Revista Mais ES Nº 14

Page 1

14ª edição - Junho de 2014 - R$ 5,00

Vai começar a festa

Chegada do Cachoeirense Ausente Nº 1, João Eurípedes Franklin Leal, abre os festejos na cidade – confira entrevista exclusiva com ele e muito mais nesta edição especial

Álbum de Família


“A quem honra, honra” Epístola de Paulo aos Romanos. 3:7 Honra para o Professor João Eurípedes, nosso “Cachoeirense Ausente nº 1 de 2014”: Honra para nós, seus conterrâneos que acompanhamos sua caminhada laboriosa na conquista do conhecimento. Diante de um leque de possibilidades, nosso ilustre Ausente fez a melhor escolha. Deixou Cachoeiro em busca de novos horizontes. Como o sábio Salomão, optou por conquistar a sabedoria e não mediu esforços para alcançá-la, com a humildade de quem reconhece que é impossível atingi-la em plenitude, mas que vale a pena continuar na busca ao longo de toda a existência. E assim é a trajetória de João. Na escalada do saber, tem feito a diferença e é reconhecido “pari passu” com os mais ilustres representantes da intelectualidade brasileira, sem jamais deixar de acompanhar a vida e o crescimento de nosso “pequeno Cachoeiro”, exatamente como pensou Newton Braga, quando, em 1942, criou a homenagem eternizando o perfil do “Cachoeirense Ausente”. Por tudo isso, nos festejos deste ano da “Festa de Cachoeiro”, a Escola “Guimarães Rosa” se sente honrada com a presença de tão ilustre visitante que tão bem representa sua terra e sua gente e se junta a todos os Cachoeirenses na justa homenagem que tão merecidamente foi conquistada por nosso “Cachoeirense Ausente n5 1.

Seja bem-vindo, João Eurípedes.

Álbum de Família

Direção, Professores e Funcionários da Escola “Guimarães Rosa”


3

Cachoeiro é uma festa

Cachoeiro de Itapemirim já começou a festejar São Pedro, padroeiro da cidade e primeiro Papa da Igreja Católica, embora a data exata seja 29 de junho. A edição especial da revista Mais ES é dedicada ao evento. A Festa de Cachoeiro, assim como idealizada por Newton Braga, é, até hoje, tempo de reencontro, simbolizado pela chegada do Cachoeirense Ausente nº 1, neste ano o professor João Eurípedes Franklin Leal, que representa outros tantos que deixaram o município e construíram fora dele carreiras solidas e projeção que nos orgulham. Afinal, Cachoeiro de Itapemirim, carinhosamente chamada por seus moradores de “Princesa do Sul” e “A Capital Secreta do Mundo”, é terra de gente famosa. A evolução cultural do município levou para o cenário nacional grandes nomes para a música, literatura, teatro e o cinema, como os cantores Roberto Carlos e Sérgio Sampaio, o escritor Rubem Braga, o ator Jece Valadão, entre muitos outros. E também, já faz algum tempo, a

Novo diretor na Odebrecht Ambiental de Cachoeiro PÁG 04

Enfim, o Estrela do Norte brilhou PÁG 05

Mais de 80 mil pessoas na V Bienal Rubem Braga PÁG 06

festa é oportunidade de reverenciar os cachoeirenses que triunfaram em casa, como o Cachoeirense Presente deste ano, o também professor Humberto Dias Viana, que personifica o cidadão que ama o município e trabalha para fazê-lo sempre maior e melhor. É por causa do trabalho incansável de muitos cachoeirenses, como Humberto, que Cachoeiro continua a ser o principal polo de desenvolvimento econômico do Sul do Estado, com imensas reservas de mármore que respondem pelo abastecimento de 80% do mercado nacional do produto. Cachoeiro e também polo educacional – com muitas opções de cursos superiores e técnicos-, de saúde, com hospitais filantrópicos que atendem pacientes de toda a região, além do pujante comércio, por onde circulam milhões e milhões de consumidores. A programação oficial da festa da cidade está do jeito que o povo gosta, com shows de bandas conhecidas nacionalmente e, também, com pres-

tígio às pratas da casa, que vão anteceder cada artista de outras plagas. É tradição, nos festejos da cidade, um baile de gala, com traje a rigor (“smoking” para os homens e vestido longo para as mulheres), o único desse tipo que se realiza em todo o Estado. Mas há também espaço para a informalidade. Tão tradicional quanto o Baile de Gala, a Festa dos Amigos da Praça Vermelha reúne cachoeirenses de todos os lados do Brasil. A festa começou em 1986 no apertado Bar CDM, que funcionava na entrada da Ponte de Ferro. Os três amigos Ramon, Doca e Aúa resolveram promover o encontro dos frequentadores do Bar. Já o nome Praça Vermelha vem do fato de lá se reunirem os chamados esquerdistas. Era como se fosse um reduto socialista nos anos 50 e 60. Na programação há, também, o desfile cívico-escolar, espécie de porta de entrada para as crianças no bairrismo sadio de se festejar a terra em que nasceu. Uma tradição que merece mesmo ser mantida.

O Educador Presente Número 1 PÁG 10

Festa para historiador PÁG 12

A festa alternativa da Praça Vermelha PÁG 14 Diretor

Wagner Santos wagnersantos25@hotmail.com

Contato da redação: (28) 3511-7481

Ausente Número 1: a criação do poeta Newton PÁG 08

Atrações para todos os gostos PÁG 16

Dep. Comercial:

Grisieli Pinheiro - (28) 99906 - 3080 Lília Argeu - (28) 99919-5558 liliaargeu@r7.com

Editoração/Design: Wellington Rody sistema.rody@hotmail.com (28) 99974-3827

Fotos:

Divulgação

Reportagem

Ailton Weller es.fato@terra.com

Revista Mais ES (06.056.026/0001-38) Rua Bernardo Horta, 81, bairro Guandu Cachoeiro de Itapemirim – ES - Cep 29.300-795

GRÁFICA E EDITORA

WWW.JORNALFATO.COM.BR

14ª Jun 2014

Cachoeiro de Itapemirim já começou a festejar São Pedro. A edição especial da revista Mais ES é dedicada ao evento


4

Denis Lacerda assume o lugar de Pablo Andreão, que vai para o Tocantins

Novo diretor na Odebrecht Ambiental de Cachoeiro

Jun 2014

14ª

Cidade

Divulgação

A Odebrecht Ambiental tem um novo diretor em Cachoeiro de Itapemirim (ES): é Denis Lacerda, diretor da empresa desde 2012 e até então responsável por desenvolvimento de negócios no Rio de Janeiro, avaliando e estruturando projetos de saneamento em diversas áreas do estado. Pablo Andreão, diretor da concessionária nos últimos anos, segue para o Tocantins, onde se junta a outro ex-diretor da concessionária de Cachoeiro, Mário Amaro, na Saneatins, que presta serviços a 47 municípios. O novo diretor Denis Lacerda é administrador de empresas, formado pela The George Washington University, dos Estados Unidos, e pela Universidad Complutense de Madrid, da Espanha. Possui 18 anos de experiência nas áreas de infraestrutura e investimento. Gratidão Na despedida de onde atuou desde o ano de 2001, inicialmente como engenheiro responsável pelos investimentos de ampliação dos serviços de Cachoeiro, Pablo Andreão agradece a acolhida e a confiança da cidade. “Levo as referências de Cachoeiro, o povo acolhedor e trabalhador, as amizades que fiz e a gratidão por ter participado de uma equipe excepcional”, afirmou. Informe publicitário

Sindimunicipal aumenta o número de benefícios aos servidores municipais de Cachoeiro Neste ano de 2014 o Sindimunicipal está aumentando a quantidade de benefícios oferecidos e ampliando o número de atendimentos, conforme planejamento de crescimento elaborado. Mudamos para um local que comporte a nova estrutura de nosso sindicato para melhor atender o Servidor Público Municipal. Dentre os benefícios podemos enumerar o Atendimento Médico que estará à disposição na hora em que o servidor mais precisar, com as especialidades de Clínica Geral a partir de maio de 2014 e Ginecologia a partir de julho de 2014, o consultório próprio será totalmente aparelhado na sede do

Sindimunicipal. O Atendimento Odontológico que já funciona com consultório próprio tem deixado os servidores muito satisfeitos pela dedicação e profissionalismo, em 2014 vem ampliando a gama de serviços dentre eles a Prótese e o Canal e dando continuidade com a limpeza, obturação, extração, restauração, radiografia, entre outros tratamentos. Em um dos momentos em que o servidor mais precisa colocamos a disposição o Auxílio Funerário, benefício este que é estendido para esposo(a), filhos e enteados, para que o servidor e tenha dignidade e tranquilidade. Na licença médica do servidor será

oferecido o Auxílio Alimentação que cobrirá 70% do valor de seu Ticket Alimentação que beneficia ao servidor e sua família, O Ticket foi uma das importantes conquistas da Gestão atual do Sindimunicipal. Os benefícios vêm para suprir a necessidade dos servidores em serviços que muita das vezes são essenciais para o dia a dia. O Plano Sindcard oferece vários serviços gratuitos e outros com uma mensalidade de apenas R$ 15,00 reais. “Nosso trabalho visa garantir a qualidade de vida e a saúde do servidor”, afirma o Professor Jonathan, Presidente do Sindimunicipal.


Foto: Ricardo Medeiros/A Gazeta

Esporte

14ª Jun 2014

O sonho se transformou em realidade

5

Enfim, o Estrela do Norte brilhou

F

oram 84 anos, dos 98 de sua fundação, em 16 de janeiro de 1916, correndo literalmente atrás do título de campeão capixaba de futebol. O sonho se transformou em realidade no último dia 07 de junho com a vitória de 1x0 sobre o Linhares, no Estádio Eugênio Bitti, em Aracruz, Norte A campanha

Estrela 1 x 0 Linhares FC Estrela 2 x 0 Vitória Conilon 1 x 3 Estrela Real Noroeste 1 x 2 Estrela Estrela 3 x 0 Castelo Estrela 0 x 1 São Mateus Colatina SE 0 x 1 Estrela Estrela 1 x 1 Desportiva Linhares FC 1 x 1 Estrela Vitória 2 x 2 Estrela Estrela 3 x 0 Conilon (W.O.) Estrela 0 x 0 Real Noroeste Castelo 2 x 0 Estrela São Mateus 4 x 0 Estrela Estrela 3 x 0 Colatina SE Desportiva 0 x 0 Estrela Estrela 1 x 2 São Mateus (semifinal) São Mateus 0 x 3 Estrela (semifinal) Estrela 0 x 0 Linhares FC (final) Linhares FC 0 x 1 Estrela (final)

do Estado. Além do título, o Estrela emplacou o artilheiro da competição, o centroavante Geraldo, que marcou seu 11º gol. Depois de “bater na trave” em 1987, 2003, 2004, 2005 e 2006, quando o alvinegro foi por 5 vezes vice-campeão estadual, o Estrela é o campeão capixaba de 2014, com

todos os méritos O resultado garantiu não apenas o campeonato, mas a chance de se destacar no cenário nacional. A partir de julho, o Estrela do Norte representa o Espírito Santo na Série D do Campeonato Brasileiro de Futebol. E, em 2015, o alvinegro cachoeirense disputa as copas Verde e do Brasil. O começo: O Estrela do Norte foi fundado numa casa próxima ao Colégio Liceu Muniz Freire. Participaram da reunião de fundação: Laurentino Lugon, Mário Sampaio, Orlando Nunes, Amphilófio Braga, João Viana, Estulano Braga, Deusdedit Cruz, Fernando Reis e Francisco Penedo, que são considerados os fundadores do clube mais popular do Sul do Espírito Santo. Francisco Penedo foi escolhido como o primeiro Presidente do Clube.


6

Jun 2014

14ª

Cultura e lazer Evento literário em Cachoeiro de Itapemirim reuniu escritores, pensadores e músicos

A

5ª edição da Bienal Rubem Braga – dividida entre as praças de Fátima e Jerônimo Monteiro -, renovou a literatura da cidade, com lançamentos das obras de autores cachoeirenses, como Evandro Moreira, Marcelo Grillo, Marilene Depes, Célia Ferreira, Marília Mignone, Roney Moraes, entre outros, além de destacar a nova safra de valores de vários municípios capixabas e de outros Estados. O evento, visitado por mais de 80 mil pessoas, promoveu mesas de debates para 400 participantes, com as presenças de escritores como Arnaldo Boch, Daniel Pelizzari e

Mais de 80 mil pesso V Bienal Rubem Bra Márcia Tiburi e os cartunistas Allan Sieber e Chiquinha. Os temas foram: a literatura fantástica, a influência de Rubem Braga na crônica contemporânea e a literatura nas redes sociais. Na praça de Fátima foram mais de mil vagas em oficinas de análise e elaboração de texto, confecção de fantoches, jogos de tabuleiro, percussão corporal e projeção mapeada, distribuídas em vários horários.


Feira do Saber Variedade de títulos e bons preços estiveram ao alcance do público na Feira do Livro Bienal Rubem Braga, onde foi possível comprar livros a partir de R$ 2,50. Cerca de dez expositores ofereceram títulos de literatura infanto-juvenil, romances nacionais e estrangeiros, poesia e opções de livros-brinquedo, recomendados para despertar nas crianças o interesse pelo universo literário. Divulgação

Música na praça No palco da praça Jerônimo Monteiro, o Oswaldo Montenegro apresentou seu novo espetáculo “3x4”, seguido de Zeca Baleiro (foto) com a produção de “Calma Aí, Coração”, com repertório baseado no álbum de músicas inéditas “O Disco do Ano”, além do grupo Barbatuques que trabalha com foco no público infantil.

7

14ª Jun 2014

oas na aga

Divulgação/PMCI


8

Jun 2014

14ª

História

Divulgação

A ideia partiu de Newton Braga ao publicar um pequeno texto em um jornal promocional

Ausente Número 1: a criação do poeta Newton

O

que seria uma data especial para reunir os amigos que deixaram a cidade para estudar e trabalhar se transformou numa verdadeira festa. A ideia partiu de Newton Braga ao publicar um pequeno texto em um jornal promocional da Papelaria L. Machado. “Existem poucas cidades no Brasil de um cabotinismo tão bom quanto como o de Cachoeiro. Você esbarra com um cachoeirense fora daqui, o bicho é só saudade”, escreveu. Não é para menos que Newton Braga foi o inventor do “Dia de Cachoeiro”, que teve sua primeira festa comemorativa em junho de 39. O primeiro ausente foi homenageado em 1942. Confira a lista completa:


9

Lista completa dos Cachoeirenses ausentes

ONAME I C A

GRÁTIS

1964 – Paulo Soares 1963 – Maria Penedo 1962 – Homenagem póstuma a Newton Braga 1961 – Cristiano Rezende 1960 – Ari Garcia Rosa 1959 – Jair Ramos 1958 – Joaquim Leão Neto 1957 – Darci Monteiro 1956 – Vítor Finamore 1955 – José Ramos Penedo 1954 – Hélio Athayde 1953 – João Freitas 1952 – Rui Moraes 1951 – Rubem Braga 1950 – José Moisés 1949 – Carlos Rabelo Silva 1948 – Francisco Gonçalves 1947 – Newton Borelli 1946 – Iraci Washington do Rosário 1945 – Não houve eleição para Cachoeirense Ausente 1944 – Benjamim Silva 1943 – Trófanes Ramos 1942 – Heráclites Gonçalves

14ª Jun 2014

1990 – José Eduardo Grandi Ribeiro 1989 – Carlos Fernando M. Lindemberg 1988 – Fabiano Bueno 1987 – Arnold Silva 1986 – Jair Félix da Silva 1985 – João Batista Herkenhoff 1984 – Demistóclides Baptista 1983 – Valério Fabris 1982 – João Cândido dos Santos 1981 – Jamil Moisés 1980 – Victor Hugo C. de Castro 1979 – Professor Levy Cúrcio da Rocha 1978 – Sérgio Bermudes 1977 – Ralph Lopes Pinheiro 1976 – Péricles Machado Nunes 1975 – Albino Turbay 1974 – Luiz Fernando Rocha 1973 – Carlos Imperial 1972 – Guilherme Silva 1971 – Jece Valadão 1970 – Ernane Galveas 1969 – Raul Sampaio Côco 1968 – Gabriel Imperial 1967 – Roberto Carlos Braga 1966 – Walter Paiva 1965 – Frei Antolin Rodrigues

Horários Shopping Sul

N TO

E ST

2014 - João Eurípedes Franklin Leal 2013 - José Sérgio Franco 2012 - Sérgio M. Garschagen. 2011 – Anna Graça Braga de Abreu 2010 – Luiz Carlos de Freitas (Batata) 2009 –Michel Misse 2008 – Henrique G. Herkenhoff 2007 – João Gilberto Machado 2006 – Henrique Melo de Moraes 2005 – José Américo Mignone 2004 – José Carlos Dias 2003 – David Cruz 2002 – Amim Abiguinem 2001 – Moema Baptista 2000 – Hércules Silveira 1999 – José Mariano Lopes (Zé Lopes) 1998 – Déa Maria M. de Medeiros 1997 – Dário F. Figueira Cruz 1996 – Ewerly Grandi Ribeiro 1995 – Paulo de Tarso Medeiros 1994 – Romildo Canhim 1993 – Osires Lopes Filho 1992 – Delta Madureira Filho 1991 – Marco Viana Rezende

Lojas: Domingos: 14h às 20h

SHOPPING SUL

Segunda a Sexta: 11h às 22h

para ALMOÇO

Praça de Alimentação:

DE SEGUNDA A SEXTA

até as 14H

Domingos: 11h às 22h Segunda a Quinta: 11h às 22h Sexta e Sábado: 11h às 23h

Cine Ritz Sul: consulte os horários das sessões

Happy Hour - Quarta e Sexta


10

Jun 2014

14ª

Entrevista O professor e diretor da Faculdade de Direito de Cachjoeiro de Itapemirim Humberto Vianna falta a Mais ES

O Educador Presente Número 1

O

professor e diretor da Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim, Humberto Dias Viana, foi o escolhido pela Câmara de Vereadores como o Cachoeirense Presente deste ano. Ao lado do também professor, João Eurípedes, eleito Ausente Número 1, ele receberá as homenagens durante o período da festa do Dia de Cachoeiro. Graduado em Direito pela FDCI, pós-graduado em Direito Civil e Processo Civil e advogado, ele aponta o ano de 2000 como o grande marco na história da faculdade. “Na-

quele ano, foi concretizado um antigo sonho da comunidade educativa, dos alunos e também da sociedade cachoeirense. Através da Lei Municipal n° 4.955, de 18 de janeiro, a Instituição passou da condição de Autarquia a Fundação. Integrada as Faculdades de Ciências Contábeis e Administrativas, juntas, formam a Fundação Educacional Vale do Itapemirim – FEVIT”, conta emocionado. Num bate papo com a reportagem da revista MAIS ES, Humberto fala da emoção sobre a escolha do seu nome e os projetos em curso para a FDCI.

MAIS ES - Como o senhor recebeu essa homenagem da Câmara de Cachoeiro com a sua escolha para Cachoeirense Presente nº 1? Humberto Dias Viana - Fiquei muito orgulhoso e emocionado, com tamanha distinção. Agradeço à Câmara Municipal pela escolha de meu nome, eis que tantos outros são também merecedores de tal distinção Este ano teremos dois professores homenageados: João Eurípedes e o senhor. É a festa dos educadores? Nós que atuamos na área da educação sabemos como é difícil a docência hoje em dia. Recebo essa homenagem como um reconhecimento do nosso trabalho. O senhor foi um dos defensores da criação de uma Cidade


Universitária, hoje erguida na localidade de Morro Grande. É a realização de um sonho? Cada um de nós tem uma missão na vida. A minha foi a de construir a nova sede da FDCI, que modéstia à parte é uma das melhores estruturas do Brasil. Quais os principais desafios encontrados em seus mandatos com diretor da Faculdade de Direito? Foram inúmeros. 1) Implantação do turno matutino; 2) Reforma do prédio do bairro Ferroviários; 3) Construção da nova sede com 6.487.00 m2 de área construída; 4) Equipamentos da nova sede, etc. Existem novos projetos em curso a serem desenvolvidos na FDCI? Sim. Nosso próximo desafio será a construção do Centro de Convenções para 2 mil pessoas geminado ao Centro Cultural, cujo projeto arquitetônico já está pronto.

11

14ª Jun 2014

Arquivo FATO


12

Jun 2014

14ª

Ausente nº 1 O professor João Eurípedes Franklin Leal, da Unirio, é o escolhido

O

professor João Eurípedes Franklin Leal, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), é o Cachoeirense Ausente nº 1 de 2014. Ele foi o escolhido por um colegiado com representantes de órgãos e entidades sociais do município. Residindo na capital fluminense há mais de 30 anos e professor de Paleografia (estudo de escritos antigos) na Unirio, ele é graduado em Direito e Filosofia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), pós-graduado pela Universidade de Lisboa (Portugal) e professor visitante de Paleografia da Universidad de Valladolid (Espanha). Enquanto residiu em Cachoeiro, lecionou no Liceu Muniz Freire, no Colégio Newton Braga, no Colégio Cristo Rei e na Faculdade de Filosofia “Madre Gertrudes de São José” (atual Centro Universitário São Camilo). A reportagem da MAIS ES manteve contato com o professor que concedeu entrevista exclusiva e falou sobre a emoção de rever familiares e amigos, e dessa vez como o principal homenageado da festa do Dia de Cachoeiro. MAIS ES - Qual foi a sensação ao receber a notícia sobre a escolha do seu nome para Ausente Número 1 deste ano? João Eurípedes Franklin Leal - A notícia sobre a escolha de meu nome, para Cachoeirense Ausente Número 1 foi como ouvir o som da voz de uma mãe que nos chama para retornar ao colo materno. Realmente só vivendo um privilégio como este se consegue sentir plenamente tal sensação. É profunda e enternecedora! Residindo há mais de 10 anos no Rio de Janeiro, qual a forma de matar saudades da terra natal? A forma de matar saudades da santa terra cachoeirense é, além de criar desculpas para visitá-la, reunir com amigos queridos cachoeirenses aqui no Rio, onde a colônia é grande e entusiasmada, é ler jornais e revistas da terra, ler e reler livros sobre a cidade e também sempre buscar histórias e estória que falem de São Pedro do Cachoeiro de Itapemirim.

Álbum de Família

Festa para historiador


13 O cachoeirense é mesmo um bairrista confesso, ou isso é lenda? O cachoeirense mais do que um mero bairrista ele é um amante obcecado da cidade, de seus conterrâneos, de sua cultura e um orgulhoso incorrigível, principalmente se está fora de sua cidade. Muitas vezes é à distância que melhor enxergamos o nosso ninho.

origens históricas e culturais, melhor prestigiar seus próprios artistas e ter a coragem de ousar, ousar sempre, para estar continuamente se superando nestas áreas. Pessoas gabaritadas para tal é que não falta. O passado histórico, apesar dos heróicos memorialistas e historiadores da cidade, carece de um indispensável Arquivo Histórico Municipal.

Quais as principais recordações da cidade e dos amigos? Uma gostosa nostalgia nos faz voltar à infância e adolescência, ao footing da Praça Jerônimo Monteiro, ao passado escolar no Liceu, ao pregão do moringueiro vendendo vasos de cerâmica (moringueiro! olha o vaso!), as filosóficas murmurações da Maria Fumaça no Morro de São João, os ensaios da Lira de Ouro, a festa de Cachoeiro complementada pelo Professor Deusdedith descrevendo a parada escolar, a Banda do Liceu, os sinos da Catedral tocando ao meio-dia, as pescarias de lambaris nas enchentes do rio Itapemirim, as vesperais no Caçadores, as namoradas tão amadas e os queridos amigos do cotidiano.

Quais os principais nomes nos mais variados segmentos de atividades alavancam o nome da cidade para o resto do Brasil e no exterior? Seria uma temeridade citar nomes de uns muitos e esquecer nomes de uns poucos. Prefiro afirmar que é respeitável e reconhecida a qualidade e a quantidade de cachoeirenses atuando nos mais diversos setores, no Brasil e no exterior, honrando a terra do Itabira.

O senhor acompanha de perto, pela imprensa – via redes sociais -, o que acontece em Cachoeiro? Evidente que procuramos usar todos os meios disponíveis, para acompanhar o burburinho da cidade e assim mantermos umbilicalmente ligados a um lugar de onde, na realidade, nunca saímos ou abandonamos. Fincou raízes no Rio de Janeiro ou algum dia pretende retornar para a cidade? Tenho uma vida bastante ativa no Rio de Janeiro, seja como professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, seja como membro do prestigiado Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, seja por pertencer a Ordem Hospitalar dos Cavaleiros de Malta, seja por meus trabalhos com documentação histórica nos grandes arquivos da cidade. O senhor acredita que a produção artística e cultural da cidade tem diminuído ao longo dos anos por falta de apoio? Cachoeiro mantêm uma exemplar luta na produção cultural e artística, mas deveria melhor estudar suas

Já imaginou a sensação nos dias da programação da festa do Dia de Cachoeiro desde a célebre chegada na entrada da cidade, a recepção da família e amigos, além dos compromissos na agenda do Ausente Número 1? Sonhar é possível e a expectativa de participar, tão diretamente das festividades, faz com que tenhamos contínuos desejos de abreviar o tempo para já chegar à cidade, rever os amigos, rever locais que fazem parte de nossa alma, respirar no ambiente que reputamos seja o do nosso paraíso quase perdido. Que venham as alegrias e que sejam para todos. Ninguém é feliz sozinho! Deixe sua mensagem para o povo de Cachoeiro que, certamente, vai lhe receber de braços abertos? Caros amigos, nossa cidade tem identidade própria e única, ela se expressa, largamente, na música, nas artes, nos trabalhos, nos hábitos, na literatura e numa forma própria de ser que eu chamaria de ‘cachoeirice’. Vamos ousar, vamos descobrir novos caminhos, Cachoeiro é o nosso chão e é, sem dúvida, um reflexo de sua gente. Vamos buscar enredos novos, superando desigualdades e distâncias sociais, reverenciando a cultura e continuando a ter o imenso orgulho de ser um obstinado e apaixonado Cachoeirense.

14ª Jun 2014

Nossa cidade tem identidade própria e única, ela se expressa, largamente, na música, nas artes, nos trabalhos, nos hábitos, na literatura e numa forma própria de ser que eu chamaria de cachoeirice.


14

Jun 2014

14ª

Tradição O evento elege os seus “próprios” ausente e presente a cada ano

A festa alternativa da Praça Vermelha

I

nformal, mas com muito brilho e animação. Assim é o Encontro dos Amigos da Praça Vermelha que este ano chega a sua 28ª edição. Se no caso do Cachoeirense Ausente Número 1, a escolha é feita por uma comissão de notáveis, como dessa vez, por indicação do prefeito, dos vereadores ou por votação popular, em outras edições, no antigo CDM tudo é diferente. Os escolhidos da Praça Vermelha saem dos bate papos ao longo do ano e sem polemizar: a grande maioria elege sem necessidade de voto ou convenções. É a história oral de uma cidade. Os homenageados deste ano são: o produtor cultural e músico João de Moraes Machado, o ausente, e o presente, o servidor público Valdo Soares Carneiro. O XXVIII Encontro dos Amigos da Praça Vermelha, acontece no dia 28, a partir das 18h, sem horário para terminar, e com a participação dos músicos integrantes do “Clube da Seresta” e da ‘charanga’, uma das atrações da programação.

Divulgação/PMCI


15

14ª Jun 2014

Sobre a Festa A festa que hoje tem grandes proporções começou em 1986 no Bar CDM, que funcionava na entrada da Ponte de Ferro e era bem apertado, mas foi lá que os três amigos Ramon, Doca e Aúa resolveram promover o encontro dos frequentadores do Bar. Já o nome Praça Vermelha vem do fato de lá se reunirem os chamados esquerdistas. Era como se fosse um reduto socialista nos anos 50 e 60. Outra tradição da festa é homenagear um cachoeirense ausente e um presente. A escolha não é feita por meio de votação, mas sim uma escolha em consenso com os mais antigos fundadores, onde entram nomes de pessoas que são freqüentadores, e raramente são homenageadas pessoas que fazem parte da organização da festa.

Capixaba de Verdade


16

Atrações para todos os gostos Confira a programação!

Jun 2014

14ª

M Divulgação/PMCI

úsicos locais e artistas conhecidos nacionalmente prometem agitar a edição deste ano da Festa de Cachoeiro, em shows com entrada franca. A programação, que começou no dia 22, conta também com exposição agropecuária, rodeio, solenidades tradicionais, entre outras atividades, que vão até o fim do mês No Parque de Exposições Carlos Caiado Barbosa, são atrações musicais o grupo Sambô, o Projeto Feijoada e as duplas de sertanejo universitário Hugo e Thiago e Junior e Gustavo. A Praça Jerônimo Monteiro serve de palco para shows gospel de grupos da cidade e para o Rock da Tarde, com bandas cachoeirenses e participação especial do renomado grupo gaúcho Cachorro Grande. A chegada do Cachoeirense Ausente nº1 de 2014, o historiador João Eurípedes Franklin Leal, um dos pontos altos da parte mais tradicional dos festejos, está programada para o dia 25. No dia seguinte será a vez da entrega de comendas do município, no Teatro Municipal Rubem Braga, e é aberta a 67ª Exposição Agropecuária. O 28º Encontro dos Amigos da Praça Vermelha está marcado para o dia 28.

Domingo (22) 08h – “Troféu Imprensa” Torneio de Futebol Society Local: Arena Dalpasso (bairro Agostinho Simonato) 20h – Encontro de Corais Local: Catedral de São Pedro Quarta-feira (25) 15h - Chegada do Cachoeirense Ausente de 2014, João Eurípedes Franklin Leal Local: Horto União 16h - Sessão Solene em Homenagem ao Cachoeirense Ausente Local: Centro Operário e de Proteção Mútua 19h - Sessão Solene da Câmara Municipal Local: Jaraguá Tênis Clube Quinta-feira (26) 9h - Abertura da 67ª Exposição Agropecuária Local: Parque de Exposições Carlos Caiado Barbosa (bairro Aeroporto) 11h - Lançamento do selo de 130 anos da Matriz Velha Local: Gabinete do Prefeito (Palácio Bernardino Monteiro) 19h - Entrega de comendas Local: Teatro Municipal Rubem Braga Sexta-feira (27) 19h - Show gospel com as bandas: Herdeiros de Deus; Banda Átrios; Kouzaca e Banda; Marcos Bremer e Banda Local: Praça Jerônimo Monteiro 20h30 - Show da banda Ligação Direta 22h – Rodeio 23h55 - Show da dupla Hugo e Thiago Local: Parque de Exposições Carlos Caiado Barbosa (bairro Aeroporto) 22h - Baile da Festa de Cachoeiro, com a banda Lex Luthor Local: Jaraguá Tênis Clube Sábado (28) 09h - Torneio de Futebol de Areia e Lançamento do Núcleo Campeões de Futuro Local: Quadra de Areia do

Bairro Amarelo 14h - Rock da Tarde com as bandas locais: Urizen, Raw Power, Herbocinética e Master Of Reality. Participação especial da banda Cachorro Grande, do Rio Grande do Sul. Local: Praça Jerônimo Monteiro 19h30 - XXVIII Encontro dos Amigos da Praça Vermelha Homenagens ao Ausente João de Moraes Machado e ao Presente Valdo Soares Carneiro Apresentação musical “Clube da Seresta” Local: Praça Vermelha 20h30 - Show com Mulher de Banda 22h – Rodeio 23h55 - Show da dupla Junior e Gustavo Local: Parque de Exposições Carlos Caiado Barbosa (bairro Aeroporto) 22h - Baile de Gala Local: Caçadores Carnavalescos Clube Domingo (29) 8h - Desfile Cívico Escolar Local: Linha Vermelha 17h - Procissão da Catedral de São Pedro ao Pavilhão da Ilha da Luz 18h - Missa Solene Presidida pelo Bispo Diocesano Dom Dario Campos Local: Pavilhão de Eventos da Ilha da Luz 17h - Show do Projeto Feijoada 19h - Rodeio 21h - Show do grupo Sambô Local: Parque de Exposições Carlos Caiado Barbosa (bairro Aeroporto) Segunda-feira (30) 08h - Abertura das inscrições para a Lei Rubem Braga 2014. Local: Sala Levino Fanzeres, no Palácio Bernardino Monteiro


Sou do tempo do Poleiro dos Anjos. O Bernardino ainda tinha um muro, que era meio cerca, já que havia traves de madeira entre os vários vãos ao longo da murada. Sentados nesses mourões de madeira, a juventude transviada dos anos 70 inventava um Cachoeiro mais para Sérgio Sampaio que para Roberto Carlos. Mas essa rapaziada era meio discriminada, pois eram os cabeludos de roupas esquisitas e cheios de penduricalhos. Todos meio ripongos e, em tempos de ditadura, de esquerda. Sim, usar cabelo grande naquela época era um sinal de pensamentos libertários, que tinha menos a ver com moda e mais com atitude. O nome Poleiro dos Anjos, se não me engano, foi dado pelos próprios anjos. Passei, em meu tempo, pelo Bar do Auzílio, Bar Alasca, Sinuca do Pelicano, Bar do Dotô (mais tarde botequim da Cultura), Cine teatro Broadway, Cine Cacique e Cine São Luiz. Tomei sorvete do Delicioso na saída de minha escola primária, a escolinha Ouro Branco. E tinha medo do seu Zé 20 que cuidava da exposição agropecuária quando ainda funcionava no bairro independência. Depois o capataz passou a ser seu Benedito, um negro gigantesco, muito duro com os animais e com os vaqueiros, mas um doce com as crianças. Lembro de tê-lo visto muitas vezes mordendo o rabo de touros e burros empacados para estimular a animália a sair do lugar. Sou do tempo dos desfiles escolares na Praça Jerônimo Monteiro. Eu era o caçula da família e meu irmãos estudavam no liceu. Era sempre uma dificuldade lá em casa resolver a questão dos uniformes branquinhos e impecáveis. Mas marchar perto das esfuziantes balizas e suas performances atléticas

justificava tudo. Aprendi a nadar no Rio Itapemirim, lá na ilha da luz. Aprendi a pescar robalo, piau, piabas, lagostas de puçá e, não muito bem, a remar por entre as pedras e ilhas desse rio que me é pai. Tarrafa nunca aprendi a abrir. Meu pai, Seu Otto, abria uma 30 palmos como quem estende uma toalha na mesa. Trivial. Nos ensinou também a fazer os instrumentos necessários para tecer a malha, tanto para as tarrafas quanto para os puçás. Rodei aqueles morros todos em carroças puxadas por burros. A guisa de ajudar, ou ao seu Dadico ou ao seu Zeca. Ajudávamos sim, mas devido à grande paciência desses dois grandes carroceiros. Lembro tão bem de Ouro Fino e Boneca, o burro e a mula que ajudou no sustento da família de seu Zeca, puxando aquela carroça Cachoeiro afora. A primeira vez que ouvi Chico Buarque, Gil e Cia foi na rádio Cachoeiro AM. Também ouvi Sérgio Sampaio pela primeira vez nas ondas da ZY-L9. E não foi o Bloco. Foi primeiro Coco Verde e depois doutor Pacheco do disco da Grã Ordem Kavernista, com Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Edy Star e Míriam Batucada. As músicas eram tocadas na programação normal, mas quem encaminhava e começava tudo era o meu querido amigo Cliveraldo Miranda. Saudades, meu chapa. Comecei minhas leituras com Castro Alves, Catulo, Newton e Rubem Braga. Ia muito na Iha da Luz visitar meus padrinhos de batismo, Gastão Coelho e madrinha Auzira. Também frequentava a casa do amigo da família, Dr. João de Deus Madureira, para cuja família trabalhava a minha tia avó, irmã de meu avô Orlando Sapateiro. Minha tia Bebé. Lá no quintal dos Madureira, bem perto do rio, ficavam os canis, cheios de cães perdigueiros. Eu tinha medo, pois era pequenino e a cachorrada, enorme. Ía muito passear a pé pelas bandas do Itabira e já subi a pedra da Freira. Acampávamos pelas matas num tempo em que não havia barracas para comprar nas lojas. Levávamos lona e nós mesmos cuidávamos da engenharia. Devidamente orientados pelo seu Otto, bem como a arte de se embre-

nhar nas matas sem se perder. A gente criava galinha para ter e vender ovos. Também para comê-las aos domingos, fazer paco-paco, que é uma mistura de clara em neve, gema, açúcar cristal e farinha de mandioca. Meu pai fazia o puxa-puxa. Um doce que exigia muita habilidade e uma rapadura pura, sem gengibre ou mamão. Minha casa vivia cheia de gente. Sempre foi uma tradição em minha família ter por perto os chegados e quase sempre um agregado aboletado na casa. Por lá viveram Jorge e Sérgio Sampaio em épocas diferentes; tios em momentos de dificuldades, primas e amigas também. Eu ia corriqueiramente lá para os lados da Pedra do Caramba passear com minha mãe. Ah! Me lembro agora do primeiro hamburguer lá no Patinhas, quando funcionava ao lado do Armazém Coelho, se não me falha a memória. Vinha com maionese, mas era salada de maionese, com batata, cenoura e xuxu. Mais tarde acertaram a receita. Comprei muito leite na carroça que passava em minha rua vendendo; tínhamos o saco de pão para ir à padaria e depois deixar os pães dentro do saco pendurado atrás da porta. Em frente à minha casa passava a linha do trem e por sobre a linha passavam as Maria Fumaça e depois as locomotivas a óleo diesel, que a gente chamava de Rendeiras. Conto desse meu passado, dessa minha infância – e muita coisa faltou contar – para clarificar o amor que tenho por Cachoeiro. Como poderia eu sentir outra coisa que não essa admiração pela minha terra, onde amei pela primeira vez, aprendi os valores morais e o amor pela arte. Não sou bairrista “apesar de” sou bairrista “por causa de”. Não sei de meu futuro, ninguém sabe. Mas gosto de imaginar minha alma – e que ela exista – passando, pelo menos uma noite de lua ou uma manhã de serração, lá embaixo no rio, depois da ponte dos arcos, perambulando pelos remansos da volta do caixão. Se alma ri, a minha estará dando risada em longas conversas com outros que terão ido antes de mim. Cachoeirenses retintos, abrigados naquele vale por onde o Rio Itapemirim ainda chia. Será o nosso novo Poleiro dos Anjos.

14ª

Jun 2014

Poleiro dos Anjos

17


18

Jun 2014

14ª

Entrevista

Um franciscano conduz a Diocese de Cachoeiro Dom Dario Campos, nascido em Castelo, fez os cursos de Filosofia e Teologia no Instituto Franciscano de Petrópolis (RJ), e o mestrado em Filosofia e Pedagogia junto à Faculdade Don Bosco, em São João del Rei (MG). Fez a profissão perpétua na Ordem Franciscana no dia 10 de fevereiro de 1975, e dia 8 de dezembro de 1977 recebeu a ordenação sacerdotal. Dentre os muitos encargos desempenhados no exercício de seu ministério sacerdotal, foi Presidente da Conferência dos Ministros Provinciais de sua Ordem (1995-1997). Em 5 de julho de 2000 foi nomeado Bispo Coadjutor de Araçuaí, em Goiás, recebendo

a ordenação episcopal em 26 de setembro sucessivo. Dia 8 de agosto de 2001 tornou-se Ordinário da mesma diocese. Dia 23 de junho de 2004 foi transferido para a Diocese de Leopoldina (MG). No âmbito do Regional “Leste 2” da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) – Regional formado pelos estados de Minas Gerais e Espírito Santo – foi membro do Conselho Episcopal, Responsável pelo Setor Vocações e Ministérios e pelo acompanhamento dos sacerdotes nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Dom Dario tomou posse na diocese de Cachoeiro de Itapemirim em Missa Solene realizada no dia 10 de julho de 2011.

MAIS ES - Qual a avaliação que o senhor faz sobre o seu trabalho pastoral há três anos na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim? Ao chegar em Cachoeiro procurei dar continuidade ao trabalho do meu antecessor e do administrador diocesano. Este ano estamos em processo de assembléias, tendo como meta a nossa Assembleia diocesana* em novembro. Quantas paróquias compõem a Diocese? E o número aproximado de fiéis? A Diocese de Cachoeiro de Itapemirim tem 42 paróquias, que ocupam todo o sul do Estado do Espírito Santo. Aproximadamente 450 mil fiéis católicos participam de nossas paróquias. Quantos municípios do sul do Estado fazem parte da Dio-


cese de Cachoeiro? A diocese abrange 27 municípios do sul do Estado. O senhor é capixaba do sul do Estado, de Castelo, qual a sua trajetória pastoral dentro da Igreja desde a ordenação? Saí de Castelo com 3 anos e voltei com 60 anos. Aos 19 anos fui para Minas Gerais onde me ingressei aos Frades Franciscanos, aí permaneci até retornar a Cachoeiro de Itapemirim. Como o senhor analisa o trabalho do pontificado do Papa Francisco, inclusive com sua viagem histórica a Israel? O Papa Francisco é uma pessoa muito alegre, que tem um carisma muito grande junto ao povo. Seu pontificado trará muita alegria para nossa Igreja. Voltando a Cachoeiro. Qual a sua avaliação sobre a situação econômica e social da região sul, em especial Cachoeiro que é a cidade polo. Vejo no povo capixaba um povo honesto e trabalhador. Percebo com tristeza que todo o polo industrial se

volta para o norte do Estado. Parece que a Construção do novo Porto no litoral sul abre um caminho promissor para o nosso desenvolvimento. Fale da importância do encontro entre cachoeirenses que moram em outros estados e até países durante a festa do padroeiro São Pedro. No momento em que se festeja o padroeiro da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim e da Cidade, manifestamos a unidade de nossa Igreja diocesana e do povo de nossa cidade, portanto, é um momento em que as pessoas que moram fora da cidade voltam , para rever seus parentes e sua terra natal. É sempre muito bom estarmos juntos para rezar e festejar. Qual a mensagem que o Bispo Diocesano deixa para a comunidade católica? Neste dia em que o povo se reúne em torno do seu Padroeiro, pedimos a Deus que ilumine a todos e que sejamos construtores de um mundo novo, cheio de paz e de alegria, e que Nossa Senhora do Amparo nos ajude a sermos solidários e fraternos com os nossos irmãos e irmãs.

19

14ª Jun 2014

Dpto. Dioscesano


20

14ª

Cultura

Conhecendo Cachoeiro pela Literatura

Jun 2014

Divulgação

A produção literária em Cachoeiro de Itapemirim, desde Basílio Carvalho Daemon, com os apontamentos sobre a história do Espírito Santo de 1500 a 1879, sempre foi vasta e com grandes nomes que marcaram a história da literatura e, ao mesmo tempo, registraram os nossos passos Nesta edição especial da Festa de Cachoeiro, destacamos alguns dos nomes contemporâneos que contribuíram com suas obras para manter vivo o rico legado dos nossos antepassados. Divulgação

Manoel Maciel Com a obra Voltando ao Cachoeiro Antigo, dividida em dois volumes – 1999 e 2004 -, o professor e historiador Manoel Gonçalves Maciel fez uma excelente trabalho de pesquisa sobre a história do município. Os livros, com mais de 800 páginas, algumas com fotos e gravuras, cobrem vasto período de nossa história. Uma obra de consulta que pode ser encontrada na biblioteca municipal Major Walter Paiva ou em grande parte das escolas da rede municipal. São “causos” recolhidos pelo professor e que dão prazer da leitura. Evandro Moreira Com “Nosso Pequeno Cachoeiro”, uma obra resumida dos dois volumes de “Cachoeiro: uma história de lutas”, o escritor buscou informar, de forma didática, peculiaridades do município. Diferente da última obra, que remonta a história da cidade – ‘Cachoeiro: uma história de lutas’ – o novo livro possui textos claros e mais objetivos. “Além de informações Arquivo FATO mais atualizadas, a obra é fundamental para os jovens e a população em geral, que pouco conhece a terra onde vive”, ressalta Evandro Moreira. O livro traça aspectos geográficos, personagens políticos e sociais, além de traços da economia, saúde e, principalmente, cultura são mencionados em 186 páginas.


Divulgação

Newton Braga O poeta e criador do Dia de Cachoeiro, bairrista por convicção, lançou em 1946, “Histórias de Cachoeiro”, livro quase didático, com 92 páginas. O autor revela, à época, que seu trabalho visava “despertar nos jovens de minha terra o interesse pelas coisas de nossa história, mostrando-lhes, a esmo, figuras e episódios de nossa formação”. A última edição publicada foi pela Prefeitura de Cachoeiro, em 1986. Outros autores também são responsáveis por conservar viva, através de suas escritas, fatos que são registros importantes do nosso município, entre eles, Izabel Lacerda Salviano da Costa com o livro Cachoeiro Suas Pedras Sua História que relata a saga dos pioneiros na extração de rochas ornamentais no município e Memórias de Cachoeiro, de Marco Antonio Carvalho, com pinceladas sobre as obras de Rubem Braga, o maior cronista brasileiro depois de Machado de Assis, de Newton Braga; Minha Terra e Meu Município, de Antonio Marins, livro muito citado por historiadores e pesquisadores, pois Marins entrevistou muitos dos que fizeram a história de Cachoeiro. Foi contemporâneo de outros tantos que vieram a comentar e escrever sobre nossa história, entre tantos outros.

21

14ª Jun 2014

Divulgação

Adilson Silva Santos O professor universitário transformou sua tese de mestrado no livro “Bernardo Horta de Araújo e a Política de Cachoeiro de Itapemirim” que mapeia a carreira do biografado como propagandista da República. O destaque é para o marco inicial com a criação do primeiro clube republicano do Espírito Santo, em Cachoeiro de Itapemirim, em 23/05/1887, e o seu encerramento no dia 20/02/1913, quando, no Rio de Janeiro, ele se suicida. O tratado do professor Adilson também está centrado na política municipal de Cachoeiro de Itapemirim e suas relações com a política estadual, com destaque para as eleições municipais desse período. A obra é finalizada com a atuação política de Bernardo Horta como deputado federal e sua relação com a política municipal, terminando com o seu suicídio.





Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.