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Ivo Aparecido Franco
Ivo Aparecido Franco São Bernardo do Campo/SP
Pal av ra s
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Quando as palavras cavalgam no vento Formam sinuosos rios aéreos Seus movimentos
As palavras, como a água Têm seus ciclos
Quando gasosas espalham-se Graciosas, por lugares sem nome Mantendo viva a fauna e flora dos homens
Quando finalmente vertem Por xilemas e floemas invisíveis, Solidificam-se!
Uma vez dentro do corpo Viram gelo Viram pedras Viram rochas
As palavras aderem ao corpo Como endoesqueleto: A certa altura não sabemos Quem é palavra Quem é sujeito
Extirpa-las geralmente dói muito Principalmente quando não correspondem Ao que somos Certa vez, lembro que foi angustiante extrair Um "burro" duma criança O bicho estacou decidido Em algum lugar daquele ser humano E não queria sair nunca mais
E pensar que do lugar de onde Surgiu o burrinho Podia muito bem ter nascido uma águia Que certamente teria levado aquela criança A altíssimos e libertários voos!
Depois, é muito difícil eliminá-las de dentro de nós E a falta delas também mata de fome E de sede
Por isso temos de ter cuidado com Cada palavra que bebemos Ou que nos dão para comer
E vejam só meus amigos, quem diria: Eu e um velho especialista em ideias Trombamos um sujeito muito doente Curioso, dirigi-me ao outro:
-O que ele tem doutor? Balançando a cabeça o fulano respondeu: - Esse aí, caro amigo, feito tantos outros, sofre de palavras!