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Ivo Aparecido Franco
Ivo Aparecido Franco São Bernardo do Campo/SP
Ultrassom
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Ó escuro véu do medo e desespero Em que mora a indelével ignorância Onde se escondem todos os conceitos Labirinto do saber e da substância
Quem diria que no escuro o amor se esconde E pra ouvidos que ainda não estão prontos A música inaudível do ultrassom Revelar-se-ia em forma corpo e tom
Se a música não pôde ser ouvida As formas também não foram vistas Não porque foram ignoradas E sim porque ali não havia nada
Disse a médica : “Não há vida nesse ventre Nem canção, nem vida, sequer dança”
Repetiu de um jeito estranho e frio: “O que tens é uma casa sem criança”
Nem poderia ser diferente Poeta algum consegue descrever A terrível dor que uma mãe sente
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Por algo que não se pode ver
No escuro enfim tudo se confunde Lugar onde poeta e pai se fundem Ocorre algo bem revelador: Ambos passam a ter a mesma dor
Mas quase sempre há um novo dia E outra música pode ser tocada Que assim seja nessa ou noutra sala Talvez uma linda melodia
Que nessa barriga a alvorada Traga um choro de felicidade: E a orquestra ultrassônica revele Por fim uma semente germinada!