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Exposição coletiva
EXPOSIÇÃO COLETIVA PAULA ALVES, JOANA PINHO E SARA COUTINHO
O Porto a partir da ilustração e da joalharia
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Ilustração e peças de joalharia deram ainda mais vida aos corredores da SRNOM. Joana Pinho, Paula Alves e Sara Coutinho conhecem-se desde os tempos de escola e partilham a amizade e o gosto pelas artes. Seguiram áreas distintas, entre o design e a arquitetura, reunindo-se agora para inaugurar uma exposição coletiva, no dia 10 de novembro, que tem a cidade do Porto como elemento comum.
Texto Catarina Ferreira › Fotografia Medesign Joana Pinho, Paula Alves e Sara Coutinho provaram que a arte, independentemente da forma e movimento, pode complementar-se e resultar numa exposição coletiva de sucesso. Assim, no dia 10 de novembro, levaram as suas ilustrações e peças de joalharia aos corredores do Centro de Cultura e Congressos da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM). As artistas conhecem-se desde os tempos de escola e apesar de terem optado por áreas distintas, todas seguiram formação artística. Enquanto Paula Alves e Sara Coutinho estudaram Design, Joana Pinho escolheu a Arquitetura para completar a sua formação. A amizade e o gosto pela arte falaram mais alto e reuniram-se agora nesta exposição coletiva com obras que se complementam e têm como elemento comum a cidade do Porto. Paula Alves é designer de comunicação e dedica-se ao desenho e à ilustração nos tempos livres. O interesse foi surgindo com a leitura de livros infantis para as filhas, em que se desafiou a recriar algumas personagens e a valorizar as expressões e os elementos da natureza. Investiu em formações, no sentido de melhorar e desenvolver a técnica e apresenta essencialmente aguarelas com “muita cor, muito detalhe e algumas sombras”, valorizando o trabalho artístico. “Veneza das Maravilhas” remonta para o mundo fantástico e para o Carnaval, “Nobre Invicta” apresenta uma paisagem com vários elementos da cidade do Porto, como o balão de São João, as camélias e o barco rabelo e “Com Vida na Casa 19” representa alguém a proteger uma “casa com vida” e ao mesmo tempo um local se-
guro, desenvolvida durante o confinamento. Parecem obras muito distintas mas partilham traços muito próximos, como explica a autora. “Estas obras revelam muitas das minhas inspirações, como as leituras e as viagens. Acabo por transportar essas experiências para as obras, retratando algumas cidades como Praga, Amsterdão e o Porto, por exemplo, bem como as suas tradições tão particulares. Gosto muito do binómio feminino-natureza, que acabo por evidenciar em várias telas, conjugando elementos femininos, de raças e culturas diferentes e contextos naturais distintos. E gosto também de transmitir as emoções para que as pessoas sintam empatia pelas obras”, completou Paula Alves. A ilustradora utiliza a fotografia como base mas sempre com o objetivo de “interpretar com um toque muito pessoal”, em que preserva a essência do local retratado e aquilo que vai vivenciando.
Já as ilustrações de Joana Pinho representam a paisagem urbana e destacam o seu percurso na arquitetura. Trabalhou durante vários anos numa empresa de construção civil, na área das infraestruturas e esteve ligada ao projeto do Metro do Porto, onde conheceu tudo aquilo que está “escondido” e é subterrâneo. “Retrato nas minhas obras aquilo que ninguém conhece, o que está por detrás e debaixo das casas, que são elementos importantes para que as cidades vivam e fluam. Não retrato apenas o que vejo, vou mais longe, captando o que faz parte da vida urbana, como o lixo, as plantas, os gatos, a roupa a secar, os balões de São João. As cidades não são apenas fachadas compostas”, assumiu a artista. Aventurou-se no mundo da ilustração através de retratos de família, caricaturas e ficção científica e foi desafiada a ilustrar locais e cidades, como o Porto, Aveiro, ou Coimbra, mas não de forma “fotográfica e turística”. “Quis acrescentar elementos muito próprios e pequenos detalhes que dão vida à cidade. Sou apaixonada pela arquitetura e a paisagem urbana, sempre me senti muito à vontade a trabalhar com linhas e fiz também algumas formações na área da cor, com aguarela e lápis de óleo. Misturar estes dois meios, linhas e cor, fez com que as obras quase ganhassem uma vida própria”, contou Joana Pinho. Na coleção apresentada na exposição, essencialmente sobre a cidade Invicta, é evidente a sua ligação e conhecimento de construção de casas e estruturas, por isso “decidi recriar os ambientes mais antigos e fantasiar os interiores. Daí o aspeto mais desarrumado e antigo, que já não vemos tanto. Tentei retratar essa energia que fica perpetuado no desenho, através de elementos tão particulares que fazem parte do espírito da cidade e das casas”, acrescentou. A arquiteta confessou que gostava de abraçar novos desafios e retratar meios igualmente “bonitos e interessantes”, mas sempre com um objetivo: “Gosto da arte que não cansa, que tem sempre algo mais a contar e nunca vê tudo à primeira vista”.
Com já alguma experiência na área da indústria de joalharia, também Sara Coutinho decidiu arriscar e criar a sua própria marca, “Mater”, que representa a origem de mais uma etapa. Fez formação em Design de Produto, seguiu-se um curso de joalharia e depois de experienciar “tudo aquilo que potencialmente poderia fazer”, com contacto com o mercado português e italiano, “quis seguir mais a minha visão estética e forma de estar neste universo”, revelou. Para esta exposição coletiva, trouxe as suas principais coleções e alguns trabalhos comissionados, uma vez que desenvolve produtos personalizados, peças pedidas por clientes com um determinado objetivo. “O meu trabalho é inspirado numa visão contemporânea mas histórica. Tenho coleções que recordam elementos típicos da cidade do Porto, como as camélias, os azulejos, a calçada portuguesa, os edifícios antigos cobertos com ardósia que criam o efeito de escamas. Há uma urbanidade muito grande de que eu me aproprio e transformo em peças. É como se captasse o ADN da cidade onde estou e a colocasse em joias”, explicou Sara Coutinho. Neste processo, faz um esboço inicial da peça, parte para a modelação 3D para perceber como pode ficar e a partir daí começa a pensar como construir. “Gosto de usar algum design computacional, porque me ajuda a prever, mas gosto que o acabamento seja totalmente manual e traga unicidade à peça”, acrescentou a artista que a nível de materiais, utiliza fundamentalmente ouro, prata, zircão natural e diamantes. Em dezembro, inaugurou a loja e atelier, dedicada a projetos personalizados e joalharia de autor, na Rua do Bonjardim, no centro do Porto. n