Mais um acabava de ser assaltado naquela lúgubre rua. Uma jovem cambaleava em direção à multidão, com o pescoço arranhado e o rosto mais pálido do mundo. À sua volta, todos comentavam: – Coitada, foi assaltada! – Deve ter sido algum pivete! Outros, mais exagerados: – Eu vi correr uns três naquela direção. Alguém completou: – Tinha um até de escopeta. Nisso, a jovem desmaiou e foi amparada uns cinco palmos antes de bater no chão. Todos estavam revoltados, um baixinho de terno e gravata interveio: – Isso não pode continuar assim, temos que dar um jeito nisso; todos pararam de falar, era impressionante a maneira de falar daquele baixinho. Ele falava como se fosse um grande valente. – Vamos tomar uma providência! Disse ele. – E se ninguém tiver coragem de começar, eu começarei! Nesse momento a jovem recém assaltada veio a si e exclamou: – Isso mesmo! Alguém tem que tomar uma providência. Acabaram de levar o meu cordão de ouro; meu anel de ouro; meu relógio foleado a ouro e meu celular com capinha dourada e... Não terminou de falar porque um rapaz de um metro e oitenta de altura e cara de mal, olhou para ela e falou: – Você pediu para ser assaltada, numa rua como essa, se exibindo com ouro por aí. A jovem ficou pálida de novo e quase desmaiou novamente. O baixinho já dominava a multidão, todos ouviam atentamente o seu discurso. – Vamos nos proteger, vamos pedir segurança para a rua, vamos colocar câmeras nesta rua. A cada fala, todos apoiavam.
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