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Pedro Alexandre de Sousa Veríssimo

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Valéria Barbosa

Valéria Barbosa

Pedro Alexandre de Sousa Veríssimo Balneário Camboriú/SC

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Um Tributo a Miguel Torga

Falta ainda cantar a Filantropia!

Falta ainda cantar a Bondade Para o povo perceber que com ela a felicidade Tem muito mais valor que o dinheiro E que com este a sociedade fica mais cega dos ouvidos E compreendida como muda. No ar da noite há o sereno. Dentro do sereno há a solidão.

“Falta ainda cantar a Filantropia!”: tal frase fora proferida no dia em q um embevecido gajo de nome João Chegou à escola melancólico, após ter chorado um foguete de lágrimas, E o vocábulo esperança chegou junto com ele. João entrou em sua sala de aula e a professora e os alunos, ao verem em seu semblante faces de pessoas aspérrimas – Pessoas recheadas de riqueza suína E olhos repolhudos com total adrenalina –,

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Não perceberam o que se passava nele. “Por que estás com esse semblante, querido?”, perguntou a professora a João; “Professora, é porque não consigo apanhar o vocábulo esperança”, mas, após tais palavras proferir com precisão, Deu um forte pulo e apanhou a letra P; em seguida, deu outro pulo e apanhou o vocábulo inteiro, Tirou-lhe as asas e as estas fugiram, Pôs a letra P de volta ao sítio certo, enfiou o vocábulo em seu coração E depois sentou-se à sua carteira ao seu modo modesto, rasteiro. Nem a professora nem os alunos mais uma vez perceberam o que se passava nele, contudo, tal questão eles não exprimiram.

“Pronto, crianças, vamos estudar? Mas, para isso, ninguém pode conversar!”, perguntou a professora, mas antes de todos poderem dizer que “sim”, As asas da esperança voltaram à sala e ficaram a voar, rondando a cabeça do gajo, que as matou. Após o fazer, o remorso bateu o espírito de João, o que deixou demasiado agitado Na iminência de desobedecer à professora e conversar com os colegas Arquíloco, Luís de Camões, Homero, Anacreonte, Semónides, etc., a professora ficar aborrecida, pôr todos no castigo + inusitado. Quinze minutos depois, quando o clima do ambiente ficara mais ameno… “Chega, professora, eu quero sair do castigo, tira-me daqui já!”, exclamou João, bem alto; “João, só deixo-te sair se falares comigo calmamente”, respondeu a professora. Ele a obedeceu e falou calmamente assim: “Por favor, professora, eu poderia sair, pois que já estou demasiado cansado de cá estar” “Agora podes, podes, sim, ir ao recreio, mas carregarás eternamente o remorso de um dia Teres matado as asas da esperança” – respondeu a professora, liberando, pois, os alunos e, assim, foram todos felizes para sempre, Exceto aquele que a esperança assassinou. No ar da noite há o sereno. Dentro do sereno há a solidão. Fim.

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