Metrópole Manaus #06

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METRÓPOLE Ano 04 | Número 06 | Junho 2015 | R$ 8,00

MANAUS

Museu vivo

O universo da floresta nas trilhas do Museu da Amazônia

ZFM + 50 | Desafios para o desenvolvimento

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Manaus Olímpica | Futebol de alto nível no Amazonas METRÓPOLE MANAUS | Maio de 2014 | 1


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METRÓPOLE MANAUS - ANO 4 Nº 6 Junho 2015 Diretor/Editor Luiz Hely Pereira Farias fronth2@gmail.com

Redação Fred Novaes Edição de Fotografia Herick Pereira

ESPORTE E LAZER NA PONTA NEGRA |

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ZONA FRANCA DE MANAUS + 50 |

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MANAUS OLÍMPICA |

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NOVO AIRÃO - ESPLENDOR DAS ÁGUAS |

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O POVO VAI ÀS RUAS|

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herickfoto@gmail.com

Design Mário Henrique Silva Comercial Benilza Belém benilza@fronth2.com.br

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CAPA | 14

Produção

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Foto Capa: Vanessa Gama

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| EDITORIAL

Trilhas socioeconômicas e ambientais As trilhas na floresta no Museu da Amazônia, revelam o espetacular universo de diversidade biológica em um fragmento de floresta nativa dentro da cidade de Manaus. Nesta edição METRÓPOLE MANAUS convida o leitor para uma visita a esta verdadeira “catedral amazônica” e a conhecer um pouco dos seus segredos e mitos. Aproveitar a atmosfera urbana e praticar atividades saudáveis na orla da Ponta Negra, com vista para o majestoso Rio Negro, é também uma sugestão às famílias de Manaus na matéria sobre faixas liberadas para passeio e exercícios físicos em diferentes pontos da cidade. A perspectiva de desenvolvimento com base no modelo Zona Franca de Manaus, em meio a crise econômica, e as alternativas de diversificação das atividades produtivas aparecem na abordagem e registro de mais 50 anos de vigência aprovados pelo Congresso Nacional.

A escolha de Manaus como uma das sedes para os jogos Olímpicos de 2016, para receber competições de futubol masculino e feminino na Arena da Amazônia, também é destaque nesta edição. As potencialidades turísticas do município de Novo Airão, que integra a região metropolitana, se apresentam como uma opção para quem deseja contatos imediatos com a exuberância de nossas paisagens, com a gastronomia e com a cultura da nossa terra. Um registro sobre os atuais protestos sociais nas ruas das cidades brasileiras, onde o povo externa o sua desaprovação em relação à gestão do governo federal, a corrupção e a irresponsabilidade na administração de recursos públicos e aumento de impostos, completa a edição de METRÓPOLE MANAUS. Boa leitura.

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Maio de 4 | METRÓPOLE MANAUS | Junho de2014 2015


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Fotos: Herick Pereira

| VIDA SAUDÁVEL

Na orla da praia da Ponta Negra a ordem é se divertir

Faixa liberada para espor

C

onsolidado como uma iniciativa inclusiva de lazer para a população num dos principais cartões postais de Manaus, o projeto Faixa Liberada completa cinco anos com perspectivas de ampliação das atividades em toda a capital. Depois de fazer sucesso no trecho da orla da avenida Coronel Jorge Teixeira, na Ponta Negra, o projeto está sendo estendido para outras zonas da cidade desde o fim do ano passado. O projeto da Prefeitura de Manaus foi inspirado em um similar da cidade do Rio de Janeiro no trecho da orla com 4,15 quilômetros entre as praias do Leme e de Copacabana. O Faixa Liberada em Manaus teve início na Ponta Negra, no Maio de 6 | METRÓPOLE MANAUS | Junho de2014 2015

dia 15 de março de 2010. De lá para cá, mais de 400 edições foram realizadas, com aproximadamente 600 mil participantes nas caminhadas, pedaladas e corridas para manter a forma e a saúde do corpo e da mente. Uma das grandes conquistas do projeto foi incentivar pessoas que se encontravam no sedentarismo para a prática de uma vida mais saudável, a partir de atividades físicas regulares. A dinâmica do projeto é simples: interromper a circulação de veículos em um dos corredores da avenida Coronel Jorge Teixeira no período das 6h às 12h, nos domingos, e das 17h às 22h, nas quartas-feiras para estimular a prática de atividades como caminhada, corrida, patins,


te e lazer na Ponta Negra bicicleta, passeio com cães, skate, dentre outras. Tudo num ambiente familiar para todas as idades. Depois de um período de consolidação, quando poucas pessoas apostaram no sucesso, o Faixa Liberada deslanchou com aproximadamente dois mil participantes por evento o que levou a estender as atividades para as quartas-feiras à noite, além do domingo pela manhã. A inclusão de uma nova data atendeu aos inúmeros pedidos dos participantes que sugeriram incluir mais um dia da semana para exercitar o corpo. A segunda expansão do projeto aconteceu no início de 2014, quando os amantes de espor-

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Fotos: Herick Pereira

| VIDA SAUDÁVEL

tes radicais passaram a contar, aos domingos, das 6h às 12h, com uma ladeira de aproximadamente um quilômetro de extensão, situada no Parque das Laranjeiras, na avenida Visconde de Porto Seguro. A cada edição, o local recebe praticantes de trike drift, longboard, skate e patins para aperfeiçoar suas habilidades. Ainda no final do ano passado, em dezembro, o Faixa Liberada foi levado ao Passeio do Mindu, na zona Centro-Sul da cidade, onde foram realizados serviços de tapa-buraco, drenagem superficial e substituição de luminárias nos 800 metros de extensão das duas vias de acesso ao lugar para receber a iniciativa, bastante elogiada pelos moradores daquela área da cidade. Mais do que um espaço para o lazer, o Faixa Liberada tem servido para estimular os participantes no ingresso às atividades físicas. Em muitos eventos, são convidados professores de educação física para iniciar os visitantes em atividades de movimento aeróbico, como step, jump e zumba. Iniciação ao jiu-jitsu, tae kwendo, muay thai e karatê também foram apresentados aos novos atletas. As atividades em Manaus são coordenadas pela Secretaria Municipal de Juventude, EsporMaio de 8 | METRÓPOLE MANAUS | Junho de2014 2015

te e Lazer (Semjel). De acordo com o diretor de Desporto da Semjel, André Galvão, a escolha do Complexo Turístico Ponta Negra para receber a Faixa Liberada surgiu a partir da ideia em oferecer um espaço amplo e agradável para que as atividades físicas fossem praticadas com segurança. “Devido ao número de corridas pedestres que são organizadas e realizadas na cidade e o aumento de praticantes resolvemos criar condições adequadas para a prática desta modalidade. A Faixa Liberada da Ponta Negra é o espaço esportivo mais democrático da cidade. Lá recebemos todos os públicos, desde competidores a amadores, esportistas, skatistas, idosos, dentre outros”, declarou Galvão. Atualmente a prefeitura trabalha no aperfeiçoamento da identificação visual do projeto para facilitar o acesso, inclusive de turistas. Para isso, estão sendo confeccionadas placas para informar as pessoas dos limites, horários e dias do projeto. Nos eventos na Ponta Negra, a ação de saúde também é ponto de destaque, com a presença de acadêmicos de medicina da UEA para aferir a pressão e dar dicas de saúde. A intenção é oferecer lazer com tranquilidade e segurança. Em março deste ano, o projeto chegou até


a Zona Leste num trecho de 500 metros da avenida Itaúba. O objetivo é alcançar todos os bairros de Manaus para potencializar o oferecimento de oportunidades para a prática da vida saudável. A próxima zona da cidade a receber as atividades será a Norte, possivelmente na Cidade Nova. Atualmente equipes multidisciplinares da prefeitura estudam a viabilidade de ruas para receber as atividades. O Faixa Liberada se caracteriza por atrair famílias. Nele, pessoas de todas as idades dividem democraticamente os espaços com harmonia e civilidade. Bom senso é a palavra chave. “As pessoas sabem que é preciso respeitar o limite dos outros e tudo é feito com a supervisão das equipes do projeto”, disse um dos participantes. Em cada evento, pelo menos 20 integrantes da Semjel atuam com a assistência de integrantes de outras secretarias municipais, como o Manaustrans. Para este ano, a intenção é consolidar ainda mais o projeto, diversificando as atividades com novos professores convidados e a expectativa de mais participantes nas quartas e nos domingos.

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Skate, ciclismo e ginástica para todas as idades no Faixa Liberada

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Fotos: Arquivo Suframa

| ZFM + 50

Mais 50 anos: a ZF

T

ransformar um modelo de desenvolvimento regional considerado de sucesso, mas que atravessa uma crise de afirmação, em meio a uma série de questionamentos, dúvidas e incertezas. Isso é o que se apresenta no horizonte para a Zona Franca de Manaus até 2073, com a garantia dos incentivos fiscais do governo federal para o modelo funcionar por mais 50 anos, além do prazo de vigência anterior. A decisão do Congresso Nacional manifestada em agosto do ano passado trouxe muitas perspectivas e uma série de desafios para aqueles que apostam na ZFM diante de um cenário hostil construído por uma prática econômica contraditória executada pelo governo federal. A expressão da moda para a ZFM é diversificar a matriz econômica. Um consenso óbvio que esbarra numa série de entraves que, por sua vez, dificulta observar as luzes do caminho para essa conquista. O presidente do Centro da Indústria do Estado do Maio de 10 | METRÓPOLE MANAUS | Junho de2014 2015

Amazonas, Wilson Périco, enfatiza a necessidade de estar atento ao novo ciclo de desenvolvimento do Amazonas, aprendendo com os erros e acertos dos modelos extrativistas e do “boom” econômico com o advento da ZFM, principalmente a partir dos anos 90. “Precisamos aproveitar o momento e desenvolver novas matrizes econômicas, buscando a descentralização nos demais municípios, com o suporte de atividades como turismo, piscicultura, fruticultura, bens minerais e insumos cosméticos e fármacos”, acrescentou. Périco destaca a necessidade de romper com o imobilismo político de Brasília e articular uma estratégia com as forças locais a fim de delinear novos caminhos para o Polo Industrial de Manaus. “Precisamos de coragem para tomar o nosso futuro nas mãos. Temos diversos agentes no Estado capazes de desenvolver soluções”, disse. O presidente do Cieam avalia que a UEA, custea-


FM em perspectiva da com repasses da indústria, é um dos agentes catalizadores dessas soluções. Recursos não faltam. As indústrias patrocinam quase duas vezes o orçamento da UEA, no fundo criado para sua manutenção, e custeiam ainda os programas regionais de pesquisa e desenvolvimento e os fundos estaduais de turismo e fomento municipal, que permitiram, por exemplo, financiar os projetos de cadeias produtivas no interior. São mais de R$ 2,3 bilhões de investimentos, entre P&D, universidade, turismo e programas de agroindústria para a população ribeirinha. Quando se fala no aproveitamento das vocações regionais e da rica biodiversidade amazônica logo vem à mente o Centro de Biotecnologia da Amazônia, criado exatamente para prospectar esse futuro, no início deste novo século. Mas em aproximadamente 15 anos pouco se avançou nesta área. O pesquisador Ennio Candotti é enfático sobre o que chama de equívoco na implantação do centro.

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“O CBA é um antiexemplo do que deve ser feito. Foram 15 anos perdidos”, afirmou. Com a experiência de quem, por três vezes, comandou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Candotti afirma que entre os equívocos do CBA está o fato de não possuir conselho técnico-científico. “Não se pode pensar em ciência aplicada sem base. É como querer abrir a galinha de ovos de ouro para ver a riqueza dentro dela. É preciso enxergar o valor de cada ovo, um após o outro”, exemplificou. Para ele, qualquer instituto precisa ser avaliado, trabalhar com pós-graduação e gerar um efeito multiplicador que se dá em médio e longo prazo. Usando outra analogia, o pesquisador afirma que para ter sucesso no futebol é preciso ter inúmeros campinhos de várzea (pelada). Essa base é que vai garantir o sucesso do projeto. “Minha sugestão é instalar pelo menos um jardim botânico em cada um dos municípios do Estado”, sugeriu o físico. METRÓPOLE MANAUS | Junho de 2015 | 11


| ZFM + 50

Desenvolvimento com baixo impacto ambiental A importância da ZFM e do Polo Industrial de Manaus ultrapassa os limites do território nacional. O PIM é um dos mais modernos parques industriais da América Latina, reunindo indústrias de ponta das áreas de eletroeletrônica, veículos de duas rodas, produtos ópticos, produtos de informática, indústria química, dentre outros segmentos. Além disso, por conta de sua existência foi possível manter preservada pelo menos 98% da floresta na área total do Estado. Um impacto que não compromete a natureza. As indústrias locais produzem motocicletas, aparelhos de som, bicicletas, câmeras fotográficas, canetas, cds, condicionadores de ar, dvd player, blu ray, forno microondas, computadores, monitores de LCD, placas de circuito, rádios, receptor de tv, relógios, celulares, televisores e videogames, dentre outros produtos.

No ano passado, o faturamento do PIM alcançou R$ 87,2 bilhões, fechando 2014 com 117.867 trabalhadores, mas a média mensal em todo o ano foi de 122.100 trabalhadores. O polo amazonense contava com 485 empresas com laudo de operação (ativas) em dezembro do ano passado. Neste ano, são 115.958 trabalhadores e 474 empresas ativas, segundo dados dos Indicadores da Suframa referentes até o mês de fevereiro. Com toda essa pujança, Manaus responde por 50% de toda a arrecadação fiscal da União na região Norte e, apesar disso, não recebe a contrapartida em investimentos do governo federal. Em 2013, a exportação de recursos para a União foi de R$ 12,967 bilhões, e recebeu de volta (transferência) apenas R$ 2,753 bilhões, gerando uma exportação líquida, para a união, de R$ 10,213 bilhões.

Menos investimentos e autonomia reduzida Um dos motivos de reflexão e desconfiança é queda no volume de investimento no PIM nos últimos anos. Segundo levantamento do presidente da Associação de Consultores Econômicos do Amazonas (Ascon), economista José Laredo, foi verificado uma queda de 63,93% do volume de implantação de projetos na ZFM no ano passado. Enquanto em 2013, o CAS aprovou 220 projetos com investimentos na ordem de US$ 3,5 bilhões, em 2014, a quantidade de projetos caiu para 111 e seus investimentos somaram US$ 1,064 bilhão. O consultor empresarial Raimundo Lopes, da Projec, explica que além do cenário desfavorável das economias internacional e nacional, os custos de produção no PIM são onerados pela complexa logística e a deficiência da infraestrutura local que, praticamente, anulam as vantagens comparativas decorrentes dos incentivos fiscais instituídos pelo Decreto Lei Nº 288/1967. “A tomada de decisão para investir na ZFM passa pela dúvida sobre questões como a guerra fiscal, a reforma tributária e o resgate da autonomia administrativa e financeira da Suframa, como preconiza o Decreto-Lei Nº 288/1967, para que a autarquia possa polarizar o desenvolvimento reMaio de 12 | METRÓPOLE MANAUS | Junho de2014 2015

gional na Amazônia Ocidental”, explicou o consultor. O que diminui o interesse do investidor pela ZFM é a falta de sistematização na fixação do Processo Produtivo Básico (PPB) sobre alguns produtos, a infraestrutura deficiente, além da ausência de um planejamento estratégico integrado. Esses foram alguns dos principais gargalos levantados pela Federação das Indústrias do Estado do Amazonas - Fieam, segundo o consultor, para a atração de novos investimentos para a ZFM. O presidente do Conselho Regional de Economia/ AM, Marcus Evangelista, vê o enfraquecimento da Suframa como o principal problema no momento. “É preciso que o governo federal reconheça a importância do modelo e, principalmente, passe a valorizar as ações da Suframa, dando-lhe de volta o fôlego financeiro que vem sendo contingenciado desde 2003”, disse. “Precisamos que esse órgão seja fortalecido em função de sua importância para o futuro da ZFM. Precisamos de ações rápidas e eficientes, de nada adianta a conquista da prorrogação se não tivermos ações que possam garantir a continuidade da atração de novos investimentos para o PIM”, acrescentou.


Arquivo CIEAM Arquivo PROJEC

Wilson Périco - Cieam

Arquivo CORECON

Raimundo Lopes - Projec

“A importância da Zona Franca de Manaus é evidente e inquestionável. Seja em termos sociais, econômicos ou ambientais. A partir do modelo de desenvolvimento regional, pôde se garantir a geração de emprego e renda e proporcionar uma alternativa econômica não predatória que permitiu a preservação de 98% da vegetação nativa do Estado do Amazonas. Fora os benefícios espraiados aos demais Estados da área de abrangência da SUFRAMA, como os de incentivo ao turismo, educação, melhoria de infraestrutura local e atividades voltadas às potencialidades regionais. Claro que sabemos que há obstáculos a serem enfrentados e superados, tais como questões logísticas e de infraestrutura. Equacionar estes pontos é fundamental para otimizar e desenvolvermos ainda mais o Polo Industrial de Manaus e a região como um todo. Além disso, a extensão do prazo até 2073 nos dá um horizonte para repensarmos o modelo Zona Franca, buscando fomentar a criação de produtos localmente. Desta forma poderemos exportar conhecimento, e já temos exemplos concretos dessa nova realidade. A maior empresa do Polo investiu em um centro de desenvolvimento e tecnologia para desenvolver produtos em Manaus e esperamos que esta iniciativa estimule outros atores da região a fazer o mesmo.” Gustavo Igrejas Superintendente da Suframa - em exercício

Marcus Evangelista - Corecon 13 | METRÓPOLE MANAUS | Maio de 2014

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Arquivo SUFRAMA

Modelo preserva meio ambiente


| MUSA

O pulsar da vida na florest “D

Fotos: Vanessa Gama

o alto, tudo fica mais claro”. A frase resume o sentimento de todos que visitam o Museu da Amazônia, o Musa, um tesouro vivo encravado no coração da Zona Leste a poucos minutos do Centro de Manaus. Um espaço privilegiado que abriga vasta extensão de mata primária formando uma verdadeira “catedral” de celebração da floresta. Esse sentimento ganha cores mais vibrantes quando se escala 220 degraus de uma das torres de observação, num total de 42 metros de altura, de onde se pode observar o cume das árvores mais altas. O Musa é um local de visitação aberto, na floresta, onde se pode ver e ouvir insetos, aves e outros bichos, sentir perfumes e contemplar as flores de uma maneira especial. Tudo isso é possível encontrar neste museu, diferente de todos os outros, instalado na Avenida Margarita, s/nº, bairro Cidade de Deus, com uma área de cem hectares na Reserva Ducke, onde pode-se admirar uma amostra da vasta biodiversidade, com seu universo macro e microscópico que compõem a vida na floresta amazônica. A torre com plataforma de observação do dossel (estrato superior) da floresta é o ponto alto do museu. Ela funciona como um portal para que os visitantes e os pesquisadores possam ter

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acesso a uma nova dimensão visual da selva, experimentando a perspectiva dos pássaros. O acesso até ela é sempre monitorado por um dos 15 guias disponíveis no museu. A experiência com os monitores, todos capacitados, permite agregar à visitação o conhecimento necessário para sair do Musa com a sensação de que nunca mais vai olhar a floresta de maneira superficial, mas como um conjunto integrado ao universo da vida natural. No museu estão disponíveis duas mostras fixas: “Sapos, peixes e musgos”, uma exposição que fala sobre evolução, mostrando a evolução de peixes, anfíbiose plantas; e “Peixe e gente”, que enfoca o mito da criação dos índios Tukano e Tuyuka, habitantes do Alto Rio Tiquié, no noroeste amazônico, ilustrado metaforicamente no ritual de construção de elaboradas armadilhas de pesca. Os visitantes andarilhos contam com cinco trilhas ecológicas na mata, onde se pode reconhecer e entender como funciona o sistema florestal e descobrir a importância de se manter a floresta em pé. Também tem acesso ao lago de macrófitas, com vitória-régias e murerus, e o serpentário, com jibóias e sucuris. É importante chegar ao museu de tênis confortáveis ou botas para as caminhadas nas trilhas.


ta amazônica Na floresta, os guias apresentam quase tudo que uma floresta de terra firme tem. “Explicamos sobre o solo, ciclagem de nutrientes, sobre a flora, e destacamos espécies florestais como o angelim pedra, breu branco, entre outras. Sobre fauna, falamos da diversidade de insetos e outros animais. Temos também um orquidário e bromeliário com espécies amazônicas”, explicou a coordenadora dos monitores, a bióloga Karla Arakaki. O trabalho solitário da cigarra, a harmonia obediente das formigas e o espírito guerreiro dos cupins. Tudo isso salta aos olhos do visitante mais atento que pode enxergar a vida em estado latente no microcosmos da floresta. A riqueza de informações e detalhes visuais equivale a uma aula prática de ciências ambientais, para todas as idades e níveis de conhecimento. As visitas guiadas são realizadas em grupo de hora em hora, de terça a domingo, das 9h às 16h. Os turistas estrangeiros que fizerem agendamento poderão contar com monitores bilíngues. Desde o fim do ano passado, o Musa passou a cobrar pelo acesso ao museu, com preços diferenciados para quem vai percorrer apenas as trilhas e as exposições e para quem também vai acessar a torre de observação.

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A torre do Musa permite a observação do dossel da floresta

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Na terça-feira, a visita sem o acesso à torre é gratuita para todos, com exceção nos feriados. De quarta a sexta-feira, o bilhete inteiro custa R$ 8. Aos sábados, domingos e feriados, é R$ 10. Com a subida na torre, os preços ficam assim: terça-feira, R$ 16 (inteira); quarta a sexta-feira, R$ 24; sábados, domingos e feriados, R$ 30. Para incentivar a visitação dos moradores dos arredores foi criado o programa Nosso Musa, que favorece a vizinhança com o custo de meia-entrada, assim como já ocorre com estudantes e idosos. Crianças até cinco anos não pagam. Crianças e adolescentes até 14 anos precisam estar acompanhadas dos pais. Escolas públicas também têm acesso gratuito, mas precisam fazer agendamento pelo e-mail: agendamento@museudaamazonia.org.br ou pelo telefone: 3582-3188. O diretor do Museu da Amazônia, o físico Ennio Candotti, é um entusiasta do espaço como um instrumento para a disseminação e a popularização do conhecimento científico, como um laboratório vivo para aproximar a ciência das pessoas. O pesquisador avalia que a grande importância do Musa é a possibilidade de a floresta ser vista como cúmplice, como entidade colaboradora para a sobrevivência do planeta e o bem estar de todos. “É importante entender a natureza, dialogar com ela para compreendê-la”, acrescentou. O valor do Musa cresce quando entendemos que o museu está instalado num trecho de floresta primária de aproximadamente dez mil anos que carrega a gênese da vida na Amazônia. “Todos os povos gostariam de ter uma floresta primária tropical, um verdadeiro tesouro da natureza”, explicou. Só para reflexão, Candotti, informa que em cada uma das árvores milenares no museu pode haver várias espécies de formigas e uma diversidade de outros organismos da floresta. Criado em 2009, o Musa é fruto de planejamento, parceria e investimento. A ideia inicial surgiu a partir do convite do Governo do Estado, em 2008, que ofereceu a perspectiva de montar um museu vivo na floresta. Para isso, foram captados recursos da UEA e da Fapeam, do orçamento oriundo da receita construída a partir de um percentual do faturamento das indústrias do Polo Industrial de Manaus. Um convênio de R$ 1,5 milhão foi firmado com a UEA e a Fapeam fez aporte no valor de R$ 500 mil, além de o professor Ennio Candotti ter sido contratado como professor visitante na UEA. Maio de 16 | METRÓPOLE MANAUS | Junho de2014 2015

Fotos: Vanessa Gama

| MUSA

A diversidade biológica pode ser contemplada pelos visitantes nas trilhas do Museu da Amazônia


O olhar mais atento pode identificar o multicolorido da vida em animais e plantas que se completam no equilíbrio do ecossistema

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Ennio Candotti, diretor do MUSA

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Foto: Front

Por questões burocráticas, o contrato de comodato da área do museu por 15 anos somente foi assinado em 2011, ocasião em que foi possível ter acesso a um financiamento de R$ 8,5 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento, Econômico e Social (BNDES), por meio do Fundo Amazônia, para a realização das obras físicas no local, com instalação dos prédios de convivência e pesquisa e das torres de observação. Desde então, o convênio de R$ 1,5 milhão com a UEA vem sendo renovado anualmente, mas ele sozinho é insuficiente para bancar as despesas de custeio e manutenção do Musa, que giram em torno da R$ 3 milhões ao ano. O saldo positivo do financiamento do BNDES tem ajudado na manutenção do Musa, mas esse recurso, segundo o diretor geral, está se esgotando. Uma maneira de ajudar na manutenção do Musa é divulgar seus atrativos na base do boca a boca para ampliar o número de visitantes. Para chegar ao local é bem fácil. Para quem vai de transporte coletivo, o melhor ponto de referência é a estação de ônibus que fica bem em frente ao museu, onde param as seguintes linhas: 676 (que passa pela Avenida Getúlio Vargas, no Centro de Manaus); 448 (T3 / T1); 052 (T3); 061; 069 (T4). Quem vai de carro, pode acessar pela avenida Torquato Tapajós, passando pela Alameda Rio Branco. O motorista tem ainda a opção de ir pela avenida Noel Nutels (Cidade Nova, na Zona Norte) ou pela avenida Autaz Mirim (Zona Leste).


| OLIMPÍADAS

A

Arthus Joel

s Olimpíadas de 2016 ainda nem começaram, mas Manaus já comemora a conquista do selo olímpico. Escolhida como uma das cidades que irão repartir com o Rio de Janeiro a honra de receber partidas dos jogos olímpicos de futebol, a capital do Amazonas já projeta os ganhos na visibilidade internacional depois de ser considerada pelos turistas a melhor sede da Copa do Mundo do ano passado. A expectativa é repetir o mesmo desempenho, com o “plus” advindo da experiência do grande evento internacional de 2014. Manaus inicialmente foi contemplada com seis jogos de futebol, sendo duas rodadas duplas, ou seja, três dias de jogos na Arena da Amazônia. Duas rodadas duplas de jogos serão de futebol masculino e uma de

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Manaus, cida futebol feminino. Mas o presidente da Fundação Vila Olímpica, Aly Almeida, confia na promessa do diretor-executivo do Rio 2016, Marco Aurélio Vieira, que, em reunião na capital, garantiu a possibilidade de Manaus contar com mais jogos, talvez oito ou até dez. “Estamos otimistas com o andamento das trativas. Todos estão muito confiantes com a capacidade do Amazonas para a realização do evento”, disse. Essa confiança se ampara em números absolutamente incontestáveis: até o final dos jogos da Copa do Mundo de 2014, 119.925 turistas estiveram na cidade e deixaram R$ 325,8 milhões na economia local, de acordo com dados da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur). Pela televisão, 240 milhões de pessoas em todo o mundo assistiram aos quatro jogos na Arena da Ama-


ade olímpica zônia, segundo a FIFA. Segundo dados da Amazonastur, a permanência dos turistas na capital durante a Copa superou as expectativas, sendo registrada média de 6,5 dias para visitantes brasileiros e 5,4 dias para estrangeiros. O índice de satisfação dos visitantes também foi bastante positivo, segundo pesquisa da Amazonastur. A Arena da Amazônia, hospitalidade, segurança pública, Porto, opções de lazer, meios de hospedagem, táxi, aeroporto e água foram os itens que apresentaram índices de satisfação acima de 90% entre os entrevistados. A intenção de retornar a Manaus foi maior entre os nacionais (89%) que os estrangeiros (79%). Para os jogos em 2016, o Governo do Estado e a Prefeitura criaram um comitê misto que está discutindo todo o cronograma do Caderno de Encargos estabele-

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cido pelo comitê central de organização do Rio 2016. A vantagem neste evento, na comparação à Copa, é que o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o comitê Olímpico Brasileiro (COB) são bem menos preciosistas do que a Fifa, que estabeleceu inúmeras regras e amarras na condução do evento em Manaus. Outra vantagem é que, em termos de infraestrutura, a capital conta com equipamentos hoje que não estavam disponíveis durante o evento de 2014, como o Centro de Convenções Vasco Vasquez e o Sambódromo, com as salas reformadas. “Tudo isso nós podemos perfeitamente aproveitar para as Olimpíadas com pequenas adequações”, explicou Aly Almeida. Representantes do comitê Rio 2016 virão a Manaus a partir de maio para trabalhar cada um dos encargos necessários para as cidades sede.

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| OLIMPÍADAS

Futebol olímpico vai atrair turistas

Fotos: Tácio Melo

Ainda sem a definição das seleções que serão representadas nos jogos em Manaus ainda não foi possível estimar a demanda de turistas que virão para as Olimpíadas 2016. Nos Jogos Olímpicos Rio2016, o futebol terá 16 seleções em busca da medalha de ouro. Até agora, apenas duas vagas estão preenchidas: o Brasil, como país-sede, e a Argentina, campeã do Sul-Americano Sub-20. O torneio olímpico terá disponível duas vagas da Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e do Caribe, na sigla em inglês), além de uma na repescagem da seletiva pré-olímpica que será realizada em outubro. O futebol nas Olimpíadas terá ainda três representantes da Ásia, três da África, quatro da Europa e um da Oceania. Em dezembro deste ano, o Campeonato Africano Sub-23, com sede na República Democrática do Congo, vai definir os representantes do continente. Também em dezembro, o Torneio Pré-Olímpico da OFC, em Tonga, definirá o participante da Oceania. As seleções europeias sairão do Campeonato Europeu Sub-21, que será disputado na República Tcheca em junho deste ano. Na Ásia, o Campeonato Asiático Sub-23 está programado para janeiro de 2016, mas ainda sem sede definida. De acordo com o diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Bernardo Monteiro de Paula, os órgãos muni-

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cipais já iniciaram os trabalhos em cada área específica e cada grupo aguarda as orientações técnicas das gerências operacionais do Comitê Rio 2016. A questão da mobilidade no período vai seguir, em linhas gerais, os procedimentos verificados na Copa do Mundo. “O que teremos é a adaptação do Plano de Mobilidade em alguns itens que avaliamos serem necessários para termos uma experiência ainda melhor nas Olimpíadas”, enfatizou. Uma das novidades nos jogos será o Live Site, um evento similar ao Fifa Fun Fest, realizado na Ponta Negra, com telão e shows para agitar o público presente. A proposta do Live Site é reunir num único local os fãs dos Jogos Olímpicos em um espaço destinado à interação cultural e entretenimento. “Somado ao Circuito Cultural no Centro Histórico, a população de Manaus e os visitantes podem esperar uma experiência inesquecível em nossa cidade”, acrescentou Bernardo. Outra vantagem das Olimpíadas em relação à Copa do Mundo de 2014 é que as seleções e suas torcidas ficarão bem mais tempo em Manaus. Enquanto na Copa esse fluxo era intenso em 48 horas, nas Olimpíadas a previsão é de no mínimo 15 dias. Além disso, Manaus está se articulando para ser sede olímpica de alguns países o que ampliará o relacionamento entre os visitantes e os moradores locais.


Ingressos A busca para comprar um dos 7,5 milhões de ingressos para os Jogos Olímpicos de 2016 começou, pela internet, no dia 31 de março. A primeira fase de vendas foi concluída no dia 30 de abril. Todos os que solicitaram ingressos nesta etapa terão os pedidos confirmados ou não por sorteios. Do total de bilhetes à venda, mais da metade (3,8 milhões) têm preços populares, de até R$ 70. Alguns eventos têm o custo de R$ 40. Os ingressos para as duas rodadas duplas do futebol masculino em Manaus custam de R$ 50 a R$ 100. As partidas serão no dia 4 de agosto, das 17h às 22h e no dia 7 de agosto, das 12h às 17h. Para a rodada dupla feminina, os preços são mais baixos, de R$ 40 a R$ 70, no dia 9 de agosto, das 14h às 19h. Os inscritos até abril terão duas chances de conseguir um ingresso, nos sorteios em junho e em agosto deste ano. Quem perder esse prazo, precisa esperar até outubro quando será aberta a etapa de venda direta com os ingressos que sobraram. Nesta etapa, vai valer a ordem de chegada. Na primeira fase, as vendas foram exclusivas pela internet, com pagamento apenas com cartões da bandeira Visa. Maiores informações no site rio2016.com/ingressos.

Confira o calendário olímpico Junho/2015 Primeiro sorteio de ingressos Julho/2015 Registro de pedidos para segundo sorteio de ingressos Agosto/2015 Segundo sorteio de ingressos Outubro/2015 Venda virtual por ordem de chegada Maio/2016 Início da entrega dos ingressos Junho/2016 Venda de ingressos em bilheterias físicas Agosto/2016 Abertura da Olimpíada de 2016

21 | METRÓPOLE MANAUS | Maio de 2014

METRÓPOLE MANAUS | Junho de 2015 | 21


Alex Pazzuelo

| TURISMO

Novo Airão

Esplendor da C

om uma forcinha dos botos, dóceis e amigáveis, o município de Novo Airão (a duas horas de carro de Manaus) amplia seu potencial turístico na Região Metropolitana de Manaus. Cercado de parques nacionais ecológicos, como Jaú e Anavilhanas, com centenas de ilhas fluviais, Novo Airão desponta para o turísmo com foco no meio ambiente e de olho no interesse crescente da comunidade internacional pela biodiversidade amazônica. O encanto é natural. Grande parte desse esplendor deve-se a Anavilhanas. No arquipélogo, é possível ver amostras da Floresta Amazônica distribuídas no imenso rio Negro, que formam longos corredores de igapós, com árvores alagadas e vegetação flutuante, quase como num labirinto. A fauna vibrante, com aves e répteis, e a flora exuberante, com bromélias e orquídeas, fazem os turistas transbordarem deslumbramento diante do espetáculo da natureza intacta. Maio de 22 | METRÓPOLE MANAUS | Junho de2014 2015


das águas Anavilhanas apresenta formações florestais diversas, como floresta densa, igapó, campinarana, caatinga-gapó e chavascal, além de ecossistemas fluviais e lacustres. A parte fluvial do Parque, com mais de 400 ilhas, aproximadamente 130 km de extensão e em média 20 km de largura, representa 60% da unidade, enquanto a porção de terra firme representa 40%, num total de mais de 3.500 km2. Com exceção do Flutuante dos Botos e das Praias da Orla de Novo Airão, todos os demais atrativos do Parque Nacional de Anavilhanas são acessíveis somente por meio de embarcações. Por isso, é importante estar de olho no ciclo de cheia e vazante das águas. Na seca (de setembro a fevereiro) é possível desfrutar das belas praias de areias brancas que emergem por todo o arquipélago. Na cheia (de março a agosto) o vislumbre fica por conta das trilhas aquáticas de igapó, isto é, passeios de barco por dentro das florestas alagadas.

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METRÓPOLE MANAUS | Junho de 2015 | 23


Roteiro da natureza Em qualquer época, porém, é possível visitar o Flutuante dos Botos, apreciar a rica flora e fauna amazônica, fazer passeios de barco por um dos maiores arquipélagos fluviais do mundo, fazer trilhas terrestres, banhar-se nas águas do rio Negro, conhecer comunidades tradicionais ribeirinhas e o rico artesanato de Novo Airão, entre outros atrativos. O flutuante da Dona Marilda recebe grupos de turistas de hora em hora para que vejam os botos serem alimentados. Animados, eles saltam da água para buscar os peixes frescos e fazem a alegria dos visitantes. O Flutuante dos Botos localiza-se na Praia da Orla de Novo Airão, dentro do Parque Nacional de Anavilhanas. O ingresso custa R$ 15 por pessoa. Crianças e pessoas acima de 60 anos pagam R$ 7,50. Horário de Funcionamento do flutuante: de 8h30 às 17h30. Horário de Alimentação, com duração de 15 minutos: 9h, 10h, 11h, 12h, 14h, 15h, 16h e 17h. Existem em Novo Airão duas associações de piloteiros/condutores, bem como empresas operadoras de turismo, que oferecem diversos passeios pelo parque, com duração que variam de 1 hora a um dia inteiro. As opções envolvem visitas a outras unidades de conservação do baixo rio Negro, como o Parque Nacional do Jaú. Em função das grandes distâncias que caracterizam o univer-

katiaglaisa.com.br

| TURISMO

so amazônico, o que envolve um alto custo operacional, sobretudo com combustível, em média os passeios de uma hora custam R$ 75 (para quatro pessoas) e os de 6 horas custam R$ 450. Quem vai a Novo Airão também precisa reservar algum tempo para conhecer e aquirir o belo artesanato comercializado no município. Entre as opções que não se pode deixar de visitar estão a Fundação Almerinda Malaquias, a Associação de Artesãos de Novo Airão, o loja de artesanato dos Waimiri-Atroari e a Ecoloja. A cidade é referência no artesanato em madeira, principalmente na técnica de marcheteria.

Infraestrutura existente para recepção A secretária de Turismo de Novo Airão, Ana Cleide, explica que o município vem investindo na divulgação turística nos Centros de Atenção ao Turista (CATs) e na internet. A cidade também prepara novidades aos visitantes, como a instalação de um museu naval, considerando a tradição do local em abrigar estaleiros para a construção de embarcações. Segundo o inventário turístico realizado em janeiro deste ano, Novo Airão possui 715 leitos para hospedagens, mas, segundo a secretária, alguns empresários estão ampliando seus empreendimentos. A capacidade máxima no município é de 876 hóspedes. O município conta com 14 pousadas (diárias com preços a partir de 40 reais); sete hotéis (com diárias a Maio de 24 | METRÓPOLE MANAUS | Junho de2014 2015

partir de 60 reais), três agências de turismo e 11 associações. Na cidade, também é possível encontrar 11 restaurantes, 14 lanchonetes, quatro cafés regionais), segundo dados do inventário turístico municipal. A secretária também aposta na realização dos Jogos Olímpicos em Manaus como forma de incrementar o turismo local. Eles estão confiantes que as Olimpíadas possam trazer um grande fluxo turístico para o município. A cidade está melhorando a infraestrutura e capacitando mão de obra para atender aos visitantes. A a partir de Manaus, é possível chegar a Novo Airão pela estrada (4 horas de ônibus), ou pelo rio Negro (9 horas de barco).


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METRÓPOLE MANAUS | Junho de 2015 | 25


Foto: Diego Janatã

| PROTESTOS SOCIAIS

O

O povo vai às ruas

ano de 2015 tem sido marcado por manifestações populares. Mais do que nunca, o povo tem ido às ruas expor suas insatisfações e angústias diante do retrocesso nos indicadores econômicos. Pelo menos duas grandes manifestações de âmbito nacional foram realizadas entre os meses de março e abril, algumas

articuladas de forma apartidária, por meio da internet, e outras mobilizadas por organizações sindicais, com a finalidade de contrabalancear os protestos antigoverno. Os protestos combinados pela internet ocorreram nos dias 15 de março e 12 de abril. As mobilizações sindicais, por sua vez, foram realizadas no dia 13 de março e 7 de abril.

Fora Dilma e leve o PT junto | 15 de março e 12 de abril de 2015 | As manifestações contra o governo Dilma, a corrupção e os escândalos na Petrobras tiveram como mola propulsora as redes sociais. Dezenas de movimentos como o Vem pra Rua, Brasil Livre, dentre outros, aproveitaram a mobilização. A estratégia para alcançar uma manifestação com peso nacional foi criar páginas regionais nas redes sociais como forma de mobilizar lideranças locais e garantir coordenação ao movimento.

Maio de 26 | METRÓPOLE MANAUS | Junho de2014 2015

Na primeira manifestação, no dia 15 de março, os movimentos não tinham unanimidade nos pedidos de impeachment. Todos criticavam a política econômica, a corrupção, os escândalos na Petrobras, a impunidade e o governo Dilma e o PT. Alguns pequenos grupos infiltrados, em minoria, pediam intervenção militar. Nos protestos do dia 12 de abril, os movimentos já estavam unânimes em destacar o pedido de impeachment da presidente.


Em Manaus, segundo a polícia militar, 13 mil manifestantes nas ruas no dia 15 de março/2015

Fica Dilma, com o PT junto | 13 de março e 7 de abril de 2015 | As manifestações nas vésperas das grandes mobilizações contra o governo tiveram um caráter sindical e uma clara intenção de apoiar a presidente e o PT. Eles foram realizados na sexta-feira, dia 13 de março e no dia 7 de abril, terça-feira, contra a tramitação, no Congresso Naci+onal, do PL 4330 que trata da terceirização da contratação da força de trabalho. A Central única dos Trabalhadores (CUT) foi a grande articulardora do movimento, com pouca adesão em todo o país.

A CUT forneceu transporte para parte dos manifestantes. No caminhão de som, líderes de centrais sindicais e do MST se revezaram nos discursos e explicaram os motivos da manifestação. A intenção foi transformar a mobilização no dia 13 de março em Ato Nacional em defesa da Petrobras, dos Direitos, da Democracia e da Reforma Política. Esses atos, realizados em todo o país, foram promovidos pela CUT, em conjunto com a FUP e movimentos sociais como o MST (em especial nas capitais).

Histórico recente de grandes manifestações no Brasil Manifestações de junho de 2013 O aumento do preço da passagem do transporte público desencadeou a onda de protestos no Brasil, em junho. A repressão policial às manifestações chamou a atenção da imprensa e incentivou ainda mais a adesão popular às mobilizações. Os movimentos sociais pautaram as passeatas, levantando temas como corrupção política, má qualidade dos

27 | METRÓPOLE MANAUS | Maio de 2014

serviços públicos, gastos públicos com os grandes eventos esportivos e outros assuntos específicos das classes. Especialistas avaliaram que as mobilizações tiveram apoio de mais de 80% dos brasileiros e seu impacto foi comparado ao episódio que reivindicou o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, no ano de 1992. METRÓPOLE METRÓPOLEMANAUS MANAUS| |Junho Junhode de2015 2015| |27 27


MOVIMENTOS EM NÚMEROS

Foto: Diego Janatã

| PROTESTOS SOCIAIS

De acordo com números da polícia militar, foram mais de 2 milhões de pessoas nas ruas em protestos contra o governo. Veja os números em algumas capitais. MANAUS

15/3

13 mil

900

12/4

segundo polícia

segundo polícia e organização

150 mil

segundo organização

SALVADOR

15/3

11 mil

12/4

segundo polícia

4 mil

segundo polícia

23 mil

10 mil

segundo organização

segundo organização

RIO DE JANEIRO

15/3

100 mil

12/4

segundo organização

10 mil segundo polícia

25 mil

segundo organização

SÃO PAULO

15/3

1 milhão

12/4

275 mil segundo polícia

segundo polícia e organização

800 mil

segundo organização

BRASÍLIA

15/3

45 mil segundo polícia

80 mil

segundo organização

12/4

A repercussão internacional das manifestações de junho de 2013 levou o governo brasileiro a adotar medidas para atender às reivindicações. O Congresso votou a favor de a corrupção ser tratada como crime hediondo, arquivou a PEC 37 e proibiu as votações secretas. Governos estaduais voltaram a praticar os preços antigos das passagens. Nas ruas, crescia o número de pessoas nas passeatas e, simultaneamente, os veículos de comunicação repercutiam em outros países os movimentos na sede das Copas do Mundo e das Confederações. Os atos no Brasil foram comparados aos protestos Primavera Árabe, em países árabes, Los Indignados, na Espanha e o Occupy Wall Street, nos Estados Unidos. Em São Paulo, os protestos começaram em 2 de junho, e teve como pavio os reajustes nos preços das passagens dos ônibus, metrô e trens, de R$ 3,00 para R$ 3,20. No Rio de Janeiro, o reajuste do serviço foi de R$ 0,20. Em 10 de junho, as ruas da cidade se transformaram num campo de batalha, protagonizando cenas de vandalismo, truculência policial e destruição do patrimônio.

25 mil segundo polícia

40 mil

segundo organização

Maio de 28 | METRÓPOLE MANAUS | Junho de2014 2015

Caras-pintadas pediram impeachment Caras-pintadas foi um movimento estudantil brasileiro realizado no decorrer do ano de 1992 e tinha como objetivo principal o impedimento do Presidente do Brasil, Fernando Collor de Melo. O movimento baseou-se nas denúncias de corrupção que pesaram contra o presidente e ainda em suas medidas econômicas, e contou


MOVIMENTOS EM NÚMEROS Segundo informações da polícia militar aproximadamente 20 mil pessoas participaram dos atos em favor do governo Dilma e do PT *. MANAUS

500

13/3

segundo polícia

2,5 mil

Protestos: o povo foi às ruas em Manaus

segundo organização

SALVADOR

com a adesão de milhares de jovens em todo o país. O nome “caras-pintadas” referiu-se à principal forma de expressão, símbolo do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto. No dia 29 de maio daquele ano, o movimento organizou um fórum pelo afastamento de Collor que contou com a participação de mais entidades, como partidos políticos e a UNE (União Nacional dos Estudantes). A pressão da sociedade obrigou a instalação de uma CPI no dia 1º de junho de 1992, cujo início foi marcado pelo depoimento de Pedro Collor --no dia 4 daquele mês. Com o avanço das investigações e com as declarações favoráveis ao afastamento do presidente --como as do então presidente do PT Luiz Inácio Lula da Silva-- sendo amplamente cobertas pela mídia, grande parcela de jovens da classe média se mobilizou. A juventude começou a tomar as ruas em agosto. A primeira manifestação aconteceu no dia 11, em uma passeata marcada em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo) que reuniu cerca de 10 mil pessoas. Finalmente, no dia 29 de setembro, a Câmara dos deputados vota pelo impeachment de Collor. Em transmissão ao vivo, 448 deputados votaram a favor, 38 contra, 23 não foram à sessão e um se absteve. Com o processo de impeachment aberto no Senado no dia 2 de outubro, Collor deixou a presidência provisoriamente. Mas no dia 29 de dezembro de 1992 ele renunciou abrindo espaço para seu vice, Itamar Franco. Apesar da renúncia de Collor, o Senado prosseguiu com o processo, que lhe tirou o cargo e o deixou inelegível por oito anos.

29 | METRÓPOLE MANAUS | Maio de 2014

800

13/3

segundo polícia

3 mil

segundo organização

RIO DE JANEIRO

13/3

1 mil

segundo polícia

SÃO PAULO

13/3

12 mil segundo polícia

100 mil

segundo organização

BRASÍLIA

13/3

1,5 mil segundo polícia

5 mil

segundo organização * os números das manifestações do dia 7/4 são imprecisos.

METRÓPOLE MANAUS | Junho de 2015 | 29


Maio de 30 | METRÓPOLE MANAUS | Junho de2014 2015


100 95 75

25 5 0

100 95 75

25 5 0

31 | METRÓPOLE MANAUS | Maio de 2014

METRÓPOLE MANAUS | Maio de 2014 | 3


32| METRÓPOLE | METRÓPOLE MANAUS | Maio 2014 4 MANAUS | Maio dede 2014


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