"Água" Fonte da vida - MDB 4ª edição

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FONTE da vida A água é o elemento que permite o surgimento da vida como a conhecemos. Entenda como essa substância básica é crucial para a história do homem

GATOS Conheça algumas das raças mais estranhas

TARÂNTULAS

BOO

Animais criados como pets em várias partes do mundo

O cãozinho mais pop do momento facebook.com/RevistaMundodosBichos

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O QUE TEM TODA EDIÇÃO 04 Editorial 05 Artigo 34 Curiosos 38 Click

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CAPA

A relação íntima do ser humano com a água

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FELINOS

Se você acha que já viu tudo sobre gatos, olhe de novo

10I ARANHAS

Pet exótico que inspira medo e fascinação

PSICOLÓGICAS 19I DOENÇAS Os pets também sofrem com elas

24I MAMUTES Quando a ciência alcança a ficção 36I MUNDO Notícias do planeta animal

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Os mitos do mais belo peixe de água doce

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Os segredos do beija-flor

O cachorro mais famoso do planeta

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Sustentabilidade compartilhada com o mundo

Imagens de uma viagem de bicicleta pela América Latina

BELEZA EM MOVIMENTO

USP RECICLA

O BOOM DO BOO

DIÁRIO

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Artigo

EDITORIAL

Edição bimestral - ANO I - Nº 4 jul/ago 2013

O FUTURO é agora

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ONU nomeou 2013 como o Ano Internacional de Cooperação pela Água. Na prática, isso não deve mudar nada nas nossas vidas. Ou então pode mudar tudo. Nós, da MDB, apostamos na segunda alternativa (jamais subestimamos o poder das informações ou das ações) – e fazemos a nossa parte para que você também aposte. Por isso, a matéria de capa desta edição explora a questão da água de maneira abrangente, falando da sua importância para a natureza, a cultura, a história e o futuro da vida sobre o planeta. E por falar em futuro, a Mundo

# Hashtag leitores

dos Bichos está passando por um processo de evolução. O 4º número da nossa revista inaugura uma proposta de design inovador, com mais grafismos, mais ilustrações e um layout mais sofisticado. Isso se tornou possível graças à nova parceira da MDB, Mayara Laurindo. Você já deve ter visto o trabalho dela por aí, inclusive na nossa 3ª edição. Foi a Mayara que fez a ilustração com os dinossauros nas páginas 14 e 15, além da capa da nossa página no Facebook. E adivinha quem criou as artes da nossa matéria de capa: a Mayara! O resultado ficou animal. Mas isso você já esperava. Boa leitura! Dacyo Cavalcante Editor

EDITOR - Dacyo Cavalcante dacyo@revistamundodosbichos.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL - Fabiana Assis Mtb 55169 REPORTAGEM - Luísa Dentello / Vitor Haddad / Pedro Junqueira DESIGN EDITORIAL - Marcelo Quén / Mayara Julia Laurindo ILUSTRAÇÃO - Mayara Julia Laurindo mayara@revistamundodosbichos.com.br GERENTE DE CONTAS - Fabio Rufino comercial@revistamundodosbichos.com.br ANALISTA DE REDES SOCIAIS - Vitor Haddad vitor@revistamundodosbichos.com.br

COLUNISTA SOCIAL - Simone Dib

Parabéns pela revista! É de muita qualidade e conteúdo bacana. Que bom!!!

CONSULTORES Jaquelini Fiochi - Médica Veterinária Vagner José Mendonça - Biólogo Heitor Francischini - Biólogo

Patricia Corbi

COLABORADORES Raquel Bonazzi Patricia Corbi Bruna Bergantin Rafaela Barros Débora Silvestre Valmir campos Vanessa Garcia Gerson Mendes Mundo dos Bichos não tem responsabilidade editorial pelos conceitos emitidos nos artigos assinados

Para sugestões, críticas ou elogios, envie e-mail para contato@revistamundodosbichos.com.br

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DIRETOR ADMINISTRATIVO - Diogo Oliveira diogo@revistamundodosbichos.com.br

ARTICULISTA - Kdu Oliveira / Heitor Francischini

Prof. José Carlos Marcolino da Silva

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DIRETOR EXECUTIVO - Marcelo Quén marceloquen@revistamundodosbichos.com.br

LOGÍSTICA - Raphael Trolese

Tomei conhecimento de vossa revista Mundo dos Bichos e acredite, gostei muito. É uma revista limpa, textos claros e que transmitem conhecimentos. Diria que os professores podem usar com tranquilidade o material nas escolas como fonte de pesquisa.

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Tiragem: 10 mil exemplares Distribuição gratuita

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ANUNCIE: (16) 3461 2472 comercial@revistamundodosbichos.com.br

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ARTIGO

Artigo

O GIGANTE invisível Kdu Oliveira*

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o mês de junho, nosso país assistiu a um movimento popular que, no futuro, iremos lembrar como a revolta dos 20 centavos. Brados soaram pelos quatro cantos tupiniquins de que o gigante acordou. Nossos gritos, nossas necessidades certeiramente buscam a sustentabilidade num país tão rico em recursos naturais e humanos como em antagonismos sociais e políticos. Por debaixo dos nossos pés, está outro gigante silencioso, que abastece milhões de pessoas por 4 países trazendo água pura e limpa para nossos lares, indústrias e lavouras. Trata-se do Aquífero Guarani. A água ainda não é considerada pela ONU como um bem de direito humano, pagamos por algo que indubitavelmente deveria ser de graça e de acesso a todos. A cada vez que compramos uma garrafinha, que custa por volta de R$ 1,50, estamos contribuindo para a privatização do maior tesouro da humanidade. Não podemos beber ouro, diamante ou dinheiro. Em

cada objeto que você olha, litros e mais litros de água foram usados para sua constituição. A água que vem de nossos rios, aquíferos e lagos, que chega às nossas casas, custa centésimos de centavos. Mas a cada vez que a compramos, estamos favorecendo megacorporações que querem extrair lucro de um bem natural disponível a todos.

grandes reservas mundiais. Descontinuar o uso das águas compradas e usar garrafinhas próprias, enchidas na própria casa, desfavorece a privatização do nosso verdadeiro ouro azul. A conscientização é sempre o maior instrumento de mudança em uma sociedade. Estamos em tempo de descontinuar paradoxos

A CADA VEZ QUE COMPRAMOS UMA GARRAFINHA, QUE CUSTA POR VOLTA DE R$ 1,50, ESTAMOS CONTRIBUINDO PARA A PRIVATIZAÇÃO DO MAIOR TESOURO DA HUMANIDADE O conceito de que as águas minerais oferecem mais saúde não está bem esclarecido, mas o conceito oculto incorporado denuncia o interesse das empresas transcontinentais de comprar e vender

que afligem nosso amado e rico país e também estamos em tempo de criar conceitos de consumo que visam a proteger todos nós e as gerações vindouras. *Psicólogo. CRP:06/77717 facebook.com/RevistaMundodosBichos

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edúaS

GATOS

Eu acho que

Admirados sobretudo pela sua beleza, os gatos podem ser mais incomuns do que você está acostumado a ver por aí

vi um gatinho

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ual é a imagem que vem à sua mente quando você pensa em um gato? Cabeça com formato triangular, orelhas pontudas, corpo rajado, pelo malhado ou inteiro de uma cor, cauda longa... não é? O que nem todo mundo sabe é que existem raças bem diferentes desse padrão ao redor do mundo. Alguns desses bichanos exóticos você conhece agora. 6

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TextoLuisa Dentello DesignMarcelo Quén

BENGAL O Gato-de-bengala, ou Bengal, é uma raça cuja pelagem se assemelha muito à dos grandes felinos caçadores, como o leopardo, o guepardo, a onça pintada e até mesmo o tigre, já que ele é descendente direto do gato-leopardo (um animal não domesticável). É um gato que vai de porte médio a grande, chegando a pesar quase 10 kg. Animal de preço salgado, seu custo pode variar de R$ 1.200 até R$ 4.000.


SCOTTISH FOLD O Scottish Fold é bastante peculiar. Sua principal característica está nas orelhas, que são pequenas e dobradas para a frente. Sua pelagem pode ser curta ou longa e apresentar diferentes cores e padrões. Além disso, é um gato que tem cabeça e olhos redondos e focinho curto. De temperamento normalmente dócil e amável, quieto e não muito agitado, trata-se de uma raça bastante desejada para ambientes fechados, embora seja um animal relativamente caro (cerca de R$ 2.000 o filhote), já que os exemplares adultos que têm a dobra na orelha não podem cruzar. Ele é o resultado de cruzamentos entre o American Shorthair e o British Shorthair.

BOBTAIL JAPONÊS O Bobtail japonês não é muito diferente do que se encontra por aí, exceto por um detalhe: seu rabo! Quando adulto, sua cauda pode medir entre 8 e 10 centímetros, e assemelha-se à cauda de um coelho. No Japão, acredita-se que essa raça traz sorte. Aquelas pequenas estatuetas de gatos com a pata levantada, comumente encontradas em estabelecimentos orientais, são figuras do Bobtail japonês. Outra característica é a ocorrência relativamente alta de heterocromia ocular (olhos de cores distintas). Seu preço pode variar muito de acordo com a cor e o tamanho do pelo, comprimento da cauda e cor dos olhos, e pode ser bem difícil encontrar um para comprar. Estima-se que um exemplar da raça deva custar entre R$ 1.200 e R$ 3.000.

SPHYNX É de se imaginar que o gato mais estranho de todos seja o Sphynx. É uma raça muito famosa por ser pelada. Isso mesmo, o Sphynx não tem pelos! Suas principais características físicas são a sua "nudez", orelhas grandes e pontudas e suas rugas ao longo do corpo. Apesar de ser uma raça que desperta o assombro de muitos amantes de gatos, é um animal muito afetuoso e carente, que necessita sempre da presença do dono. Seu preço gira em torno de R$ 3.000.

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AVES

Também conhecido como colibri, cuitelo, chupaflor, pica-flor, chupa-mel, binga e guanambi, a quantidade de nomes do beija-flor só não é maior do que sua beleza e agilidade TextoLuisa Dentello DesignMarcelo Quén LetteringJorge Rufino 8

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Saúde

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beleza do beija-flor é indiscutível. Esguios, brilhantes e rápidos como um raio, esses pássaros são donos de uma capacidade de voo incrível. Trata-se de uma ave pequena e leve, com peso entre 2 e 6 gramas, e comprimento que vai de 6 a 12 cm. O menor pássaro do mundo é um representante dos beija-flores. Chamado beija-flor zumbidor (Mellisuga helenae), conta com cerca de 5 cm de comprimento e 2 cm de envergadura (extensão da ponta de uma asa até a outra). Existem mais de 320 espécies diferentes desse pássaro, todas encontradas apenas nas Américas. A maioria delas vive na América do Sul, sendo que praticamente a metade existe só no Brasil. Sua alimentação consiste basicamente em néctar, obtido pela in-

serção do seu longo bico e da sua língua bifurcada nas flores preferidas. Por conta de suas frequentes visitas à flora, esse pássaro é um poderoso agente polinizador. Além do néctar, se alimenta também de pequenos insetos. A anatomia do beija-flor é diferente do que se costuma ver no mundo das aves. Suas asas têm um formato específico e, em conjunto com os músculos que as movimentam, fazem com que o animal seja o único capaz de voar para trás e produzir movimentos extremamente

rápidos e precisos, impossíveis para outras espécies. Suas asas chegam a bater 90 vezes por segundo e, enquanto voa, seu coração chega a 1.260 batidas por minuto. Em repouso, bate 480 vezes por minuto. Além disso, como boa parte das aves, tem a visão bastante apurada e é capaz de enxergar acima do espectro ultravioleta. Os beija-flores são animais monogâmicos, ou seja, têm apenas um parceiro. Os filhotes nascem cegos e pelados, e depois de 4 semanas já aprendem a voar.

O bejia-flor zumbidor é a menor ave do planeta. A espécie típica de Cuba, também conhecida como colibri-abelha, é o único pássaro do mundo que voa para trás.

A UNISA (University of South Africa) tem sua sede em Pretória desde 1916

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EXÓTICOS

PETS DE 8 PATAS Por não serem letais aos humanos, algumas caranguejeiras são criadas em casa. No Brasil, o comércio desses animais é controlado pelo IBAMA TextoPedro Junqueira DesignMarcelo Quén

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pesar do jeitão sinistro, ou por causa mesmo dele, as aranhas despertam o interesse de muitas pessoas no Brasil e no mundo. Em alguns casos, a fascinação é tão grande que o admirador resolve adotar esses invertebrados como animais de estimação. Embora essa prática seja popular em outros países, criar aranhas como pets "exóticos" não é comum no Brasil, já que o acesso a animais silvestres e sua comercialização são controlados pelo IBAMA. De acordo com Gilson Nunes, formado em Ciências Naturais pela Universidade Federal 10

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Fluminense, “‘Animais silvestres’ são as espécies nativas que vivem naturalmente dentro dos limites do território brasileiro – e isso inclui grande parte das aranhas”. Ainda assim, existe um bom número de pessoas que criam esses bichos no país. Uma das espécies mais procuradas é a Caranguejeira Negra do Brasil (Grammostola pulchra), por conta do seu grande tamanho e do seu temperamento tido como dócil. Essas aranhas podem chegar a 15 cm de comprimento e viver por 20 anos. As caranguejeiras, ou tarântulas, como também são chamadas, são as preferidas dos cria-

ARANHA GIGANTE A aranha-golias (Theraphosa blondi), ou tarântula-golias, é considerada o maior aracnídeo do mundo. Típica da região da Amazônia, ela pode atingir mais de 30 cm de comprimento e possuir quelíceras (pequeno par de “presas” na parte frontal do seu corpo) medindo mais de 2 cm. Embora seja procurada por criadores, a aranha-golias possui uma picada extremamente dolorida e um comportamento bastante agressivo. Por sinal, um dos seus nomes é aranhagolias-comedora-de-pássaros.


dores, por conta do seu porte e do seu veneno pouco tóxico para os seres humanos. Os aracnídeos, porém, não chamam atenção apenas pelo seu tamanho avantajado e sua reputação de malvados. As aranhas apresentam muitas características fascinantes, como seu sangue azulado e seu sistema respiratório formado por 4, 2 ou mesmo nenhum pulmão (nesse caso, elas respiram por estruturas denominadas traqueias). A maioria das aranhas possui 8 olhos, e utiliza os da frente para caçar. Para capturar suas presas, as aranhas saltadoras pulam grandes distâncias empregando um sistema de pressão hidráulica, que faz suas pernas se expandirem. As aranhas são revestidas por um exoesqueleto à base de quitina, um tipo de açúcar. Ao realizar a troca de "pele" (essa espécie de armadura de açúcar) para aumentar de tamanho, as aranhas podem ficar com as patas presas na casca velha, o que seria fatal. Nesse caso, para se livrar do enrosco, elas amputam as próprias pernas (processo denominado autotomia), as quais crescerão novamente na próxima troca. Sem dúvida, uma das particularidades mais interessantes das ara-

nhas é a teia que elas produzem, um fio de seda extremamente flexível e cerca de 80 vezes mais forte que um fio de aço da mesma espessura. Além de servir para forrar o

ARANHAS NOBRES Você sabia que o sangue das aranhas é azul? Isso ocorre por causa de uma molécula chamada hemocianina, presente no sangue de muitos artrópodes (como aranhas, crustáceos e insetos). No ser humano, o transporte do oxigênio no sangue é realizado pela hemoglobina, uma molécula que, por ser carregada de Ferro, assume a cor vermelha, e confere essa mesma coloração ao tecido sanguíneo. No sangue das aranhas, o transporte do oxigênio é efetuado pela hemocianina, uma molécula que possui Cobre ao invés de Ferro, o que torna o sangue desses invertebrados azulado. No entanto, essa cor é verificada apenas quando a hemocianina reage com o oxigênio. Caso contrário, o sangue das aranhas fica incolor.

seu ninho ou costurar uma armadilha mortal, esse instrumento altamente refinado tem diversas aplicações, e pode ser utilizado para tecer uma espécie de cilindro de oxigênio, como no caso da aranhade-água (Argyroneta aquática), que respira em baixo d’água por meio do ar aprisionado em sua teia. Cuidar de um desses bichos não demanda grandes investimentos em estrutura, já que eles vivem em aquários com uma camada de terra, uma vasilha com água fresca e pedaços de madeira ou cerâmica para servir como toca. Cuidados como a alimentação e o manuseio do animal requerem a orientação de profissionais experientes e reconhecidos pelo IBAMA. “No Brasil, animais silvestres não podem ser obtidos sem a devida permissão, autorização ou licença do instituto. A aquisição deve ser feita somente de criadouros autorizados, e o vendedor tem a obrigação de comprovar sua legalidade e fornecer a nota fiscal do bicho comercializado”, destaca Nunes. Além de ameaçar a preservação desses animais fascinantes, quem desrespeitar tais normas pode ser responsabilizado pela prática de crime ambiental.

Para mais informações, consulte o site do IBAMA: ibama.gov.br

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CAPA

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Sangue

azul

Desde a constituição biológica até os fundamentos sociais e mitológicos do homem, a água é a substância que alimenta sua existência em todos os níveis TextoVitor Haddad Design e IlustraçãoMayara Laurindo

O

livro Gênesis, o primeiro da Bíblia Cristã, descreve o surgimento do mundo por meio da vontade criadora de Deus. Porém, antes mesmo de proferir o famoso "Faça-se a Luz", ele narra que o espírito Divino pairava sobre a superfície das águas. O hinduísmo, por sua vez, relata que Vishnu, divindade responsável pela manutenção do universo, descansava sobre as águas antes da criação dos ciclos cósmicos. Por isso, um dos seus nomes é Narayana, que significa "o que está sobre a água". Narrativas como essas revelam que a ligação do homem com a água é muito mais profunda do que a mera urgência biológica, e se projeta sobre suas crenças, sobre as culturas, a historiografia e as mais distintas expressões da atividade humana. Muito além de um mero recurso para matar a sede, a água sempre foi uma ponte para a relação do homem com Deus e uma fonte de potencialidades culturais. Desde as civilizações mais antigas, a água guarda íntima relação com o desenvolvimento social. No Egito, o Nilo

permitiu o florescimento de uma cultura extraordinária, cuja dinâmica acompanhava as cheias do rio. Os romanos consolidavam seu império e expandiam suas fronteiras empregando seu poderio material para garantir o abastecimento de água nas suas cidades. A cultura maia definhou até a extinção em um movimento de declínio deflagrado pela escassez da água. Em qualquer período histórico, a abundância ou a indisponibilidade da água sempre estiveram ligados ao apogeu ou ao fracasso das civilizações humanas. Nos dias de hoje, após milênios de domínio e tirania sobre o planeta, o homem ainda não conseguiu superar sua submissão aos ciclos da água, nem sequer encontrar algum outro elemento, natural ou sintético, sobre o qual alicerçar suas comunidades. Afinal, além de estar entranhada na constituição do ser humano, a água coloca em movimento os mais distintos processos que estruturam a sociedade.

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CAPA

PATRIMÔNIO LÍQUIDO Como elemento primordial que ancora a manutenção da natureza, a água estimula a instauração de comunidades humanas, e o aumento populacional desses grupos faz girar as engrenagens da economia. Homens precisam de casas (mercado imobiliário), alimentos (agricultura, pecuária, indústria alimentícia), bens de consumo (mercado tecnológico, indústria automobilística), roupas (indústria têxtil), remédios (indústria farmacêutica), serviços básicos (assistência médica, educação, lazer) e uma infinidade de recursos (infraestrutura, redes bancárias, comércio, etc.). E na

origem de todos esses processos, está a água. Sem ela, os mecanismos da economia emperram. Dessa perspectiva, a água representa mais do que um simples recurso natural – representa um recurso econômico. E onde se concentra dinheiro, concentra-se também tensão política e militar. A lógica é simples: a disponibilidade de água atrai o homem, o homem movimenta a economia, a economia estimula a política e a política desencadeia atritos pelo controle do poder. Enquanto os mananciais não secam, a diplomacia consegue amenizar as tensões surgidas. A partir do momento que a água falta, a extrema urgência pelo recurso pode disseminar o caos e a guerra.

Existem diferentes tipos de aquífero, armazenados em rochas distintas e dispostos em diferentes camadas do subsolo. Os aquíferos Guarani e Bauru são exemplos de aquíferos porosos, formados por rochas sedimentares. Quando essa rocha cheia de poros entra em contato com água, ela absorve o líquido como se fosse uma esponja de cozinha. Ao contrário do que se costuma pensar, o Aquífero Guarani não é um bolsão d’água localizado embaixo da terra, mas uma grande esponja geológica encharcada de água. Além de aquíferos porosos, também existem os fraturados (associados a rochas ígneas ou metamórficas) e os cársticos (formados em rochas carbonáticas). 14

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As mais acuradas previsões sobre os novos tempos indicam que, se houver guerras no futuro, elas serão causadas pela escassez da água. O acesso às nascentes dos rios, o controle das bacias hidrográficas, a exploração dos lençóis freáticos são temas controversos que podem desencadear turbulências e crises internacionais. Mas os conflitos envolvendo o direito à água não são um fenômeno recente na humanidade. Grande parte dos países assolados pela falta de água está no Oriente Médio, área naturalmente conflituosa por motivos históricos. Nesses territórios, a disputa por uma região estratégica tem motivado diversas batalhas entre israelenses, palestinos e jordanianos. A região das Colinas de Golã, palco dessas tensões, é especialmente estratégica não devido ao seu posicionamento geográfico ou a questões religiosas, mas sim porque abriga um recurso extremamente valioso: água. As Colinas de Golã foram ocupadas por Israel em 1967 – no entanto, os relatos de batalhas pela região remontam ao antigo testamento. Inúmeras guerras tiveram como estopim a luta pelo controle da água. Afinal, trata-se de uma fonte de riqueza extraordinária, um patrimônio em estado líquido que brota naturalmente, que se renova com o passar do tempo, que é desejado por todas as nações do mundo e que, por esse motivo, torna-se a cada dia mais raro. Nos dias atuais, cerca de 1/3 da população mundial não dispõe de acesso à água potável, e esse número não para de crescer. Em alguns locais da África, as mulheres precisam andar mais de 15 km para se abastecer em poços, quase sempre sem as mínimas condições sanitárias. Além da pouca disponibilidade, essa água costuma ser de péssima qualidade, frequentemente contaminada pela cólera ou por outras doenças.

Em meio a esse cenário desastroso, a esperança de salvação da humanidade não depende de novas descobertas científicas, da exploração de outros sistemas solares ou da derradeira intervenção Divina. A esperança pode estar liquefeita no subsolo do planeta, enterrada no andar de baixo dos continentes. Tudo indica que a salvação do homem está armazenada nos grandes aquíferos.

GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA Talvez a maior esperança para o futuro da humanidade esteja bem debaixo dos nossos pés. Considerado um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do planeta, o Aquífero Guarani é uma formação geológica transfronteiriça, que se estende por mais de um milhão de quilômetros quadrados e abrange os territórios de 4 países: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O nome Guarani decorre da sua distribuição geográfica, praticamente igual à dos índios de mesma etnia, que viviam em vastos territórios da América do Sul. Ao contrário do que se pensava inicialmente, o Aquífero Guarani não constitui um oceano subterrâneo de água doce praticamente inesgotável. Atualmente, já se sabe que ele consiste em um conjunto heterogêneo de formações geológicas, cujo volume e qualidade de água podem variar largamente. Além disso, o título de maior aquífero do mundo é bastante controverso. Apesar das dimensões continentais do Guarani, há aquíferos na África com praticamente o dobro da sua extensão. De acordo com Heitor Francischini, biólogo formado pela UFSCar e mestrando em Geociências pela UFRGS, “É importante lembrar que, quando o Aquífero se formou, os continentes da América do Sul e da África estavam unidos. Ou seja, al-

guns aquíferos atuais da África são homólogos ao Guarani em sua origem”. E a enorme extensão é uma dessas semelhanças. A classificação baseada apenas no tamanho do aquífero, todavia, é um dado pouco relevante. O fator que realmente determina a importância e a grandeza de um aquífero para a sociedade é seu potencial para abastecimento e uso humano. Nesse sentido, embora as características do Guarani não sejam tão fabulosas quanto suspeitado a princípio, ele representa, sim, um recurso natural de inestimável valor, já que se alastra por uma das regiões de maior atividade econômica e concentração populacional da América Latina.

ÁGUA PARA BEBER A cidade de Ribeirão Preto, que conta com mais de meio milhão de habitantes, abastece 100% do seu município com água retirada do Guarani. A cidade está sobre uma das zonas de afloramento do aquífero, frequentes também no sul de Goiás, Triângulo Mineiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com uma grande reserva de água doce sob o solo, as cidades dessas regiões não ficam reféns de outras fontes como rios e lagos para abastecer suas populações.

Tão importante quanto sua localização estratégica, as características geológicas do aquífero constituem um fator essencial para seu uso nas atividades humanas. Considerado um aquífero do tipo poroso, a estrutura das rochas do Guarani atua como uma espécie de filtro natural, absorvendo a água que infiltra através do solo e purificando-a lentamente. Além disso, essas rochas porosas, que absorvem a água infiltrada como uma facebook.com/RevistaMundodosBichos

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CAPA

esponja, são recobertas por uma espessa camada de basalto, uma rocha vulcânica impermeável que protege o aquífero de possíveis contaminações. Assim, graças ao derramamento basáltico que ocorreu sobre a região do Guarani, a maior porção dele permanece vedada embaixo da terra, o que contribui para preservar a pureza das suas águas. Isso não significa, porém, que o Aquífero Guarani seja imune aos impactos ambientais causados pelo homem. Segundo Francischini, a poluição e a contaminação da água subterrânea é um grave problema para o consumo humano, sobretudo nas áreas de recarga (locais onde as rochas do aquífero encontram a superfície). “Pesticidas, herbicidas e fertilizantes usados nos latifúndios onde as rochas sedimentares afloram, além de lixões e esgoto não tratados nessas regiões, são os principais agentes poluidores.” Além dos riscos de poluição, a excessiva extração das águas do aquífero pode comprometer a renovação dos seus recursos e a infraestrutura das cidades. “A recarga natural do Aquífero não é tão rápida quanto a retirada da água. Isso pode causar o esgotamento dos recursos hídricos e o rebaixamento dos níveis do solo”, explica o biólogo. Recentemente, pesquisadores descobriram que a idade das águas do Guarani chega a incríveis 600 mil anos. Isso significa que o líquido que hoje é retirado pelo homem começou a penetrar no solo em direção ao aquífero 600 mil anos atrás. E significa também que, se o homem esgotar esse manancial, a reposição do mesmo volume de água, com a mesma qualidade, só deverá se concluir daqui a outros 600 mil anos. Ao contrário do que se pensa, a água é um recurso não renovável na escala humana, em decorrência do tempo necessário (alguns mi16

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ÁGUA PRÉ-HISTÓRICA A água disponível na natureza, hoje, é a mesma que esteve presente nos primórdios do planeta, há 4,5 bilhões de anos. O mesmo líquido que sai das nossas torneiras é aquele que encubou o desenvolvimento dos primeiros organismos unicelulares, que inundou as pegadas dos dinossauros e que matou a sede dos nossos ancestrais nas cavernas.

lhares de anos) para a renovação de alguns ciclos. Embora a água seja sempre a mesma, sua renovação ecológica é bastante lenta. O homem, ao contrário, está sempre em transformação, e suas gerações se sucedem incrivelmente rápido. Esse descompasso faz com que as comunidades humanas ameacem o equilíbrio dos recursos hídricos, risco que se agrava ainda mais com a poluição das águas e o seu desperdício. No Brasil, estima-se uma taxa de 40% de desperdício da água desde o momento em que ela é captada até sua distribuição. Isso sem


O UNIVERSO NUMA CASCA DE NÓS

AO CONTRÁRIO DO QUE SE PENSA, É UM RECURSO NÃO RENOVÁVEL NA HUMANA, EM DECORRÊNCIA DO NECESSÁRIO (MILHARES DE ANOS) RENOVAÇÃO DE ALGUNS CICLOS

mencionar as perdas na hora do consumo doméstico e industrial. No entanto, isso não significa que os mananciais subterrâneos não devam ser usados pela sociedade. Além do Guarani, existem numerosos aquíferos espalhados sob o território brasileiro, o que potencializa o uso das suas águas. Um desses mananciais é o Aquífero Alter do Chão, situado na região Norte do país. Embora não seja tão conhecido e estudado quanto o Guarani, os pesquisadores alegam que o Alter do Chão pode acumular impressionantes 85 mil quilômetros cúbicos de água, quase o dobro da capacidade atribuída ao Guarani. Estima-se que o volume da água desses dois aquíferos somados seria suficiente para abastecer a população do mundo inteiro ao longo de 200 anos. O potencial dos aquíferos é gigantesco, e a demanda de água das populações é muito grande para que eles não sejam empregados em benefício humano. O ponto chave desse impasse, entre a necessidade e o esgotamento dos recursos naturais, é a gestão responsável da água. É indispensável a elaboração de políticas que regulem o manejo sus-

A ÁGUA ESCALA TEMPO PARA A

tentável e o tratamento de efluentes, e promovam medidas para estimular a redução do consumo e o reaproveitamento dos recursos. É vital compreender que os aquíferos não se resumem a meros reservatórios hídricos. Muito além disso, eles são formações cruciais ao equilíbrio da biosfera, pois ajudam a regular os ciclos biogeoquímicos, alimentam os rios nos períodos de seca e abastecem diferentes comunidades, humanas ou não. Nos centros urbanos ou zonas rurais, os aquíferos são indispensáveis para a irrigação, a agricultura e a cadeia produtiva de alimentos, para as atividades industriais em geral e os mais variados modos de ocupação humana sobre o globo. Com base nessas questões, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai assinaram um acordo com o intuito de gerir coletivamente a exploração do Guarani. O tratado de gestão compartilhada de águas subterrâneas prevê a soberania desses países no uso do recurso hídrico, e propõe medidas estratégicas para preservar o aquífero e responsabilizar aqueles que contaminarem suas águas. Afinal, além de garantir o equilíbrio ecológico e estruturar a sociedade, a água é a moeda universal da vida.

Quando os astrônomos vasculham o universo à procura de vida, a primeira coisa que eles se perguntam ao descobrir um novo corpo celeste é: “Existem sinais de água?”. Isso porque a água é a substância primordial que determina o surgimento da vida nas formas que a conhecemos. A importância da água para a manifestação da vida é tão singular que até mesmo o ser humano, um animal terrestre, nasce dentro de uma bolsa cheia de um líquido aquoso. E antes disso, durante sua formação embrionária, o feto humano desenvolve fendas branquiais (estruturas semelhantes às brânquias dos peixes), um vestígio evolutivo que comprova sua conexão íntima com a água e com a comunidade biológica do planeta.

ESTADOS DESUNIDOS Em 2012, a mídia divulgou informações de que os Estados Unidos estariam instalando uma base de operações no Paraguai, país abrangido pelo Aquífero Guarani. A intenção seria ocupar um aeroporto internacional construído em uma região praticamente despovoada. O aeroporto, que estranhamente dispõe de uma megaestrutura, tem 3,5 km de extensão, sistema de aterrisagem noturna, bombas de rastreamento e numerosos radares. As informações sustentavam que essa iniciativa significaria um primeiro avanço na tentativa de dominar uma das regiões do aquífero, mas as autoridades norteamericanas alegaram motivações científicas. Seja como for, a proximidade da base à regiao do Guarani constitui uma coincidência no mínimo incômoda.

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CAPA

CORPO HUMANO O ser humano tem muito em comum com o planeta. Sua constituição, assim como a da Terra, contém aproximadamente 70% de água e 30% de matéria sólida. Seu corpo também é movido por um líquido que circula em camadas superficiais e profundas, fluindo e refluindo enquanto transporta nutrientes e alimenta processos vitais. Seu organismo possui veias e artérias que se estendem como rios conectados entre si, além de um sistema metabólico que renova essa massa líquida como uma versão adaptada do ciclo hidrológico.

Essa substância essencialmente simples (H2O) e carregada de potencialidades e de misticismo, que está pulverizada tanto nas nebulosas quanto na nossa própria epiderme, já foi identificada como a base material do universo. O primeiro filósofo do ocidente, Tales de Mileto, defendia que a água era a substância básica de todas as coisas. Assim como ele, o Taoísmo, o Budismo e diversas religiões orientais ensinam que a água é um dos elementos primários que compõem o universo. Simbólica ou materialmente, é sempre a água que ancora a vida. Nos mitos e nas mais distintas tradições culturais, assim como na constituição dos organismos vivos e dos corpos celestes, é sempre a presença da água que garante a possibilidade da vida. Afinal, parece que a água é não apenas o solvente universal, mas a substância universalmente genesíaca que, de maneira que nem mesmo a ciência consegue explicar, desencadeia esse fabuloso evento chamado vida nas mais diversas formas e sob as mais extremas condições. 18

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Doenças

SAÚDE

psicológicas

Os animais domésticos podem desenvolver doenças por estresse, falta de atenção ou carências não atendidas TextoLuisa Dentello DesignMarcelo Quén

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xistem diversos transtornos psicológicos que afetam a vida das pessoas em sociedade, mas isso todo mundo já sabe. O que talvez você não saiba é que alguns desses transtornos podem atingir também os animais de estimação. Os problemas mais comuns são a gravidez psicológica (ou pseudociese), a lambedura por estresse, distúrbios relacionados à agressividade canina e, em alguns casos, a roedura de móveis e paredes. A gravidez psicológica ocorre com relativa frequência em cães, especialmente nos de pequeno porte. A veterinária Edna Sayuri Matsuoka explica que a pseudociese acontece normalmente 2 meses depois do cio, havendo ou não o cruzamento com um macho. Os sintomas variam muito, e podem incluir o aumento do volume do ventre, produção de leite e alterações no comportamento, como irritação e agressividade, como se a fêmea estivesse protegendo seus filhotes. Aliás, o animal não apenas protege essas "crias" (que podem ser objetos de qualquer natureza, como garrafas pet ou sapatos), mas adota e cuida desses objetos como verdadeiros filhotes, levando-os para o ninho e os amamentando. "Caso esses episódios tornem-se frequentes, é recomendável castrar a fêmea para evitar o risco de hiperplasia do endométrio e piometira, que são quadros graves se não forem diagnosticados a tempo", explica Edna. Hiperplasia do endométrio facebook.com/RevistaMundodosBichos

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Foto Leila Penteado

SAÚDE

CARINHO QUE CURA Conhecer as características de um animal, antes de adquiri-lo, evita que ele desenvolva patologias decorrentes da falta de atenção ou de necessidades não atendidas, além de favorecer um melhor relacionamento com os pets

é o aumento do volume do tecido que reveste o útero e permite que o óvulo se prenda e cresça como embrião, e piometria é um quadro infeccioso, em que o útero é contaminado por bactérias e passa a acumular secreção purulenta. Tais quadros, se não diagnosticados a tempo, podem comprometer a integridade física do animal. "Nesses casos, o tratamento é cirúrgico, ou seja, consiste na retirada do útero e dos ovários, portanto a recomendação é a da castração preventiva, a fim de não submeter o animal a uma cirurgia de emergência." A lambedura por estresse também é frequente nos dias de hoje. Ocorre em cães já que, ao contrário dos gatos, são animais muito agitados e não suportam o tédio 20

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facilmente. "A escolha inadequada de uma raça por parte das pessoas, muitas vezes, é um fator determinante", comenta a veterinária. A recomendação é de que sempre se pesquise sobre as características do cão antes de adquiri-lo, de modo que os mais bagunceiros, como labradores ou beagles, não sejam adotados por pessoas com pouca disposição ou tempo para dedicar aos animais. Afinal, enquanto filhotes, todos os pets são fofos e meigos, porém somente mais tarde mostram seu verdadeiro perfil. Cães de caça e pastores são agitados, cães de companhia têm a necessidade da presença do dono e cães grandes precisam de muito espaço. Dependendo do que estiver faltando ao cachorro, seja atenção,

A ESCOLHA INADEQUADA DE UMA RAÇA POR PARTE DAS PESSOAS, MUITAS VEZES, É UM FATOR DETERMINANTE PARA A OCORRÊNCIA DAS DOENÇAS PSICOLÓGICAS


algo para se ocupar ou espaço, ele pode desenvolver a síndrome. "Eles acabam se mutilando ao se lamber e formam feridas que não cicatrizam, muitas vezes no intuito de chamar a atenção do proprietário, ou mesmo levados pelo próprio tédio". Ao ver que o animal apresenta feridas que não fecham, recomenda-se que um veterinário seja consultado antes de qualquer decisão, para que outras patologias (tais

como dermatites) sejam excluídas ou diagnosticadas e tratadas. Há ainda muitos outros transtornos, como a agressividade canina (que pode decorrer de problemas em sua criação e sociabilização, ou mesmo da sua índole), a perseguição da própria cauda (normalmente associada a algum processo doloroso ou de coceira intensa) e a roedura de móveis (que pode ser uma deficiência nutricional ou um indicativo

de estresse, tédio ou carência). É importante prestar sempre muita atenção ao animal, perceber quais são seus hábitos normais e quando há algo de errado. Se um cão passa a latir mais, ou se um gato passa a miar com mais frequência, deve-se entender quais são as razões. E sempre que houver feridas ou qualquer alteração física ou comportamental, é indispensável procurar um veterinário.

Animais agitados ou agressivos podem estar apenas querendo dizer que precisam de mais afeto ou diversão

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VIRTUAL

O cachorro

cuti-cuti do m u n do

m a is

Maior celebridade animal do momento, o cãozinho Boo coleciona admiradores no mundo inteiro TextoVitor Haddad DesignMarcelo Quén

U

m corte de cabelo engraçado, uma página no Facebook e o título de cãozinho mais fofo do planeta. Se você andou perto da internet nos últimos tempos, o nome “Boo” certamente lhe diz alguma coisa. Boo é um cachorro da raça Lulu da Pomerânia, também chamada de Spitz Alemão Anão. Inteligentes e bastante ativos, os animais dessa raça descendem dos resistentes puxadores de trenó, que foram sendo miniaturizados até atingir o reduzido tamanho atual (o Spitz Alemão Anão é o menor membro da família Spitz) e a irresistível forma de bolinha de pelo. Apesar do jeitão de filhote e da carinha adorável, Boo tem 7 anos de idade e uma popularidade de gente grande. Até agora, sua página no Facebook já atraiu 22 22 facebook.com/RevistaMundodosBichos

mais de 7 milhões de curtidores, uma legião de fãs tão grande que seu número ultrapassa as populações do Uruguai e da Jamaica somadas. Como toda celebridade, a vida de Boo já rendeu uma boa polêmica. Recentemente, surgiram informações relevando que J. H. Lee, suposta criadora do cachorro, é na verdade o pseudônimo de Irena Ahn, uma funcionária do alto escalão do Facebook. Deixando as controvérsias de lado, existe uma coisa que ninguém ousa discutir: o cãozinho é realmente fotogênico.


Herói de brinquedo O sucesso da página de Boo no Facebook (facebook.com/Boo) foi tão retumbante que o animal já virou bichinho de pelúcia e inspirou o lançamento de 3 livros. O primeiro deles, que mostra fotos da sua vida não publicadas no Facebook, já foi traduzido para 10 idiomas.

Sucesso desvantajoso De acordo com o criador José Venâncio da Cunha, o sucesso de Boo no Facebook contribuiu significativamente para o aumento da procura pela raça no seu canil. No entanto, ele alega que a popularização em decorrência do hit da internet traz mais implicações negativas do que positivas. Segundo o criador, a grande exposição de Boo trouxe benefícios porque ajudou a divulgar uma raça dócil, higiênica e excelente para o convívio doméstico. Por outro lado, esse fenômeno acabou estimulando o surgimento de criadores não especializados e de um comércio que trata os bichos como mercadorias. “Os animais devem ser vistos como uma extensão da família, não como uma fábrica de filhotes”, afirma Cunha. “Quando a moda passar, permanecerão apenas os criadores realmente apaixonados pelas características da raça.”

CELEBRIDADES ANIMAIS O fenômeno das petcelebridades conta com diversas estrelas virtuais. No Tumblr, um dos animais que brilha é outro Lulu da Pomerânia, chamado Tommy the Pomerian. No Instagram, imperam o sorridente Tuna e a performática Ginny. E no Facebook, o felino mais cult do universo atende pela alcunha de Hamilton, o gato Hipster.

Hamilton goo.gl/uoYWIW

Tommy goo.gl/hjSMxZ

Tuna goo.gl/fcrke

Ginny goo.gl/lDESE0

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PALEONTOLOGIA

O devir da Biologia Moderna TextoHeitor Francischini* DesignMarcelo Quén

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ue os elefantes são animais fantásticos ninguém duvida. Mas os mamutes, seus parentes mais próximos, não ficam para trás! Os mamutes (Mammuthus primigenius) foram animais muito parecidos com os elefantes, porém apresentavam grandes marfins e corpo coberto por pelos muito longos. Extintos há alguns milhares de anos, eles habitaram quase todos os continentes, exceto Austrália, Antártica e América do Sul (no Brasil, as formas mais próximas aos mamutes são os mastodontes Stegomastodon e Cuvieronius). Muito provavelmente, o ser humano não só os conheceu, como caçou e se alimentou de muitos mamutes, conforme indicam algumas pinturas rupestres e restos de ossos com marcas de ferramentas humanas. Outro aspecto interessante desses animais é que muitos deles foram congelados logo após sua morte, tendo sua pele, músculos e outros tecidos moles preservados. Esse tipo de preservação é incomum, já que logo depois da morte de um animal (ou de qualquer ser vivo), o processo de decomposição se inicia, transformando a matéria orgânica que formava


o organismo em minerais e gases, liberados no solo e na atmosfera. O que acontece com os mamutes é que alguns foram congelados imediatamente após sua morte, e a baixa temperatura impediu que as bactérias e os fungos se proliferassem (o mesmo acontece quando colocamos alimentos no congelador da nossa casa). Assim, alguns mamutes podem ser encontrados intactos (ou muito bem preservados) sob camadas de neve ou gelo em regiões próximas ao Polo Norte, como a Sibéria, na Rússia. Em 1977, uma equipe de pesquisadores encontrou o que viria a ser o primeiro mamute congelado estudado pela ciência moderna: uma fêmea jovem, de 7 a 8 meses de idade, carinhosamente apelidada de Dima. As descobertas não pararam por aí e, 11 anos depois, mais um animal foi encontrado, batizado de Mascha. Em 2007, um filhote foi encontrado em excelente estado de preservação. Seus tecidos e órgãos estavam tão bem preservados que os cientistas puderam encontrar restos de alimentos no interior do seu estômago. Lyuba, como foi chamado o bebê mamute, é um dos fósseis mais famosos do mundo. Em 2012, foram encontrados Yuka e Zhenya e, em 2013, uma nova descoberta pode trazer novos avanços no estudo desses fabulosos animais. Em maio deste ano, a equipe do pesquisador Semyon Grigoryev, da Universidade Federal do Nordeste (em Yakutsk, Sibéria oriental), descobriu sob o gelo da região de Novosibirsk, no norte da Rússia, um exemplar de mamute tão bem conservado que foi possível extrair alguns mililitros de seu sangue, outrora congelado. Esse achado promete dar o que falar, já que pesquisadores de várias regiões do mundo estão

interessados em utilizar o DNA extraído do sangue desse espécime para criar o primeiro mamute clonado e trazer a espécie extinta de volta à vida. A clonagem de animais extintos já é um assunto conhecido do público, graças aos filmes da franquia Jurassic Park, dirigidos por Steven Spielberg, que che-

gavam às telas dos cinemas de todo o mundo há exatos 20 anos. A história começa com um grande e ambicioso empreendimento: clonar dinossauros a partir de fragmentos de DNA encontrados em gotículas de sangue ingeridas por pernilongos preservados dentro de âmbares (resinas vegetais fósseis). A clonagem de animais

O DEBATE CIENTÍFICO EM TORNO DA QUESTÃO É ACIRRADO. ALGUNS ENTUSIASTAS OPINAM QUE NÃO HÁ RAZÕES PARA NÃO RECRIAR OS MAMUTES. E MAIS: OUTRAS ESPÉCIES, EXTINTAS GRAÇAS À CIVILIZAÇÃO HUMANA, PODERIAM TAMBÉM SER “RESSUSCITADAS”

O filme Jurassic Park retrata a clonagem dos dinossauros a partir do sangue retirado de um pernilongo preservado em âmbar, o mesmo processo que viabilizou a extração do sangue em estado líquido de um mamute encontrado na Rússia.

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PALEONTOLOGIA

domésticos, por sua vez, já é uma realidade desde o projeto que culminou no nascimento da ovelha Dolly, um marco nos estudos de Genética e Biologia Molecular. Dolly é um ícone do poder humano de transformação da natureza. Talvez nenhum outro fato tenha sido tão importante para geneticistas e biólogos moleculares desde a descoberta de James Watson e Francis Crick, há 60 anos, de que o DNA é o material genético de todos os seres vivos (alguns vírus são excluídos dessa premissa!). A morte de Dolly, em 2003, não significou um retrocesso nos estudos dos clones, em absoluto. Muitos outros foram “produzidos” desde então, e a promessa de trazer novas espécies de volta à vida está cada vez mais perto de tornar-se realidade. O debate científico em torno da questão é acirrado. Alguns entusiastas opinam que não há razões para não recriar os mamutes. E mais: outras espécies, extintas

Filhote de mamute preservado, exposto em museu alemão

graças à civilização humana, poderiam também ser “ressuscitadas”. Em 2012, o último exemplar da Tartaruga de Galápagos da Ilha Pinta (Chelonoidis nigra abingdoni), conhecido pela triste alcunha de George Solitário, morreu sem encontrar uma parceira para reproduzir-se. Sua espécie sofreu um declínio populacional desde a descoberta das Ilhas Galápagos por navegadores europeus. O mesmo aconteceu com os Dodôs (Raphus cucullatus) das Ilhas Maurício. A emblemática ave teve seu último espécime morto em 1681, por marujos que cruzavam o Oceano Índico na famosa rota marítima em direção à Ásia. Inúmeras espécies, como o Tigre da Tasmânia, a Vaca Marinha de Steller, o Quagga e até mesmo o Rinoceronte Negro, recém-extinto em 2013, poderiam ser reintroduzidas na natureza pelos humanos. Estes, por sua vez, se redimiriam de sua truculência à Mãe-Natu-

reza devolvendo as espécies que lhe foram tiradas. Porém, a clonagem de animais extintos esbarra em diversos argumentos contrários, desde éticos até religiosos. O principal deles, ecológico, diz que não se pode contabilizar possíveis danos que as espécies outrora extintas poderiam causar nos ecossistemas recentes. Em outras palavras, trazer os mamutes de volta à vida não poderia levar os animais atuais (como renas e caribus) à extinção? E a vegetação local, como reagiria? Ainda há muito o que ser debatido nesse âmbito, e trazer a discussão para a esfera social pode render bons frutos. Nós, cidadãos, precisamos parar para pensar no futuro das espécies do nosso planeta, baseando-nos nos registros passados. Extinções sempre existiram e sempre existirão no Planeta Terra, mas qual é a extensão do impacto da ação humana nas populações de animais selvagens? Há um limite? Clonar animais extintos seria a nossa chance de reparar os estragos já causados ou seria um passe livre para novas e mais ostensivas investidas ao meio ambiente? Podemos determinar o futuro das outras espécies? Esses são questionamentos que devem vir à tona antes que se decida pela reintrodução ou não de animais extintos na fauna atual. *Biólogo formado pela UFSCar e mestrando em Geociências (Paleontologia) pela UFRGS

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PEIXES

Brigador

ORNAMENTAL Um dos mais belos animais de água doce, os peixes beta não são tão agressivos quanto se pensa TextoPedro Junqueira DesignMarcelo Quén

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uem nunca se divertiu contemplando o nado esvoaçante daquele peixinho colorido e solitário que ocupa a maioria dos aquários domésticos? Embora existam mais de 60 espécies desse peixe, a mais popular é a Betta splendens, conhecida no Brasil como “peixe-de-briga”, ou simplesmente “peixe beta”. Originário da Ásia, o nome Betta é uma referência à tribo tailandesa Ikan Bettah, que ocupava uma das regiões onde o peixe era encontrado. Splendens deriva da palavra latina splendore (“brilhante”), em alusão às tonalidades vivas das suas escamas e nadadeiras. No entanto, apesar dos tons faiscantes exibidos nos aquá-

rios, os Betta apresentam uma aparência diferente no seu habitat natural (charcos e plantações de arroz), com cores mais opacas e cauda mais curta, fatores que podem favorecer sua camuflagem. Uma das razões da popularidade do Betta é a resistência do peixe, que sobrevive em aquários relativamente pequenos e com poucos equipamentos. No entanto, isso não significa que o animal viva bem confinado em espaços muito pequenos, como frequentemente ocorre. De acordo com Luciana Almeida, mestranda em Zoologia pela Universidade Estadual de Feira de Santana, as famosas “beteiras”, vendidas em diversas lojas, devem ser evitadas. “Por ser um peixe de

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PEIXES

clima tropical, os Splendens podem precauções especiais sejam tomasofrer com a variação da tempera- das. Peixes grandes, por exemplo, tura nesses aquários minúsculos, já devem ser evitados, já que podem que a reduzida quantidade de água intimidar o Betta e alterar seu comesquenta e se resfria mais facilmen- portamento. Peixes mordiscadores te. Além disso, alguns estudos in- também devem ficar de fora, já dicam que espaços maiores podem que podem se sentir atraídos pela aumentar a longevidade desses ani- cauda esvoaçante do Splendens e mais – por sinal, machucar o anicomo ocorre com mal. As fêmeas, qualquer ser vivo”, naturalmente mais ORIGINÁRIO DA ÁSIA, explica Almeida. calmas, convivem Outro mito sobem com outros O NOME BETTA É bre a espécie é a animais no aquáUMA REFERÊNCIA À necessidade de rio, mas não deTRIBO TAILANDESA criá-la totalmente vem ser mantidas "IKAN BETTAH" sozinha, sem neem cardumes com nhum outro peixe menos do que 5 no aquário, por indivíduos. conta da agressiCuidados são vidade do peixe-de-briga (daí seu importantes também com sua alinome). Na verdade, apenas os ma- mentação, já que não se deve dar chos são agressivos e territorialis- flocos próprios para peixes douratas, mas isso não os torna peixes dos ou tropicais. Sua dieta inclui raassassinos. É possível, e bastante ções específicas para Betta (do tipo comum em alguns países, a monta- pellet), vermes congelados, migem de aquários comunitários in- nhocas liofilizadas ou vivas, entre cluindo o Betta, desde que algumas outros. É importante, ainda, ficar

AQUÁRIO Em geral, um tanque com cerca de 15 litros pode abrigar um Betta em boas condições. Se o aquário for aberto na parte superior, certifique-se de não preenchê-lo com mais do que 80% da sua capacidade, para impedir que o peixe salte para fora. É fundamental também utilizar um bom condicionador de água, de modo a retirar o cloro do meio e impedir que as condições do aquário e do peixe fiquem comprometidas. Deve-se providenciar um aquecedor com termostato, para regular a temperatura da água entre 24 e 27º C, e selecionar cuidadosamente a decoração do aquário. Devese evitar pedras irregulares ou ornamentos artificiais, pois eles podem machucar as nadadeiras do peixe. Plantas e algas vivas, além de muito mais belas, fornecem um ambiente propício para o Splenden se camuflar e descansar. As plantas vivas ajudam ainda a oxigenar a água e a conservar sua higiene. Na hora de transportar o peixe para o aquário, deve-se despejar o líquido lentamente no tanque, de modo que a água nova e a velha se misturem e o Betta não sofra com a diferença da temperatura. É essencial manter a limpeza do aquário, removendo rapidamente os alimentos rejeitados pelo peixe e efetuando trocas parciais de água (30% do seu volume) com frequência.

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atento com a quantidade de comida oferecida, já que o excesso pode ocasionar problemas no intestino e até a morte do animal. Os peixes beta não param de comer enquanto houver disponibilidade de alimento na água. Por esse motivo, é fundamental não oferecer mais do que 3 pellets por dia. Apesar disso, cuidar dos Splendens não exige grande esforço, e a montagem de um aquário dispensa altos investimentos. Acima de tudo, o essencial é procurar orientação de diferentes fontes antes de resolver montar um aquário. Pesquise em livros, busque na internet e consulte profissionais distintos antes de fazer a decisão. Peixes podem ser realmente encantadores, mas isso não significa que eles devem ser tratados como peças de decoração.

Prisão fashion O hábito de confinar os peixes beta em pequenos espaços culminou na criação de um gadget polêmico. O controverso Ipond, desenvolvido na Austrália, consiste em um “aquário” minúsculo no formato de um Ipod. Essa pequena prisão fashion comporta o ridículo volume de 350 ml, e restringe o Betta a um simples fundo de tela animado para o player. Mas o pior de tudo nem é o tamanho desprezível do tanque. O Ipond é também uma caixa de som portátil, que se conecta a Ipods ou outros dispositivos sonoros. Além de ter sua mobilidade e acesso a oxigênio reduzidos, o peixe ainda é torturado com o altíssimo ruído ressoando no ambiente, sobretudo porque a água

conduz as ondas sonoras muito melhor do que o ar. É por esse motivo, inclusive, que não se deve bater no vidro dos aquários – para não estressar os peixes com o barulho resultante da vibração do vidro. Felizmente, o aparelho foi removido do mercado australiano logo após seu lançamento, em decorrência da ação das autoridades locais.

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edúaINICIATIVAS S

SUSTENTABILIDADE

sem fronteiras Programa USP Recicla traça projetos de abrangência regional e global TextoVitor Haddad DesignMarcelo Quén

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m meio às discussões sobre meio ambiente e desenvolvimento da Conferência Eco92, em que os países do mundo inteiro voltavam seus olhos para o Brasil, o USP Recicla já parecia nascer predestinado à internacionalização. Projeto de caráter institucional da Universidade de São Paulo, o USP Recicla foi criado com o objetivo de aprimorar as práticas educativas e ambientais da universidade. Ao contrário do que pode sugerir seu nome, o USP Recicla não se dedica unicamente à reciclagem de resíduos. “Podemos dizer que ele busca realmente ‘reciclar’ determinados saberes, valores e atitudes de pessoas e instituições. Trata-se de uma abordagem das questões ambientais que coloca no centro das atenções as relações sociais em suas vertentes econômica, política, cultural e ambiental”, explica Patricia Silva Leme (conhecida como Pazu), bióloga com doutorado em Educação e educadora do programa USP Recicla. Com base nessa linha de atuação, o programa concebe, desenvolve e implementa diversas ações de caráter sustentável que beneficiam sua comunidade acadêmica (composta por mais de 110 mil pessoas) e a própria população. Dentre as numerosas iniciativas em andamento, uma das mais notáveis é a Cooperação Internacional com outras universidades, que já está no seu quarto ano de desenvolvimento. Por meio da parceria com instituições ao redor do mundo, a iniciativa busca incorporar práticas mais sustentáveis e avaliar processos nas áreas de educação, currículo e gestão do câmpus. O projeto teve início em 2009 por meio da ação conjunta da Universidade Autônoma de Madri (UAM), da Espanha. Em 2010, a equipe do 30

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PRÁTICAS PAUTADAS EM 3 EIXOS O USP Recicla desenvolve práticas pautadas em 3 eixos de atuação: -Educação Ambiental, que inclui a realização de cursos, oficinas, mostras, feiras, programas de rádio e outras atividades com o intuito de mobilizar as pessoas sobre as questões socioambientais em geral; -Gestão de Resíduos, que inclui o levantamento de dados de consumo e geração de resíduos, uso racional de materiais, redução de desperdício, promoção da coleta seletiva e demais orientações sobre descarte, reciclagem e medidas complementares; -Comunicação, que abrange a divulgação do programa e a elaboração de recursos didáticos de apoio a educadores ambientais (DVD ROM, calendários, jogos educativos, livros, entre outros).


projeto idealizou a Plataforma da Sustentabilidade na Universidade, um espaço virtual que permite compartilhar informações e ferramentas entre as comunidades universitárias. Hoje, a parceria já se estendeu à University of South Africa (UNISA), da África do Sul, e conta com um banco de dados com aproximadamente 70 pesquisas, que geram informações utilizadas por 4 universidades brasileiras. A experiência com a universidade sul-africana tem conferido resultados altamente promissores ao projeto, sobretudo por meio da troca de conhecimentos a respeito da plataforma virtual, já que a UNISA é referência mundial na modalidade de Educação a Distância. “Foi importante também conhecer a realidade de um país africano, mas que guarda muitas similaridades com o Brasil, como o multiculturalismo, a rica biodiversidade e, infelizmente, a grande desigualdade social. Essa comparação nos permitiu aprender sobre os caminhos que o país, de um modo geral, e a UNISA, de modo mais específico, estão trilhando para o enfrentamento dos problemas educativos e ambientais”, explica Pazu.

Fotos: Clever Ricardo Chinaglia.

A UNISA (University of South Africa) tem sua sede em Pretória desde 1916 e conta atualmente com cerca de 300 mil estudantes, grande parte dos quais na modalidade EAD (Ensino a Distância). Entre outros fatores, essa particularidade tornou a UNISA uma instituição internacionalmente reconhecida e um ótimo parceiro para utilização da Plataforma da Sustentabilidade na Universidade, estabelecida no ambiente virtual. Desde 2012, quando o programa passou a fazer parte da Superintendência de Gestão Ambiental da USP, os horizontes do programa se expandiram ainda mais, e alcançaram novas áreas como compras verdes e a mobilidade sustentável. Investindo continuamente em ações educativas em larga escala, uma das principais metas do Usp Recicla para os próximos 2 anos é a formação ambiental de 16 mil funcionários da universidade. A UNISA (University of South Africa) é referência mundial na modalidade de Ensino a Distânca

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L

a Paz. A capital da BolĂ­via nĂŁo tem esse nome por acaso. Depois de pedalar 130 km em um mesmo dia, enfrentar uma estrada ruim e 3 pneus furados, Beto AmbrĂłsio finalmente consegue alguns momentos para se recompor e capturar imagens maravilhosas. E compartilhar um pouco da sua paz com os leitores da MDB. Ao lado, Beto relata sua chegada ao deserto de sal.

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edúaS

DIÁRIO

Diário

DE BICICLETA 25 de julho de 2013

F

oram 20 km até Colchani, depois mais 5 km caminhando até chegar no ponto onde tudo é branco. Barraca, vinho, lua gigante e fogareiro pra esquentar os dedos do pé. A noite parecia dia, a lua parecia um holofote e o chão todo branco refletia aquela luz. Um frio incrível, o que torna o lugar mais encantador ainda. Ali dá pra imaginar qualquer coisa, menos que se está na Terra. Um solo todo rachado, com cores que não se vê em outro lugar, talvez, só em outro planeta.

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CURIOSOS

Feiura

tocante

A Toupeira-nariz-de-estrela utiliza o focinho para tatear o subsolo e mapear o ambiente. Entre outras funções

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ão, os dois círculos no meio daqueles “minitentáculos" vermelhos não são os olhos desse bichinho esquisito – são o nariz dele. No entanto, trata-se de um nariz que serve mais para enxergar do que para cheirar. O extravagante focinho da Toupeira-nariz-de-estrela (Condylura cristata) é uma obra de arte da biologia, com um espetacular desempenho ecológico e um acabamento estético não tão caprichado assim. Essas “perninhas” que se projetam para fora das narinas do animal são apêndices altamente funcionais, que a toupeira utiliza para auxiliar sua percepção espacial, encontrar e agarrar suas presas e evitar que entre terra em sua boca enquanto ela escava seus túneis ou

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se alimenta. A característica mais impressionante desses apêndices, entretanto, não é a função multiuso que eles apresentam, mas sua extraordinária capacidade sensorial,

que os torna um dos órgãos táteis mais sensíveis de toda a natureza. Essa estrutura com tecnologia de ponta (literalmente) permite que a Toupeira-nariz-de-estrela perceba vibrações sísmicas, impulsos elétricos e até seja capaz de sentir cheiro embaixo d’água. Para realizar tarefas tão prodigiosas, tais apêndices (11 para cada narina) reúnem mais de 100 mil terminações nervosas em uma área de aproximadamente 1 cm2. Para se ter uma ideia de como esse número é descomunal, a mão inteira de um homem possui cerca de 17 mil terminações nervosas, espalhadas por uma área muito maior. O nariz estrelado da toupeira é resultante do tipo de vida que ela leva. Adaptada à completa escuridão das galerias subterrâneas que ela mesma escava, a Nariz-de-estrela (funcionalmente cega) lê o subsolo como se fosse braile, apalpando-o. Mas o focinho high tech não é a única arma que ela possui. O animal tem garras desproporcionalmente grandes, pelagem à prova d’água e excelente agilidade na terra e na água, o que é favorecido pelo seu tamanho reduzido – cerca de 20 cm de comprimento por 50 g de peso (ou seja, o porte físico de um camundongo). O bichinho, encontrado nos Esta-


NARIZ QUE ENXERGA A sensibilidade desses órgãos é tão grande que o cérebro da Nariz-deestrela processa os estímulos táteis captados mais ou menos como o cérebro humano interpreta os estímulos visuais captados pelos olhos. Ou seja, a toupeira consegue ver com o tato do nariz. Estranho? Imagina.

dos Unidos e no Canadá, se alimenta de peixes e pequenos invertebrados, como minhocas. Essa dieta, somada à especialização ecológica da toupeira, permite que ela tenha hábitos

E AÍ, BICHO, QUAL É? Sabe que, pensando bem, a Toupeiranariz-de-estrela nem é tão esquisita assim. Parece que o reino animal não tem limites para inventar bichos inusitados. Tem alguma ideia de que animal bizarro é esse? Na próxima edição você descobre.

tanto diurnos quanto noturnos. Pensando bem, a diferença do horário não deve ser um incômodo para ela, já que seu nariz não precisa da luz do sol para enxergar.

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MUNDO

RAPIDINHAS FÓSSIL DE ROSCA

Recentemente, surgiram informações de que cientistas russos teriam encontrado um parafuso com mais de 300 milhões de anos, descoberta que comprovaria que alguma civilização tão avançada quanto a nossa teria vivido na Terra alguns milhões de anos atrás. Por fim, descobriu-se que os parafusos, na verdade, não passavam de fósseis de Crinóidea, um organismo marinho filtrador que apresenta estruturas semelhantes a parafusos, porcas e arruelas.

Suposto parafuso préhistórico encontrado por pesquisadores

DUAS CARAS

Frank e Louie, um gato com a cara “duplicada”, tem feito sucesso nos Estados Unidos não apenas pela sua aparência incomum, mas porque o bichano acabou de completar 12 anos – uma longevidade impressionante, considerando que a expectativa de vida para animais com essa anomalia é de 4 dias. Frank (o lado esquerdo) e Louie (o direito) nasceu com uma doença chamada diprosopia. Se você é um leitor sensível, não digite isso no Google e clique em imagens.

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MAIORAIS A edição de 2013 do Guinness Book já selecionou os detentores dos títulos de maior cachorro do mundo, maior gato, maior cavalo e maior burro

ZEUS,

cachorro com nome de deus grego, abocanhou o título de maior cachorro do mundo. O animal da raça alemã Great Dane vive nos Estados Unidos e tem 1,11 metro de altura (medido do chão até o ombro).

BIG JAKE,

o maior cavalo do mundo, também é estadunidense, e tem 2,12 metros de altura e mais de 1.100 quilos.

SAVANNAH ISLANDS TROUBLE,

da raça Savannah, media 48 centímetros de altura (do chão até o ombro). Infelizmente, Trouble morreu antes de poder comemorar o título.

OKLAHOMA SAM

tem 4 anos e, agora, o título de maior burro do mundo. O animal mede 1,55 metros de altura, sem ferraduras.

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Luiza e Jo達o

Tales e Ozzy Isadora e James

Lais e Chico Bia e Chico

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