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Neuza Batista Dias Giacometti
Neuza Batista Dias Giacometti Santos/SP
Reminiscências
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A montanha, em anguloso perfil desde a base em sombras e formas nessa geografia de ancas, sugere desfigurada uma súbita configuração, uma incógnita As cachoeiras borbulhantes e crespas, o dorso e a lateral em feitio de um rosto e as pedras dos rios, os seus estreitos em corredeiras ora se alagam em densos poços ora são excessos sobre demarcações ou alambrados, que se dispersam aparentemente rasos onde se afogam em seus comentários poetas desavisados que submergem duros dentro de uma teia na boca do álveo leito abissal Abstraio em puro desbunde e fúria – Eu aranha em arte e entrecho Entendo de águas sem friúmes, também sou mulher baixeira, sou rendeira tropicante e depois lavo o cascalho diamantífero Surpreendo numa bancada distinta, ou me acomodo à almofada de bilro com o enredo intrigante e a seda saindo da glândula, a vida inchando esse abdome, organismo que sem trégua povoa esse canto restrito que representa outras estâncias Deixo-me quieta, os olhos revirados perdida do que não penso, a aranhuçu e a sua trama sua urdidura; os côncavos sem preocupação com a casual estética natural, fêmea fecunda ou criança que urde e dança ou tece as horas do dia e se alimenta das suas típicas alegrias Sem presságios, sem ornatos, sem mais nem menos, sem. Sem suspeitas em semblantes. Sem que eu me entenda, incorporo uma ilusão e a replico, ameno e me ocupo dos pequenos E os miúdos saem das nossas entranhas ou naturalmente emergem do fundo de um poço e escalam a pedra do lajeado e se deitam
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marmorizados sob o sol afogueado, muito baixo ao pé da barra do horizonte abrasando em demasia a paisagem
Outros meninos maiorzinhos vão abrindo circunferências no solo onde capinam e cumprem sua sina ou imprimem frisos sobre as águas que vez em quando se banham ou tangem uma pedrinha em curvas que se espraiam sobre a planície calma de inesperada sutileza Pode ser que de súbito se faça uma típica alagação e as águas entrem em rebuliço Águas azuis em diapasão Precioso é o céu onde nuvens se deslocam, extremando em contraponto sobre o espelho líquido do rio e ao redor o capim murcho desistiu do dançadeiro. Crianças se impactam quando se jogam dentro do medonho poço do caixão do Rio Jequitaí, ao Norte de Minas ora intempestivo, fundo e volumoso ora nascendo trêmulo e morrendo quente, puro susto em estios Um fiozinho de água delirante e gentes sem raízes na terra ressequida e ardente, os peixes agonizantes nas águas ferventes, em delicadas ilhotas nos colos das pedras pedras na cor de terra-de-siena-queimado sobressaindo entre águas e águas transparentes, em fios ardentes únicas e necessárias onde o astro e seus raios ainda hoje impera, torrando tudo Às duas horas Duas horas da tarde uma flor arde E Lavadeiras se perfazem à sombra de um galho; do seu agito de braços E os lençóis estendidos à beira de pequenas grotas São rizomas globosos colorindo o cerrado de significados.