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| EDITORIAL
Um ano para ficar na história Este é um ano especial para o Amazonas. A realização da Copa do Mundo da Fifa no Brasil 2014 traz para Manaus quatro jogos dos mais importantes da competição, com destaque para o disputadíssimo Inglaterra x Itália, que vai fazer ferver a Arena da Amazônia. Investimentos que passam de 1 bilhão de reais, incluindo ampliação do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, deixam questionamentos sobre resultados, aquém do esperado pela população amazonense. Por outro lado, a preparação do setor de serviços para recepção dos turistas da Copa pode abrir boas perspectivas para o desenvolvimento desse segmento na região. As eleições 2014 também movimentam a sociedade brasileira, que este ano vai votar para presidente da república, governador dos estados, senadores e deputados federais e estaduais. No Amazonas a disputa entre os pré-candidatos vem
se configurando como mais uma demonstração do vigor da democracia e as liderança políticas se articulam para viabilizar alianças e aglutinar forças para melhor apresentar seus projetos e conquistar a preferência do eleitorado no voto. Muitos fatores serão analisados pela população, que tem se revelado mais crítica e se manifestado nas ruas de maneira contundente, quando o assunto é representação política e gestão da coisa pública. Vida saudável, com a onda de mulheres frequentando as academias para a prática do boxe tailandês e a produção cinematográfica amazonense também são destaques nessa edição de METRÓPOLE MANAUS, especialmente preparada para seus leitores. Boa leitura.
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Herick Pereira
| MUAY THAI
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Batom, esmalte e..
cultura tailandesa definitivamente conquistou as brasileiras. Depois da culinária do país asiático, marcada pelo forte tempero e pela mistura de sabores doces e salgados, ganhar a preferência dos paladares ávidos por novidades, a invasão tailandesa ocorre agora nas academias de fitness, onde mulheres buscam boa forma, qualidade de vida e, acima de tudo, um abdômen definido, negativo, como dizem algumas. O responsável por todo esse frisson é o Muay Thai ou boxe tailandês, uma arte marcial milenar asiática, adotada por muitos ocidentais a partir do Século 20 pela eficiência no confronto multiestilos. Mas o que as mulheres buscam não é
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se preparar para uma guerra. Eles lutam por um corpo mais sarado, por um consumo imediato de calorias numa atividade intensa, envolvente e prazerosa. A busca pelo Muay Thai nas academias disparou no último ano. A iniciativa de atrizes globais, como Fernanda Souza, de adotar a atividade para alcançar condicionamento impulsionou a arte marcial entre as mulheres. O marketing foi instantâneo. A divulgação de fotos de seus abdômens sarados no Instagram acendeu a chama tailandesa no coração das expectadoras. O resultado: chuva de matrículas nas academias que até então eram quase um clube do Bolinha.
.. Muay Thai Assim foi para a advogada Flávia Georgia Cunha, 34, que há um ano e dois meses se encontrou no Muay Thai. Depois de tentar o condicionamento com outras atividades como a musculação, a advogada se inspirou nas estrelas globais para emagrecer e alcançar definição muscular. “Não gosto de musculação. Me encontrei no Muay Thai”, explicou Flávia. Apesar da intensidade dos movimentos, o Muay Thai desenvolvido nas academias para as mulheres está longe de ser uma atividade violenta, com risco de machucados. Elas praticam o Muay Thai amador, na modalidade fitness, sem contato físico com adversários. “Nós usamos pro-
Luciana Martins, Camila Lindoso e Mirlane Oliveira: Muay Thai e vida saudável
teção, caneleiras, luvas, e não é luta; o objetivo é condicionamento físico”, acrescentou. Além da grande perda calórica, o Muay Thai também possibilita a aprendizagem de técnicas de defesa pessoal e uma grande descarga de enzimas cerebrais que proporcionam sensação de prazer, ao mesmo tempo em que ajudam na liberação de cortisóis que contribuem para o estresse físico e mental. “Para mim é como uma terapia. Saio de lá (academia) levinha”, explicou. Flávia pratica a atividade três vezes por semana. O professor de Muay Thai Cosme Júnior, 29, também atleta de MMA, explica que o esporte caiu no gosto das mulheres por uma questão
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| ELEIÇÕES 2014
Eduardo Braga
José Melo
Pré-candidatos em cam Gerson Severo Dantas Especial para Metrópole Manaus
A
eleição para o Governo do Estado, em 5 de outubro, desenha-se com um número recorde de candidatos e pode evoluir para uma inédita decisão em segundo turno. Para apimentar ainda mais o processo, o vencedor ainda poderá enfrentar uma Assembleia Legislativa cheia de adversários indóceis como nunca antes na história do Amazonas. Há menos de dois meses do prazo final para a realização das convenções partidárias, já estão com o bonde da candidatura nas ruas o governador José Melo (PROS), o senador Eduardo Braga (PMDB), o deputado estadual Marcelo Ramos (PSB) e o ex-deputado estadual Abel Alves (PSOL). Ainda em busca de um lugar ao sol estão a deputada federal Rebecca Garcia
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(PP), o deputado federal Henrique Oliveira (Solidariedade), o deputado estadual Marco Antonio Chico Preto (PMN) e o vice-prefeito de Manaus, Hissa Abrahão (PPS). Dois partidos pequenos que sempre lançam candidatos ainda não se definiram, mas deveremos ter na urna eletrônica o nome de Herbert Amazonas (PSTU) e Francisco Castelo (PCB). Se confirmadas todas as candidaturas, um segundo turno pelo posto de governador do Estado deixa de ser uma hipótese para virar possibilidade real. A conta das últimas pesquisas divulgadas mostra que Eduardo Braga passeia em céu de brigadeiro, mas José Melo assumiu o Estado e tem seis meses para empinar uma candidatura competitiva. Especialistas em eleição costumam dizer que o dono da caneta não fica com menos de 20% de votos nas urnas quan-
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Rebecca Garcia
Issa Abrahão
ampanha pelo governo do vão em busca de um novo mandato. O caso mais emblemático dessa situação aconteceu com o ex-prefeito Serafim Corrêa (PSB), que em 2008 foi ao segundo turno contra Amazonino Mendes (PDT). Serafim fez uma gestão pouco midiática e chegou no último ano da gestão com a popularidade em baixa. As pesquisas de intenção de voto o colocavam sempre em terceiro lugar, atrás de Amazonino e do então vice-governador do Estado Omar Aziz, na época no PMN. Quando as urnas foram abertas Serafim obteve 23% dos votos, com mais de 200 mil votos. Omar ficou em terceiro e fora da disputa. No segundo turno Serafim avançou para 42%, perdendo para Amazonino (57% dos votos). O exemplo mostra a força da máquina e de quem disputa uma eleição no cargo. Com José Melo não deverá ser diferente, embora as pesquisas o colo-
quem ainda como um franco atirador. Operador de máquinas por excelência, pois fez isso na presidência do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam) durante o governo de Amazonino Mendes (1995-2002) e na Secretaria de Governo (Segov) no governo de Eduardo Braga (2003-2010), José Melo traçou uma estratégia consistente para enfrentar Braga: Em Manaus ele faz dobradinha com o prefeito Arthur Neto (PSDB), o mais bem avaliado administrador municipal do País, e no interior vai fazer campanha grudado no ex-governador Omar Aziz (PSD) e disputa o apoio de Amazonino Mendes, que saiu da toca apenas uma vez neste ano e foi para participar da posse de José Melo. Para completar, a especulação que só será desvendada na convenção do PROS indica que a ex-primeira dama Nejmi
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Chico Preto Aziz é a candidata a vice na chapa de Melo. Portanto, com essa retaguarda montada dificilmente José Melo ficará pelo caminho num primeiro turno. Braga tem cenário mais definido porque é candidato a voltar ao cargo que ocupou por quase oito anos desde o dia que o entregou a Omar Aziz. As costuras para ele, contudo, estão difíceis, mas Braga conta com o recall do bom governo e da eleição para o senado. Neste sentido, ele começa o jogo em vantagem, ganhando por 1 x 0 de Melo e dos demais candidatos. No tabuleiro do ex-governador estão duas vertentes, uma delas ancorar o PMDB ao lado do PT e trazer para o Amazonas o reforço da presidenta Dilma Rousseff. Braga é líder do governo petista no Senado e uma chapa dele rumo ao governo sem o PT é quase uma impossibilidade. Além do mais, sem um governo estadual ou municipal forte por trás, restou-lhe amarrar-se a força do PT Nacional no Estado, onde há duas eleições colhe a maioria dos votos. Além disso, o senador já conta com a adesão declarada do PTB no Amazonas e deverá ter um leque de partidos para lhe reforçar e garantir mais tempo de tv. Como Melo e Braga são faces diferentes da mesma moeda chamada Gilberto Mestrinho, caberá ao
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deputado estadual Marcelo Ramos ser a oposição ao sistema criado pelo Boto para durar 20 anos, mas que completou 32 dando mostra que ainda tem fôlego. Marcelo abre mão de uma reeleição certa para a Assembleia Legislativa, onde cumpre bom mandato, para garantir palanque ao candidato a Presidente da República do PSB, Eduardo Campos, e dar uma turbinada no próprio nome. Para isso ele venceu a disputa interna com o vereador Marcelo Serafim, que vai entrar na briga pelo Senado. Para garantir bom espaço na propaganda o PSB pode formar uma coligação com o PPS, mas ai tudo dependerá do fator Hissa Abrahão, que deseja ser candidato e está em busca da estrutura mínima para isso e o apoio do PPS nacional, que tende a coligar com o PSB e dar força nos Estados para a candidatura de Eduardo Campos. O último dos candidatos já lançados é Abel Alves, político que cumpriu bons mandatos como deputado estadual, mas há muito tempo está fora do tabuleiro eleitoral, tendo suas ultimas participações sido em campanhas para a prefeitura de Tefé. Candidato pelo Psol, Alves vem no bonde dos azarões.
Edson Almeida
Ney Xavier
| ELEIÇÕES 2014
Henrique Oliveira
A eleição para a Assembleia Legislativa (ALE-AM) tradicionalmente devolve para casa um terço dos deputados que não conseguem a reeleição. Neste ano, contudo, há dois fatores novos que podem acirrar este processo de renovação e fazer surgir um Poder Legislativo cheio de deputados independentes em relação ao Poder Executivo. Cabe a duas figuras, adversárias históricas na política amazonense, a provável mudança neste quadro: Amazonino Mendes (PDT) e Serafim Corrêa (PSB). Nos bastidores é dado como certo que o “Negão” vai lançar a candidatura dele a deputado estadual só para puxar votos e formar uma bancada própria no rastro de uma votação que, estimam os aliados dele, pode beirar os 300 mil votos. Isso lhe permitiria arrastar para a ALE-AM pelo menos seis deputados fiéis a ele e não ao governador que emergir das urnas em outubro. Com a candidatura de Marcelo Ramos ao governo do Estado, o PSB poderia ficar órfão na Casa e ai surgiu a possibilidade do “Sarafa” também disputar uma vaga na ALE-AM e formar uma bancada própria e fiel. Estima-se que o ex-prefeito de Manaus chega fácil aos 150 mil votos e traz com ele três deputados. Juntos os dois adversários no melhor cenário possível teriam o controle, em tese, sobre 10 deputados. Com mais três eles elegeriam o presidente da Casa e fariam um polo de poder fortíssimo no Legislativo. Imagine-se, por exemplo, um governo de Eduardo Braga com Amazonino presidindo a ALE-AM e Serafim na secretaria-geral da mesa diretora. Qualquer movimentação, qualquer interesse de Braga teria de ser cuidadosamente e meticulosamente negociado com dois adversários históricos entre si, coisa que nunca aconteceu na ALE desde a redemocratização nos anos 80.
Herick Pereira
Uma assembleia diferente
Nejmi Aziz
O fator Nejmi Aziz O nome da ex-primeira-dama do Estado Nejmi Aziz se fortaleceu de tal maneira que em muitos momentos do governo de Omar Aziz ela parecia ter mais poder que o próprio governador. A força de Nejmi foi posta a prova na eleição de 2010, quando deu contribuição significativa para alavancar o nome do marido, que vinha atrás de Alfredo Nascimento nas pesquisas de intenção de voto. Apesar de Omar ter declarado que, com ele no governo, ela não assumiria cargos públicos, Nejmi passou a comandar a política social do Estado por meio do Fundo de Promoção Social e desta posição ela só cresceu em popularidade, tanto que o nome dela é considerado para uma eventual composição de chapa com o governador José Melo ou para a disputa de uma vaga de deputado federal. Como o marido vai disputar o Senado, há juristas que consideram Nejmi impedida de ser vice na chapa de Melo, mas há outros tantos que dizem que ela pode disputar a vaga que já foi do marido nos governos de Eduardo Braga. Para dirimir a dúvida uma consulta formal ao Tribunal Superior Eleitoral deverá ser feita pelas forças do governo. Uma resposta negativa do TSE abre então a frente final que vai levar a ex-primeira-dama a disputar uma vaga em Brasília.
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Aluisio Moreira/SEI
Orlando Brito/ObritoNews
Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma Rousseff
Aécio Neves
Eduardo Campos
Influências e repercussões nacionais O cenário nacional também vai influenciar na eleição para o Governo do Estado no Amazonas, sobretudo com a votação da Proposta de Emenda Constitucional que prorroga a Zona Franca de Manaus por mais 50 anos a partir de 2023. A PEC é uma proposta de campanha da presidenta Dilma Rousseff, que a apresentou como um presente de aniversário para Manaus em 2011, mas desde lá o jogo político no Congresso Nacional não deixou ela andar. O que se conseguiu até agora foi aprová-la em primeiro turno na Câmara Federal. Espera-se que seja votada em segundo turno agora em maio. Se o ritmo da tramitação andar, tanto Dilma quanto o provável candidato dela no Amazonas, o senador Eduardo Braga (PMDB), vão receber uma turbinada em suas votações. Se, contudo, a PEC ficar parada em Brasília, ambos vão sofrer o desgaste de terem prometido e não cumprido a promessa. Outro cenário nacional que deverá influir nos humores do eleitorado diz respeito a realização da Copa em Manaus. A cidade vai receber quatro jogos da primeira fase, um deles, Inglaterra x Itália, é considerado o filé, depois dos jogos do Brasil. Para além das disputas esportivas, há todo um ambiente de protestos que deverão repetir o que foi registrado no ano passado durante a Copa das Confederações. Uma má apresentação da cidade na recepção dos turistas será fatalmente debitada na conta de quem ofereceu Manaus, e gastou dinheiro do contribuinte, para ser sede da copa. No sentido contrário, tanto Dilma quanto Braga faturam, mas José Melo e Omar Aziz também, posto
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que contribuíram para o bom desempenho da cidade após herdarem o governo do Estado. Por fim a própria eleição para presidente deve afetar o quadro local. Dilma Rousseff e Braga estão juntos, agora não está claro ainda para os especialistas se o governador José Melo (PROS) vai exigir que ela venha ao palanque dele também, pois o Pros apóia o governo petista em Brasília. Outro enigma: a candidatura de Melo é ancorada em Manaus no apoio do prefeito Arthur Neto, cujo partido, o PSDB, trabalha para eleger presidente o senador mineiro Aécio Neves. Esse apoio de Arthur está condicionado ao oferecimento por parte de Melo de um palanque forte para Aécio no Amazonas? Ninguém sabe ainda. O certo é que o mineiro precisa reduzir a distância que separa desde 2002 as votações do PT do PSDB. Toda a vantagem nas urnas que os tucanos costumam conquistar no Sul e Sudeste é anulada pelo PT em votações nos Estados do Norte. Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de votos, Eduardo Campos (PSB) virá a Manaus ancorado no palaque de Marcelo Ramos e, possivelmente, no de Hissa Abrahão, cujo partido em nível nacional está na costura do ex-governador pernambucano. Fora isso, Campos também terá o apoio dos chamados “Marineiros”, o grupo aliado da candidata a vice dele, Marina Silva, que não conseguiram legenda com a Rede Sustentabilidade, mas tem um ativismo ambiental muito forte. Do conjunto dessas três forças sairá a variável que dirá se teremos ou não, pela primeira vez desde que foi criado, um segundo turno na eleição estadual.
Entrevista: Afrânio Soares (analista político) >>>> Vamos ter segundo turno para o Governo do Estado neste ano? >> Dessa vez a chance é alta de segundo turno porque o governo em si não está com o candidato que aparece com as melhores intenções de votos nas pesquisas. Se o governador José Melo se fortalecer um pouco, já será suficiente para provocar segundo turno e, historicamente, isso sempre acontece com quem está no poder. Lembro que isso só chegou perto de acontecer em 2006, quando o então governador Eduardo Braga buscou a reeleição e obteve 51% dos votos contra o Amazonino Mendes. Então não houve segundo turno ali por 1,1%. Foi a única vez também. Hoje a chance é real. >>>> Quem está no comando da máquina sempre consegue bons índices, sempre acima da casa dos 20% das intenções como ocorreu com o Serafim Corrêa em 2008? >> O que temos no cenário atual é uma distribuição de candidaturas homogêneas. O segundo turno então é possível, mas vai depender das articulações que ainda vão acontecer até o prazo final para realização das convenções partidárias e o estabelecimento das coligações. Em 2010, por exemplo, quando a eleição polarizou, o governador Omar teve 64% dos votos e o senador Alfredo Nascimento, que liderou as pesquisas por bastante tempo, ficou com 26%. Naquele ano nem se chegou perto de um segundo turno. >>>> Além do governador José Melo e o senador Eduardo Braga, que outros candidatos poderemos ter no cenário que o senhor traça? >> Bem, representando o governo são o Melo e o Braga. Com candidaturas alternativas temos ai o Marcelo Ramos, que me parece vem para a disputa mais para oferecer um palanque local ao candidato nacional, Eduardo Campos, e projetar o nome dele para a Prefeitura de Manaus daqui a dois anos. Em certo sentido outro pré-candidato é o deputado federal Henrique Oliveira (Solidariedade), que mira a prefeitura. Outro pré-candidato posto é o vice-prefeito Hissa Abrahão (PPS). Se ele conseguir readquirir o apoio do prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), aumentam muito as chances dele ser candidato e conquistar uma boa fatia do eleitorado. Em Manaus ele tem um carisma alto e pode repetir a boa atuação que teve na eleição passada para o governo, quando obteve 11% dos votos dos manauenses. Hoje Hissa teria muito mais que isso. Há candidaturas que dependem de muitas variáveis neste momento. É o caso da deputada federal Rebecca Garcia (PP), que foi mais
incisiva e hoje apresenta sinais de recuo neste projeto e parece mais inclinada a disputar a reeleição para a Câmara Federal ou conquistar uma vaga de vice na chapa do governador Melo. Na mesma balada está Henrique Oliveira e até mesmo o deputado estadual Marco Antônio Chico Preto (PMN), que se lançou candidato, mas vai precisar de muita articulação na fase pré-eleitoral. Chico tem partido para isso. >>>> O partido da presidenta Dilma Rousseff, favorita a vencer no primeiro turno e bater recorde de votos no Amazonas, não terá candidato a governo? >> Acho que o PT não lança candidato majoritário aqui. Inclusive os integrantes daquela parte petista que se chamava Campo Majoritário hoje estão gravitando em torno do senador Eduardo Braga. No máximo devem brigar pela indicação do candidato a vice. >>>> O cenário então pode ter menos candidaturas do que as pré-candidaturas postas? >> Até o ano passado tínhamos 11 candidaturas lançadas, mas penso que vamos cair para aquele número tradicional de seis ou oito, contando com os de partidos pequenos. >>>> E o cenário para o Senado? >> Nele, atualmente, está faltando um adversário para o ex-governador Omar Aziz (PSD). Ele acaba de sair do governo, um governo que lançou muitas obras, não inaugurou, mas lançou obras importantes e que vão impactar. Além disso ele está pactuado com o governador Melo. Contra só temos até o momento o vereador Marcelo Serafim (PSB). >>>> E na eleição proporcional para a Câmara Federal. Qual o quadro atual? >> Se houver a saída de Rebecca e Henrique Oliveira temos duas vagas em aberto para renovar. Nas pesquisas temos vistos que Praciano (PT), Carlos Souza (PP), Atila Lins e a Rebecca, se for candidata a Câmara, se reelegem. O resto tem de suar. Uma novidade que aparece muito bem nas pesquisas é o nome do deputado Marcos Rotta pelo PMDB. Se a ex-primeira-dama Nejmi Aziz vier candidata a deputada federal, será uma campanha forte. Tem também o nome do senador Alfredo Nascimento (PR), que tem um partido na mão e terá uma campanha para deputado muito forte e destacada. Quem sobraria num cenário assim? Difícil dizer, mas Pauderney Avelino, Sabino Castelo Branco e Luiz Fernando vão ter que suar para alcançar a reeleição.
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| COPA DO MUNDO
Arena da Amazônia, Gerson Severo Dantas Especial para Metrópole Manaus
A
Copa do Mundo da Fifa no Brasil 2014 vai ser uma festa em Manaus com direito a muita toada, samba, rock, música clássica, tambaqui, pacu, aracu, pirarucu, cerveja, gafes e, como não poderia deixar de ser, muita pizza e alegria e, ops!, futebol de alta qualidade. A parte dos manauenses nesse latifúndio interplanetário é o de abrigar quatro dos jogos mais emocionantes da primeira fase. O dabacuri turístico-futebolístico-culinarístico começa com Inglaterra x Itália, no dia 15 de junho. É o melhor jogo desta fase porque reúne quatro títulos mundiais num único espaço público. Depois teremos um jogo que tem tudo a ver com ‘las caboclas’ e seus mormaços: EUA x Portugal. Desde 8 de dezembro, data do sorteio, já tem cabocla se arrumando para ver o Cristiano ‘cara de gato’ Ronaldo desfilar suas pernas e cabelos vaselinados pelo gramado amazonense. Na sequência um jogo fanta: Croácia x Camarões, mas que reúne duas seleções simpáticas. A Croácia por exemplo é candidata a ser derrotada no jogo de abertura da Copa contra o Brasil em São Paulo (isso se os paulistas conseguirem aprontar o ItaArena da Amazônia: arrojado projeto de arquitetura com capacidade para 44,5 mil torcedores
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querão). Para fechar, no dia 24 de junho, Suíça x Honduras. Sobre a Suíça é bom que saibamos que ela é a oitava cabeça de chapa da Copa, portanto é uma seleção forte e bem colocada no ranking da Fifa. Sobre Honduras a melhor referência é que por ela torce Dom Óscar Rodriguez Cardeal Maradiaga, simplesmente o ‘Cara que fez o argentino Jorge Mario Bergoglio se transformar no Papa Francisco durante o conclave do ano passado. E se tem um cara assim, com ligações e a forcinha do representante do Homem aqui na Terra, acho melhor prestarmos atenção nos hondurenhos. Por fim não devemos tirar os olhos da torcida suíça (são esperados seis mil deles em Manaus), principalmente daquelas loirinhas que costumam fazer ‘top less’ em países gelados (o que elas não farão no calor de Manaus hein! hein!). Essa brincadeira toda terá como palco a Arena da Amazônia, o novo estádio da capital Amazonense. Sobre ela podemos dizer que é uma fênix cabocla, emergida dos destroços do antigo estádio Vivaldo Lima, o conhecido por ‘Tartarugão’, e virou um paneiro branco ao custo de R$ 714 milhões saídos dos cofres públicos. O custo inicial previsto era uns R$ 200 milhões a menos, mas em se
, portal para o mundo pois recebeu o primeiro jogo da final do primeiro turno do Campeonato Amazonense entre Princesa do Solimões e Fast Clube. Novo empate: 0 x 0. Em 30 de abril, com renda de quase R$2 milhões, o Nacional perdeu de 3x0 para o Corinthians diante de mais de 35 mil torcedores. Para a construção do estádio foram mobilizados mais de 1 mil trabalhadores, que se mantiveram em atividades por quase três anos. A nota triste foi a morte de três operários durante as obras. Um quarto operário morreu de ataque cardíaco. Ele trabalhava na construção do Centro de Convenções do Amazonas, que fica ao lado da arena e será uma das estruturas de logística da Fifa durante a Copa. Outra característica é que ela é uma arena multiuso e poderá ser usada em grandes eventos, como shows de mega-estrelas, jogos de grandes clubes de diferentes modalidades ou mesmo convenções. O Governo do Estado contratou uma consultoria para avaliar os melhores usos da Arena, mas como disse o então governador Omar Aziz para um repórter paulista, “- é problema nosso o que vamos fazer com a arena”. A conta desse problema é de R$ 500 mil mensais, R$ 300 mil a mais do que com o antigo Tartarugão. Chico Batata
tratando de Brasil, ele está na média. A Arena Nacional Mané Garrincha, em Brasília, por exemplo, foi a mais de R$ 1 bi. Além do paneiro branco, as seleções vão usar em Manaus dois centros de treinamento, um deles no reformado estádio Ismael Benigno, a Colina, e outro no novíssimo Centro de Treinamento do Coroado. O custo dos dois CTs gira em torno de R$ 35 milhões. A Arena da Amazônia é um primor de arquitetura projetada pelo escritório alemão Gerkan Marg und Partner (GMP), que desenhou arenas nas Copas da Alemanha, em 2006, e África do Sul, em 2010. Ela tem capacidade 44,5 mil torcedores e foi edificada pela empreiteira mineira Andrade Gutierrez. A principal característica do projeto, que inicialmente seria uma membrana lembrando o couro de uma cobra amazônica, são os painéis de politetrafluoretileno (PTFE) translúcidos de cor branca. Ele reveste toda a estrutura metálica em forma de paneiro e ajuda no controle da temperatura interna. Foi inaugurada com um empate: Nacional 2 x 2 Remo, no dia 9 de março deste ano, numa quarta-de-final da Copa Verde. O primeiro evento teste reuniu 20 mil torcedores. Uma semana de-
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O QUE FICA DE INFRAESTRUTURA Quando Manaus foi anunciada como uma das sedes da Copa do Mundo da Fifa no Brasil 2014 os políticos fizeram mil promessas, disseram que a cidade receberia obras, mudaria a cara, viraria uma espécie de Barcelona pós-olimpíada de 1992. Passados os anos, a realidade é bem mais tímida. De legado concreto teremos apenas a Arena da Amazônia, os centros de treinamentos e o novo Aeroporto de Manaus Eduardo Gomes, e mesmo assim com restrições. O Eduardão estará quase pronto e entregue em maio a um custo que deve superar os R$ 446 milhões. Por este preço, o novo aeroporto de Manaus Brigadeiro Eduardo Gomes (nome oficial dele) terá um terminal que passará de 39,4 mil m² de área para 97,2 mil m². Nele circularão até 13,5 milhões de passageiros por ano. Para se ter idéia do ‘up grade’, no ano passado circularam 3 milhões de passageiros. A folga de 10 milhões é, segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), suficiente para dar conta da demanda dos próximos 10 anos com tranqüilidade. Além da ampliação da capacidade, o aeroporto terá uma nova praça de alimentação, com 113 lojas, duas novas sanfonas (fingers) de embarque e desembarque e dois terminais de desembarque remotos (em ônibus). O estacionamento também cresceu e oferece agora 700 vagas. No final da obra, que só estará concluída após a Copa, haverá 2.670 vagas em dois níveis de estacionamento. O terminal será dividido em três níveis, sendo que no último estará a praça de alimentação e as salas de órgãos públicos e administrativas. Para os passageiros haverá 8 balcões de check-in, elevadores e 13 escadas rolantes. Isso fará do Eduardo Gomes o quinto maior aeroporto brasileiro, diz a Infraero. Do que foi prometido no início do processo só ficou faltando fazer a segunda pista de pouso e decolagens, mas segundo o gerente administrativo Adélcio Guimarães, ela é dispensável neste momento e o planejamento dela só existiu porque um batalhão de aviação de caça da Força Aérea foi transferido para Manaus. A FAB, no entanto, preferiu continuar operando no aeroporto de Ponta Pelada. Sobre a capacidade de carga, uma vez que o Eduardo Gomes é o terceiro maior aeroporto em volume
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Chico Batata
| COPA DO MUNDO
Milhares de torcedores estiveram na inauguração da Arena da Amazônia para assistir Nacional 2 x 2 Clube do Remo
de cargas, atrás apenas de Cumbica/Guarulhos e Viracopos/Campinas, ambos em São Paulo, Guimarães afirma que as etapas de ampliação dos Terminais de Cargas (Tecas 1, 2 e 3) foram concluídas há dois anos e hoje eles têm capacidade de simultaneamente descarregar/carregar três aviões 747 ao mesmo tempo, o que dá uma folga e agilidade para quem movimenta insumos para as fábricas da Zona Franca de Manaus. “Nossa capacidade de movimentar cargas é três vezes maior do que nossa demanda atual”, diz. O INTANGÍVEL O legado da Copa do Mundo em Manaus, contudo, vai além das obras físicas que ficaram prontas – Arena, CTs e Aeroporto -, das obras que se perderam pelo caminho – BRT, Monotrilho e reforma do Porto de Manaus. Ele pode ser percebido também em verdadeiros ‘up grades’ em serviços nas áreas de turismo e na melhoria dos serviços públicos. O setor de turismo é o mais impactado, com a
A Polícia Militar, por exemplo, deu um salto no efetivo em pelo menos cinco mil policiais. Houve crescimento também no Corpo de Bombeiros, que somente no mês passado recebeu mais 269 combatentes de fogo. Outra área que foi estruturada foi a de Defesa Civil, onde profissionais fizeram cursos em países como Estados Unidos e Alemanha e hoje estão preparados para todo tipo de evento extremo que podem acontecer em uma Copa, incluindo atos de terrorismo.
abertura de pelo menos sete mil novas acomodações em hotéis inaugurados em Manaus após a cidade ser confirmada como sede da Copa. O número de empregos no setor praticamente triplicou, as faculdades estão cheias de alunos ávidos por ingressar nessa área. Um “boom” aconteceu com os chamados hotéis-boutique, que surgiram no Centro de Manaus em casarões históricos adaptados. Na área de gastronomia a cidade ficou mais diversificada. “Hoje quase todos os restaurantes têm um cardápio assinado por chefs de cozinha”, lembrou o secretario de Estado da Cultura, Robério Braga, em um debate recente. No Centro explodiu uma oferta de estabelecimentos chiques, gostosos e agradáveis, como os gastropubs ‘O Chefão’ e ‘A Viúva’ e o restaurante Tambaqui de Banda do Centro, todos aproveitando a arquitetura da Manaus antiga e a natural atração que a região concentrará durante a Copa. Na área pública, os acordos assinados pelo Governo do Estado e a Fifa obrigaram a um aumento no número de profissionais de diversas áreas.
MOVIMENTAÇÃO NAS ARTES A Copa das Copas será uma festa em Manaus. A Secretaria de Estado da Cultura promete a realização de eventos em todos os espaços culturais da cidade, os abertos e os fechados. O principal palco será o Teatro Amazonas, que receberá shows que vão do erudito ao popular. Espetáculos típicos dos países que vão jogar em Manaus estão programados também em comum acordo com as embaixadas deles. “Estamos em contato com as embaixadas e iniciamos a preparação dos espetáculos”, contou Robério Braga. A festa principal, contudo, será num dos locais mais bonitos do mundo, a praia da Ponta Negra. Revitalizada pela Prefeitura de Manaus, a praia será o palco do nosso Fan Fest, onde os jogos serão transmitidos em telões ao vivo e com show de bandas nacionais e locais para contemplar os torcedores que não conseguiram ingressos para os jogos na Arena. Os Fan Fest são eventos com a chancela da Fifa e feitos em parceria com a Rede Globo, a detentora dos direitos televisivos da Copa e responsáveis pelas atrações nacionais que terão entradas ao vivo durante a programação da emissora. Criados na Copa da Alemanha, em 2006, os eventos já reuniram, segundo a FIFA, 24 milhões de torcedores. Em Manaus, os eventos serão acionados duas horas antes do início dos jogos previstos para a cidade e se encerram com um show musical após o fim da transmissão da competição nos telões. A vantagem será que o torcedor terá a disposição, após assistir os jogos, o belíssimo rio Negro para um banho refrescante. Como se diz nas redes sociais, o “problema” do Fan Fest de Manaus é a piscina que estará à disposição dos torcedores.
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Chico Batata
| TURISMO
O Amazonas que o Fred Novaes Especial para Metrópole Manaus
C
asa, comida, diversão e roupa lavada. Essa fórmula caseira é parte da estratégia de órgãos governamentais e entidades do trade turístico da capital amazonense para fazer dos estimados 40 mil estrangeiros durante a Copa o maior legado do evento internacional de futebol para o Amazonas. A intenção é fazer da Copa um “start” para o novo tempo no turismo amazonense. Profissionalismo, diversidade e padrão internacional são parte da senha para se alcançar esse novo patamar. Os visitantes estrangeiros e a imprensa internacional presente durante a Copa entram como os degustadores que darão o selo de qualidade para abrir o portal de um novo padrão de turismo para Manaus e algumas cidades da Região Metropolitana da capital. A meta é ousada, mas esforços equivalentes fo-
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ram investidos neste sentido. Há pelo menos três anos, governo, prefeitura e entidades se aplicam em qualificação, treinamento e conhecimento para alcançar esse objetivo. Tudo para oferecer serviços, produtos e pacotes adequados a um turista diferenciado, de grande potencial de consumo. Mais do que fidelizar aquele viajante que aproveitou o evento internacional de futebol para conhecer o maior patrimônio ambiental do planeta, a ideia é multiplicar isso com a divulgação nos principais meios de comunicação de alguns países, além da disseminação nas redes sociais pelos próprios turistas. O potencial turístico do Amazonas é grande. Manaus, a capital do Estado, é conhecida entre as sedes da Copa do Mundo como a capital da Amazônia. Nos últimos anos, a cidade consolidou-se como o principal portão de entrada para a maior floresta tropical do mundo, principalmente por reunir todos os ele-
mundo vai conhecer mentos culturais, gastronômicos e naturais que demonstram o leque diversificado das riquezas de um Estado com dimensões continentais. O Estado do Amazonas, o maior do Brasil, tem mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados e abriga o maior patrimônio ambiental do globo, uma extensa imensidão de floresta tropical e a maior bacia hidrográfica do planeta. Esse potencial pode ser dimensionado quando o turista se aproxima da capital dentro de um avião. A imensidão da floresta e o gigantismo dos rios sinuosos desafiam o turista a confrontar-se com o desconhecido e o exótico. Mas Manaus é bem mais do que a porta para a floresta e sua rica biodiversidade. Uma cidade cosmopolita, com um dos mais modernos parques industriais da América Latina, reunindo indústrias de ponta das áreas de eletroeletrônica, veículos de duas rodas, produtos ópticos, produtos de informática, indústria química, dentre outras. São aproximadamen-
te 600 indústrias que geram mais de 100 mil empregos diretos, com produção de ponta em aparelhos de TV, telefone celular, motocicletas, monitores de vídeo, condicionadores de ar, relógios e outros produtos com alta tecnologia. Essa dualidade entre o moderno e o natural faz de Manaus uma cidade distinta. Uma cidade marcada por picos históricos de desenvolvimento que lhe distinguiram com uma configuração urbana que mescla os novos e modernos espaços com um Centro Histórico que remete a vínculos coloniais com a cultura portuguesa, inglesa e francesa do Século XIX. O imponente Teatro Amazonas e seu entorno são símbolos dessa cidade única. O fenômeno do encontro das águas dos rios Negro e Solimões completam as marcas desse dualismo singular da capital amazonense. Por tudo isso, Manaus é uma cidade peculiar para o turista estrangeiro. Em que pese o caótico desenvolvimento urbano das últimas décadas.
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Chico Batata
| TURISMO
OPORTUNIDADE DE MÍDIA O secretário da Unidade Gestora do Projeto Copa (UGP-Copa), Miguel Capobiango, avalia como fundamental a atenção aos jornalistas internacionais que já estão colocando a cidade nas pautas de suas coberturas para a Copa do Mundo no Brasil. Ele reconhece esse trabalho de divulgação como grande vitrine não apenas para esporte, mas, principalmente, para o turismo, nas vertentes da culinária, meio ambiente, belezas naturais e cultura. “Todo esse potencial ganha muito mais amplitude, sendo visto por milhares de pessoas além do próprio turista que estará em Manaus durante o evento”, argumentou. Por conta disso, haverá dois centros de mídia. Um no Sambódromo, administrado pela Fifa e outro no Centro Cultural Povos da Amazônia, coordenado pelo Governo do Estado com apoio da Prefeitura, destinado à atender à mídia não credenciada pela Fifa e potencializar a visibilidade para cidade e para o Estado. “Por isso é muito importante o trabalho com os jornalistas que se deslocarão para o evento”, explicou. Segundo Capobiango, a capital tem sido “invadida” por jornalistas estrangeiros desde o início do ano, inclusive de países que não terão jogos em Manaus. Na semana anterior ao feriado da Páscoa, a cidade recebeu jornalistas franceses, alemães e ingleses. Na semana seguinte, foi a vez poloneses e suecos.
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Exuberância de rios e florestas do Amazonas é atrativo para turistas que visitarão Manaus na Copa do Mundo
O Centro Aberto de Mídia, que funcionará no Centro Cultural dos Povos da Amazônia, atenderá os jornalistas não credenciados pela Fifa que irão cobrir a Copa em Manaus. Haverá uma sala com 40 estações de trabalho com Internet Wi-Fi. Outra sala para 40 profissionais servirá para convivência, troca de experiências e pequenas palestras. Haverá ainda a disponibilidade de um auditório para 70 pessoas destinado à realização de coletivas de pequeno e médio portes; sala de conferência em formato de circunferência, onde cabem até 70 pessoas, que também pode ser usada para palestras; estúdio de TV que está sendo construído pela Secretaria de Estado da Cultura (SEC), com iluminação, bancada e demais equipamentos e que será disponibilizado para a imprensa durante a Copa. Apesar desses ventos favoráveis, toda essa visibilidade é uma via de mão-dupla. Essa divulgação pode surtir efeito contrário caso a abordagem dessas reportagens não seja positiva para o turismo, ao retratar problemas de logística e estrutura de Manaus para atender a esse público diferenciado. Problemas dessa natureza já foram vistos com tabloides ingleses e a sisuda imprensa croata que retrataram o Amazonas sob um distanciamento fleumático.
Herick Pereira
Restaurantes se preparam para oferecer aos torcedores os sabores tradicionais da gastronomia regional
Herick Pereira
TURISMO EM ALTA Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-AM), aproximadamente 92% das reservas para a Copa do Mundo já foram confirmadas em Manaus. Cada turista deve ficar um pouco mais de dois dias na capital, o que freia um pouco a expectativa de que esse visitante possa estender sua estada para ir além do jogo no estádio e arredores do hotel. Mas aqueles que se aventurarem pela Região Metropolitana de Manaus, terão opções de conhecer as belezas naturais e a riqueza culinária de municípios com grande potencial turístico como Presidente Figueiredo, Novo Airão, Iranduba e Manacapuru. E muitos desses turistas no Amazonas durante a Copa devem ser norte-americanos. Para os jogos da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, 154.412 ingressos foram comprados por torcedores americanos, atrás apenas dos brasileiros, que adquiriram 1.041.418 até agora. A terceira nação com mais compradores é a Austrália, bem atrás dos Estados Unidos, com 40.681 bilhetes, seguida da Inglaterra, com 38.043, e a Colômbia, com 33.126. Do total de ingressos vendidos para residentes fora do Brasil, 27,5% foram para os americanos.
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| CINEMA
O cinema documentário e a arte de Aurélio Michiles Da Redação
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Fotos: Reprodução
cineasta amazonense Aurélio Michiles é um carpinteiro de histórias forjadas em aventuras amazônicas. Foi assim na estréia como documentarista no duo sobre os Sateré-Mawé em “Guaraná, Olho de Gente” (1982) e “O Sangue da Terra” (1983), marco da transição dele da arquitetura para o cinema; se repetiu no excelente “Silvino Santos, o Cineasta da Selva” (1997) e caminha a mesma trilha agora em “Tudo Por Amor ao Cinema”, ‘doc’ sobre a vida do amazonense Cosme Alves Netto (19371996) e as aventuras dele com a sétima arte. Tudo por amor..., inclusive, abriu o festival “É tudo verdade, no Rio de Janeiro”, no mês passado. Nessa trajetória pelos documentários, Michiles emula um certo Tolstói, quando este lançou a frase que bem poderia ser a máxima da globalização 200 anos depois: “De minha aldeia eu vejo o mundo”. Pois é do encontro das águas dos rios Negro e Solimões, na confluência da Manaus de Michiles, que o Aurélio
cineasta canta um planeta oscilante entre águas passadas e vindouras. “Amo esse rio como a minha própria vida, todas as vezes que vejo algo se manifestar contra ele interpreto como uma ameaça a minha existência. Eu sei que ele representa um coletivo, mesmo assim tomo como uma agressão pessoal”, filosofa. “O rio Negro e o Encontro das Águas são mais que uma metáfora, são uma referência do compartilhamento, da reunião e do amor fraterno que devemos cultivar desde o principio, desde a nossa origem. E o mistério do encontro destes dois magníficos rios serve, também, para expressar uma afirmação de curiosidade/ conhecimento”, completa. “Tudo isso me serviu, estimulou e ainda estimula a refletir sobre ter nascido aqui, a beira deste rio e num alcance do deslumbramento do encontro destas águas. É o cinético, filme, cinema... Por assim, posso poeticamente afirmar que o rio Negro é o negativo e o rio Solimões, o positivo. E, nós, fazemos parte deste filme, desta fotografia, desta imagem”, acrescenta.
Trilogia de filmes dirigidos por Aurélio Michiles o colocam no primeiro time de documentaristas brasileiros
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Divulgação
Aurélio Michiles: filme-documentário Tudo por amor ao cinema abriu o festival É tudo verdade, no Rio de Janeiro
Essa trajetória pelo universo das imagens começou com velhas máquinas super 8, ainda nos bancos do curso de Arquitetura da Universidade de Brasília, nos anos 1970. Uma bolsa de pesquisa da Fundação Nacional de Arte (Funarte) possibilitou fazer os trabalhos sobre os sateré-mawé, já nos 80. A partir deles, o filme-documentário virou linguagem preferencial da obra de Aurélio. “Naquela época esse era um gênero pouco levado a sério, servia para um cineasta estreante iniciar a filmografia”, recorda. Mas muitas coisas aconteceram desde então, diz Aurélio. “A revolução das novas mídias e as redes sociais, ao contrário daquilo que muitos previam, o filme-documentário passou a exercer um fascínio nas pessoas, que diante da simultaneidade das imagens e da transmissão imediata dos acontecimentos, tornaram-se ‘testemunhas oculares’ dos fatos e até mesmo insuportáveis narcisistas, analisa o cineasta. “As câmeras nos celulares tornou isso tudo um exercício masturbatório coletivo, aonde todos encontram-se juntos, mas ninguém quer saber de ninguém. Em tempo de ‘selfies’, os fatos pouco têm importância, mas mesmo assim as imagens avan-
çam e se tornam uma necessidade vital, uma espécie de oxigênio para compreender aquilo que elas (as pessoas) veem e não têm tempo para interpretar. Os filmes-documentário, neste caso, explicam ou fazem com que as pessoas despertem do torpor causado pelo excesso de imagens”, completa. E foi justamente uma das interpretações do cineasta para a realidade, que o levou no início deste ano a uma cidadezinha portuguesa: Sertã. Foi nesse rincão lusitano que nasceu um dos pioneiros do cinema brasileiro, Silvino Santos. O doc Cineasta da Selva trouxe José de Abreu numa interpretação estupenda e despertou o mundo para a história do patrício que na virada do século XIX para o XX registrou para o mundo a vida na selva, as intempéries e as gentes das florestas. “Faz 17 anos que realizei o filme-doc ‘O Cineasta da Selva.’ Desde aí, o personagem do pioneiro do cinema na Amazônia Silvino Santos foi tomando conta do interesse das pessoas mundo a fora”, conta Aurélio. “Finalmente, a cidade em que nasceu Silvino, Cernache do Bonjardim - Municipio de Sertã, completava 500 anos e as pessoas de lá quiseram homenagear um dos filhos mais ilustres, aquele que saiu aos 13 anos para viver e morrer na Amazônia (Belem, Manaus). As homenagens em Sertã aconteceram durante o final do
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