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ÍNDICE ENTREVISTA

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Reforma deve acabar com ‘chantagens’ políticas Deputado federal Luiz Couto (PT-PB) defende reforma política profunda para acabar com cultura do “toma lá, dá cá”

POLÍTICA

ECONOMIA

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Efeito Bumerangue na oposição Líderes oposicionistas como José Agripino, Ronaldo Caiado, Anastasia e até Aécio começam a sofrer com denúncias de propina

Luxo no nordeste Mercado aposta em moradia com alta tecnologia, serviços pay-per-use e luxo para atrair investidores

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Um novo partido incomodando o PMDB PL nasce para fortalecer base de Dilma no Congresso. PMDB e oposição tentam evitar manobra

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Setor sucroalcooleiro agoniza e busca superação Numa das maiores crises de sua história, o setor sucroalcooleiro aposta em medidas que começam a ser tomadas pelo Governo

CAPA

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Nordeste decisivo Governadores do Nordeste se posicionam contra impeachment e apoiam governabilidade de Dilma

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Depois de tanta crise, Dilma chama Edinho para Governo se comunicar Novo ministro da Comunicação deve dar novo gás à comunicação do Governo Federal

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Focando em obras, sem falar em sucessão Fase econômica impõe na gestão de João Pessoa medidas amargas com redução de despesas


SEGURANÇA

TURISMO

COLUNAS

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Motim orquestrado leva terror à Natal Rebelião em 14 dos 33 presídios e ônibus incendiados em Natal levam caos ao sistema prisional do Rio Grande Norte

Investimento adormecido Governo da Paraíba tenta retomar Polo de Turismo. Projeto prevê investimento de R$ 2 bilhões na orla de João Pessoa

Cartas e E-mails

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Gaudêncio Torquato

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Plugado | Walter Santos

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Carlos Roberto

CULTURA

64 GERAL

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O Recomeço dos haitianos no Brasil Milhares de imigrantes haitianos ocupam postos de trabalhos em Estados como Santa Catarina, construindo uma nova vida social

A sensualidade de “Belle” A Companhia de Dança de Deborah Colker apresenta espetáculo “Belle” no Nordeste

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Flávio Dino

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Personalidades Nordeste


NORDESTE revistanordeste.com.br

Ano 9 | Número 100 | Março | 2015 Diretor Presidente Walter Santos Diretora Administrativa/Financeira Ana Carla Uchôa Santos Diretor Comercial Pablo Forlan Santos Diretor de Marketing Vinícius Paiva C. Santos Logística Yvana Lemos COMERCIAL Gerente Comercial Marcos Paulo Atendimento Comercial Jone Falcão REPRESENTANTES Pernambuco Gil Sabino g.sabino@uol.com.br - Fone: (81) 9739-6489 REDAÇÃO Editor Paulo Dantas Repórter Umberlândia Cabral Direção de Arte Luciano Pereira Capa Vinícius Paiva C. Santos Projeto Visual Néctar Comunicação ATENDIMENTO/ FINANCEIRO Supervisora e Contas a Pagar Kelly Magna Pimenta Contas a Receber Milton Carvalho Contabilidade Big Consultoria ASSINATURAS (83) 3041-3777 Segunda a sexta, das 8 às 18 horas www.revistanordeste.com.br/assinatura CARTAS PARA REDAÇÃO faleconosco@revistanordeste.com.br

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PARA ANUNCIAR Ligue: (83) 3041-3777 comercial@revistanordeste.com.br SEDE Pça. Dom Ulrico, 16 - Anexo - Centro - João Pessoa / PB Cep 58010-740 / Tel/Fax: (83) 3041-3777 Impressão Gráfica JB - Av. Mons. Walfredo Leal, 681 - Tambiá - João Pessoa / PB - Fone: (83) 3015-7200 Circulação DPA Consultores Editorias Ltda dpacon@uol.com.br - Fone: (11) 3935 5524 Distribuição FC Comercial

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A Revista NORDESTE é editada pela Nordeste Comunicação, Editora e Serviços Ltda-ME CNPJ: 19.658.268/0001-43

EDITORIAL A força dos governadores do Nordeste O apoio dos governadores do Nordeste à presidente Dilma Rousseff (PT) é mais que bem-vindo neste momento de crise. Significa a garantia de governabilidade e apoio parlamentar. A bancada nordestina se configura num dos maiores colegiados do parlamento brasileiro, englobando 151 deputados federais e 27 senadores. Mas evidentemente que nem todos apoiam o PT, nem obedecem ou são aliados aos seus governadores. Mas então porque a apoio dos nove governadores é tão importante? Os governadores que apoiam Dilma são Ricardo Coutinho (PSB-PB), Paulo Câmara (PSB-PE), Jackson Barreto (PMDB-SE), Renan Filho (PMDB-AL), Wellington Dias (PT-PI), Camilo Santana (PT-CE), Rui Costa (PT-BA), Robson Faria (PSD-RN) e Flávio Dino (PCdoB-MA). Ainda que praticamente todos a princípio apontem para bancadas da base aliada (PMDB,PSD, PT e PCdoB) - existe uma exceção, o PSB, que se digladia internamente entre um apoio à distância com críticas pontuais, ou uma adesão ampla e clara. Não é sempre que se encontram tantos líderes prontos a dar apoio ao invés de pedir benesses. É verdade que a ideia inicial do encontro era estender o pires, mas logo o tom foi alterado para um apoio à Dilma e seu ajuste fiscal, e uma espécie de frente contra a instabilidade e o movimento pró-impeachment. Contudo, os governadores frisaram a necessidade de se apurar e punir envolvidos em corrupção. O encontro com os governadores fortalecem a presidente frente as manifestações orquestradas por uma parcela da sociedade que visa antes de tudo manter o status quo do jeito que está, ainda que expresse um discurso diferente, propondo mudanças moralizantes.

A percepção dessa estratégia adotada por essa parcela da sociedade é reforçada quando estouram escândalos como o da Operação Zelotes e Swissleaks, onde são desnudados esquemas de sonegação de impostos de alguns dos donos de bancos e de conglomerados de comunicação (TVs, revistas e jornais). Donos de indústrias e do comércio de varejo. No final das contas, são esses barões que acabam financiando muitos dos que buscam a instabilidade, se dizendo paladinos da moral e dos bons costumes. Não há dúvida que é preciso mudar muita coisa no Brasil, e uma parte dessa mudança passa pela democratização da mídia, pelo enquadramento do discurso do ódio como crime e pela taxação das grandes fortunas. Esta última reivindicação apontada pelos governadores a Dilma. Por isso a força e a união de nove senhores, que deixaram seus afazeres nos seus estados para apoiar a presidente numa tarde de quarta-feira em pleno mês de março, deve ser saudada como um alento, uma barreira humana contra a insanidade da direita que torce pelo quanto pior melhor. Mas se nada disso servir como argumento, vale a lembrança que a região obteve um expressivo crescimento de 3,7% em 2014 sobre 2013, de acordo com o Índice de Atividade Econômica regional do Banco Central, considerado uma prévia do Produto Interno bruto (PIB). Este, em última instância, é um dos motivos do apoio significar um ganho de peso para a presidente.

Paulo Dantas

Editor da Revista NORDESTE paulo.dantas@revistanordeste.com.br


CARTAS E E-MAILS “Chegou a hora de produzirmos uma avaliação mais precisa sobre os rumos de nosso Estado, em especial numa publicação com este perfil” Robinson Faria Governador do Rio Grande do Norte | Natal - RN

“Já acionei nossa área especializada na comunicação para estreitar o nível de informações para a Revista NORDESTE visando revelar as novidades processadas no Governo de Alagoas porque se faz importante apresentar à sociedade o que estamos produzindo” Fazer o jornalismo no nível que a NORDESTE vem produzindo em meio a escassez de estrutura e com a crise tomando conta da economia é realidade que precisa ser registrada” Napoleão de Castro Brasília - DF

Em Brasilia, posso testemunhar a presença da Revista NORDESTE nos principais gabinetes oferecendo um volume e nível de informações sem igual”

Renan Filho Governador de Alagoas | Maceió - AL

A matéria de conjuntura com o presidente do BNB repassa uma exposição de valores adequados à realidade vivenciada pelo banco nos últimos tempos com perspectiva de futuro”

Acompanhando à distância ou mesmo acessando a versão física da revista fico bem impressionada com a qualidade da abordagem e do papel que ela exerce na conjuntura do Brasilia”

Lúcia Barbosa Superintendente de Comunicação Fortaleza - CE

Ana Elvira Professora Doutora/UFPB João Pessoa - PB

Renato Cunha Empresário | Recife - PE

O presidente da Câmara Federal ficou muito bem impressionado com o nível da entrevista veiculada na edição de Fevereiro” Hugo Mota Presidente da CPI da Petrobras, deputado federal | Brasília - DF

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NORDESTE On-line Facebook Revista Nordeste Twitter @RevistaNordeste E-mail faleconosco@revistanordeste.com.br Site www.revistanordeste.com.br

REVISTA NORDESTE N.º 99

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Nota da Redação: Sugestões de pauta ou matérias podem ser enviadas para o endereço eletrônico do editor: paulo.dantas@revistanordeste.com.br Agradecemos a sua participação.


Entrevista DEPUTADO FEDERAL(PT-PB)/ LUIZ COUTO

REFORMA DEVE ACABAR COM ‘CHANTAGENS’ POLÍTICAS Por Walter Santos ws@revistanordeste.com.br

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deputado Luiz Couto (PT -PB) é um homem de fala mansa, às vezes até meio rouca com opiniões muito bem formadas sobre o PT e o momento que o partido atravessa tanto no plano nacional quanto na Paraíba. Couto, é um padre que está fora do ofício há anos, depois de abraçar a vida política, apesar disso o clérigo já deixou claro que é a favor do uso da camisinha e até de uma visão mais aberta em relação ao aborto e ao casamento gay. No entanto, a entrevista de Couto, dada com exclusividade para a Revista NORDESTE, não trata de questões religiosas. O deputado federal traça um painel sobre o atual momento de crise vivido pela presidente Dilma Rousseff (PT), sobre parte da mídia – a qual endossa comentário do jornalista Paulo Henrique Amorim ao chamá-la de golpista – e o Congresso Nacional e seu afã de poder. “A mídia não cansa de falar da baixa popularidade de Dilma, mas esquece de informar que o Congresso tem apenas 9% de credibilidade. Não representamos mais a sociedade”, lamenta.”. O deputado atualmente é membro titular da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, órgão responsável por avaliar a constitucionalidade ou não das leis apresentadas na Casa. Couto também presidiu, por duas vezes a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias (CDHM), cargo

que, somado a sua atuação em prol dos direitos humanos, lhe rendeu a honraria de ser incluído na relação dos que receberam o Prêmio Direitos Humanos (18ª edição), concedido pelo governo brasileiro a entidades ou pessoas que desenvolvem ações nessa área. Em 2014 o ‘Ranking do Progresso’, divulgado pela revista

VEJA em parceria com o Núcleo de Estudos sobre o Congresso (Necon), listou o parlamentar entre os 20 melhores deputados do Brasil. Na entrevista que se segue o petista defende uma reforma política profunda, novo marco regulatório para a mídia brasileira, punição a petistas corruptos.


NORDESTE: Como você está vendo este momento do Brasil? A relação do Congresso com o Executivo, o drama e os efeitos da Lava Jato, onde vamos chegar?

Fotos: Assessória Luiz Couto

NORDESTE: Temos um cenário nebuloso, uma crise econômica, moral em torno do que significa o Lava Jato e uma disputa de setores da oposição, especificamente o PSDB, que não permite sair da crise. Além disso, os grandes veículos de comunicação são fomentadores de um clima acentuado de crise. Qual o remédio para cada um desses aspectos? Couto: Primeiro eliminar dentro de nós o sentimento de arrogância, achar que somos donos da verdade. O Congresso Nacional tem muito a ver com essa crise, ou seja, interferindo no que seria ação do Executivo e vice versa. Eu acho que nesse aspecto, aquilo que está na constituição não está acontecendo, que são poderes independentes, mas que devem viver e trabalhar de forma harmônica. Há um conflito dentro do próprio poder. E a ânsia de cada um achar que é o dono da verdade começa a deixar de lado o diálogo, aí passa a ser chantagem, pressão. A pressão (é positiva) quando é coletiva, resultado da mobilização social, das lutas sociais e valores, agora quando

O problema do Brasil é que sempre há um abafamento da crise, como se a gente tivesse uma panela de pressão tampada. E ela explode em outro momento com mais intensidade quando não é resolvida” você pressiona para ter mais poder, mais cargos, mais emendas... Agora você pega aquilo que é o orçamento que o governo determina, aí você aprova um orçamento impositivo, nas emendas... quando na realidade nós achamos que... essa questão das emendas passa a ser uma elemento que faz com que as pessoas muitas vezes não o apliquem... Agora mesmo aqui (na Paraíba) o MPF

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e encontrar algo que seja comum, respeitando as divergências que a gente possa ter.

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Luiz Couto: A crise é sempre um momento se for enfrentado com destemor e com transparência. Pode trazer mudanças significativas. O conflito é a base para que a vida possa surgir. Nós somos resultado de um conflito entre vários espermatozoides onde um só se encontra com o óvulo para que nós possamos ser gerados. O problema do Brasil é que sempre há um abafamento da crise, como se a gente tivesse uma panela de pressão, e tampada. Fica tudo lá. E ela explode em outro momento com mais intensidade quando não é resolvida. O problema é que nós não estamos tendo a capacidade que o ser humano tem de dialogar, ter uma outra postura: do duólogo, que é a conversa com outro, ou o monólogo que é a conversa para consigo mesmo, quando se acha que é o dono da verdade. Nós consideramos que a crise que está, mais que uma crise econômica ou sociopolítica, é uma crise de humanidade. Vamos perdendo valores e assumindo a postura da hipocrisia, do farisaísmo, da gente querer se esconder e não expressar aquilo que a gente pensa e propor essas mudanças. Mas, além disso, também ficamos com o narcisismo exacerbado que quer aparecer de qualquer maneira. Nesse aspecto, a crise é profunda, porque é uma crise de humanidade. Temos que recuperar valores que vão sendo eliminados. Nós verificamos (hoje) a questão do extremismo, da leitura fundamentalista que acaba destruindo valores, de intolerância... E aí a nossa presidente fala hoje de duas coisas importantes que é a tolerância e o diálogo. Tolerar, eu não gosto muito dessa palavra tolerar, tolerar a gente tolera... mas digo que é o caso respeitar, de enfrentar com destemor, discutir


Você trair seus princípios ou trair o outro, ou fazer chantagem para tirar proveito, isso passa a ser a lei do Gerson, ou a lei do Edmundo, como se dizia, o animal que ataca”

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abriu inquérito com 58 municípios de ex-gestores e gestoras. E entre as irregularidades identificadas, estão até aquelas ações do governo onde foram doados equipamentos para prefeituras e eles foram usados para outros fins, eram máquinas, caçambas e tudo mais. Isso prova que nós precisamos fazer uma reforma política profunda, mas não só isso, uma reforma também do pacto federativo, atribuindo ações para cada ente e dando também os instrumentos econômicos financeiros para que (esses entes) possam realizar, para acabar com a cultura do toma lá, dá cá. A cultura do pires na mão, de se ajoelhar para conseguir as coisas... além disso, é preciso fazer também uma reforma tributária. NORDESTE: Mas São Paulo sempre interfere... Couto: Acho que nós precisamos enfrentar isso. Como São Paulo é um país dentro do país, termina querendo interferir. NORDESTE: Termina impedindo que se construa nova regra mais federativa

Couto: Claro, nesse aspecto, mas se não fizermos isso, aí vai fazer de conta que vamos fazer reforma, que vai haver mudança (sem acontecer)... O exemplo que eu coloco é quando em junho de 2013 a população foi às ruas, cada um com sua reivindicação e aí a presidente escuta isso, propõe, convoca os governadores e prefeitos de capitais para algumas propostas e (o governo) fica calado, não se implanta aquilo. O pacto federativo, a questão da reforma tributária, a reforma política. Mas também acho que nós temos que fazer o que alguns chamam da questão moral, ética, é a crise dos valores. Você trair seus princípios ou trair o outro, ou fazer chantagem para tirar proveito, isso passa a ser a lei do Gerson, ou a lei do Edmundo, como se dizia, o animal que ataca.

NORDESTE: Há muitos críticos que afirmam o PT está acuado, a militância e as lideranças petistas estão acuadas diante desse cenário em que a oposição busca avançar? Couto: O nosso agrupamento defende que temos que fazer uma profunda avaliação e queremos que o Congresso que vai acontecer em junho seja um momento de um reencantamento, reencantar. O PT quando entrou... você sabe quando um partido chega ao poder tem várias pessoas que querem entrar. Os anarquistas dizem: se aí governo soy contra. Tem uns que dizem: se ay governo eu quero ficar dentro. Ou seja, se há governo eu quero ficar lá. E aí no PT muita gente entrou sem ser do partido. E o PT começou a assimilar certos vícios dos partidos


E também reformular a questão da direção. Por isso defendemos acabar com o PED (Processo de Eleição Direta, eleições para definir as direções partidárias) na forma como está, porque o PED dentro do PT assimilou uma série de vícios que nós combatemos. NORDESTE: O PT está envergonhado por conta dessas coisas dos escândalos e tal? Como é essa história da ética comparando o PT, PSDB ou os outros partidos? Qual o diferencial do PT? Couto: Se você olhar a prestação de contas de todos os partidos, a maioria deles recebeu recursos dessas empresas do Lava Jato entre 2010 e 2014. Tem partidos que hoje se colocam como arautos da moralidade mas também... Agora isso é o chamado financiamento privado

NORDESTE: O nordeste foi um diferencial na reeleição da Dilma e já há indícios que ela caiu também a sua popularidade na região, o que

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tradicionais. Eu defendo que nós temos que ter um bloco democrático popular de centro esquerda para dar sustentação ao projeto. Porque o que nós verificamos é que a cada momento são crises criadas no sentido de querer ter mais espaço, mais ministérios, mais recursos, convênios. Enfim, o PT precisa fazer uma profunda revisão recuperando algumas bandeiras históricas que foi para o esquecimento. Marilena Chauí tem um texto que diz que o “PT precisa acordar”. Ela diz que a partir de uns 15 anos para cá o PT foi adormecendo. Nós perdemos a nossa relação que era forte com os movimentos sociais, as lutas sociais. Essa identidade nossa com o desenvolvimento do nosso país, mas olhando também para o desenvolvimento regional, a questão do Nordeste. Fomos perdendo isso.

das empresas, que nós queremos acabar. A reforma política tem que acabar com isso. Essa é a fonte inesgotável das crises e de tudo que está acontecendo. Em relação a vergonha, não há vergonha, acho que o partido está querendo reconhecer... como diz a música: “reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”. Ou seja, é isso que a gente precisa, fazer uma profunda avaliação e ver como nós podemos ter uma direção mais representativa das forças que estão na sociedade. Nós precisamos ir a fundo nas investigações. Aqueles do partido que estiverem envolvidos, a partir dos inquéritos, se eles tiverem mesmo feito atos de pulsão devem ser expulsos do partido. E eu também defendo um recadastramento do PT, porque tem muita gente do partido que só usa o partido na eleição porque depois não tem nenhuma vinculação com o partido, nem com a política que o partido defende.

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Nós precisamos ir a fundo nas investigações. Aqueles do partido que estiverem envolvidos, a partir dos inquéritos, se eles tiverem mesmo feito atos de pulsão devem ser expulsos”


O povo brasileiro está dizendo: vocês não (nos) representam mais. Há uma crise na democracia representativa” fazer para resgatar os vínculos, os investimentos a correlação entre as demandas. Como refazer esse relacionamento?

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Couto: Primeiro essa reforma política profunda. Segundo a democratização dos meios de comunicação. Nós temos setores da mídia que a cada dia alimentam e fortalecem a questão do golpe. É o que Paulo Henrique Amorim chama de PIG (Partido da Imprensa Golpista). É preciso fazer com que setores como você, que faz o trabalho de refletir sobre a politica do nordeste, políticas públicas, que isso seja fortalecido. E que haja contrapartida para fazer com que esses meios de comunicação regionais possam levar a uma outra leitura. Quando você tem uma notícia boa do governo atual é 30 segundos da manchete, mas depois a Globo chama Alexandre Garcia e Mírian Leitão e passa 30 minutos metendo pau em cima... NORDESTE: Você quer dizer que essa crise tem a ver com uma manutenção artificial da mídia? Couto: Também. Não somente isso. Também de um Congresso que não assumiu as suas responsabilidades. O parlamento é o lugar onde há o encontro das palavras que a sociedade coloca e que nós temos que

discutir e debater e (hoje isso) não há... ou você fica falando para você mesmo, ou como diz aquela canção outra: “Só uma palavra me devora, aquela que o meu coração não diz”. Às vezes a palavra dita é a palavra da conveniência, da convivência, da chantagem, da bajulação, quando na verdade deve ser essa palavra que possa gerar vida, gerar ações que possam trazer o desenvolvimento e o progresso do nosso país. A mídia usa muito a queda da popularidade da nossa presidente, mas não falou que o Congresso Nacional está com 9%. Ou seja, o próprio Congresso que deveria ser o espaço de ebulição, do debate, da discussão com a sociedade. Nós que somos a Câmara que é a representação do povo brasileiro. O povo brasileiro está dizendo: vocês não (nos) representam mais. Há uma crise na democracia representativa. Por isso que a democracia participativa é fundamental. E as pessoas querem mais democracia, mais transparência, combate a corrupção, mais desenvolvimento que traga mais qualidade de vida. Que de fato liberdade de expressão seja liberdade de expressão em todos os níveis. E não a empresa que acha que pode expressar, mas não dá espaço para que segmentos contrários possam ter o contraditório. NORDESTE: E a Paraíba, qual sua avaliação dos primeiros meses do governo Ricardo e, paralelamente, o desempenho do governo de Luciano Cartaxo em João Pessoa? Couto: Eu avalio o mandato do companheiro Ricardo Coutinho, como um mandato que tem uma linha e uma proposta para o desenvolvimento do nosso estado. Você verifica como a população consegue perceber essa questão de enfrentamento da questão da água, a questão da educação tecnológica. O estado está desenvolvendo várias escolas técnicas estaduais. Eu estive essa semana com o ministro da Educação, Luiz Cláudio, e ele também

fala do avanço. A questão das águas e das estradas. Há muitas ações que estão sendo feitos na área de saúde e educação. NORDESTE: Do ponto de vista do processo histórico, o que representa Ricardo, levando em conta parâmetros anteriores, governadores anteriores? Couto: Está enfrentando as oligarquias da Paraíba que eram muito fortes. NORDESTE: Eram? Couto: Eram, ainda tem resquícios. A gente pensa que a elite quando ela perde fica sossegada. Não, a elite fica construindo... é como fogo de monturo. Fogo de monturo você apaga aqui e acende ali, apaga lá e aparece aqui. Vai se fortalecendo. Agora a última eleição foi um sinal, ou seja, a vitória de Ricardo quando na realidade o PSDB já cantava que Cássio seria o governador da Paraíba. NORDESTE: E Luciano Cartaxo? Couto: Ele assume a prefeitura (de João Pessoa) e tem recebido da parte do governo federal muitas ações. Precisamos ter mais celeridade nas ações. Acho que o problema maior é quando você tem um governo com um guarda-chuva muito amplo, ou seja, o guarda-chuva não dá para proteger todo mundo. Ele tem conversado com o partido, tem dialogado e nós achamos que é importante. A experiência de João Pessoa é fundamental, porque nós sabemos que essa experiência é pro-átiva e representativa. Tem repercussão em todo o estado e podemos ter o crescimento do nosso partido. É sempre bom estarmos atentos e qualquer situação a gente tem procurado trabalhar na perspectiva da questão da educação, saúde, infraestrutura. A palavra é dialogar mais com a sociedade de João Pessoa e avançar em algumas politicas que nós consideramos importantes.


NORDESTE: Para concluir, Ricardo pode expandir sua imagem para fora e até aventar uma perspectiva de se credenciar no PSB para uma disputa em 2018 em nível nacional. Como o senhor vê esse sonho? Couto: Eu tenho conversado com Ricardo e ele tem dito que quer fazer desse mandato melhor que o outro, “eu quero avançar”, ele diz. O PSB você sabe que mudou, tem umas estruturas de alguns que entraram... como o PT também.... nessa coisa quando a gente abre o espaço aí entra um bocado de gente. Quando eu vi a declaração dele defendendo a nossa presidente dizendo que a gente não pode entrar nessa postura, ou nessa cultura do golpe e do impeachment... A nossa presidente considera Ricardo o parceiro principal aqui na Paraíba. Ela já disse que ele é um parceiro fundamental no processo de desenvolvimento do país e é claro, da Paraíba. Eu sempre digo: eu apoio o governo de Ricardo, independente de qualquer outra condição... acho que ele vai fazer um trabalho... Agora, o futuro como se diz, a Deus pertence. Eu acho que ele tem uma coisa centrada. Para mim o trabalho que é feito no pacto social, onde ele muda a perspectiva que acontece nos convênios... O governo federal tem os convênios, libera os recursos, mas a prefeitura tem que ter a contrapartida. Muitas vezes a prefeitura não tem. Com Ricardo, a contrapartida é uma ação social de melhoria das condições de vida da população. Eu digo que o PT precisa apoiá-lo de forma intensiva, firme. Eu acho que a Paraíba não pode retornar ao passado. NORDESTE: 2018? Couto: Vai depender muito da reforma política, porque há propostas múltiplas que estão acontecendo. Vamos ver se tem alguma mudança que possa fazer com que o nosso país entre em outra caminhada.


Opinião

Breve aula sobre credibilidade

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classe política está apavorada. Recebe tiros de muitos lados. Do Lava Jato, da Petrobras e das ruas. Os estarrecedores índices de desaprovação dos atores políticos os deixam confinados na UTI do Parlamento. Como sair dali? Como resgatar parcela da boa imagem? Difícil tarefa no curto prazo. Não resta outra coisa aos representantes do povo e dos Estados (deputados e senadores), neste momento de rebuliço e mobilização social, que uma imersão profunda no terreno ético e uma aprendizagem rápida sobre o estado social do país. A análise sobre as razões que os jogam no fundo do poço da descrença poderá se transformar na chave para reencontrar o tempo perdido. Eis um breve roteiro para uma credibilidade. Mais ação, menos discurso – O verbo de palanque está saturado. Entra por um ouvido, sai noutro. Promessas não mais comovem. A sociedade, como um todo, quer ver ação. Decisão. Avanços. Reformas. Identidade – Nesse momento, os espaços de vazio se expandem. Hora de ocupá-los com uma forte identidade. Discurso com personalidade. Hora da verdade. A imagem do político não pode ser diferente de seu conceito. Banhar o perfil com as linhas da lealdade, coerência, honestidade e senso do dever. Não querer passar imagem acima da identidade. Querer ser o que não é. Representação – Representar o povo significa escolher as melhores alternativas para o bem estar coletivo. Um político sério se preocupa com rumos permanentes e medidas condizentes com as possibilidades das administrações (federal, estadual e municipal). Povo distingue demagogia de sinceridade. Sabedoria – Sapiência não significa vivacidade. Sabedoria é mescla de aprendizagem, compromisso, equilíbrio, administração de conflitos, busca de conhecimentos, capacidade de convivência e racionalidade. A vivacidade é a máscara do fisiologismo. O cheiro do povo – O cheiro do povo invade as ruas, os ônibus, os escritórios, as fábricas, até as pequenas cidades. Importa ir ao encontro do povo. Democracia participativa dá as caras. Poder centrípeto emerge das margens. O povo deixa o silêncio e abre a locução. As tarefas de Brasília não impedem que o representante respire os ares das vielas escuras dos centros e fundões do país.

Proximidade – As pessoas querem sentir os políticos mais próximos. Capazes de falar uma linguagem que expresse suas demandas, angústias e expectativas; para ganhar credibilidade, o representante deve se mostrar, aparecer, conversar olho no olho com suas bases. Combate à corrupção – A corrupção está no alvo dos órgãos de controle. Que decidiram ir fundo para descobrir o rastro do dinheiro desviado. Denúncias sobre negociatas e trocas de favores ilícitos vão continuar a ser o prato da mídia. Propostas concretas – O copo está transbordando. Não dá mais para disfarçar. Os modelos da velha política e da economia se esgotam. Estão saturados. O povo quer ver propostas concretas, viáveis, simples. A população dispõe de entidades que a representam em diversos foros, algumas delas com atuação política tão densa quanto o Congresso. Resta ao político atentar para os novos polos de poder que se multiplicam no arquipélago político. Simplicidade e modéstia – Um homem público não precisa se vestir com o manto divino. A honraria que cargos conferem é passageira. Mandatos pertencem ao eleitor. Ser simples não é balançar crianças no colo, comer cachorro quente na esquina ou gesticular para famílias nas calçadas. A simplicidade é o ato de pensar, dizer e agir com naturalidade. Sem artimanhas e maquiagens. Celeridade – A sociedade está na frente da política. Anda mais rápida. Está cansada de patinação política, o fato de a velha política continuar a puxar o país para o passado. Autonomia – O cidadão age com autonomia. Torna-se mais consciente, crítico e exigente. Banha-se nas águas da Cidadania. Significa que conserva olhar mais apurado para os atores políticos. Estado e Nação – O político pode até lutar por um Estado diferente da Nação que o povo quer. A Nação é a Pátria, que acolhe, que orgulha o povo; é o território onde os cidadãos se sentem bem e gostam de viver e constituir um lar. O Estado é a entidade técnico-jurídico-institucional, comprimida por interesses e dividida por conflitos, que pessoas de diversas classes estão sempre a criticar. Aproximar o Estado da Nação constitui a missão basilar da política. Compromisso cívico inegociável. O Brasil de hoje exibe esses contornos.

Gaudêncio Torquato Jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação

Não dá mais para disfarçar. Os modelos da velha política e da economia se esgotam. Estão saturados. O povo quer ver propostas concretas, viáveis, simples. honestidade e senso do dever.


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Walter Santos ws@revistanordeste.com.br

A crise na Mídia e o novo papel de Edinho Silva Os efeitos da retração econômica já podem ser constatados em diversos segmentos da sociedade, entre eles o de Mídia no Brasil movida pelas consequências financeiras do momento gerando redução de estrutura e de pessoal, como também pela fase de pouco diálogo entre a Grande Imprensa, sobretudo, e o Governo Federal. Há muitos que advogam a tese de que o clima pessimista no País tem valor amplificado e artificializado por conta da decisão de grandes veículos de manter a natureza pessimista em voga. É dentro deste contexto que surge desde os primeiros dias de abril a figura do sociólogo e experiente político Edinho Silva como novo gestor das Políticas de comunicação social do Governo Dilma com a difícil tarefa de incluir a gestão federal no noticiário

nacional com seus valores positivos, além de buscar superar algo previsto como muito difícil, que é reabrir diálogo com os veículos de comunicação – atores da política partidária no lugar dos partidos. É esta realidade que permeia o decorrer dos anos do Governo petista no Poder, uma vez que não tem tido trégua desses segmentos instalados no Centro – Sul produzindo efeitos negativos contra as gestões sequenciadas de Lula e Dilma. Há, contudo, esperança de que Edinho Silva dê o salto positivo para superar este difícil quadro de relacionamento desestabilizador.

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MARÇO / 2015

Gaudêncio Torquato na Revista NORDESTE Uma honra, sem dúvidas. Este é o sentimento que se tem diante da decisão do jornalista, professor titular da USP e consultor político e de comunicação Gaudêncio Torquato de aceitar convite para ser colunista permanente da Revista NORDESTE estreando já agora. Torquato inicia sua nova fase analisando que a classe política está apavorada, tanto que analisa a desaprovação popular dos atores políticos.

Em campanha pelo Brasil?

O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, resolveu percorrer todo o Brasil tratando da Reforma Política a ser discutida e implementada pelo Congresso Nacional. Mesmo enfrentado atos de protestos localizados nas capitais, ele se mantém inabalado e defendendo outro modelo de Reforma diferente do que propõe o Governo Dilma. Cunha sofreu protestos em São Paulo, Porto Alegre e em João Pessoa. Na capital paraibana, Cunha foi recebido com vais e ovos pelo movimento LGBT e pela CUT. Aliados dele acham que ele vive em permanente campanha, agora não se sabe ao certo o que!


Governadores voltam a se reunir em Maio

Suape abre negociação com Miami

PSC decide apoiar Dino

Tudo pronto para inicio dos entendimentos operacionais entre o Complexo Industrial de Suape e Miami para inicio de novos negócios envolvendo ainda Recife. O protocolo, aliás, já foi assinado entre o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape, Thiago Norões, liderando a operação. O argumento de Suape é de que, “essa parceria se deu pela empresa estar atenta às novas demandas que surgirão no setor portuário com a conclusão da ampliação do Canal do Panamá, que está prevista para 2016”. De acordo com as novas informações, com a parceria internacional, as administrações dos portos pretendem fazer uma pesquisa de marketing geral, centrada no aumento da movimentação de cargas e de passageiros, e trocar informações sobre o desenvolvimento de infraestrutura portuária planejada, a indústria de cargas existente em cada porto e as estatísticas históricas.

Quem esteve em São Luiz confirmando apoio do partido que preside em nível nacional foi o Pastor Everaldo, ex-candidato a presidente da República, anunciou apoio formal do PSC ao governo Flávio Dino, no Maranhão com direito à participação de deputados estaduais do partido. O fato é considerado natural porque, como lembrou Flávio Dino, o líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Rogério Cafeteira, é do PSC. Pastor Everaldo colocou a sigla à disposição do Maranhão. “Viemos para consolidar a aliança que já havia através da Assembleia Legislativa, com o apoio dos deputados da bancada estadual. Agora estamos aqui para institucionalizar a nossa aliança, para caminharmos juntos para o bem do estado”, concluiu.

Porto Cabedelo dialoga com investidores “Estamos apontando para um futuro de investimentos, buscando parcerias que possam dar ao Porto de Cabedelo uma competitividade maior do que tem hoje”, afirmou o governador Ricardo Coutinho, da Paraiba, presente na Feira Intermodal consolidando diálogo com diversos operadores que atuam no setor e fechando novos negócios, contribuindo para aumentar a diversidade de mercadorias movimentadas em Cabedelo. O fato é que empresários do Brasil e do exterior estão interessados em operar no Porto. Entre eles, o presidente da Hamburg Süd e Aliança Navegação e Logística, Julian Thomas, e executivos da empresa Ultramar, que hoje atuam como fornecedores logísticos nos portos de Riga e São Petersburgo, na Rússia. O presidente da Companhia Docas da Paraíba, Lucélio Cartaxo, garantiu que “o porto é um instrumento fundamental para o desenvolvimento do estado, por isso é importante buscar parcerias e investimentos para melhorar ainda mais o Porto de Cabedelo”.

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forte das reivindicações do Nordeste. Os ajustes fiscais mais as medidas ligadas às ações para enfrentar os efeitos da estiagem e a liberação pela Fazenda de empréstimos internacionais devem ser os assuntos emergentes da pauta a serem discutidos em Natal.

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Depois do encontro com a presidenta Dilma Rousseff em março, os nove governadores do Nordeste já marcaram o dia 8 de maio como data para a nova reunião do Fórum, em Natal, visando dar sequência às decisões tomadas em Brasília envolvendo temas nacionais e regionais. Desta feita, o anfitrião será o governador do Rio Grande do Norte, Robson Faria, já com equipe articulando as providências para fazer do encontro uma oportunidade de eco


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NORDESTE DECISIVO Governadores do Nordeste se posicionam contra impeachment, apoiam governabilidade de Dilma e pressionam por aprovação de ajustes fiscais. Nova reunião será em MAIO, em Natal

Por Paulo Dantas paulo.dantas@revistanordeste.com.br

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s meses de abril e maio prometem algumas reviravoltas políticas importantes. Está na agulha a formação de um novo partido, o PL, que pode dar maior sustentação política à presidenta Dilma Rousseff (PT), tratativas para a aprovação do ajuste fiscal, essencial para a recente política econômica adotada pelo Governo Federal, a votação da indexação da dívida dos estados e uma grande mobilização das bancadas federais dos nove governadores do Nordeste. Parte dessa mobilização dos nove governadores se deve ao governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), aliado de última hora da presidente nas eleições do ano passado, após a saída de cena no segundo turno da candidata do PSB, Marina Silva. Fruto dessa mobilização foi a reunião realizada no dia 25 de março onde os governadores da região se encontraram com a presidenta Dilma e pontuaram agenda já para a próxima reunião que deve acontecer em Natal, com data prevista para o dia 8 de maio. No encontro de março, os governadores entregaram a presidenta uma


Reunião foi realizada no final da tarde no Palácio do Planalto e contou com a presença de Dilma e ministros do Governo

sociedade civil para superar a crise e retomar o crescimento econômico, além de criticarem radicalizações em meio a instabilidades política e econômica. Na carta, eles listam posições tomadas em comum e manifestadas “diante do clima de transitória instabilidade política e econômica”. O documento contém defesas do ajuste fiscal promovido pelo governo, das investigações e do combate à corrupção. Consta

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fontes de recursos para a saúde, inclusive com a taxação de grandes fortunas para este fim – o pedido tem um endereço certo, fortunas arrebanhadas pelos donos do meios de comunicação hegemônicos no país e que têm sido uma pedra no sapato da centro-esquerda brasileira. Eles ainda solicitaram a prioridade para o Nordeste em programas nacionais de segurança pública, no combate ao crack e na melhoria do sistema prisional. A intensificação de ações emergenciais para convivência com a estiagem e combate à seca é outra demanda, além da continuidade de investimentos federais em obras do Programa de Aceleração do Crescimento, do Programa Minha Casa, Minha Vida e da Petrobras. Na pauta política centraram fogo principalmente num apelo por união de todas as lideranças políticas e da

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carta política, além de uma pauta com cinco pontos prioritários para o desenvolvimento social e econômico do Nordeste. O encontro com Dilma havia sido projetado desde dezembro de 2014, quando houve o Encontro dos Governadores eleitos em João Pessoa e foi redigida carta com 15 pontos chaves para os nordestinos, entre eles mais investimento em saúde, educação, infraestrutura, partilha de royalties do petróleo, inclusão do setor sucroenergético no programa REINTEGRA, desoneração de PIS e CONFINS para empresas que fazem obras de esgotamento sanitário, entre outros temas. No encontro de março, os governadores resolveram enxugar a pauta e escreveram o que consideravam prioritário, antes de se encontrarem com Dilma em reunião anterior no hotel em que estavam hospedados. Na declaração denominada “Carta dos Governadores do Nordeste”, eles dividiram a pauta em pontos administrativas e políticos. Na pauta administrativa, os governadores pediram acesso a financiamentos para obras de infraestrutura, novas

Fotos: Agência Brasil / Agência Planalto


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também na declaração um “apelo a todas as forças políticas, econômicas e sociais para um amplo entendimento nacional” objetivando a retomada do crescimento, dos investimentos públicos e privados, inclusive relacionados à Petrobras, combate às desigualdades regionais e sociais, além de uma “ampla reforma política”. “Reconhecemos as dificuldades econômicas por que passa o Brasil, derivadas em larga medida da continuidade da crise mundial inaugurada em 2008. Por essa razão, compreendemos a necessidade de medidas de ajuste fiscal, de caráter transitório e emergencial. Concordamos que este é o momento de também apresentar rumos claros para as políticas públicas no Brasil, com atenção especial para o desenvolvimento do Nordeste”, diz a carta. A carta ainda aponta que não é o momento para “conflagrar radicalizações”, pois elas não trarão benefício nenhum ao país. “A hora exige espíritos desarmados”, pontua. No que foi denominado pelo governador

Em coletiva feita logo após o encontro dos governadores com Dilma Rousseff, Ricardo Coutinho (gesticulando) defende “estado democrático de direito”

da Paraíba, Ricardo Coutinho, como “compromisso com o Estado Democrático de Direito”, o documento político contém ainda uma defesa à presidenta Dilma, respeitando os protestos que ocorreram recentemente contra o governo e posicionando-se contra qualquer ameaça de quebra da estabilidade democrática do país. Ao final da reunião, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, destacou que é preciso apoiar a presidenta. “Ela está no governo há apenas dois meses e meio, como todos nós estamos. Então acho que é precipitado qualquer movimento de quebra da estabilidade democrática no país”, disse o governador referindo-se a alguns dos movimentos que foram recentemente às ruas dizendo-se favoráveis a um processo de impeachment. “Somos contra o impeachment”, afirmou.

RESPOSTA IMEDIATA A presidente Dilma agradeceu o apoio e concordou que o momento é de desarmar espíritos e estabelecer pontes. Ela pediu ainda uma resposta imediata às solicitações feitas pelos governadores. O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, presente ao encontro, informou que algumas demandas são imediatas e serão atendidas “porque são emergenciais”, citando como exemplo o combate à seca. “A melhoria da oferta de água é emergencial, já estamos fazendo e vamos acelerar”. Outros pontos da pauta administrativa, como o acesso a financiamentos, começarão a ser negociados pelo governo, mas não dependerão do espaço fiscal que a União vai ter. Por esse motivo, defendeu o ministro, seria necessário aguardar alguns meses para que parte do ajuste seja aprovada pelo Congresso Nacional.


PARAÍBA

COUTINHO: PORTA-VOZ DOS GOVERNADORES

e instabilidade no Congresso. Ao final do encontro com Dilma, Coutinho explicou sobre o que tratou a reunião: “O compromisso com o estado democrático de direito, com a democracia que pressupõe regras claras, e que diz claramente que quem ganha uma eleição de uma forma limpa deve governar. E que não se pode estar alterando regras em meio a mandatos só em função de alguns percalços que por ventura possam ocorrer, sejam na economia ou em qualquer outro setor. Expressamos isso a presidente Dilma e ao mesmo tempo nos colocamos como agentes da construção de amplo entendimento nacional. O Brasil precisa construir diálogos, pontes, com o poder legislativo, o poder executivo e a sociedade. Nós não podemos simplesmente acirrar as diferenças nesse momento. Os governadores do nordeste tem essa visão”. Entretanto, o governador frisou que é inegociável que seja feita ampla reforma política e a investigação de todos os atos de corrupção “dentro do estado de direito. Ninguém pode ser julgado e condenado por antecipação, sem passar pelo poder judiciário. Não se pode fazer isso. E não se pode generalizar. Porque quando se faz isso se estabelece uma instabilidade que não interessa a absolutamente ninguém”.

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conseguiu sagrar-se no segundo turno. O governador Ricardo Coutinho Outro fator que contribuiu para a vi(PSB) tem se esforçado para ser uma rada surgiu de uma tragédia: a morte voz em defesa da estabilidade demode Eduardo Campos. Após a crática do Brasil. Coutinho já se morte do ex-governador pronunciou no seu prograde Pernambuco, a quem ma semanal de rádio, “NOS COLOCAMOS Ricardo considerava o Fala Governador, COMO AGENTES DA um amigo próximo, em entrevistas daCONSTRUÇÃO DE AMPLO mas do que um codas aos jornalistas lega de legenda, na Paraíba, e nas ENTENDIMENTO NACIONAL. O o PSB ficou num suas interlocuBRASIL PRECISA CONSTRUIR vácuo de lideranções com os ouDIÁLOGOS, PONTES, COM O ça. De certa forma, tros governadores PODER LEGISLATIVO, Ricardo Coutinho do Nordeste tem O PODER EXECUTIVO reclama essa lideranatuado como um ça. Por último, a derrota bombeiro da atual criE A SOCIEDADE” de Marina Silva (PSB) se nacional. O socialista no primeiro turno e a ida de prega que não é o momento Aécio Neves (PSDB) para a disputa de discórdias, mas de bom senso e de com Dilma, permitiu que o socialista equilíbrio. Tido como um político perse visse desobrigado de apoiar o tucasonalista, o governador tem mostrado no – afinal, seria o mesmo que apoiar seu lado conciliador. Cássio, seu opositor. Assim, Coutinho A virada na vida pública de Coutitornou público apoio à Dilma no 2º nho aconteceu no ano passado, primeiturno. Naquele momento o apoio foi ro com sua vitória contra um ex-aliado considerado especial por Dilma. político e cacique paraibano, o senador Assim os caminhos que o Brasil tem Cássio Cunha Lima (PSDB). Cássio foi traçado estão empurrando o paraibao padrinho político na primeira eleição no para o centro de um cenário de ao governo do estado de Ricardo. Todagovernabilidade nacional. Não seria via, o tucano rompeu antes das eleições exagero dizer que Coutinho é um dos de 2014 em meio a pesquisas que lhe principais articuladores anticrise em davam vitória praticamente garantida. meio a manifestações de impeachment A disputa foi acirrada, mas Coutinho

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O governador da Paraíba articula reunião com os nove governadores e busca apoio para Dilma Rousseff em momento crítico no Palácio do Planalto


MARANHÃO

FLÁVIO DINO QUER TAXAR GRANDES FORTUNAS

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Mesmo sem ter tido apoio de Dilma em 2014, governador do Maranhão garante pressionar bancada para passar ajuste fiscal e quer taxar grandes fortunas divergências nas eleições, o comunista O governador do Maranhão, Flávio referendou o apoio à Dilma. Dino (PCdoB), assim como Ricardo “É natural que nesse momento de Coutinho, é outro que pode chamar dificuldades politicas e econômipara si um certo protagonismo cas o Nordeste faça ouvir a em relação ao encontro. sua voz, no sentido poFoi de Dino a proposta “ACHO QUE NÓS sitivo, no sentido da para a regulamentaPRECISAMOS PRIMEIRO superação da crise, ção do imposto sobre AJUSTAR A POLÍTICA PARA de procurar haver grandes fortunas uma estabilidade apoiada por todos DEPOIS AJUSTAR institucional, uma os governadores da A ECONOMIA E COM ISSO articulação politiregião. O dinheiNÓS PODERMOS VOLTAR ca, diálogo, entenro seria revertido A CRESCER E GERAR dimento”, diz, para para investimento DISTRIBUIÇÃO logo em seguida dar na saúde. a receita que considera Em 2014, Dino enDE RENDA” a melhor para ser adminisfrentou no Maranhão a trada neste momento: “Acho oligarquia do Grupo Sarney, sem que nós precisamos primeiro ajustar contar com o apoio oficial do PT, que a política para depois ajustar a econono estado seguiu a orientação nacional mia e com isso nós podermos voltar a de privilegiar a aliança com o PMDB. crescer e gerar distribuição de renda”. Todavia, Dino sempre afirmou que “era No entender de Dino, dar apoio ao muito mais coerente para um partido Governo Federal para sair da crise que que defende o progresso, a justiça atravessa é um dever patriótico, além social, estar aliado conosco do que ser de um desejo pessoal. “Como líder dos sustentação de um sistema que ruiu”. políticos da região trabalharmos no Em Brasília, durante o encontro dos sentido do diálogo, do bom funcionagovernadores o governador lembrou mento das instituições, da estabilidade que o Nordeste tem uma longa tradidemocrática para que com isso possação politica no Brasil de participar dos mos fazer as medidas de ajustes que principais momentos da vida nacional são necessárias, sem sacrificar os mais e asseverou a crescente importância pobres, preservando a perspectiva de econômica da região. Esquecendo as

desenvolvimento da nação e isso tudo depende naturalmente de nós termos agora um entendimento politico mais amplo”, argumenta. O governador entende que o melhor no momento é pressionar para que o governo Dilma se mantenha em pé e dentro desse contexto, segundo o governador: “Os governadores têm o papel junto ao Congresso Nacional de influenciar (a bancada) para que haja a estabilidade e crescimento (do país)”. Apesar o apoio, o governador tem reivindicações a fazer, uma delas diz respeito a necessidade de repactuação da federação. “É preciso que haja uma repactuação da federação. Essa é uma velha tese, uma tese muito antiga, enquanto isso não transita, por questões politicas, nós precisamos ter medidas compensatórias transitórias. É positivo que haja uma diminuição do peso da dívida dos estados e dos municípios exatamente num momento de dificuldade. Isso pode garantir também uma continuidade dos investimentos. Não podemos em nome do ajuste fiscal necessário levar o país a uma recessão. É importante que haja uma compreensão da presidente em relação a reciprocidade entre os desejos do governo e aquilo que o estado, municípios e a sociedade demandam”.


BAHIA

RUI COSTA DEFENDE AGENDA POSITIVA PARA DILMA NO NORDESTE

Costa argumenta que nesta hora devem ser mantidas as políticas de desenvolvimento regional e de distribuição de renda. Elas estão entre as principais pautas de interesse dos chefes do Executivo da região, assim como “alternativas de novas fontes para o financiamento na Saúde, com a taxação de grandes fortunas”. Na avaliação do governador, este é justamente o momento de apontar prioridades diante do ajuste fiscal. “É preciso afunilar e alinhar”. Em relação as necessidades da Bahia, o governador explicou que obras de infraestrutura hídrica e de logística, a exemplo de duplicação de rodovias e da implantação da Ferrovia de Integração Oeste-Leste são alguns dos empreendimentos do PAC consideradas imprescindíveis. “Essas obras fazem parte da política de desenvolvimento regional”, pontuou, para defender logo em seguida a liberação de crédito para os estados. “A autorização de crédito pelo Ministério da Fazenda é fundamental para que possamos manter o nível de emprego e atividade”, assinalou Rui Costa. No entender de Costa, essas medidas, se adotadas pela presidente, poderiam ajudá-la a retomar a agenda positiva no nordeste.

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gerar 6 mil quando estiver operando. Na Bahia, o governador Rui Costa “A voz dos baianos é de parabenizá-la (PT), já havia deixado claro que por ter transformado esse patrimônio apoia amplamente a presidente Dilma do povo brasileiro que é o pré-sal Rousseff (PT). O governador deem emprego espalhado pelo fendeu uma agenda positiva Brasil”, acrescentou. para o Brasil, sem foco “QUE FIQUE MUITO Costa defendeu que excessivo nos escânCLARA A POSIÇÃO DOS o trabalhador “não dalos gerados após pode pagar o pato” a Operação Lava BAIANOS. QUALQUER pelos escândalos. Jato. Segundo o APURAÇÃO NÃO Ele lembrou, como governador baiaPODE PARALISAR O exe m p l o , q u e a no, “um dos pilares BRASIL, NÃO PODE apuração dos atos fundamentais de PREJUDICAR O POVO de corrupção nas qualquer país deobras do metrô de mocrático é o respeiTRABALHADOR” São Paulo não paralisou to às eleições diretas, a construção dos trens. em que o povo escolhe “Que fique muito clara a posiseus governantes e, portanto, a ção dos baianos. Qualquer apuração eleição é um valor universal”, explicou não pode paralisar o Brasil, não pode ao alertar que é preciso que seja feita prejudicar o povo trabalhador”, disse. a manutenção do Estado de Direito O governador citou ainda o caso do no país, sob pena de colocar em risco banco HSBC, que, segundo denúncia, a Constituição Brasileira. pode ter ajudado a camuflar a origem “Quero agradecer a coragem, a desuspeita do dinheiro de ex-diretores da terminação e a firmeza da presidente Petrobras. “Que se apure toda dúvida, de não abrir mão da apuração e da lemas quem não pode pagar o pato disso galidade em todos os atos e contratos, são os trabalhadores”. mas também de não abrir mão de que Para o governador, em meio ao empregos sejam gerados no Brasil”, cenário de contenção de gastos e de afirmou. O governador destacou que, ajuste fiscal no país, a qualidade e a na Bahia, o estaleiro de Paraguaçu eficácia nas ações da administração está gerando quase 5 mil empregos pública tornam-se imprescindíveis. diretos durante a construção e deverá

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Governador da Bahia diz que é preciso focar em agenda positiva e argumenta que Brasil não pode parar por causa dos escândalos


PERNAMBUCO

PAULO CÂMARA: DILMA GARANTE MANTER OBRAS JÁ INICIADAS EM PE

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O governador de Pernambuco pede a Dilma manutenção de obras e ampliação da capacidade de endividamento do estado o ato de boa vontade, mostrando que O governador Paulo Câmara (PSB) todos os governadores compreendiam apoiou Marina Silva (PSB) e depois o momento do país. “Entendemos que Aécio Neves (PSDB) durante a camo Brasil precisa de ajustes”, panha de 2014 e estaria, teodisse Câmara pouco anricamente, no lado oposto tes do encontro com ao da presidenta Dilma “OS ESTADOS ESTÃO Dilma, ressaltado Rousseff (PT). ConPOUCO ENDIVIDADOS E ainda a intenção tudo, o socialista OPERAÇÕES DE CRÉDITO SÃO de mostrar para a tem se mantido aberto ao apoio IMPORTANTES NESSE MOMENTO presidente “clapela governabiPARA GARANTIR A GERAÇÃO DE ramente o cenálidade da petista EMPREGO E OS INVESTIMENTOS. rio de dificuldades do nordeste”. e vem apostando ESTOU MUITO PREOCUPADO O governador se numa aproximaCOM A GERAÇÃO comprometeu a fação com o Governo zer o possível para Federal. Câmara enDE EMPREGO” ajudar o Brasil, mas lemxergava no encontro a brou que era a primeira vez oportunidade para os goverque ele estava sendo recebido pela nadores ajudarem o governo federal a presidente. atravessar a crise econômica e política Para sustentar pleitos do não continque o país atravessa. Além disso, a ida genciamento de investimentos estrutupara o encontro sinaliza a disposição rantes em obras hídricas, o governador do governador em destravar obras ressaltou que a região vem sofrendo essenciais para o Estado com projetos uma grave estiagem pelo quarto ano parados por falta de recursos federais. subsequente. “(A manutenção dessas No entender do socialista, o Norobras) garante emprego e ações de deste é uma região que cresce mais melhoria da qualidade de vida do nosso do que o País, e seria fundamental a povo”, argumentou. Câmara recebeu presidente abrir um diálogo para iniciar de Dilma a garantia que todas as obras um processo de rearrumação, tanto da iniciadas serão mantidas. “A presidenta economia, quanto na política, para foi muito clara ao dizer que não vai superar os desafios que o Brasil hoje parar obras, mas os novos projetos vão vem enfrentando. Câmara defendeu

depender da aprovação do ajuste fiscal no Congresso”. No entanto, o pernambucano saiu frustrado em relação a sua segunda reivindicação, que pleiteava um maior lastro dos governos federais para se endividarem. Para o governador seria possível a União ter um olhar diferenciado em relação as operações de créditos para cada estado do nordeste. “Os estados estão pouco endividados e operações de crédito são importantes nesse momento para garantir a geração de emprego e os investimentos. Estou muito preocupado com a geração de emprego. No Nordeste, no primeiro bimestre de 2015, foram 60 mil postos de trabalho a menos e essa é uma situação que preocupa”, frisou. O governador apostava que a reunião flexibilizasse condições aos estados para fazer operações de credito que não afetassem o Orçamento da União, dando condições dos estados, Pernambuco em particular, de continuar a investir e gerar emprego. “Vamos trabalhar dentro das nossas possibilidades para que os desafios de 2015 sejam superados. Temos a expectativa do Brasil não crescer. A inflação está voltando, e nós temos que ter muito controle dos nossos gastos. Muita serenidade na execução dos nossos gastos”.


PIAUÍ

WELLINGTON DIAS: FOCO NA DIVISÃO DOS ROYALTIES

análise de liminar que trata do tema. “Uma liminar suspendeu a aplicação da lei que trata da distribuição de royaltis. Já se passaram dois anos desta liminar. O que estamos solicitando é que ela seja incluída na pauta prioritária do Supremo”, explica o governador. Segundo o governador, é preciso que haja uma aproximação maior com o Congresso e com o STF para tratar de temas como este que possibilitariam novas receitas, especialmente para o Nordeste. Dias afirmou ainda que apesar da retração econômica, a presidenta manifestou sinal positivo ao pedido dos governadores em relação à continuidade das obras em andamento pactuadas com estados, municípios ou realizadas diretamente pelo Governo Federal. Segundo ela, os atrasos se deveram a difícil aprovação do Orçamento Geral da União no Congresso. “Ela já está adotando medidas para atualizar obras e programas que estavam paralisados”, garantiu Dias. Respondendo sobre a indexação das dívidas dos estados e municípios, em trâmite no Congresso, o governador preferiu evitar polêmica e considerou cedo para tomar posições. “Primeiro, nós vamos ouvir a presidenta”, disse o petista.

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Dias deixou claro que os governadores O governador do Piauí, Wellington se comprometeram a procurar o ConDias (PT), que está no terceiro mangresso Nacional para ampliar a interdato – No intervalo ocupou cadeira locução política com os partidos do Senado - saiu em defesa da aliados e a oposição. chefe do Executivo: “Há “Todos os governauma presidenta elei“UMA LIMINAR dores do Nordeste ta, empossada pelo SUSPENDEU A APLICAÇÃO querem ajudar o Congresso NacioDA LEI QUE TRATA DA Brasil e têm aceinal e temos que DISTRIBUIÇÃO DE ROYALTIS. tado as medidas fazer esse acordo que o governo (entre os goverJÁ SE PASSARAM DOIS ANOS nadores), o que DESTA LIMINAR. O QUE ESTAMOS está tomando para atingir o não significa que SOLICITANDO É QUE ELA SEJA equilíbrio finanhaja divergência INCLUÍDA NA PAUTA ceiro. Numa conquanto à conduPRIORITÁRIA DO juntura em que clação das ações de ramente houve uma governo”, ressaltou. SUPREMO” retração da economia e, “Defendemos a demoportanto, queda de receita, cracia e rejeitamos qualquer nós governadores estamos fazendo forma de ameaça institucional, ou nossos ajustes em cada estado e viseja, o estado de direito. É preciso mos (o ajuste fiscal do governo) com respeitar a Constituição. A presidenta naturalidade. A presidenta disse que foi eleita democraticamente com suas as medidas que estão sendo tomadas contas aprovadas e foi empossada pelo têm por objetivo dar segurança para a Congresso Nacional. Nós demos nosso etapa seguinte do crescimento econôapoio às medidas de recuperação da mico”, disse. economia e dos investimentos que o Entre as demandas consideradas Brasil precisa”. prioritárias para o petista está a partiO governador acredita que é imporlha dos royalties do petróleo. O govertante, neste momento, que haja um nador informou que foi encaminhado maior contato dos governadores com ao Supremo Tribunal Federal (STF) reo Congresso Nacional e o Supremo querimento solicitando prioridade na para garantir os direitos dos estados.

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Petista vê apoio integral de governadores à Dilma e aposta em nova partilha de royalties para ampliar receita dos estados


RIO GRANDE DO NORTE

ROBSON FARIA APOSTA NO AUMENTO DO FPE

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Com problemas em caixa para pagar servidores, o Rio Grande do Norte pede mais recursos do FPE e alteração no cálculo do indexador da dívida financeiros que a diminuição do Para o governador Robson Faria repasse do FPE vem causando no seu (PSD), do Rio Grande do Norte, a estado. Segundo ele, só em fevereiro, questão do apoio à governabilidade de o Rio Grande do Norte reDilma Rousseff (PT) parece cebeu R$ 80 milhões a óbvia: “Ela está no gomenos que o previsto. verno há apenas dois “FIZEMOS UMA “Está havendo uma meses e meio, como REDUÇÃO GRANDE NA queda abrupta do todos nós estamos. VERBA DE CUSTEIO E FPE e todos os Então acho que é AINDA ESTAMOS FAZENDO estados estão precipitado qualAJUSTES DE CONTAS, MAS tendo problemas quer movimento graves com isso. de quebra da esESSA FRUSTRAÇÃO DO Eu fui um que fatabilidade demoFPE TEM CAUSADO lei sobre isso na crática no país”, PROBLEMAS NAS reunião, diante da disse. “Somos conNOSSAS FINANÇAS” presidente e também tra o impeachment”. do ministro da Fazenda, Faria endossou apoios Joaquim Levy, porque no RN às medidas de ajuste fiscal a frustração foi de R$ 80 milhões no propostas pelo Executivo, assim como mês passado. Depois de mim, outros gose prontificou a mobilizar a bancada vernadores falaram o mesmo”, revelou. para dirimir dúvidas e questionamentos Segundo Faria, essa diminuição do sobre o tema. repasse federal foi o principal motivo Para o RN, Faria explicou que no para o Executivo não ter conseguido momento é importante garantir que o cumprir o pagamento dos servidores estado consiga sair de uma crise profuncom recursos próprios, sendo obrigado da no pagamento do funcionalismo e a recorrer ao saldo do fundo previdenna Segurança Pública. “São questões ciário. Para o pagamento de março mais objetivas”, explicou, ressaltando também foi feita uma nova utilização que um dos temas principais é mesmo dessa fonte, apesar de Robnson afirmar mais atenção no repasse do Fundo de que ele e sua equipe estão fazendo todo Participação dos Estados (FPE). o possível para não usá-lo. “Fizemos O governador aproveitou o enconuma redução grande na verba de custrou para reclamar dos problemas

teio e ainda estamos fazendo ajustes de contas, mas essa frustração do FPE tem causado problemas nas nossas finanças”, explicou, ressaltando que os recursos utilizados da previdência serão devolvidos até o final do seu mandato, por meio de um organograma de repasses já acertado com a Previdência. A União tem justificado a baixa no FPE como consequência da crise econômica atual. Outro ponto delicado é a segurança. “Hoje a questão da segurança pública e dos presídios não é um problema só do Rio Grande do Norte, mas de quase todos os Estados do Nordeste. A situação está complicada e, por isso, não pode haver contingenciamento”, explicou o governador. A continuidade de obras previstas para o Rio Grande do Norte com recursos federais, também foi um tema tratado no encontro, como a construção de uma nova ponte sob o Rio Potengi. “Entendemos que as obras são muito importantes pela questão social e também pela geração de emprego que promovem”, afirmou Faria. Robson criticou ainda a mudança do indexador das dívidas dos Estados e municípios, que tramita no Congresso Nacional. No entender do governador, do jeito que está ele só é interessante para Rio de Janeiro e São Paulo.


CEARÁ

CAMILO SANTANA QUER RETOMADA DE OBRAS HÍDRICAS

que o Ministério da Integração não fez o repasse ao governo estadual. Desde então, o governador vem trabalhando para resolver o problema, inclusive com articulações junto ao Ministério da Integração Nacional. Outra dificuldade, é a necessidade de construção de mais poços profundos, já que a ocorrência de chuvas ainda não resolveu o problema da seca. “Nesses últimos dias vem dando chuvas boas, mas são ainda insuficientes para recarregar os reservatórios do nosso Estado. Tem ajudado na agricultura, o homem do campo, mas para recarga dos reservatórios ainda estamos numa situação complicada”, afirma. De acordo com Camilo, na primeira etapa do projeto de socorro aos cearenses do interior serão gastos aproximadamente R$ 50 milhões na perfuração de poços. “O governo estava sem orçamento. Agora estou confiante que se retomam os repasses para as grandes obras federais. Para o próprio Cinturão das Águas, que considero uma das obras mais importantes para o Ceará nos últimos anos”, frisou Camilo. Desta forma o Ceará quer que os repasses para as grandes obras do estado sejam normalizados para que os efeitos de uma seca que já dura quatro anos possam ser minimizados.

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buscam diminuição dos efeitos da "É muito importante fortalecermos seca em curto prazo e estão orçadas os investimentos, principalmente das em R$ 620 milhões, sendo R$ 117 miobras que já estão em andamento. No lhões em recursos do Estado caso do Ceará, temos o proe o restante do Governo blema da seca que é grave “NESSES ÚLTIMOS Federal. Já as ações e não pode esperar", DIAS VEM DANDO CHUVAS estruturantes, que citou o governador objetivam a reCamilo Santana BOAS, MAS SÃO AINDA dução dos efei(PT). Dentre as INSUFICIENTES PARA tos da seca em reivindicações RECARREGAR RESERVATÓRIOS médio e longo de Camilo está DO NOSSO ESTADO. TEM prazo, contam a urgência na AJUDADO NA AGRICULTURA, com cerca de instalação de R$ 5,5 bilhões, poços e o retorMAS PARA RECARGA DOS sendo R$ 1 bino dos carrosRESERVATÓRIOS AINDA lhão do Ceará e o -pipas para os ESTAMOS NUMA SITUAÇÃO restante da União. municípios, além COMPLICADA” Além das dificuldade uma linha de finandes em relação a seca, no ciamento para os estados estado as obras que compõem nordestinos com capacidade com a transposição do Rio São Frande endividamento, a desoneração do cisco, o Cinturão das Águas, realizada Cofins (Contribuição para o Finanna região do Cariri, estão paralisadas. ciamento da Seguridade Social) sobre Em parte devido ao escândalo do que as empresas públicas de saneamento explodiu com Operação Lava Jato, e básico. em parte devido a demora na aprovaCamilo apresentou o Plano Estadual ção do Orçamento Federal, a União de Convivência com a Seca que prevê acabou atrasando os pagamentos, acarmedidas emergenciais e estruturantes retando na paralisação das obras. No em cinco eixos de atuação: segurança estado, os cortes se concentraram no hídrica, segurança alimentar, sustenCinturão das Águas e as empreiteiras tabilidade econômica, conhecimento estão sem receber desde outubro. O e inovação. As ações emergenciais, débito é de mais de R$ 20 milhões, porsegundo informações do governador,

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Ceará reafirma apoio a Dilma e pede manutenção de obras do Cinturão das Águas e mais carros-pipas para combater a seca


SERGIPE

JACKSON BARRETO VISA CONTINUIDADE DO PAC

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Governador de Sergipe diz que ‘é preciso desarmar os espíritos’ e defende entendimento nacional em torno da governabilidade juntos ao BNDES e Caixa Econômica O governador Jackson Barreto Federal. Isso garante a continuidade (PMDB) acredita que o momento da construção de casas populares, é mesmo de afirmar solidariedade ampliação do aeroporto Santa Maria ao projeto democrático que o país e Construção do Canal de está vivendo, reforçando o Xingó, por exemplo. apoio à presidente Dilma Os recursos do Rousseff (PT) e à “ESSAS DISCUSSÕES PAC da Seca democracia. “Há TODAS SERÃO EXECUTADAS também fo a preocupação APÓS A APROVAÇÃO DO AJUSTE ram debade que é neFISCAL PARA SABER QUAL O tidos. No cessário um estado, o entendimenCAMINHO QUE A ECONOMIA IRÁ programa to nacional, TOMAR. O QUE NÃO PODE É O PAÍS de comde forças PARAR PORQUE VIVEMOS UM CICLO bate aos políticas e VIRTUOSO DE CRESCIMENTO NESSES efeitos sociais, para ÚLTIMOS 12 ANOS. A APROVAÇÃO DO da seca a retomada exe cuta a do crescimenAJUSTE FISCAL PODERIA SER UMA a m p liação to econômico”, SOLUÇÃO PARA ESSES e duplicação declarou. “AcrediENTRAVES ECONÔMICOS” de três adutoras: to que é preciso deadutora de Umbaúsarmar o espírito, buscar ba, Itabaianinha e Tomar um entendimento racional e do Geru, no sul sergipano; adutora discutir o futuro do país”, entende. sertaneja, em Aquidabã e adutora do Mantendo o discurso de apoio para sertão, em Nossa Senhora da Glória. além da crise, o governador fez a defesa Juntas, as obras somam mais de R$ da manutenção dos investimentos 156 milhões e beneficiam 221 mil públicos e privados, incluindo os insergipanos. vestimentos da Petrobras. Para Sergipe, Programada para tornar-se a maior Jackson reivindicou a continuidade das obra estruturante da história de Sergiobras do Programa de Aceleração do pe, o Canal de Xingó, também já havia Crescimento (PAC) e de financiamenganho apoio expresso da presidenta em tos federais, realizados principalmente

novembro, que assegurou a inclusão do projeto no PAC. No valor total de R$ 2,4 bilhões, o Canal de Xingó trata-se de um projeto de uso múltiplo da água e de inclusão produtiva, e não apenas de irrigação. O Alto Sertão Sergipano será beneficiário direto do canal. Com o aval presidencial, em 2015 o empreendimento estará com o cronograma pronto e a obra contratada. “O compromisso da presidenta é o de resolver em definitivo o problema da falta de água no semiárido”, disse Jackson na ocasião. Apesar de Dilma ter determinado em novembro a reinclusão da obra do aeroporto Santa Maria no PAC - com a nova pista de pouso e decolagem, além da conclusão da primeira etapa das obras viárias do entorno, a obra custará R$ 340 milhões – Jackson explicou que as obras devem esperar a aprovação do ajuste fiscal. “Essas discussões todas serão executadas após a aprovação do ajuste fiscal para saber qual o caminho que a economia irá tomar. O que não pode é o País parar porque vivemos um ciclo virtuoso de crescimento nesses últimos 12 anos. A aprovação do ajuste fiscal poderia ser uma solução para esses entraves econômicos e para que país volte a fazer investimentos”.


ALAGOAS

RENAN FILHO APOIA DILMA, MAS TORCE POR FIM DA INDEXAÇÃO DA DÍVIDA

dentemente de regulamentação (a matéria ainda deve ser analisada pelo Senado). Com a aprovação, a União fica obrigada a aplicar os novos valores da dívida no prazo de 30 dias após a manifestação do ente devedor. Dilma já havia informado que o Governo não podia arcar com essa despesa neste momento. Referindo-se a decisão do Congresso, Renan Filho explicou que a Lei significa uma ajuda aos estados e municípios e agiliza a utilização do beneficio da mudança do indexador. “Não são justos os juros pagos pelos estados hoje, portanto, a mudança do indexador vai ajudar bastante Alagoas. Nós vamos reduzir a dívida em cerca de 25% o seu estoque total, o que é um grande beneficio para o estado”, avalia. Renan ainda pediu que o Governo Federal não paralise programas como o Minha Casa, Minha Vida e PAC, para ele motores do desenvolvimento brasileiro e nordestino. “A manutenção dos investimentos federais é prioritária para que a gente não perca a atividade econômica. Logicamente tem que se fazer um equilíbrio para ver como o governo vai poder honrar esses compromissos. O governo federal tem tido muitas dificuldades, mas acredito que se fará um esforço para isso também”.

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importante para estados como AlagoO governador Renan Filho (PMDB), as, Pernambuco e Paraíba e defendeu de Alagoas, também demonstrou solisubvenção para a área. “Isso ajuda o dariedade à presidente Dilma Rousseff setor que gera muito emprego, (PT), apesar dos embates que dinamiza a economia e o pai, Renan Calheiros, hoje vive uma crise presidente do Sena“NÃO SÃO JUSTOS porque o país pasdo, tem infligido ao OS JUROS PAGOS PELOS sou muito tempo governo. Para o sem reajustar os peemedebista, o ESTADOS HOJE, PORTANTO, A preços dos comencontro dos goMUDANÇA DO INDEXADOR VAI bustíveis fosseis, vernadores com AJUDAR BASTANTE ALAGOAS. o que tirou a Dilma foi muiNÓS VAMOS REDUZIR A DÍVIDA competitividato importante, EM CERCA DE 25% O SEU de do etanol”, especialmente reclamou. nesse momento ESTOQUE TOTAL, O QUE É UM Lembrando um que o Brasil precisa GRANDE BENEFICIO PARA dos pontos que provencer a crise. ConO ESTADO” meteu resolver durante tudo, no entender de a campanha em Alagoas: Renan, para vencer a crise o fim da indexação da dívida a presidenta precisa “apontar um pública, Renan comemorou que o caminho, orientar uma saída”, avisa. Congresso tenha estabelecido um praO governador pontuou o que conzo limite para que o Governo Federal sidera fundamental para ser mantido regulamente a lei sancionada no final neste momento: a manutenção dos do ano passado. No dia do encontro investimentos federais e nos estados, dos governadores, os presidentes da a manutenção da capacidade dos Câmara e do Senado aprovaram, conestados de se endividarem, o combate tra o desejo do Planalto, o Projeto de a seca e o apoio a setores como o Lei Complementar 37/15, do deputado sucro-energético, com forte presença Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que no Nordeste. permite a renegociação do índice Em relação a subvenção para o de correção das dívidas estaduais e setor do etanol – o sucroalcooleiro –, municipais com a União, indepenRenan Filho argumentou que o setor é

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Apesar de apoiar Dilma, governador de Alagoas comemora lei que obriga União a aplicar novos valores para as dívidas dos estados


Política

EFEITO

BUMERANGUE NA OPOSIÇÃO

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Líderes oposicionistas como José Agripino, Ronaldo Caiado, Anastasia e até Aécio começam a sofrer com denúncias de propina. Operação Zelotes e Swissleaks expõem empresários e Direita brasileira

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s escândalos de operações deflagradas pela Polícia Federal, como a Lava Jato, Zelotes e de órgãos internacionais como a Swissleaks, começam a salpicar lama na oposição. Na verdade o imbróglio vai além da oposição e lança luz sobre boa parte dos empresários que financiam a direita brasileira ou que dão voz a esse nicho, como os grandes meios de comunicação. Os últimos acontecimentos explicitam uma assombrosa manobra dos mais ricos a sonegarem impostos. Mas os problemas vão além de escândalos de corrupção financeira, a oposição também sofre baixas pelo fogo cruzado entre ex-aliados. O caso mais recente é a briga em praça pública entre o ex-senador Demostenes Torres (sem partido-GO) e o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Ao que tudo indica, agora é a vez do PT sair de cena e entrarem o DEM e do PSDB no palco. Entre os tucanos, o nome mais ilustre incluído na lista dos investigados da Operação Lava Jato é mesmo o do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). O tucano é ex-governador de Minas Gerais e afilhado do também senador e candidato tucano à presidência Aécio Neves (PSDB). O peixe grande foi fisgado após acusação de Jayme Alves de Oliveira Filho, vulgo Careca, que informou em depoimento de delação premiada que havia entregue R$ 1 milhão ao então candidato a governador em 2010, a pedido do doleiro Alberto Youssef. Aécio Neves saiu em defesa do amigo. “Temos a mais absoluta certeza de que tudo será plenamente esclarecido. Por conhecermos o seu proceder irretocável, temos a convicção de que a sua inocência será evidenciada”, pontuou o presidenciável. Mas os problemas ainda podem alcançar Aécio. Segundo o ministro do Supremo Tri-


“TEMOS A MAIS ABSOLUTA CERTEZA DE QUE TUDO SERÁ PLENAMENTE ESCLARECIDO”

Aécio e Anastasia são citados pelo doleiro Alberto Yousseff durante investigações da Lava Jato

Fotos: Divulgação

bilhões e vários setores do estado em crise. Entre as irregularidades divulgadas está a compra de 3,5 mil tablets no final do mandato de Anastasia. Os tablets deveriam ter sido entregues a professores da UEMG, mas foram deixados num depósito próximo à cidade administrativa. Os equipamentos custaram R$ 2,3 milhões e foram comprados pela Fundação Renato Azeredo, que leva o nome do pai do ex-governador Eduardo Azeredo. A Polícia Federal deflagrou Operação Lava Jato em março de 2014

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ca) e o doleiro Youssef. Anastasia afirma ser “absolutamente falsa” a alegação de que teria recebido valores em dinheiro de Jayme, a mando do doleiro. Sem tablets - Como se não bastassem às acusações que a justiça tem feito a Anastasia, o novo governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), resolveu fazer uma devassa na gestão feita por Aécio e Anastasia em Minas Gerais e divulgou que os tucanos deixaram um déficit orçamentário no valor de R$ 7,2

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bunal Federal (STF), Teori Zavascki, o nome de Aécio não foi citado na lista de implicados do Lava Jato não por falta de indícios a serem apurados, mas por não haver conexão direta da menção do doleiro Alberto Yousseff a Aécio na Operação. O opositor de Dilma estaria implicado em outro escândalo, das propinas de Furnas, também mencionado pelo doleiro. Youssef afirmou que recolhia propinas na estatal Furnas, a mando do ex-deputado José Janene, do Paraná. No mesmo depoimento, disse que o senador Aécio recebia recursos por meio da empresa Bauruense, que prestava serviços terceirizados para a estatal. Esta empresa Bauruense recebeu mais de R$ 821 milhões de Furnas. O caso, reacende polêmica em torno da famosa lista de Furnas, já denunciada por Roberto Jefferson, à época do chamado mensalão. Temendo que a história caia no esquecimento, o PT resolveu pedir que o processo de Furnas fosse reaberto e as novas denúncias acrescidas. O pedido foi feito por deputados petistas de Minas Gerais. Os deputados entregaram a Rodrigo Janot, procurador-geral da república, novos documentos que, segundo eles, provam o envolvimento do senador Aécio no escândalo de Furnas. O temor do PSDB é que a investigação de Anastasia acabe chegando realmente em Furnas e, portanto, em Aécio. O senador Anastasia divulgou nota em que informa desconhecer Jayme (Care-


BOMBA ENTRE OS DEMOCRATAS

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A mais recente “bomba” que estourou no colo da oposição veio das hostes da própria oposição. O ex-senador Demóstenes Torres, cassado em 2012, escreveu artigo no Jornal Diário da Manhã, de Goiás, ligando o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) ao contraventor Carlinhos Cachoeira. Magoado com declarações de Caiado à revista Veja, onde o senador afirmou estar decepcionado com as descobertas de laços entre Demóstenes e Cachoeira, Torres resolveu quebrar o silêncio acusando o senador de corrupto: “(…) Caiado se passava como uma espécie de irmão mais velho pra mim, falava da afinidade de nossas teses, que era um conservador não beligerante, pra isso não poupando sequer seus antepassados, e que desejava um futuro liberal para o Brasil. Ronaldo fazia sim, parte da rede de amigos de Carlos Cachoeira, era, inclusive, médico de seu filho. Mas não era só de amizade que se nutria Ronaldo Caiado, peguem

“AGORA, CAIADO, QUERO VER SE VOCÊ É HOMEM MESMO. NOS MESMOS TERMOS QUE VOCÊ MANDOU OFERECER AO FROUXO MARCONI PERILLO, EU ME EXPONHO. VOCÊ DIZ EM SEUS DISCURSOS QUE CAIADO NÃO ROUBA, NÃO MENTE E NÃO TRAI. VOCÊ ROUBA, MENTE E TRAI” Troca de acusações entre os examigos Demóstenes Torres (acima) e Ronaldo Caiado (abaixo) expõe indícios de corrupção no Democratas

“SOU PREPARADO E ACOSTUMADO A ENFRENTAR BANDIDOS. ENFRENTAR O CANALHA DEMÓSTENES SERÁ MAIS UM CAPÍTULO DE MINHA VIDA"

as contas de seus gastos gráficos, aéreos e de pessoal, notadamente nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, que qualquer um verá as impressões digitais do anjo caído. Siga o dinheiro. (…) Agora, Caiado, quero ver se você é homem mesmo. Nos mesmos termos que você mandou oferecer ao frouxo Marconi Perillo, eu me exponho.(…) Você diz em seus discursos que Caiado não rouba, não mente e não trai. Você rouba, mente e trai.”. A resposta de Caiado veio no mesmo tom chamando o ex-amigo de "corrupto, mau-caráter e sem credibilidade". "Sou preparado e acostumado a enfrentar bandidos. Enfrentar o canalha Demóstenes será mais um capítulo de minha vida." A briga promete alguns rounds e quem sabe a exposição das vísceras do DEM e possíveis ligações com a corrupção. Sem dúvida, as denúncias ajudam a compor o painel de más notícias para os políticos da oposição. Fotos: Divulgação


Swissleaks revela evasão através do HSBC. No Carf propina livrava grandes empresas de pagarem impostos

Seguindo as pistas da sonegação fiscal, duas operações têm mostrado a cara da elite de direita no Brasil. Donos de bancos, milionários da indústria e donos de TVs estão ficando lívidos frente às investigações da PF. A Operação Zelotes e o Swissleaks (ou Suiçalão) evidenciam uma triste realidade brasileira: a sonegação de impostos pelos mais ricos. A Operação Zelotes desbaratou uma quadrilha especializada em vender facilidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, causando um prejuízo estimado em R$ 19 bilhões. Pelo menos 24 conselheiros, ex-conselheiros, advogados e lobistas são investigados. No esquema, conselheiros passavam informações privilegiadas de dentro do Carf para escritórios de assessoria, consultoria ou advocacia. Esses escritórios procuravam empresas multadas pela Receita Federal e prometiam controlar o resultado dos julgamentos de recursos. Para isso, além de promover tráfico de influência, o grupo corrompia conselheiros em julgamento

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Plenário da CPI do HSBC, quase vazio na sessão de instalação

de multas e manipulava o andamento dos processos, com a venda de pedidos de vista ou alteração da pauta de julgamentos. Entre os acusados, está o grupo Gerdau, do empresário Jorge Gerdau, suspeito de pagar a maior propina da Operação Zelotes: R$ 50 milhões para cancelar uma dívida tributária de R$ 4 bilhões. Vale ressaltar que o grupo Gerdau é o principal mantenedor do Instituto Millenium, um instituto criado por empresários brasileiros para impulsionar o pensamento alinhado à direita e ao neoconservadorismo. Entre os mantenedores da Millenium estão a Editora Abril, que publica Veja, e a RBS, afiliada da Globo na Região Sul. A RBS também foi fisgada pela Operação Zelotes. A empresa teria pago uma propina de R$ 15 milhões para abater uma dívida de R$ 150 milhões. O caso Swissleaks - Alvo de uma CPI no Senado, envolve 8.667 brasileiros que mantêm ou mantiveram contas secretas na Suíça, no HSBC de Genebra. O Suiçalão aponta escândalos de evasão fiscal vazados ou descobertos através do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). Os brasileiros tinham aproximadamente R$ 20 bilhões em contas no HSBC da Suíça. Entre os envolvidos está Saul Sabbá, dono do banco Máxima. Sabbá deu consultoria para FHC na privatização da Vale e da CSN. Também constam da lista Edmond Safra, do Banco Safra, e a família Steinbruch, donos da Vicunha e da CSN, que também acabaram sendo privilegiados com as privatizações tucanas. Outro envolvido é Chaim Zalcberg, que já foi preso pela Polícia Federal, em 2012, na Operação Babilônia, suspeito de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Zalcberg esteve envolvido no escândalo do Banestado. Outra figura central no escândalo do Banestado foi o doleiro Alberto Youssef. O nome de Youssef fecha o círculo de investigações, levando a PF de volta a Operação Lava Jato. Resta agora montar esse quebra-cabeça.

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OPERAÇÃO ZELOTES E SWISSLEAKS


Política

PL nasce já com adesão de deputados, senadores e prefeitos para fortalecer base de Dilma no Congresso. PMDB e oposição tentam evitar manobra Por Paulo Dantes paulo.dantas@revistanordeste.com.br

UM NOVO PARTIDO

INCOMODANDO PMDB

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O

ministro das Cidades e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, pode se transformar numa figura chave para o Palácio do Planalto incomodar o PMDB e dar fim a uma crise existente entre o Governo e a base aliada, comandada principalmente pelo PMDB. Kassab, que detêm o ministério com o terceiro maior orçamento do Governo Federal, faz visitas pelo país para conversar com prefeitos e governadores e inaugurar obras de habitação, infraestrutura, saneamento e mobilidade, levando boas novas mais que necessárias em tempo de notícias difíceis de engolir, como o ajuste fiscal e cortes no orçamento. Em paralelo, Kassab dá tratos a bola para ajudar na recriação do novo PL. Segundo o próprio ministro, é acalentada ideia de uma fusão do PSD com o PL – após a criação do mesmo – ou pelo menos um trabalho feito de forma estreita e conjunta.

Nas especulações de bastidores, o novo partido, que seria presidido pelo o ex-deputado Cleovan Siqueira (GO), já nasceria robusto, com cerca de 30 deputados federais, senadores, prefeitos

“SE ESPEROU ATÉ O ÚLTIMO MOMENTO PARA REUNIR O MAIOR NÚMERO POSSÍVEL DE ASSINATURAS. EU DESEJO BOA SORTE AO PL E AOS PARTIDOS QUE ESTÃO SENDO ESTRUTURADOS. E VÃO CONVIVER COM A LEI, QUALQUER QUE SEJA ELA, COMO FOI COM O PSD” Gilberto Kassab

e até três a dois governadores. Desta forma, junto com o PSD, se formaria uma bancada de 67 deputados, desbancando o PMDB, que elegeu 66 federais, de partido com a principal base aliada de Dilma. Estão sendo sondados nomes como o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), e José Melo (Pros), do Amazonas. Também já foram convidados para a legenda o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), atual aliado e apadrinhado político do líder da oposição no Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB), os senadores João Vicente Claudino e Elmano Férrer, ambos do PTB-PI. Para evitar o estrago e temendo a manobra do Planalto para esvaziar tanto a oposição quanto o PMDB, os peemedebistas trataram de criar uma lei que dificulta a fusão dos partidos – para eles se fundirem precisariam ter 5 anos de fundação. Contudo, a nova legenda


VISITA À PARAÍBA

Fotos: Marcelo Camargo/ Francisco Franca - Agência Brasil / Divulgação

Gilberto Kassab enconta com Ricardo Coutinho, secretários e deputados

“SE OCORREREM CORTES NO ORÇAMENTO, E OCORRERÃO, OS CORTES NO NOSSO MINISTÉRIO SÃO BEM MAIS SUAVES. SÃO PROGRAMAS PRIORITÁRIOS PARA A PRESIDENTE”

em infraestrutura urbana”, pontuou Kassab. Em relação ao contingenciamento de verbas planejado pelo Governo Federal e os consequentes cortes em todos os ministérios, Kassab garantiu que o Ministério das Cidades sofrerá pouco. “É evidente que todos sabem que o governo federal passa por um ajuste econômico importante para o Brasil e para a estabilidade da nossa economia. Os projetos (de cortes) foram encaminhados para o Congresso Federal. Porem, se ocorrerem cortes no orçamento, e ocorrerão, os cortes no nosso ministério são bem mais suaves. São programas que têm sido considerados prioritários pela presidente, e além de prioritários são programas de longo prazo de execução. Não falaremos em cortes, mas sim de remarcação de obras e de execução e de eventuais pagamentos. Mas isso será praticamente imperceptível para a população”. Antes de Kassab, o paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP) ocupou o cargo máximo do Ministério das Cidades.

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Gilberto Kassab

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conseguiu driblar a nova lei, criada em janeiro e sancionada dia 25 de março, fazendo aportar no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitação para recriação da legenda dois dias antes da promulgação da lei por Dilma. O ministro explicou que a articulação do novo partido está sendo feita por políticos que desejaram ingressar no PSD em 2012, mas acabaram recuando do projeto partidário e, agora, querem a criação de sua própria sigla. “São pessoas da maior parte dos Estados brasileiros que queriam ter entrado no PSD e não conseguiram. Então, estão formando o PL. Nós não temos nenhuma participação direta ou indireta. Mas é público que são pessoas próximas do PSD por conta dessa realidade”, afirmou. Sobre a possível fusão, Kassab nega e afirma que os partidos serão “muito O ministro esteve no dia 20 e 21 próximos”, mas que terão decisões tode março em João Pessoa e Campina madas com “autonomia” por cada um. Grande, na Paraíba, para reuniões, “O PL terá sua identidade, suas decisões respectivamente com o governador adotadas com autonomia, e não passam Ricardo Coutinho e o prefeito Romepor mim. Eu sou de outro partido, sou do ro Rodrigues. Nenhum dos gestores PSD”, afirmou. tocou no assunto de convite para o PL Em relação a criação de uma base com publicamente. Contudo, em entrevista força para fragilizar o PMDB, Kassab arrecente Ricardo negou que tenha sido gumentou que a criação do PL não está sondado por Kassab para migrar para com esse foco, apesar de peemedebistas o PL. Já Romero Rodrigues admitiu insatisfeitos com a sigla estarem dispostos o convite, mas afirmou que apesar de a migrar para o novo partido. estar decidido a O ministro ainsair do PSDB, ainda afirmou que da não escolheu a os idealizadores legenda. do PL tiveram a Tanto com Ri“decisão acertada” cardo Coutinho, de pedir a criação quanto com Roda sigla antes da mero Rodrigues, o sanção da lei que ministro tratou de limita o surgimento temas relacionado de novos partidos. a mobilidade urba“Se esperou até o na e investimentos último momento em infraestrutura para reunir o maior e habitação. “Já número possível investimos R$ 4,5 de assinaturas. Eu bilhões no estado, desejo boa sorte ao R$ 134 milhões em PL e aos partidos habitação, quase que estão sendo esR$ 1 bilhão em truturados. E vão mobilidade, R$ conviver com a lei, 620 milhões em qualquer que seja saneamento, além ela, como foi com o Kassab articula partido para dar de R$ 42 milhões suporte a Dilma no parlamento PSD”, afirmou.


Política

DEPOIS DE TANTA CRISE, DILMA CHAMA EDINHO PARA GOVERNO SE COMUNICAR

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esde quando o Partido dos Trabalhadores assumiu o Poder no Novo ministro da Comunicação deve dar novo País com a posse do ex-presidengás à comunicação do Governo Federal e te Luiz Inácio Lula da Silva, há um arrasaponta para disseminação da mídia federal além tado contencioso de crise continuada nas relações do Governo Federal e a Grande do eixo sul-sudeste Mídia – esta formada pelos principais veículos de comunicação instalados no Por Walter Santos Centro Sul. De 2003 até os dias de hoje, a Secretaria de Comunicação Social já ws@revistanordeste.com.br viveu vários tons de política de comunicação para dentro e fora do Governo sem conseguir instalar a paz na relação com “A SECRETARIA ADOTARÁ O MAIS RIGOROSO CUIDADO EM a Grande Imprensa nem comunicar à RELAÇÃO À VEICULAÇÃO DE INFORMAÇÃO PÚBLICA E A sociedade brasileira PUBLICIDADE OFICIAL. EM RESPEITO AOS BRASILEIROS DE os feitos de valores TODAS AS CAMADAS SOCIAIS E CULTURAIS, E DE TODOS OS impactantes como PONTOS DO PAÍS, ADOTARÁ CRITÉRIOS JUSTOS E CORRETOS saldo de gestão. De NA VEICULAÇÃO DOS SEUS SERVIÇOS” agora em diante este é o desafio do novo Dilma Rousseff titular da SECOM,


Edinho Silva, empossado em março. As medidas vão tocar em questões políticas, verba publicitária, relações institucionais e comunicação do governo para valer. O titular da Comunicação Social terá a hercúlea tarefa de cessar e reverter a antiga goleada imposta contra o Governo pelos grandes veículos impondo estragos danosos na imagem do “establishment” em voga por vários fatores, a partir da

indisposição de dirigentes dos veículos na correlação com o Poder de inspiração Socialista, mesmo que neste componente haja divergência ideológica clara, mas também pela Política governamental de abrigar um volume maior de empresas acessando a Verba Publicitária federal, algo que deixa a Grande Mídia indócil e sem admitir conversa. Aliás, o tom de mudança na SECOM foi dado pela própria presidenta da república, Dilma Rousseff, quando da posse do novo comandante. Ela foi explícita até demais sobre o que passa a ser operado enquanto Política de Comunicação de agora em diante:

“[A secretaria] adotará o mais rigoroso cuidado em relação à veiculação de informação pública e a publicidade oficial. Em respeito aos brasileiros de todas as camadas sociais e culturais, e de todos os pontos do país, adotará critérios justos e corretos na veiculação dos seus serviços”, completou a presidente. Com esse diapasão, o governo Dilma retoma as tentativas deflagradas no primeiro momento durante a gestão de Luiz Gushiken, na sequência pelo jornalista Franklin Martins, a partir de pré-supostos de que o Poder central precisa estabelecer nova correlação com outras estruturas de comunicação porque, como tem sido comprovado, não há disposição dos Grandes Veículos de uma convivência pacifica. Sob esse mote, eis que tem se espraiado a tese de regionalização da Midia, algo que se efetivou, mas se desaqueceu nas gestões de Helena Chagas e Thomaz Truman, este o último titular da SECOM.

Edinho com o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e correligionários, visitando cidades paulistas durante campanha de Dilma em 2014

"DILMA JÁ COLOCOU SUA INTEGRIDADE FÍSICA A SERVIÇO DESSE PROJETO, NÃO É PANELAÇO QUE VAI FAZER A PRESIDENTE SE INTIMIDAR"

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Edinho Silva

Fotos: Marcelo Camargo/ Francisco Franca - Agência Brasil / Divulgação


VALORIZAR OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO Ao contrário do que querem setores do PT e do Governo, o novo Ministro está chegando com um tom apaziguador, como disse em entrevista à Folha de São Paulo: “Valorizar os veículos de comunicação, construir uma estrutura na qual todas as demandas sejam atendidas e unificar a comunicação do governo. Se os ministros não falarem a mesma linguagem, é evidente que vamos falhar na comunicação”. Edinho Silva tem entendimento de que o enfrentamento só interessa à oposição. É na calmaria que esse governo vai deslanchar e as informações vão chegar sem ruído à sociedade. Mas Edinho afirma que a presidente da República não se assustará diante de protestos contra sua administração: "Ela [Dilma] já colocou sua integridade física a serviço desse projeto, não é panelaço que vai fazer a presidente se intimidar", diz. Por fim, Edinho revelou a intenção de parte do Governo e da atual fase de ajustes fiscais pois, segundo ele, “tem que fazer a informação chegar da forma

mais simples possível”: “Ajuste fiscal não é programa de governo, são medidas a serem tomadas para que a economia possa crescer de forma sustentável, gerando emprego e distribuindo renda”.

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A “EXPANSÃO DAS TEIAS DE OPINIÕES” Com a ascensão de Edinho Silva, a presidenta foi convencida depois de vivenciar tantas tentativas de diálogos com a Midia sem êxito, de que é preciso que o Governo tenha abrigo de Políticas inclusivas, mesmo sem perder o diálogo com os atores convencionais, mas sem temer as novas correlações. Ela tem afirmado: “A SECOM apoiará a expansão das teias de opiniões, olhares e interpretações da realidade” no país com “critérios justos e corretos na veiculação dos seus serviços”. Em outras palavras, na nova ordem vigente e “em suas práticas, a Secretaria respeitará sempre o direito de todos ao conhecimento e apoiará nos marcos da nossa legislação, a expansão das teias de opiniões, olhares e interpretações de realidade à disposição dos brasileiros”, afirmou. Edinho será responsável por controlar diretamente uma verba publicitária próxima a R$ 200 milhões ao ano. O Governo pretende manter os gastos com órgãos de mídia sob a guarda da secretaria, que tem status de ministério e também cuida da relação do governo com a imprensa e de sua comunicação interna e externa.


UM EX-OPERÁRIO QUE VIROU SOCIÓLOGO COM A EDUCAÇÃO

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dual de Acolhimento e Tratamento às Pessoas com Doenças Raras, por meio de Centros de Referência. Apresentou projetos também na área da segurança, educação, esportes e infraestrutura urbana. Procurou ser um elo entre os municípios e os governos estadual e federal, conquistando recursos para obras e programas. Em 2011, exercendo o mandato parlamentar e também a função de presidente do PT Paulista, Edinho retornou à vida acadêmica se tornando Professor e Coordenador de Curso de Pós-Graduação da Universidade Nove de Julho. Em 2014, foi convidado pela presidenta Dilma para ingressar a Coordenação da sua campanha à reeleição. Edinho foi o Coordenador financeiro e as contas da campanha foram aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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O novo Ministro é sociólogo e persointegrou a assessoria da bancada de nagem respeitado dentro e fora do PT, deputados estaduais do PT, durante tanto que ao longo dos anos, mesmo os trabalhos da Constituinte Estadual. sendo da linha de frente das lutas partiFoi eleito vereador em 1992 e para dárias e de campanhas eleitorais do PT, o segundo mandato, em 1996. Nas como se deu na condição de tesoureiro disputas para prefeitura de Araraquara, de Dilma junto ao Tribunal Superior venceu em 2000 e 2004. Em 2007 foi Eleitoral, goza de respeitabilidade de eleito Presidente do PT do estado de adversários do Governo, a exemplo do São Paulo, tendo sido reeleito para o senador Cássio Cunha Lima, líder do mandato 2009-2013 com mais de 90% PSDB no Senado. dos votos dos filiados. Foi a própria presidenta quem o Como prefeito (2001-2008), funapresentou: “Ao fazer minha escolha, damentou seu governo em 3 marcas: identifiquei em Edinho uma profunda participação popular, inclusão social experiência e uma capacidade de relae cidade moderna. Alterou de forma cionamento cordial e produtivo e um radical a relação prefeitura/comuconhecimento do papel da imprensa em nidade, democratizando as decisões uma sociedade democrática”, declarou. e instituindo mais de 80 projetos de Como ele próprio se intitula na inclusão social, articulando as áreas sua auto – apresentação no site do de saúde, educação, cultura, esporte, PT Nacional, ele é Sociólogo e promeio ambiente e desenvolvimento fessor, graduado em Ciências Sociais econômico. na Unesp de Araraquara e obteve o Em 2010, se elegeu deputado Estatítulo de Mestre em Engenharia de dual com 184.397 votos em mais de Produção, na Universidade Federal de 500 municípios paulistas. Edinho foi o São Carlos. Nascido em Pontes Gestal, 1º mais votado da sua coligação (PT – pequena cidade da região de São José PRTB – PR – PcdoB – PTdoB) e o 6º do Rio Preto, mudou-se aos 4 anos de do estado. Também participou da cooridade para Araraquara. É pai de Pedro, denação das Campanhas Eleitorais de Isabela e João. Aloizio Mercadante e Dilma Rousseff A apresentação diz ainda que Edinho em São Paulo. foi office-boy, trabalhando em AraraComo deputado estadual (2011quara no Escritório Paulista e na Dis2015), foi integrante das Comistribuidora Andrade de Publicações. Foi sões de Saúde, de Esportes, de operário na Fábrica Meias Lupo e, em Segurança Pública e Direitos São Carlos, trabalhou como metalúrgiHumanos, presidiu as Frentes co na extinta Clímax, hoje Eletrolux. Parlamentares pela Elaboração Na década de 80 tornou-se atleta das Democrática do Plano Estadual categorias de base da Ferroviária. de Educação e pela Citricultura. Como cristão engajou-se nas pasUm dos principais projetos apretorais da Igreja Católica e seguindo sentados na Assembleia, que os passos da Teologia da Libertação. se tornou Lei em 2015, Orientou-se politicamente para o Partratou da instituição tido dos Trabalhadores, no qual se filiou de uma Política Estaem 1985. Militante dedicado à construção do Edinho foi prefeito de partido em Araraquara Araraquara de 2001 a 2008 e elegeu-se presidente presidente do PT de São Paulo do Diretório Municientre 2007 e 2013 pal em 1989. Em 1990


Política

Prefeito de João Pessoa Luciano Cartaxo orienta equipe para focar em resultados

FOCANDO EM OBRAS, SEM FALAR EM SUCESSÃO Fase econômica impõe na gestão de João Pessoa medidas amargas com redução de despesas, inclusive, afetando terceirizados

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prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, entrou no terceiro ano de seu mandato decidido a implodir qualquer tentativa de envolvimento de seu nome da sucessão de 2016, quando disputará a reeleição. Em encontros isolados ou em grupo, ele resolveu exigir dos auxiliares que ampliem ao máximo os esforços na execução de obras para dar musculatura política de futuro ao seu mandato. “Este tem sido um ano muito difícil, em face das restrições econômicas do País, mesmo assim temos a projeção de um volume expressivo de obras na cidade de João Pessoa é este foco que vamos atuar por todo o ano”, declarou ele em entrevista à Revista NORDESTE. “Já dei determinações a toda a equipe para que evite qualquer trato de questão política ou partidária neste ano de 2015. “Não vamos entrar nessa de

“ESTE TEM SIDO UM ANO MUITO DIFÍCIL, EM FACE DAS RESTRIÇÕES ECONÔMICAS DO PAÍS, MESMO ASSIM TEMOS A PROJEÇÃO DE UM VOLUME EXPRESSIVO DE OBRAS NA CIDADE DE JOÃO PESSOA É ESTE FOCO QUE VAMOS ATUAR POR TODO O ANO” LUCIANO CARTAXO PREFEITO DE JOÃO PESSOA/PB

ocupar a agenda com assuntos políticos que não interessam à população, pois está nos cobra o tempo inteiro mais obras e é assim que nos manteremos gerando as condições de apresentar

muitas ações estruturantes até o final do ano”, acrescentou. Ele afirmou ainda que está se preparando para apresentar no segundo semestre deste ano a entrega de diversos equipamentos, em especial na área de habitação e de obras de impacto, a exemplo da segunda etapa de reurbanização do Parque Solon de Lucena (Lagoa) com inicio de sua segunda etapa. Cartaxo precisou adotar medidas amargas reduzindo em 30% todo o custeio, mandando ainda cortar pessoal terceirizado e todas as despesas secundárias da administração. O petista defende que se tratam de medidas amargas, mas indispensáveis, porque contrário inviabilizaria a administração municipal. Os recursos para festas populares (como São João, final de ano, entre outras festas) também devem sofrer redução drástica. Foto: Divulgação



Opinião

O DNA petista faz a diferença

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s escândalos do Mensalão e da Petrobras vêm, com frequência, na sequência e há, praticamente, uma década, ocupando os espaços nobres da grande mídia brasileira. Disputam com as novelas os índices de audiência, a curiosidade e até a paciência dos telespectadores. Nos jornais, ganham manchetes, editoriais, artigos, reportagens e entrevistas de páginas inteiras. Nas revistas, são fregueses assíduos e contumazes das capas e das matérias especiais. Tudo isso repercutido, sinergicamente, por rádios e redes sociais, num movimento comunicacional que, acrescido de um modo pessimista de ler o país, enseja que, hoje, a população brasileira mostre-se reticente e desconfiada com o seu futuro. O projeto de tirar o PT do poder tem funcionado. Hoje, bom percentual da população brasileira acha que “ser petista é ser corrupto” e que o governo do PT faz do Brasil um dos piores países do mundo. A popularidade da presidenta Dilma, apurada em pesquisas, viciadas por terem sido feitas logo após manifestações contra o governo, atinge números negativos somente inferiores aos atribuídos ao governo Collor. A oposição midiática comanda o processo. Por sua vez, a oposição política continua a reboque, limitando-se, na maioria das vezes, a repetir o que diz a grande mídia. Beneficia-se, entretanto, com a quase nenhuma vontade de aqueles veículos noticiarem, por exemplo, com a sanha moralista usada contra o PT, as acusações feitas, no caso Petrobras, contra o senador Anastasia, ex-governador de Minas, integrante da lista de Janot, e Fernando Henrique Cardoso citado, em depoimento, pelo ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco. As denúncias, as investigações, os processos e os julgamentos contra a corrupção são legítimos e necessários. Não há por que contestá-los. Requerem, porém, que veiculados pela imprensa, sejam isentos da linguagem política que, na conceituação de George Orwell, “destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade”. Ao mesmo tempo, a ética do jornalismo exige um tratamento igualitário para os lados em litígio, autorizando

aos cidadãos, por via de consequência, indagarem por que não ocupam as manchetes da imprensa o Mensalão tucano-mineiro, o trensalão tucano-paulista, os desmandos das administrações do PSDB em Minas e no Paraná, a catilinária do ex-senador Demóstenes Torres contra Ronaldo Caiado e Carlinhos Cachoeira, as acusações infligidas ao presidente do DEM, senador José Agripino, coordenador-geral da campanha de Aécio Neves, de ter recebido propina, etc, etc, etc... Faz bem a oposição midiática, com o acolitismo dos tucanos e dos oposicionistas de plantão, denunciar, na expressão de Dilma, os “mal feitos” do governo. Erra, contudo, em agir com o intuito precípuo e obstinado de desalojar do poder um partido que ali chegou, levado por milhões de votos, obtidos democraticamente em quatro pleitos. E torna seu erro acintoso, quando trata como notícias de menor importância, merecedoras de espaços secundários na tela e no papel, os escândalos não carimbados pelo PT ou seus aliados. O combate à corrupção deve, necessariamente, ignorar as siglas partidárias. Veja-se, por exemplo, a Operação Zelotes que, segundo a Polícia Federal, já provocou prejuízos de, ao menos, R$ 6 bilhões e que pode chegar aos R$ 19 bilhões. Duzentas vezes mais que os danos financeiros causados pelo Mensalão e seis mais vezes que o escândalo da Petrobras. A “Zelotes”, aberta para apurar fraudes milionárias no julgamento, pelo Conselho de Recursos de Autuações do Fisco – CARF, continua praticamente ignorada do povo brasileiro que, se questionado em pesquisa, daria a ela um grau de conhecimento talvez de 1%. O mesmo procedimento, se repetido com o Mensalão e a Petrobras, apuraria que, entre cem brasileiros, oitenta conheceriam sobejamente as irregularidades divulgadas. A diferença de tratamento, dado pela grande mídia à Operação Zelotes e aos escândalos do Mensalão e da Petrobras, está, seguramente, na falta de um DNA petista, que nela surgido, ajudaria as oposições a apoiarem as “vozes das ruas” que entoam o cantochão dos “fora Dilma” e “fora PT”.

Carlos Roberto de Oliveira Jornalista, consultor de Marketing e sócio da CLG

A diferença de tratamento, dado pela grande mídia à Operação Zelotes e aos escândalos do Mensalão e da Petrobras, está, seguramente, na falta de um DNA petista


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Economia

Maquete do Solar Tambaú. Obra terá infraestrutura de primeiro mundo

LUXO NO NORDESTE

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xiste um mercado que não entra em crise. Onde não só o luxo, mas também o conforto, a tecnologia e os mais especializados serviços são oferecidos ao comprador que pode pagar. E o requinte, ou o luxo, não está apenas na utilização dos melhores materiais nas construções, mas também quando se agrega consciência ecológica, boa localização e preços atrativos. O residencial Solar Tambaú, que está sendo construído pela JCP Construções e Incorporações S/A, na Capital da Paraíba, aposta neste perfil. No entender da empresa, esse mercado abarca compradores de todo Brasil, não só da Paraíba. “O que tem no mercado de luxo hoje no Brasil é em torno de 1% de tudo que se constrói no território nacional. Esse mercado é extremamente restrito e tem tudo a ver com o Solar”, conta Maria Bethânia Navarro, diretora da Sala de Negócios Imobiliários, empresa

Mercado aposta em moradia com alta tecnologia, serviços pay-per-use e luxo para atrair investidores

responsável pela comercialização do residencial. A ideia no Solar Tambaú é agregar conceitos modernos, como o não desperdício, o respeito ao meio ambiente, tecnologia, o padrão europeu de construir e uma bela localização. “Pensamos nos paraibanos residentes, mas também nos paraibanos ausentes que moram nos grandes centros do país, e que após uns 50, 60 anos resolvem voltar para as suas origens e muitas vezes procuram conforto, qualidade de vida, pé na areia e um serviço maravilhoso de um residencial cinco estrelas”, comenta a diretora. O projeto também aposta, é claro, nas pessoas que não são nordestinas, mas que visitam a Paraíba e encontram no estado tudo que eles gostariam: uma vida tranquila, sossego, verde e ar puro. Em termos de nordeste, o empreendimento conta com a localização privilegiada da própria Paraíba, entre

“PENSAMOS NOS PARAIBANOS RESIDENTES, MAS TAMBÉM NOS PARAIBANOS AUSENTES QUE MORAM NOS GRANDES CENTROS DO PAÍS” MARIA BETHÂNIA NAVARRO DIRETORA DA SALA DE NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS

Natal e Recife, dois grandes polos turísticos, com a BR-101 que dá acesso a Pernambuco e Rio Grande do Norte duplicada. Aeroportos internacionais e bons hospitais. A Paraíba é a terceira cidade mais antiga do Brasil, com um Centro Histórico tombado pelo Patrimônio Histórico Brasileiro, belíssimas praias, até com uma ilha que aparece com a baixa da maré e um rio que vai do centro da cidade à orla, famoso por um por do sol ao som do Bolero de Ravel.


BOA ESTRUTURA E PREÇO

Fotos: Divulgação

“ESTOU NUMA ÁREA EXTREMAMENTE COMPETITIVA, MAS PARA ISSO O CLIENTE TEM QUE VIR NOS PROCURAR E LANÇAR A PROPOSTA DELE”

lia por metro quadrado, mas os valores do Solar são competitivos. O metro quadrado gira em torno de R$ 10 mil a R$ 13 mil, à vista. “Há projetos que não são primeira linha do mar (no mercado) onde o metro quadrado é de R$ 13 mil”, ressalta. “Estou numa área extremamente competitiva, mas para isso o cliente tem que vir nos procurar e lançar a proposta dele”, desafia. Para financiar, o comprador deve fazer acordo direto com a empresa. Até a entrega e após a entrega, o cliente tem a opção de procurar um banco do seu relacionamento para financiar o saldo devedor. Os valores para financiamento não têm desconto e obedecem a uma planilha normal com preços de tabela. O cliente precisa dar uma entrada mínima de 20% a 25%

Maquete do Solar Tambaú. Construção agrega novo conceito de moradia

e até a entrega pagar algo em torno de 40%. Os 60% restantes ficam para o financiamento bancário ou para a opção de quitar. Bethânia informa que boa parte das grandes lojas já estão vendidas, mas ainda há algumas unidades. É possível negociar apartamentos, inclusive fazendo junção de unidades para disponibilizar até 200 metros quadrados. O comprador ainda pode também conseguir apartamentos de quatro suítes e quatro vagas de garagens de frente para o mar. A entrega em contrato está prevista para setembro de 2017. Mas a obra está adiantada e pelo cronograma atual a expectativa é que os apartamentos sejam entregues até novembro ou dezembro de 2016.

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MARIA BETHÂNIA NAVARRO DIRETORA DA SALA DE NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS

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O projeto está orçado em R$ 230 milhões (no Volume Geral de Vendas o valor é calculado pela soma do valor potencial de venda de todas as unidades do empreendimento). São 130 apartamentos residenciais e 39 lojas de um Mall Shopping que ficará no térreo do Solar. Os apartamentos são de 47, 65, 70, 79, 80, 90 e 100 metros quadrados – há a opção de juntá-los e conseguir ter um imóvel de até 190 a 200 metros. “Tem homens que precisam de um gabinete, um escritório, mulheres que precisam de um closet maior”, pontua Bethânia, explicando que também é possível fazer modificações na estrutura, desde que acordadas na hora da compra. São cerca de 11 coberturas no projeto, que variam entre 104 a 337 metros quadrados. As coberturas são de uma a três suítes. O material utilizado na construção dos apartamentos são de primeira linha, garante a JCP. Piso Porto Belo de 0,90 por 0,90 e 0,30 por 1,20. Paredes internas todas em alvenaria. Todas as varandas terão um têm ponto de gás e energia para churrasqueira, possibilitando que os moradores possam fazer uma varanda gourmet. O edifício contará com uma área de camarote para convívio comum com 1.800 metros quadrados, com piscina aquecida e vista privilegiada para orla, onde devem ser agendadas apresentações de shows. A área conta com lounge bar. O Solar ainda oferecerá Spa, Academia oficial e Hotelzinho baby. Segundo Maria Bethânia Navarro, a empresa está negociando desde dezembro de 2014 condições especiais para quem compra à vista. Em relação ao valor do metro quadrado, a diretora alerta que mercado de luxo não se ava-


TECNOLOGIA E SERVIÇOS DE PONTA

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O Solar Tambaú irá oferecer serviço de pay-per-use, onde os moradores poderão ter dentro do complexo residencial além dos serviços básicos, camareira, manobristas, acompanhantes de idosos, motoristas, enfermeiras, personais, babysitter. “O edifício vai ser todo automatizado a partir de um celular convencional será possível visualizar o que a criança está fazendo mesmo dentro do hotelzinho baby”, revela Bethânia. Dentro do apartamento o morador poderá ter fechadura eletrônica, controle de temperatura, ativação do sistema de alarmes, sistema de alertas, controle de iluminação, sonorização interna, automação de cortinas e monitoramento das câmeras e segurança. O revestimento externo é todo em ACM – alumínio composto. Para possibilitar o isolamento acústico o prédio está sendo construído com paredes duplas externas e entre os apartamentos, além de vidros externos duplos com caixa de ar. Entrando na onda da sustentabilidade o Solar também terá sistema de reutilização das águas, captação de água da chuva e dos ar condicionados, medições individuais dos consumos e utilização de energia solar para aquecimento de água.

Visão área do Solar Tambaú em abril de 2015. Construção em fase adiantada

A segurança também é de ponta, com guarita suspensa e blindada, toda em chapa de aço a um metro e meio do chão, câmeras de segurança (TCP/IP), sistema de controle de acesso (SCA), sala de segurança e automação, sistema de alarmes de última geração. O acesso social e de veículos será feito por sistema de eclusa. A garagem por eclusa cria duas barreiras para entrada, onde o visitante precisa de liberação da segurança para entrar no prédio. A lavanderia coletiva usará o sistema americano.

O CONSTRUTOR O construtor João Carlos Pina Ferreira está no mercado paraibano há mais de 20 anos. Ferreira é um português angolano que resolveu se radicar na Paraíba. Para a obra do Solar Tambaú, chamou um sócio, também angolano, que atualmente mora em Londres.



Economia

SETOR SUCROALCOOLEIRO

AGONIZA E BUSCA

RECUPERAÇÃO Por Umberlândia Cabral

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Numa das maiores crises de sua história, o setor sucroalcooleiro brasileiro busca renovar as esperanças, com medidas que começam a ser tomadas pelo Governo Federal para a recuperação do setor

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setor sucroalcooleiro vem enfrentando um crise aguda entre os motivos para as dificuldades estão a política de preços engessados para a gasolina durante anos, o que acarretou numa falta de competitividade do etanol. Além disso o setor sofre com baixa produção e impostos elevados. Essa realidade tem sido vivida há anos. Agora o setor aposta que o Governo Federal deve tomar algumas medidas para socorrer o setor. Uma das medidas já está em andamento, como o aumento da percentagem de etanol anidro na composição da gasolina. Diretamente ligada a estabilidade do preço do combustível, a crise no setor afeta usinas em todo Brasil. De acordo com o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar), o número estimado de usinas que encerraram as atividades no país durante a crise fica entre 60 e 70. Um dos casos mais recentes foi a Unaçúcar, de Pernambuco, que parou a moagem de cana em março do ano passado, deixando mais de dois mil trabalhadores desempregados. Segundo o Ministério da Agricultura, além da cana-de-açúcar, o Brasil é o maior produtor mundial de açúcar e etanol e está conquistando o mercado externo com a produção de biocombustível como alternativa energética.


“COMEÇAMOS O ANO DE 2015 COM BOAS NOTÍCIAS: VOLTA DA CIDE E AUMENTO DO PREÇO DA GASOLINA, REDUÇÃO DO ICMS DO ETANOL EM MINAS GERAIS E NO PARANÁ E O PROVÁVEL AUMENTO DA MISTURA ANIDRO/GASOLINA. ESSAS AÇÕES PRECISAM AINDA SE TRANSFORMAR EM MELHOR REMUNERAÇÃO PARA O ETANOL, O QUE AINDA NÃO ACONTECEU”

Fotos: Divulgação

Jucelino Sousa Presidente Coruripe para reforçar a arrecadação do Governo, que pretende obter ainda este ano R$20,6 bilhões em receitas extras. Segundo o ministro, a volta da contribuição sobre os combustíveis elevará as alíquotas em R$0,22 por litro da gasolina e em R$0,15 por litro no diesel. A iniciativa promete arrecadar R$2,2 bilhões para a União. Já o aumento do preço da gasolina adquiridas nos postos de combustíveis depende da Petrobras, que decide se repassa ou não o custo ao consumidor. O presidente da usina alagoana Coruripe, Jucelino Sousa, acredita que esses pontos começam a renovar as esperanças do setor. “Começamos o ano de 2015 com boas notícias: volta da Cide e aumento do preço da gasolina,e o provável aumento da mistura anidro/gasolina. Essas ações precisam ainda se transformar em melhor remuneração para o etanol, o que ainda não aconteceu”, declara. “Existe ainda um enorme estoque de açúcar no mundo pressionando os preços para baixo e os custos estão subindo acima da recuperação de preço do etanol, pois tivemos aumento do diesel, aumento de fertilizantes e herbicidas em função do câmbio e teremos reajustes de salários”, afirma.

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etanol anidro na gasolina e o restabelecimento da Contribuição para Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis fósseis que garantiria a estabilidade da competitividade do etanol em relação a gasolina. Estas duas questões já foram atendidas pelo Governo Federal. No início de fevereiro, após várias reuniões com representantes do setor, o poder executivo anunciou o aumento da porcentagem de etanol anidro dos atuais 25% para 27,5%. Em setembro do ano passado a presidente Dilma Rousseff (PT) já havia sancionado a lei que permitia a elevação do etanol, com a condição de que os testes comprovassem a viabilidade técnica. À época a presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única), Elizabeth Farina, declarou que os testes não mostraram nenhum problema para o aumento da mistura. No entanto, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) foi contrária a mudança porque, segundo ela, como boa parte dos veículos no Brasil usa apenas gasolina eles ainda não estariam preparados para a percentagem maior de etanol anidro. O segundo ponto já acolhido pelo Governo Federal foi a volta da Cide, anunciada em janeiro pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A medida fez parte de um pacote de aumento de tributos

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No entanto, o consumo deste tipo de combustível vem caindo muito nos últimos anos. Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar, confirma que a crise nacional do setor sucroalcooleiro se estabeleceu quando o Governo Federal, por meio da Petrobras, segurou o preço da gasolina para que o aumento não fosse sentido pelo consumidor. “O etanol hidratado produzido pelo setor não pôde competir com o preço da gasolina, que foi maquiado pelo governo, prejudicando assim os outros combustíveis. Como a Petrobras arcou com o aumento que seria recebido pelo consumidor, o proprietário de um automóvel flex optou, naturalmente, por abastecer o carro com gasolina, já que os outros combustíveis não tiveram essa estabilidade de preço”, declarou Cunha. Ele explica ainda que essa medida acarretou para a Petrobras a importação de mais gasolina, prejudicando o fluxo de caixa e afetando a balança de divisas do Brasil. Em dezembro do ano passado, os sindicatos da Indústria do Açúcar e de Álcool nos estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba se reuniram para realizar uma proposta para a agenda positiva de temas convergentes da agroindústria. Ela foi distribuída durante o Encontro de Governadores do Nordeste, realizado em João Pessoa. O documento propunha, entre outros pontos, o aumento para 27,5% do


INVESTIMENTO EM BIOELETRICIDADE

O bagaço da cana-de-açúcar: cirando a bioeletricidade, uma nova forma de energia

“O GOVERNO PRECISA AGILIZAR LINHAS DE FINANCIAMENTO PARA MODERNIZAÇÃO DE CALDEIRAS TÉRMICAS, O QUE VAI FACILITAR BASTANTE A GERAÇÃO DE ENERGIA PRODUZIDA PELA USINA, ALÉM DE DAR MAIS LUCRO” Renato Cunha

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Presidente do Sindaçúcar Durante a crise, muitas usinas que não tiveram lucro com o biocombustível começaram a investir em uma nova forma de energia: a bioeletricidade. A energia de biomassa é gerada com o uso da decomposição de materiais orgânicos, a exemplo do bagaço da cana e sobra de vegetais e frutas. O processo para que esse material se transforme em energia é feito por meio de combustão, gaseificação, fermentação ou na produção de líquidos. Essa forma de energia é renovável e auxilia na diminuição do CO2 na natureza, causando menos impacto ao meio ambiente. A biomassa é vista como uma das principais fontes com maior potencial de crescimento nos próximos anos. No Brasil, apesar de pequena, a indústria que gera energia por meio de biomassa vem ganhando força. Segundo um estudo realizado pelo Grupo Safira Energia, a capacidade instalada das usinas de biomassa no Brasil cresceu 21% entre

2012 e 2013, indo de 7.347MW para 8.870MW. Para o presidente do Sindaçúcar de Pernambuco, o investimento em biomassa não foi feito antes da crise porque o lucro é muito baixo. “O retorno desse investimento ia durar de 10 a 15 anos. O governo precisa agilizar linhas de financiamento para modernização de caldeiras térmicas, o que vai facilitar bastante a geração de energia produzida pela usina, além de dar mais lucro”, explica Renato Cunha. A Usina Coruripe é uma das que estão avaliando projetos para investir no setor da bioeletricidade. Atualmente a direção da empresa espera a aparição de um cenário menos volátil das tarifas de energia para, só assim, partir para novos investimentos. “O setor está parado, traumatizado pela forma que foi tratado nos últimos anos. Enormes investimentos foram feitos baseados na promessa de que o etanol

e a biomassa teriam um papel preponderante na matriz energética do país. Com o surgimento de pré-sal o setor foi abandonado e o preço da gasolina mantido artificialmente baixo”, declara o presidente da Usina, Jucelino Sousa. Para ele, o importante no momento não é falar em investimentos, mas discutir como será equacionada a dívida acumulada pelo setor há anos. “Apesar de se tratar de uma dívida privada esse é um assunto que interessa muito às autoridades públicas e a população em geral. O fechamento de usinas traz graves problemas econômicos e sociais a diversas regiões do Brasil e agrava ainda mais o frágil sistema energético do país”, pondera. Para Edmundo Barbosa, presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool do Estado da Paraíba, pensar em bioeletricidade é essencial para o desenvolvimento da economia nordestina. “Quando a gente analisa


INTERFERÊNCIA DA SECA

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Usina Coruripe, instalada em Minas e Alagoas, não sofreu com a severidade da seca

A safra brasileira é da ordem de 580 milhões de toneladas. Em um período bom como está sendo essa safra o volume de cana alcançado vai chegar a 7 milhões. A produção de açúcar, etanol e eletricidade estão relacionados com o número de cana colhidos. Por aí se avalia os prejuízos causados em um período de seca”, afirma. Na Usina Coruripe a seca não causou muitos prejuízos. A região em Minas Gerais onde as usinas do grupo estão instaladas não foi severamente atingida pela seca, e a unidade de Alagoas também não teve problemas nessa safra por causa das chuvas no Nordeste que atingiram o mínimo necessário. “Sofremos um pouco na safra 12/13 porém conseguimos amenizar o impacto com a estrutura de irrigação que o grupo montou ao longo dos anos”, explica Jucelino Sousa. Além da seca, o presidente do Sindalcool chama a atenção para outros problemas que prejudicaram a produção, como o envelhecimento dos canaviais e a mortandade das soqueiras (emaranhado de raízes). “Quando você corta cana, sobra aquilo que está no solo, rebrota várias vezes por várias safras, a cada safra você tem um a produtividade mais baixa, mas é possível manter até quatro cinco safras. Se as soqueiras não resistem, há um prejuízo alto”, exemplifica Edmundo Barbosa.

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Um dos pontos levantados pela Proposta para Agenda Positiva de Temas Convergentes da Agroindústria foi a liberação dos recursos autorizados para as subvenções aos produtores de cana e etanol para amenizar os efeitos da estiagem. A presidente Dilma Rousseff sancionou a ajuda econômica em junho do ano passado com o objetivo de beneficiar os cerca de 23 mil produtores de cana prejudicados pela seca. No entanto, segundo o Sindaçúcar, o recurso ainda não foi entregue. “A resolução está em andamento. A agenda está A A ID Z U D O R P atrasada, já que era para ser liberado É O COM ainda no ano passado. Esperamos que E D A BIOELETRICID o governo agilize o pagamento para Depois de colhida, a cana é transportada para a usina podermos assegupara ser moída durante o processo de extração do caldo rar uma boa safra de cana, que será transformado em açúcar e etanol. de cana”, afirma Renato Cunha. Foram duas saÉ gerado também o bagaço que será o combustível fras de seca conpara a bioeletricidade. tinuada, a partir Também há a palha, que pode ser aproveitada como de 2011. A recucombustível. peração passou a A palha tem um poder calorítico quase duas vezes superior ao bagaço. O bagaço e a palha são enviados acontecer na safra para alimentar a caldeira das usinas. 2013-2014. A diferença no período de seca é muito A caldeira gera vapor, que é utilizado para produzir grande, como extrês formas diferentes de energia. A Energia térmica: é plica o presidenempregada para o aquecimento no processo produtivo do açúcar e do etanol, além de ser transformada em te do Sindalcool energia mecânica. da Paraíba. “O volume de cana colhida chegou a A ENERGIA MECÂNICA: 5.100.000 tonelamovimenta as máquinas e equipamentos de extração e das no período de preparação do caldo, além das turbinas de geração de seca na Paraíba, o energia, transformando-se assim em energia elétrica. que é muito pouco. Nós temos oito empresas no nosso A ENERGIA ELÉTRICA OU A BIOELETRICIDADE DA estado e esse é um CANA: é usada para o consumo próprio da usina e o volume de cana excedente é vendido para o sistema elétrico nacional. muito pequeno.

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a arrecadação do IMCS do estado da Paraíba, a gente vê que a energia representa 25% e o combustível representa de 22% a 30% do total. Ou seja, energia e combustível somam mais da metade de toda a arrecadação dos impostos do estado”, analisa. Segundo ele, isso mostra que gerar mais energia é de grande interesse não só do estado, mas também da sociedade. “A cana plantada aqui gera cerca de 44 mil empregos na Paraíba. Além disso, para que esses empregos sejam garantidos, é importante lembrar que a geração de bioeletricidade acrescenta para as empresas contratos de longo prazo. São contratos de dez anos, de vinte anos. E isso dá para empresa uma sustentação econômica, uma garantia de receita, ou seja, cria condições para a empresa poder planejar seus investimentos e aumentar a sua produção”, conclui.


Opinião

Deixar a estrada da exclusão social

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fome é a negação mais cruel dos direitos fundamentais de qualquer ser humano. É a negação da condição básica para o desenvolvimento do homem que, sem ter o que comer, não consegue trilhar os caminhos que pedem os sonhos que tem para si e para a sua família. É a negação primeira do que a filósofa Hannah Arendt chamou do “direito a ter direitos”. Sem nada para comer, como ter acesso à educação, à cultura, ao trabalho ou à sua autodeterminação? Infelizmente, a negação do “direito a ter direitos” ainda é muito viva em nossa realidade. Lembro que cerca de 25% dos maranhenses ainda vivem na extrema pobreza, o que corresponde a cerca de 1,5 milhão de pessoas. Mas esses não são dados frios, e a reportagem “Estrada da Fome”, exibida pela TV Record para todo o Brasil, mostrou que esse retrato cruel é verdadeiro, tem nome e sobrenome, tem rosto e lágrimas. Esse legado de desumanidade e descaso foi herdado por nós, maranhenses, em decorrência de décadas de governos que deram as costas aos mais necessitados. Como explicar, por exemplo, que o Maranhão seja a 16ª economia do país, estado que possui água em abundância, terras boas e um povo com muita vontade de vencer, mas com as piores condições de vida do país? A explicação somente pode residir na histórica combinação entre utilização pessoal do patrimônio público, corrupção e injustiça social, caminhos pelos quais poucos se apropriaram dos bens de milhões de pessoas. As vozes do coronelismo maranhense, que hoje vivem enorme crise de abstinência com a perda de antigos privilégios e de ganhos ilícitos, calam-se diante da calamidade retratada por 1 hora na última segunda-feira em rede nacional. Contudo, ao contrário do que eles sempre fizeram, estamos lutando para transformar esse inaceitável retrato. Creio que nenhuma pessoa deve ficar

insensível diante desse quadro. Especialmente no que se refere ao papel do governante, deve ser o de buscar soluções urgentes, duradouras e eficazes para dar a essas pessoas o direito de voltar a sonhar. Foi por este motivo que, logo no primeiro dia de Governo, minutos após a nossa posse, instituímos o Plano de Ações Mais IDH. Ele começa pelas 30 cidades com menor Indice de Desenvolvimento Humano em nosso Estado e vai mostrar progressivamente que, sim, nós podemos mudar o cenário imposto por décadas de desmandos políticos e desrespeito com a população. Por intermédio do Plano Mais IDH, o Governo do Estado começou a levar mais direitos e mais dignidade a esses milhões de maranhenses outrora invisíveis, cujos futuros foram criminosamente roubados em tenebrosas transações. Agora, o orçamento público é aplicado com a único objetivo de servir a população, com enfoque especial àqueles que mais precisam da ação direta do Estado Para que se tenha a dimensão deste programa, somente na primeira semana do Mutirão Mais IDH, foram realizados 18 mil atendimentos em 9 municípios. Nesse mutirão, encontramos milhares de pessoas que jamais tiveram acesso a qualquer serviço público, que jamais foram lembrados pelos governantes, a não ser em tempo de eleição. Até o fim do nosso governo, vamos levar a todas as regiões maranhenses provas concretas de que vale a pena lutar e ter esperança em dias melhores. Apoio à produção, políticas sociais, ampliação de infraestrutura e combate à corrupção são os pilares que sustentam esse novo projeto de desenvolvimento no Maranhão. O destino dos milhões de maranhenses não é estar irrevogavelmente à margem do mundo dos direitos. É para colocá-los na rota do crescimento e dar-lhes condições de se fortalecer, educar e prosperar que conduzimos as ações governamentais, em que hoje há o DNA da indignação transformadora.

Flávio Dino Governador do Maranhão

A negação do “direito a ter direitos” ainda é muito viva em nossa realidade. Cerca de 25% dos maranhenses ainda vivem na extrema pobreza, o que corresponde a cerca de 1,5 milhão de pessoas



Segurança

MOTIM ORQUESTRADO

LEVA TERROR À NATAL Rebelião em 14 dos 33 presídios e ônibus incendiados em Natal levam caos ao sistema prisional do Rio Grande Norte e joga Robson Faria em primeira crise do Governo

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Por Paulo Dantes paulo.dantas@revistanordeste.com.br


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ma rebelião em 14 dos 33 presídios do Rio Grande do Norte entre os dias 16 e 18 de março, levou o caos ao Sistema Prisional do estado. De dentro dos presídios os apenados “tocaram o terror”, não só nos pavilhões onde se encerravam, mas também nas ruas de Natal, incendiando ônibus. Ao todo houve 17 rebeliões, quatro ônibus foram incendiados e 14 presídios depredados. A crise só acabou na quarta-feira (18/03), quando uma comissão onde participaram a OAB, as Comissões de Direitos Humanos, do Direito Criminal e a Pastoral Carcerária, intermediou um acordo com os presos. No dia 17 de março, ainda em plena rebelião, o Governo do Estado solicitou o envio da Força Nacional de Segurança Pública, numa operação com 300 homens. “A crise já tinha sido anunciada. A OAB já vinha há mais de cinco anos batendo na mesma tecla”, contou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Sérgio Eduardo da Costa. “O RN passou mais de 12 anos sem investimentos. A falha do sistema já vinha sendo anunciado com oitiva

de escuta telefônica há três meses. Para nós, não foi surpresa o que aconteceu. Só foi surpresa a organização dos presos”, argumenta o advogado. Costa explica que os presos conseguiram não só fazer um rebelião na Capital, mas utilizaram um efeito dominó, conseguindo abalar todo o sistema do Rio Grande do Norte. “Não foi Natal, Parnamirim, Mossoró... Fizeram de forma organizada durante 10 dias. Já se sabia da rebelião. Em Alcaçuz havia um pavilhão que quem abria a cela e determinava quem entrava e quem saia eram os

Força Nacional chega a Natal para conter rebelião em presídios. Policiais devem ficar até final de abril

presos. Um sistema que não há um investimento, não só físico, mas também em pessoal, não há um trabalho de ressocialização, de acompanhamento dos agentes penitenciários, da própria Policia Civil, no sistema investigativo da Polícia cientifica... Não é a toa que a violência vinha aumentando constantemente. Nós temos em torno de 7.400 presos para 3 mil vagas. Não tinha como não estourar essa crise”, lamenta.

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Apenados conseguiram fazer com que comparsas fora do presídio incendiassem ônibus em Natal

Fotos: Divulgação / UOL


PRESOS VIVIAM EM SITUAÇÃO SUB-HUMANA

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No presídio de Alcaçuz, em Natal, força de policial faz pente fino e impõe ordem

A principal reclamação dos apenados durante o motim foi em relação ao espaço nas celas. Onde cabiam cinco, estavam doze. “Eram reivindicações humanitárias, queriam comida, o fim da revista íntima feita pelo toque, a questão de recreação nas celas”, frisa Sérgio Eduardo da Costa, presidente da OAB. O advogado lembra que os presos reclamaram da falta de eletricidade e do esgoto a céu aberto no presídio de Alcaçuz. “Todos os dejetos lá, ficam a céu aberto. Fui às 10h da manhã no presídio e não consegui me concentrar com a quantidade de muriçocas”. O governador Robson Faria decretou calamidade depois da onda de rebeliões. A crise acabou por derrubar o então secretário de Justiça e Cidadania do Estado, Zaidem Heronildes da Silva Filho e foi empossado no seu lugar Edilson França. Faria também pediu ajuda ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e disse que ainda poderá solicitar apoio do Exército, caso a situação volte a se agravar. As rebeliões destruíram cerca de mil vagas do sistema prisional do estado. Só no presídio de Alcaçuz, 450 vagas foram perdidas. Na Cadeia Pública de Natal, os motins inviabilizaram 300

vagas. No Presídio Estadual de Parnamirim, outras 250. Sobre o valor total do prejuízo, o governo do estado não tem um cálculo das ações de depredações, os presídios já estavam muito desgastados. O investimento imediato anunciado pelo Estado, apenas para recuperar o estrago, foi de R$ 40 milhões, com mais R$ 26 milhões para construção de novos espaços. O Governo pretende investir ainda na contração de agentes penitenciários e no acompanhamento dos que fazem o sistema carcerário e policial,

além de ações de ressocialização. “Se as medidas não forem efetivadas com certeza pode haver outro colapso. O sistema continua frágil, com a destruição das celas os apenados estão espalhados no pátio de Alcaçuz. O muro, se juntar uns 30 homens e fizer força ele cai, e eles vão para a rua. É bom lembrar que a pena é restritiva de liberdade, não de uma vida sub-humana”, lembrou o presidente da OAB, reafirmando que enquanto não houver mudança efetiva no sistema prisional do Rio Grande do Norte, há perigo de novas rebeliões. Presidente da OAB, Sérgio Costa (à esquerda), visita presídio de Alcaçuz uma semana antes do motim


“HERDAMOS UM PROBLEMA CRÔNICO” Após a rebelião, no dia 21 de março, 16 apenados considerados perigosos para o Sistema Prisional foram transferidos do presídio de Alcaçuz para um presídio de segurança máxima no interior do estado, o presídio federal de Mossoró, a 285 quilômetros de Natal, a pedido do juiz de execuções penais Henrique Baltazar. A suspeita é que esses detentos teriam dado de dentro dos presídios as ordens para as rebeliões. Faria, juntamente com o Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SNSP) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), anunciou metas e medidas para o sistema prisional do Estado. Dentre as medidas, destacam-se: permanência da Força Nacional durante 60 dias nos presídios que estão sendo recuperados, para dar um reforço ao policiamento durante as obras. Doação pelo Depen de equipamentos tecnológicos de inspeção como detectores de metais, sendo 18 do tipo pórtico; 83 do tipo manual, 36 detectores do tipo banqueta e dois aparelhos de Raio-X, o que vai melhorar substancialmente as revistas dos visitantes aos presos, uma das reivindicações dos amotinados. A união de forças também possibilitarão a aceleração da obra de construção da Cadeia Pública Masculina que será localizada a cerca de 10 quilômetros do perímetro urbano de Ceará-Mirim,

com 603 vagas, num aporte de recursos federais na ordem de R$ 14,7 milhões. “Herdamos um problema crônico que não foi resolvido pelos nossos antecessores. Vale lembrar que desde 2008 o Estado devolveu recursos de aproximadamente R$ 20 milhões ao Governo Federal, porque não alocou contrapartidas que permitiriam construir em torno de mil novas vagas no sistema prisional. Mas a parceria que buscamos com o Ministério da Justiça não começou agora. Em janeiro, iniciamos os contatos para fortalecer os esforços na melhoria do nosso sistema prisional", explicou o governador.

Outras medidas anunciadas dizem respeito à criação de um Comitê de Monitoramento (com as mesmas instituições que intermediaram negociação durante o motim) em caráter permanente do conjunto de medidas que já estão sendo implantadas; disponibilização de um efetivo de defensores públicos para atender as pessoas privadas de liberdade e revisão da situação processual das mesmas; além de medidas de humanização como melhorias na alimentação, fornecimento de água potável e quites de higiene. Para o governador, a crise é prioridade máxima do início de gestão.

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Coletiva onde o governador Robson Faria anunciou medidas para melhorar sistema prisional do Rio Grande do Norte

Acima, parte do saldo de depredações feitas durante as rebeliões, onde mais de mil vagas foram perdidas

Fotos: UOL / Divulgação


Geral

O RECOMEÇO DOS HAITIANOS NO BRASIL Milhares de imigrantes haitianos, que deixaram o país após o terremoto, ocupam postos de trabalhos em Estados como Santa Catarina, construindo uma nova vida social

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que eles podem enviar às famílias no Haiti, ao converterem para a moeda americana. “Com o dólar batendo quase R$ 3, fica difícil mandar dinheiro para casa, onde estão meus pais, minha esposa e minha filha. Meu objetivo é trazê-los para cá, mas o salário é pouco”, disse Nauhm Saint-Julien, que no início trabalhou em um frigorífico, mas depois foi contratado como auxiliar em um estúdio de fotografia. Atualmente, estuda na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), por um programa especial para haitianos. Perguntado se prefere ficar no Brasil ou voltar ao Haiti, responde que quer permanecer no país que lhe deu acolhida, pois o retorno à pátria não oferece garantia de emprego ou de oportunidades de estudos. “A situação

econômica [no Haiti] é muito grave. Não há nada para se fazer lá. É muito difícil encontrar trabalho. Muitas pessoas com formação superior simplesmente não encontram serviço”, contou Nahum, que trabalhava em um cartório antes do terremoto. Em 2011, quando começou a forte imigração para o Brasil, os haitianos já tinham em mente morar no país. Vários dos entrevistados em Brasileia e Assis Brasil, no Acre, disseram que pretendiam juntar dinheiro para trazer o restante da família. Boa parte dos haitianos que fizeram do Brasil sua segunda nação é constituída por profissionais qualificados com formação em medicina, enfermagem, engenharia e letras, principalmente. Também

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os mais de 30 mil haitianos que cruzaram a fronteira brasileira nos últimos anos, segundo o governo do Acre, principal acesso ao Brasil, a maior parte foi acolhida em São Paulo ou nos estados do Sul, principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. No município catarinense de Chapecó, no oeste do estado, os imigrantes trabalham em frigoríficos e moram nos bairros da periferia. Geralmente, fazem as compras nas lojas do centro. Apesar do trabalho árduo, que inclui horas de atividade física repetitiva sem desviar o foco do manuseio de facas e serras elétricas, sob temperaturas médias de 8 graus Celsius, os haitianos se dizem conformados com o emprego. O salário líquido, por volta de R$ 1 mil, não tem atraído muitos brasileiros. Por isso, a mão de obra estrangeira é mais do que bem-vinda para as empresas. Para os haitianos, a quantia também é considerada baixa, principalmente com a atual depreciação do real em relação ao dólar, o que diminui o valor

Alojamento onde moram 56 trabalhadores haitianos no Brasil, Chapecó (SC) Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Trabalhadores haitianos, no Brasil, durante intervalo de suas atividades em frigorífico

falavam com fluência o inglês, francês, espanhol e a língua nativa, o crioulo. Muitos, mesmo com dificuldade, já conversavam em português. Em Chapecó, a determinação em ficar é a mesma para outros trabalhadores, apesar das dificuldades iniciais. Os que chegam têm de morar em alojamentos e dividem quartos com até seis pessoas para economizar dinheiro. O recém-chegado Jonald Destimé divide uma casa com mais 55 trabalhadores e ainda está aprendendo o português. “Lá é pior. Aqui, temos como recomeçar. Se puder, se tiver dinheiro, um dia chamo a minha família”, disse Jonald, que exibia com orgulho um tablet comprado no Brasil, equipamento fundamental para se comunicar com a família.


Turismo

INVESTIMENTO ADORMECIDO Na Paraíba Governo tenta retomar Polo de Turismo. Projeto prevê investimento de R$ 2 bilhões na orla de João Pessoa com hotéis ecologicamente sustentáveis

Acima, Centro de Convenções encravado no Polo Turístico. Abaixo, Ivan Burity mostra a secretários do governo área reservada para hotéis

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Polo Turístico do litoral paraibano é um sonho antigo. Criado no governo de Tarcísio Burity na década de 80, o projeto foi engavetado nos anos seguintes até ser retomado com força durante a gestão do atual governador, Ricardo Coutinho (PSB). Coutinho decidiu desde o início do governo dar gás ao Polo. Determinou o levantamento da situação jurídica e ambiental do Polo, além de autorizar a conclusão da infraestrutura pendente. Esse trabalho foi realizado por um grupo multidisciplinar que contou com representantes de órgãos da administração indireta e secretarias do estado. Além disso, o governador resolveu chamar um entusiasta do projeto para ficar a frente da obra. O sobrinho do ex-governador Tarcísio Burity, Ivan Burity, nomeando-o secretário executivo do Grupo de Trabalho do Projeto Polo Turístico. Ivan foi o idealizar inicial do

projeto – na época em que o tio era governador ele era presidente da Empresa Paraibana de Turismo (PBTur). “O governo tinha a promessa de terminar a infraestrutura. Burity fez um pedaço, José Maranhão (ex-governador e atual senador) fez outro, mas quem concluiu foi Ricardo”, assevera o secretário. Para Ivan, a ideia de retomar o projeto evoca memórias afetivas profundas. “Foi um projeto que nunca saiu da minha cabeça. Na época (quando ele foi

criado) eu tinha 25 anos. Passei a vida inteira pensando e olhando para ele e lamentando porque não acontecia. É quase inacreditável que tenhamos essa chance de retomá-lo 28 anos depois. Graças a Deus”, frisa. O projeto agora parece avançar, apesar dos percalços. Em 2013, após concluir obras de infraestrutura que cabia ao Estado, o governador entregou o Certificado de Regularidade Jurídica a 11 empresários da rede hoteleira para


Fotos: Dirceu Tortorello / Divulgação

O projeto “Costa do Sol” chegou a ser chamado de Polo Turístico Cabo Branco, mas Burity defende que Costa do Sol – nome inicial do projeto – tem um poder maior de ícone. “Buscamos um diferencial. A costa brasileira tem 8 mil quilômetros, 5 mil é igual ao nosso. Porque não ressaltar algo que até os astronautas registram? Porque não colocar um nome que frise isso? Temos o único lugar no planeta que o sol nasce primeiro. Cabo Branco só no Brasil tem quatro, na África tem cinco”, defende. “É um projeto arrojado que vai trazer um crescimento quantitativo e qualitativo da oferta hoteleira na Paraíba, acrescentando um dado muito importante: o respeito ao meio ambiente”, informou Segundo o secretário, os hotéis que serão construídos no local terão índices construtivos restritivos. O índice construtivo aponta quanto pode existir de construção física no terreno. No caso da Costa do Sol esse índice é de 1,25. Isto quer dizer que o construtor só poderá ocupar 25% do seu lote. “Esse coeficiente é baixíssimo e o polo será o primeiro ecologicamente sustentável”, comemora. O Polo Turístico ainda contará com duas unidades de preservação, o Parque do Aratu e o Parque do Jacaré. No entender do secretário, esses dados, somados ao fato que os novos hotéis devem aumentar em cerca de 6 a 8 mil os números de leitos na cidade, dá a dimensão da importância da obra. “E vamos trazer esse incremento sem nenhum prejuízo à cidade. O Costa do Sol, além do viés preservacionista, tem esse ponto extremamente positivo, crescer sem tirar a qualidade de vida do cidadão”, ressalta. “A importância do Costa do Sol para a Paraíba está na possibilidade de conjugar a implantação de hotéis, área de comercio, lazer, Centro de Convenções, construindo um projeto que vai transformar o turismo”, avalia Burity.

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COSTA DO SOL, A FORÇA VISIONÁRIA

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que eles começassem a os investimentos nas construir hotéis e outros GOVERNADORES QUE obras físicas e também equipamentos de hospe- INVESTIRAM NO POLO Know how das empredagem no Polo. No total, sas especializadas na DE TURISMO eram 19 grupos empresaexploração das grandes riais que iriam investir, redes hoteleiras. no entanto, sete não “O prazo para início conseguiram providendas construções se enciar documentação para cerram em maio do ano ter direito à certificação. que vem. Se eles não A partir da certificação cumprirem o prazo os e da entrega da infraesterrenos voltam para o trutura pelo Governo do Estado”. Burity revelou Tarcísio Burity Estado, os empresários que em relação aos sete e investidores do Polo hotéis que não apreteriam um prazo de três sentaram documentaanos para a conclusão de ção, o Estado vai abrir 50% das obras. novo termo de referenAs obras de infraestrucia para uma proposta tura demandaram fortes mais consolidada. “Os investimentos, principrocuradores estão fipalmente em estrutura nalizando ações para José Maranhão hídrica com tratamento que possamos reaver os de água e esgoto, mas terrenos”, pontuou. A também no aumento da ideia é que novos emcapacidade da rede de presários que entrem energia elétrica e na amno projeto não tenham pliação de vias de acesso. mais os três anos para Outro investimento de começarem as obras, peso foi a construção mas contratem imediado Centro de Conventamente. ções. Só no projeto do Receberam os certifiRicardo Coutinho Centro de Convenções cados para construção foram aplicados R$ 240 no Polo Turístico Costa milhões. Segundo Ivan Burity, o invesdo Sol os grupos Hotel Tropicana S/A, timento feito pelo estado chega a R$ 1 Acácias Empreedimentos Turístico bilhão, quando contabilizado o Centro S/A, Mardisa Hotéis e Turismo S/A, de Convenções, a construção de rede Certa Hotéis e Turismo S/A, Agitur de esgoto, da subestações de energia Empreendimentos S/A, Tempo Hotéis elétrica e do ramal da adutora – o e Turismo S/A, Sol Dourado Hotéis acesso a rede de esgoto e a adutora de e Turismo S/A, Holanda Park Hotel agua somam cerca de R$ 300 milhões S/A, Hotéis Vela e Mar S/A, Portal do investidos. “Fizemos um viés da adutora Atlântico S/A e Companhia Brasileira que vem direto de Gramame-Mamuaba de Espetáculo S/A. para o polo turístico, tudo com recursos Paraíba tem o ponto mais públicos”. oriental das Américas No momento os empresários estão na fase de licenciamentos dos projetos para dar início às construções. Vale lembrar que o modelo de investimento em equipamentos hoteleiros no Brasil tem sempre dois parceiros: os construtores e as empresas de bandeiras que fazem a operacionalização dos empreendimentos, desta forma espera-se que os empreendedores tragam


Nordeste Personalidades

Armando Monteiro e esposa Mônica Guimarães

agitonordeste@revistanordeste.com.br

Lucy Soares e o prefeito de Teresina, Firmino Filho Deputada Daniella Ribeiro e o marido, Juiz Júnior Kristhel Bianco e sua filha Rebeca: ela deve retornar à TV

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Empresários Edval, Lourdes Paiva, Mariza e Manoel Gaudêncio: em evento na Orquídea Boutique

Dono de hotéis e Golf, empresário Alirio e Mirian Trindade

Empresários Alfredo Menezes e Nelcy Campos

Prefeito de Maceió, Rui Palmeira, em evento social


Governador Rui Costa e prefeito de Salvador, ACM Neto, encaminhando projetos além das diferenças políticas

Governadores do Ceará (Camilo Santana), Alagoas (Renan Filho), Rio Grande do Norte (Robson Faria) e de Pernambuco (Paulo Câmara) na posse do novo presidente do TRF-5

Sociólogo Carlos Torres, com o presidente do Grupo WSCOM, Walter Santos, em visita a Revista NORDESTE

Senadora Fátima Bezerra, aliada do governador Robinson Faria

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Professor e analista político Gaudencio Torquato

Desembargadores Marcelo Navarro e Rogério Fialho com presidente do TCE-PB, Artur Cunha Lima


Cultura

A Companhia de Dança de Deborah Colker percorre Nordeste com o espetáculo “Belle”. Adaptação do romance “A Bela da Tarde”, arrebanhou críticas entusiasmadas

A SENSUALIDADE

DE “BELLE” Por Paulo Dantes paulo.dantas@revistanordeste.com.br

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“A

recepção foi maravilhosa. O público gosta muito de Belle, é impactante, é emocionante. É um espetáculo sensual, bonito e tem poesia”, conta uma entusiasmada Jacqueline Motta, coreografa assistente que acompanhou as apresentações na ausência de Deborah Colker. A Companhia de Dança Deborah Colker já é uma unanimidade no Brasil no que diz respeito a qualidade artística e beleza plástica. A Revista NORDESTE aproveitou a turnê de “Belle” pelo Nordeste e conversou com a coreógrafa Jacqueline Motta, um dos braços direitos de Deborah, que está na Companhia desde a sua fundação em 1993 – Deborah não pode estar presente por ter que acompanhar algumas atividades no Rio. Da conversa surgiu o painel sobre o que vem a ser a dança, o espetáculo e como é a rotina de trabalho dos bailarinos.

Cena do espetáculo “Belle”. Grande aceitaçao do público


“A BELA DA TARDE” TRADUZIDA EM DANÇA O espetáculo faz parte de uma nova postura adotada por Deborah Colker em construir shows a partir de obras literárias, é o caso da apresentação feita com “Tatyana”, primeiro espetáculo dessa safra, que toma como fonte de inspiração um clássico da literatura universal: Evguêni Oniéguin – romance em versos, publicado em 1832 por Aleksandr Púchkin (1799-1837), tido como o “pai da literatura russa”. Desta vez Deborah resolveu fazer “Belle”, um espetáculo livremente inspirado no romance “Belle de Jour” (no Brasil ‘A Bela da Tarde’), lançado em 1928 pelo escritor franco-argentino Joseph Kessel e transformado em um clássico do cinema surrealista quase quatro décadas depois, em 1967, por um de seus maiores mestres, o mexicano Luis Buñuel. O livro conta a história de Séverine, uma burguesa bem-casada com um médico. Os dois tinham um amor fraternal, onde silenciavam seus desejos. “Ela não podia dar o que ele queria e ele não conseguia dar o que ela queria. Então, ela procurou ter uma vida dupla e trabalhava todas as tardes num bordel”, explica Motta. A escolha para adaptar “Belle de Jour” tem apenas um foco: o apaixonamento. Neste caso, primeiro Deborah se apaixonou pelo romance, aí todos os bailarinos, ensaiadores, corpo técnico e assistentes leram o livro juntos.

Fotos: Divulgação

“OS BAILARINOS COMEÇAM A IMPROVISAR, TRANSFORMANDO O ROMANCE EM MOVIMENTOS E DO MOVIMENTO DEBORAH COMEÇA A LAPIDÁ-LOS TRANSFORMANDO-OS NUMA COREOGRAFIA” Jacqueline Motta Coreografia Depois, Deborah decupou o livro em cenas. Com essas cenas idealizadas, a coreógrafa pediu que todos improvisassem, sob a sua direção. “Os bailarinos começam a improvisar, transformando o romance em movimentos e do movimento Deborah começa a lapidá-los transformando-os numa coreografia. Todo mundo coreografa. Mas a pala-

vra final é dela”, conta a coreógrafa assistente. “Depois disso, ela monta e dirige cada cena”. As cenas do espetáculo acontecem nos anos 30, mas a trilha musical, composta por Berna Ceppas – compositor oficial da Companhia, não se prende a uma época específica e viaja por vários estilos, vai do gênio de Miles Davis ao Velvet Underground de Lou Reed, passando pela música eletrônica. Belle se estrutura em dois movimentos. No primeiro, a ação se concentra na casa de Séverine e culmina em sua descoberta clandestina do randevu. No segundo, integralmente passado no habitat de Belle, seu duplo, o elenco feminino troca as sapatilhas por sapatos de salto alto, mas há poucas mudanças de cenário. Uma opção que reforça a leitura pessoal e intransferível do romance pela coreógrafa. O resultado é um espetáculo com muita cadência, delicadeza e poesia, onde homens e mulheres dançam uma sensualidade que as vezes parece ser violenta. Percorrendo a visão de uma mulher que perambula entre dois mundos, um real e outro que pode ser imaginário, cheio de visões e delírios sensuais, homens de máscaras e mulheres de roupas íntimas em meio a um ambiente que brinca entre o claro e a penumbra vibrante. O espetáculo arrebatou as platéias do nordeste.


ENSAIOS EXTENUANTES

VIDA NADA FÁCIL

Quem vê o efeito cênico no palco dos conta Motta. espetáculos da Companhia talvez não Há bailarinos na Companhia que se dê conta de quão trabalhoso é para acabaram de chegar e aqueles que estão chegar àquele resultado. Um resultado desde a fundação, caso de Jacqueline . conseguido na base do esforço, dedi“Os mais velhos estão indo para o nono cação e repetições exaustivas. “Acho ano de Companhia. Os mais novos tem que todo mundo pode dançar desde gente que começou esse ano. É uma que se aprofunde, estude, passe aquilo paixão. Eu comecei dança aos seis anos para o seu corpo. de idade, nunca Tem que ter muimais larguei, hoje “GERALMENTE A NOSSA to trabalho, muito tenho 53 anos. Eu DANÇA TRABALHA ensaio para fazer vivi disso minha COM MUITA INTENÇÃO, aquilo ficar comvida toda, criei pletamente bem DENSIDADE, INTENSIDADE, meus filhos e sou estruturado e com muito orgulhosa DINÂMICA, FORÇA E conteúdo”, avalia de ter conseguido. Jacqueline ao frisar EQUILÍBRIO. A GENTE ENSAIA Não é fácil, quanlogo em seguida tas vezes eu dava 8 HORAS POR DIA” como a Compaaula para poder Jacqueline Motta nhia vê e produz a ensaiar e dançar. Coreografia dança: Mas, enfim, tem “Geralmente a que ter muito amor nossa dança trabalha com muita e persistência”, pontua a coreógrafa. intenção, densidade, intensidade, Hoje a manutenção da companhia se dinâmica, força e equilíbrio. A gente dá através de patrocínio da Petrobras, ensaia 8 horas por dia. A rotina é exde apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro tenuante. Para fazer bem feito a gente e da bilheteria dos espetáculos. está sempre procurando a perfeição e Em relação aos novos projetos, Debailarinos que executem muito bem borah e o resto da equipe está sempre o nosso trabalho. Trabalhamos muito procurando uma ideia nova. Ao que a força, por isso a gente faz aula de tudo indica já há uma linha traçada balé, alongamento, força e de dança para o novo espetáculo, mas nada contemporânea. O trabalho é árduo”, ainda sólido.

Para que acredita que já se tornou fácil fazer dança no Brasil, Jacqueline garante que não. “Hoje no mundo inteiro não está fácil. O mundo está vivendo uma crise muito grande. Temos muitos talentos que não têm oportunidades porque acredito que esteja difícil manter companhias e escolas de dança. Mesmo os pais que podem pagar um curso extracurricular preferem pagar inglês e natação, depois ele vai pensar na dança. Isso também é uma dificuldade no momento, mas quando tem amor a pessoa vai fundo”, entende. Apesar de ver ainda dificuldade no fazer dança, Motta explica que o preconceito diminuiu muito no Brasil, apesar de ainda existir. “Você vê a quantidade de bailarinos homens que a gente tem e que começaram pequenos, novinhos. O Brasil avançou nesse aspecto, mas a gente continua batalhando. A juventude ajudou a avançar e está ensinando os pais”.

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Bailarinos usam máscara na segunda metade do espetáculo

TURNÊ DE PESO Uma turnê da Companhia conta com 17 bailarinos, mas a diretora Deborah Colker, a assistente de direção, coreógrafa e ensaiadora, Jacqueline Motta, o diretor executivo de produção – o empresário do grupo –, João Elias, e Gledson Teixeira o produtor. Ainda acompanham o grupo mais três técnicos, dois de cenário e um de luz. A estrutura é pesada e os cenários grandes. “Belle” conta com uma torre, uma escada, barras de ferros, para fazer exercícios em cena, e sofás. Os bailarinos interagem o tempo todo com o cenário que precisa ser forte para aguentar os saltos, e homens e mulheres pendurados e correndo. No Nordeste o espetáculo “Belle” já foi apresentado em Salvador (BA), Aracaju (SE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Recife (PE) e Fortaleza (CE). Ao fim da turnê pelo Nordeste a Companhia fará show no Rio de Janeiro, seguindo para São Paulo. Depois retorna para o Rio com temporada de um mês. No segundo semestre está prevista turnê mundial com viagem para Toronto, no Canadá, pela Ásia e Europa. Na Ásia a Companhia pretende apresentar “Belle” e “Mix”, espetáculo de 1995. Na Europa, mais especificamente em Cannes, na França, será a vez de “Tatyana”.

Fotos: Divulgação


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