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Aline Bischoff
Aline Bischoff Osasco/SP
E s t ran h a H a b i t a ç ã o
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I
Meu peito é morada de numerosos escritores, Mas seria uma casa vazia, se não fosse a poesia. Nele plantei um jardim de rosas para a Cecília
1 , Onde ela rega seus doces e perfumados amores.
No quarto do Vinícius não há teto, nem chão
2 .
O do Mário tem as paredes todas brancas, Repletas de desenhos feitos por crianças
3 . É uma casa intensa e permeada pela emoção!
E vem sempre gente nova chegando. Tem pessoas rindo, outras chorando, Às vezes reclamando, ora inventando, Por vezes viajando ou se apaixonando.
Houve quem pelo caminho tropeçasse, Esbarrando em pedras pelo percurso
4 , Mas que pela porta dourada entrasse, Exclamando vitorioso o seu discurso.
II
Há vozes ocultas e desconhecidas, Por vezes oprimidas em suas lutas. Dispostas companhias bem-vindas, Com inspiradas opiniões resolutas.
Nessa viva residência multicolorida Revivemos as lembranças saudosas, Aprendemos preciosas lições de vida, E trocamos experiências proveitosas.
14
Convivem todos em plena harmonia, Apesar de trazerem variados estilos, São interligados por notória sintonia, Que os fazem afetuosos e tranquilos.
Meu coração, essa estranha habitação, É o recanto das mais diversas histórias, Escritas por penas de ilustres memórias. Uma casa enorme, em eterna construção!
* Esta poesia recebeu o 3º lugar, na Categoria Nacional, do XXXI Festival Nacional de Poesias "Eunice Maria de Oliveira", realizado pela Academia Rio-Pombense de Ciências, Letras e Artes, de Rio Pomba, Minas Gerais.
1. Referência a série das cinco poesias Motivo da Rosa, de Cecília Meireles. 2. Referência a conhecida canção popular “A Casa”, de Vinícius de Moraes. 3. Referência a citação de Mário Quintana: “Os livros de poemas devem ter margens largas e muitas páginas em branco e suficientemente claros nas páginas impressas, para que as crianças possam enchê-los de desenhos - gatos, homens, aviões, casas, cachorros, cavalos, boi, tranças, estrelas - que passarão também a fazer parte dos poemas.” 4. Referência ao famoso poema No Meio do Caminho, de Carlos Drummond de Andrade, uma metáfora aos obstáculos que enfrentamos na vida, mas que não nos impedem de conquistar o que almejamos.
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