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Juliana Moroni

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Valéria Barbosa

Valéria Barbosa

Juliana Moroni Ibaté/SP

Indiferente

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Destino utópico sonhado em vão, pensamentos algemados em vidas fechadas, condenadas à solidão. Rotina delirante, susto com a visita inesperada, dinâmica interrompida pela risada debochada. Corpo em desconforto, desejo de escapulir pelas frestas do pseudo-humor, indigesto.

Pseudo-humor que satisfaz a vulgaridade e a ausência de obviedade nas falas alucinadas de pessoas dopadas pela superficialidade de desejos miseráveis, desconectados da dura realidade de vidas impactadas pela morte da dignidade.

Risadas cheias de trivialidades, sorrisos infames, fardo da solidão interrompida pela alcateia faminta por vidas mendicantes e por esperanças estraçalhadas.

Muros que separam as risadas sórdidas, regadas a vinho importado, de olhares cheios de luto e tantos sonhos jamais alcançados.

A agonia da solidão é venturosa, apenas por não ter que dividir os espaços com os abutres da humanidade, lobos devoradores da sagrada dignidade, semeadores de dor, ceifadores de tantas vidas barganhadas pelo aumento de suas contas bancárias.

Devolvam-lhe a vida solitária! Presa na sua rotina delirante, escravizada pela sua indiferença, pérola no mar de desigualdades, convicta em não tomar nenhum lado, imaculada em seu território sagrado, prisioneira do medo, pássaro de asas amputadas, mais cedo ou mais tarde, devorado pela alcateia de lobos.

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