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Maria Pia Monda

Maria Pia Monda Belo Horizonte/MG

Presa e livre

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Três paredes de aço em direção às quais ela estende suas mãos trêmulas; os ombros estão encostados em um espelho, no qual, nem querendo, ela poderia espelhar-se, porque está tudo escuro. Já se passaram dois minutos. Quanto tempo levará para alguém detectar a anomalia e corrigir o dano? Imóvel, sozinha. Não há saída e está muito quente. O elevador se fecha em torno de seu corpo e é como se ela estivesse detida em uma caixa, igual a um presente não solicitado e que ninguém espera. É como se ela tivesse ficado presa em uma caverna moderna, onde, no entanto, nem um raio de luz consegue entrar e nenhum som alivia o ouvido. Os pensamentos palpitam e pulam de um lado para o outro, se separando e se recompondo e gerando novos pensamentos, sem parar. Quanto tempo levará para ficar sem oxigênio? Ela não sabe, mas para não correr o perigo de sufocar, prende a respiração de vez em quando. Está acostumada a preservar. Está acostumada a renunciar. Sabe que não adianta entrar em pânico, que, dessa forma, só pioraria as coisas. Então fica assim, calma, imóvel. A primeira reação, diante do barulho, da parada repentina, da escuridão e da solidão, foi de terror. Um medo ancestral que, de repente, foi substituído por um alívio inesperado. Por isso, ainda não pressionou- e não pressiona- o botão de alarme. Não quer.

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Ela poderia gritar, chamar a atenção, de modo que alguém corra para libertá-la, para tirá-la de lá. Mas ela não quer. Não por enquanto. A pressão do ar, ficando mais quente e pesada, não a sufoca. Pelo contrário, derrete o gelo em seu coração e aquece o frio que ela sente por dentro. O desconforto é uma oportunidade de avaliar a própria força diante das adversidades.

Uma oportunidade que se permite sem pressa. Presa neste pequeno espaço, nesta dimensão apertada, ela imagina e descobre que se sente mais livre do que nunca. Lá fora, o mundo pode esperar. Lá fora, a vida, muitas vezes, pode ser uma gaiola mais abafada do que este elevador.

Um lugar que é apenas uma armadilha. Uma “arma de ilha” que ela transforma em uma ilha sem armas.

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