LiteraLivre Vl. 6 - nº 31 –Jan./Fev. de 2022
Ivo Aparecido Franco São Bernardo do Campo/SP
Ultrassom Ó escuro véu do medo e desespero Em que mora a indelével ignorância Onde se escondem todos os conceitos Labirinto do saber e da substância Quem diria que no escuro o amor se esconde E pra ouvidos que ainda não estão prontos A música inaudível do ultrassom Revelar-se-ia em forma corpo e tom Se a música não pôde ser ouvida As formas também não foram vistas Não porque foram ignoradas E sim porque ali não havia nada Disse a médica : “Não há vida nesse ventre Nem canção, nem vida, sequer dança” Repetiu de um jeito estranho e frio: “O que tens é uma casa sem criança” Nem poderia ser diferente Poeta algum consegue descrever A terrível dor que uma mãe sente
76