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«Poesia em Movimento»
Após passagens por Braga e Viana do Castelo, a SRNOM acolheu, no dia 12 de fevereiro, o “Poesia em Movimento”, um evento cultural no qual a música se mistura com a poesia. Entre as melodias de Vitor Blue, surgiu a declamação de poemas por Rui de Noronha Ozorio, que serviu como forma de homenagear a “rica história dos médicos escritores” em Portugal.
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MÚSICA PARA HOMENAGEAR MÉDICOS ESCRITORES
Texto José Rui Baptista › Fotografia Medesign OCentro de Cultura e Congressos da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM) recebeu, no dia 12 de fevereiro, a terceira sessão do evento cultural “Poesia em Movimento”, após passagens por Braga e Viana do Castelo (ver NM88, pág. 88). Numa organização conjunta do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) e da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos (SOPEAM), a iniciativa uniu a literatura, a música e a poesia através das melodias de Vitor Blue, projeto musical liderado pelo tenor Vítor Sousa, e a declamação de poemas por parte de Rui de Noronha Ozorio. “São raras as vezes que associamos as Artes às Ciências. No entanto, são elas mais irmãs do que propriamente desconhecidas”. Foi desta forma que Rui de Noronha Ozorio começou a sua atuação, numa viagem pela “rica
Ao Espelho E de repente chegas aos quarenta e tal anos e palavras como colesterol hipertensão astigmatismo começam a invadir a tua vida... Olhas para trás e o que vês? Uma pomba com uma das asas ferida condenada ao mais terrível pedestrianismo
Jorge de Sousa Braga
história literária de Portugal”. Em homenagem aos escritores médicos dos séculos XIX e XX, como Miguel Torga, Júlio Dinis, Manuel Barreiro de Magalhães e Jorge de Sousa Braga, passando pela leitura de poemas de António Lobo Antunes e Raul Solnado, o ator convidado lembrou que a poesia “está para além dos versos, está no espírito dos seus autores”. “Há médicos que usam a pena a par da seringa”, e “a árvore genealógica dos poetas e da ciência tem como base primordial a magia”, acrescentou. Entre a leitura de poemas, as vozes e os instrumentos da banda composta por Vítor Sousa, Rui Rodrigues, João Reis, Cristina Silva e Tiago Lima deram vida às palavras, numa forma de prestar homenagem aos médicos escritores. Vitor Blue destaca-se no panorama musical português por se apresentar em concertos intimistas, nos quais o objetivo é enaltecer sempre o nosso património literário, neste caso a poesia. Depois das atuações de Rui de Noronha Ozorio e Vitor Blue, Rui Rodrigues dirigiu-se à plateia e deixou uma mensagem ao público presente. “Nós, médicos, não desistimos da cultura. Nós acreditamos num médico culto e numa sociedade culta. Por isso, lançamos o desafio de fazer uma parceria com a SOPEAM, porque este laço tem que ser reavivado”, afirmou. O evento contou ainda, na sua parte final, com a leitura de poemas por parte de Fernando Rodrigues e Maria José Leal, membros da SOPEAM, numa noite em que a medicina e a cultura caminharam juntas.
Na perspetiva de Rui Rodrigues, “Poesia em Movimento” representa o culminar de um projeto que obrigou a uma reflexão sobre a forma de estar na sociedade. Nesse sentido, o especialista em Medicina Interna sublinhou que este é o momento da comunidade médica mostrar à sociedade “que valeu a pena todo o esforço que nós tivemos nestes últimos dois anos”. “Queremos dar continuidade a um programa cultural que é rico e que pretende ser unificador”, explicou à Nortemédico. Rui Rodrigues salientou ainda que este tipo de iniciativas faz parte do objetivo de “descentralização da cultura”, ou seja, de levar a literatura, a arte, a música e a poesia a outras sub-regiões do norte do país. Para Rui de Noronha Ozorio, preparar “Poesia em Movimento” foi um desafio, marcado por interessantes descobertas sobre os escritores médicos. Entre contactos com familiares dos poetas, revisitar palavras e poemas foi uma das facetas positivas desta iniciativa cultural, relembrando novamente a ligação histórica entre a arte e a ciência. “Poetas e médicos tem um ascendente comum, o xamã. Digamos que o tronco da árvore são os homens feiticeiros, que são, de facto, os pais dos poetas e os pais dos médicos. É como uma árvore que vai evoluindo e ganhando ramificações diferentes”, concluiu. n